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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ


PRÓ-REITORIA ACADÊMICA – PROAC

CAIQUE SOUSA CATUNDA

ESTÁGIO DE PRONTIDÃO EM INDIVÍDUOS DISFÔNICOS E NÃO DISFÔNICOS

JOÃO PESSOA
2019
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CAIQUE SOUSA CATUNDA

ESTÁGIO DE PRONTIDÃO EM INDIVÍDUOS DISFÔNICOS E NÃO DISFÔNICOS

Artigo apresentado ao componente curricular


TCC II, do Curso de Fonoaudiologia do
Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
em cumprimento aos requisitos necessários
para obtenção do grau de Bacharel em
Fonoaudiologia. Linha de Pesquisa: Voz.

ORIENTADORA: PROFª. Larissa Nadjara


Alves Almeida.

JOÃO PESSOA
2019
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CAIQUE SOUSA CATUNDA

ESTADO DE PRONTIDÃO EM INDIVÍDUOS DISFÔNICOS E NÃO DISFÔNICOS

Artigo apresentado ao componente curricular TCC II, do curso de Fonoaudiologia do Centro


Universitário de João Pessoa- UNIPÊ, em cumprimento aos requisitos necessários para
obtenção do grau de bacharel em Fonoaudiologia. Linha de Pesquisa: Voz

APROVADA EM: __________/__________/__________.

BANCA AVALIADORA
_______________________________________________________________
ORIENTADOR - PROF.ª LARISSA NADJARA ALVES ALMEIDA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ

_______________________________________________________________
EXAMINADOR – PROF Me. RAFAEL NÓBREGA BANDEIRA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ

_______________________________________________________________
EXAMINADOR - PROFª ALEXANDRA CHRISTINE DE AGUIAR SILVA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ

JOÃO PESSOA
2019
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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por conceder a sabedoria, ciência, saúde e disposição que me permitiram
concluir realização deste trabalho, apesar de todas as dificuldades encontradas no decorrer
desta jornada.

A minha Mãe Maria Elza Sousa Catunda que me auxiliou financeiramente durante toda a
graduação, me apoiando em vários aspectos, servindo de sustendo, base e exemplo de vida.

À Iza Nascimento, Professora da disciplina de TCC 2 no curso de fisioterapia, pelo total apoio
e incentivo quanto à construção e qualificação deste projeto.

À Rosana Ramos, que me auxiliou no transporte e mobilidade durante a graduação.

À Samara Azevedo, pela compreensão e palavras de amizade tão importantes para o


desenvolvimento e conclusão deste trabalho.

À Marconi Santos, pelo auxílio financeiro na compra de equipamentos necessários para a


pratica terapêuticas.

À minha Orientadora Larissa Nadjara, pelo suporte em orientação ao pouco tempo que lhe
coube, com correções e incentivos.

À Débora Brandão, que me presenteou com o notebook para a construção desta pesquisa.
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ESTADO DE PRONTIDÃO EM INDIVÍDUOS DISFÔNICOS E NÃO DISFÔNICOS

RESUMO

Objetivos: O objetivo do presente estudo é constatar o estado de prontidão a adesão de uma


mudança de comportamento vocal e tratamento em indivíduos disfônicos e não disfônicos
através do protocolo URICA-Voz. Método: Pesquisa de campo de caráter, descritivo,
transversal e quantitativa, composta por 195 indivíduos disfônicos e 195 não disfônicos,
sendo 270 mulheres e 120 homens, dentre este grupo foram encontrados 116 indivíduos que
utilizam a voz como instrumento de trabalho, todos residem na cidade de João Pessoa, PB. Os
dados foram coletados pela aplicação do protocolo URICA-Voz, através de entrevistas
presenciais e individuais. Resultados: Dentre os homens e mulheres, 50% de cada sexo eram
indivíduos disfônicos e não disfônicos. A maioria dos participantes não utilizou a voz
profissionalmente, somando 274 (69,3%) dos participantes, o grupo profissional foi composto
por 166 (29,7%), entretanto, a quantidade de disfônicos nos profissionais da voz encontrou-se
superior quando comparado aos não profissionais. Conclusão: Os indivíduos disfônicos
encontram-se na fase de contemplação, quanto aos não disfônicos, encontram-se na fase de
pré-contemplação. Nessa perspectiva, nota-se a efetividade do protocolo URICA-Voz em
diferenciar o estado de prontidão a adesão dos indivíduos disfônicos e não disfônicos a um
tratamento fonoterapêutico vocal.

Palavras chave: Adesão ao Tratamento, Cooperação do paciente, Distúrbios da voz, Voz.


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STAGE OF READINESS IN DYSFUNCTIONAL AND NOW-DYSFUNCTIONAL


INDIVIDUALS

ABSTRACT

Objectives: the objective of the present study is to verify the state of readiness to the
adherence of a change in vocal behavior and treatment in dysphonic and not dysphonic
individuals through the URICA-Voz protocol. Method: character field research, descriptive,
cross-sectional and quatitative, composed by 195 dysphonic and 195 not dysphonic
individuals, but 270 were women and 120 men of this group, 116 individuals use the voice
like a working instrument, and everybody lives in João Pessoa, PB. Data were collected by
application the voice uric protocol, through presential and individual interviews. Results:
Among men and women, 50% of each sex were dysphonic and not dysphonic individuals.
Most of the participants did not use the voice professionally, adding up to 274 (69.3%) of the
participants, the professional group was composed of 166 (29.7%), however, the amount of
dysphonic voice professionals was superior when compared to not professionals. Conclusion:
The dysphonic ones are in a phase of contemplation, as for the non-dysphonic ones, they are
in the phase of pré-contemplation. In this perspective, we note the effectiveness of the
URICA-Voz protocol in differentiating the state of readiness to an adherence of the dysphonic
individuals and not dysphonic in vocal speech therapy.

Keywords: Voice, Voice disorders, Patient Compliance, Treatment Adherence and


Compliance.
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SUMÁRIO

Resumo
1 Introdução ......................................................................................................................... 7
2 Metodologia ....................................................................................................................... 9
3 Resultados ....................................................................................................................... 11
4 Discussão ......................................................................................................................... 14
5 Conclusão ........................................................................................................................ 16
Referências ......................................................................................................................... 17
Apêndices ........................................................................................................................... 18
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1 INTRODUÇÃO

A voz é o principal instrumento da comunicação humana, além de imprimir a


personalidade de seu portador (ALMEIDA; TELLES, 2009). Sua produção é realizada através
de um conjunto de estruturas que necessitam estar em harmonia, porém, quando existe uma
perturbação na interação destas estruturas ou o mau funcionamento de alguma destas mesmas,
é instalado um quadro de disfonia (LOPES, 2013).
Quando a voz não consegue cumprir seu papel básico de transmissão da mensagem
verbal e emocional de indivíduo, esta é conceituada como disfonia. A disfonia representa toda
e qualquer dificuldade ou alteração na emissão vocal, impedindo a produção natural da voz
(BEHLAU E PONTES, 1995; BEHLAU, 2001). Pode ser classificada em comportamental,
quando sua gênese está associada ao comportamento vocal inadequado, apresentando ou não
alterações estruturais. E orgânica, quando as alterações presentes independem do
comportamento e apresentam necessariamente alterações estruturais (SIMBERG et al., 2009)
Por se tratar de um fenômeno que envolve vários fatores, a voz necessita de um olhar
mais amplo no ato de sua avaliação e tratamento. A avaliação multidimensional da voz é
multiprofissional, sendo realizada pelo Fonoaudiólogo responsável pela análise
Perceptivoauditiva, aerodinâmica e acústica da voz, além da aplicação de protocolos de
autoavaliação, e pelo Otorrinolaringologista que realiza exames de imagem, fornecendo assim
um laudo médico sobre as alterações na larínge (PIMENTA, 2012).
Através da avaliação multidimensional da voz, são coletados dados importantes para
identificar as alterações das estruturas anatômicas e fisiológicas e mensurar os impactos
negativos da alteração vocal nos aspectos psicológicos, sociais e profissionais (BEHLAU,
2001). Além disso, a partir de uma boa avaliação é possível estimar o prognóstico na
fonoterapia vocal.
Para mensurar o impacto do problema de voz em indivíduos disfônicos, além de
permitir uma melhor compreensão sobre comunicação e comportamento vocal do paciente,
que muitas vezes não é observável no ambiente clínico diariamente, foram desenvolvidos
alguns protocolos de autoavaliação validados para área de voz. Um exemplo de protocolo a
ser citado é o University of Rhode Island Change Assessment – Voice (URICA-Voz), que
busca mensurar o nível de prontidão do paciente e sua possível ou não adesão a fonoterapia
vocal.
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Alguns estudos, como o de Gomes et al (2006), comprovam através de entrevistas,


maiores dificuldades nos homens no sentido de procurar serviços de saúde, decorrentes de
uma questão cultural, onde a virilidade masculina está envolvida. Talvez isso possa dificultar
os homens no processo de procura e adesão a tratamentos vocais, principalmente na parte dos
exercícios, além da primordial importância da adesão ao tratamento para o quadro de
evolução do paciente com alterações vocais. Muitos autores enfatizam a importância da
realização correta e periódica dos exercícios para promover um ideal ajuste de todo o trato
vocal e reabsorver as lesões, simultaneamente, são necessárias mudanças no padrão de vida e
eliminação dos hábitos vocais inadequados e diminuição dos fatores predisponentes.
Já que o sucesso do tratamento fonoaudiológico depende do envolvimento ativo e
adesão do paciente no processo terapêutico, fato que não ocorre de maneira automática. Dessa
forma, é importante monitorar de uma forma fidedigna o estágio de prontidão em que o
indivíduo se encontra a ser submetido a terapia vocal.
O objetivo do presente estudo é observar, analisar e comparar os resultados da coleta
de informações aplicados através do protocolo URICA-Voz em indivíduos disfônicos e não
disfônicos para assim mensurar seu estado de prontidão e adesão ao tratamento
fonoaudiológico na área da voz.
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2 METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma pesquisa de campo de caráter descritivo, transversal e


quantitativa, que ocorreu na cidade de João Pessoa, no estado da Paraíba, no período de março
a abril de 2019.
O estudo foi composto por 390 indivíduos da população em geral divididos em 195
disfônicos (D) e 195 não disfônicos (ND), com idade variando dos 18 a 60 anos, para eliminar
possíveis interferências recorrentes dos processos fisiológicos na muda vocal e presbifonia,
estes indivíduos foram elegidos para a mostrar por atenderem aos critérios de elegibilidade:
(ND) - responder adequadamente o protocolo, não estar realizando fonoterapia vocal e não
conhecer o protocolo; (D) - responder adequadamente os protocolos e estar realizando
fonoterapia para voz, porém não serem atendidos pelo pesquisador.
Este estudo passou pela avaliação do Comitê de ética do centro de ciências da saúde
(CCS) da UFPB, por tratar-se de uma pesquisa documental e ter a necessidade de entrevistar
pacientes e voluntários, recebeu autorização por meio do protocolo CAEE:
48701215.3.0000.51.88. Cumprindo as diretrizes e normas das pesquisas científicas
envolvendo seres humanos, preditas pela resolução n° 466/12 da Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa – CONEP foram cumpridas. Todos os participantes foram devidamente
informados sobre o intuito da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), autorizando o início da coleta. Posteriormente, eles responderam um
protocolo para coletar dados pessoais para obter informações relevantes e responderam ao
URICA-Voz.
O URICA-Voz foi produzido e adaptado do instrumento URICA, trata-se de um
protocolo de autoavaliação vocal validado nos EUA, traduzido e validado para o português
brasileiro por Teixeira e colaboradores (2013). Esse questionário é utilizado para mensurar os
estágios de prontidão para a mudança em indivíduos que se submetem a terapia vocal. A
versão adaptada do URICA-Voz é composta por 32 questões, com perguntas referentes aos
estágios pré-contemplação: 1, 5, 11, 13, 23, 26, 29 e 31; contemplação: 2, 4, 8, 12, 15, 19,21 e
24; ação: 3, 7, 10, 14, 17, 20, 25 e 30; e manutenção: 6, 9, 16, 18, 22, 27, 28 e 32 (TEIXEIRA
et al., 20131).
Em cada item, os pacientes têm a possibilidade de marcar em uma escala de Likert de
cinco pontos: discordo totalmente; discordo; não sei; concordo e concordo totalmente. Os
escores relativos à prontidão para mudança são obtidos através seguinte fórmula: (Média de C
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+ Média de A + Média de M) - Média de PC. Para classificação categórica dos pacientes nos
estágios de prontidão para mudança utilizaram-se as seguintes pontuações: ≤ 8, pré-
contemplação; entre 8,1 e 11, contemplação; de 11,1 a 14, ação; e ≥ 14,1, estágio de
manutenção.
A coleta de dados foi realizada através de entrevistas presenciais e individuais, onde
os pacientes respondiam a uma ficha de triagem para assim podermos encaixa-los nos grupos
identificados, Após a coleta de dados, os resultados foram tabulados em planilha digital do
programa Microsoft Excel e analisados de forma descritiva e inferencial através do software R
versão 2.1.1.1. Foram coletadas medidas de frequência, tendência central, média e desvio
padrão. Para realizar uma análise comparativa das médias do estado de prontidão dos
indivíduos disfônicos e não disfônicos, foi utilizado o teste t-Student para as amostras
independentes, considerando-se relevantes os valores menores que 5%. Isto proporciona 95%
de confiança estatística.
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3 RESULTADOS

Participaram do estudo 390 voluntários de ambos os sexos. Observa-se que a


maioria dos indivíduos participantes desta pesquisa foi do sexo feminino, tanto do grupo
disfônico, quanto do grupo não disfônico, com 69,2% (n=270) da totalidade. Já os homens
constituíram 30,8% (n=120), como descrito na Tabela 1.

Tabela 1 -
SEXO NÃO DISFONICOS TOTAL
DISFONICOS
N % N % N %

Feminino 135 69,2 135 69,2 270 69,2

Masculino 60 30,8 60 30,8 120 30,8

Caracterização da amostra quanto ao sexo dos sujeitos,


Fonte: dados da pesquisa, 2019

A maior parte dos entrevistados não utilizam a voz como instrumento de trabalho,
foram um total de 70,3% (n=274) não profissionais e 29,7% (n=166) profissionais da voz,
comparados Vale salientar que dos 116 profissionais da voz, 65 são disfônicos (Tabela 2).

PROFISSIONAIS X NÃO NÃO DISFONICOS TOTAL


PROFISSIONAIS DA VOZ DISFONICOS
N % N % N %
Profissional da voz 51 26,2 65 33,3 116 29,7

Não profissional da voz 144 73,8 130 66,7 274 70,3


Tabela 2 - Profissionais da voz e não profissionais da voz disfônicos e não disfônicos.
Fonte: dados da pesquisa, 2019

Na Tabela 3 são apresentados os resultados do grupos dos não disfônicos e dos


disfônicos, com base nos escores dos domínios do protocolo URICA-Voz. Verifica-se
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diferença estatística significante entre os escores dos domínios do URICA Voz, observando-
se que os escores dos disfônicos são consideravelmente maiores do que os dos não disfônicos.

ESTÁGIO DE NÃO
DISFONICOS p-
PRONTIDÃO DO DISFONICOS
valor
URICA-Voz MÉDIA DP MÉDIA DP
URICA PRÉ 1,70 0,81 2,03 0,54 0,0001
URICA
1,74 1,15 4,31 0,45 0,0001
CONTEMPLAÇÃO
URICA AÇÃO 1,34 0,89 4,16 0,48 0,0001
URICA
1,38 1,01 3,66 0,53 0,0001
MANUTENÇÃO
URICA
2,72 2,50 10,09 1,37 0,0001
RESULTADO

Tabela 3 –Estado de prontidão da adesão ao tratamento dos grupos disfônicos e não


disfônicos.
Fonte: dados da pesquisa, 2019
Não foram encontradas diferenças estatísticas significantes quando comparados os
escores do protocolo URICA-Voz nos grupos constituídos por homens e mulheres. (Tabela 4).

ESTÁGIO DE MULHERES HOMENS p-valor


PRONTIDÃO DO
URICA-Voz
MÉDIA DP MÉDIA DP
URICA PRÉ 1,90 0,68 1,79 0,75 0,177

CONTEMPLAÇÃO 3,05 1,54 3,00 1,59 0,776


URICA AÇÃO 2,80 1,56 2,66 1,62 0,424
URICA 2,60 1,42 2,36 1,34 0,118
MANUTENÇÃO
URICA 6,51 4,18 6,21 4,25 0,516
RESULTADO

Tabela 4 – Resultados dos escores de homens e mulheres nos estágios de prontidão.


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Fonte: dados da pesquisa, 2019

Ao comparar os escores dos profissionais da voz e dos não profissionais da voz, não
encontrou-se diferença estatística entre os grupos, como descrito na Tabela 5.

ESTÁGIO DE PRONTIDÃO PROFISSIONAIS NÃO p-valor


DO URICA-Voz DA VOZ PROFISSIONAIS
MÉDIA DP MÉDIA DP
URICA PRÉ 1,82 0,74 1,89 0,69 0,376
URICA CONTEMPLAÇÃO 3,16 1,56 2,98 1,55 0,282
URICA AÇÃO 2,94 1,61 2,69 1,56 0,149
URICA MANUTENÇÃO 2,67 1,46 2,46 1,37 0,176
URICA RESULDADO 6,88 4,32 6,22 4,14 0,158
Tabela 5 – Resultado dos escores dos profissionais e não profissionais da voz nos estágios de
prontidão Fonte: dados da pesquisa, 2019.
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4 DISCUSSÃO

O estágio de prontidão em relação ao tratamento implica na melhor adesão a uma


proposta terapêutica. A investigação deste estágio de prontidão vem sido apresentado como
um fator de grande importancia para o sucesso da reabilitaçãoatravés da avaliação
multidimensional da voz. O protocolo URICA-Voz vem sido adotado para avaliar esse
estágio de prontidão em pacientes que se submetem a terapia vocal, certamente, o uso
frequente desta ferramenta está atribuído a sua fácil compreensão e interpretação, além de
apresentar uma rápida aplicação. Teixeira et al. (2013) afirmam que os entrevistados gastam
cerca de 03 a 05 minutos para preencher o protocolo URICA-Voz.
Em relação ao sexo, observa-se neste estudo que maior prevalência de participantes do
sexo feminino.Durante o processo de aplicação do protocolo, as mulheres mostraram-se mais
receptivas e aceitaram participar da pesquisa, enquanto muitos homens hesitavam, o que
corrobora com os estudos de Gomes et al. (2006), nos quais relataram que se encontram
dificuldades quando há necessidade de intervenção ou adesão do sexo másculino a um
tratamento terapêutico, já que o homem procura menos os serviços de saúde por causa de
aspectos culturais do país Os resultados estatísticos do URICA-Voz não apresentaram
diferenças significantes em nenhum dos sexos, os dois grupos encontram-se no estágio de pré-
contemplação (6, 51 M – 6,21 H) isso significa que o mesmo ponto de corte deve ser usado
tanto por mulheres, quanto para os homens.
Existe uma pré-disposição das mulheres a adquirirem uma disfonia decorrente de
algum fonotrauma devido a fatores anatomofisiológicos (BEHLAU, 2001). Um deles foi
Silvestre et al (2011) realizou um estudo com mulheres com diagnóstico de nódulos vocais,
no processo de análise de casos dos últimos 3 anos, o sexo feminino liderou 75% dos casos de
nódulos. Esta informação corrobora o pensamento que, por serem mais acometidas, as
mulheres podem procurar tratamentos vocais com uma maior frequência.
Nos resultados da tabela 3 onde averiguamos o estado de prontidão da adesão ao
tratamento dos grupos disfônicos e não disfônicos, encontramos diferenças importantes no
estado de prontidão entre eles. O grupo dos não disfônicos (ND) obteve a média do escore de
2,72 correspondentes ao estado de pré-contemplação.
O grupo de indivíduos disfônicos obteve a média de 10,09, encontrando-se no estado
de contemplação, este dado concorda com os achados do estudo realizado por Teixeira et al.
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(2013) onde a maioria dos pacientes em fonoterapia encontravam-se no estado de


contemplação, e este resultado seria preocupante, pois isso pode interferir diretamente no
processo terapêutico.
Observamos que o grupo composto por profissionais da voz foi inferior quando
comparado ao grupo não profissionais da voz. Apesar da prevalência dos não profissionais da
voz na pesquisa, não foram constatadas diferenças estatísticas significantes em nenhum dos
estágios do URICA-Voz, o escore foi de 6,88 no grupo dos profissionais e 4,14 para os não
profissionais da voz, ou seja, os dois encontram-se no estado de pré-contemplação.
Atualmente muitos estudos demonstram maior impacto da disfonia nas pessoas que utilizam a
voz como instrumento de trabalho, por outro lado, um estudo realizado por Spina et al.
(2009), afirma que nem sempre o resultado de um impacto de uma disfonia em um
profissional da voz é equivalente a necessidade de adesão mais avançado, pois, o paciente
pode não se incomodar com a alteração vocal, assim como as alterações vocais podem causar
um alto dano na vida de indivíduos que não utilizam a voz profissionalmente.
Observando os resultados desta pesquisa, concluímos que o protocolo URICA-Voz
permitiu diferenciar indivíduos disfônicos e não disfônicos, isso demonstra a efetividade do
protocolo, apesar dessa diferença ser esperada, pois os disfônicos devem estar em prontidão
para fonoterapia, visto que eles apresentam alterações vocais e os disfônicos não poderiam
estar em prontidão a um tratamento que eles não necessitam. Entretanto, o resultado do grupo
disfônico foi inesperado, pois como se tratavam de pacientes que já participavam de
fonoterapia vocal, esperava-se que este público já estivesse superado a fase de
conscientização do impacto de seus problemas vocais e estivessem na fase de ação e
manutenção. Podemos entender que este resultado pode comprometer o avanço e o sucesso
terapêutico da terapia vocal.
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5 CONCLUSÃO

Através da aplicação protocolo URICA-Voz nos grupos de indivíduos disfônicos e não


disfônicos, pode-se constatar sua efetividade em diferenciar o estágio de prontidão para a
mudança na população que enfrenta a reabilitação vocal, onde os indivíduos disfônicos
encontram-se em sua maioria na fase de contemplação, e os não disfônicos na fase de pré-
contemplação. Este achado valida ainda mais a necessidade de terapias indiretas e
conscientização, a fim de promover estratégias para melhorar a adesão.
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REFERÊNCIAS

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vocais. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 73, n. 2, 2007.

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grupo. Distúrb Comun, São Paulo, v. 21, n. 3, p. 373-383, 2009.

BEHLAU, M., & Pontes, P. (1995). Avaliação da voz. In M.

BEHLAU & P. PONTES. Avaliação e tratamento das disfonias (pp.218-262). São Paulo:
Lovise.

BEHLAU, M. et al. Avaliação de voz. Voz: o livro do especialista, v. 1, p. 85-245, 2001.

GOMES, R.; NASCIMENTO, E.F. A produção do conhecimento da saúde pública sobre a


relação homem-saúde: uma revisão bibliográfica. Cadernos de Saúde Pública, v. 22, p. 901-
911, 2006.

LOPES, F.O. Novo tratado de fonoaudiologia. Editora Manole, 2013.

PIMENTA, R.A. Uso da avaliação multidimensional da voz na caracterização vocal de


pacientes com paralisia unilateral de pregas vocais. 2016. Tese de Doutorado.
Universidade de São Paulo.

SIMBERG, S.; SANTTILA, P.; SOVERI, A.; VARJONEN, M.; SALA, E.; SANDNABBA,
N. K. Exploring genetic and environmental effects in Dysphonia: a twin study. Journal of
speech, language and hearing research. v. 52, n. 1, p. 153, 2009.

SILVESTRE, I.; GUIMARÃES, I.; TEIXEIRA, A. Qualidade vocal em mulheres com


diagnóstico de nódulos vocais: Estudo preliminar. Revista Portuguesa De
Otorrinolaringologia E Cirurgia Cérvico-Facial, v. 49, n. 2, p. 69-77, 2011.

SPINA, A.L. et al. Correlação da qualidade de vida e voz com atividade profissional. Revista
Brasileira de Otorrinolaringologia, 2009.

TEIXEIRA, L.C. et al. Escala URICA-VOZ para identificação de estágios de adesão ao


tratamento de voz. CoDAS. v. 25, n. 1, p. 8-15, 2013.

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