Você está na página 1de 248

TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV:

ABORDAGENS EM CIÊNCIAS FONOAUDIOLÓGICAS


Aulisângela da Silva Queiroz
Joab de Souza Arouche
(Organizadores)

TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV:


ABORDAGENS EM CIÊNCIAS FONOAUDIOLÓGICAS

4.ª edição

MATO GROSSO DO SUL


EDITORA INOVAR
2022
Copyright © dos autores.

Todos os direitos garantidos. Este é um livro publicado em acesso aberto, que permite uso, dis-
tribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que sem fins comerciais e que o
trabalho original seja corretamente citado. Este trabalho está licenciado com uma Licença Crea-
tive Commons Internacional (CC BY- NC 4.0).

Aulisângela da Silva Queiroz; Joab de Souza Arouche (Organizadores). Tópicos em


Fonoaudiologia IV: abordagens em ciências fonoaudiológicas. Campo Grande: Editora
Inovar, 2022. 247p.

PDF

ISBN: 978-65-5388-086-3
DOI: doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3

1. Fonoaudiologia. 2. Saúde. I. Queiroz, Aulisângela da Silva. II. Arouche, Joab de


Souza.
CDD – 610

Editora-Chefe: Liliane Pereira de Souza


Diagramação: Vanessa Lara D Alessia Conegero
Capa: Vanessa Lara D Alessia Conegero

Conselho Editorial
Prof. Dr. Alexsande de Oliveira Franco
Profa. Dra. Aldenora Maria Ximenes Rodrigues
Profa. Dra. Care Cristiane Hammes
Prof. Dr. Carlos Eduardo Oliveira Dias
Profa. Dra. Dayse Marinho Martins
Profa. Dra. Débora Luana Ribeiro Pessoa
Profa. Dra. Franchys Marizethe Nascimento Santana
Profa. Dra. Geyanna Dolores Lopes Nunes
Prof. Dr. Guilherme Antonio Lopes de Oliveira
Prof. Dr. João Vitor Teodoro
Profa. Dra. Juliani Borchardt da Silva
Profa. Dra. Jucimara Silva Rojas
Profa. Dra. Lina Raquel Santos Araujo
Prof. Dr. Marcus Vinicius Peralva Santos
Profa. Dra. Maria Cristina Neves de Azevedo
Profa. Dra. Nayára Bezerra Carvalho
Profa. Dra. Ordália Alves de Almeida
Profa. Dra. Otília Maria Alves da Nóbrega Alberto Dantas
Profa. Dra. Roberta Oliveira Lima
Profa. Dra. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro

Editora Inovar
Campo Grande – MS – Brasil
Telefone: +55 (67) 98216-7300
www.editorainovar.com.br
atendimento@editorainovar.com.br
DECLARAÇÃO DOS AUTORES

Os autores se responsabilizam publicamente pelo conteúdo desta obra, garantindo que o mes-
mo é de autoria própria, assumindo integral responsabilidade diante de terceiros, quer de natu-
reza moral ou patrimonial, em razão de seu conteúdo, declarando que o trabalho é original, li-
vre de plágio acadêmico e que não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual de ter-
ceiros. Os autores declaram não haver qualquer irregularidade que comprometa a integridade
desta obra.
PREFÁCIO

Os autores desta obra são conhecedores de um vasto conteú-


do do universo da Fonoaudiologia. Por meio de uma abordagem sim-
ples e didática, os tópicos relacionados à Fonoaudiologia foram pes-
quisados, debatidos e orientados criteriosamente.
Na obra, somos convidados a acompanhar de perto as diver-
sas temáticas que englobam as áreas de atuação do profissional Fo-
noaudiólogo. O diferencial de tal obra, é ter sido concretizada por alu-
nos finalistas do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Fa-
metro. Sua organização foi concebida de modo a privilegiar com clare-
za e ampla visão, os conteúdos referentes às prevenções, avaliações
e tratamentos inerentes à comunicação.
Tudo isso, no entanto, nos leva para o mesmo caminho: a cria-
ção colaborativa de conhecimentos, a generosidade coletiva. Partilhar
conhecimentos é repartir informações e habilidades com quem está ao
nosso redor. Essa forma de interação e troca de aprendizados é que
permite o desenvolvimento profissional e pessoal de ambas as partes.
Agradeço a todos pela dedicação e colaboração, aproveito ain-
da a oportunidade para homenageá-los, desejar prosperidade e muita
sabedoria no decorrer da caminhada.
Com amor.

Gabrielle Lemos de Oliveira Vaz


Fonoaudióloga
Especialista em Linguagem pelo CRFa
Especialista em Psicopedagogia
Pós-graduada em Fonoaudiologia Hospitalar
Docente do Curso de Fonoaudiologia do Centro
Universitário Fametro
APRESENTAÇÃO

O livro Tópicos em Fonoaudiologia IV “Abordagens em ciên-


cias fonoaudiológicas” faz parte da antologia dos dados literários so-
bre a Fonoaudiologia e algumas de suas áreas de atuação, organiza-
do com o desígnio de aclarar a diversidade de atuações no campo da
Fonoaudiologia. Reúne várias pesquisas realizadas por discentes fi-
nalistas do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário FAME-
TRO em Manaus/AM.
Nesta perspectiva, o livro contém pesquisas que apropinqua
às diversas áreas de atuação fonoaudiológica na saúde clínica e hos-
pitalar, educação e ocupacional. Levando em consideração a impor-
tância da publicação cientifica para o enaltecimento do desempenho
acadêmico e profissional, espera-se que esta antologia possa contri-
buir para a formação de futuros profissionais da Fonoaudiologia, bem
como para aqueles que já estão na profissão.

Aulisângela da Silva Queiroz


Joab de Souza Arouche
(Organizadores)
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 12
TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NO DESENVOLVIMENTO DO ENSI-
NO E APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM IMPLANTE COCLEAR
Cintiane de Souza Costa
Gleyce Kettellen Freire Azevedo
Aulisangela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_001

CAPÍTULO 2 28
CIRURGIA ORTOGNÁTICA: TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO
NA DISFUNÇÃO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO DECORREN-
TE DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO NA CORREÇÃO DOS TRAU-
MAS DE FACE
Erika Maria Alfaia Garcia
Jéssica Araújo Vieira
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_002

CAPÍTULO 3 42
TERAPIA AUDIÓLOGICA PARA O DISTÚRBIO DO PROCESSA-
MENTO AUDITIVO CENTRAL EM CRIANÇAS ENTRE 7 A 12 ANOS
Jéssica Nayara Campelo de Almeida
Yara Gabrielle Melo da Silva
Aulisângela da Silva Queiroz
Andersen Werneck Monteiro
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_003

CAPÍTULO 4 57
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA VOZ DE PACIENTES
COM GRANULOMA LARÍNGEO
Mirlane de Aquino Batista
Renata Aires da Silva
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_004
CAPÍTULO 5 74
A FONOAUDIOLÓGIA NOS DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM NA IN-
FÂNCIA
Franciani dos Santos de Lima
Jamily de Souza Lopes
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_005

CAPÍTULO 6 88
ABORDAGENS FONOAUDIOLÓGICA NO TEA: CONDUTAS TERA-
PÊUTICAS NO DESENVOLVIMENTO COMUNICATIVO DE CRIAN-
ÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Aline do Nascimento Batista
Erita Vera de Sales
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_006

CAPÍTULO 7 103
HIDRATAÇÃO E HIGIENIZAÇÃO DA VOZ DO PROFESSOR
Presley Araújo de Souza
Raimunda Linda Holanda da Silva
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_007

CAPÍTULO 8 120
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM IDOSOS AFÁSICOS EXPRES-
SIVOS: INTERVENÇÃO E MÉTODOS
Ana Paula Moura de Souza
Andreza dos Santos do Casal
Neuza Silva Campos
Aulisangela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_008

CAPÍTULO 9 135
TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO AO PACIENTE INFANTIL
COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO HIPERATIVIDADE
Andressa Alfaia de Souza
Tamires Danielly de Alcântara
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_009
CAPÍTULO 10 149
A ELETROESTIMULAÇÃO NA REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓ-
GICA DOS DISTÚRBIOS MASTIGATÓRIOS EM INDIVÍDUOS COM
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
Ediane Lago Soares
Janaina Menezes da Silva
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_010

CAPÍTULO 11 168
ACOMPANHAMENTO AUDIOLÓGICO PÓS ADAPTAÇÃO DO AASI
EM PACIENTES IDOSOS COM PRESBIACUSIA
Anthony da Silva Freitas
Evelyn Trindade de Souza
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_011

CAPÍTULO 12 179
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO PROCESSO DE DESENVOL-
VIMENTO DA LINGUAGEM ORAL EM CRIANÇAS COM DEFICIÊN-
CIA INTELECTUAL
Tatiane de Abreu Marques
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_012

CAPÍTULO 13 192
TERAPIAS FONOAUDIOLÓGICAS NOS DISTÚRBIOS FONÉTICOS
DE PACIENTES FISSURADO/PROTETIZADOS
Jamine da Silva Rocha
Lucinete Souza de Lima
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_013

CAPÍTULO 14 206
UM ESTUDO ACERCA DA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA DE-
GLUTIÇÃO E MASTIGAÇÃO DE PACIENTES IDOSOS COM DOEN-
ÇA DE ALZHEIMER
Gisele Gomes da Silva
Aulisângela da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_014
CAPÍTULO 15 220
ATENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO EQUILÍBRIO DO SONO DOS
ATLETAS, DECORRENTE DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Zuelem Corrêa Bruce
Amanda de Araújo Gomes
Aulizangêla da Silva Queiroz
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_015

CAPÍTULO 16 233
REABILITAÇÃO VESTIBULAR EM PACIENTES IDOSOS COM VES-
TIBULOPATIA
Ana Patricia Lourenço Lima
Hildo Lima dos Santos
Aulisângela da Silva Queiroz
Andersen Werneck Monteiro
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-086-3_016

SOBRE OS ORGANIZADORES 244

ÍNDICE REMISSIVO 246


TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 12

CAPÍTULO 1

TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NO DESENVOLVIMENTO


DO ENSINO E APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS
COM IMPLANTE COCLEAR

SPEECH THERAPY IN THE DEVELOPMENT OF TEACHING AND


LEARNING OF CHILDREN WITH COCHLEAR IMPLANT

Cintiane de Souza Costa1


Gleyce Kettellen Freire Azevedo2
Aulisangela da Silva Queiroz3

RESUMO
O Implante coclear possibilitou com que as pessoas com deficiência
auditiva pudessem ter acesso aos sons, foi desenvolvido para rea-
lizar a função das células ciliadas que estão danificadas ou ausen-
tes, a intervenção fonoaudiológica em pacientes com implante coclear
proporciona o desenvolvimento das habilidades auditivas e da lingua-
gem oral. OBJETIVO: A pesquisa visa esclarecer praticas terapêuti-
cas fonoaudiológicas no desenvolvimento do ensino e aprendizagem
de crianças com implante coclear. METODOLOGIA: O estudo é uma
revisão bibliográfica, transversal, analítica, descritiva, que evidencia a
atuação fonoaudiológica no desenvolvimento de crianças com implan-
te coclear, foram analisados artigos, tese e dissertações, com base de
dados do google Acadêmico, Scielo, BJHR e REAC, entre os anos de
2005 a 2022. RESULTADO: Dos 32 artigos analisados, 6 obtiveram
resultados positivos e contribuíram para o desenvolvimento da pesqui-
sa. CONSIDERAÇÃO FINAL: Os estudos apresentados no trabalho
salientam a relevância do fonoaudiólogo no desenvolvimento da crian-
ça com implante coclear, tendo o destaque na (Re) habilitação da au-
dição e a aquisição da linguagem da criança implantada.
1 Discente do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM. E-mail: scintia-
ne3@gmail.com
2 Discente do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM. E-mail: glaycefrei-
re2@gamil.com
3 Docente/Orientadora de TCC. E-mail: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 13

Palavras–Chave: Fonoaudiologia; Implante Coclear; Terapia; Lingua-


gem.

ABSTRACT
The cochlear implant allowed people with hearing impairment to have ac-
cess to sounds, was developed to perform the function of hair cells that
are damaged or absent, speech therapy intervention in patients with co-
chlear implant provides the development of auditory skills and oral lan-
guage. OBJETIVE: The research aims to clarify speech therapy practic-
es in the development of teaching and learning of children with cochlear
implants. METHODOLOGY: The study is a bibliographic, cross-section-
al, analytical, descriptive review, which evidences the speech-language
pathology action in the development of children with cochlear implants,
we analyzed articles, thesis and dissertations, based on data from google
Scholar, Scielo, BJHR and REAC, between 2005 and 2022. RESULT: Of
the 32 articles analyzed, 6 obtained positive results and contributed to the
development of the research. FINAL CONSIDERATIONS: The studies
presented in the study highlight the relevance of the speech therapist in
the development of children with cochlear implants, with the emphasis on
(Re) enabling hearing and acquiring the language of the implanted child.
Keywords: Speech therapy; Cochlear Implant; Therapy; Language.

INTRODUÇÃO

É de fundamental relevância que ouvir é muito mais que detec-


tar um som, como também é a nossa capacidade de aprender e per-
ceber o mundo ao nosso redor, além disso a audição é uma importan-
te ferramenta para desenvolver a fala. Diante disso, o implante coclear
(IC) é atualmente um recurso para garantir uma qualidade de vida me-
lhor que possibilita a habilitação de crianças deficientes auditivas que
não se beneficiam com os aparelhos de amplificação sonora (AASI).
O implante coclear é uma prótese auditiva eletrônica, que subs-
titui ou complementa a função das células ciliadas, ausentes ou danifi-
cadas da cóclea, as quais proporcionam estimulação elétrica às fibras
do nervo auditivo, possibilitando percepção precisa dos sons, sendo
inclusive da fala (MAGALHÃES et al., 2007).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 14

Entretanto a implantação do implante coclear não terá resulta-


do sozinho, a criança que receberá o implante necessita de um acom-
panhamento por profissionais especializados nessa área desde o mo-
mento que descobre a perda auditiva até a reabilitação das habilida-
des auditivas e na aquisição da linguagem.
A intervenção irá se inicia com a adaptação adequada do dis-
positivo eletrônico e a inserção de um programa de terapia fonoaudio-
lógica que irá promover o desenvolvimento das habilidades auditivas
e da comunicação da criança (BICAS et al., 2017).
O trabalho traz como objetivo a atenção para o tema discuti-
do, sobre como as dificuldades auditivas comprometem no desenvol-
vimento da linguagem, procurando mostrar a viabilidade do implante
coclear no desenvolvimento das habilidades auditivas e da linguagem
oral, levantando a seguinte questão, quais práticas terapêuticas pode-
rão contribuir para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem de
crianças com implante coclear?
Sendo assim o presente artigo justifica-se por meio de compre-
ender sobre as necessidades da criança com implante coclear, diante
do desenvolvimento das habilidades auditivas e na aquisição da lin-
guagem oral, destacando as práticas terapêuticas que contribuem
para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem dessas crianças,
com foco na atuação fonoaudiológica no processo da (re) habilitação
e na terapia fonoaudiológica para o desenvolvimento das habilidades
auditivas e da linguagem oral.
Em vista disso buscando maior entendimento foi realizado uma
pesquisa transversal, analítica, descritiva exploratório, onde visa es-
clarecer o desenvolvimento da percepção auditiva que poderá auxi-
liar na construção da linguagem oral após a realização do implante co-
clear com proposito de apresentar as propostas terapêuticas que irão
favorecer no ensino e aprendizagem da criança, apresentando uma
análise de dados anexados a conteúdos de evidências bibliográficas -
Google Acadêmico, Scielo , BJHR e REAC. Os artigos a quais foram
selecionados são escritos na língua portuguesa e inglês, publicados
entre 2013 a 2022, levando a falta de estudos durante este período foi
estendido o ano de seleção para 2005.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 15

Sendo assim os resultados da pesquisa mostram a relevân-


cia do profissional fonoaudiólogo no processo da (re) habilitação e na
terapia fonoaudiológica junto a equipe multidisciplinar para o desen-
volvimento das habilidades auditivas e da linguagem oral da criança
com implante coclear, visando proporcionar a essa criança uma me-
lhor qualidade de vida.

A INTEGRIDADE DAS HABILIDADES AUDITIVAS NO DESENVOL-


VIMENTO DA LINGUAGEM ORAL

A linguagem oral vem sendo o meio de comunicação mais uti-


lizado no mundo, composta pela linguagem compreensiva e expressi-
va, sendo que a compreensiva mostra o desenvolvimento primeiro que
a expressiva (STUCHI et al., apud ALVES et al., 2014, p. 149).
Para que ocorra esse desenvolvimento a audição é essencial
para a aquisição da linguagem, já que permite que a criança entenda
e desenvolva sua compreensão e expressão, uma alteração no sis-
tema auditivo interfere no desenvolvimento da linguagem, das habili-
dades sociais, emocionais e cognitiva desta criança (BORGES et al.,
apud SILVA, 2011).
A auditiva deve conter habilidades de localizar, focar, compre-
ender, discriminar e reconhecer estímulos sonoros, para ser feito a in-
terpretação do som essas habilidades precisam estar íntegras. Por
isso logo após o nascimento é indicado a avaliação do processamento
auditivo, tendo potencial em auxiliar no diagnóstico de possíveis dis-
funções auditivas que afetam no o desenvolvimento causando atraso
na linguagem, cognição e também o desenvolvimento socioemocional
(FIDÊNCIO et al., 2021).
Para que haja uma boa audição, as estruturas da orelha exter-
na, média e interna estejam eficientes para as suas funções, já que a
captação, localização e à amplificação da onda sonora no ambiente
é feita pela orelha externa, logo após conduzida a orelha média (OLI-
VEIRA apud RODRIGUES, 2018, p. 20).
A orelha media composta pelos três menores ossos do cor-
po humano: martelo, bigorna e estribo, conectados entre si formando
um sistema alavanca que atua como amplificador das ondas sonoras,
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 16

onde o martelo impulsiona a bigorna e está move o estribo, assim mul-


tiplicando a força recebida na membrana timpânica, transformando a
onda recebida na orelha externa em vibrações que são conduzidas a
orelha interna (BOÉCHAT, E.M. et al., 2013- 2015, p. 35)
Na orelha interna conduz os impulsos nervosos (vibrações) pe-
las vias auditivas: vestíbulo (labirinto), cóclea (células ciliadas) e ner-
vo auditivo (fibras neurais). Na cóclea está localizada as células cilia-
das, responsáveis em levar as vibrações causadas pela onda sonora
e transforma-las em informações elétricas (OLIVEIRAS, apud RODRI-
GUES, 2018, p. 21).
O processo de captação, transformação e impulsos nervosos,
a resposta neural ao som é produzida e o sinal é transferido para os
núcleos no tronco encefálico até chegar ao lobo temporal (TRATADO
DE AUDIOLOGIA, 2015, p. 41).
De maneira geral, a percepção auditiva refere-se ao processa-
mento do sinal acústico audível, sendo essa percepção refletida em
toda a hierarquia de funções e mecanismos do sistema auditivo, como
a maioria das fibras nervosas cruza ou descruza, em algum ponto do
sistema nervoso auditivo central (SNAC), a atividade da orelha direi-
ta é representada de forma mais acentuada no lado esquerdo e vice-
-versa. O córtex auditivo esquerdo é dominante para a percepção dos
estímulos da fala e linguagem, enquanto o direito é mais funcional na
percepção de sons musicais (BOÉCHAT et al., 2015).
Diante disto, o processamento dos estímulos acústicos consis-
te em uma série de conexões neuro-anatômicas, que virão a ser ori-
ginadas nos neurônios da cóclea e finalizadas no córtex auditivo ce-
rebral. Com isso, acredita-se então que o desenvolvimento cognitivo,
linguístico e o amadurecimento das habilidades auditivas, irão ocor-
rer de forma simultânea e que algumas alterações nessas funções
podem trazer sérios prejuízos para a aquisição da aprendizagem da
criança. À vista disso a avaliação da audição feita precocemente con-
tribui para que além do diagnóstico precoce, o profissional fonoaudió-
logo junto a equipe multidisciplinar possa ter uma melhor intervenção
para essa criança.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 17

INDICADORES DE PERDA AUDITIVA PARA O USO DO IMPLAN-


TE COCLEAR

O implante coclear (IC) é método de tratamento indicado para


perda auditiva neurossensorial severa e ou profunda, estudos apon-
tam que a causa da surdez neurossensorial é devido a uma lesão
na cóclea ou em qualquer das estruturas nervosas que se encontram
nela. As perdas auditivas podem ser reconhecidas nos períodos do
pré-natal, neonatal e pós natal, no pré-natal aproximadamente 80%
das alterações são de causa genética, sendo 70% hereditários e 30 %
sindrômicos; no neonatal o surgimento da surdez tende a aparecer en-
tre o momento após o nascimento e o 28° dia, podenda esta relaciona-
dos com fatores como: baixo peso, incompatibilidade de Rh, infecções
neonatais, anóxia fetal, parto prolongado, hemorragia durante o parto,
trauma obstétrico e placenta prévia; Já a surdez pós-natal, são cau-
sadas por patologias que podem vim a ocorrer durante o crescimento
do bebê como: otites médias, sarampo, meningite bacteriana, traumas
de cranioencefálico, doenças autoimunes, otoesclerose ou tumores do
nervo auditivo (MOREIRA, 2009).
Classifica-se as perdas auditivas de acordo com a aquisição da
linguagem e a capacidade da linguagem oral e escrita, podendo ser
definido em dois tipos, deficiência auditiva pré-lingual e caracterizada
pela total ausência de memória auditiva, fala ou leitura e a pós-lingual
que surge quando o indivíduo já fala e lê (RODRIGUES, 2018).
Em vista disso a perda auditiva neurossensorial irá comprome-
ter tanto o social, emocional, o educacional como também a aquisição
e o desenvolvimento da linguagem dessa criança. Nota-se que o im-
plante coclear é indicado para a (Re) habilitação auditiva dessa crian-
ça, porém para fazer o uso do dispositivo IC há critérios de indicação
para cada faixa de idade, como visto a seguir:
• Até 4 anos: perda Neurossensorial severo/profundo bilateral
• Obter experiência com o uso de AASI por três meses
• Ter no mínimo 6 meses de perda profunda ou 18 - meses de
perda severa
• Ter motivação e expectativa da família para o uso do implante
e a reabilitação fonoaudiológica
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 18

• De 4 a 7 anos: perda Neurossensorial severo/profundo bilateral


• Quando o resultado de reconhecimento de sentenças com o
uso de AASI for igual ou menor que 50%
• Obter presença de indicadores para o desenvolvimento de lin-
guagem oral
• Motivação e expectativa da família para o implante e a reabili-
tação fonoaudiológica.
• De 7 a 12 anos: perda Neurossensorial severo/profundo bila-
teral
• Quando o resultado de reconhecimento de sentenças com o
uso de AASI for igual ou menor que 50%
• Percepção de fala for diferente de zero em conjunto fechado
• Obter presença de comportamento linguístico predominante
oral
• Apresentar atraso de desenvolvimento da linguagem oral
(por simplificações fonológicas, sintáticas e pragmático)
• Uso de AASI continuo ou efetivo pelo menos metade de sua
idade
• Motivação e expectativa da família para o uso do implante e a
reabilitação fonoaudiológica (ABORL CCF, s.d).

Sendo assim a seleção de crianças para o uso do implante é mais


longo e complexo, pois envolve vários fatores a serem considerados, em
vista disso uma equipe multidisciplinar formada por médicos, fonoaudió-
logos, psicólogos, assistentes sociais e outras especialidades é formado
para que seja feitas todas as avaliações pré-cirurgica e a reabilitação da
criança que irá receber o implante coclear (MOREIRA, 2009).

MÉTODOS DE TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA EM CRIANÇAS


COM IMPLANTE COCLEAR

A reabilitação auditiva por meio das intervenções terapêuticas


tem como objetivo desenvolver ou aprimorar a capacidade de percep-
ção auditiva do indivíduo com deficiência auditiva (DA), nesse sentido
o processor de (re) habilitação envolve o desenvolvimento das habili-
dades auditivas e da aquisição da linguagem (Rodrigues, 2018).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 19

A criança que recebe o implante coclear começa a reabilitação


após a ativação dos elétrodos, por volta de 30 a 40 dias após a cirur-
gia, a principal fase da terapia serão voltadas para o treino das habi-
lidades auditivas, entretanto a terapia, o ritmo da reabilitação varia de
indivíduo para indivíduo e as etapas da reabilitação serão didáticas e
elaboradas individualmente para cada paciente, estudos mostram que
a (re) habilitação auditiva começam com situações fechadas (closed-
-set) para depois avançarem para as abertas (open- set) tanto para os
sons ambientais quanto para sons de fala.
As principais etapas a serem seguidas na terapia são:

1. Identificar a presença e ausência de um estímulo sonoro;


2. Diferenciar e reconhecer pistas de similaridade ou dife-
rença;
3. Reconhecer pistas nos sons de fala, tipo:
- Duração e Extensão: número de sílabas numa palavra ou
frase; frase/palavra longa x curta;
- Amplitude, intensidade, entonação: principalmente em
frases;
4. Discriminar e Reconhecer:
- Vogais;
- Traços distintivos de consoantes, sonoridade, ponto,
modo de articulação;
- Palavras;
- Frases;
- Curvas melódicas, tonicidade;
5. Identificação de traços suprassegmentais de fala:
- Identificação de duração do estímulo;
- Identificação de gênero vocal;
- Identificação de ritmo;
- Identificação de tonicidade;
- Identificação de inflexão;
6. Utilização de telefone:
- Detecção do som da companhia;
- Detecção da voz do outro;
- Reconhecimento do contexto;
- Compreensão do contexto ou da conversação;
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 20

7. Compreensão: expressões familiares, frases e ordens


que fazem parte do cotidiano do paciente (SCARA-
NELLO, 2005).

O trabalho com o implantado não se resumi apenas no treino


auditivo, é recomendado lembrar da criança como todo, principalmen-
te na produção da fala dela, as estratégias feitas pelo terapeuta junto
do audiologista requer focas no desenvolvimento das habilidades au-
ditivas e da fala. Um dos temas mais abordados é orientar a família e
a escola, levando o foco da orientação em estratégias verbais ou de
fala que facilitam o aprendizado dessa criança, sendo elas: repetir o
que fala, simplificar, reforçar, utilizar uma voz clara, falar próximo e fa-
cilitar a leitura orofacial, facilitando esse contexto de conversação aju-
da na evolução do paciente o encorajando no processo de (re) habili-
tação (SCARANELLO, 2005).
O fonoaudiólogo deve ter certeza de que a família da criança
atua no processo terapêutico. Os estudos mostraram que a participa-
ção da família na terapia de (re) habilitação traz um progresso com
mais qualidade para a criança, o fonoaudiólogo tem como prioridade
mostrar para a família que o habito de priorizar a percepção auditiva
dos sons da fala com relação aos outros sons que fazem parte do co-
tidiano dessa criança (MORET; BEVILACQUA, 2014).
Segundo estudos, crianças com implantadas antes dos dois
anos de idade mostram uma rápida e consistente melhoria nos três
primeiros anos após a implantação do IC. Estas crianças iniciaram o
laleio e a produção de vogais passados alguns meses e após um ano
iniciaram a produção de frases com duas palavras, dois anos após a
implantação temos as frases com verbos (MOLINA et al., 2000; apud
MARTINS et al., 2008).
O implante coclear é eficaz para o desenvolvimento de lingua-
gem de crianças com perdas auditivas quando tem o acompanhamen-
to fonoaudiológico desde do período pré-cirurgico, podendo assim ob-
ter resultados mais acentuados, sendo quanto mais precoce seja re-
alizada a cirurgia mais resultados positivos terão na (re) habilitação
(MONTEIRO et al., 2015).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 21

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após minuciosas análises bibliográficas de artigos científicos


que evidenciaram a relevância da terapia fonoaudiológica em crianças
usuárias de implante coclear, foram selecionadas algumas obras que
contribuíram para a terapêutica fonoaudiológica na aprendizagem da
criança implantada, conforme o quadro 1 abaixo.

Quadro 1: Possibilidades terapêuticas fonoaudiológica que pode con-


tribuir para aprendizagem da criança implantada.
Obra Autor Ano Citação

Aquisição e de-
[o desenvolvimento da linguagem das crianças
senvolvimento da
Alves, implantadas aumenta de acordo com a experien-
linguagem em crian- 2014
et al. cia auditiva da criança e da exposição à lingua-
ças com implante
gem oral, junto a terapia fonoaudiológica...]
coclear.

[.. crianças acompanhadas em terapia fonoaudio-


Linguagem oral em
lógica auri-oral, que se constitui na estimulação
crianças com cinco
Stuchi, da audição para obter a aquisição e o desenvolvi-
anos de uso do im- 2008
et al. mento da linguagem, tiveram um resultado
plante coclear
satisfatório na pesquisa.]

Reabilitação de
[Na utilização do Softwares para reabilitação de
Pacientes com
pacientes implantados, foi possível mostrar as
Implante Coclear
palavras e fonemas no qual o implantado tem
Utilizando uma Nova Rodri-
2018 mais dificuldades, podendo o terapeuta adaptar
Abordagem de Aná- gues, A.
as terapias de reabilitação voltadas para essas
lise de Percepção
dificuldades...]
Auditiva
[O IC mostrou-se eficaz quando acompanhado
O desenvolvimento
de terapia fonoaudiológica, tendo mais resultados
da linguagem da
Mon- em sintaxe e vocabulário. Verifica-se que os usu-
criança após o im-
teiro, et 2016 ários de IC obtém um desenvolvimento linguístico
plante coclear: uma
al. e educacional melhor que os usuários de
revisão de literatura
AASI.]

[O terapeuta e o audiologista, devem orientar es-


Reabilitação Audi- tratégias verbais ou de fala, para serem utiliza-
Scara-
tivaPós Implante dos pela família, na escola, em atividades de la-
nello, 2005
Coclear zer e etc., estratégias que facilitam o processo de
C.
aprendizagem do indivíduo com implante coclear.]

[O IC é um recurso com 94% de eficácia no de-


Reabilitação Auditiva senvolvimento das habilidades auditivas e da
Borko-
e Implante Coclear: linguagem, sendo que os indivíduos com a im-
vski, et 2017
revisão integrativa plementação precoce têm melhor rendimento na
al.
de literatura fala que comparados com indivíduos implantados
tardiamente.]
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 22

A terapia fonoaudiológica para o aprendizado da criança im-


plantada é primordial para o desenvolvimento tanto das habilidades
auditivas quanto da fala, a intervenção deve ser feita nos primeiros
momentos após o diagnóstico de deficiência auditiva para que se te-
nha um bom desempenho na terapia e na evolução da linguagem oral.
Segundo Alves et al., (2014) a linguagem oral em crianças implan-
tadas evolui conforme o tempo do uso de IC, tendo em vista quanto
maior a durabilidade do IC maior será o vocabulário expressivo, contu-
do a evolução vai depender da (Re) habilitação da criança através de
intervenções terapêuticas fonoaudiológica que priorizam desenvolver
ou aprimorar as habilidades auditivas, assim podendo avançar para a
aquisição da linguagem dessa criança. No estudo foi observado que
crianças com idade auditiva até 12 meses produzem em média 69 pa-
lavras, já crianças com idade auditiva entre 17 e 19 meses produzem
média 50 palavras no seu vocabulário expressivo, mostrando assim
que o IC terá o resultado satisfatório dependendo da implantação pre-
coce e do tempo de uso do implante com a (re) habilitação.
Para Stuchi et al., (2008) as pesquisas mostram que o desenvol-
vimento da linguagem em crianças com cinco anos de uso do implante
com idade entre oito e nove anos, acompanhadas de terapia fonoaudio-
lógica aurioral, não apresentaram atraso na linguagem compreensiva e
expressiva, relatou que a linguagem compreensiva e expressiva dessas
crianças era semelhantes a de crianças com cinco anos ouvintes, retra-
tou que com o passar dos anos esses usuários alcançariam o perfil de
linguagem oral de crianças ouvintes da mesma faixa etária de idade.
Já Rodrigues, A. (2018) relata que a utilização de softwares si-
muladores de palavras, onde tem como objetivo detectar palavras e fo-
nemas ao qual a criança tem dificuldade, foi fundamental para o desen-
volvimento da linguagem dos 60 participantes da pesquisa, pois con-
seguiu notar onde estava a dificuldade de cada paciente, sendo assim
contribuindo com a terapia podendo adaptar essa reabilitação. Notou-se
que o simulador tem seus benefícios e eficiência quando usado em pa-
cientes usuários de IC individualmente, em vista disso a pesquisa expõe
que cada paciente recebe (re) habilitação individual uma vez que cada
um necessita de estímulos auditivos diferentes para aprimorar a percep-
ção do som e consequentemente o desenvolvimento da fala.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 23

Porém para Monteiro et al., (2016) crianças com implante co-


clear acompanhadas de terapia fonoaudiológica tem um resultado
mais satisfatório no desenvolvimento da linguagem, porém chega a
esse resultado quando a cirurgia e realizada de forma precoce, des-
se modo usuário de IC tendem a apresentar um bom desenvolvimento
linguístico e educacional, quando se tem o menor tempo de privação
sensorial. Em vista disso as crianças mostraram que após dois anos
com IC, 81% tinham habilidades de linguagem receptiva normal e 57%
tinham habilidades de linguagem expressiva normal.
Scaranello, C. (2005) afirma que o terapeuta junto do audiolo-
gista devem focar em estratégias de terapia que vão além do desen-
volvimento das habilidades auditivas e da fala, focar também no âmbi-
to social da criança com orientações, mostra-se que a (re) habilitação
não envolve apenas a criança, mas também a família, situações de la-
zer e a escola, o foco nas orientações será em estratégias verbais ou
de fala como: repetir, simplificar, reforçar, utilizar voz clara, falar próxi-
ma e facilitar a leitura orofacial. Logo quando a criança implantada tem
essa facilitação, a encoraja no progresso da (re) habilitação e facilita a
evolução tanto na audição quanto na linguagem.
No entanto Borkovski, et al., (2017) evidencia que em muitos
estudos achados, as crianças implantadas tem um proveito significati-
vamente melhor na percepção, no reconhecimento e desenvolvimento
da fala, o IC é efetivo em 94% dos casos de implante em crianças para
o desenvolvimento das habilidades auditivas e da linguagem oral, ten-
do acompanhamento fonoaudiológico desde a avaliação pré-cirúrgico
até a (re) habilitação do paciente.
Logo os estudam mostram que a cirurgia precoce do implan-
te coclear eleva os resultados para mais satisfatório nas habilidades
auditivas e na linguagem oral. Para Robbins et al., 2000; Moret, 2002;
(apud Stuchi, 2008) todos os estudos evidenciam que a implantação
precoce do implante coclear em crianças, justifica o melhor desempe-
nho das habilidades auditivas e desenvolvimento da linguagem, com-
parado com indivíduos implantados tardiamente, ou seja, o tempo de
privação sensorial expõe a criança a ter mais dificuldade na linguagem
oral após a implantação do IC.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 24

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entende-se que os estudos apresentados neste trabalho desta-


cam a importância da terapia fonoaudiológica no desenvolvimento da
criança implantada. O implante coclear será indicado para perda audi-
tivas severa ou profundo, em vista disso, tendo a recomendação para
que a cirurgia seja imediata para que possa obter resultados satisfa-
tórios na habilidade auditiva e na aquisição da linguagem da criança.
A terapia fonoaudiológica mostrou-se eficiente nos estudos
pesquisados, foi visto que em 94% das crianças que recebem o im-
plante coclear tem um desenvolvimento das habilidades auditivas e
da linguagem superior à de crianças usuárias de AASI que recebem
acompanhamento fonoaudiológico.
Nesse sentido a terapia mais utilizada em crianças implantas e
a aurioral, através de atividades lúdicas que beneficiam o desenvolvi-
mento cognitivo da criança contribuindo para o desenvolvimento das
habilidades auditivas e de linguagem, porem na atualidade a utiliza-
ção de softwares beneficiam mais essas terapias. Uma vez que o que
a cirurgia do implante seja feita de forma precoce, essa criança tem
mais possibilidades de ter uma boa fluência na fala. Os estudos mos-
tram que o acompanhamento familiar influência no resultado do de-
senvolvimento dessa criança, em razão disto o terapeuta deve ter o
foco de estratégias que vão além do ambiente do consultório, focan-
do também nos momentos de família, escola e lazer, ou seja, no dia a
dia da criança.
Diante do exposto, poucos estudos encontrados relataram es-
pecificamente sobre terapia fonoaudiológica em crianças com implan-
te coclear, em vista disso mais estudos futuros precisam ser feitos com
ênfase sobre a terapia fonoaudiológica na aquisição da linguagem em
crianças com implante coclear, a falta de estudos sobre o assunto in-
fluencia na falta de conhecimento dos profissionais e principalmente
dos pais sobre o implante coclear.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Helena et al. Aquisição e desenvolvimento da linguagem


em crianças com implante coclear. Revista Portuguesa de Otorrino-
laringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, v. 52, ed. 3, p. 149-153, 2014.
Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/274638628_
Aquisicao_e_Desenvolvimento_de_linguagem_em_criancas_com_
implante_coclear. Acesso em: 29 abr. 2022.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CI-
RURGIA CÉRVICO-FACIAL. Critérios de Indicação e Contraindica-
ção do Implante Coclear, s.d. Disponível em: https://www.aborlccf.org.
br/imageBank/CRITERIOS-DE-INDICACAO-E-CONTRAINDICACAO-
-DO-IMPLANTE-COCLEAR-FINAL.PDF. Acesso em: 25 maio 2022.
BICAS, Rafaela et al. Habilidades auditivas e de comunicação oral
de crianças e adolescentes deficientes auditivos e o processo de
reabilitação fonoaudiológica. 12 jul. 2017. DOI doi: 10.1590/1982-
0216201719412516. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcefac/a/
McjQnj5ZCsSX6LWTzHfgzZK/. Acesso em: 21 fev. 2022.
BOÉCHAT, E.M. et al. TRATADO DE AUDIOLOGIA. [S. l.: s. n.], [2013-
2015].
BURITI, Anna; ROSA, Marine. Percepção auditiva em escolares
com dislexia: uma revisão sistemática. Habilidades auditivas,
2014. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/revistapsicopeda-
gogia.com.br/pdf/v31n94a10.pdf. Acesso em: 29 abr. 2022.
FIDÊNCIO, V.L. et al. Conhecimentos Básicos de Pais de Crianças
Submetidas a Tratamento Fonoaudiológico quanto à Audição e
Linguagem, 10 maio 2021. Disponível em: https://www.archhealthin-
vestigation.com.br/ArcHI/article/view/5087. Acesso em: 4 abr. 2022.
MAGALHÃES, A.M.M et al. Desenvolvimento Socioemocional de
Crianças Surdas com Implante Coclear, 2007. Disponível em: ht-
tps://www.redalyc.org/pdf/946/94627212.pdf. Acesso em: 11 maio
2022.
MARTINS, J.H. et al. (Re)habilitação auditiva através de Implan-
te Coclear: Avaliação audiológica, da linguagem, fala e voz (estu-
do preliminar), 2008. Disponível em: http://projetoredes.org/wp/wp-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 26

content/uploads/IC.pdf#:~:text=RESUMO%20A%20%28re%29habi-
lita%C3%A7%C3%A3o%20auditiva%20atrav%C3%A9s%20de%20
implante%20coclear,severa%20a%20profunda%20pr%C3%A9%2C-
%20peri%20e%20p%C3%B3s%20linguais. Acesso em: 25 maio 2022.
MONTEIRO, C.G. et al. O desenvolvimento da linguagem da crian-
ça após o implante coclear: uma revisão de literatura, 2016. Dis-
ponível em: https://www.scielo.br/j/codas/a/VHPk8FCctFJqvGP8Ydd-
gJXd/#. Acesso em: 25 maio 2022.
MOREIRA, I.P.A. Reabilitação Auditiva em Crianças com Surdez
Neurossensorial Severa/Profunda. Orientador: Dr. Maximiano Nu-
nes. 2009. Dissertação de Mestrado (Mestre em Medicina) - Universi-
dade da Beira Interior, Portugal, 2009. Disponível em: https://ubiblio-
rum.ubi.pt/bitstream/10400.6/988/1/VERS%c3%83O%20FINAL%2
0DA%20TESE%20DE%20MESTRADO%20PARA%20IMPRIMIR.pdf.
Acesso em: 7 jun. 2022.
SILVA, Emanuele. Repercussões da Deficiência Auditiva para o De-
senvolvimento Infantil. 2011. 29 p. Trabalho de conclusão de curso
(Especialização em Saúde Coletiva Enfermagem na Atenção Básica)
- Universidade Federal de Minas Gerais, 2011. Disponível em: https://
repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9DSFKF/1/monografia_
emanuele_cristinap_s_gradua o_sa_de_coletiva.pdf#:~:text=Segun-
do%20N%C3%B3brega%20%281999%29%2C%20%C3%A9%20
v%C3%A1lido%20ressaltar%20que%20a,desenvolvimento%20infan-
til%2C%20nos%20aspectos%20social%2C%20emocional%20e%20
cognitivo. Acesso em: 29 abr. 2022.
RODRIGUES, A.P. Reabilitação de Pacientes com Implante Coclear
Utilizando uma Nova Abordagem na Análise da Percepção Auditi-
va. 2018. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Neurociências e Bio-
logia Celular) - Universidade Federal do Pará - UFPA, Belém, 2018. Dis-
ponível em: http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/9841/8/Dis-
sertacao_ReabilitacaoPacientesImplante.pdf. Acesso em: 7 abr. 2022.
SCARANELLO, C.A. Reabilitação Auditiva Pós Implante Cocle-
ar, 2005. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/
view/460. Acesso em: 25 maio 2022.
SOUZA, Marina et al. Ordenação temporal simples e localização
sonora: associação com fatores ambientais e desenvolvimento
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 27

de linguagem. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S2317-


64312015000100001443 . Acesso em: 29 abr. 2022.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE OTALGIA. Critérios de Indicação e
Contraindicação do Implante Coclear, [s.d.]. Disponível em: http://
www.sbotologia.org.br/implante-coclear. Acesso em: 18 abr. 2022.
STUCHI, Raquel et al. Linguagem oral de crianças com cinco anos
de uso do implante coclear, 25 maio 2007. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/pfono/a/fhppsRMX5cx48RGjHjWyXhN/?format=pd-
f&lang=pt#:~:text=O%20implante%20coclear%20%28IC%29%20re-
presenta%20uma%20poderosa%20ferramenta,se%20torna%20fun-
damental%20na%20constru%C3%A7%C3%A3o%20da%20comuni-
ca%C3%A7%C3%A3o%20oral. Acesso em: 28 mar. 2022.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 28

CAPÍTULO 2

CIRURGIA ORTOGNÁTICA: TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO


NA DISFUNÇÃO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
DECORRENTE DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO NA
CORREÇÃO DOS TRAUMAS DE FACE

ORTHOGNATHIC SURGERY: SPEECH TREATMENT IN THE DYSFUNCTION


OF THE STOMATOGNATHIC SYSTEM RESULTING FROM THE SURGICAL
PROCEDURE TO CORRECT FACE TRAUMA

Erika Maria Alfaia Garcia1


Jéssica Araújo Vieira2
Aulisângela da Silva Queiroz3

RESUMO
Em síntese, este artigo esclarece sobre o tratamento fonoaudiológi-
co nas disfunções do sistema estomatognático decorrente do proce-
dimento cirúrgico na correção dos traumas de face. OBJETIVO: É ex-
planar sobre as técnicas, métodos terapêuticos e a importância da in-
tervenção fonoaudiológica no processo de reabilitação no tratamento
orto- cirúrgico. METODOLOGIA: A metodologia da pesquisa caracte-
rizou-se por uma revisão bibliográfica, descritiva e analítica, com uma
abordagem qualitativa. RESULTADOS: Sobre estudos de pacientes
indicados a cirurgia ortognática decorrente de traumas de face, foram
consultadas 18 obras que abordassem o tema, e apenas 9 foram utili-
zadas para o alcançar o resultado da pesquisa. CONCLUSÃO: Desta
forma, pôde-se considerar que a eficiência da atuação fonoaudiológi-
ca no acompanhamento pré e pós operatório promove uma organiza-
ção e funcionamento correto do sistema estomatognático.
Palavras Chaves: Fonoaudiologia; Cirurgia; ortognática; Terapias;
Traumas;
1 Discente do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM. E-mail: erika.al-
faiaaa@gmail.com
2 Discente do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM. E-mail: jessica-
vieirafono@gmail.com
3 Docente/Orientadora de TCC. E-mail: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 29

ABSTRACT
In summary, this article clarifies the speech therapy treatment in the
stomatognathic system dysfunctions resulting from the surgical proce-
dure in the correction of facial trauma. OBJECTIVE: The objective of
this study is to explain the techniques, therapeutic methods and the im-
portance of speech therapy in the rehabilitation process in ortho-surgi-
cal treatment. METHODOLOGY: The research methodology was char-
acterized by bibliographic, descriptive, with a qualitative approach. RE-
SULTS: egarding studies of patients indicated for orthognathic surgery
resulting from facial trauma, 18 works were consulted that addressed
the topic, and only 9 were used to achieve the research result. CON-
CLUSION: In this way, it was possible to consider that the efficiency of
speech therapy in the pre and postoperative follow-up promotes an or-
ganization and correct functioning of the stomatognathic system.
Keywords: Speech Therapy; Surgery; orthognathic; Therapies; trauma;

INTRODUÇÃO

A intervenção fonoaudiológica envolve o trabalho miofuncio-


nal oral, que visa recompor a mobilidade mandibular, evitando pos-
síveis assimetrias ou limitações funcionais. É de extrema importân-
cia que nesses casos de traumas cirúrgicos, a intervenção fonoaudio-
lógica ocorra no pré e pós cirúrgico. É neste sentido que a presente
pesquisa propõe-se esclarecer se o tratamento Fonoaudiológico é efi-
caz e importante para correção dos distúrbios oromiofaciais decorren-
te dos traumas cirúrgicos (faces).
Cada estrutura anatômica possui seu funcionamento, qualquer
modificação anatômica ou funcional específica pode levar a desequilí-
brios e vários tipos de alterações, esses problemas funcionais desen-
cadeiam complicações graves quanto ao bem-estar dos acometidos.
É necessária uma intervenção pré e pós-cirúrgica com o fonoaudiólo-
go para organizar a musculatura e a funcionalidade corrigindo as difi-
culdades apresentadas com base em exercícios e treinos funcionais
melhorando a recuperação. Dessa forma o tratamento fonoaudiológi-
co, será eficaz e importante para correção dos distúrbios oromiofaciais
decorrente dos traumas cirúrgicos?
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 30

É neste sentido que objetivo da pesquisa visa mencionar a im-


portância do tratamento fonoaudiológico e apresentar as técnicas e
métodos terapêuticos que contribuíram para melhora das disfunções
oromiofaciais decorrente do procedimento cirúrgico, assim como des-
crever acerca do procedimento da cirurgia ortognática na correção
dos traumas de face, analisar as estruturas oromiofaciais afetadas pe-
los traumas e as modificações consequente do procedimento cirúrgi-
co, esclarecer as técnicas, métodos terapêuticos e recursos utilizados
para reorganização funcional das estruturas alteradas.
E para que se fosse desenvolvido a pesquisa foi utilizada uma
revisão descritiva e bibliográfica, em pacientes indicados a cirurgia or-
tognática decorrente dos traumas de face e revisão teórica de técni-
cas de motricidade orofacial em estudos específicos que comprovem
esse benefício. Sendo assim pode-se concluir que a abordagem mio-
funcional orofacial é fundamental para adequar a musculatura perio-
ral, postura global, propriocepção, sensibilidade, mastigação, deglu-
tição, respiração e da articulação da fala, enfatizando e explanando
a importância do tratamento para redução funcional e progressão de
possíveis sequelas.

MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa cujo seu principal objeto de estudo é apre-


sentar a importância do tratamento fonoaudiológico e apresentar as
técnicas e métodos terapêuticos que contribuíram para melhora das
disfunções oromiofaciais decorrente do procedimento cirúrgico, foi de-
senvolvida através do tipo de pesquisa descritiva e bibliográfica, em
pacientes indicados a cirurgia ortognática decorrente aos traumas de
face, as fontes utilizadas para pesquisa foi baseadas através de arti-
gos científicos publicados entre o período de 2000 a 2022, nas plata-
formas google acadêmico, SciELO e pubmed, cujo o critério de análise
foi de forma qualitativa, agregando alguns critérios de inclusão, os ar-
tigos publicados somente em língua portuguesa dentro do período de
2015 a 2022 e os critérios de exclusão ao artigos publicados em ou-
tras línguas e fora do período estimado.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 31

DEFINIÇÃO DE CIRURGIA ORTOGNÁTICA E TRAUMAS DE FACE

É de conhecimento geral que todos e quaisquer traumatismos


que acometem a região da face são considerados traumas de face,
podendo ser superficiais que acometem a pele, gordura e músculos,
profundos, que acomete os ossos, nervos e grandes vasos, e comple-
xos que lesionam os olhos, nariz, cérebro e as vias áreas. Segundo Af-
fonso (apud GONZAGA, 2012) “Define-se trauma o conjunto de alte-
rações funcionais e anatômicas, que podem ser locais e/ou gerais, ge-
radas por meios violentos, como quedas, queimaduras e agressões”.
As principais causas são acidentes, agressões ou congênito,
é necessário analisar o trauma e as presentes e futuras sequelas que
possa ser desenvolvida, a intervenção é baseada em sua redução e
contenção, podendo ser por um método conservador ou cirúrgico. Se-
gundo Santos; Reis; Amaral (2021) “essas alterações provocam ina-
dequações de postura, mobilidade e coordenação das estruturas oro-
faciais, além de atividades faciais assimétricas e modificações na fun-
ção de fala, mastigação e deglutição”.
A cirurgia ortognática envolve um conjunto de técnicas, com o
objetivo de restabelecer o equilíbrio entre a face e o crânio, é conside-
rada o método mais eficiente que reconstitui o equilíbrio anatômico da
face e as funções estomatognáticas. Ressalta-se que o procedimen-
to cirúrgico precoce no trauma de face oferece os melhores resulta-
dos, além de contribuir para promover a volta do paciente, mais rapi-
damente, às atividades profissionais e ao convívio da família. (MACE-
DO, 2007)
Por ser um procedimento cirúrgico, possui riscos e possíveis
complicações como hemorragia e infecções, o pós-operatório apre-
senta vômitos, náuseas e dor de nível moderada, que deve ser contro-
lados com medicamentos sob prescrição médica (SANTOS; SOUZA;
TURRINI, 2012). Segundo Bianchini et al (2004) “O tratamento cirúrgi-
co visa principalmente à restauração adequada do alinhamento anatô-
mico dos fragmentos e fixação por meio de placas monocorticais e pa-
rafusos, permitindo mobilização precoce”.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 32

ALTERAÇÕES DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO DOS TRAU-


MAS DE FACE

As estruturas oromiofaciais que compõem o sistema estoma-


tognático, segundo Bueno V. F. R (Apud Tanigute,1998) “É caracteri-
zado pelo conjunto de estruturas orofaciais, considerando músculos,
ligamentos, articulações, língua, lábios, bochechas, dentes e ossos,
que trabalham em conjunto para favorecer a realização de funções de
mastigação, deglutição e fala”. E esse sistema pode sofrer diversas
modificações, decorrentes de traumas de face e ou envelhecimento
do corpo humano.
Quanto ao processo mastigatório segundo Muñoz, M. D. S.
(apud Whitaker et al., 2009) “A mastigação é o ato de morder e tritu-
rar o alimento, sendo uma condição fisiológica e complexa, envolven-
do atividades neuromusculares e digestivas”. Para a realização des-
se processo se faz necessário a presença de contatos oclusais, movi-
mentos mandibulares de abertura, fechamento e movimentos excursi-
vos. Para que haja a trituração dos alimentos e assim a formação do
bolo alimentar e em seguida se deglutido posteriormente. A deglutição
é disparada através de três processos que segundo Furkim; Marche-
san (2003). “A deglutição é uma ação complexa que ocorre de manei-
ra contínua e automática. Para melhor compreensão foi dividida em fa-
ses. Alguns autores a dividem em três fases, oral, faríngea e esofágica
e outros em quatro fases, acrescentando inicialmente a preparatória”.
Que consiste na formação do bolo alimentar para que o mesmo seja
conduzido da cavidade oral em direção ao estômago. Com relação ao
sistema fonoauticulatório, todas as estruturas que o compõe: lábios,
língua, palato mole, palato duro, dentes e protuberância alveolar, pre-
cisam estar relacionar de forma harmônica a fim de propiciar um bom
desempenho dessas funções.
Sabe-se que para um bom desempenho do sistema estoma-
tognático as estruturas precisam estar associadas de forma regular.
Porém quando existem alterações dessas funções decorrentes de
traumas acidentais, agressões ou traumas congênitos. Podem apre-
sentar, conforme segundo Antunes et al (2020), “alterações estruturais
podem apresentar dificuldades funcionais importantes como modifica-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 33

ção do padrão respiratório, dificuldade em mastigação, na redução e


organização do bolo alimentar; sendo que aqueles com mal oclusões
graves apresentam pior performance mastigatória”. Segundo Andra-
de-Balieiro et al (2013) “Quando a qualidade de vida do sujeito fica
prejudicada, muitas vezes a conduta médica volta-se para o procedi-
mento cirúrgico”.
Portanto faz-se necessária a avaliação fonoaudiológica tanto
no pré e pós a intervenção cirúrgica, para readaptação das estruturas
e funções do sistema estomatognático. A fim de proporcionar uma me-
lhora na qualidade de vida dos pacientes indicados a esse tipo de in-
tervenção.

REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NOS DISTÚRBIOS FACIAIS


DECORRENTE DE CIRURGIA ORTOGNÁTICA

A terapia Fonoaudiológica pode ser aplicada nos procedimen-


tos cirúrgicos e nos conservadores, em especial nas fraturas de côn-
dilo e na reabilitação miofuncional, visando que as fraturas promovem
uma limitação parcial dos movimentos mandibulares, mastigação uni-
lateral com a redução do movimento e provocando alterações na fala.
O trabalho miofuncional possui o objetivo de restabelecer a mobilida-
de mandibular evitando grandes sequelas nas assimetrias ou em limi-
tações funcionais. (BIANCHINNI, et al 2004)
Segundo Pacheco (2000) “A Ortodontia e a Cirurgia Ortogná-
tica são inseparáveis e o trabalho do fonoaudiólogo poderá contribuir
na obtenção desses resultados. A equipe se torna possível à medida
que o profissional conscientiza-se da necessidade do conhecimento e
vai buscá-lo dentro de outras áreas”. A atuação no pré-cirúrgico pos-
sui o objetivo de descobrir as variáveis interferências musculares que
possam comprometer o resultado da cirurgia. A intervenção fonoau-
diológica no pós cirúrgico, evita sequelas que podem aumentar o tem-
po de hospitalização e medicação, minimizando as consequências na
capacidade de comunicação verbal (SANTOS, 2021).
No processo de reabilitação, inicialmente faz-se necessário a
identificação das limitações em uma anamnese, para iniciar a aborda-
gem terapêutica é necessário a utilização de dispositivos como abai-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 34

xador de língua, paquímetro entre outros, segundo Lima, et al (2015)


“alterações como: dificuldade na abertura oral, presença de pareste-
sia na região de mento e lábios , edema facial, mastigação, deglutição
e posicionamento da língua alterados, alterações na ATM e na movi-
mentação mandibular além de alterações na postura de lábios”, po-
dem ocorrer no pós operatório, a abordagem visa favorecer as fun-
ções orofaciais e cervicais, buscando um equilíbrio muscular, que di-
minui as chances de regredir, melhorando os padrões funcionais ade-
quados.
O plano terapêutico deve ser discutido em conjunto com os ci-
rurgiões e ortodontistas visando definir a melhor abordagem fonoau-
diológica para direcionar a reorganização da atividade muscular, ne-
cessária para a execução harmônica das funções estomatognáticas
após a correção da forma a fim de promover maior estabilidade no re-
sultado final do tratamento. (COUTINHO, et al (2009).
Desta forma alguns métodos terapêutico são utilizados no tra-
tamento, a fim de promover uma melhora na recuperação dos pacien-
tes com por exemplo a bandagem que segundo Sordi et al, (apud Ber-
tolini et al, 2014) “Os princípios básicos da atuação da bandagem elás-
tica na musculatura são: correção da função motora de músculos fra-
cos, aumento da circulação sanguínea e linfática e aumento da pro-
priocepção através da estimulação dos meca-norreceptores cutâne-
os”. Este recurso com tantos benefícios pode ser utilizado nos trata-
mentos de disfunções musculoesqueléticas em motricidade orofacial.
Com o objetivo de aumentar o controle motor e ou ativar a musculatu-
ra indesejada.
Com relação a eletroestimulação, segundo Santos et al (apud
Martin et al 2005) “Trata-se de um recurso não invasivo utilizado em
diversos casos clínicos no combate a dor, promoção do relaxamen-
to muscular, melhora da vascularização no local de aplicação e efei-
to significante sobre o quadro de fadiga e redução da hiperatividade
muscular”, tornando-se assim benéfica para ser utilizada como técni-
ca terapêutica e aliada com terapias convencionais fonoaudiológica.
A laserterapia é uma medida indicada para várias modalidades
de tratamentos, de forma isolada ou associada ou como uma espécie
de complemento de uma terapia que devido sua intensidade menor
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 35

proporciona ao organismo do ser humano energia suficiente em prol


da promoção de transformações biológicas e químicas no meio intra-
celular, aumentando consideravelmente a produção de Adnosina tri-
fosfato (ATP), considerada uma molécula fundamental, no que se re-
fere a liberação energética para as células (PEREIRA, 2019).
Devido a grande importância da laserterapia, a Fonoaudiolo-
gia também se utiliza dessa terapia. Por meio da utilização de laser de
baixa potência, apresentando variados benefícios em várias áreas de
atuação, em especial aquelas que se relacionam com a motricidade
orofacial, a disfagia, o ronco, as paralisias da face, aumento potencial
de treinos miofuncional em estética, contribuindo, dessa forma, em re-
adequar a postura corporal, assim como suas funções, voz e várias
outras espécies de patologias (FERARESI, 2012).
Segundo Nascimento (2019) “é importante mencionar que a re-
cuperação dos movimentos faciais do paciente é uma condição essen-
cial para a recuperação social e psíquica do mesmo”. Desta forma, é
imprescindível o acolhimento com o paciente e com a família, traba-
lhando para superar conflitos, medos, salientar os benefícios, transmi-
tindo segurança em todas as sessões.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados foram desenvolvidos em duas etapas, onde o


quadro 01 estabeleceu informações que nortearam o tratamento fono-
audiológico na reabilitação dos traumas de face, e no quadro 02 com-
preendeu-se as principais técnicas terapêuticas que favoreceram este
trabalho com esses pacientes.

Quadro 01 – Abordagem das principais obras que apresentam o tra-


tamento Fonoaudiológico na reabilitação dos traumas de face. Organi-
zados por: obra, autor, ano e citação/resultados.
OBRA AUTOR ANO CITAÇÃO/RESULTADO

O tratamento fonoaudiológico específico para


Pacientes acometidos por traumas
BIANCHI- traumas de face mostrou-se eficiente para a
de face: Caracterização, aplicabili-
NI, Esther. 2004 reabilitação de pacientes que apresentam fra-
dade e resultados do tratamento fo-
Et al turas faciais eliminando as queixas princi-
noaudiológico específico
pais [...]
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 36

Observou-se uma preocupação da Fonoau-


PACHE- diologia em avaliar o paciente no período pré-
CIRURGIA ORTOGNÁTICA: uma
CO, Vivia- 2000 -cirúrgico para que após a cirurgia, seja re-
abordagem fonoaudiológica
ne. alizada uma comparação das interferências
musculares e funcionais.

Impacto da reabilitação Fonoau- A abordagem terapêutica para correção das


diológica na recuperação das fun- SANTOS, fraturas pode ser cirúrgica ou conservadora,
2021
ções estomatognáticas em pacien- Karoline. de acordo com as condições e características
tes com traumas de face das lesões [...]
Ganhos funcionais mensurados A eficiência do protocolo é indiscutível e traz
LIMA, Jully
pelo MBGR e impacto na qualidade os resultados em escores, o que facilita a
Anne, 2015
de vida em sujeito submetido à ci- comparação dos resultados antes e após
Et al
rurgia ortognática: Relato de caso cada procedimento.
O conhecimento do Fonoaudiólogo a respei-
Adaptações do sistema estomatog- COUTI- to dessas adaptações é de grande necessi-
nático em indivíduos com despro-
NHO, Ta- 2009 dade, pois uma vez não ocorrendo uma ade-
porções maxilo-mandibulares: Revi-
tiana. Et al quação no pós operatório, é preciso que o fo-
são da literatura.
noaudiólogo reabilite o paciente [...]
Autores da pesquisa: Erika Alfaia; Jéssica Vieira. Ano: 2022

Quadro 02 – Os principais recursos terapêuticos fonoaudiológicos apli-


cados aos traumas de face. Organizados por: obra, autor, ano e citação.
OBRA AUTOR ANO CITAÇÃO
A aplicação da bandagem elástica pode
A bandagem elástica como aumentar o controle motor, assim como ati-
SORDI,
recurso terapêutico para o var a musculatura desejada. A bandagem
Claudia. 2014
controle da sialorreia análi- deve ser aplicada sobre a área pretendida
Et al
se de sua eficácia. com os músculos em posição de alonga-
mento máximo.
Uso da eletroestimulação a redução da dor
Uso da eletroestimulação e melhora na qualidade vocal mostrando-
na clínica fonoaudiológica: SAN- -se um procedimento benéfico e que pode
2015
uma revisão integrativa da TOS ser usado como recurso terapêutico coad-
literatura. juvante ao tratamento convencional da fo-
noaudiologia [...]
SAN- Proporcionar uma otimização e recupera-
Laserterapia como recur- TOS, ção em pacientes que se encontram na
so terapêutico na fonoau- Maria. 2021 fase da pós-cirurgia, reduzindo rapidamen-
diologia Sousa te os edemas e apresentando melhorias do
Cláudia estado geral do paciente [...]
A partir da utilização de manobras de desli-
Atuação fonoaudiológica zamentos orofaciais, com os objetivos tan-
NASCI-
em um caso de paralisia fa- to no aumento da força muscular quan-
MENTO, 2019
cial periférica de origem to de elevação do tônus, a fim de promo-
Raíssa.
traumática. ver uma reorganização funcional ou adap-
tações funcionais [...]
Autores da pesquisa: Erika Alfaia; Jéssica Vieira. Ano: 2022

Sobre o tratamento Fonoaudiológico na reabilitação dos trau-


mas de face, Bianchini et al (2004), descreveu em sua obra que após
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 37

aplicação dos protocolos de Anamnese e o protocolo especifico para


traumas de face, o tratamento individualizado, mostrou-se eficiente
para a reabilitação de pacientes que apresentaram fraturas faciais, mi-
nimizando a dor na musculatura facial ou cervical, cansaço e redução
de força ao mastigar, alteração da oclusão, limitação da abertura da
boca, limitação e desvios dos movimentos mandibulares e ruído arti-
cular, após as sessões, os pacientes apresentaram uma evolução sig-
nificativa, que comprovou a reorganização do funcionamento do siste-
ma estomatognático. No estudo de Pacheco (2000), ele expôs que o
trabalho fonoaudiológico antes da cirurgia é fundamental para desco-
brir as possíveis interferências musculares, que têm necessidade do
profissional ter conhecimento sobre cada técnica, levando em consi-
deração suas vantagens e desvantagens que podem comprometer o
resultado da cirurgia. Para Santos (2021), não é diferente, relata que
intervenção precoce proporciona a redução do período de tratamento
minimizando o impacto de ações reabilitadoras na funcionalidade dos
pacientes e possíveis fatores prognósticos, sendo essencial que o pa-
ciente compreenda todo o processo terapêutico estando ciente dos
possíveis resultados esperados.
De acordo com Lima et al (2015), também é necessário que se
realize avaliação detalhada dos aspectos alterados antes da cirurgia,
para que se alcancem resultados precisos e estáveis após o procedi-
mento, é sendo de fundamental importância o acompanhamento inter-
disciplinar do paciente. Portanto, para Lima et al (2015) à intervenção
fonoaudiológica durante os períodos pré e pós-cirúrgicos se tornam in-
dispensável. Já para Coutinho et al (2009), o conhecimento do fonoau-
diólogo diante das adaptações em pacientes com prognatismo mandi-
bular e retrognatismo mandibular, é de grande necessidade, pois uma
vez não ocorrendo uma adequação no pós- operatório, é preciso que o
fonoaudiólogo reabilite o paciente, baseando-se nas adaptações exis-
tentes no período pré-cirúrgico.
Sendo assim pôde-se considerar, que independentemente do
tratamento pré e pós operatório, de acordo com autores acima citados,
a também uma necessidade de uma boa avaliação e de um bom pla-
nejamento, para eliminar as principais queixas, minimizar as sequelas
e assim promover uma boa qualidade de vida.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 38

Em se tratando de planejamento terapêutico, conforme o qua-


dro 2, pôde-se observar que Sordi et al (2014), descreveu que a ban-
dagem elástica possui grandes benefícios para o controle da degluti-
ção da saliva, este recurso terapêutico influência diretamente nos as-
pectos relacionados à qualidade de vida do paciente e ajuda na di-
minuição das dores em várias estruturas sendo um excelente recur-
so auxiliar no tratamento de motricidade orofacial. Vale ressaltar que
esta técnica não é invasiva e necessita de um uso contínuo para que
o resultado seja definitivo. Para Santos (2015), acentua o uso da ele-
troestimulação como terapia aliada à terapia convencional, pois estu-
dam apresentam resultados satisfatórios, com relação ao uso da ele-
troestimulação em casos clínicos no combate a dor, promoção do re-
laxamento muscular, melhora da vascularização no local de aplicação
e efeito significante sobre o quadro de fadiga e redução da hiperativi-
dade muscular, sendo assim considerada um dos recursos terapêuti-
cos atuais que proporciona grandes benefícios aos tratamentos fono-
audiológicos.
Diante do exposto a autora Santos et al (2021), afirma que uso
da laserterapia como recurso terapêutico, apresenta grandes benefí-
cio no processo de reabilitação das alterações de motricidade orofa-
cial, paralisia facial e entre outras áreas de atuação, pois a laser tera-
pia irá atuar diretamente no campo celular do organismo, proporcio-
nando benefícios de cicatrização, anti-inflamatórias, analgésica e me-
lhora o desempenho muscular, pois com o uso da laserterapia como
recurso terapêutico proporciona, assim, um ganho significativo de for-
ça, diminuindo os níveis de fadiga, além de melhorar o desempenho
das funções musculares, em especial aquelas relacionadas com as-
pectos da fala e da linguagem.
Contudo, as estratégias não se prende só aos recursos tec-
nológicos, mas principalmente nas manobras convencionais, confor-
me Nascimento, Raissa (2019) explica, que o tratamento fonoaudio-
lógico em paciente acometidos por paralisia facial periférica com ori-
gem traumática, é de grande relevância pois foi -se possível observar
que através da reabilitação miofuncional, a partir da utilização de ma-
nobras de deslizamentos orofaciais obteve-se resultados satisfatórios,
tanto na fase flácida como na fase de sequelas, visando à reabilitação
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 39

da motricidade orofacial, contribuindo para o retorno dos movimentos


dos músculos, melhorando nos aspectos da mímica facial, mastiga-
ção, deglutição e comunicação.
Diante de tantos recursos terapêuticos, associados as práticas
de bandagem, laserterapia, eletroestimulação e terapia fonoaudiológi-
ca funcional, foi possível compreender que os autores, apresentaram
diferentes técnicas, mais todas evidenciaram resultados satisfatórios
aplicados aos traumas de face.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, foi possível compreender que as estratégias,


bem como as abordagens, para o tratamento fonoaudiológico dos pa-
ciente com traumas de face, foram bastante evidente. É neste sentido
que foi possível considerar que a fonoaudiologia se torna indispensá-
vel e eficiente, pois os autores selecionados obtiveram avanços signi-
ficativos nos aspectos alterados, que promoveram uma organização e
funcionamento correto do sistema estomatognático.
É de suma importância esclarecer que de acordo com as con-
dições e individualidade das lesões, o plano terapêutico pode ser tra-
çado em cirúrgico e conservador, onde o profissional fonoaudiólogo
atua diretamente com a equipe cirúrgica nos dois casos, intervindo de
forma precoce, promovendo a redução da dor e a orientação sobre as
estratégias selecionadas, podendo ser utilizado protocolos que ava-
liam e ajudam a minimizar os impactos de forma que aumente o con-
trole motor, trabalhando a musculatura desejada, podendo utilizar re-
cursos tanto tecnológicos, quanto convencionais, para que se alcance
a harmonização deste sistema.
Sendo assim, pôde-se considerar que a terapia fonoaudioló-
gica se torna essencial associada com o tratamento orto-cirúrgico no
processo de reabilitação do sistema miofuncional e estético, resultan-
do na melhora da qualidade de vida do paciente. Visando enaltecer o
assunto abordado, acredita-se que seja de suma importância a reali-
zação de mais pesquisas sobre as principais práticas terapêuticas fo-
noaudiológicas aplicadas ao trauma de face, visto que foram encontra-
das poucas obras relacionadas a esta temática.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Infor-


mação e documentação. Trabalhos Acadêmicos - Apresentação. Rio
de Janeiro: ABNT, 2002.
ANDRADE-BALIEIRO, Fernanda Bastos de; AZEVEDO, Renata;
CHIARI, Brasília Maria. Aspectos do sistema estomatognático pré e
pós-adenotonsilectomia. In: CoDAS. Sociedade Brasileira de Fonoau-
diologia, 2013. p. 229-235.
BIANCHINI, Esther M. Gonçalves et al. Pacientes acometidos por trau-
ma da face: caracterização, aplicabilidade e resultados do tratamen-
to fonoaudiológico específico. Rev Cefac, v. 6, n. 4, p. 388-95, 2004.
BUENO, Verônica Fernandes Ramos. Caracterização das estruturas
orofaciais e funções estomatognáticas em idosos. 2021.
COUTINHO, Tatiana Albuquerque et al. Adaptações do sistema esto-
matognático em indivíduos com desproporções maxilo-mandibulares:
revisão da literatura. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiolo-
gia, v. 14, n. 2, p. 275-279, 2009.
DE AZEVEDO ANTUNES, Alice Prado; FERREIRA, Leslie Piccolotto;
BIANCHINI, Esther Mandelbaum Gonçalves. Análise fonoaudiológica
na cirurgia ortognática: estudo de caso uma década após procedimen-
to. Distúrbios da Comunicação, v. 32, n. 4, p. 605-614, 2020.
GONZAGA, Frederico et al. Estudo dos Traumas de Face Atendidos e
Tratados Cirurgicamente no Hospital Regional de São José Dr. Home-
ro de Miranda Gomes, no ano de 2012. 2013.
LIMA, Jully Anne Soares de et al. Ganhos funcionais mensurados pelo
MBGR e impacto na qualidade de vida em sujeito submetido à cirurgia
ortognática: relato de caso. Revista CEFAC, v. 17, p. 1722-1730, 2015.
MACEDO, Jefferson Lessa Soares de et al. Perfil epidemiológico do
trauma de face dos pacientes atendidos no pronto socorro de um hos-
pital público. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 35, n. 1, p.
9-13, 2008.
MARCHESAN, Irene Queiroz; AM, Furkim. Manobras utilizadas na re-
abilitação da deglutição. Costa M, Castro LP. Tópicos em deglutição e
disfagia. Rio de Janeiro: Medsi, p. 375-84, 2003.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 41

MUÑOZ, Mariana da Silva. Condição periodontal e função mastigató-


ria: revisão sistemática. 2020.
NASCIMENTO, Raíssa Cruz do. Atuação fonoaudiológica em um caso
de paralisia facial periférica de origem traumática. 2019.
PACHECO, Viviane Simões. Cirurgia ortognática: uma abordagem fo-
noaudiológica. Rev Cefac, v. 2, n. 2, p. 38-44, 2000.
POPPER, K.R. Conhecimento objetivo. São Paulo: EDUSP, 1975.
SANTOS, Juscelina Kubitscheck de Oliveira et al. Uso da eletroesti-
mulação na clínica fonoaudiológica: uma revisão integrativa da litera-
tura. Revista CEFAC, v. 17, p. 1620-1632, 2015.
SANTOS, Karoline Weber dos. Impacto da reabilitação fonoaudiológi-
ca na recuperação das funções estomatognáticas em pacientes com
trauma de face. 2021.
Santos RD, Reis LSF, Amaral IJL. Alterações Estomatognáticas em
Paciente com Trauma de Face em um Hospital de Urgência e Emer-
gência. Rev Cient Esc Estadual Saúde Pública Goiás “Cândido San-
tiago”. 2021;7:e7000040.
SANTOS, Maria das Graças Silva; DE AGUIAR SOUSA, Claudia Catão.
Laserterapia como recurso terapêutico na fonoaudiologia. Research,
Society and Development, v. 10, n. 1, p. e8310111463-e8310111463,
2021.
SANTOS, Mariana Rodrigues Machado dos; SOUSA, Cristina Silva;
TURRINI, Ruth Natalia Teresa. Percepção dos pacientes submetidos
à cirurgia ortognática sobre o cuidado pós-operatório. Revista da Es-
cola de Enfermagem da USP, v. 46, n. SPE, p. 78-85, 2012.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22.
ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2002.
SORDI, Claudia et al. A bandagem elástica como recurso terapêutico
para o controle da sialorreia: análise de sua eficácia. Distúrbios da Co-
municação, v. 29, n. 4, p. 663-672, 2017.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 42

CAPÍTULO 3

TERAPIA AUDIÓLOGICA PARA O DISTÚRBIO DO


PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL EM CRIANÇAS
ENTRE 7 A 12 ANOS

AUDIO THERAPY FOR CENTRAL AUDITORY PROCESSING


DISORDER IN CHILDREN AGED 7 TO 12 YEARS

Jéssica Nayara Campelo de Almeida1


Yara Gabrielle Melo da Silva2
Aulisângela da Silva Queiroz3
Andersen Werneck Monteiro4

RESUMO
O Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC) desencadeia
diversas dificuldades para uma criança no seu ambiente escolar e no
seu cotidiano familiar. Ressaltando-se queixas frequentes como: de-
satenção, agitação, dificuldades para localizar sons até mesmo afe-
tando a capacidade de memorização. OBJETIVO: A atual pesquisa
trata-se sobre as terapias utilizadas e a importância do papel do fo-
noaudiólogo no tratamento do DPAC em crianças. METODOLOGIA:
Refere-se à uma revisão bibliográfica de fundamento teórico utilizan-
do artigos científicos selecionados nas plataformas digitais como Goo-
gle Acadêmico e Scielo, livros e revisões literárias correlacionadas ao
tema dessa pesquisa. RESULTADOS: Dos 20 artigos encontrados e
analisados, 4 alcançaram resultados propícios e favoráveis no desen-
volvimento da pesquisa. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os estudos ana-
lisados nessa pesquisa tiveram como destaque a terapia audiológica
1 Discente do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/AM. Email: jessican-
campelo@gmail.com
2 Discente do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/AM. Email: yaraga-
briellemmelo@gmail.com
3 Docente/Orientador de TCC do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/
AM. Email: auly.queiroz@gmail.com
4 Docente/Coorientador do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/AM.
Email: andersen.monteiro@fametro.edu.br
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 43

utilizando os softwares como parte fundamental na melhora de quali-


dade de vida das crianças em fase escolar.
Palavras-chave: Fonoaudiologia; DPAC; Terapia; Audiologia; Distúrbio.

ABSTRACT
The Central Auditory Processing Disorder (PACD) triggers several diffi-
culties for a child in their school environment and in their family routine.
We highlight frequent complaints such as: inattention, agitation, difficul-
ties to locate sounds even affecting the ability to memorize. OBJEC-
TIVE: The current research deals with the therapies used and the im-
portance of the role of the speech therapist in the treatment of PACD in
children. METHODOLOGY: Refers to a bibliographic review of theoreti-
cal foundation using selected scientific articles on digital platforms such
as Google Scholar and Scielo, books and literary reviews correlated with
the theme of this research. RESULTS: Of the 20 articles found and an-
alyzed, 4 achieved favorable and favorable results in the development
of the research. FINAL CONSIDERATIONS: The studies analyzed in
this research highlighted audiological therapy using software as a fun-
damental part in improving the quality of life of children in school stage.
Keywords: Speech Therapy; DPAC; Therapy; Audiology; Disturbance.

INTRODUÇÃO

Crianças com idade de 7 a 12 anos que estão na fase de apren-


dizagem, podem apresentar dificuldade para a aquisição de conheci-
mento escolar, contudo há necessidade de se investigar a possível
causa da dificuldade.
Foi neste sentindo, que a presente pesquisa teve por objetivo
descrever sobre as possíveis terapias audiológicas para o distúrbio do
processamento auditivo central (DPAC), em crianças de 7 a 12 anos,
em que o fonoaudiólogo habilitado é o profissional qualificado para a
avaliação, juntamente com a contribuição de outros profissionais da
saúde, pois o diagnóstico é primordial para a formulação de um plano
terapêutico fonoaudiológico.
Segundo Schochat (2004), o Distúrbio do Processamento Au-
ditivo Central é um déficit sensorial no processamento da informação
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 44

auditiva que pode estar associado à dificuldade de ouvir, de entender


a fala, de desenvolver-se linguisticamente e à dificuldade no aprendi-
zado escolar.
Levando em consideração que as terapias audiológicas para
crianças com distúrbio do processamento auditivo central, pode ser de
extrema relevância para o desenvolvimento dessas crianças, foi que
surgiu a seguinte problematização: Quais são as terapias audiológica
utilizadas em crianças com idade de 7 a 12 anos, que apresentam dis-
túrbio do processamento auditivo central (DPAC)?
Como (RAMOS et al., 2007), afirma em seu estudo, que os as-
pectos morfológicos do processamento auditivo central que é o cami-
nho que o som percorre desde a orelha externa, passando pelas vias
auditivas centrais, até o córtex cerebral, onde o som é decodificado e
compreendido.
No entanto, o presente artigo teve por objetivo descrever sobre
as possibilidades terapêuticas audiologias para o DPAC levando em
consideração a idade das crianças de 7 a 12 anos.
Todavia, transcorreu-se sobre as terapias auditivas e o treina-
mento auditivo, para o tratamento do distúrbio do processamento au-
ditivo central, com o objetivo de reabilitar a audição do paciente com
o distúrbio. As terapias audiológicas, contribuirão para a melhoria da
percepção auditiva e codificação, para que assim o paciente possa
melhorar o desempenho ensino-aprendizagem.

MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa


foi do tipo bibliográfica, constitui-se em um estudo de caráter descriti-
vo, com a estratégia de dissertação qualitativa sobre as abordagens
terapêuticas fonoaudiológicas, aplicadas na terapia audiológica do
Distúrbio do Processamento Auditivo Central em pacientes entre a fai-
xa etária de 7 a 12 anos. Abrangendo uma revisão bibliográfica e do-
cumental no processo do tratamento de crianças cujo o grau de dificul-
dade se esquadra na discriminação sonora, localização dos sons, re-
conhecimento, memorização e a compreensão da fala, e salientando
o trabalho fonoaudiológico.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 45

Tendo como principais fontes SCIELO (Scientific Eletronic Li-


brary Online), livros com temas em audiologia, foram selecionados 20
artigos publicados no período de 2008 a 2022, escritos na língua por-
tuguesa e espanhola que abordam as terapias audiológicas e o papel
fonoaudiológico no tratamento desse distúrbio.

OS ASPECTOS MORFOFONCIONAIS E AS HABILIDADES AUDITI-


VAS NO PROCESSAMENTO AUDITIVO

O sistema auditivo é formado por estruturas e conexões cen-


trais que são responsáveis pela audição, esse sistema se manifesta
em duas porções diferentes que se correlacionam e são estipuladas
como sistema auditivo periférico e sistema auditivo central. A parte pe-
riférica apreende estruturas da orelha externa, da orelha média, da ore-
lha interna, do sistema nervoso periférico, ou seja, o nervo vestíbulo
coclear enquanto a parte central estende-se até as vias auditivas loca-
lizadas no tronco encefálico e áreas corticais (BONALDI, 2015, p. 32).

[...] O sistema auditivo periférico abrange a captação e


transmissão da onda sonora pela orelha e meato acústi-
co externo (orelha externa), transdução sonora na mem-
brana timpânica, cadeia ossicular e músculos intra-tim-
pânicos (orelha média), e o processamento da informa-
ção auditiva na cóclea e a porção coclear do nervo ves-
tíbulo coclear (orelha interna e sistema nervoso periféri-
co). As estruturas periféricas relacionadas à audição es-
tão localizadas na região temporal da cabeça, compos-
to pelo osso temporal, esse osso apresenta relações ós-
seas com o restante do crânio e pode ser classificado
em quatro partes: Parte escamosa, parte timpânica, parte
mastóida (processo mastoide) e parte petrosa (BONAL-
DI, 2015, p. 33, c.1).

No sistema auditivo periférico, a orelha externa é composta


pelo pavilhão auricular, meato acústico externo que se refere ao con-
duto auditivo que se estende até a extremidade interna pela membra-
na do tímpano. Na orelha externa existe a capacitação das ondas so-
noras pelo pavilhão auricular que se desloca para dentro do canal au-
ditivo (meato acústico externo) que pela sua forma fina, amplifica e
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 46

canaliza as ondas sonoras para a membrana timpânica (PEREIRA,


2014).
Entretanto, a orelha interna, é formada pela cóclea, pelo ves-
tíbulo e canais semicirculares (responsáveis pelo o equilíbrio). A có-
clea é revestida por células ciliadas e é na orelha interna que se alo-
jam as terminações nervosas do nervo vestíbulo coclear. É composta
por duas partes: a porção coclear que está relacionada a fenômenos
da audição, e a porção vestibular que está relacionada com o equilí-
brio (BONALDI, 2015, p. 36, c.1).

SISTEMA AUDITIVO CENTRAL

O Sistema Auditivo Central enuncia-se como um complexo de


estruturas onde o processo da audição fica completo e o indivíduo
compreende o que se está ouvindo. Levantou-se que o Sistema Auditi-
vo Central engloba as grandes vias auditivas subcorticais que através
de impulsos nervosos, transmitem a informação para os centros corti-
cais auditivos do lobo temporal, sendo assim, esse trajeto é formado
pelas vias aferentes, eferentes e associativas (PEREIRA, 2014, p. 13).

[...] “As vias auditivas aferentes mandam informações das


células ciliadas ao córtex cerebral e a propagação dessa
informação auditiva ocorre através dos: nervoso coclea-
res, complexo olivar superior, núcleos do lemnisco lateral,
colículo inferior, corpo geniculado medial e pôr fim ao cór-
tex cerebral e que por fim, ao chegar ao cérebro que será
interpretado e entendido” (PEREIRA, 2014, p. 13).

Logo após esses impulsos nervosos saírem da cóclea, a infor-


mação auditiva é codificada e conduzida por entre o nervo auditivo,
nesta ocasião o tronco encefálico se tem início da via auditiva central
(PEREIRA, 2014, p. 14).

HABILIDADES AUDITIVAS

O processamento auditivo central, refere-se à eficiência e à


efetividade com que o sistema nervoso auditivo central utiliza a infor-
mação auditiva (ASHA, 2005; Geffner, 2019).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 47

É através dessas habilidades auditivas que o sistema nervoso


central nos ajuda descriminar entre diferentes sons, selecionar sons
ou fala em ambiente ruidoso e entender a fala mesmo quando qua-
lidade sonora é ruim. Nos ajudando em permanecer escutando den-
tre um certo período de tempo, determinando se dois estímulos sono-
ros são iguais ou diferentes, sobre a identificação da direção e distan-
cia da fonte sonora. Essas habilidades ainda auxiliam na memória se-
quenciada e na organização de estímulos auditivos para a o planeja-
mento de respostas (PEREIRA, 2014, p.22).
O funcionamento dessas habilidades dentro do sistema nervo-
so central é abrange muita complexidade, pois essas estruturas au-
ditivas também compartilham as funções com o processamento sen-
sorial e os sistemas cerebrais de ordem superior dando exemplos de:
linguagem, memória, cognição, atenção e controle executivo (PEREI-
RA, 2014, p. 22)

PLASTICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E SUAS


MODALIDADES SENSORIAIS

A plasticidade se refere sobre a capacidade que surgiu mudan-


ças anatômicas ou funcionais no Sistema Auditivo Central. Em concor-
dância com o sistema auditivo humano começa a funcionar a partir da
vigésima segunda semana de gestação, nesse estágio as respostas
comportamentais são captadas apenas para estimulação intensa por
vi óssea que o feto está em um ambiente intensamente atenuado para
os sons (BOÉCHAT, 2015, p.49, c.3).

E pelo feto estar envolvido por líquido amniótico, os pri-


meiros sons que percebidos são de baixa frequência cau-
sado pela movimentação do trato digestivo e sons mater-
no transmitidos através dos ossos do esqueleto. Os en-
cadeamentos sensoriais do batimento cardíaco no ventre
proporcionam ao feto uma experiência rítmica única que
explica inclinação do recém-nascido procurar distração
sonora ao nascer. Os sons do mundo e principalmente da
mãe e o ambiente ao seu redor de convívio determinam o
registro das primeiras vivencias sonoras do bebê (BOÉ-
CHAT, 2015, p.50, c.3).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 48

A plasticidade induzida será a base para a estruturação de nos-


sas reservas auditivas, que serão fundamentais para o desenvolvi-
mento e manutenção de habilidades auditivas, essenciais para o de-
senvolvimento de linguagem. A ausência de exposição aos sons, ou a
exposição exagerada a eles poderá comprometer a maneira como a
arquitetura da função neuronal e o mapeamento correspondente corti-
cal irá se estabelecer (BOÉCHAT, 2015, p.54, c.3).

PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL

O Processamento Auditivo Central (PAC) é de extrema impor-


tância para o desenvolvimento sensorial e de aprendizagem na infân-
cia, pois é um meio de aquisição de conhecimentos onde as informa-
ções são decodificadas. Processamento auditivo central é o caminho
que o som percorre desde a orelha externa, passando pelas vias audi-
tivas centrais, até o córtex cerebral, onde é decodificado e compreen-
dido (RAMOS et al., 2007 apud PEREIRA, 2018, p. 12).
Nesse sentido, que se faz importante mencionar os mecanis-
mos dos processos auditivos centrais responsáveis pelos seguintes
fenômenos comportamentais segundo (a American Speech Hearing
Association - ASHA): localização e lateralização sonora; discrimina-
ção auditiva; reconhecimento do padrão auditivo; aspectos temporais
da audição que incluem resolução temporal, mascaramento temporal,
integração temporal e ordenação temporal; performance auditiva com
sinal acústico competitivo; e performance auditiva com sinal acústico
degradado (TEIXEIRA, et al. 2015, p. 45).

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA DO DISTÚRBIO DO PROCESSAMEN-


TO AUDITIVO CENTRAL

A avaliação específica do Processamento Auditivo Central, é


realizada por um fonoaudiólogo que tem conhecimento, treinamento
e habilidade na aplicação dos testes, como também conhecimento na
avaliação comportamental e na interpretação dos resultados obtidos.
Sendo o objetivo da avaliação do processamento auditivo central é
analisar a funcionalidade do sistema nervoso auditivo central, ou seja,
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 49

as habilidades envolvidas na detecção, discriminação, reconhecimen-


to, localização, compreensão, memória e atenção seletiva dos estímu-
los sonoros (PEREIRA, 2014, p. 33).
Os testes têm a função de avaliar as vias auditivas do sistema
nervoso, a passagem de estimulo no tronco encefálico até a recepção
no córtex auditivo central e conexões inter-hemisféricas, o objetivo da
avaliação é determinar se há ou não a presença de uma disfunção,
qualificar o tipo da dificuldade e direcionar as condutas e o processo
terapêutico (PEREIRA, 2014. p. 33).
Deste modo que o fonoaudiólogo deverá observar fatores que
são importantes para se analisar antes da bateria de testes,” idade,
estado da audição periférica, nível de desenvolvimento linguístico e de
fala, comorbidades, motivação e cansaço devem nortear a escolha e
a ordem da apresentação dos testes.” O fonoaudiólogo deverá obser-
var durante a avaliação o nível de atenção do paciente para que haja
melhores resultados, pois, os testes exigirão esforço mental (PEREI-
RA, et. al. 2015, p. 274).

TERAPIAS FONOAUDIOLÓGICAS E TREINAMENTO AUDITIVO


DO DPAC EM CRIANÇAS COM IDADE ENTRE 7 E 12 ANOS

A terapia fonoaudiológica é considerada uma das principais es-


tratégias de intervenção terapêutica nos casos de alteração de pro-
cessamento auditivo. Os princípios básicos da terapia nas alterações
do processamento auditivo incluem modificações ambientais, proces-
so terapêutico e a utilização de estratégias compensatórias. Distúrbio
do processamento auditivo central, pode ser diagnosticado com maior
frequência em crianças de 7 a 12 anos, pois poderão apresentar di-
ficuldade na fala, além de dificuldades escolar resultando em atraso
de leitura e escrita, coexiste com prejuízos em outras áreas tais como
atenção, memória e linguagem (DIAS, et.al. p. 787. 2015).

A terapia fonoaudiológica irá contar principalmente com


o treinamento auditivo, que é um conjunto de interações
e exercícios, que podem ser aplicados de diversas for-
mas, com objetivos específicos que são propostos para
ativar os processos de decodificação, codificação, orga-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 50

nização, compreensão, memória e atenção eletiva. Para


que assim comportamentos auditivos sejam reabilitados
(FILIPPINI et al., 2014 (apud MIATO, Cecília. et al., p.4
2020).

Os processos a serem trabalhados envolvem: reconhecimen-


to e discriminação de sons verbais e não verbais, ordenação tempo-
ral, resolução temporal, figura fundo para sons verbais e não verbais
e fechamento auditivo. As sessões devem ser variadas, contendo di-
versos tipos de atividade. Por exemplo, em uma sessão trabalhasse
com reconhecimento e discriminação de aspectos de frequência, figu-
ra-fundo com estímulos de frases e fechamento auditivo, o treinamen-
to auditivo pode ser utilizado da seguinte maneira para reabilitação po-
dendo ser de maneira alternativa.
Reconhecimento e discriminação de sons ∕ Ordenação Tem-
poral: Tem como objetivo a discriminação e a identificação dos sons,
ou seja, o reconhecimento da duração e frequência dos sons. Modo de
aplicação: Incialmente o paciente é conscientizado sobre a diferença
dos sons curtos e longos, em seguida, pede-se ao paciente identifique
e discrimine uma sequência de dois sons diferentes e sua duração. O
paciente é orientado a apontar a sequência dos sons que ouviu, tendo a
figura de uma barra longa e de uma barra curta dentro da cabine acús-
tica. As respostas exigidas do paciente são: apontar (barras longas e
curtas), imitar o padrão ouvido e em seguida, nomear o padrão ouvido.
Resolução Temporal: Tem como objetivo a identificação de
intervalos de tempo durante aos estímulos apresentados. Modo de
aplicar: Serão apresentados ao paciente estímulos via fones, solici-
tando ao paciente que identifique os intervalos de silencio inseridos no
ruído ou intervalos de sons de silencio que separam dois sons.
Figura-fundo para sons verbais ∕ Frases: Tem como objeti-
vo estímulos verbais. Modo de aplicação: Inicialmente serão apre-
sentadas frases na orelha direita sem mensagem competitiva, em se-
guida em tarefa de escuta dicótica nas relações na mensagem princi-
pal ∕ mensagem competitiva de +20dB a -20dB. E em cada mensagem
∕ principais competitivas deverão ser apresentadas de cinco a dez fra-
ses. Este treino é realizado com fones, no entanto existe também a
possibilidade de alternar fones auriculares e alto-falantes.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 51

Figura-fundo para sons verbais Dígitos, palavras, sílabas:


Tem como objetivo um treinamento com estímulos verbais do tipo dígi-
to, palavras e sílabas. Modo de aplicação: O paciente é orientado a
apontar somente os sons verbais que ouve na orelha sob treinamento
e a ignorar os estímulos na orelha contralateral, inicialmente utilizando
a mão direita, depois ambas as mãos, e depois a mão esquerda. Se o
paciente apresentar um bom desempenho nas primeiras cinco apre-
sentações passasse à etapa seguinte. Ao finalizar o treino auditivo na
orelha direita, passe para a orelha esquerda utilizando o mesmo pro-
cedimento descrito só que desta vez o paciente é orientado a apon-
tar somente os estímulos apresentados à orelha esquerda. Inicialmen-
te, utilizando a mão esquerda, depois com ambas as mãos e por úl-
timo com a mão direita para cada etapa realizada. Após o treino das
duas orelhas, solicitasse ao paciente que reproduza os sons que ou-
viu em cada orelha separadamente, na relação 0 dB visando trabalhar
no modo de apresentação de integração binaural.
Figura-fundo para sons não verbais | Sons não verbais:
Tem como objetivo um treinamento com estímulos não verbais. Modo
de aplicação: O paciente é orientado a apontar os sons que ele ouve
somente à orelha esquerda e a ignorar o som apresentado na orelha
contralateral. Para cada relação são apresentados doze estímulos não
verbais, sendo que para as primeiras doze apresentações, o paciente
deverá apontar a figura correspondente ao som que ouve utilizando a
mão esquerda, depois nas outras doze apresentações, utilizando am-
bas as mãos e nas últimas doze apresentações, utilizando a mão direi-
ta. Tendo o mesmo procedimento repetido na orelha direita.
Fechamento Auditivo: Tem como objetivo utilizar estímulos
na presença de ruído competitivo. Modo de aplicação: O paciente é
orientado a repetir as frases ou palavras que ouve. Esta estimulação
pode ser feita com fones de ouvido, e assim estimular uma orelha em
separado da outra ou pode ser feita em campo livre, inclusive poden-
do variar as posições da cabeça em relação à caixa acústica (DIAS,
et. al. p. 788-792).
É importante que os princípios da intervenção sejam estendi-
dos à escola ou local de trabalho objetivando a generalização das ha-
bilidades aprendidas. Trata-se de propor abordagens para melhorar o
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 52

funcionamento do indivíduo e da família em todas as áreas de suas


vidas. Assim, as limitações de capacidade dos indivíduos interagem
com os fatores contextuais /ambientais e com os fatores pessoais (CI-
VITELLA, Marcia mendes. et. al. p. 31. 2020).

MÉTODOS TERAPÊUTICOS FONOAUDIOLÓGICOS

A terapia fonoaudiológica é um meio de tratamento para habi-


litação auditiva do paciente diagnosticado com distúrbio do processa-
mento auditivo central, podendo ser utilizado treinamento auditivo com
ajuda tecnológica com uso de software. Não se pode estagnar as téc-
nicas terapêuticas e utilizar somente métodos tradicionais, pois a al-
terações encontradas em consultórios ao longo dos anos repetem-se,
mas, os sujeitos que as possuem são totalmente diferentes, com his-
tórias de vidas e necessidades terapêuticas distintas, além de um de-
senvolvimento e crescimento característicos do momento em que vi-
vem (MARTINS et.al. 2008, p.399).
Os softwares têm o objetivo de contribuir para o desenvolvi-
mento das habilidades de percepção auditiva de forma contextualiza-
da. O programa infantil “Pedro na casa mal assombrada”, é composto
por oito exercícios que envolvem diferentes padrões verbais e não ver-
bais para o treinamento das seguintes habilidades auditivas: detecção
sonora, reconhecimento e identificação do som, discriminação auditi-
va, análise e síntese auditiva, figura-fundo e ordenação temporal para
sons verbais e não-verbais, contagem, sequência de padrão de fre-
quência e duração, reconhecimento dos aspectos prosódicos linguís-
ticos, atenção e fechamento auditivo, as sessões terapêuticas podem
ter duração de 45 minutos, podendo ser diminuído do tempo das tera-
pias de acordo com a evolução do paciente (MARTINS, et.al. 2008.).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após uma meticulosa análise nos documentos bibliográficos


encontrados, o quadro abaixo estabelece a organização dos pensa-
mentos dos autores de quatro obras principais que foram norteadoras
para o resultado da pesquisa.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 53

Quadro 1 - Abordagens terapêuticas no desenvolvimento das terapias


do DPAC.
Autor Ano Título Citação

CIVI- Guia de Orientação– ‘’É importante que os princípios da interven-


TELLA, Avaliação e Intervenção ção sejam estendidos à escola ou local de
2020
Marcia no Processamento Au- trabalho objetivando a generalização das
et. al ditivo Central habilidades aprendidas.’’

“A terapia fonoaudiológica irá contar princi-


palmente com o treinamento auditivo, que
A atuação fonoaudioló- é um conjunto de interações e exercícios,
gica em pacientes com que podem ser aplicados de diversas for-
MIATO,
desordem do processa- mas, com objetivos específicos que são pro-
Cecília. 2020
mento auditivo central postos para ativar os processos de decodifi-
et. al.
(DPAC) da clínica esco- cação, codificação, organização, compreen-
la Redentor. são, memória e atenção seletiva. Para que
assim comportamentos auditivos sejam re-
abilitados.”

A utilização de um sof-
MARTINS, tware infantil na terapia ‘’[...]o objetivo de contribuir para o desenvol-
Juliana. 2008 fonoaudiológica de Dis- vimento das habilidades de percepção audi-
et. al túrbio do Processamen- tiva de forma contextualizada [...]’’
to Auditivo Central.

“Em casos de transtorno do processamen-


SAMELLI, Treinamento Auditivo to auditivo, o treinamento auditivo promove
Alessan- para Transtorno do Pro- uma reorganização neuronal do sistema au-
dra. MEC- 2009 cessamento Auditivo: ditivo e das conexões com outros sistemas
CA, Fabí- Uma proposta de inter- sensoriais a ele relacionados, causando
ola venção terapêutica uma consequente a melhoria das habilida-
des que estavam anteriormente alteradas.”

A terapia audiológica no Distúrbio do Processamento Auditivo


é fundamental para o desenvolvimento das crianças que ainda estão
em processo de alfabetização, buscar o tratamento o quanto antes é
necessário para que a criança com certo grau de dificuldade no am-
biente escolar, tenha melhores condições de aprendizado e entendi-
mento. Visto que os seres humanos dependem da audição para a co-
municação oral, o processamento auditivo central é responsável pela
análise e interpretação das informações que o indivíduo escuta. O que
ocasionou grandes divergências em crianças nas escolas, provocan-
do falta de atenção nas aulas, frustrações por não entenderem o que
se escuta, desmotivação familiar e dentre outras situações podendo
levar ao fracasso escolar. Como dito CIVITELLA (2020), a proeminên-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 54

cia de desenvolver a intervenção fonoaudiológica em casos do Distúr-


bio do Processamento Auditivo Central, é primordial se estender do
ambiente familiar até o ambiente escolar, dando objetividade nas ha-
bilidades aprendidas.
Entretanto, Miato (2020) declara que as pesquisas afirmam que
proposta da terapia fonoaudiológica será mais efetiva principalmente
com o treinamento auditivo, com conjuntos de interações e exercícios
que estimulem e reabilitem para ativar os processos decodificação e
codificação auditiva, compreensão dos sons, a organização dos sons
auditivos, memória auditiva e a atenção seletiva, dado que para o de-
senvolvimento da compreensão e linguagem oral dependem piamen-
te dessas habilidades auditivas.
Por isso, MARTINS (2008), declara que a utilização de softwa-
res na terapia infantil tem como objetivo a contextualização da percep-
ção auditiva, assim decorrendo adequação das habilidades auditivas
de resolução temporal, ou seja, na melhora na capacidade de detec-
tar intervalos de tempo entre os estímulos sonoros ou a detecção do
menor tempo que a criança pode diferenciar entre os dois estímulos.
SAMELLI e MECCA (2009) apontam que devem ser trabalha-
dos nos softwares as etapas de sons verbais e não-verbais com o ob-
jetivo de aprimorar as mecanismos fisiológicos. Os estímulos duran-
te os programas de softwares são diversos, deste modo podendo pro-
mover uma reorganizar neuronal do sistema auditivo e outros siste-
mas sensoriais correlacionados, causando uma melhora nas habilida-
des que estavam anteriormente alteradas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatou-se que os estudos relatados, salientam que o tra-


tamento fonoaudiológico no DPAC deve ser iniciado o mais rápido o
possível, pois, o desenvolvimento da comunicação oral da criança de-
pende unicamente da audição.
O Distúrbio do Processamento Auditivo Central, na maior par-
te dos casos evidenciados, mostraram a impossibilidade da criança
na sua capacidade de interpretação das informações escutadas, des-
se modo, notou-se através desses estudos a grande eficácia do trei-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 55

namento auditivo, levando em consideração a intervenção fonoaudio-


lógica tanto no ambiente escolar quanto no ambiente familiar da crian-
ça, sendo assim os resultados serão muito mais benéficos proporcio-
nando, assim, uma melhora na qualidade de vida tanto no meio fami-
liar quanto no meio acadêmico.
Os resultados apontaram que os métodos terapêuticos mais
utilizados para o desenvolvimento da qualidade do processamento au-
ditivo, envolvendo terapias audiológicas foi a utilização dos softwares,
desse modo, ajudavam no ganho da percepção auditiva, na capacita-
ção da compreensão dos sons, bem como na melhora da memória au-
ditiva e atenção seletiva.
Os resultados atingidos, foram favoráveis para o fortalecimen-
to da reorganização neural do Sistema Auditivo Central e entre os de-
mais sistemas, assim ocasionando a melhora dessas habilidades au-
ditivas que sofreram alterações.
Contudo, a hipótese do trabalho de que o treinamento auditivo
seja uma das opções terapêutica que apresentam resultados signifi-
cativos e que pode ser utilizado de várias maneiras para trazer resul-
tados na evolução do portador de DPAC foi confirmada no que se re-
fere ao tratamento audiológico.
Todavia, foi notório a escassez de materiais científicos publi-
cados nas plataformas digitais da saúde que conferenciem aos tra-
tamentos audiológicos, levando em consideração a essa dificuldade
de literatura faz se necessário que haja maior número de publicações
possíveis, com o tema referido para enaltecer a ciência audiológica no
DPAC.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Pereira, Kátia Helena Transtorno do processamento auditivo central:


orientando a família e a escola [livro eletrônico] / Kátia Helena Pereira.
– São José/SC : FCEE, 2018.
PEREIRA, K. H. Manual de Orientação Transtorno do Processamento
Auditivo–TPA 1º ed. Florianópolis: DIOESC-Diretoria da Imprensa Ofi-
cial e Editora de Santa Catarina. 2014.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 56

BOÉCHAT, Edilene Marchini; DE LEMOS MENEZES, Pedro; DO


COUTO, Christiane Marques. Tratado de audiologia. Grupo Gen-Li-
vraria Santos Editora, 2015. (p. 41-47/)
PEREIRA, Liliane. et. al. Avaliação do Processamento Auditivo/
Testes Comportamentais. 2º edição; Rio de janeiro. Editora Santos.
2015.
TEIXEIRA, Cleide. et. al. Sistema Auditivo Central. 2º edição; Rio de
Janeiro. Editora Santos. 2015.

DIAS, Karin. et. al. Treinamento Auditivo Acusticamente


Controlado nos Distúrbios de Processamento Auditivo. 2º
edição; Rio de Janeiro. Editora Santos. 2015.

MENDES-CIVITELLA, Marcia et al. Guia de Orientação–


Avaliação e Intervenção no Processamento Auditivo Central.
2020.

MARTINS, Juliana Schwambach; PINHEIRO, Maria Madalena


Canina; BLASI, Helena Ferro. A utilização de um software infantil
na terapia fonoaudiológica de Distúrbio do Processamento
Auditivo Central. Revista da Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia, v. 13, p. 398-404, 2008.

CIVITELLA, Marcia Mendes. et. al. Guia de orientação Avaliação


e intervenção no Processamento auditivo central. Conselho
Federal de Fonoaudiologia.2020.
MIATO, Cecília Maria Viana; SOUTO, Luana da Cunha. A ATUAÇÃO
FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES COM DESORDEM DO PRO-
CESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL (DPAC) DA CLÍNICA ESCOLA
REDENTOR. Revista interdisciplinar do Pensamento cientifico. v.06.
Itaperuna. Rio de Janeiro. 2020.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 57

CAPÍTULO 4

INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA VOZ DE


PACIENTES COM GRANULOMA LARÍNGEO

SPEECH THERAPY INTERVENTION IN THE VOICE OF PATIENTS


WITH LARYNGEAL GRANULOMA

Mirlane de Aquino Batista1


Renata Aires da Silva2
Aulisângela da Silva Queiroz3

RESUMO
O presente artigo aborda o tema Intervenção Fonoaudiológica na voz
de pacientes com granuloma laríngeo, diante de complicações, o pa-
ciente tende apresentar sequelas vocais. OBJETIVO: Apresentar as
intervenções fonoaudiológicas que irão favorecer a voz do paciente
disfônico decorrente do Granuloma Laríngeo. METODOLOGIA: Pes-
quisa bibliográfica, com revisão de literatura, com abordagem descri-
tiva e qualitativa, no qual a base de dados foram a plataforma Google
Acadêmico e livros especializados. RESULTADOS: Na pesquisa fo-
ram consultados 25 arquivos, entre artigos e livros, somente 11 foram
relevantes ao contexto da temática abordada. Diante das principais
obras que apresentaram a Intervenção Fonoaudiológica na voz de pa-
cientes com granuloma laríngeo, dependendo da lesão, o tratamento
consiste em serem removidos espontaneamente, através de cirurgia
ou microcirurgia de laringe, e Fonoterapia, cujo objetivo foi a reabilita-
ção vocal. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Através da realização do es-
tudo foi possível perceber que a fonoterapia contribui de modo satisfa-
tório para reabilitação do paciente.

1 Discente do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO, e-mail: mirlaneba-


tista510@gmail.com
2 Discente do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO, e-mail: mirlaneba-
tista510@gmail.com
3 Docente/orientador de TCC do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO,
e-mail: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 58

Palavras-chave: Terapia Fonoaudiólogica. Voz. Granuloma Laríngeo.


Disfonia Orgânica.

ABSTRACT
This article addresses the topic Speech-Language Pathology Interven-
tion in the voice of patients with laryngeal granuloma, in the face of com-
plications, the patient tends to present vocal sequelae. OBJECTIVE:
Presenting speech therapy interventions that will promote the voice of
dysphonic patients resulting from Laryngeal Granuloma. MEDOLOGY:
Academic research, with literature review, with a descriptive and qual-
itative approach, not what is the database for a Google academic plat-
form and specialized books. RESULTS: In the research, 25 files were
consulted, among articles, and only 11 were relevant to the context of
the topic addressed. In view of the main works, through a speech in-
tervention therapy in the voice of patients with granuloma larynx sur-
gery, treatment in laryngeal or microsurgery, and Speech Therapy,
whose objective was vocal rehabilitation. FINAL CONSIDERATIONS:
Through the study, it was possible to perceive that speech therapy was
satisfactory for the patient’s recovery.
Keywords: Speech Therapy. Voice. Laryngeal Granuloma. Organic
Dysphonia.

INTRODUÇÃO

A escolha do tema se fez em face do interesse despertado, de-


vido o atual cenário pandêmico em que pesquisas afirmaram que hou-
veram um alto índice de pessoas que apresentaram traumas larínge-
os quando realizaram o procedimento de extubação.
Os granulomas laríngeos são comumente uma complicação na
intubação. Seu desenvolvimento pode ser uma complicação preco-
ce, que ocorre em algum momento entre a intubação e a extubação,
ou tardia, com sequela mórbida da extubação (BALESTRIERI & WAT-
SON apud, COLTON et al, 2010, p.153).
Diante deste contexto apresenta-se a problemática que refere-
-se a quais intervenções fonoaudiológica que irão melhorar a voz do
paciente que desenvolveu granuloma laríngeo?
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 59

Ressalta-se que o objetivo da avaliação fonoaudiológica de-


penderá, principalmente, do estágio em que o paciente se encontra, a
avaliação precoce é de fundamental importância para um bom plane-
jamento terapêutico. (BRANCO E REHDER, 2011).
Infere-se que a pesquisa foi bibliográfica, apresentando estu-
do sistematizado desenvolvido com material publicado em livros espe-
cializados e pesquisas na plataforma Google Acadêmico com publica-
ções no período de 2002 a 2021, desta forma, contribuindo no conhe-
cimento científico, tendo como abordagem a pesquisa qualitativa de
natureza descritiva.
Ao que concerne o resultados da pesquisa foram consultados
25 arquivos, entre artigos e livros, sendo somente 11 que atenderam
os critérios de inclusão que foram as fontes de pesquisa extraídas de
livros, artigos científicos, teses, monográficas, cujo o ano de publica-
ção foi a partir do ano 2.000, devido à escassez da temática abordada.
Quanto à relevância social desse artigo, pode-se afirmar que
contribuirá para o tratamento fonoaudiológico do paciente, além de
colaborar academicamente e profissionalmente, como uma ferramen-
ta de auxilio e estudo para outros profissionais, que lidam diariamente
com pacientes que são acometidos pelo granuloma laríngeo.

CONCEITUANDO GRANULOMA LARÍNGEO

Para Behlau (2008), o granuloma é uma lesão de aspecto pro-


liferativo, caracterizado por um crescimento benigno de tecido de gra-
nulação hipertrófico, tem coloração esbranquiçada, amarelada ou
avermelhada, possuindo forma variável, situa-se na região posterior
da laringe, sobre a ponta do processo vocal, da cartilagem aritenói-
dea, ou ainda, mas posteriormente, sobre a própria articulação crico-
aritenóidea.
Para Bohadana et. al (2006), granuloma pode ser uni ou bilate-
ral, inicialmente sob a forma de ulceração na região das pregas vocais
e, depois, cicatrizando com a reposição de tecido de granulação. Este
deve ser diferenciado do granuloma de intubação, mas frequentes em
mulheres e crianças, como consequência às pequenas dimensões da
laringe, que dificultam a passagem do tubo.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 60

Situa-se na região posterior da laringe, sobre a ponta do proces-


so vocal, da cartilagem aritenóidea, ou ainda, mas posteriormente, sobre
a própria articulação cricoaritenóidea, apresentar uma imagem de encai-
xe, entre o granuloma de uma prega e úlcera da outra. (BEHLAU, 2008).

Granuloma ocorrendo principalmente na glote posterior,


o glanuloma tem pouco impacto sobre os parâmetros
analisados à estroboscopia. Discretas alterações podem
ser observadas. Se as porções intermembranáceas das
pregas vocais conseguem aproximar-se á fonação, o pa-
drão vibratório é praticamente normal. Quando o granulo-
ma exerce efeito de massa, impede o fechamento glótico
e as vibrações mucosas são irregulares. Como as forças
aerodinâmicas não utilizadas adequadamente, a amplitu-
de e a mucosa podem apresentar-se diminuídas. (BAR-
ROS, 2002)

Segundo Benjamin & Croxson (apud Behlau, 2008, pg. 315) os


granulomas são mais comuns em homens após os 40 anos de idade,
mas podem ser encontrados em qualquer idade, pós intubação inclu-
sive em crianças, tais lesões são frequentes e importantes, produzin-
do muitas vezes traumas laríngeos severos e de longa duração. Para
Allali e Huche (2005), várias semanas após a intubação, é possível ob-
servar a persistência da disfonia, pode ir de uma pequena alteração do
timbre à afonia completa surgindo por lesões laríngeas secundárias,
no exame laringológico podem aparecer granulomas.
Conforme Behlau (2008) quanto aos fatores de natureza orgâ-
nica, podemos distinguir as seguintes situações: granuloma por trau-
ma químico, quer seja, por refluxo gastroesofágico ou inalação de
substancias irritantes, por trauma direto pós intubação, granuloma por
cicatrização de áreas cirúrgicas da laringe, como as vezes observado
no pós-operatório de laringectomias parciais, por traumas externos fe-
chados entre outros.
Outra razão para o surgimento do granuloma é a presença do
refluxo laringofaríngeo e/ou gastroesofágico, que podem exacerbar o
quadro funcional ou constituírem a causa principal da lesão. (BOHA-
DANA ET. AL, 2006).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 61

SINTOMAS VOCAIS OCASIONADOS PELO GRANULOMA LA-


RÍNGEO

De acordo Behlau (2008), em alguns casos, os granulomas de


origem orgânica, o paciente pode não apresentar nenhum sintoma vo-
cal, mas referir a alterações cinestésicas, pode haver sensação de
corpo estranho, bolo na garganta, impressão de fisgada, pigarro cons-
tante, dor á deglutir e à fonação, que pode erradicar para as orelhas.
Para Bastos (2005) o granuloma possui o hábito de pigarrear,
tosse crônica e refluxo também tem sido implicado na gênese do pro-
cesso, essas lesões também são comuns no período pós-cirurgia de
retirada de tumores de laringe, devido o fonotrauma em área cruenta
da laringe, a qualidade vocal pode ser rouca quando a lesão se insta-
lar próximo a área de vibração da mucosa, com frequência fundamen-
tal grave pela lesão de massa.

Figura 01 – Sinais e Sintomas – Granulomas Laríngeos

Fonte: Colton (2010)

De acordo com Pinho (2003), os granulomas e úlceras ocor-


rem na região posterior das cordas vocais na porção cartilaginosa, ge-
ralmente associados a alguns fatores, como: refluxo gastroesofágico,
trauma por entubação, estresse psicológico entre outros.
Na DRGE (Doença do refluxo gastroesofágico) em decorrência
da irritação da mucosa e da presença de secreção nas pregas vocais,
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 62

ocorrerão irregularidades na vibração da mucosa, alterando-a qualida-


de de voz, justificando o quadro disfônico, sendo que a disfonia pode
ser intermitente ou persistente, caracterizada por quebras de sonori-
dade, rouquidão, qualidade vocal “molhada” e fadiga vocal, a queixa
de globus, ou seja, “bola na garganta” também é encontrada. (BRAN-
CO E REHDER, 2011)

Quando a disfonia é silente, não há características acús-


ticas típicas, quando ocorre alteração vocal, observa-
-se frequência fundamental grave ou extremamente gra-
ve, com hormônicos bem definidos, estrias escurecidas
no ataque vocal, e, por vezes no espectro presença de
ruídos na região grave (rouquidão) ou estrias na região
aguda (soprosidade). Os valores do shimmer pode ser
aumentado. A extensão fonatória encontra-se frequente-
mente reduzida, enquanto a extensão dinâmica apresen-
ta-se deslocada para os níveis elevados de intensidade,
quando a emissão é grave ou forte, ou para a região bai-
xa de intensidade, quando a emissão é crepitante e bai-
xa. (BEHLAU, 2008).

Para Branco e Rehder (2011), a DRGE também pode ser en-


contrada na população pediátrica, sendo o principal sintoma a rouqui-
dão. Muitos estudos mostram que a DRGE pode ser um importante fa-
tor etiológico da disfonia infantil, onde laringite posterior, edema das
pregas vocais e inflamações podem estar presentes, somando- se a
isso, a sensação de globus, tosse e pigarro.

GRANULOMATOSE DECORRENTE DO TRAUMA DO PROCESSO


DE EXTUBAÇÃO

Segundo Brito (2012) a intubação endotraqueal permite a as-


sistência ventilatória em pacientes anestesiados ou sob ventilação
mecânica, podendo ser de curta ou longa duração, a presença de tu-
bos oro ou nasotraqueais em contato direto com as estruturas das vias
aéreas pode provocar lesões de mucosa, decorrentes, principalmen-
te, de intubações traumáticas e prolongadas, da utilização de tubos de
grande calibre e da elevada pressão no balonete das sondas.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 63

Para Paiva et al. (apud, Branco e Redher, 2011, p.171), o su-


porte ventilatório em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), mais es-
pecificamente a ventilação mecânica (VM), é um artifício tecnológico
cada vez mais utilizado, portanto levando em consideração a impor-
tância deste mecanismo, o mesmo é classificado em ventilação me-
cânica invasiva.
Esta patologia é rara com relação á frequência com que a in-
tubação é solicitada e, na maior parte dos casos, ocorre uma resolu-
ção espontânea dentro de poucas semanas, a incidência do granulo-
ma depende de fatores como a duração e o método de intubação, a
idade e a condição geral do paciente. (COLTON, 2010).
Segundo Benjamin & Roche (apud Behlau, 2008, pg. 315 e
316), sugerem que durante a intubação, sob anestesia geral, o grau de
lesões seja avaliado com o uso de teleringoscópios, para se ampliar
a imagem e decidir sobre a continuidade da intubação, ou a realiza-
ção de uma traqueotomia, para minimizar a morbidade a longo prazo.

A intubação também pode ser necessária em situações


não cirúrgicas para manter o suporte de oxigênio em si-
tuações não cirúrgicas para manter o suporte de oxigê-
nio adequado para pessoas que precisam de assistência
respiratória. Pode ocorrer em um contato com entre tubo
e o processo vocal no momento da intubação ou com o
tubo no local. Durante esse contato, o pericôndrio da mu-
cosa do processo vocal pode sofrer um trauma, causan-
do uma pequena úlcera que aparece no processo vocal.
O processo será eventualmente coberto por um tecido
granulomatoso, que será epitelizado e identificado como
granuloma. (COLTON, 2010).

O processo de aplicação de pressão positiva nas vias aére-


as resulta da utilização de uma prótese, tubo oro ou nasotraqueal, ou
uma cânula de transporte introduzida na via aérea, e ventilação não in-
vasiva que, utiliza-se uma máscara que se acopla na face do paciente
(nariz e boca), interligando-a um ventilador artificial. (PAIVA et. Al apud
BRANCO E REDHER, 2011, p. 171).
As principais indicações para iniciar o suporte ventilatório são
as situações que necessitam de reanimação, como no caso de para-
da cardiorrespiratória; hipoventilação e apneia; insuficiência respirató-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 64

ria em decorrência de doença pulmonar intrínseca e hipoxemia; e dis-


função mecânica do aparelho respiratório. (PAIVA et. Al apud BRAN-
CO E REDHER, 2011, p. 172).
Um dos procedimentos cirúrgicos mais comumente utilizados
em paciente críticos internados em UTI e que necessitam de suporte
ventilatório por tempo prolongado é a traqueostomia, define-se como
sendo a abertura cirúrgica realizada na parede anterior da traqueia,
geralmente na altura do terceiro e quarto anel traqueal. (PAIVA et. Al
apud BRANCO E REDHER, 2011, p. 172).
Dependendo da necessidade do paciente, a traqueostomia
pode ser temporária nos casos de obstrução da via aérea por edema,
tumores, durante período de radioterapia em tratamento de câncer de
cabeça e pescoço ou inflamações na laringe, ou definitiva nos casos
pós-operatórios de laringectomia total, onde a cânula será retirada, e
a região cicatrizar-se-á, formando o estoma, foi observado na Figura 2
(PAIVA et. Al apud BRANCO E REDHER, 2011, p. 173).

Figura 2 – Tipos de Traqueostomia

Fonte: Branco e Readler (2011)

Segundo Vidigal et al. (apud Furkim e Santini, 2008, p. 110 e


111), em geral a traqueostomia tem por objetivo a manutenção da res-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 65

piração, é realizada por obstrução nas vias superiores, necessidade


de ventilação mecânica prolongada, remoção de secreções traqueo-
brônquicas, evitar sequelas da intubação prolongada, entre outros.

Esse orifício (o traqueostoma) é mantido aberto graças


a uma cânula é mantido aberto graças a uma cânula de
metal ou de matéria plástica. Sabe- se, de fato, que no
sono leve, as pregas vocais são animadas por discretos
movimentos, mas estes desaparecem em caso de tra-
queotomia. As posturas cotidianas de mobilização cervi-
cal são suscetíveis de prevenir uma ancilose, cujas con-
sequências podem ser catastróficas para a voz. (ALLA-
LI E HUCHE, 2005)

A traqueostomia impede o fluxo normal de ar em direção à la-


ringe, isto é, em vez do ar passar através do trato respiratório supe-
rior durante a inspiração e expiração, a maior parte dele entra e sai
pela cânula, este desvio do fluxo aéreo e a interrupção da função vo-
cal normalmente tem amplas implicações em todo o sistema respira-
tório, fonatório e de deglutição. (VIDIGAL et al. Apud FURKIM e SAN-
TINI, 2008, p.113).
Existem diversos tipos de cânulas de traqueostomia, mas elas
são basicamente formadas pela cânula externa, cânula interna, placa
de fixação, obturador, botão de oclusão e balonete ou cuff interno com
válvula de controle externo. (VIDIGAL et al. Apud FURKIM e SANTI-
NI, 2008, p.111).

TRATAMENTOS FONOAUDIÓLOGICOS PARA DISFÔNIA ORGÂNI-


CA RESULTANTE DO GRANULOMA LARÍNGEO

Segundo Behlau (2008), disfonia orgânica independem do uso


da voz e podem ser causadas por uma série variada de processos,
onde é reconhecido duas categorias abrangentes conforme abaixo:

• Disfonias orgânicas por alterações com origem nos órgãos da


comunicação podem ser divididas em: congênitas, como mal-
formações laríngeas; traumáticas, por arma branca ou arma de
fogo; inflamatórias; por problemas auditivos entre outros.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 66

• Disfonias orgânicas por alterações com origem em outros ór-


gãos e aparelhos do corpo pode ser divididas em: endocrinoló-
gicas, tais como as disfonias por distúrbios relacionados a hi-
pófise, glândula tireóidea; disfonias por síndromes; desordens
neurológicas, por doenças renais, refluxo gastresofágico en-
tre outros.

De acordo Branco e Redher (2011), é imprescindível que antes


de iniciar o processo terapêutico, as condições de saúde pregressas e
o quadro clínico atual do paciente sejam investigados, nesse momen-
to, o prognóstico clínico bem como o fonoaudiológico deverão estar
claros para elucidar o que o terapeuta deve esperar da melhora da de-
glutição e da voz do paciente ou um possível limite terapêutico.
Para Shin et al. (apud Behlau, 2008, pg. 316) a reabilitação vo-
cal é considerada essencial, por alguns autores, antes ou imediatamente
após a remoção de um granuloma, para prevenir a recorrência, mesmo
quando o comportamento vocal não foi a causa do seu desenvolvimento.
Para Bohadana et. al (2006), tratadas as causas orgânicas,
cabe a fonoterapia reduzir o quadro hiperfuncional, orientando quan-
to aos hábitos de higiene vocal e aquisição de novo padrão de voz su-
ave, com ressonância verticalizada juntamente ao tratamento clinico-
-medicamentoso. Exercícios de vibração não são justificáveis nestes
casos por que aumentam a adução glótica.
A cirurgia geralmente é indicada para casos refratários ao tra-
tamento fototerápico e medicamentoso, assim como para o granuloma
com dimensões acentuadas ou bilaterais e que provoquem desconfor-
to respiratório, as recidivas são muito frequentes, portanto as indica-
ções cirúrgicas devem ser vistas com cautela. (KOISHI apud BOHA-
DANA et. al, 2006, p. 142)
Os granulomas podem não apresentar sintomas vocais, pois a
maioria atinge a região posterior da laringe. O tratamento engloba me-
didas de orientação á higiene vocal, fonoterapia e remoção cirúrgica.
(BASTOS, 2005)
A microcirurgia de laringe com o uso do laser de CO2 tem sido
um método bastante preciso para excisão dos granulomas, o pós-ope-
ratório deve incluir repouso vocal por aproximadamente uma semana,
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 67

fonoterapia, antibióticos de amplo espectro, medicação anti-refluxo e


corticosteróides. (KOISHI apud BOHADANA et. al, 2006, p. 142)

Nos casos pós-intubação o fator causal do granuloma


não se perpetua, geralmente observa-se sua regressão
espontânea, ou por meio de fonoterapia agressiva ou ain-
da resolução após remoção cirúrgica, em geral realizada
nos mais volumosos ou nos casos bilaterais. A injeção de
toxina botulínica na laringe é um grande avanço no tra-
tamento do granuloma, sendo um procedimento seguro
e eficaz e que pode ser utilizado nos casos que não res-
pondem ao tratamento clínico. (BRITO, 2012)

A abordagem agressiva também chamada técnica de arran-


camento, é indicada em lesões pós-intubação, na técnica procura-se
amputar a lesão, através de microtraumatismos de repetição, na base
do granuloma, essa técnica usa exercícios de empuxe sonorizados,
associados a grande apoio e fluxo respiratório com emissões fortes e
curtas para promover atrito glótico máximo, visando a região posterior
da laringe. (BEHLAU, 2008).
Segundo Colton (2010), dependendo da causa os granulomas
devem ser primeiramente tratados de forma agressiva com programas
de higiene vocal e terapia anti-refluxo. O uso de inibidores da bomba
de prótons é muito efetivo, quando as modalidades não cirúrgicas não
forem eficientes ou os granulomas são muito grandes a ponto de cau-
sar esforço respiratório, precisam ser removidos cirurgicamente.
Quanto a intervenção fonoaudiológica, Guimarães et al. (2021)
utilizou em seu estudo de caso, paciente de 31 anos, com granuloma
de processo vocal pós intubação, no qual aplicou-se a abordagem tra-
dicional, por meio de exercícios com sons fricativos e vibrantes, modu-
ladores e relaxantes das pregas vocais, no qual houve remissão com-
pleta da lesão com restabelecimento do padrão vocal, em apenas um
mês de tratamento, a conduta adotada e a adesão do paciente ao tra-
tamento foram satisfatórias.
Para Allali e Huche (2005), para o paciente, a informação sobre
o órgão da fonação e o mecanismo de sua disfonia permite tranquili-
za-lo e esperar uma recuperação vocal quase imediata, mas que na
maioria das vezes exige uma reeducação podendo ser longa.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 68

Para Bloch et al. (apud Pinho, 2003, pg. 53), a remoção e o tra-
tamento dos fatores associados, que inclui a terapia vocal e medidas
anti-refluxo, devem preceder a abordagem cirúrgica. A excisão das le-
sões pode ser realizada com uso de instrumentos tradicionais ou com
laser, no qual todo material removido na cirurgia deve ser enviado para
estudo anatomopatológico.
É possível destruir um granuloma com a vantagem de um ins-
trumento que não recobre de forma alguma a lesão e também da au-
sência de sangramento, no entanto essa intervenção pode ser realiza-
da por microcirurgia clássica. (ALLALI E HUCHE, 2005)
A disfonia decorrente do DRGE a reabilitação vocal deverá
abarcar as alterações que o paciente apresenta, ou seja, ás suas ne-
cessidades vocais, o acompanhamento fonoaudiológico será na voz e
nas lesões secundárias, podendo ser possível observar a melhora sig-
nificativa na voz dos pacientes tratados com medicamentos concomi-
tantemente à fonoterapia, tornando a disfonia mas evidente. (BRAN-
CO E REHDER, 2011).

MATERIAIS E MÉTODOS

A presente pesquisa teve como objetivo esclarecer sobre a In-


tervenção Fonoaudiológica na voz de pacientes com granuloma larín-
geo, tendo como metodologia de pesquisa bibliográfica, descritiva e
de natureza qualitativa.
A coleta de dados foram realizadas através da plataforma digi-
tal Google Acadêmico e consultas em livros especializados, que abor-
daram os assuntos referente a fonoterapia na voz de pacientes com
granuloma laríngeo, após analise foram consultados 25 arquivos, en-
tre artigos e livros, somente 11 foram relevantes ao desenvolvimento
da pesquisa.
Os critérios de inclusão, foram as fontes de pesquisa extraídas
de livros e artigos, cujo ano de publicação foi a partir do ano de 2.002
devido à escassez da temática abordada. Os critérios de exclusão fo-
ram pesquisas relacionadas aos granulomas ocasionados por abuso
vocal, ou seja, disfonia funcional.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 69

RESULTADO

Os principais resultados abordados na pesquisa, referente a


Intervenção Fonoaudiológica na voz de pacientes com granuloma la-
ríngeo, foram organizados no quadro 1 abaixo:

Quadro 1 – Abordagem das principais obras que apresentam a Inter-


venção Fonoaudiológica na voz de pacientes com granuloma laríngeo.
Ano Autor Obra Resultados

O tratamento dependerá do tipo de lesão, para o pa-


A Voz: Patologia
Allalli e ciente esperar uma recuperação vocal quase imedia-
2005 Vocal de Origem
Huche ta, mas na maioria das vezes, exige uma reeducação
Orgânica
podendo ser longa.

Tratado de Fono- O tratamento engloba medidas de orientação á


2005 Bastos
audiologia higiene vocal, fonoterapia e remoção cirúrgica.
Quando tratadas as causas orgânicas, cabe a fonote-
rapia orientando quanto aos hábitos de higiene vocal
Boha-
Fundamentos em e aquisição de novo padrão de voz suave, com res-
2006 dana,
Laringologia e Voz sonância verticalizada juntamente ao tratamento clí-
et al.
nico medicamentoso. A fonoterapia costuma ter bons
resultados.
Reabilitação vocal é considerada essencial, por al-
guns autores, antes ou imediatamente após a remo-
Shin et
Voz: O livro espe- ção de um granuloma, para prevenir a recorrência,
2008 al. Apud
cialista Volume I há duas opções de reabilitação de natureza oposta:
Behlau
Abordagem Tradicional e Abordagem Agressiva de
Arrancamento.
Dependendo da causa os granulomas devem
ser tratados de forma agressiva com terapias de hi-
Compreenden-
Colton giene e terapia anti-refluxo. Quando as modalida-
2010 do os Problemas
et al. des não cirúrgicas não são eficientes ou os granulo-
na Voz
mas são muito grandes precisam ser removidos ci-
rurgicamente.
Na disfonia decorrente DRGE melhora a disfonia,
com terapia vocal, tratados também com medicação.
Branco O acompanhamento fonoaudiológico foi realizado na
2011 e Reh- Disfonia e Disfagia voz e nas lesões secundárias. Quando for necessá-
der rio, empregam-se um tratamento voltado a orienta-
ções de higiene vocal e técnicas vocais direcionadas
a reabsorção de lesões e coaptação glótica.
Nos casos pós-intubação o fator causal do granulo-
Complicações la- ma não se perpetua, geralmente observa-se sua re-
ríngeas por intu- gressão espontânea, ou por meio de fonoterapia
Brito et
2012 bação orotraque- agressiva ou ainda resolução após remoção cirúrgi-
al.
al: Revisão da lite- ca, em geral realizada nos mais volumosos ou nos
ratura
casos bilaterais.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 70

O tratamento clinico com uso de corticoide inalatório


Guima- Granuloma de Pro- associado à fonoterapia mostrou-se uma alternativa
2021 rães, et cesso Vocal Pós eficaz e viável para o caso de granuloma de proces-
al. Intubação Laríngea so vocal pós-intubação, utilizando-se a terapia Abor-
dagem Tradicional.
Fonte: Batista e Silva (2022).

DISCUSSÃO

Quando o paciente é entubado, dependo da situação em que


se encontra, pode haver complicações precoces e tardias, o surgimen-
to do granuloma laríngeo ocorre tardiamente, após a intubação, no
qual constatou-se a presença da disfonia, podendo apresentar altera-
ção no timbre e afonia.
É importante ressaltar que os granulomas laríngeos tem uma
incidência proveniente da faixa etária, assim citam Bastos (2005) e
Behlau (2008), no qual conseguem esclarecer que homens de meia
idade são mais suscetíveis ao aparecimento dos granulomas, isso não
descarta a possibilidade em crianças e mulheres também serem mais
propensas a desenvolverem lesões laríngeas.
Mas do que concerne a fonoterapia é interessante o que cita-
ram Allali e Huche (2005), que dependerá do tipo de lesão, para o pa-
ciente esperar uma recuperação vocal quase imediata, mas não po-
derá negligenciar a desordem funcional que resulta da reação do indi-
víduo diante do seu próprio distúrbio, podendo ser de imediato, ou na
maioria das vezes aplica-se a reeducação vocal.
Como objetivo proposto ao tratamento relacionado ao funcio-
namento do mecanismo da voz, vale a pena ressaltar que este trata-
mento dependerá exclusivamente da fonoterapia, levando em consi-
deração esse tipo de lesão laríngea, envolve diversos tipos de trata-
mento como cirurgia e microcirurgia de laringe com o uso do laser de
CO2, relatado pela Bohdana et al. (2006), e alguns autores tem suge-
rido aplicação de toxina botulínica nos músculos da laringe.
Na pesquisa o autor Colton et al. (2010) informaram que os
granulomas devem ser tratados de forma agressiva com programas
de higiene vocal, o uso de inibidores de próton foi muito efetivo, nos
casos recorrentes também podem se beneficiar de injeção de Botox
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 71

para dar mais vigor á força adutora no nível do processo vocal. Ape-
sar do uso de CO2 ter sido indicado no passado, o risco de lesão tér-
mica ao pericôndrio com formação de lesão recorrente é significante.
De acordo com a autora Behlau (2008), que na sua abordagem
mais agressiva, esclareceu sobre a Técnica de Arrancamento, indica-
do para lesões pós-intubação, o que exige um atendimento intensivo,
esse tipo de granuloma geralmente sofre expulsão espontânea ou por
fonoterapia, tendo como período de reabsorção dois a quatro meses
de reabilitação vocal. Entretanto a evolução varia de paciente para ou-
tro, na pesquisa por Guimarães (2021) foi aplicado a Técnica Tradicio-
nal, no qual obteve resultados positivos.
Além disso, Brito (2012) também explanou em seus estudos,
que grande parte das lesões laríngeas pós-intubação se resolvem es-
pontaneamente, pela capacidade de regeneração do epitélio. No en-
tanto, em determinadas circunstâncias que levam ao agravamento da
perfusão tecidual e cicatrização deficiente, a evolução desse proces-
so pode se agravar e originar lesões laríngeas de gravidade variável,
como ocorre em pacientes debilitados, diabéticos, com alterações he-
modinâmicas ou infecções sistêmicas.
Na disfonia decorrente do DRGE, Branco e Rehder (2011), in-
formaram em suas pesquisas, que a reabilitação vocal englobou as al-
terações que o paciente apresenta, suas necessidades vocais, no qual
o acompanhamento fonoaudiológico, foi aplicado na voz e nas lesões
secundárias, podendo ser possível observar a melhora significativa na
voz dos pacientes tratados com medicamentos concomitantemente à
fonoterapia, mostrando resultados satisfatórios ao paciente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa referiu-se a Intervenção Fonoaudiológica na voz


de pacientes com granuloma laríngeo, no qual diante de complicações
precoces, o paciente tende de apresentar sequelas vocais, com a re-
abilitação vocal através da fonoterapia apresentou resultados satisfa-
tórios ao paciente.
Foi possível compreender que alguns casos pós intubação tra-
queal, as lesões geradas na laringe precisam ser tratadas precoce-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 72

mente para um bom desempenho diante da reabilitação vocal. A partir


desses pressupostos, afirmou-se que a fonoterapia contribuiu signifi-
cativamente para reabilitação do paciente, melhorando sua comunica-
ção e restabelecendo o padrão vocal.
A literatura apresentou, dependendo do tipo de patologia, o tra-
tamento para granuloma laríngeo, quando não expelido espontanea-
mente, ocorre através cirurgia ou microcirurgia com laser CO2 e Fono-
terapia. Ressalta-se que a pesquisa teve poucas publicações e acredi-
ta-se que é de extrema necessidade mais publicações sobre a temáti-
ca abordada, contribuindo no conhecimento científico de profissionais
e acadêmicos.

REFERÊNCIAS

ALLALI, André. Huche, François Le. A Voz: Patologia Vocal De Ori-


gem Orgânica. 3 v. São Paulo: Editora Artmed, 2005.
BARROS, Ana Paula Brandãbrazo. DEDIVITIS, Rogerio A. Métodos
de Avaliação e Diagnóstico de Laringe e Voz. São Paulo: Editora
Lovise Ltda, 2002.
BASTOS, Wanderlene Anelli. CAMPIOTTO, Alcione Ramos. LEVY,
Cilmara. REDONDO, Maria do Carmo. Tratado de Fonoaudiologia.
2ª ed. São Paulo: Editora Tecmedd, 2005.
BEHLAU, Mara. Voz: O Livro do Especialista. vol. I. reimp. 2008. Rio
de Janeiro: Editora Revinter, 2008.
BOHADANA, Samir C. PINHO, Silvia M. Rebelo. TSUJI, Domingos Hi-
roshi. Fundamentos em Laringologia e Voz. Rio De Janeiro: Edito-
ra Revinter, 2006.
BRANCO, Anete. REHDER, Maria Inês. Disfonia e Disfagia: Inter-
face, atualização e Prática Clínica. Rio de Janeiro: Revinter, 2011.
BRITO, Valeska Almeida. CAVALHO, Glauber Barbosa de. MOTA. Luiz
Alberto Alves. Complicações laríngeas por Intubação Orotraqueal:
Revisão da literatura. Recife, 2010. v.16, n.2, p. 236-245, Abr/Mai/Ju-
nho – 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/iao/a/7PHRWzRC-
j4YYjnG8MQB9xXF/?format=pdf&lang=pt. Acesso em:
23 de out. 2022.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 73

COLTON, Raymond H. CASPER, Janina K. LEONARD, Rebeca. Com-


preendendo os Problemas da Voz: Uma Perspectiva Fisiológica
no diagnóstico e tratamento das disfonias. Editora Revinter: 2010.
FURKIM, Ana Maria. SANTINI, Célia Regina Queiroz Salviana. Disfa-
gias Orofaríngeas.2ed. Barueri, SP: Pró-fono, 2008.
GUIMARÃES, Valeriana de Castro. FERNANDES, Edson Junior de
Melo. DABER, Valeria Barcelos. DINIZ, Denise Sisterolli. MOYA, Mar-
cela. Ibanhes. Et.al.
Granuloma de Processo Vocal Pós Intubação Laríngea. Brasilian
Journal of Development. Curitiba, 2021. Disponível em: https://brazi-
lianjournals.com/ojs/index.php/BRJD/article/view/32909/pdf. Acesso
em: 23 de mar. de 2022.
PINHO, Silvia M. Rebelo. Fundamentos em Fonoaudiologia: Tra-
tando os distúrbios da voz. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanaba-
ra Koogan S.A, 2003.
VERGARA, Sylva Constant. Projeto e relatórios de Pesquisa em
Administração. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2011
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 74

CAPÍTULO 5

A FONOAUDIOLÓGIA NOS DISTÚRBIOS


DE LINGUAGEM NA INFÂNCIA

SPEECH THERAPY IN CHILDHOOD LANGUAGE DISORDERS

Franciani dos Santos de Lima1


Jamily de Souza Lopes2
Aulisângela da Silva Queiroz3

RESUMO
O distúrbio de linguagem ocorre de algumas formas, da deficiência in-
telectual, motora ou sensorial, com isso há uma alteração na lingua-
gem oral e escrita. Objetivo: verificar a importância do Fonoaudiólogo
no desenvolvimento da linguagem de crianças que apresentam o dis-
túrbio na infância. Metodologia: Trata- se de uma revisão bibliográfica
com objetivo exploratório, em levantamento de dados para apresentar
ao leitor o estudo relacionado ao problema pesquisado, foram revisa-
dos artigos do ano de 2009 a 2021. Resultados: Foram encontrados
17 artigos científicos sendo organizados por temas relacionados às
principais intervenções fonoaudiológicas nos distúrbios de linguagem
na infância. Considerações Finais: O estudo revelou grandes feitos
no conhecimento da importância da fonoaudiologia na terapia infantil,
visando metas terapêuticas adequadas.
Palavras-chaves: Fonoaudiologia; Distúrbios; Linguagem; Crianças;
Intervenção.

ABSTRACT
The language disorder occurs in some ways, from intellectual, mo-
tor or sensory disabilities, with this there is a change in oral and writ-
ten language. Objective: to verify the importance of the Speech-Lan-
1 Discente de fonoaudiologia da FAMETRO/AM – E-mail: francianidelims@hotmail.com
2 Discente de fonoaudiologia da FAMETRO/AM – E-mail: jamilylopes217@gmail.com
3 Docente/Orientadora de TCC do curso de Fonoaudiologia – E-mail: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 75

guage Pathologist in the language development of children who have


the disorder in childhood. Methodology: This is a bibliographic review
with an exploratory objective, in data collection to present to the read-
er the study related to the researched problem, articles from the year
2009 to 2021 were reviewed. Results: 17 scientific articles were found
being organized by related themes to the main speech therapy inter-
ventions in childhood language disorders. Final Considerations: The
study revealed great achievements in the knowledge of the importance
of speech therapy in child therapy, aiming at appropriate therapeutic
goals.
Keywords: Speech-Language Pathology; disorders; Language; Chil-
dren; Intervention.

INTRODUÇÃO

O distúrbio de linguagem pode acontecer por diferentes moti-


vos, muitas vezes essa alteração começa durante a Gravidez, na hora
do seu nascimento ou logo após. As causas são diversas, como: de-
ficiência no desenvolvimento motor, traumas sensoriais, danos cere-
brais, ausência ou pouco estímulo familiar; entre outros motivos (PRA-
TES; MARTINS, 2011). A Fonoaudiologia, é uma área de muitas pos-
sibilidades de estudo, é a ciência que pesquisa técnicas e métodos
de prevenção contra os distúrbios da comunicação humana (FERI-
GOLLO; KESSLER, 2017). Que se desenvolve na comunicação oral,
escrita e vocal, audição e psicomotricidade, sempre visando a melhor
possibilidade de avaliar e diagnosticar os diferentes tipos de patolo-
gias. Sempre levando em consideração a possibilidade e necessida-
de de encaminhar esses pacientes para uma equipe multiprofissional
(VALÉRIA, et al 2018).
Porque é necessário realizar as terapias fonoaudiológicas no
distúrbio de linguagem na infância? Para promover as habilidades da
fala e linguagem. Nos primeiros anos de vida da criança são deter-
minantes para o desenvolvimento adequado da linguagem, as inter-
venções fonoaudiológicas logo na primeira infância, é necessário para
adequar essas dificuldades que comprometem o seu desempenho de
pronunciar as primeiras silabas, seja pelas as alterações no desenvol-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 76

vimento da fala ou da linguagem. O fonoaudiólogo é responsável pelo


atendimento dos pacientes acometidos com esses distúrbios, nesses
casos a terapia é muito importante para estabelecer uma boa e ade-
quada comunicação (ALENCAR, et al 2020). Observamos que desen-
volvendo um plano estratégico com o objetivo de orientar os pais so-
bre a importância da observação da criança, no início da comunica-
ção, e buscar uma avaliação adequada o mais prévio possível, com
um especialista, talvez os índices de distúrbio de aquisição da lingua-
gem diminuíssem.
O objetivo geral desta pesquisa consiste em verificar a eficácia
do fonoaudiólogo no desenvolvimento da linguagem de crianças que
apresentam o distúrbio de linguagem na infância. Buscando promo-
ver melhorias significativas para esses pacientes, melhorando as ha-
bilidades de comunicação e desenvolvimento geral, buscando estimu-
lar o contato visual e a socialização, e estimular a comunicação social.
A presente pesquisa abordou a importância das abordagens
fonoaudiológicas nos distúrbios de linguagem na infância, onde foram
desenvolvidas através do tipo de pesquisa descritiva e bibliográfica,
as fontes utilizadas para pesquisa foram baseadas através de artigos
científicos publicados entre o período de 2009 a 2022 nas plataformas
Google acadêmico, Scielo, revistas cientificas. O critério de análise foi
de forma qualitativa, que teve como critérios de inclusão os artigos pu-
blicados somente em língua portuguesa, considerando os artigos cien-
tíficos que abordem a temática de fonoaudiologia nos distúrbios de lin-
guagem com o público infantil e os critérios de exclusão foram os ar-
tigos publicados em outras línguas e fora do período estimado e que
não abordem a temática.

MATERIAL E MÉTODOS

Esse estudo caracterizou-se em uma revisão bibliográfica, des-


critiva, de cunho qualitativo, onde expõe estudos que informam a te-
matica fonoaudiológia nos distúrbios de linguagem na infância, as fon-
tes de dados foram: Google acadêmico, SciELO, revistas bibliografi-
cas que envolvem artigos científicos seguros, os registros separados
foram organizados em elementos científico, foi realizado uma analise
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 77

dos dados e foram selecionados 21 fontes de referencias publicadas


no período de 2009 a 2022 que abrange o tema apresentado. Foram
inseridos artigos que estabelecessem as metas fornecedoras de satis-
fação da comunicação, estabelecendo feitos declarados a esses pro-
fissionais. Os criterios de exclusão foram artigos publicados em outras
linguas e fora do periodo de 2009 a 2022.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DISTÚRBIO DE LINGUAGEM

O distúrbio de linguagem acontece por vários motivos, quan-


do existe alguma alteração social ou intelectual, pode causar uma al-
teração no desenvolvimento da linguagem da criança (FIORIN, 2013).
Os distúrbios de linguagem, evidentemente, podem ser observados
de duas formas, às vezes ocorre uma deficiência intelectual, motora
ou sensorial, com isso observa-se uma alteração na linguagem oral
e escrita (PINTO, 2019). Nesse transtorno acontece uma dificuldade
muito persistente para a aquisição da fala e linguagem, nesses ca-
sos a criança tem todos motivos para falar, mas não consegue, apre-
sentando muita dificuldade no desenvolvimento (BATISTA, 2019). Es-
ses problemas são evidentemente corrigidos com acompanhamento
apropriado, apontando às situações de cada caso. As razões mais co-
muns, relacionadas nos distúrbios de linguagem são disfunções neu-
rofisiológicas, distúrbios emocionais, déficits sensoriais (Menezes;
Ebenezer; Takuno, 2001).
O distúrbio também pode ter evidências genéticas, se seus
pais têm algum problema essa criança pode desenvolver alguma alte-
ração, se na gestação a mãe usou droga ou teve alguma complicação
na gravidez (GUIMARÃES; BARTIKOSKI, et al 2018). Isso pode apre-
sentar ou levar a criança a ter dificuldades na fala, linguagem oral e
escrita, nas terapias fonoaudiológicas o paciente vai estabelecer uma
boa e adequada comunicação (SOARES; SILVA; ZUANETTI, 2017).
Vamos entender o que é um distúrbio na Comunicação, qualquer pro-
blema na capacidade de receber, enviar, processar e interpretar os
conceitos verbais, não- verbais, essas complicações conseguem di-
ferenciar de leve a profunda e tem a ser do desenvolvimento ou mes-
mo adquiridas, e até agora conseguem identificar-se como desenvol-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 78

vimento atípico que pode envolver componentes funcionais da fala e


liguagem. A classificação presente atua na seguinte relação para as
Desordens da Comunicação que atingem os sons da fala. Distúrbios
Articulatórios, Distúrbio Fonológico, Disartria, Apraxia de Fala na In-
fância (Garcez, 2019). Segundo Garcez, um pouco sobre cada uma
dessas dificuldades:

Distúrbios Articulatórios: trata-se da incorreta produção


de um ou mais sons da fala que envolvem omissões,
substituições ou distorções. Tais alterações são de or-
dem motora, ou seja, a criança não possui refinamento
articulatório por problemas de posicionamento ou confi-
guração da língua.
Distúrbio Fonológico: dificuldade de aprender o sistema
de sons e as regras que governam tal sistema em um de-
terminado idioma. A criança tem dificuldade de desenvol-
ver a representação fonológica do sistema de sons da lín-
gua. É considerada um distúrbio de base linguística.
Disartria: é uma desordem neuromuscular resultante da
deficiência do controle muscular do mecanismo de fala.
É causada por danos no sistema nervoso central ou pe-
riférico dos músculos necessários para executar o movi-
mento da fala devido à paralisia, fraqueza e coordenação
dos mesmos. Resulta em dificuldades nos 4 Subsistemas
da fala: respiração, fonação, ressonância e articulação.

Apraxia de Fala na Infância: trata-se de um distúrbio neuroló-


gico dos sons da fala na qual a precisão e consistência dos movimen-
tos subjacentes à fala estão prejudicadas na ausência de déficits neu-
romusculares (por exemplo, reflexos anormais e tônus anormal). Pode
ocorrer como resultado de comprometimento neurológico conhecido,
em associação com distúrbios neurocomportamentais complexos de
origem conhecida e/ou desconhecida, ou como um distúrbio dos sons
da fala neurogênica idiopática. O comprometimento no planejamento
central e/ou programação dos parâmetros espaço- temporais das se-
quências de movimentos resulta em erros na produção de sons de fala
e na prosódia).
Os fonoaudiólogos são especializados e responsáveis pelo
atendimento desses pacientes acometidos com esses distúrbios, nes-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 79

ses casos a terapia é muito importante para estabelecer uma boa e


adequada comunicação (ALENCAR, et al 2020).

INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS FONOAUDIOLÓGICAS NO DIS-


TÚRBIO INFANTIL

As terapias devem começar o mais cedo possível, pois a tera-


pia precoce é de grande importância para a vida do paciente, por ser
nos primeiros meses de vida que inicia a comunicação, e o fonoaudi-
ólogo está pronto para estimular e aplicar a linguagem oral e escrita
(MACIEL, et al 2018). A criança por volta dos três anos de idade já é
capaz de apresentar uma linguagem bem estruturada, mas muita das
vezes a criança tem um atraso na fala e na linguagem por vários mo-
tivos, fatores emocionais, superproteção entre outros, as terapias de-
vem começar nos primeiros anos de vida do paciente, por um fonoau-
diólogo que titula a criança a fortalecer e aprender como praticar es-
ses movimentos, para produzir palavras, frases e se comunicar. (RO-
DRIGUES, et al 2019).
Segundo Viana, et al (2020) uma criança com alteração preci-
sa ter acompanhamento com uma equipe de profissionais especializa-
dos e familiares comprometida a apoiar nas terapias. Cabe aos espe-
cialistas avaliar e identificar esses problemas investigando as causas
que interferem no aprendizado, e assim podendo fazer toda a diferen-
ça na vida da criança. É importante que quem tenha a alteração esteja
sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar, realizando exer-
cícios, como forma de exercitar a linguagem, melhorar os sons e ade-
quar a articulação, o fonoaudiólogo visa buscar e desempenhar uma
terapia aprimorada paras esses pacientes (VAZ, 2017).
Principalmente, as formas de intervenção, que podem ser
achadas nas abordagens formais e nas funcionais. Nas amostras tra-
dicionais de introdução terapêutica em linguagem, da mesma forma
denominada formal, os fins da intervenção são organizados nas pro-
porções da linguagem particularmente nas maneiras psicolinguísticos
comprometidos com estas condições. Os objetivos são escolhidos e
coordenados pelo fonoaudiólogo, as quais escolhe o aspecto a ser
aperfeiçoado organizando, primeiramente as técnicas a serem aplica-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 80

das para alcançar o objetivo estabelecido, determinando previamen-


te os resultados a serem alcançados (NICOLIELO, GONÇALVES, AR-
RUDA, LOPES-HERRERA, 2014).
O fonoaudiólogo sempre busca ajuda dos familiares para que
dessa forma haja um resultado eficaz nas terapias, estabelecendo li-
mites a essa criança, buscando aplicar a linguagem adequada (MAR-
TINS, et al 2018). Desenvolvendo e aplicando a linguagem as crian-
ças, é muito importante que o fonoaudiólogo trabalhe esses aspectos
atuando nas terapias, proporcionando qualidade de vida a esses pa-
cientes (LINARD; SILVA; GONÇALVES; BATISTA, 2018).
Os fonoaudiólogos são os profissionais que estão devidamente
capacitados para desenvolver um trabalho eficaz juntamente com uma
equipe multidisciplinar, sempre buscando opções adequadas para esses
pacientes (JUSTINO, et al 2011). O Fonoaudiólogo está adequadamen-
te especializado na prevenção, orientação, avaliação, diagnóstico, habi-
litação, reabilitação e tratamento desses pacientes (LONGO, et al 2017).

A FONOAUDIOLOGIA NOS DISTÚRBIOS INFANTIL

A Fonoaudiologia é uma especialidade com diversas atuações,


as quais se relacionam diretamente com a comunicação, possibilitan-
do e envolvendo a interação do indivíduo com o meio no qual está in-
serido, a comunicação é essencial para o desenvolvimento do ser hu-
mano, pois sem o comunicar não conseguimos desenvolver (GORTE;-
MENDES; apud PRATES; MARTINS, 2021).
É dever do fonoaudiolago compreender o diagnóstico, apre-
sentar as habilidades e reabilitar esses pacientes acometidos com es-
ses distúrbios, uma coisa super importante é orientar os familiares e
professores acerca da alteração. Identificar os argumentos sobre as
expectativas de atuação fonoaudiológicas para a melhoria e geren-
ciamento da saúde da criança, como indicadores fundamentais para
uma identificação precoce de distúrbios de linguagem. A entrevista ini-
cial para definição do diagnóstico Fonoaudiológico depende da razão
pelo qual a avaliação foi determinada, sempre observando a queixa
do paciente para que se estabeleçam quais os ângulos e funções se-
rão examinados. Nesse processo são aplicados testes e protocolos
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 81

para avaliação, além disso, o conhecimento clínico do fonoaudiólogo


que classifica os achados com a regularidade, e determina se as alte-
rações tendem para um diagnóstico Fonoaudiológico, ou encaminha
para um médico. O processo da avaliação fonoaudiológicas inclui en-
trevistas com os pais ou responsáveis pela criança, aplicação dos tes-
tes e mecanismo para verificar as facilidades e debilidades no desen-
volvimento infantil (DEUSCHLE, CECHELLA 2009).
O fonoaudiólogo é especializado e capacitado para fazer uma
boa e adequada avaliação, nos procedimentos de Estratégia, Recur-
sos aplicados e entendimentos terapêuticos, apontou ao resultado da
importância da intervenção fonoaudiológicas na linguagem, que são
executados por intermédio de métodos distintos de estratégias na qual
não se engloba apenas à oralidade, comunicação, escrita, ou à leitu-
ra. Enfim é de grande importância ter o fonoaudiólogo nas habilidades
de trabalhar as intervenções, levando em consideração a possibilida-
de e necessidade de encaminhar esses pacientes para uma equipe
multidisciplinar sempre que for necessário (WOIFF, GOULART, 2013).
O profissional em linhas gerais vai começar puxando todo o his-
tórico para o procedimento de avaliação fonoaudiológica deve ter como
seu foco central o levantamento da história da criança e a análise de uma
série de habilidades de linguagem oral e escrita. Mais especificamente
Anamnese ou Histórico do paciente, pois vai ser ai onde vamos desco-
brir onde veio o real problema e como devemos resolver (ZORZI, 2004).
O Fonoaudiólogo também entra no meio educacional preventi-
vo por meio da triagem, orientação a pais e professores e participação
no planejamento escolar, visa atingir objetivos de caráter preventivo
em relação ao desenvolvimento da linguagem oral e escrita, voz e au-
dição, é importante esta intervenção no meio educacional, pois é onde
o profissional fonoaudiólogo vai atuar e ajudar na educação da crian-
ça (OLIVEIRA apud GIROTO; LAGROTA; CÉSAR, 2011).

RESULTADOS

Os resultados especificados no quadro abaixo fornecem algu-


mas instruções sobre o esclarecimento dos benefícios das terapias fo-
noaudiológicas na infância.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 82

Quadro 1: Terapias fonoaudiológicas na infância.


OBRA AUTORES ANO RESULTADOS

[...]. Ficou evidente que, quanto mais as es-


Terapia fonoaudiológi-
CAMAR- tratégias terapêuticas contemplassem a (s)
cade linguagem e teoria
GO, ME- área (s) de interesse do paciente em tera-
das inteligências múlti- 2015
ZZOMO pia, melhor era o seu desempenho na lin-
plas: investigação em
et, al guagem verbal/inteligência linguística, foco
prontuários
da intervenção fonoaudiológica [...].
[...] tivessem buscado tratamento mais pre-
Atraso de linguagem e VAGAS,
cocemente, pois quando iniciassem a tera-
desvio fonológico: uns MEZZO-
2015 pia fonoaudiológica, provavelmente, já ti-
continuam ou duas pa- MO, FREI-
nham superado o atraso de linguagem res-
tologia distintas TAS
tando como déficit a alteração fonológica.
Intervenção fonoau- [...]Nos modelos tradicionais de interven-
NICOLIE-
diologica baseada na ção terapêutica em linguagem Os objeti-
LO, GON-
Perspectiva compor- vos são selecionados e Dirigidos pelo fono-
ÇALVES,
tamental em transtor- 2014 audiólogo, que elege o aspecto a ser traba-
ARRUDA,
no globaldo desenvol- lhado construindo, previamente, as estraté-
LOPES-
vimento (tgd): relato de gias a serem utilizadas para atingir o objeti-
HERRERA
caso vo proposto [...].
[...]. Os exercícios realizados durante a te-
Atuação fonoaudioló-
PINTO, rapia fonoaudiológica apontam para uma
gica Nos distúrbios de
AQUINO 2014 melhora em relação às dificuldades apre-
Linguagem escrita: um
et, al sentadas pelo paciente referentes à leitura
caso clínico.
e escrita [...].
[...]. Dessa forma, estes dados nortearam o
Conduta fonoaudioló- planejamento terapêutico do caso em ques-
gica para paciente com MACIEL, tão. O processo de intervenção consta de
diagnóstico de Trans- CALIXTO 2011 30 sessões realizadas uma vez por sema-
torno específico delin- et,al na com duração de 30 minutos cada. Teve
guagem: relato decaso. como objetivo geral estimular a linguagem
oral e a cognição[...].
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

DISCUSSÃO

No quadro acima são apresentados alguns exemplos de inter-


venção fonoaudiológicas no distúrbio de linguagem, estabelecendo os
benefícios e evolução das terapias nas crianças portadoras de distúr-
bios. Além de estabelecer estudos relevantes nas investigações e bus-
cas realizadas com essas crianças. Os Estudos apresentaram os me-
canismos que podem ser trabalhados nas terapias por meios de pro-
tocolos que tem o proposito de observar o comportamento da criança.
Na qual a linguagem é uma forma social e interativa, e a intervenção
proposta para esse paciente pelo fonoaudiólogo é eficaz para evolu-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 83

ção da linguagem infantil. Ressaltando a importância do diagnóstico e


do processo de intervenção precoces, o que certamente contribui para
a evolução da criança.
Segundo Camargo et al (2015) é evidente que as estratégias
terapêutica ajuda o paciente de maneira significativa e melhora seu
desempenho na linguagem verbal, as terapias podem ser realizadas
por meio de uma mediação qualificada, que proporciona ao individuo
uma atividade com recursos e estratégias de formas diferenciadas
para melhor evolução.
Vagas et al (2015) cita que muitos pais demoram para buscar
tratamento para os seus filhos, pois acabam achando normal a fala ser
errada ou até mesmo a criança nem mesmo interagir, é de grande im-
portância que a terapia fonoaudiologica se inicia o mais rápido possí-
vel, pois quando mais precocemente for melhor será a evolução para
criança. As maiorias dos pais acabam se descuidando em relação ao
desenvolvimento dos filhos, pois acham que é normal a criança falar
errado ou demorar em falar ou ate mesmo não conseguir se concen-
trar para fazer as atividades e essa falta de responsabilidade sobre o
desenvolvimento da criança acaba afetando o futuro dela, é nítido que
a terapia precoce ajuda o mais rápido possível as crianças com alte-
rações na linguagem.
Como afirmou Nicolielo et al (2014) o fonoaudiólogo tem um
grande objetivo com as crianças acometidas com essas alterações,
pois ele irá trabalhar em cima de alguns aspectos e criando algumas
estratégias para serem utilizadas nas terapias, um dos primeiros obje-
tivos é com que a criança realize uma forma de comunicação eficaz, o
fonoaudiólogo vai trazer a socialização e comunicação da criança, fa-
zendo com que seja cumprido os objetivos.
Pinto, Aquino et, al (2014) relatou que os exercícios que o fo-
noaudiólogo realiza durante as terapias trazem melhoras significativas
para as crianças, as dificuldades apresentadas vão desaparecendo
aos poucos conforme decorre os entendimentos, por isso é de suma
importância realizar os exercícios de forma correta e continuam, para
um melhor resultado.
Maciel et, al (2011) demonstrou que o fonoaudiólogo é de suma
importância para a melhora da criança com alterações na linguagem,
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 84

que nem todos os objetivos conseguem ser alcançados em tão pouco


tempo, mas a maioria é resolvido, evidenciou também que é importan-
te a criança ir a terapia no mínimo uma vez na semana por 30 minutos,
se for mais vezes é nítido que a evolução será mais rápida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo é de grande relevância para a classe da fonoau-


diologia, bem como para a sociedade que busca que as crianças te-
nham uma melhor qualidade de vida e desenvolvam uma boa comu-
nicação oral e escrita. O Fonoaudiólogo sempre esteve envolvido com
avaliação, diagnóstico e tratamento em distúrbios de linguagem. Des-
ta forma, enfatiza a importância do fonoaudiólogo no processo da in-
tervenção e reabilitação no distúrbio de linguagem na infância, com o
objetivo de ensinar, adequar, orientar e promover qualidade de vida,
paralisando os distúrbios infantis.
Deve-se ressaltar que as terapias fonoaudiologicas são impor-
tantes para ajudar a criança a se desenvolver corretamente, esses
métodos terapeuticos vão auxiliar no dia a dia da criança. As terapias
são eficazes para melhoria dos disturbios da linguagem, mas vale a
pena ressaltar que for muitas vezes os pais não tem o conhecimento
sobre a importancia das terapias e acabam assim prejudicando o tra-
balho do profissional e com isso prejudicando ainda mais o desenvol-
vimento dessas crianças.
O estudo evidenciou que os exercícios fonoaudiólogico trazem
melhoras significativas para as crianças e que muitos pais não tem no-
ção do que os disturbios da linguagem podem trazer aos seus filhos,
por isso a necessidade de mais estudos sobre esta temática, pois a
falta de conhecimento a respeito distúrbios de linguagem na infância
é nítido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, Priscila Biaggi Alves de et al. Indicadores de fluência da


fala na gagueira e no transtorno fonológico. In: CoDAS. Sociedade
Brasileira de Fonoaudiologia, 2020.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 85

CALIL, Lucas. Linguística? Que é isso?. 2013.


CAMARGO, Renata Gomes; MEZZOMO, Carolina Lisbôa. Terapia fo-
noaudiológica de linguagem e teoria das inteligências múltiplas: inves-
tigação em prontuários. Revista CEFAC,v. 17, p. 1457-1465, 2015.
CAVALCANTE, Yngrid Gonçalves. Estudo de caso sobre o desem-
penho linguístico em escolar com autismo: habilidades semânticas.
2018.
DE OLIVEIRA, MÔNICA PEREIRA. Fonoaudiologia e pedagogia: um
encontro necessário. 2011.
DEUSCHLE, Vanessa Panda; CECHELLA, Cláudio. O déficit em cons-
ciência fonológica e sua relação com a dislexia: diagnóstico e interven-
ção. Revista Cefac, v. 11, p. 194-200, 2009.
FERIGOLLO, Juliana Prestes; KESSLER, Themis Maria. Fisioterapia,
fonoaudiologia e terapia ocupacional-prática interdisciplinar nos dis-
túrbios da comunicação humana. Revista CEFAC, v. 19, p. 147-158,
2017.
GORTE, Ane Caroline; MENDES, Lauriane Aparecida; DE SOUZA
GAEDICKE, Isis Aline Lourenço. A PERSPECTIVA DE ATUAÇÃO DE
FONOAUDIÓLOGOS EM CASOS DE APRAXIA DE FALA INFANTIL
NA GUIMARÃES, Ana Maria de Mattos; BARTIKOSKI,
Fernanda Vanessa Machado. Práticas de Linguagem em sala de aula
como reveladoras de mudanças na Profissionalidade Docente. Lin-
guagem em (Dis) curso, v. 18, p. 359-373, 2018
LIMA, Ivonaldo Leidson Barbosa; CAVALCANTE, Marianne Bezerra
Carvalho. Desenvolvimento da linguagem na clínica fonoaudiológica
em uma perspectiva multimodal. Revista do GEL, v. 12, n. 2, p. 89-
111, 2015.
LINARD, Arnaldo Mecias et al. A estimulação da fala no desenvolvi-
mento das competências cognitivas e comunicativas da criança. Re-
vista Mundi Sociais e Humanidades. Curitiba, v. 36,p. 1, 2018.
LONGO, Isadora Altero et al. Prevalência de alterações fonoaudiológi-
cas na infância na região oeste de São Paulo. In: CoDAS. Sociedade
Brasileira de Fonoaudiologia, 2017.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 86

MARTINS, Stephanie Alves et al. CONDUTA FONOAUDIOLÓGICA


PARA PACIENTE COMDIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO ESPECÍ-
FICO DE LINGUAGEM: RELATO DE
CASO. ÚNICA Cadernos Acadêmicos, v. 3, n. 1, 2018.
MENDES, Schelita Barbara Oliveira et al. Atuação fonoaudiológica
nos distúrbios de linguagem oral e escrita: caso clínico. ÚNICA Cader-
nos Acadêmicos, v. 3, n. 1, 2018.
NICOLIELO, Ana Paola et al. Intervenção fonoaudiológica baseada na
perspectiva comportamental em transtorno global do desenvolvimen-
to (TGD): Relato de caso. Revista CEFAC, v. 16, p. 1351-1360, 2014.
PINTO, Amanda da Silva et al. COMUNICAR, MOVER E APRENDER:
o movimento comoeixo da linguagem e da aprendizagem. 2019.
PRATES, L. P. C. S.; MARTINS, Vanessa de Oliveira. Distúrbios da
fala e da linguagem na infância. Revista Médica de Minas Gerais, v.
21, n. 4 Supl 1, p. S54-S60, 2011.
RODRIGUES, Maria de Fátima Garrido et al. Atuação fonoaudiológica
nos distúrbios de linguagem escrita: um caso clínico. ÚNICA Cadernos
Acadêmicos, v. 3, n. 1, 2019
SEBASTIÃO, Luciana Tavares; BUCCINI, G. S. Fonoaudiologia, edu-
cação infantil e família: novos caminhos para a promoção do desenvol-
vimento da linguagem oral de crianças. Núcleos de Ensino da Unesp
artigos, p. 984-1002, 2008.
SÍNDROME DE DOWN. Trabalhos de Conclusão de Curso-Faculda-
de Sant’Ana, 2021. SOARES, Ana Cláudia Constant; SILVA, Kelly da;
ZUANETTI, Patrícia Aparecida.
Variáveis de risco para o desenvolvimento da linguagem associadas à
prematuridade. Audiology-Communication Research, v. 22, 2017.
VARGAS, Diéssica Zacarias; MEZZOMO, Carolina Lisbôa; FREITAS, Ca-
rolina Ramos de. Atraso de linguagem e desvio fonológico: um continuum
ou duas patologia distintas?. Revista CEFAC, v. 17, p. 751-758, 2015.
VIANA, Maria Neuraildes Gomes et al. Implicações da dislexia no pro-
cesso de ensino/aprendizagem/Implications of dyslexia in the tea-
ching/learning process. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 9, p.
71956-71971, 2020.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 87

ZORZI, Jaime Luiz. Os distúrbios de aprendizagem e os distúrbios es-


pecíficos de leitura e da escrita. Britto ATBO, organizador. Livro de fo-
noaudiologia. São José dos Campos: Pulso Editorial, p. 217-30, 2005
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 88

CAPÍTULO 6

ABORDAGENS FONOAUDIOLÓGICA NO TEA: CONDUTAS


TERAPÊUTICAS NO DESENVOLVIMENTO COMUNICATIVO DE
CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

SPEECH THERAPY APPROACHES IN TEA: THERAPEUTIC CONDUCTSIN


THE COMMUNICATIVE DEVELOPMENT OF CHILDREN WITH
AUTISTIC SPECTRUM DISORDER.

Aline do Nascimento Batista1


Erita Vera de Sales2
Aulisângela da Silva Queiroz3

RESUMO
O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvol-
vimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações com-
portamentais, déficit de comunicação na interação social, padrões do
comportamento repetitivo e estereotipados. Objetivo: Neste sentido o ar-
tigo em estudo visa compreender a importância das intervenções Fono-
audiológica em crianças com TEA. Este presente estudo teve como ob-
jetivo revisar cuidadosamente as obras cientifica que abordam a atuação
fonoaudiológica em crianças com transtorno do espectro autista (TEA).
Metodologia: pesquisa de revisão bibliográfica com dados extraidos de
artigos cientificos do ano 2000 a 2022. Resultados: Foram encontrados
17 artigos científicos sendo organizados por temas relacionados às prin-
cipais intervenções fonoaudiológicas no desenvolvimento da comunica-
ção da criança com transtorno do espectro autista. Considerações Fi-
nais: Desse modo, observou-se que utilizar os jogos e brincadeiras nes-
se processo de interação fez com que o interesse das crianças fosse des-
pertado cada vez mais, pois brincando testaram suas habilidades e de-
senvolveram o raciocínio, criatividade, autonomia e concentração.
Palavras-chaves: TEA; terapia; comunicação; fonoaudiologia.

1 Discente de fonoaudiologia da Fametro/AM; E-mail: aline.alixpaty@gamil.co m


2 Discente de fonoaudiologia da Fametro/AM; E-mail: eritasales7@gmail.com
3 Docente/Orientadora de TCC do curso de Fonoaudiologia; E-mail: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 89

ABSTRACT
Autism spectrum disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder
characterized by atypical development, behavioral manifestations,
communication deficit in social interaction, repetitive and stereotyped
behavior patterns. Objective: In this sense, the article under study
aims to understand the importance of Speech-Language Pathology in-
terventions in children with ASD. This present study aimed to careful-
ly review the scientific works that address the speech-language pa-
thology performance in children with autism spectrum disorder (ASD).
Methodology: bibliographic review research with data extracted from
scientific articles from the year 2000 to 2022. Results: 17 scientific ar-
ticles were found, organized by themes related to the main speech
therapy interventions in the development of communication in children
with autism spectrum disorder. Final Considerations: In this way, it
was observed that using games and games in this interaction process
made the children’s interest to be more and more aroused, as playing
they tested their skills and developed reasoning, creativity, autonomy
and concentration.
Keywords: (ASD), therapy, communication, speech therapy.

INTRODUÇÃO

O autismo vem sendo um tema bastante abordado na socie-


dade nas últimas décadas, mas o tratamento é pouco falado, e com
isso acaba que a dificuldade de encontrar um profissional adequado
para o tratamento vem sendo mais dificultoso, os fonoaudiólogos e ou-
tros terapeutas estão ganhando mais visibilidade neste ramo, pois é
de grande importância a fonoterapia para criança autista (ONZI, GO-
MES, 2015).
É comum que terapeutas (fonoaudiólogos, psicólogos, psico-
pedagogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas), professores e
cuidadores (pai, mãe, avós, tios, irmãos) passem por dificuldades por
não saber como agir frente aos comportamentos de crianças e adul-
tos com TEA. Desse modo nos perguntamos: como as abordagens fo-
noaudiológicas irão ajudar na interação comunicativa da criança autis-
ta? A intervenção fonoaudiológica é de grande importância para essas
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 90

crianças, pois suas condutas ajudam no desenvolvimento comunica-


tivo delas e minimizarão as dificuldades do dia a dia, ajudando assim
essas crianças a viver no meio social de forma típica. Atualmente, o
autismo é um dos principais e mais complexos transtornos do desen-
volvimento, pois afeta a interação social, deficiência na comunicação
verbal e não verbal limitação das atividades e interesses, e padrões de
comportamento estereotipados, essas dificuldades acabam trazendo
muitos prejuízos no dia a dia dessas pessoas (KASARI apud ARAU-
JO et al. 2021).
O objetivo geral desta pesquisa consiste em esclarecer sobre
os benefícios das abordagens fonoaudiológicas que irão proporcionar
a interação comunicativa da criança autista; dentre os objetivos espe-
cíficos: Identificar as principais dificuldades presentes no processo de
aquisição da linguagem em crianças com TEA; demonstrar a necessi-
dade da intervenção fonoaudiológica no desenvolvimento comunicati-
vo dos autistas; descrever abordagens fonoaudiológicas que ajudam
nas dificuldades de comunicação e intervenção da criança autista.
Justifica-se a escolha do presente tema, pois o autismo pode
dificultar a vida da criança em vários aspectos, desde o desenvolvi-
mento comunicativo à interação social, e sabemos que as abordagens
fonoaudiológicas podem ajudar essas crianças a viver no meio so-
cial. A presente pesquisa tem como seu principal objetivo apresen-
tar a importância das abordagens fonoaudiológicas no TEA, onde fo-
ram desenvolvidas através do tipo de pesquisa descritiva e bibliográfi-
ca, as fontes utilizadas para pesquisa foram baseadas através de arti-
gos científicos publicados entre o período de 2001 a 2022, nas plata-
formas Google acadêmico Scielo, revistas cientificas e livros. O crité-
rio de análise foi de forma qualitativa, que teve como critérios de inclu-
são os artigos publicados somente em língua portuguesa, consideran-
do os artigos científicos que abordem a temática de intervenções fo-
noaudiológicas com o público autista e os critérios de exclusão foram
os artigos publicados em outras línguas e fora do período estimado e
que não abordem a temática.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 91

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo refere-se a uma revisão bibliográfica, de ca-


ráter descritivo, apresentando estudos que discute o tema abordagens
fonoaudiológicas no TEA, foi realizado um levantamento para compre-
ender como as intervenções fonoaudiológicas ajudam no desenvolvi-
mento da comunicação da criança com transtorno do espectro autis-
ta. Assim sendo, para realizar a análise dos dados, foi executado o le-
vantamento de aproximadamente 17 artigos abordando esta temática,
sendo utilizados os resultados de 7 obras. Os estudos analisados fo-
ram os que ocorreram do ano de 2001 a 2022, que teve como critérios
de inclusão os artigos de língua portuguesa, nas plataformas Google
acadêmico, Scielo, revistas cientificas e livros. E os critérios de exclu-
são foram os artigos publicados em outras línguas e fora do período
estimado e que não abordem a temática. Deste modo, apresenta-se a
discussão dos resultados demostrados no quadro 1, que possui as se-
guintes informações: obras, autores, ano e citações de cada artigo se-
lecionado. Desta forma, foi realizado o levantamento de dados para in-
terpretação e estipulação de resultados.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

DIFICULDADES PRESENTES NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA


LINGUAGEM EM CRIANÇAS COMTEA

Segundo Fonseca (apud SOUSA, et al. s.d ) “os autistas são


crianças que apresentam atrasos na linguagem ou ausência no de-
senvolvimento da fala, o que às vezes dificulta uma socialização no
dia a dia. Alguns autistas poderão apresentar ecolalia que é a repeti-
ção do que alguém acabou de dizer, incluindo palavras, expressões ou
diálogos”. Sabemos que o processo de aquisição da linguagem é difí-
cil para crianças com TEA como é para qualquer outra. Porém, deve-
mos lembrar que crianças autistas tendem a ter uma dificuldade na so-
cialização que acaba prejudicando seu desenvolvimento.
Além disso, devemos lembrar que o autismo apresenta graus,
onde devemos levar em consideração que cada grau apresenta uma
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 92

forma de dificuldade, vale ressaltar também que os estímulos e fono-


terapia amenizam essas adversidades no processo de aquisição. Al-
gumas crianças autistas apresentam distúrbios na linguagem oral e
depende do grau do autismo, algumas desenvolvem uma linguagem
compreensível mesmo com alteração na fala (dicção) e outras não
(BARCELAR; NASCIMENTO, 2018).
É interessante levar em consideração que muitas das crianças
com autismo tem problemas com verbos, onde muitas vezes fica difi-
cultoso em formar frases e se expressar no dia a dia, é importante res-
saltar que na maioria das vezes isso acaba prejudicando a criança no
seu processo de aquisição e interação social. Para demonstrar essas
afirmações, apresentamos, na sequência, o que a literatura tem apon-
tado sobre a aquisição da linguagem da criança com autismo.
Alguns estudos apontam que o domínio da linguística é essen-
cial para a compreensão da linguagem, como por exemplo, a coloca-
ção certa dos pronomes, verbos, adjetivos e conjunções, normalmen-
te esses domínios estão afetados em crianças com autismo. É notório
ver a dificuldade na aquisição do pronome “EU”. Estas crianças aca-
bam utilizando a terceira pessoa frequentemente para referir-se a si
mesmo (DELFRATE, et al. 2009).
É de grande importância lembrar que crianças com TEA tem al-
gumas alterações na interpretação de ação, expressão facial e sarcas-
mo usado no dia a dia, que acaba prejudicando a interação e comuni-
cação delas. Os déficits na linguagem são uma manifestação clínica
importante nos quadros do TEA e há estudos que investigam as inicia-
tivas de comunicação na interação entre essas crianças e suas mães
(ALMEIDA- VERDU, et al. 2012).
Segundo Firmino (apud SILVA; COELHO, 2021) “O fonoaudi-
ólogo contribuirá satisfatoriamente no processo de aquisição da lin-
guagem e maturação total do desenvolvimento cognitivo e motor, pro-
movendo assim para muitas pessoas a caracterização de atividades
que favoreçam seu desenvolvimento e participação junto à socieda-
de”. Diante do exposto, percebe-se que a falta de fonoterapia pode
atrasar a aquisição de linguagem do indivíduo e retardar seu desen-
volvimento cognitivo e motor.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 93

A NECESSIDADE DA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO


DESENVOLVIMENTO COMUNICATIVO DOS AUTISTAS.

Atualmente, compreende-se que crianças que apresentam


transtorno do espectro autista, tendem a ter uma grande dificuldade no
desenvolvimento comunicativo, e a intervenção fonoaudiológica vem a
cada dia mais ajudando essas crianças a conviver no meio social sem
extremas dificuldades. Nos casos de autismo, é de grande importância
uma adequada avaliação e intervenção de linguagem, as alterações
de linguagem influenciam no prognóstico destes quadros, onde pode
variar de acordo com a severidade do caso. (VELLOSO, 2010, p.24)
Com relação às intervenções, os fonoaudiólogos passam a in-
tervir em aspectos relacionados com o desenvolvimento da lingua-
gem, pois esta é de suma importância para que ocorra uma adequada
interação social, e uma qualidade de vida maior, possibilitando, assim
a promoção dos aspectos comunicativos de forma ampla e pautada
na eficiência, contribuindo diretamente na habilitação e, consequente-
mente na redução dos déficits que a criança autista tende a apresen-
tar na sua integração na sociedade. Sendo assim é de grande valor
que o fonoaudiólogo realize as intervenções de acordo com a dificul-
dade da criança autista (BAGAROLLOE; PANHOCA; SAADE; GOLD-
FELD apud ARAÚJO, et al. 2021).
A intervenção fonoaudiológica é tão importante no desenvolvi-
mento do autista,pois o fonoaudiólogo irá intervir em situações do co-
tidiano por meio de quadros de rotina diária, abordando algumas cir-
cunstâncias e utilizando delas para falar o nome e as funções dos ob-
jetos e partes do corpo, cores primarias e até mesmo formas geomé-
tricas, como usar o banheiro, tomar banho, cumprimentar as pessoas,
esperar sua vez para falar, despedir-se, alimentar-se e vestir-se; es-
timulando assim habilidades comunicação verbal e não verbal essas
abordagens ira proporcionar uma ótima interação social e uma me-
lhor qualidade de vida. (VIEIRA; BALDIM; BRITO apud CRUZ; GO-
MES 2020).
Devemos ressaltar que o TEA constitui um transtorno perma-
nente em que os indivíduos necessitam de tratamento multidisciplinar
e especializado contínuo, independentemente da gravidade do qua-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 94

dro. A prioridade no tratamento do TEA é a realização do diagnóstico,


quanto mais precocemente possível o início da intervenção fonoaudio-
lógica, possibilitando, assim, um melhor prognóstico. A importância da
terapia fonoaudiológica com indivíduos com TEA é destacada em vá-
rios estudos, pois ela ajuda em vários aspectos na vida dessas crian-
ças. (DEFENSE-NETRVAL; FERNANDES, 2015).
Nas últimas décadas, a intervenção terapêutica fonoaudiológi-
ca, vem sendo de suma importância na vida das crianças com TEA,
em especial a direta cuja característica é o atendimento direcionado
para as habilidades e inabilidades de cada criança, tem sido enfati-
zada como um modo de adequação social do comportamento comu-
nicativo é importante vermos a necessidade de proporciona a essas
crianças uma interação social e um meio comunicativo mais adequa-
do para elas, para que quando chegar na fase adulta essas dificulda-
des desapareçam. Observa-se ainda, que quando a intervenção dire-
ta segue acompanhada da indireta, ou seja, quando o contexto e o ce-
nário terapêuticos ampliam-se por meio de orientação à família e à es-
cola, o processo evolutivo apresenta maior velocidade e extensão (TA-
MANAHA, et al. 2015).

INTERVENÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS EM CRIANÇA AUTISTA.

É de nosso conhecimento que nos autista como sabemos há


um prejuízo em sua interação social o que se caracterizasse por uma
dificuldade ou impossibilidade de estabelecer relações pessoais signi-
ficativas com o outro. Segundo Pedruzzi e Almeida (apud SILVA, et al.
2021) “A estimulação de jogo quando inserida no processo terapêuti-
co, visa estimular a intenção comunicativa, resolução de problemas
promovendo o desenvolvimento da linguagem e da interação social”.
A fonoaudiologia juntamente com a musicoterapia, por exemplo, vem
trazendo seu suporte produtivo, cada uma com suas respectivas par-
ticularidades e ambas promovendo odesenvolvimento de linguagem.
Segundo Baranow (apud ZIMMER; MAGALHÃES, 2018, p.215)
a musicoterapia utiliza os efeitos que a música pode produzir nos se-
res humanos nos níveis físico, emocional e social, atuando como fa-
cilitador da expressão humana, dos movimentos e dos sentimentos. A
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 95

música por sua vez mostrou-se um elemento mediador da comunica-


ção, possibilitou expressão sonora afetiva e cognitiva.
No entanto existem diversos tipos de tratamentos e interven-
ções para uma criança autista. Porém, independente do escolhido o
importante é obter o tratamento o quanto rápido, visando tornar esses
indivíduos mais independentes, favorecendo assim uma melhor qua-
lidade de vida. Segundo Lear (apud RIBEIRO, 2010, p.14) “o ABA é
uma das intervenções utilizadas, na fonoterapia que visa compreen-
der o comportamento buscando analisar e explicar a associação entre
o ambiente, o comportamento e a aprendizagem”.
Um dos métodos mais utilizado atualmente é o ABA e PECS
(Picture Exchange Communication System) juntos contribuem para
uma melhoria significativa da comunicação. O fonoaudiólogo irá traba-
lhar a estimulação das habilidades de comunicação verbal e não ver-
bal, e eventuais distúrbios de aprendizagem. Estas abordagens ajuda-
ram as crianças a criar uma independência e o seu dia a dia será bem
mais fácil (OLIVEIRA et al. apud ARAUJO et al. 2021).
Segundo Gonçalves e Castro (2013) “Baseado em abordagem
histórico-cultural, o uso de fotografias pode ser um recurso para au-
mentar a produção de linguagem do autista”. Pois esse método irá fa-
zer com que a criança descreva a foto, e com isso será estimulado a
linguagem e a interação.
De acordo com estudos sobre sinais e sintomas do TEA a
maioria das crianças com TEA são aprendizes visuais. Esses supor-
tes visuais expandem nelas a capacidade de interagir com o ambien-
te ao seu redor. Dando a essas crianças autonomia e permitindo-lhes
que façam escolhas e expressem suas necessidades ajudando essas
crianças a compreender os ritmos diários e a contribuir para suas ati-
vidades cotidianas.
É muito falado sobre o uso da técnica de intervenção com re-
cursos visuais. A utilização de desenhos, fotografias, figuras, objetos
ou vídeos, ajudam na interação social de crianças com TEA. Uma for-
ma de ajudar essas crianças com a rotina diária em casa, na terapia
e na escola, o uso dos quadros de rotina vão ajudar as crianças a fa-
zerem suas próprias escolhas e expressar suas necessidades. Esses
quadros mostram exemplos de como usar o banheiro ou tomar banho.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 96

Usar histórias sociais para situações sociais do cotidiano, como cum-


primentar as pessoas, esperar sua vez para falar, despedir-se (BRI-
TO, 2017).
Outro método de intervenção é a TEACCH utilizado na área
educacional que se trata de um tratamento de educação para crianças
autistas com prejuízo na comunicação que segundo CLETO (2010,
p.35) “as atividades são propostas a partir de eventos concretos como:
atividade de vida diária, interação social, sempre visando a trabalhar
em uma proposta educacional”.

RESULTADOS

Após as análises de vários artigos científicos, o quadro a seguir


representa o número de obras que esclarecem as principais interven-
ções fonoaudiológicas no desenvolvimento da comunicação da crian-
ça com transtorno do espectro autista acerca das referências utiliza-
das na fundamentação e discussão dos temas abordados.

Quadro 1: As principais intervenções fonoaudiológicas no desenvolvi-


mento da comunicação da criança com transtorno do espectro autista.
OBRA AUTORES ANO CITAÇÕES
“A estimulação do jogo simbólico quan-
Abordagem fonoaudiológi-
do inserida no processo terapêutico, visa
ca na intervenção precoce SILVA,
estimular a intenção comunicativa, reso-
em crianças com transtor- Lucrecya 2021
lução de problemas para promover o de-
no do espectro autista: re- et al.
senvolvimento da linguagem e da intera-
visão integrativa.
ção social.”

Benefícios da intervenção O ABA (Applied Behavior Analysis) e


ARAUJO,
fonoaudiológica no trans- PECS (Picture Exchange Communication
Jessé Lin- 2021
torno do espectro autista: System) juntos contribuem para uma me-
coln et al.
Revisão deliteratura. lhoria significativa da comunicação [...]

GONÇAL-
Propostas de intervenção “Baseado em abordagem histórico-cultu-
VES, Cláu-
fonoaudiológica no autis- ral, o uso de fotografias pode ser um re-
dia; CAS- 2013
mo infantil: revisão siste- curso para aumentar a produção de lin-
TRO, Ma-
mática da literatura. guagem do autista.”
riana.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 97

[...A utilização de recursos visuais como


desenhos, figuras, fotografias, vídeos ou
Estratégias práticas de in- objetos concretos associados ao aspec-
BRITO, Ma-
tervenção nos transtornos 2017 to que se pretende desenvolver ouà ativi-
ria Claudia.
do espectro do autismo. dade planejada, pode ajudar na compre-
ensão e interesse de crianças e adultos
com TEA...]
“As atividades são propostas a partir de
eventos concretos como: atividade de
CLETO,
O programa Teacch. 2010 vida diária, interação social, sempre vi-
Andrea.
sando a trabalhar em uma proposta edu-
cacional”.
“A musicoterapia utiliza os efeitos
A interface da fonoaudiolo- ZIMMER,
que a música pode produzir nos seres
gia e da musicoterapia no Daniela;
humanos nos níveis físico, mental, emo-
desenvolvimento da crian- MAGA- 2018
cional e social, atuando como um facili-
ça com transtorno do es- LHÃES, Na-
tador da expressão humana, dos movi-
pectro autista. tália.
mentos e dos sentimentos.”

“O ABA é uma das intervenções utiliza-


ABA uma intervenção com-
RIBEIRO, das, na fonoterapia que visa compreen-
portamental eficaz em ca- 2010
Sabrina der o comportamento buscando analisar
sos de autismo.
e explicar a associação [...]

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

DISCUSSÃO

O presente estudo realizou um levantamento para compreen-


der como as intervenções fonoaudiologicas ajudaram no desenvolvi-
mento da comunicação da criança com transtorno do espectro autis-
ta. Assim sendo, para realizar a análise dos dados, foi feito levanta-
mento em 7 artigos abordando esta temática. Deste modo, apresenta-
-se a discussão dos resultados demostrados no quadro 1, que possui
as seguintes informações: obras, autores, ano e citações de cada ar-
tigo selecionado.
Como afirmou Pedruzzi e Almeida (apud SILVA, et al. 2021),
onde diz que os jogos simbólicos são de grande importância para o
desenvolvimento da comunicação das crianças autistas, pois a simbo-
logia é ideal para estimular a intenção comunicativa, pois faz com que
ela faça simulações de situações cotidianas o que lhe permite a busca
da independência, por esse motivo às brincadeiras lúdicas são citadas
nos dias de hoje, tendo assim uma grande importância no desenvolvi-
mento das crianças com TEA.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 98

Neste contexto as intervenções fonoaudiológicas contribuí-


ram para uma melhor evolução no desenvolvimento comunicativo das
crianças com transtorno do espectro autista, portanto considera-se
que a interação social é determinada pelo meio social onde se vive e
como se vive, com isso os jogos simbólicos foram considerados estí-
mulos da intenção comunicativa, visto que o mesmo promoveu expe-
riências de conhecimento futuros.
Oliveira et al. (apud ARAUJO et al. 2021) relata que o ABA e
o PECS é são grandes intervenções para uma melhoria na comuni-
cação de crianças autistas, por conseguinte essas abordagens traba-
lham a estimulação das habilidades comunicativas, sendo assim, é im-
portante lembrar que o aperfeiçoamento dessas habilidades trouxe um
melhor conforto para o dia a dia dessas crianças, o PECS por exem-
plo é utilizado com apoio de figuras que dão suporte para uma comu-
nicação adequada.
A ciência ABA cuja suas intervenções derivam dos princípios
do comportamento e tem como objetivo aprimorar comportamentos
socialmente relevantes e é aplicada por psicólogos e outros profis-
sionais da saúde. A ciência ABA visou reduzir comportamentos inade-
quados e minimizar prejuízos no desenvolvimento de crianças autis-
tas, atualmente a ABA é a técnica mais eficaz para o tratamento nos
dias de hoje.
Brito (2017), também cita a técnica de recursos visuais, e afir-
ma que essa abordagem pode ajudar na compreensão e interesse de
crianças, onde facilita a evolução das terapias e ajuda nas situações
do cotidiano, o uso de quadros de rotina, por exemplo, é bastante inte-
ressante para a criança autista, visto que ela tem uma atração por ro-
tinas diárias.
Essa ideia de recursos visuais ainda é reforçada por Gonçal-
ves e castro (2013) que afirmam que essa estratégia aumenta a pro-
dução de linguagem dos autistas, o uso de fotografias ou imagem é
usado como um tipo de recurso terapêutico, visto que esse método
estimula mais de uma habilidade da criança, fazendo com que haja
uma interação, onde a mesma descreveu o que observou nas fotogra-
fias, sendo assim foi um grande meio de estimulação da linguagem e
da imaginação. Essa abordagem é de grande importância, porquea
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 99

maioria das crianças com TEA são aprendizes visuais principalmen-


te as não verbais.
Os problemas de comunicação das crianças com TEA são va-
riados. Como bem sabemos dependendo do nível e grau, alguns não
falam, outros possuem o vocabulário bem desenvolvido. Dentre es-
ses, há crianças que apresentam uma grande aproximação com o es-
tímulo musical, sendo introduzidas no campo da linguagem ao cantar.
Desse modo Baranow (apud ZIMMER; MAGALHÃES, 2018,
p.215) afirma que a musicoterapia e as atividades lúdicas foram fer-
ramentas fundamentais para o desenvolvimento da criatividade, ini-
ciativa e autonomia, portanto, a criança passou a interagir ativamente
com o seu meio, constituindo assim suas próprias categorias de pen-
samento, ao mesmo tempo em que se organizam o seu mundo. A mu-
sicoterapia é uma intervenção de grande relevância para a aprendiza-
gem da criança, visto que ela auxilia nos processos de coordenação
motora, aquisição da leitura e articulação da linguagem verbal e socia-
lização, essa abordagem tem resultados positivos, pois ela estimula a
fala, comunicação e outras áreas importantes.
Durante as análises dos estudos e nas observações ocorridas
na pesquisa viu-se que os objetivos alcançados nas intervenções fo-
noaudiológicas foram positivas, visto que no processo de desenvolvi-
mento, ensino, aprendizagem e comunicação buscou- se a indepen-
dência dessas crianças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este presente estudo teve como objetivo revisar cuidadosa-


mente as obras cientifica que abordaram a atuação fonoaudiológica
em crianças com transtorno do espectro autista (TEA), conforme a
pesquisa evidenciou, a atuação fonoaudiológica age de maneira signi-
ficativa na vida da criança autista e atua de forma direta na evolução
dos desenvolvimentos delas, ajudando na interação social, comunica-
ção verbal e não verbal e comportamento estereotipados.
Foi possível constatar que a fonoaudiologia contribuiu de for-
ma positiva para o tratamento, auxiliando nas habilidades de comuni-
cação, comportamento e interação social, o fonoaudiólogo juntamente
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 100

com os métodos terapêuticos vem proporcionando uma melhor qua-


lidade de vida para as crianças e aos pais. As intervenções visam re-
abilitar habilidades que se encontram em desordem e ajudar no dia a
dia da criança autista, buscando assim sua independência e autono-
mia. Deve-se mencionar a necessidade de mais estudos sobre esta
temática, pois a falta de conhecimento sobre o transtorno do espectro
autista é nítido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUTISTA, TrAnsTorno Do EspEcTro. Aquisição de linguagem e habili-


dades pré-requisitos em pessoas com transtorno do espectro autista.
Revista Di• no, v. 3, p. 36, 2012.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5- Manual
diagnósticos eestatístico de transtorno mentais. Artmed, 2014.
BARCELAR, Lucicleide; NASCIMENTO, Samara. Aquisição da lingua-
gem em crianças com transtorno do espectro autista. Revista: Atlante,
2018. Disponível em: file:///C:/Users/adm/OneDrive/%C3%81rea%20
de%20Trabalho/tcc%20objetivo%201%20erita/Aquisi%C3%A7%-
C3%A3o%20da%20linguagem%20em%20crian%C3%A7as%20
com%20transtorno%20do%20espectro%20autista%20(objetivo1).html
BASTOS, Juliana Camara; NETO, Jessica Vechani Alves; BREVE,
Patricia Pereira Simão. Intervenção fonoaudiológica precoce no de-
senvolvimento da linguagem no Transtorno do Espectro Autista: per-
cepção dos pais. Distúrbios da Comunicação, v. 32, n. 1, p. 14-25,
2020. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/
view/43059/31768
CUNHA, Patrick Rodrigues da et al. Transtorno do espectro autista:
principais formas de tratamento.2021. Disponível em: https://reposito-
rio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/17252/1/Transtorno%20
do% 20espectro%20autista%20principais%20formas%20de%20trata-
mento.pdf
CRUZ, Bruna; GOMES, Layanne. Intervenção fonoaudiológica em
crianças com transtorno do espectro autista. 2020 Disponívelem: ht-
tps://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/436/1/
TCC%20 Bruna%20e%20Layane.pdf
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 101

DA SILVA, Lucrecya Cena; DE LIRA, Kamila Lopes; DE FARIAS,


Ruth Raquel Soares. Abordagem fonoaudiológica na interven-
ção precoce em crianças com transtorno do espectro autista: revi-
são integrativa. Research, Society and Development, v. 10, n. 15, p.
e583101523353-e583101523353, 2021.
DA SILVA, Wanderson Mineiro; COELHO, Aracy Tereza Castelo Bran-
co. O processo de aquisiçao de linguagem para a criança com trans-
torno do espectro autista: artigo de revisão. Research, Society and De-
velopment, v. 10, n. 1, p. e15010111584- e15010111584, 2021. Dispo-
nível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/11584/10348
DELFRATE, Christiane de Bastos; SANTANA, Ana Paula de Oliveira;
MASSI, Giselle de Athaíde. A aquisição de linguagem na criança com
Autismo: um estudo de caso. Psicologia em Estudo, v. 14, p. 321-331,
2009.
DEFENSE-NETRVAL, Danielle Azarias; FERNANDES, Fernanda
Dreux Miranda. A oferta da terapia fonoaudiológica em locais de as-
sistência a indivíduos com Transtornos do Espectro do Autista (TEA).
In: CoDAS. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2016. p. 459-462.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/codas/a/Fxszync4qCG8DRN
yWFYcYXb/?lang=pt&format=html
DE MELO MIRANDA, Beatriz et al. DESAFIOS NO PROCESSO DE
ENSINO/APRENDIZAGEM NA ALFABETIZAÇÃO DE UMA CRIANÇA
COM TEA.
DE BARROS KÜESTER, Ana Maria; CASTELEINS, Vera Lúcia. A fo-
noaudiologia educacional e a escola: muito a fazer, muito a pensar,
muito a estudar. Revista Diálogo Educacional, v. 2, n. 4, p. 129-138,
2001.
GONÇALVES, Cláudia AB; DE CASTRO, Mariana SJ. Propostas de
intervenção fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da
literatura. Distúrbios da comunicação, v. 25, n. 1, 2013.
LINCOLN, Jessé; DE AGUIAR SOUSA, Cláudia Catão; DE FARIAS,
Ruth Raquel Soares. Benefícios da intervenção fonoaudiológica no
transtorno do espectro autista: Revisão de literatura. Research, So-
ciety and Development, v. 10, n. 6, p. e49610615550- e49610615550,
2021.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 102

PINTO, Graziela Costa. Doenças do cérebro : autismo/ Graziela Cos-


ta Pinto.- São Paulo: Duetto, 2010.
ROTA, Newra Tellechea; BRIDI FILHO, César Augusto; BRIDI, Fabia-
ne. Plasticidade cerebral e aprendizagem. Porto Alegre, Artmed, 2018.
TAMANAHA, Ana Carina; CHIARI, Brasilia M.; PERISSINOTO, Jacy. A
eficácia da intervenção terapêutica fonoaudiológica nos distúrbios do
espectro do autismo. Revista Cefac,v. 17, p. 552-558, 2015.
VELLOSO, Renata. Na intervenção fonoaudiológica é preciso avaliar
e tratar o quanto antes. Revista autismo, 2010.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 103

CAPÍTULO 7

HIDRATAÇÃO E HIGIENIZAÇÃO DA VOZ DO PROFESSOR

HYDRATION AND HYGIENIZATION OF THE TEACHER’S VOICE

Presley Araújo de Souza1


Raimunda Linda Holanda da Silva2
Aulisângela da Silva Queiroz3

RESUMO
A voz é um código da expressão da alma, um instrumento vital em-
pregado pelos docentes em sua função laboral. Contudo, a alta de-
manda vocal, bem como ambientes desfavoráveis e hábitos inadequa-
dos, prejudicam o aparelho fonador causando assim lesões larínge-
as. OBJETIVO: Esclarecer sobre a hidratação e higienização vocal do
professor, evidenciando de que forma as estratégias fonoaudiológicas
podem prevenir, ou amenizar patologias laríngeas nesses profissio-
nais. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de pesquisa bibliográfi-
ca com análise qualitativa, em que se abordaram técnicas promovedo-
ras de bem-estar vocal empregada em programas e ações apresenta-
das a esses profissionais. RESULTADOS: Revelaram, a significância
da intervenção fonoaudiológica, e sua premência nas prudências com
a voz dos docentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Neste cenário, ain-
da existem parâmetros a serem observados, bem como dissertações
probatórias sobre higiene vocal, legitimando evidências quanto às in-
terposições fonoaudiológicas executadas, evitando, o egresso dos do-
centes de suas funções laborais.
Palavras-Chave: Hidratação; Higienização; Prevenção; Voz; Profes-
sores.

1 Discente de fonoaudiologia da FAMETRO/AM – Email: presleyaraujo33@gmail.com


2 Discente de fonoaudiologia da FAMETRO/AM – Email: raylinda.holanda.s@gmail.com
3 Docente/Orientadora de TCC do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/
AM
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 104

ABSTRACT
The voice is a code for the expression of the soul, a vital instrument
used by teachers in their work. However, the high vocal demand, as
well as unfavorable environments and inappropriate habits, harm the
vocal apparatus, thus causing laryngeal lesions. OBJECTIVE: To
clarify the hydration and vocal hygiene of the teacher, showing how
speech- language pathology strategies can prevent or alleviate laryn-
geal pathologies in these professionals. METHODOLOGY: This is a
bibliographic research study with qualitative analysis, in which tech-
niques that promote vocal well-being were used in programs and ac-
tions presented to these professionals. RESULTS: They revealed the
significance of the speech therapy intervention, and its urgency in the
prudence with the teachers’ voice. FINAL CONSIDERATIONS: In this
scenario, there are still parameters to be observed, as well as eviden-
tiary dissertations on vocal hygiene, legitimizing evidence regarding
the speech- language pathology interpositions performed, preventing
the professors from leaving their work functions.
Key words: Hydration; Sanitation; Prevention; Voice; Teachers

INTRODUÇÃO

A voz é considerada um dos mais poderosos meios de interação


humana, sendo a principal ferramenta de trabalho utilizada pelos dos pro-
fessores. A saber, evidências epidemiológicas executadas em todo o ter-
ritório brasileiro, com o fim de estabelecer as estimativas de prevalências
válidas para os distúrbios da voz do professor, distinguiu que 63% dos
profissionais relataram ter experienciado transtornos vocais no decurso
da vida (ROCHA et al. 2017). Com isso, é crucial o influxo fonoaudiológi-
co nas práticas de hidratação e higienização da voz desses profissionais.
Para um esclarecimento aprimorado, as evidências desse en-
saio, norteou os paradigmas que concretizam prospectos com o intuito
de viabilizar o bem-estar na voz do professor. Contudo, nesse viés, um
dos poréns que emerge dessas descobertas está contida na seguinte
pergunta: será que a prática de hidratação e higienização estabeleci-
da e cumprida por esses professores, amenizarão os riscos de lesões
laríngeas, prevenindo-os do afastamento do exercício profissional?
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 105

Conforme Behlau; Pontes P. e Oliveira, (2009), descreveram


ser retratados na literatura, métodos que objetivam promover saúde
vocal, melhorando a eficácia comunicativa, evitando lesões no tecido
e na mucosa dos órgãos fonoarticulatórios.
Contudo, existem opositores da boa emissão vocal. Tendo em
mente a real urgência, Behlau M, Pontes P, Moreti F. (2017), salien-
taram a relevância dos hábitos saudáveis, em que estão intimamente
conectados a saúde e higiene da voz, como a ingestão de água, a re-
alização de exercícios antes e após o uso da fonação de forma inten-
sa, alimentação saudável e evadindo “práxis” impróprios. Ora, de for-
ma aplicada, recorreu-se ao estudo onde a investigação intencionou-
-se em “esclarecer sobre a hidratação e higienização da voz do pro-
fessor.” Dessa forma, a presente pesquisa apresenta as estratégias
nas diligências fonoaudiológicas, que quando aplicadas de forma ade-
quada, previne ou amenizam riscos de irregularidades laríngeas nes-
sa classe de profissionais da voz.
Destarte, é lícito conceituar que a hidratação e higienização
são medidas que promovem saúde vocal, sendo cruciais para estes
profissionais expostos em exercício de sua função laboral.

VOZ PROFISSIONAL DOS PROFESSORES

Estudos anteriores exploraram as relações entre voz profissio-


nal e professores. Nos últimos anos, houve uma quantidade crescen-
te de literatura sobre o tema em questão, possivelmente isto deve-se a
grande demanda de docentes com distúrbios vocais. À vista disso, na
perspectiva de Przysiezny & Przysiezny (2015) relataram ser a voz um
operante verbal empregada pelo professor, como meio de comunicação
oral utilizada como instrumento de trabalho. Decerto, a voz profissio-
nal lhe proporciona expressão na, [...] transmissão de conhecimentos e
sentimentos, bem como para enriquecer seu discurso, com a fonação
inteligível, melhor será a compreensão dos discentes (ANDRIOLLO, et
al., 2020; CIELO, et al., 2014; CIELO, RIBEIRO & BASTILHA, 2015;
CIELO, RIBEIRO & HOFFMANN, 2015; SIQUEIRA, et al., 2016).
À vista disso, Capucho (2017), descreveu que, a voz desempe-
nha um papel vital, no exercício profissional, podendo facilitar ou pre-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 106

judicar o entendimento da mensagem, podendo ainda influenciar ou


não na credibilidade e na eficácia da oralidade.
Para Ceballos et al., (2011) a voz é o elo que uni o falante com
seu público. Portanto, o professor é um profissional em que utiliza a
voz como instrumente de trabalho, mesmo existindo outros meios de
contato com os alunos. A voz, neste sentido, é uma ferramenta vital e
causadora de grande impacto nas relações ensino- aprendizagem, é
por meio dela (voz) que o educador transmite conhecimentos e “torna
audível o ato da fala” (FONTANA, 2011, p. 3).

AS PRINCIPAIS DOENÇAS LARÍNGEAS DECORRENTES DO FO-


NOTRAUMA.

Ao longo dos anos diversos pesquisadores avaliaram os impac-


tos causados devido à hábitos inadequados da voz. Com isso, Colton
R.H., et al., (2010); Cardim KC, Behlau M e Zambon F. 2010; Neto SC
et al., (2011). afirmaram que os principais distúrbios laríngeos causados
por fonotrauma encontradas em professores são: nódulos, pólipos, ede-
ma de Reinke, cistos e sulcos vocais. É nesse local, onde ocorre maior
amplitude de vibração, correspondendo ao maior atrito das pregas vo-
cais durante a emissão de voz (NETO SC, JUNIOR JFM, MARTINS
RHG, COSTA SS. 2011). Com isso, observou-se que a presença de dis-
fonia em docente do ensino infantil persiste em comparação a estudos
com professores de outros níveis de ensino. O resultado pode ser expli-
cado pela maior demanda vocal, e ao nível de ruído (SILVA et al., 2017).
Conforme Lima-Silva MFB., (2012) descreveu que a rouquidão, pigar-
ro, tosse persistente, fadiga vocal, garganta seca, dificuldade de proje-
tar a voz, dor ao falar e variação na emissão vocal são as afecções vo-
cais mais habituais em docentes. De certa forma, esses fatores geram
incapacidade na utilização da voz como instrumento de trabalho, [...],
segundo outros estudos, revelam a prevalência de um problema de voz
ao longo da vida profissional é significativamente maior entre o grupo de
professores (57,7%) em comparação com outros profissionais (28,8%)
(VALENTE et al., 2015 e PANIAGUA, et al., 2020).
Contudo, entre os fatores causais estão: [...], “hábitos associa-
dos ao fumo, condicionador de ar (ambos ressecam a mucosa da la-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 107

ringe), bebida alcoólica, poeira, alergias respiratórias, estresse, ruído


competitivo e predisposição genética propiciam o surgimento de pato-
logias laríngeas, que podem prejudicar ou até mesmo impedir a atua-
ção profissional” (IJUIM, 2015). Nesse viés, é vital a ingestão de água
em intervalos menores, para favorecer a reposição de líquidos do or-
ganismo (BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo; MORETTI, 2017).

ORIENTAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS NA SAÚDE VOCAL DOS


PROFESSORES.

No que diz respeito as orientações de hidrataçãoe higienização


vocal do professor, são propostas técnicas fonoaudiológicas preventi-
vas e fundamentais [...] Dentre elas, estão inclusas algumas técnicas
posturais, relaxamento e que auxiliam na produção vocal (BEHLAU M,
ZAMBON F, MADAZIO G. 2014). Indubitavelmente, a hidratado ade-
quada é crucial ao desempenho vocal. A literatura varia quanto à in-
dicação de consumo de água: 2,5 a 3 litros de água ao dia o que cor-
responde de 10 a 12 copos de 250ml. (BEHLAU 2013). Em consenso,
Van wyk et al., (2016) acrescentaram que a laringe bem hidratada fica
protegida contra atritos da fonação, ocasionados por exorbitâncias vo-
cais,com isso minimizam efeitos nocivos a voz.
De acordo com Tanner K, et al., (2010) observaram que a ne-
bulização utilizada após a desidratação da mucosa laríngea é capaz
de reduzir o índice de pressão fonatória. Diminuindo o esforço e o sin-
toma da secura no trato vocal (VERMEULEN R. et al., 2020). Melho-
rando a qualidade vocal (MAHALINGAM S, BOOMINATHAN P. 2016;
SANTANA ÉR, MASSON MLV, ARAÚJO TM.2017; MASSON MLV, DE
ARAÚJO TM. 2018). De acordo com Paes (2013), os exercícios reali-
zados em tubos, [...], age como um modificador na vibração das pre-
gas vocais, deixando esta movimentação mais confortável. Observa-
ram ainda que a execução destes exercícios provoca modificação na
impedância acústica na região do trato vocal, fenômeno que cria resis-
tência a um sistema de fluxo de energia, deixando a voz mais fluída e
sem esforços durante a fonação (CIELO et al., 2013).
Em relação as orientações de cuidados vocais dos professo-
res relataram Caporossi & Ferreira, (2011) que falar muito, falar em
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 108

lugar aberto, gritar, fumar, falar carregando peso, e ingerir bebida al-
coólica, são hábitos que podem interferir de forma negativa na produ-
ção da voz. Sob o mesmo ponto de vista, com outros estudos (AMA-
RAL, ZAMBON et al., 2017; BASTOS & HERMES, 2018; CHRIST-
MANN, CIELO et al., 2017; PASCOTINI, RIBEIRO et al., 2015). Ora,
Hábitos comuns como pigarrear não é recomendável visto que esse
gesto é uma agressão às (PPVV), podendo favorecer o aparecimen-
to de lesões laríngeas (BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo; MORET-
TI, 2017). Visto que, pigarrear pode oferecer a sensação de “limpar”
a laringe, entretanto, contudo, esse gesto é uma agressão às pre-
gas vocais, podendo favorecer o aparecimento de lesões (BEHLAU,
Mara; PONTES, Paulo; MORETTI, 2017). Ao contrário, hábitos sau-
dáveis como: o consumo de frutas cítricas e a maçã, [...] promove a
higienização da cavidade oral, refinando a ressonância da voz (ZOU
et al., 2016). Outra técnica favorável ao docente é o uso do amplifi-
cador de voz principalmente em locais abertos, no entanto, é impor-
tante consultar um fonoaudiólogo visto que, uma vez que não houver
um bom retorno do som, pode-se inclusive haver um esforço maior
do trato vocal (MIDORIKAWA, S.K.; RODRIGUES, E.V., 2020). A am-
plificação é uma estratégia protetora eficaz (GONÇALVES; SOUZA;
MASSON, 2014). Contudo, outra forma de estratégias são os exercí-
cios de aquecimento e de desaquecimento vocal atuam como medi-
das profiláticas para melhorar a eficiência vocal e prevenir a eclosão
de lesões laríngeas decorrentes dos abusos vocais, tornando-se vi-
tais para os sujeitos que utilizam bastante a voz em sua função labo-
ral (MASSON ML et al., 2013).
Nas ações fonoaudiológicas em saúde vocal docente é preciso
ampliar a percepção e análise dos determinantes do processo saúde-
-doença vocal de professores, deslocando o eixo patologia/tratamen-
to para saúde/promoção e incorporando os aspectos do cotidiano e da
qualidade de vida que relacionam-se à voz e à saúde vocal (Penteado
RZ, Ribas TM. (2011). Com isso, uma vez ampliados os propósitos fo-
noaudiológicos, as oficinas e os grupos de vivência de voz, pode tor-
nar o espaço social possível para as intervenções proporcionando me-
lhor qualidade de vida à voz de professores (Ribas TM, et al., 2012).
Para Pacheco, e Ferreira, (2014) a intervenção aplicada a voz do do-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 109

cente pode ser igualada a um “medicamento” e portanto, dominando


essa temática, seria como entender a sua “composição”.

METODOLOGIA DE PESQUISA

A vigente pesquisa trata-se de um estudo descritivo com aná-


lise qualitativa. com isso, realizou-se observações bibliográficas em
que a investigação direcionou-se as plataformas: Google acadêmico,
Lilacs, SciELO, que envolvem periódicos, artigos científicos já funda-
mentados, revistas científicas e livros especializados publicados no
período de 2010 a 2021 que envolvem o tema apresentado. Foram in-
cluídos artigos “online” à disposição que abordassem técnicas promo-
vedoras de bem-estar vocal empregada em programas e ações apre-
sentadas a esses profissionais. Para filtragem documentais obede-
cento os critérios de inclusão na qual os meios de pesquisa serão em
língua portuguesa, inglesa, sendo os critérios de exclusão tudo o que
não estiver ligação com o tema em questão.

RESULTADOS

A voz é o elemento fundamental para o professor. Com isso,


há uma extrema necessidade desses profissionais terem conhecimen-
to a respeito da atenção fonoaudiológica na prevenção de doenças la-
ríngeas. Considerando a necessidade preventiva da saúde vocal des-
ses profissionais, elaborou-se o quadro onde reuniu obras específicas
a respeito dessas providências, bem como as estratégias que perme-
arão a saúde desses profissionais.

Quadro 1. Medidas de prevenção a saúde vocal dos professores.


OBRA AUTORES ANO RESULTADOS
A hidratação é favorável as con-
Márcia do Amaral Si-
dições orgânicas e funcionais
queira, Gabriele Rodri-
Hidratação vocal em da laringe, ter hábito saudáveis
gues Bastilha, Joziane
profissionais e futuros 2016 é relevante para manter a qua-
Padilha de Moraes
rofissionais da voz. lidade vocal, sobretudo para os
Lima,Carla Aparecida
profissionais da voz que apre-
Cielo.
sentam maior demanda vocal.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 110

Alimentação como fa- Uma alimentação saudável, são


tor relevante à saúde benéficos a produção vocal,
vocal: alimentos que Vanessa Sequeira Fon- que promove uma vibração das
proporcionam efei- tes e Cristiane Gonçal- 2016 PPVV suficiente, reduzindo a
tos benéficos e malé- ves de Oliveira. secreção na mucosa, como fru-
ficos para a produção tas cítricas e os alimentos ads-
da voz. tringentes.

Aquecimento e desa- Os resultados obtidos indicam


Maria Lúcia Vaz Mas-
quecimento vocal em potencial proteção para a voz de
son, Eliana Maria Gra-
professores: estudo 2018 professores, podendo ser incor-
dim Fabbron, Camila Mi-
quase experimental porados no cotidiano de traba-
randa Loiola-Barreiro.
controlado lho docente.

Mostraram melhora na qualida-


Autopercepção do de vocal, conforto vocal e hidra-
efeito da hidratação Emile Rocha Santana, tação das pregas vocais. Melho-
direta na qualidade Tânia Maria de Araú- ra moderada dos sintomas vo-
2018
vocal de professores: jo Maria Lúcia Vaz Mas- cais, voz mais clara e facilidade
um estudo de inter- son. ao falar, intensa credibilidade na
venção. intervenção e intensa adesão a
intervenção.

As ações de educação em saú-


Educação Permanen-
Valdir França de Macê- de vocal foram positivas, com
te em Saúde: prepara-
do Filho, Patrícia Larisse 2020 técnicas adequadas, houve
ção vocal para o pro-
Alves de Sousa grande contribuição para a saú-
fessor.
de do professor.

As estratégias fonoaudiológicas
Rayane Medeiros dos
Estratégias fonoaudio- são bem diversificadas, cons-
Santos, Mylena dos
lógicas para promo- tatou-se que os programas são
Santos Cavalcante, Va-
ção da saúde vocal do 2021 eficazes e permitem uma melhor
nessa ernandes De Al-
professor: revisão in- performance vocal ao professor,
meida Porto, Edna Pe-
tegrativa da literatura. notadamente, por meios de es-
reira Gomes de Morais.
tratégias diretas e indiretas.

Edine Dias Pimentel Go-


mes, Maria do Socor-
Os resultados apontados neste
ro de Sousa, Maria Pe-
estudo permitiram identificar que
trília Rocha Fernandes,
Programa cuidando do os docentes reconhecem que o
Karlla da Conceição Be-
mestre: a percepção Programa Cuidando do Mestre
zerra Brito Veras, Fran-
dos professores da 2022 mostrou-se benéfico, sendo as
cisca Emanuelle Sales
rede pública do muni- intervenções inseridas na roti-
Eugênio Bezerra, Naya-
cípio de Sobral-CE. na diária e ainda, sugeriram mu-
ra Machado M.Ponte,
danças para planejamento futu-
Cynira Kezia Rodrigues
ro de novas práticas.
Ponte Sampaio, Francis-
ca Alanny R. Aguiar.
Fonte: autores (2022)
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 111

DISCUSSÃO

Algumas ideias com foco em hidratação e higienização da voz


do professor, foram propostas com o intuito de esclarecer de que for-
ma as ações fonoaudiológicas podem prevenir, ou amenizar distúr-
bios vocais.
No que conserne sobre a efetivação de hidratação e higieni-
zação da voz do professor, um estudo feito por Siqueira et al. (2016)
contribuíram ao descrever que uma maior ingestão de água nas pre-
gas vocais causam diminuição da pressão fonatória, reduzindo cança-
ço na voz, tendo a hidratação adequada como uma medida favorável
as condições orgânicas e funcionais da laringe. Por outro lado, Fontes
e Oliveira (2016) constataram que algumas ações como: ingerir bebi-
das geladas e gaseificadas, alcoólicas em excesso, destiladas, deri-
vados do leite, café, fumar, gritar, hábitos de posturais inadequadas,
automedicação, ambientes com ar seco, o consumo de alimentos gor-
durosos, condimentados, sedentarismo, entre outros, podem impedir
a eficiência vocal desses docentes, fato este que tem significativas im-
plicações para esses profissionais, sendo esses hábitos não recomen-
dável, principalmente para profissionais da voz. Dessa forma, no que
diz respeito a uma voz mais harmoniosa e brilhante foi que Siqueira et
al., (2016) descreveram ser indispensável a ingestão de água, poden-
do variar de 2,5 a 3 litros de água ao dia. Fontes e Oliveira (2016) a la-
ringe hidratada, fica protegida contra o atrito da fonação, diminuindo
as implicações do abuso vocal. minimizando ocorrências de egressão
das incumbências laborais desses docentes. À vista disso, um estu-
do de Santos et al., (2021) indicaram técnicas de hidratação laríngea,
como a inalação com soro fisiológico (direta), e a ingestão de água ou
eletrólitos (indireta), em que quando realizadas de forma harmoniza-
da, os seus desfechos são mais eficiêntes. De certo, as pregas vocais
quando hidratadas com soro fisiológico (NaCl 0,9%) apresentam uma
melhor eficácia. Santana et al., (2018) constataram a redução de pa-
tologias vocais, facilitando a fala, com pouco esforço, diminuindo a fa-
diga na voz e da desidratação da laringe.
Outra forma de prevenção é manter uma dieta saudável, se-
gundo Fontes e Oliveira (2016), são indispensáveis para o bem-estar
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 112

vocal as frutas cítricas e a maçã, pois, promovem a higienização da


cavidade oral, refinando a ressonância da voz. Em conformidade com
o exposto, Gomes et al., (2022) complementaram que a maçã além de
hidratar, proporciona limpeza da boca e da faringe, e cinesia motora
da mastigação, auxilia na articulação das palavras, melhorando a qua-
lidade vocal. Também, o mel de abelha contribui para melhora da voz
pois tem ação lubrificante.
O estudo de Santos et al., (2021) frisaram ser de suma impor-
tância as técnicas de, condutas teóricas, onde envolvem as orienta-
ções para um melhor conhecimento de anatomofisiologia e saúde vo-
cal, somada as práticas de aquecimento (AV) e desaquecimento vo-
cal (DV), relaxamento, ressonância com a respiração adequada e pro-
jeção da voz dos professores. Para Masson et al., (2018) a realização
de exercícios de 15 a 30 minutos (AV), e 5 a 15 minutos, e para o (DV),
são suficientes para harmonizar a voz, e prevenir o desgaste do apa-
relho fonador. Gomes et al., (2022) complementa que o silêncio total
por 5 minutos (mínimo) é um dos métodos de (DV). Conforme os ex-
postos já mencionados acima, Santos et al., (2021) relataram serem
opções favoráveis a saúde vocal, as práticas de exercícios posturais,
cabeça, pescoço e coluna cervical ajustado, exercícios labiais e lin-
gual, resultam numa boa ressonância para projetar a voz de forma efi-
caz, relaxando, melhorando a respiração, modulação e expressivida-
de verbal e não verbal. Conforme, Gomes et al., (2022) relataram, que
deve-se evitar trajes que implicam o bom desempenho do aparelho fo-
nador. Contudo, Filho e Sousa (2020) consideraram a voz, o corpo e
o ambiente como três pontos vitais intimamente relacionados com a
saúde vocal do docente.
Considera-se, mediante a tudo que foi exposto neste estudo,
que as evidências apontaram para a existência de vários formas de in-
tervenções com estratégias suficientes tendo como principal diretiva a
hidratação e higienização da voz do professor. À vista disso, Santos
et al., (2021) caracterizaram que a percepção e verificação dos efei-
tos dessas intervenções, bem como a análise, seus desfechos, con-
sente uma alternativa mais eficiente de estratégias aplicadas pelos fo-
noaudiólogos, evidenciando à sua eficácia. Entre os autores ficou níti-
do que a hidratação e higienização vocal são recursos benéficos para
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 113

a saúde da voz dos professores. Neste sentido a presença do fonoau-


diólogo nesse contexto é de suma relevância para a prevenção e pro-
moção da saúde vocal desses profissionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O atual estudo apoiado nos indicativos permitiu identificar uma


diversidade de intervenções com estratégias utilizadas nos programas
e ações de hidratação e higiene vocal para docentes. Com uma hete-
rogeneidade quanto a profusão de variações de técnicas, observou-
-se presença de melhorias nos placares de avaliação da voz dos pro-
fessores. Portanto, é peremptório que o fonoaudiólogo esteja inserido
também no ambiente escolar, junto ao trabalhador no decurso prolífe-
ro direcionado a promoção de saúde da voz, prevenindo futuros pato-
logias laríngeas.
Portanto, o fonoaudiólogo é um contributo notável para verifi-
car, entender e aperfeiçoar as circunstâncias do ofício desses docen-
tes, no que diz respeito as competências vocais.
A temática foi abrangente e catedrática por autores competen-
tes, de forma magnífica, ampla e ante a ótica de profusos pontos de
vista. Com isso, foi possível observar que as ações de hidratação e hi-
giene vocal foram proficientes, conduzindo os professores a reflexão
no que diz respeito aos cuidados com a voz.
Dado o exposto, espera-se que esse artigo consiga aprimo-
rar a sensibilidade dos docentes a respeito de hábitos saudáveis pro-
movendo saúde vocal. Para estudos subsequentes preconizou-se di-
ligências dedicadas as atividades e diretrizes fonoaudiológicas relati-
vas a programas e ações, com orientações utilizando meios de hábi-
tos saudáveis para precaver possíveis patologias laríngeas. Propõe-
-se ainda pesquisas, que tenha em vista expandir o saber sobre os pa-
râmetros da voz do professor no âmbito laboral e as perspectivas de
conduta fonoaudiológica, não como um simples capricho, mas como
sendo vital para o bem-estar desses profissional.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Amaral, A. C., Zambon, F., Moreti, F., & Behlau, M. (2017). Descon-
forto do trato vocal em professores após atividade letiva. CoDAS,
29(2), e 2016 0045.10.
Andriollo, D. B., Bresolin, F. A., Frigo, L. F., & Cielo, C. A. (2020). Trei-
namento fisioterapêutico intensivo do centro de força corporal:
estudo de uma profissional da voz. Research, Society and Develo-
pment, 9(3), e146932550. 10.33448/rsd-v9i3.2550.
BASTOS, P.R.H.O.; HERMES, E.G.C. (2018). Prevalência de sinto-
mas vocais em professores na rede municipal de ensino em Cam-
po Grande/MS. Revista CEFAC. v. 17, n. 5, p. 1541 – 1555.
Behlau M, Pontes P, Moreti F. Higiene vocal - cuidando da voz. 5ª ed.
Rio de Janeiro: Revinter, 2017.
Behlau M, Zambon F, Madazio G. Managing dysphonia in occupational
voice users. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg. 2014;22(3):188-
94.
Behlau M. Disfonias funcionais e difonias organofuncionais. In:
Voz: o livro do especialista; 2 ed. Rio de Janeiro. Revinter. 2010. p.
247- 83.
Behlau M. Voz: O livro do especialista. Vol 1. 3ª ed. Rio de Janeiro: Re-
vinter; 2013.
BEHLAU, M.; PONTES, P. Higiene vocal: cuidando da voz. 4° ed.
Rio de Janeiro: Revinter, 2009.
BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo; MORETTI, Felipe. Higiene Vocal:
cuidando da voz. 5º ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2017.
CABRAL, R. Exercício de fonação em canudo comercial: estraté-
gia protetora da voz em professores. 2016. Dissertação (Mestrado em
Saúde, Ambiente e Trabalho) - Faculdade de Medicina da Bahia, Uni-
versidade Federal da Bahia, Salvador.
Caporossi C, Ferreira LP. Sintomas vocais e fatores relativos ao es-
tilo de vida em professores. Rev CEFAC. 2011;13(1):132-9. http://
dx.doi.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 115

Capucho, M. C. P. (2017). Avaliação multidimensional na voz profissio-


nal. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Universi-
dade Nova de Lisboa, Portugal.
CARDIM KC, BEHLAU M, ZAMBON F. Sintomas vocais e perfil de pro-
fessores em um programa de saúde vocal. Rev. CEFAC. 2010; Set-
-Out; 12(5): 811-819.
CEBALLOS, A.G.C. et al. Avaliação Perceptivo-auditiva e Fatores
Associados à Alteração Vocal em Professores. Revista Brasileira
de Epidemiologia, v.14, n.2, p.285-95, 2011.
Christmann, M. K., Cielo, C. A., Scapini, F., & Bastilha, G. R. (2017). Con-
trolled and randomized clinical trial of intensive shortterm voice the-
rapy with finger kazzo technique in teachers. Audiology-Communica-
tion Research, 22(e1791): 1-12. 10.1590/2317-6431-2016-1791.
Cielo CA, Lima JPM, Christmann MK, Brum R. Exercícios de trato vo-
cal semiocluído (ETVSO): revisão de literatura. Rev. CEFAC. 2013,
vol.15, n.6, pp. 1679-1689.
Cielo Carla Aparecida, Lima Joziane Padilha de Moraes, Christmann
Mara Keli, Brum Ricardo. Exercícios de trato vocal semiocluído: re-
visão de literatura. Rev. CEFAC 2013 Dec 15 (6): 1679-1689. • Ghirar-
di ACAM, Ferreira LP. Oficinas de voz: reflexão sobre a prática fonoau-
diológica DistúrbComun, 2010 São Paulo, 22(2): 169-175.
Cielo, C. A., Christmann, M. K., Ribeiro, V. V., Hoffmann, C. F., Padi-
lha, J. F., Steidl,
E. M. S., & Frigo, L. F. (2014). Musculoskeletal stress syndrome,
extrinsic laryngeal muscles and body posture: theoretical con-
siderations. Revista CEFAC, 16(5), 1639-1649. 10.1590/1982-
0216201410613.
Cielo, C. A., Ribeiro, V. V., & Bastilha, G. R. (2015). Medidas vo-
cais espectrográficas, queixas vocais e dados ocupacionais
de professoras do ensino fundamental. Distúrbios da Comunica-
ção, 27(1), 129-137. https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/
view/19582/16986.
Cielo, C. A., Ribeiro, V. V., & Hoffmann, C. F. (2015). Sintomas vo-
cais de futuros profissionais da voz. Revista CEFAC, 17(1), 34-
43.10.1590/1982-0216201517013.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 116

COLTON RH, CASPER JK, LEONARD R. Compreendendo os pro-


blemas da voz. Rio de Janeiro: Revinter; 2010.
FILHO, V.F.M.; SOUSA, P.L.A. Educação Permanente em Saúde: pre-
paração vocal para o professor. Distúrbios da Comunicação, São
Paulo, 32(3): 517-522, setembro, 2020. https://doi.org/10.23925/
2176-2724.2020v32i3p517-522.
FONTANA, Marilea. Voz: avaliação e terapia. Passo Fundo, 2010.
(Polígrafo de disciplina). Avaliação e terapia da voz. Passo Fundo,
2011. (Polígrafo de disciplina).
FONTES, V.S.; OLIVEIRA, C.G. Alimentação como fator relevante à
saúde vocal: alimentos que proporcionam efeitos benéficos e maléfi-
cos para a produção da voz. HU Revista, Juiz de Fora, v. 42, n.1, p.
19-25, jan./jun. 2016.
GOMES, E.D.P. et al. Programa cuidando do mestre: a percepção
dos professores da rede pública do município de Sobral-CE. Rese-
arch, Society and Development, v. 11, n. 5, e13511527917, 2022
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-
-v11i5.27917
Gonçalves CGO, Tiveron M, Masson MLV. Saúde do trabalhador e fo-
noaudiologia: perspectivas e desafios. In: Marchesasn IQ, Silva HJ,
Tomé MC. Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia. Gen/
Roca: São Paulo, 730-36p., 2014.
GRILLO, M. H. M. M. The impact of a vocal improvement cour-
se in a speech language and hearing science prevention context.
Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 16, n. 2,
p. 159-168, maio-ago. 2004. http://dx.doi.org/10.1002/lary.25933.
PMid:26972609. http://lattes.cnpq.br/9740377303322141
IJUIM, Jaqueline. Seja amigo de sua voz. Cuide dela! São Paulo, 23
de abril de 2007. <http://www.fonosp.org.br/noticias/clipping/seja-ami-
go-da-sua-vozcuide-dela/> 11/maio/2015. ISBN 978-85-249-2520-7.
Lima-Silva MFB, Ferreira LP, Oliveira IB, Silva MAA, Ghirardi ACAM.
Distúrbio de voz em professores: autorreferência, avaliação per-
ceptiva da voz e das pregas vocais. Rev Soc Bras Fonoaudiol.
2012;17(4):391-7.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 117

LITERATURA; SAÚDE VOCAL para professores EBTT Suzan Keiko


Midorikawa, Elisângela Valevein Rodrigues – Curitiba: Instituto Fede-
ral do Paraná, 2020. – 38 p.: iL color.Livro: Distúrbio de Voz Relacio-
nado ao Trabalho: Conquistas e Desafios na América Latina. ISBN
978-65-997606-0-0.
Mahalingam S, Boominathan P. Effects of steam inhalation on voice
quality-related acoustic measures. Laryngoscope. 2016;126(10):2305-9.
MASSON M.L.V. et al. Aquecimento e desaquecimento vocal em
professores: estudo quase experimental controlado. Article in Co-
DAS dezembro 2018;31(4): e 20180143. DOI: 10.1590/2317-
1782/20182018143.
MIDORIKAWA, S.K.; RODRIGUES, E.V. Saúde vocal para professo-
res EBTT – Curitiba: instituto Federal do Paraná, 2020. – 38 p.:Ii. Co-
lor.
Moreti, F., Zambon, F., & Behlau, M. (2014). Voice symptoms and vocal
deviation self-assessment in different types of dysphonia. Codas,
26(4), 331–333. https://doi.org/10.1590/2317-1782/201420130036
Neto SC, Junior JFM, Martins RHG, Costa SS. Voz profissional. In:
Tratado de otorrinolaringologia e cirurgia cervicofacial; 2 ed. São Pau-
lo: Roca. 2011. p.429-43.
Paes SM, Zambon F, Yamasaki R, Simberg S, Behlau M. Immediate
Effects of the Finnish Resonance Tube Method on Behavioral Dyspho-
nia. J Voice. 2013, Nov; 27(6): 717-722
PACHECO, D.I. e FERREIRA, L.P. Impacto de um programa de orien-
tação vocal na melhoria de parâmetros acústicos e perceptivos da voz.
Revista Distúrbios da Comunicação, 2014, 26(4).
Paniagua, M. S., Pérez, C. J., Calle-Alonso, F., & Salazar, C. (2020).
An Acoustic- Signal-Based Preventive Program for University
Lecturers’ Vocal Health. Journal of Voice, 34(1), 88–99. https://doi.
org/10.1016/j.jvoice.2018.05.011.
Pascotini, F., Ribeiro, V. V., & Cielo, C. A. (2015). Voz de professoras
do ensino fundamental com queixas vocais de diferentes redes
de ensino. Distúrbios da Comunicação, 27(1), 138-150.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 118

Penteado RZ, Ribas TM. Processos educativos em saúde vocal do


professor: análise da literatura da Fonoaudiologia brasileira. Rev. So-
cial Brasileira Fonoaudiológica. 2011;16(2):233-9.
Przysiezny, P. E., & Przysiezny, L. T. S. (2015). Work-related voice
disorder. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, 81(2), 202–211.
Ribas TM, Penteado RZ, Garcia-Zapata MTA. Qualidade de vida rela-
cionada à voz de professores: uma revisão sistemática exploratória da
literatura. Rev. Cefac. 2012. no prelo.
Rocha, L. M., Lima Bach, S., Amaral, P. L., Behlau, M., & de Mat-
tos Souza, L. D. (2017). Risk Factors for the Incidence of Percei-
ved Voice Disorders in Elementary and Middle School Teachers.
Journal of Voice, 31(2), 258.e7-258.e12. https://doi.org/10.1016/j.jvoi-
ce.2016.05.018.
SANTANA, E.R. et al. Autopercepção do efeito da hidratação direta
na qualidade vocal de professores: um estudo de intervenção. Re-
vista CEFAC. 2018 Nov-Dez; 20(6):761-769. Doi: 10.1590/1982-
021620182068418.
SANTOS R.M. et al. Estratégias fonoaudiológicas para promoção da
saúde vocal do professor: revisão integrativa da literatura. Centro de
Ciências da Saúde, Núcleo de Propedêutica e Terapêutica da Univer-
sidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) Revista
Ciências e Saúde. 2021;11(1):51-60 e-ISSN 2236-385.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico.
24º. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2017.
SILVA, A.G.T. Efeitos do uso do amplificador de voz em docentes.
2015. Dissertação (Mestrado em Saúde, Ambiente e Trabalho) - Facul-
dade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
Silva, B. G., Chammas, T. V., Zenari, M. S., Moreira, R. R., Samelli, A.
G., & Nemr, K. (2017). Análise de possíveis fatores de interferên-
cia no uso da voz durante atividade docente. Revista de Saúde Pú-
blica, 51, 124.
Siqueira, M. A., Bastilha, G. R., Lima, J. P. M., & Cielo, C. A. (2016).
Hidratação vocal em profissionais e futuros profissionais da voz. Re-
vista CEFAC. 2016 Jul-Ago; 18 (4): 908-914. DOI: 10.1590/1982-
0216201618417415.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 119

Tanner K, Roy N, Merrill RM, Muntz F, Houtz DR, Sauder C, et al.


Nebulized isotonic saline versus water following a laryngeal desicca-
tion challenge in classically trained sopranos. J Speech Lang Hear
Res. 2010;
Valente, A. M. S. L., Botelho, C., & Silva, A. M. C. da. (2015). Distúrbio
de voz e fatores associados em professores da rede pública. Revis-
ta Brasileira de Saúde Ocupacional, 40(132), 183–195. https://doi.
org/10.1590/0303-7657000093814.
VAN WYK, L.; et al. The effect of hydration on the voice quality of futu-
re professional vocal performers. Journal of Voice,v. 16, 2016.
Vermeulen R, van der Linde J, Abdoola S, van Lierde K, Graham
MA.The Effect of superficial hydration, with or without systemic hydra-
tion, on voice quality in future female professional singers. J Voice.
2020; In press.
ZOU, Z.; et al. Antioxidant activity of Citrus fruits. Food Chemistry,
v. 196, p. 885- 96, 2016.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 120

CAPÍTULO 8

ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM IDOSOS AFÁSICOS


EXPRESSIVOS: INTERVENÇÃO E MÉTODOS

SPEECH THERAPY IN AN EXPRESSIVE APHASIC ELDERLY PATIENT:


INTERVENTION AND METHODS

Ana Paula Moura de Souza1


Andreza dos Santos do Casal2
Neuza Silva Campos3
Aulisangela da Silva Queiroz4

RESUMO
A afasia de broca é definida como um distúrbio de linguagem, resultado
de uma lesão neurológica, grande parte do seu público alvo são os ido-
sos, devido uma grande incidência de lesões neurológicas nesta faixa
etária. A ocorrência neurolinguística altera o papel do idoso na sociedade
devido o comprometimento da linguagem, ocasionando consequências
psicossociais. OBJETIVO: Mostrar as intervenções, métodos e as princi-
pais funções do fonoaudiólogo na reabilitação da linguagem do idoso afá-
sico. METODOLOGIA: Revisão de literatura, com dados extraídos de ar-
tigos publicados no Google Acadêmico e Scielo sobre o impacto da afa-
sia na vida do idoso e a reabilitação da linguagem. RESULTADO: Foram
consultadas 13 obras onde foi possível encontrar intervenções e métodos
fonoaudiológicos aplicados em idosos afásicos expressivos. CONCLU-
SÃO: O início da intervenção fonoaudiológica é primordial para a evolu-
ção do quadro do idoso afásico expressivo e a aplicação dos métodos te-
rapêuticos ajudam na reestruturação da linguagem.
PALAVRAS-CHAVE: Afasia; Broca; Linguagem; Idoso; Fonoterapia
1 Discente do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM. E-mail: anapaula-
mou7@gmail.com
2 Discente do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM. E-mail: andreza.
docasal@gmail.com
3 Discente do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM. E-mail: neuza-
campos2030@gmail.com
4 Docente e Orientadora de TCC do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/
AM. E-mail: aulizangela.queiroz@fametro.edu.br
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 121

ABSTRACT
Broca’s aphasia is defined as a language disorder, the result of a neu-
rological injury, most of its target audience is the elderly, due to a high
incidence of neurological injuries in this age group. The neurolinguistic
occurrence alters the role of the elderly in society due to language im-
pairment, caus- ing psychosocial consequences. OBJECTIVE: show
the interventions, methods and the main functions of the speech thera-
pist in the language rehabilitation of the aphasic elderly. METHODOL-
OGY: Litera- ture review, with data extracted from articles published
in Google Scholar and Scielo on the impact of aphasia on the life of
the elderly and the rehabilitation of language. RESULT: 13 works were
consulted where it was possible to find speech therapy interventions
and methods applied to expressive aphasic elderly. CONCLUSION:
the beginning of the speech therapy intervention is essential for the
evolution of the expressive aphasic elderly and the application of ther-
apeutic methods helps in the restructuring of language.
KEYWORDS: Aphasia; Broca; Language; Elderly; Speech-therapy

INTRODUÇÃO

A afasia pode ser definida como um distúrbio de linguagem


adquirida, resultado de uma lesão neurológica, não há dados a res-
peito da incidência de casos desta etiologia no Brasil, tendo em vis-
ta que comumente ela é causada após acidentes vasculares cerebrais
(AVC’S). A afasia pode atingir diversas pessoas acometidas por lesões
neurológicas, mas grande parte do seu público alvo é em idosos, devi-
do uma grande incidência de AVC e outras doenças neurológicas nes-
ta faixa etária da vida (CASTRO; RÔMULO, 2019). Visando o maior
esclarecimento deste assunto, a presente pesquisa evidencia a impor-
tância do fonoaudiólogo para o cuidado do idoso com afasia de broca
e apresenta métodos para a reabilitação da linguagem.
A afasia expressiva no idoso como consequência de alguma
lesão neurológica torna tudo mais complexo para ele. Os indivíduos
afásicos apresentam dificuldades em diversos aspectos gerais da co-
municação social, existe uma grande implicação em seu convívio com
a sociedade e seus familiares (ALTMANN; PAGLIARIN; SILVEIRA,
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 122

2019) tendo em vista que a afasia atinge diretamente a autonomia do


indivíduo e todas as modalidades da linguagem, sendo elas a com-
preensão da fala, leitura, escrita e expressão. A dificuldade de uma
pessoa afásica em se comunicar varia de graus mais leves a graus
mais severos, depende dos sintomas de cada indivíduo. É necessá-
rio olhar do ponto de vista psicológico e entender as consequências
emocionais e sociais que podem acontecer com o idoso, pode existir
uma grande frustração neste indivíduo devido as mudanças drásticas
(PRADO; SAYD, 2006). Visando o bem estar do idoso acometido pela
afasia de broca, surgiu o seguinte questionamento durante as pesqui-
sas deste estudo: qual o melhor método terapêutico para a reabilita-
ção de linguagem de um idoso afásico expressivo?
Com isso, o artigo justificou-se pela necessidade de esclarecer
sobre a afasia de broca e seus impactos na vida do idoso, e apresenta
como objetivo os métodos terapêuticos para a recuperação de lingua-
gem e descreve a atuação fonoaudiológica durante o processo de in-
tervenção e sua importância.
Para alcançar o resultado desse estudo, foi realizado uma re-
visão de literatura numa abordagem qualitativa dos dados coletados
nas bases Google acadêmico e Scielo com buscas temáticas relacio-
nadas com o tema proposto nesta revisão.
Os resultados da pesquisa apontaram que a intervenção fono-
audiológica é necessária para melhorar e intervir nos agravos gerais,
tanto sociais como linguístico, pois é essencial para a restauração das
habilidades de comunicação do idoso. E os métodos terapêuticos au-
xiliam na continua evolução linguista do paciente.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo tratou-se de uma revisão da literatura sobre a atua-


ção fonoaudiológica em pacientes idosos afásicos, abrangendo inter-
venções e métodos, com uma abordagem qualitativa.
O estudo foi desenvolvido em etapas, iniciando pelo levanta-
mento de artigos publicados nas seguintes bases de dados: Scielo e
Google acadêmico no período de 2009 a 2021. Sendo possível reunir
24 artigos de acordo com o tema proposto no estudo, tendo como pa-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 123

lavras chaves: afasia; broca; fonoterapia; linguagem, que facilitaram


então a análise da pesquisa.
Iniciou-se posteriormente a leitura dos 24 artigos selecionados
e foram excluídos aqueles que não se enquadravam aos critérios de
seleção estabelecido, como, os que não eram escrito na língua verná-
cula e os que não compreendiam o tema proposto. Em seguida foi re-
alizada a leitura dos 13 artigos selecionados que abordavam a temá-
tica. Subsequentemente, de forma criteriosa foi feita uma análise pro-
funda e foram escolhidos 5 artigos que abordavam integralmente todo
o tema proposto e foram selecionados para a extração dos dados re-
queridos nesta revisão. Os demais artigos foram utilizados como com-
plemento de conhecimento e informação no decorrer deste estudo.

DEFINIÇÃO DA AFASIA DE BROCA

Afasias não fluentes (expressão): de Broca, transcortical moto-


ra, global, transcortical mista. Ela acontece no córtex cerebral na área do
lóbulo frontal, onde está localizada a área de broca (FERREIRA, 2019).
No presente artigo o alvo da pesquisa está direcionada à afasia de bro-
ca, mais conhecida como afasia de expressão, ela é considerada a mais
comum nos pacientes pós lesão cerebral. Na afasia de broca o indivíduo
tem dificuldade na expressão e entonação da fala, os pacientes também
apresentam dificuldade de nomear e de formar frases completas.
De modo simples de compreensão, afasia de broca apresen-
ta a fala conflitada e a compreensão intacta, e na afasia de Wernicke
a fala é fluente mas a compreensão é afetada (ARRUDA, REIS, FON-
SECA, 2014).
A afasia pode ocorrer em uma faixa etária ampla, e em cada in-
divíduo causa uma consequência individualista. No idoso tudo se tor-
na desafiador, pois nessa fase da vida ocorre diversas mudanças, as
psicossociais onde ocorrem alterações no processo dos seus papeis
em sociedade e alterações da atividade intelectual, comportamental e
emocional; na área biológica onde ocorrem várias mudanças físicas
e orgânicas, então, o processo de envelhecer traz consigo grandes
desafios, ainda que saudável é inevitável certas implicações na vida
(SANTOS; ANDRADE; BUENO, 2009).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 124

CONSEQUÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS EM IDOSOS COM AFA-


SIA DE BROCA

Considerando todos os impactos como consequência da afasia


de broca na vida do idoso, é importante entender este paciente e olhar
com carência para o lado que irá o afetar emocionalmente e social-
mente. A organização mundial de saúde conceitua o envelhecimento
saudável como ‘’ processo de desenvolvimento e manutenção da ca-
pacidade funcional que permite o bem estar na idade avançada’’ (VA-
LER et al, 2015), a capacidade funcional pode ser definida como a ca-
racterísticas e habilidades que possibilita a pessoa idosa a cuidar de si
mesmo e interagir com as questões ambientais de forma independen-
te, e na perspectiva da organização mundial de saúde (OMS) e do ido-
so esta função é compreendida como qualidade de vida.
Estudo realizado com idosos na temática de “envelhecimento
saudável” possibilitou compreender o ponto de vista do idoso a respei-
to do envelhecimento. E quatro pontos foram apurados: biológico: com
a necessidade de adotar hábitos saudáveis que proporcione um esti-
lo de vida mais saudável; espiritual: muitos idosos levantam a fé como
como elemento para um envelhecimento saudável; e os dois últimos
pontos que se tornam elementos primordiais nessa fase da vida: so-
cial e psicológico que juntos trabalham a favor da vida socioemocio-
nal do indivíduo idoso, agindo no setor de saúde emocional estabiliza-
da e relações sociais com companheiro, família e amigos (TAVARES
et al, 2017).
Compreende-se que a partir do momento que essas funções
são interrompidas gera um grande impacto na vida do indivíduo idoso,
pois as consequências de uma lesão neurológica implica diretamen-
te no seu estilo de vida, processo de envelhecimento e convívio social
(COELHO et al, 2015).
As consequências da afasia de broca é interferir em diversos
aspectos da comunicação social. Uma das manifestações da afasia
expressiva na vida do idoso é a parafasia que se dá pela substitui-
ção de uma palavra por outra durante a comunicação (SALLES et al,
2012). Agramatismo que é a incapacidade de compreender e utilizar
a gramatica de forma correta, compreendida também por uma redu-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 125

ção no seu vocabulário de palavras pelo fato da impossibilidade de or-


ganizar as palavras com suas propriedades (MACHADO et al, 2014).
Apraxia ela pode ocorrer de forma isolada mas pode ser apontada
como parte da síndrome afásica, é caracterizada como distúrbio mo-
tor da fala que impossibilita o paciente a realizar certos movimentos no
ato da articulação orofacial (BEBER et al, 2018). Paráfrase é quando o
idoso afásico tenta dizer uma palavra porém a substitui por uma frase
tendo a mesma relação semântica (SILVEIRA, 2018).
São várias as dificuldades que o idoso afásico apresenta quan-
do é acometido por esta lesão neurológica, e todas as consequências
estão ligadas com a comunicação social que implica na compreen-
são da fala, leitura, escritura e expressão (ALTMAN; PAGLIARIN; SIL-
VEIRA, 2019). Por este motivo é de grande importância o olhar de ca-
rência para este lado socioemocional que facilmente será afetado por
conta da lesão e diminuirá a qualidade de vida social que é tão impor-
tante para o processo de envelhecimento.

CONDUTAS TERAPÊUTICAS FONOAUDIOLÓGICAS NO PACIEN-


TE IDOSO COM AFASIA DE BROCA

O paciente idoso que apresenta afasia de broca precisa de um


atendimento multiprofissional (OLIVEIRA et al, 2013), com o objetivo
de ajudar a reduzir e melhorar os sintomas e consequências presen-
tes no paciente após um quadro de afasia expressiva. O fonoaudiólo-
go está presente na equipe de reabilitação multiprofissional a fim de
atuar na restauração das funções linguísticas.
Vários estudiosos levantam suas teorias de estudo a respeito
do caso e mostram através de resultados a importância da terapia fo-
noaudiológica nos pacientes com afasia de broca. As autoras Silvei-
ra; Pagliarin (2019) em seu estudo destaca a evolução dos pacientes
após a terapia fonoaudiológica, elas pontuam que houve melhoras no
aspecto linguístico e em outros domínios cognitivos, o método de tera-
pia destacado pelas autoras foi da utilização de figuras representando
substantivos e verbos para proporcionar a amplificação do vocabulá-
rio afetado no paciente, com isso, uma das melhoras significantes que
ela ressalta foi em relação a memória.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 126

O tratamento fonoaudiológico envolve abordagens tera-


pêuticas tradicionais que se referem as intervenções vol-
tadas para a restauração das funcionalidades linguísti-
cas do sujeito centrando –se nos níveis de prejuízo, algu-
mas abordagens priorizam a estimulação intensiva da lin-
guagem, por meio de estímulos visuais e auditivo, repe-
tição, em contextos linguísticos e situacionais. O que de
encontro com a resolução do Conselho Federal de Fono-
audiologia priorizam a terapia. (FONSECA; LEAL; FAR-
RAJOTA, 2022).

Altman; Silveira; Pagliarin (2019), após uma revisão de artigos


publicados a respeito da afasia de broca, empoem que a terapia mais
mencionada foi a de recuperação de palavras, sendo bastante eficaz
para recuperar as funções linguísticas perdidas e enriquecer o voca-
bulário do paciente idoso.
Kunst et al (2013) destaca em seu estudo de caso a importân-
cia do acompanhamento fonoaudiológico nos casos de afasia para
que o paciente reestabeleça as suas funções linguísticas. Esse posi-
cionamento se deu após relatar em seu estudo o caso de um pacien-
te acometido com afasia de broca após lesão cerebral, o método tera-
pêutico utilizado como intervenção foi manter o paciente verbalmen-
te ativo utilizando algumas estratégias para auxiliar nesse processo.
Também houve o apoio primordial da família e acolhimento psicológi-
co para dar mais desenvolvimento para o paciente.

O fonoaudiológico deve considerar como interação não


só os discursos produzidos oralmente e por escrito, mas
também as práticas da língua, gestuais, os movimentos
no espaço, a orientação do olhar que são instauradores
da referenciação e da construção do plano terapêutico
considerando assim a adequação e reconstrução. (BAR-
ROS, 2020).

Para Franco et al (2015) o destaque em terapias fonoaudio-


lógicas para um afásico expressivo foi o uso da comunicação suple-
mentar/alternativa, os autores destacam que o objetivo desta técnica é
para que os pacientes possam ter de fácil acesso em suas mãos ima-
gens de itens, objetos e alimentos que era frequente no cotidiano de-
les antes da lesão cerebral, eles destacam que houve grande avan-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 127

ço nas questões linguísticas destes pacientes. Com isso, para Franco


et al (2015) a comunicação suplementar se torna uma ferramenta fa-
cilitadora e método terapêutico na reabilitação linguística dos pacien-
tes idosos afásicos.
[...] A literatura aponta esses sistemas como facilitadores da
comunicação, ou seja, como recursos de reabilitação da fala e facilita-
ção da comunicação em situações do dia-a-dia. (DELIBERATO; OLI-
VEIRA; GALLI, 2009).
Novaes (2017) pontua um método terapêutico de grande rele-
vância, a intervenção grupal com afásicos, segundo o autor os pacien-
tes apresentam melhoras significativas nas questões comunicativas e
socioemocionais, já que estarão imersos em um ambiente com pesso-
as que enfrentam a mesma dificuldade linguística. O resultado apre-
sentado no estudo foi positivo, os pacientes desenvolveram confiança
na comunicação e isso evoluiu o seu quadro linguístico que antes era
bastante afetado.

[...] O grupo terapêutico-fonoaudiológico aparece como


eficaz a partir do momento em que ele promove trocas
afetivas, sociais, linguísticas e cognitivas, possibilita co-
nhecimento partilhado e construções conjuntas, favorece
o exercício da observação, da percepção, da atenção, da
memória, do desenvolvimento dos processos psíquicos e
possibilita o desenvolvimento de atitudes altruístas e so-
lidárias. (SANTANA, 2015).

O profissional de fonoaudiologia, como membro da equipe mul-


tidisciplinar tem a propriedade para atuar diretamente na área da lin-
guagem a favor da recuperação das funções de comunicação do pa-
ciente acometido pela afasia de broca (FREIRE, GAGLIARDI, SAN-
TOS, 2020), através das abordagens terapêuticas e técnicas de inter-
venção relacionadas diretamente a favor da melhoria da linguagem e
cognição do idoso afásico.

RESULTADOS

O resultado do presente trabalho apresentou as principais in-


tervenções e métodos fonoaudiológicos na afasia de broca, sendo re-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 128

presentado através do Quadro 01 que estabeleceu obras encontradas


através de uma revisão de literatura que relata as principais obras e
autores relacionados ao tratamento fonoaudiológico no paciente com
afasia de broca. No quadro é apresentado obra, autor, ano da publica-
ção e a principal citação que se relacionou diretamente com o resulta-
do da pesquisa.

Quadro 01 – intervenções e métodos fonoaudiológicos em paciente


com afasia expressiva.
OBRA AUTOR ANO CITAÇÃO

Observou-se que a terapia com utiliza-


Efeito do modelo terapêutico
SILVEIRA; ção de figuras representando substan-
de recuperação de palavras tivos e verbos foi capaz de proporcio-
PAGLIA- 2019
em um paciente afásico ex- nar a ampliação do vocabulário do pa-
RIN. ciente, o que o auxiliou na comunica-
pressivo: relato de caso.
ção oral, tornando-o mais inelegível.

ALTMANN; As abordagens de tratamentos mais


Intervenção fonoaudiológica SILVEIRA; frequentes são: terapia de recupera-
2019
na afasia expressiva. PAGLIA- ção de palavras, terapia melódica, te-
RIN. rapia convencional.

Foram utilizadas estratégias de facilita-


ção, evocação e articulação com o au-
Eficácia da fonoterapia em
KUNST xílio de assuntos do interesse do coti-
um caso de afasia expres-
2013 diano do paciente, e em aproximada-
siva decorrente de acidente et al. mente 1 mês de terapia fonoaudiológi-
vascular encefálico.
ca o paciente expandiu consideravel-
mente o seu vocabulário.

Observou-se a comunicação suple-


Intervenção nas afasias com FRANCO mentar e/ou alternativa (CSA) como
o uso da comunicação su- 2015
et al. método somatório de comunicação
plementar e/ou alternativa.
para a reabilitação do idoso afásico.

Considerações iniciais sobre Os resultados da intervenção grupal


o grupo como dispositivo te- com afásicos apresentaram melho-
NOVAES. 2017
rapêutico na clínica fonoau- ras no bem estar psicológico e comu-
diológica com afásicos. nicativo.
Fonte: Autoras (2022)

DISCUSSÃO

No que se refere a reabilitação para a melhoria da comunica-


ção oral do paciente afásico, a intervenção fonoaudiológica abrange
uma variedade de métodos, todavia, não há um tratamento chave para
recuperar toda a capacidade linguística de um idoso após uma lesão
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 129

neurológica, entretanto, existem alguns tipos de terapia que de for-


ma gradativa melhora o quadro de afasia presente naquele indivíduo.
Com isso é pontuada a questão de qual o melhor método terapêutico
para a reestruturação de linguagem de um idoso afásico expressivo.
Para obter estes resultados e melhores referencias foram levadas em
consideração os métodos que mais são similares entre si. Vários estu-
diosos levantaram suas teorias de estudo a respeito do caso e mostra-
ram através de seus resultados os métodos mais eficazes.
Como no estudo realizado por Silveira; Pagliarin (2019) os au-
tores utilizaram a abordagem com enfoque na recuperação de pala-
vras, a qual segundo eles é indicada para todos os tipos de afasia prin-
cipalmente as expressivas por conta do quadro de anomia quase sem-
pre presente nos relatos de pacientes afásicos. Os autores também
pontuaram que a intervenção deve ser realizada após uma avaliação
bem criteriosa no qual considere a história clínica do paciente idoso
afásico levando em consideração suas principais necessidades e cor-
relacionando a terapia com itens e atividades comuns presente no seu
dia-a-dia. Na terapia fonoaudiológica eram utilizadas figuras com situ-
ações comuns do dia-a-dia do paciente e era proposto a ele para res-
ponder as ações das figuras apresentadas, quando o paciente não
conseguia pronunciar as palavras ou as pronunciava de forma erronia
a terapeuta fornecia pistas fonêmicas ou semânticas facilitando a fun-
ção lexical do paciente. Foi comprovado no estudo que após tratamen-
to o paciente apresentou uma melhora na sua comunicação desenvol-
vendo com expressividade o uso de palavras e frases.
Nas obras de Altman; Silveira; Pagliarin (2019) as terapias que
foram abordadas referem-se a terapia de recuperação de palavras, te-
rapia melódica e terapia convencional, entretanto, o tratamento fono-
audiológico mais mencionado e o considerado mais tradicional foram
as intervenções voltadas para a recuperação das habilidades linguísti-
cas dos pacientes, através da nomeação de figuras/palavras. A terapia
de recuperação de palavras é bastante mencionada pelo fato de que
é considerada bastante eficaz e tem um grande objetivo de recuperar
funções linguísticas que foram perdidas e, apresentar maior enrique-
cimento de palavras durante tratamento. No entanto, também foi men-
cionado pelas autoras que não há abordagem padrão para o tratamen-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 130

to da afasia por conta de múltiplos fatores, mais requer de cada tera-


peuta a avaliação criteriosa para a escolha de tratamento que mais se
adeque ao paciente acometido com afasia.
Já para Kunst et al (2013) sugerem que a reabilitação por meio
da terapia deve ser cientifica, humana e sistemática, sempre priorizan-
do o paciente em sua totalidade. Os autores apresentaram um caso do
tipo observacional exploratório de um paciente idoso de 68 anos que
foi acometido por um acidente vascular cerebral encefálico do tipo is-
quêmico no hemisfério esquerdo. Kunst et al (2013) evidenciaram no
estudo do caso o tipo de plano terapêutico abordado, que tinha como
objetivo organizar a linguagem expressiva oral e escrita do paciente.
As terapias tinham estratégias de facilitação, evocação e articulação e
também contava com o auxílio musical que era uma atividade comum
no cotidiano do paciente, a terapia o auxiliou na reabilitação das difi-
culdades de comunicação. Os autores formularam a hipótese a res-
peito das características emocionais do paciente afásico, foi mencio-
nado que elas devem ser levadas em consideração devido aos senti-
mentos de solidão, isolamento e medo de rejeição por conta da gran-
de dificuldade de comunicação, segundo os autores, esses sentimen-
tos podem diminuir os momentos em que o paciente deveria apresen-
tar grandes melhoras no nível da linguagem. Com isso, foi levantada a
ideia da importância de existir grupo de apoio para pacientes afásicos,
afim de melhorar a qualidade de vida dos pacientes através das práti-
cas clinicas fonoaudiológicas, os inserindo em um ambiente de socia-
lização com eventos comunicativos, guiado por um profissional tera-
peuta. Em aproximadamente 1 mês de terapia fonoaudiológica o pa-
ciente estudado no caso dos autores Kunst et al (2013) expandiu con-
sideravelmente o seu vocabulário.
Um pouco diferente dos métodos abordados pelos primeiros
autores mencionados, Franco et al (2015) optou em seu estudo por
um método físico no qual o indivíduo afásico pode utilizar no seu dia a
dia e não somente em sala de terapia. Os autores apresentaram a co-
municação suplementar e/ou alternativa (CSA) como método de rea-
bilitação da comunicação do paciente idoso afásico, é uma interven-
ção para pacientes que apresentam dificuldades na fala decorrente de
lesões neurolinguística, muito utilizada em pacientes acometidos com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 131

afasia de broca, tendo em vista que as queixas apresentadas por es-


tes pacientes são a falta de palavras. Os autores esclarecerem que
existem diversos materiais que podem ser utilizados nesse método,
e relataram que os mais utilizados são as pranchas de comunicação,
nas quais pode estar presente símbolos, imagens e letras do alfabeto.
Assim como Silveira; Pagliarin (2019), os autores levantaram o pon-
to de que a avaliação e preparação da intervenção deve ser disposta
de acordo com a necessidade de cada paciente, considerando suas
particularidades e atividades mais comuns do cotidiano, consideran-
do também o nível de cognição, destreza e suporte visual. Os auto-
res apresentaram no estudo dois pacientes acometidos por afasia ex-
pressiva que estavam fazendo uso da comunicação suplementar du-
rante o processo de reabilitação, ambos apresentaram um grande de-
senvolvimento na comunicação devido o apoio da prancha para sua
oralidade. Os pacientes também apresentaram melhoras expressivas
na ansiedade que sentiam com frequência devido a frustração de não
conseguir se comunicar com facilidade. Com o estudo de Franco et
al (2015) foi possível concluir a eficácia da comunicação suplemen-
tar como apoio, ferramenta facilitadora e método terapêutico na reabi-
litação linguística dos pacientes com afasia de broca, uma das princi-
pais melhoras apresentadas foi na independência comunicativa, con-
siderando que os pacientes utilizavam como apoio as pranchas de co-
municação para a sua oralidade no cotidiano. É importante ressaltar
o mencionado dos autores a respeito da preparação e construção do
álbum de comunicação, ele deve ser realizado em conjunto com tera-
peuta, paciente e familiares.
O autor Novaes (2017) apresentou um método de interven-
ção diferenciado, o mesmo apresentou em sua totalidade de terapia a
mesma ideia proposta por Kunst et al (2013). A intervenção e método
evidenciado pelo autor é a eficácia da terapia em grupo, visando me-
lhorar a qualidade de vida social e comunicativa dos pacientes os co-
locando em contato com pessoas que compartilham da mesma situa-
ção. Novaes (2017) mencionou que a terapia em grupo tem como um
dos objetivos a busca do empoderamento dos participantes afásicos
do grupo. Para idosos seria uma opção facilitadora, levando em consi-
deração que nessa faixa etária da vida existe a necessidade de socia-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 132

lização para os manter ativo e, os colocando imersos em um ambien-


te terapêutico que ao mesmo tempo permite a exploração social e te-
rapia fonoaudiológica, promoveria um grande desenvolvimento da de-
ficiência linguística que esse paciente apresenta. O autor evidenciou
que os resultados encontrados através do estudo demonstraram que
o tratamento em grupo como método de reabilitação foi eficaz para os
pacientes afásicos expressivos, a justificativa para este resultado foi
a confiança na conversação, os pacientes compartilhavam da mesma
dificuldade, com isso havia uma compreensão maior entre eles, está
compreensão e confiança ocasionou em benefícios na comunicação
para ambientes externos com amigos e familiares.
Em concordância, foi possível esclarecer vários métodos e
abordagens, apesar de alguns métodos apresentarem grandes simila-
ridades a respeito da recuperação de linguagem e outros mostrarem
técnicas diferentes, é nítido que as abordagens terapêuticas tiveram
resultado satisfatório na vida do paciente afásico, independentemente
de serem aplicadas de forma individual, em grupo ou em família, o im-
portante é manter o acompanhamento com esses pacientes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Presumindo que a comunicação oral é a forma predominante


de interação social e o idoso afásico expressivo não possui mais es-
tas habilidades, foi possível compreender que todas as abordagens ci-
tadas na pesquisa pelos autores foram bastante eficientes na reestru-
turação das funcionalidades linguísticas do indivíduo, o devolvendo ao
convívio social.
Neste sentido é relevante considerar que a participação afeti-
va do fonoaudiólogo no período de reabilitação linguística do pacien-
te afásico é de suma importância, permitindo a melhoria da comunica-
ção e devolvendo a expressividade das palavras. Contudo o tema é
bastante sugestivo para mais estudos por se tratar de um assunto que
possui grande incidência.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 133

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTMANN, Raira Fernanda; PAGLIARIN, Karina; SILVEIRA, Arieli. In-


tervenção fonoaudiológica na afasia expressiva: revisão integrativa.
Revista Audiology Com- munication Research, v. 24, p. 1-11, 2019.
ARRUDA, João Sigefredo; REIS, Francisco Prado; FONSECA, Vânia.
Avaliação da linguagem após acidente vascular cerebral em adultos
no estado de Sergipe. Revista CEFAC, v. 16, n. 3, p. 853-862, 2014.
BARROS, Ingrid Maria Santos. Atuação fonoaudiológica com o idoso
afásico: intervenção e abordagens. Monografia (Trabalho de conclu-
são de curso apresentado a curso de Fonoaudiologia). Universida-
de Católica de Goiás, Goiânia, 2020.
BEBER, Bárbara Costa et al. Estratégias de controle de ritmo e taxa
de fala para a apraxia de fala na afasia progressiva primária não-fluen-
te. Revista dementia e neuropsychologia, v. 12, n. 1, p. 80-84, 2018.
CASTRO, Jaime; RÔMULO, Francisco. O conceito de afasia segun-
do Paul Broca.
Revista filosofia e história da biologia, v. 14, n. 2, p. 211-227, 2019.
COELHO, Thaisa Rino de Freitas et al. Qualidade de vida e depressão
em indivíduos com desordens neurológicas. In: Congresso Fonoau-
diológico de Bauru
– COFAB. 2015, Bauru, Anais, São Paulo: Faculdade de Odontologia
de Bauru, 2015.
DELIBERATO, Débora; OLIVEIRA, Jáima; GALLI Juliana. Introdução
da comunicação suplementar e alternativa na terapia com afásicos.
Revista da sociedade brasileira de fonoaudiologia, v. 14, n. 3, p.
402-410 2009.
FERREIRA, Sofia Carolina. Estimulação transcraniana por corrente
continua combinada com treino neurocognitivo na afasia crônica. Dis-
sertação (Mestrado integrado em Psicologia). Universidade de Mi-
nho, Portugal, 2019.
FONSECA, José; LEAL, Gabriela; FARRAJOTA, Luísa. Recuperação
e reabilitação da afasia. Revista Psicologia, v. 16, n. 1, p. 157-175,
2022.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 134

FREIRE, Amália Maria; GAGLIARDI, Rubens José; SANTOS, Michele


Devido. Efeito de programa de intervenção fonoaudiológica para pa-
cientes afásicos não fluentes após acidente vascular cerebral. Revis-
ta CODAS, v. 32, n. 6, p. 1-7, 2020.
MACHADO, Thais Helena et al. Intervenção breve para agramatismo
em Afasia Progressiva Primária Não Fluente: relato de caso. Revista
dementia e neuropsychologia, v. 8, n. 3, p. 291-296, 2014.
OLIVEIRA, Letícia Sampaio et al. A importância da intervenção fono-
audiológica precoce no processo de reabilitação das afasias. In: JOFA
- Jornada Fonoaudiológica de Bauru, Profª. Drª. Giédre Berretin-
-Felix, Bauru, Anis, São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru,
2013.
PRADO, Shirley Donizete; SAYD, Jane Dutra. A gerontologia como
campo do conhecimento cientifico: conceito, interesses e projeto polí-
tico. Revista ciência e saúde coletiva, v. 11, n. 2, p. 491-501, 2006.
SALES, Jerusa Fumagalli et al. Processamento léxico-semântico no
paradigma de priming semântico em pacientes afásicos. Revista Ar-
quivos de Neuro-Psiquiatria, v. 70, n. 9, p. 718-726, 2012.
SANTANA, Ana Paula. Grupo Terapêutico no contexto das afasias.
Revista distúrbios da comunicação, v. 27, n. 1, p. 4-15, 2015.
SANTOS, Flavia Heloisa; ANDRADE, Vivian Maria; BUENO, Orlando
Francisco. Envelhecimento: um processo multifatorial. Revista psico-
logia em estudo, v. 14, n. 1, p. 3-10, 2009.
SILVEIRA, Arieli Bastos. Intervenção fonoaudiológica em afasia ex-
pressiva. Dissertação (Pós graduação em Distúrbios da comuni-
cação humana). Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande
do Sul, 2018.
TAVARES, Renata Evangelista et al. Envelhecimento saudável na
perspectiva de idosos: uma revisão integrativa. Revista brasileira de
geriatria e gerontologia, v. 20, n. 6, p. 889-900, 2017.
VALER, Daiany Borghetti et al. O significado de envelhecimento sau-
dável para pessoas idosas vinculadas a grupos educativos. Revista
brasileira de geriatria e gerontologia, v. 18, n. 14, p. 809-819, 2015.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 135

CAPÍTULO 9

TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO AO PACIENTE INFANTIL


COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO HIPERATIVIDADE

SPEECH THERAPY FOR CHILD PATIENTS WITH ATTENTION


DEFICITHYPERACTIVITY DISORDER

Andressa Alfaia de Souza1


Tamires Danielly de Alcântara2
Aulisângela da Silva Queiroz3

RESUMO
A atuação fonoaudiologica em crianças com TDAH vem trazendo mui-
tos benefícios para o dia a dia do individuo e o tratamento possui evi-
dencias positivas, contudo o fonoaudiólogo juntamente com uma equi-
pe multidisciplinar é de grande importância na vida dessas crianças.
Objetivo: Este trabalho teve como objetivo verificar como ocorre o tra-
tamento Fonoaudiológico ao paciente infantil com transtorno de défi-
cit de atenção hiperatividade. Metodologia: Este estudo Trata- se de
uma pesquisa de caráter bibliográfico descritivo, realizada através de
artigos científicos de 2000 a 2022, extraída das plataformas digitais
Google Acadêmico, Scielo, revistas cientificas e livros. Resultados:
Foram analisados 19 artigos por similaridade do conteúdo. Conside-
rações Finais: Este artigo apresentou várias estratégias existentes e
inovadoras para o tratamento Fonoaudiológico do TDAH e explicou a
eficácia dos métodos com base em estudos através de artigos cientí-
ficos, apesar de obter poucos achados sobre a temática a maioria dos
estudos apresentaram resultados positivos para as estratégias acima
citadas.
Palavras-chaves: TDAH; fonoaudiologia; tratamento.

1 Discente de fonoaudiologia da Fametro/AM, E-mail: andressa.com.pryscila@gmail.com


2 Discente de fonoaudiologia da Fametro/AM, E-mail: tamidanielly@gmail.com
3 Docente/Orientadora de TCC do curso de Fonoaudiologia, E-mail: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 136

ABSTRACT
The speech therapy performance in children with ADHD has brought
many benefits to the daily life of the individual and the treatment has
positive evidence, however the speech therapist together with a mul-
tidisciplinary team is of great importance in the lives of these children.
Objective: This study aimed to verify how the Speech-Language Pa-
thology treatment occurs to children with attention deficit disorder.
Methodology: This study It is a descriptive bibliographic research, car-
ried out through scientific articles from 2000 to 2022, extracted from the
digital platforms Google Scholar, Scielo, scientific journals and books.
Results: 19 articles were analyzed by content similarity. Final Consid-
erations: This article presented several existing and innovative strat-
egies for the Speech-Language Pathology treatment of ADHD and ex-
plained the effectiveness of the methods based on studies through sci-
entific articles, despite obtaining few findings on the subject, most stud-
ies showed positive results for the strategies above.
Keywords: ADHD; speech therapy; treatment.

INTRODUÇÃO

TDAH significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperativi-


dade. É um transtorno neurobiológico originário da infância que envol-
ve um padrão de déficit de atenção, hiperatividade ou impulsividade,
e que muitas vezes está associado a outros transtornos mórbidos. O
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade com ou sem hipera-
tividade é considerado uma das causas mais frequentes de insuces-
so escolar, embora, possa também persistir na idade adulta, ou seja,
sendo necessário continuar com o tratamento adequado (FONTINE-
LE, SILVA, 2021).
No Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH),
tanto a fala quanto os diferentes componentes ou áreas da lingua-
gem (fonética-fonologia, morfossintaxe, semântica e/ou pragmática)
podem ser afetados. Foi realizado o seguinte questionamento: como
os tratamentos fonoaudiológicos irão ajudar a criança com transtor-
no de déficit de atenção e hiperatividade? De acordo com o Conselho
Federal de Fonoaudiologia (2015) o fonoaudiólogo é responsável por
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 137

avaliar, diagnosticar, prognosticar, reabilitar e prevenir os distúrbios da


comunicação humana. Além disso, nas clínicas de fonoaudiologia cos-
tumam ser feitas interconsultas e encaminhamentos para outros pro-
fissionais da saúde se necessário. O fonoaudiólogo é o responsável
por avaliar cada paciente e então decidir e planejar a melhor forma de
apoiá-lo e tratá-lo. O fonoaudiólogo também atua na orientação à fa-
mília e à escola, auxiliando coordenadores e professores a encontra-
rem uma melhor maneira de conduzirem estas pessoas ao sucesso
acadêmico (FONTINELE, SILVA, 2021
O objetivo geral dessa pesquisa consiste em verificar como
ocorre o tratamento Fonoaudiológico ao paciente infantil com trans-
torno de déficit de atenção; dentre os objetivos específicos: explicar
como ocorre a patologia neurológica transtorno déficit de atenção e hi-
peratividade; demonstrar os fatores do transtorno de déficit de aten-
ção e hiperatividade; analisar os tipos de tratamentos Fonoaudiológi-
co para o paciente infantil com TDAH.
Para a elaboração desta pesquisa foi realizada uma revisão
abrangente sobre a importância do Tratamento Fonoaudiológico ao
paciente infantil com transtorno de déficit de atenção hiperatividade,
onde foram desenvolvidas através do tipo de pesquisa descritiva e bi-
bliográfica, as fontes utilizadas para pesquisa foram baseadas através
de artigos científicos publicados entre o período de 2001 a 2022, nas
plataformas Google acadêmico, Scielo, revistas cientificas e livros. O
critério de análise foi de forma qualitativa, que teve como critérios de
inclusão os artigos publicados somente em língua portuguesa, consi-
derando os artigos científicos queabordam a temática, Tratamento Fo-
noaudiológico ao paciente infantil com transtorno de déficit de aten-
ção hiperatividade de e os critérios de exclusão foram os artigos publi-
cados em outras línguas e fora do período estimado e que não abor-
dem a temática.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo refere-se a uma revisão bibliográfica, de ca-


ráter descritivo, apresentando estudos que abordaram o tema trata-
mento Fonoaudiológico ao paciente infantil com transtorno de déficit
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 138

de atenção hiperatividade, para o desenvolvimento deste trabalho, foi


selecionadas 19 fontes de referências, entre eles estão artigos cientí-
ficos, revistas acadêmicas. Quanto aos critérios de inclusão, foram se-
lecionados estudos com títulos e conteúdos relacionados com o tema
abordado, artigos científicos publicados entre os anos de 2000 a 2022
e referências retiradas de fontes de dados confiáveis. Em relação aos
critérios de exclusão, foram descartados os estudos com títulos e con-
teúdo que não se relacionavam como tema TDAH, artigos científicos
que antecedem o ano de 2022.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDA-


DE-TDAH

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é o


termo pelo qual se denomina a síndrome caracterizada por 3 sintomas
centrais: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Foi o pediatra in-
glês Still, em 1902, quem fez a primeira descrição de comportamentos
impulsivos e agressivos, desatenção e problemas de comportamento,
considerados crianças “diferentes”, incontroláveis, problemáticas; ad-
jetivos que ainda hoje são usados para descrevê-los (MULLER,2021).
Esse distúrbio neurobiológico, que afeta adultos e crianças, é des-
crito como um padrão persistente ou contínuo de desatenção e/ou hipe-
ratividade e impulsividade que impede as atividades diárias ou o desen-
volvimento típico. Os afetados geralmente apresentam dificuldades em
manter a atenção, função executiva e memória de trabalho, e podem cor-
responder a 3 tipos diferentes de TDAH: desatento, hiperativo-impulsivo e
combinado desatento e hiperativo- impulsivo (ROSSETT et al).
A condição é comum, pois pode aparecer em 3% das crian-
ças, com prevalência de6 a 9 vezes no sexo masculino, suas mani-
festações clínicas ocorrem na escola, na interação com os pares, em
casa. Na maioria dos casos, uma causa específica não pode ser de-
terminada, mas relata-se que provavelmente existe uma base bioló-
gica, na qual fatores hereditários, ambientais e sociais influenciariam
(MARTINS, 2018).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 139

Ressalta-se que as manifestações já são notáveis a partir dos


3 primeiros anos de vida, e apresentam diversidade clínica e intensa
a partir dos 5 anos. Durante a fase escolar sua evolução é crônica e
sintomaticamente evolutiva; da mesma forma, 60% das crianças afe-
tadas podem apresentar outros sintomas associados c
Da mesma forma, a prevalência global estimada de TDAH até os
18 anos é de 5,29%, e representa entre 20 e 40% das consultas em ser-
viços de psiquiatria infantil e adolescente (FONTINELE, SILVA, 2021).
Estudos de acompanhamento de longo prazo mostraram que
60-75% das crianças com TDAH continuam a ter sintomas na idade
adulta. A proporção entre meninos e meninas com esse transtorno é
de 4:1 e em adultos, de 1:1, constituindo um grande problema na prá-
tica neuropediatra devido ao seu aparecimento precoce e seu caráter
multifacetado e crônico. É também o transtorno psiquiátrico mais co-
mum de todos os que afetam o neurodesenvolvimento e um dos mais
frequentes em escolares de 6 a 7 anos (SILVERMAN, GILMAN,2020).
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade mudou as
definições ao longo da história. Em 1845, Hoffman, um médico ale-
mão, descreveu pela primeira vez as características comportamen-
tais de algumas crianças excessivamente inquietas e distraídas, dan-
do origem ao termo “hiperatividade”. Desde então, várias investiga-
ções foram realizadas para estabelecer as causas dessa síndrome
(MARTINS, 2018).
Então, em 1902, Frederick Still desenvolveu uma concepção mui-
to particular de hipercinética, associando-a a “falhas no controle moral”
que não resultam de deficiências intelectuais. Nos anos seguintes, dife-
rentes autores encontraram sintomas semelhantes aos descritos por Still
em crianças que sofreram danos cerebrais, o que levou a atribuir clara-
mente a hiperatividade a um distúrbio neurológico (MARTINS, 2018).
Durante as décadas de 1930 e 1940, esse termo foi substituído
por “disfunção cerebral mínima”, sustentando a possibilidade de uma
origem funcional, que incluiria crianças com hiperatividade e disfunção
atencional, além de outros distúrbios de aprendizagem e problemas
motores leves. Eles apontaram para teorias neuroquímicas ou neuro-
fisiológicas como uma base adicional para esse espectro de compor-
tamentos (MULLER,2021).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 140

A partir da década de 1970, várias definições começaram a


aparecer, como a da segunda edição do Manual Diagnóstico e Estatís-
tico de Transtornos Mentais (DSM-II), onde se refere a uma reação hi-
percinética. No final da década de 1970, a nona revisão da CID9 Clas-
sificação Internacional de Doenças refere-se, desta vez, a uma síndro-
me hipercinética (PERES, CAMPOS, 2022).
Por volta de 1980, a terceira edição do Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais III (DSM-III) foi publicada nos Es-
tados Unidos, onde pela primeira vez a síndrome foi definida por meio
de uma série de sintomas. Desde então, passou a ser chamado de
“transtorno de déficit de atenção”, representado pela sigla em inglês
ADD (attention-deficit disorder) (SILVERMAN, GILMAN,2020).
A versão revisada do DSM-III, o DSM-III-R, publicado em
1987, introduziu várias modificações no diagnóstico, uma vez que
o nome foi alterado para “transtorno de déficit de atenção e hipera-
tividade” (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade TDAH)
(MULLER,2021).
Assim, o transtorno de déficit de atenção com ou sem hiperati-
vidade é definido na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM-V), como um transtorno do desenvolvi-
mento que se inicia na infância (PERES, CAMPOS, 2022).
Em sua base etiopatogênica, são descritas alterações nos neu-
rotransmissores e na função seletiva da formação reticular, admitindo-
-se uma base genética e a ação de fatores ambientais. A sua preva-
lência situa-se entre os 8 e os 10%, sendo um dos problemas médicos
com maiores implicações psicopedagógicos, em cujo tratamento é ne-
cessário um verdadeiro trabalho em equipa, juntamente com os profis-
sionais da escola (MARTINS, 2018).
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças
e adolescentes em idade escolar ocorre com frequência, por isso é im-
portante considerar as diversas situações de risco e morbidades asso-
ciadas, que aumentam proporcionalmente à idade em que o diagnósti-
co é estabelecido, e entre as quais se destacam as dificuldades e insu-
cessos escolares, comportamentos de oposição, dificuldades nas re-
lações interpessoais e com a família, dificuldades de adaptação e dis-
túrbios emocionais (PERES, CAMPOS, 2022).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 141

Aproximadamente 3/4 das crianças afetadas por esse transtor-


no chegarão à adolescência mantendo os sintomas de falta de aten-
ção e concentração, com ou sem hiperatividade, e se não forem diag-
nosticadas e tratadas adequadamente, serão acrescidos problemas
adaptativos, estarão mais vulneráveis a uso de drogas, comportamen-
to sexual de risco e comportamento dissociado, cujas consequências
podem ser graves para a saúde mental, devendo ser enfatizada a pre-
venção, detecção, diagnóstico e tratamento adequado (SILVERMAN,
GILMAN,2020).

FATORES DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPE-


RATIVIDADE

Fatores de origem hereditária. Foi demonstrado que não há


transmissão familiar do transtorno por meio de modelos educacionais
e que fatores hereditários respondem por 80% dos casos (MOURA,
SILVA, SILVA, 2019).
Fatores biológicos adquiridos durante os períodos pré-natais,
perinatal e pós-natal. Durante o pré-natal, há antecedentes, como ex-
posição intrauterina ao álcool, nicotina, certas drogas (como benzodia-
zepínicos, anticonvulsivantes), níveis elevados de hormônio tireoidia-
no (da mãe), infecções, insuficiência placentária, toxemia, pré-eclâmp-
sia, desnutrição (SILVERMAN, GILMAN,2020).
Durante o período perinatal, há probabilidades de hipóxia no
feto, uso indevido e administração de sedativos na mãe no momento
do parto, mau uso de fórceps, expulsão muito rápida, sofrimento fetal
e/ou cesariana, prematuridade ou baixo peso ao nascer ao nascimen-
to, distúrbios cerebrais, como encefalite ou trauma que afeta o córtex
pré-frontal e hipoglicemia (SANTOS, FRANCKE, 2017).
Fatores neurofisiológicos. Alterações na atividade cerebral têm
sido observadas em pacientes com TDAH, como redução do metabo-
lismo/fluxo sanguíneo no lobo frontal, córtex parietal, núcleo caudado
e cerebelo; aumento do fluxo sanguíneo e da atividade elétrica no cór-
tex sensório-motor; ativação de outras redes neurais e déficit no dire-
cionamento neuronal. As áreas pré-frontais são importantes determi-
nantes biológicos da atenção (MOURA, SILVA, SILVA, 2019).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 142

Os gânglios da base e os lobos frontais são duas estruturas


afetadas. Os cientistas descobriram mudanças negativas nos lobos
frontais, órgãos cerebrais envolvidos no controle do comportamento,
na resolução de problemas e na capacidade de manter a atenção.Isso
explica a dificuldade dos afetados em controlar o comportamento, fil-
trar estímulos epermanecer atentos (SANTOS, FRANCKE, 2017).
Outra região danificada são os gânglios da base. Verificou-se
que 2 substâncias químicas usadas pelos neurônios para se comu-
nicarem, dopamina e norepinefrina, são alteradas em crianças com
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, mas não em indiví-
duos saudáveis (SILVERMAN, GILMAN,2020).
Fatores genéticos. Taxas de concordância de 25-40% para gê-
meos dizigóticos ou “fraternos” e 80% para gêmeos monozigóticos ou
idênticos foram relatadas. Diferentes estudos familiares atribuem ao
TDAH uma herdabilidade de quase 80% (SANTOS, FRANCKE, 2017).
Fatores psicossociais e ambientais. Dentre estas, podem ser
citadas as psicopatologias dos pais, a baixa situação socioeconômi-
ca ou o estresse psicossocial da família. Má alimentação, alcoolismo
e abuso de videogame também são considerados (MOURA, SILVA,
SILVA, 2019).
Fatores neuroquímicos e neuroanatômicos. A ressonância
magnética revelou encolhimento do corpo caloso, núcleo caudado e
cerebelo, bem como cerca de 5% de perda de volume cerebral em
crianças com TDAH. Algumas diferenças persistem por até uma dé-
cada, enquanto outras desaparecem; as diferenças no núcleo cauda-
do desaparecem aos 18 anos de idade (SILVERMAN, GILMAN,2020).
Estudos de imagem funcional, como fluxo cerebral por tomo-
grafia de fóton único, sugerem anormalidades frontais e extratais; en-
tretanto, estudos de tomografia por emissão de pósitrons mostraram
redução do metabolismo da glicose no estriado, lobo frontal e regiões
somatossensoriais e occipitais (MOURA, SILVA, SILVA, 2019).
Observa-se déficit na ação regulatória inibitória de neurotrans-
missores, como dopamina e norepinefrina, no córtex pré-frontal e no
estriado, bem como do neurotransmissor serotonina, que tem papel
no controle dos impulsos, mediado por sua ação no eixo mesolímbico-
cortical (SANTOS, FRANCKE, 2017).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 143

TRATAMENTOS FONOAUDIOLÓGICO E SUA IMPORTÂNCIA DI-


RECIONADA A CRIANÇA COM TDAH

Quando se refere ao TDAH, pode-se inicialmente ignorar a re-


lação ou importância que a terapia fonoaudiológica pode ter sobre
esse transtorno, mas à medida que nos aprofundamos percebemos
que é uma área básica a ser levada em consideração, pois o TDAH se
apresenta em inúmeras ocasiões desde a mão de Atrasos no Desen-
volvimento da Linguagem, Distúrbios Específicos da Linguagem, Dis-
túrbios da Produção da Fala, Distúrbios da Voz e Distúrbios da Apren-
dizagem que afetam o desenvolvimento e a eficácia de sua linguagem
escrita (MARTINS, 2018).
A intervenção fonoaudiológica no TDAH é realizada por um lon-
go período de tempo devido às características crônicas desse trans-
torno, onde cada elemento da intervenção pode desempenhar um pa-
pel importante em determinados momentos, sem perder de vista o ob-
jetivo principal da fonoaudiologia, que é melhorar a qualidade de vida
do paciente. O desafio do fonoaudiólogo é trabalhar as dificuldades
de linguagem apesar das características cognitivo-comportamentais e
conseguir reduzir os sintomas de linguagem, obtendo os melhores re-
sultados possíveis (SANTOS, FRANCKE, 2017).
Os tratamentos são realizados de formas multidisciplinares
com a inclusão do fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo
e neurologista. A eficácia do tratamento só vai ser total se englobar
todos esses profissionais e se tiver o apoio da família e escola, pois
mais do que ninguém eles realizam um papel muito importante (PIN-
TO et al. s.d).
Um dos tratamentos mais utilizados nos dias de hoje em crian-
ças com TDAH é o TCC terapia cognitiva comportamental, a grande
parte dos estudos são satisfatórios em relação a redução dos sinto-
mas. É falado também sobre os usos de medicamentos farmacológi-
cos, que são usados em casos de sintomas mais severos ( PAULA,
MOGNON, 2016).
Outro meio de terapia falado nos estudos é o cognitivo-com-
portamental ele vem apresentando grandes avanços no desenvolvi-
mento dos pacientes, tendo como objetivo a modificação do meio físi-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 144

co e social, ajudando no seu comportamento hiperativo e fazendo com


que a criança se concentre mais nas suas atividades (PEIXOTO, RO-
DRIGUES apud EFFGEM et al. 2017).

RESULTADOS

No quadro 1 abaixo são expostos 5 artigos que foram utiliza-


dos para compor os resultados, a divisão foi realizada em colunas da
seguinte forma: obras, autores, ano e citação.

Quadro 1: Práticas dos tratamentos fonoaudiológicos as em crianças


com TDAH.
OBRA AUTORES ANO CITAÇÕES

O transtorno déficit de atenção


“Duas dessas abordagens têm maior
e os seus aspectos comporta-
evidência de eficácia: a Terapia Cog-
mentais e neuro- anatomo-fi- SANTOS,
2017 nitiva Comportamental (TCC) e as
siológicos: uma narrativa para FRANCKE
medicações, notadamente os estimu-
auxiliar o entendimento amplia-
lantes”
do do tdah.
A participação terapêutica fonoaudio-
Fonoaudiologia e transtorno
lógica no TDAH, mais frequentemen-
do déficit de atenção e hipera-
MARTINS 2018 te, ocorre em questões relacionadas
tividade: revisão integrativa da
à escrita, à leitura e linguagem oral
literatura
da criança [...]
O tratamento deve ser feito de
Transtorno de déficit de aten- uma forma multidisciplinar envolven-
PINTO
ção e hiperatividade: diagnósti- do a família e a escola, juntamente
et al s.d
co e intervenção com profissionais habilitados (psicó-
logos, médicos, neurologistas). [...]
Aplicabilidade da terapia cog- A eficácia da TCC no tratamento
nitivo-comportamental (tcc) no de TDAH também tem sido discuti-
tratamento do transtorno de da nos estudos selecionados na
PAULA,
déficit de atenção e hiperativi- 2016 presente pesquisa. Alguns estudos
MOGNON
dade (tdah) na infância: revi- apontam resultados satisfatórios tan-
são integrativa TCC e TDHA: to em relação à redução dos sinto-
revisão integrativa mas básicos do TDAH [...]
Estudos que a terapia cognitivo- com-
A visão de profissionais de
portamental vem apresentando gran-
saúde acerca do TDAH pro- EFFGEM
2017 des avanços no desenvolvimento dos
cesso diagnóstico e práticas de et al.
pacientes, tendo como objetivo a mo-
tratamento.
dificação do meio físico[...]
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 145

DISCUSSÃO

Após a análise dos diferentes artigos, foram considerados as-


pectos relevantes na discussão sobre os métodos terapêuticos Fono-
audiológico para o desenvolvimento das crianças com transtorno de
déficit de atenção.
Nos dias de hoje pouco se ouve falar sobre como a fonoterapia
pode ajudar as crianças com TDAH, e como a falta desse tratamento
pode prejudicar essas crianças. Segundo Martins (2018) o desconhe-
cimento acerca da fonoterapia em crianças com TDAH é grande, e a
falta dessa participação terapêutica acaba afetando o cotidiano des-
sas crianças e dificultando no meio escolar. A atuação do fonoaudiólo-
go nesse transtorno, ajuda na parte do desenvolvimento da escrita, lei-
tura, linguagem oral e foco nas atividades desenvolvidas.
Pinto et al. (s.d) recapitula que esse tratamento deve ser feito
de forma multidisciplinar, onde terá um grupo de várias pessoas envol-
vidas, como profissionais habilitados (psicólogo, fonoaudiólogo, médi-
cos neurologista) e o mais importante, à família e a escola, neste mo-
mento a família será fundamental no tratamento da criança, visto que
elas precisaram de um grande apoio e paciência, o grupo escolar tam-
bém realizara uma parte importante, pois é lá que a criança terá mais
dificuldade para se habituar, com isso vemos que não só os profissio-
nais da saúde tem um papel importante nessa intervenção.
Santos e Francke (2017) em sua obra conseguiu esclarecer
com bastante eficiência a relevância e a eficácia dos métodos medica-
mentosos estimulantes, que só são usados em casos de severidade
dos sintomas, porém nem todos os pais querem assistir os filhos de-
pendendo de medicamentos e buscam outro meio de tratamento como
o tcc (terapia cognitiva comportamental) que apresentaram resultados
satisfatórios.
Paula, Mognon (2016) esclareceram nitidamente em sua obra
que a terapia cognitiva comportamental atualmente é o tratamento
com mais evidencias satisfatórias, e atinge um percentual de redu-
ção de sintomas, muito se fala que este método é o que mais ajuda
as crianças no seu cotidiano, foi falado também sobre a mudança do
comportamento e o rendimento escolar que melhora de forma signi-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 146

ficativamente, além de melhorar o convívio social e familiar, esta me-


lhora traz um bem estar ótimo tanto pra criança quanto para a família.
Effgem et al ( 2017) cita também que a terapia cognitiva com-
portamental apresenta grandes avanços no desenvolvimento das
crianças, este método tem o principal objetivo de ajudar as crianças a
realizar atividades do seu dia a dia sem grandes dificuldades, é fala-
do também que os pais necessitam participar do grupo de psicoeduca-
ção, para que haja um melhor resultado das terapias.
Com isso pôde considerar que as terapias são de grande im-
portância para a vida do individuo com TDAH, pois sem elas o dia a dia
da criança fica mais complicado e pode até mesmo piorar a vida dela,
fora que não complica só a vida da criança, mas também a da família
e profissionais da educação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa propôs como objetivo, apresentar as várias es-


tratégias existentes e inovadoras para o tratamento Fonoaudiológico
do TDAH e explicar a eficácia de utilizar métodos com base em estu-
dos através de artigos científicos, apesar de obter poucos achados so-
bre a temática a maioria dos estudos apresentaram resultados positi-
vos para as estratégias acima citadas.
O fonoaudiólogo é de suma importância para o tratamento da
criança com Transtorno déficit de atenção e hiperatividade, pois os
métodos que o profissional usa visa ajudar a criança no seu dia a dia,
para que as dificuldades sejam diminuídas e o individuo consiga viver
no meio social. Deve-se lembrar de que o diagnostico precoce é de
grande ajuda para um tratamento de excelente eficácia.
Portanto, o estudo mostrou-se de elevada importância consi-
derando que o fonoaudiólogo pode sim ajudar na reabilitação da crian-
ça com TDAH, salienta-se também a necessidade de mais estudos so-
bre esta temática, pois a falta de conhecimento a respeito do TDAH e
seus tratamentos dificulta a vida de muitas famílias e crianças, com a
falta de informação sobre o transtorno acaba dificultando o diagnosti-
co precoce e assim diminuindo o tratamento de excelência.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 147

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, Raíssa Silva. Fatores associados ao mau desempenho es-


colar de crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperativida-
de. Saúde.Com-Ciência, [S.l.], n. 1, p. 31-42, mar. 2020.
Conselho Federal de Fonoaudiologia. Artigo 2º da Resolução nº 466.
2015.
FONTINELE, Francijane de Carvalho; SILVA, Maria Lucilene. Interven-
ção fonoaudiológica em pacientes com transtorno de déficit de aten-
ção e hiperatividade (TDAH): revisão de literatura. Pesquisa, Socieda-
de e Desenvolvimento, [S. l.] , v. 10, n. 1, pág. e19710111561, 2021.
GIL. Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. Atlas; 7ª
edição. 2022.
GUIMARAES, Silvia; MOUSINHO, Renata. Papel do Vocabulário para
as Habilidades de Compreensão Leitora. Psico-USF, Bragança Paulis-
ta, v. 24, n. 4, p. 685-697. 2019.
MALUF, Rafael Gustavo; LOPES, João Armenio; OLIVEIRA, Celia.
Práticas de Avaliação Psicológica Escolar: Uma Revisão Sistemática
da Literatura. Revista Iberoamericana de Diagnóstico y Evaluación – e
Avaliação Psicológica. RIDEP • Nº62 • Vol.1 • 185-215 • 2022.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do
trabalho científico. Atlas; 9ª edição. 2021.
MARTINS, Débora Regina. Fonoaudiologia e transtorno do déficit de
atenção e hiperatividade: revisão integrativa da literatura. 27f. 2018.
Trabalho de conclusão de curso (Curso de Fonoaudiologia) Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2018.
MOURA, Luciana Teles; SILVA, Katiane Pedrosa; SILVA, Keliene Pe-
drosa. Alunos com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hipera-
tividade): um desafio na sala de aula.
Revista Eletrônica Acervo Saúde, ES. n. 22, p.611. 2019.
MULLER, Katia Fabiane. Intervenção precoce: programa de leitura
para criança com ou semautismo. 177p. 2021. Dissertação (Mestrado)
Universidade federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul. 2021.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 148

PINTO, Adriana Ribeiro et al. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATEN-


ÇÃO E HIPERATIVIDADE: diagnóstico e intervenção.
PERES, Mirna Lopes; CAMPOS, André Luiz. Os desafios do diagnós-
tico do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em
adultos com base no DSM-V / Os desafios do diagnóstico do transtor-
no de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em adultos com ba-
seno DSM-V. Revista Brasileira de Desenvolvimento, [S. l.], v. 8, n. 6,
pág. 48102– 48118, 2022.
RAMOS, Daniela Karine et al. O uso de jogos cognitivos no contexto
escolar: contribuições às funções executivas. Psicol. Esc. Educ., Ma-
ringá, v. 21, n. 2, p. 265-275, Aug. 2017.
RIBEIRO, Simone Pletz. TCC e as funções executivas em crianças
com TDAH. Rev. bras.ter.cogn. 12(2), 126-134. 2016.
ROSSETT, Claudia Broetto et al . A visão de profissionais de saú-
de acerca do TDAH - processo diagnóstico e práticas de tratamento.
Constr. psicopedag., São Paulo , v. 25, n. 26, p.34-45, 2017.
SANTOS, Priscila Teixeira; FRANCKE, Ingrid d’Avila. O transtorno dé-
ficit de atenção e os seus aspectos comportamentais e neuro-anato-
mo- fisiologicos: uma narrativa para auxiliar o entendimento ampliado
do TDAH. 2017.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. Cor-
tez; 24ª edição. 2018. SILVA, Samara Lilian; OLIVEIRA, Maria Caroli-
na; CIASCA, Sylvia Maria.
Desempenho percepto-motor, psicomotor e intelectual de escola-
res com queixa de dificuldade de aprendizagem. Rev. psicopedag.
34(103), 33-44. 2017.
SILVERMAN, linda; GILMAN, Barbara. Melhores práticas na identifi-
cação e avaliação desuperdotados: Lições do WISC-V. Psychology in
the Schools, 57(10). 2020.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 149

CAPÍTULO 10

A ELETROESTIMULAÇÃO NA REABILITAÇÃO
FONOAUDIOLÓGICA DOS DISTÚRBIOS MASTIGATÓRIOS EM
INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

ELECTROSTIMULATION IN SPEECH REHABILITATION IN CHEW


DISORDERS IN INDIVIDUALS WITH TEMPOROMANDIBULAR DYSFUNCTION.

Ediane Lago Soares1


Janaina Menezes da Silva2
Aulisângela da Silva Queiroz3

RESUMO
As disfunções temporomandibulares (DTM´s) são um grupo de altera-
ções nas articulações que ligam o maxilar à mandíbula (ATM). As dis-
funções da ATM podem ter impactos nos músculos responsáveis pela
mastigação. Dores maxilares, dificuldade de mastigar e estalos, ou
travamento da mandíbula são alguns dos principais sintomas. O fo-
noaudiólogo exerce um papel importante no seu tratamento da DTM,
promovendo a melhora nos distrúbios fonoarticulatórios e estomatog-
náticos. A eletroestimulação funcional (FES) e a eletreoestimulação
nervosa cutânea (TENS), são recursos complemetares já utilizados na
prática clínica fonoaudiológica. Objetivo: Esclarecer sobre o uso da
eletroestimulação na motricidade orofacial em paciente com DTM. Me-
todologia: Este estudo é uma revisão bibliográfica analítica descritiva,
destacando o uso da eletroestimulaçao na reabilitação fonoaudiológi-
ca no tratamento dos disturbios mastigatórios na DTM . Para o desen-
volvimento foram analisados artigos, teses e dissertações das bases
de dados do Google Acadêmico, SCIELO, PubMed, MEDline e BIRE-
ME, no período 2012 a 2022. Resultados: Foram analisadas 46 publi-
1 Discente do curso de Fonoaudiologia da Faculdade Metropolitana de Manaus, Fametro.
E-mail: edianelagosoares@gmail.com
2 Discente do curso de Fonoaudiologia da Faculdade Metropolitana de Manaus, Faametro.
E-mail: janainasilva813@gmail.com
3 Docente do curso de Fonoaudiologia e orientadora. E-mail: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 150

cações, e selecionados 20 artigos que contribuíram para o desenvol-


vimento da pesquisa. Consdiderações Finais: Esta pesquisa eviden-
ciou que o uso da eletroestimulação funcional FES e TENS na reabili-
tação das funções mastigatórias em individuos com DTM, é um recur-
so do qual o profissional fonoaudiólogo pode se beneficiar, alcançan-
do resultados satisfatórios com estas técnicas aliadas à terapia con-
vencional.
Palavras-chave: DTM; mastigação; eletroestimulação; fonoterapia.

ABSTRACT
Temporomandibular disorders (TMD) are a group of changes in the
joints that connect the jaw to the mandible (TMJ). TMJ dysfunctions
can impact the muscles responsible for mastication. Jaw pain, difficul-
ty chewing and clicking, or jaw locking are some of its main symptoms.
Functional electrical stimulation (FES) and cutaneous electrical nerve
stimulation (TENS) are complementary means used in clinical prac-
tice for the treatment of pain in patients with TMD. The speech thera-
pist plays an important role in the treatment, promoting improvement in
phonoarticulatory and stomatognathic disorders. Objective: To clarify
the use of FES and TENS in orofacial motricity in patients with TMD.
Methodology: This study is a descriptive analytical literature review,
highlighting the use of electrostimulation in speech-language rehabili-
tation in the treatment of masticatory disorders in TMD. For the devel-
opment, articles, theses and dissertations from the Google Scholar,
SCIELO, PubMed, MEDline and BIREME databases were analyzed
from 2012 to 2022. Results: 46 articles were analyzed, and 20 articles
were selected that contributed to the development of the research. Fi-
nal Considerations: This research showed that the use of functional
electrical stimulation FES and TENS in the rehabilitation of masticatory
functions in individuals with TMD is a resource from which the speech
therapist can benefit, achieving satisfactory results with this technique
combined with conventional therapy.
Keywords: TMD; mastication; electrical stimulation; speech therapy.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 151

INTRODUÇÃO

A Disfunção Temporomandibular (DTM) é definida como qual-


quer desequilíbrio na função dos dentes e no funcionamento de suas
estruturas adjacentes, como as maxilas, articulações e todos os mús-
culos do aparelho estomatognático, podendo gerar desconforto em ní-
veis variados nos indivíduos acometidos. Para que a articulação tem-
poromandibular (ATM) funcione corretamente, a oclusão dos dentes e
o equilíbrio neuromuscular devem ter uma relação harmônica (BETA-
GLION, 2021).
Com o aumento na incidência das DTM’s e seus impactos so-
bre os músculos mastigatórios, a intervenção fonoaudiológica com o
recurso da eletroestimulação é uma alternativa de tratamento, sendo
um recurso terapêutico de baixo custo se comparado a outros recur-
sos, além de ser uma terapia não invasiva e relativamente simples,
buscando restabelecer a função normal da articulação temporomandi-
bular e estruturas relacionadas. (PINHEIRO et al., 2018).
Considerando as implicações das disfunções temporomandi-
bulares no desempenho miofuncional orofacial, o uso da eletroestimu-
lação pode ser eficaz no tratamento das alterações nas funções dos
músculos mastigatórios? Este estudo pretende investigar e mensu-
rar seus efeitos, estimando a sua eficiência como recurso terapêutico
no tratamento dos sinais e sintomas da disfunção temporomandibu-
lar, elencando possibilidades de intervenção, associando a eletroesti-
mulação funcional (EEF) e a eletroestimulação nervosa transcutanea
(TENS) às terapias convencionais em Motricidade Orofacial.

MATERIAL E METODOS

Esta pesquisa é um estudo de revisão sistemática de literatu-


ra que foi realizada através de consulta aos seguintes bancos de da-
dos; Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), MEDLINE E BI-
REME, com base nos seguintes descritores: DTM, temporomandibu-
lar, mastigação, eletroestimulação e fonoterapia, isolados e em combi-
nações. Como critérios de seleção, foram incluídos artigos que tratem
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 152

da temática do estudo, publicados durante o período de 2010 á 2022,


no idioma português, inglês e espanhol. Os artigos identificados para a
estratégia de busca se deram a partir da leitura dos títulos e resumos,
e posteriormente a partir da leitura do artigo completo. Foram excluí-
das publicações que não atendiam ao período determinado e os estu-
dos que não estavam relacionados diretamente com o tema.

COMPETÊNCIA E AS DIRETRIZES QUE COMPREENDEM O TRA-


BALHO DA FONOAUDIOLOGIA NA ÁREA DA MOTRICIDADE ORO-
FACIAL.

O fonoaudiólogo tem um papel importante no tratamento da


Disfunção Temporomandibular, um problema que acomete a articula-
ção temporomandibular (ATM), e é decorrente de tensão ou mal posi-
cionamento das estruturas da face. Segundo a Lei nº 6.965, de 9 de
dezembro de 1981, o profissional de fonoaudiologia é apto a atuar na
prevenção, avaliação, diagnóstico e terapia na área da comunicação
oral, aperfeiçoando os padrões de fala, voz, audição e função vestibu-
lar. Também atua no aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos
dos sistemas miofuncional, orofacial, cervical e de deglutição. (CFFa,
2007).
O Conselho Federal de Fonoaudiologia CFFa (2007) descreve as
ações inerentes ao exercício profissional, de forma a descriminar cada
competência, buscando caracterizar a ocupação do fonoaudiólogo no
Brasil. A área da motricidade orofacial está entre estas competências.

“As áreas de competência do Fonoaudiólogo especia-


lizado em Motricidade Oral incluem: Avaliação das fun-
ções realizadas pelo sistema estomatognático incluindo
avaliação clínica e exames utilizados para detectar suas
possíveis alterações. Habilitação e Reabilitação do siste-
ma estomatognático, bem como suas funções.” (CFFa,
2003)

De acordo com Berreta (2018), em motricidade orofacial a in-


tervenção fonoaudiológica visa adequar os movimentos e os múscu-
los da mandíbula durante a mastigação, deglutição e também durante
a fala buscando a postura habitual da boca e mandíbula, dessa forma,
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 153

o profissional atua recuperando o equilíbrio dos músculos que são res-


ponsáveis pelas funcões orais.

“A avaliação clínica em Motricidade Orofacial (MO) cons-


titui- se em importante etapa para o diagnóstico fonoau-
diológico, uma vez que possibilita acompreensão das
condições anatômicas e funcionais do sistema estoma-
tognático.” (OLIVEIRA et al, 2016).

Ainda segundo CFFa (2006) na especialidade em MO, o fono-


audiólogo habilita e reabilita as funções que se relacionam com a suc-
ção, mastigação, deglutição, expressão facial e articulação, proporcio-
nando ao paciente melhor qualidade de vida, melhorando consequen-
temente toda a sua comunicação.
Em relação ao uso da eletroestimulação pelo fonoaudiólogo, a
Resolução N˚ 543 de 15 de Março de 2019 do CFFa dispõe sobre o
uso da eletroterapia e normaliza o uso da técnica para fins fonoaudio-
lógicos, por meio da aplicação de correntes contínuas ou pulsadas, ou
microcorrentes, associada aos procedimentos clínicos convencionais,
por profissional capacitado.
Com relação ao uso da eletroestimulação pelo fonoaudiólogo,
o primeiro parecer emitido pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia
(CFFa) foi publicado em 2011, validando o uso de recursos de estimu-
lação elétrica e magnética por fonoaudiólogos no Brasil. Segundo o
Parecer N˚ 43 de 06 de abril de 2016 do Conselho Federal de Fono-
audiologia, que trata sobre o uso de recursos de estimulação elétrica
transcutânea por fonoaudiólogos, o uso dos diversos tipos de estimu-
lação elétrica, com fins fonoaudiológicos, constitui exercício legal da
profissão. Esta resolução diz que o uso da eletroestimulação é restri-
to a fins fonoaudiológicos, sendo o profissional responsável por “sele-
cionar o tipo e a programação da corrente ou micro corrente para cada
cliente, assim como a intensidade mais adequada ao tratamento”. (Pa-
recer SBFa 06/2020).
Furtado (2022) declara que a aquisição das competências fo-
noaudiológicas ainda compreende experiência e treinamento, incluin-
do o estudo científico e técnico existente, participação em programas
de treinamento, consultoria com outros profissionais capacitados para
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 154

tal atuação, entre outros. Combinados a estas demandas, precisa-se


de habilidades necessárias para o cuidado e planejamento terapêuti-
co, conhecimento clínico, conhecimento específico e capacidade de
trabalhar em equipe multidisciplinar. Todas estas qualificações devem
ser atendidas para que haja a correta observância do Código de Ética
da Fonoaudiologia, que constitui como infração ética a execução de
procedimento para o qual o profissional não esteja capacitado.
As formas de eletroestimulação devem ser do conhecimento
do profissional fonoaudiólogo, para que possa ser imbuídio de auto-
ridade, bem como a capacidade de manuseio dos equipamentos e
modulações das correntes, de forma a desenvolver suas habilidades,
competências e alcançar resultados positivos para o paciente, ou ain-
da potencializar a terapia convencional. (MACHADO, 2018).

ALTERAÇÕES MIOFUNCIONAIS QUE A DTM PODE CAUSAR NO


PROCESSO DA MASTIGAÇÃO.

A disfunção temporomandibular é o nome dado ao conjunto


de sinais e sintomas que afetam a musculatura da mastigação e/ou a
articulação temporomandibular (ATM), tendo sua localização entre a
mandíbula e o crânio. Os principais tipos de DTM podem ser classifi-
cados em musculares e articulares. A muscular, ocorre quando a mus-
culatura do sistema mastigatório sofre um excesso de tensão; a articu-
lar, que pode se dar tanto por uma sobrecarga da articulação, quanto
por traumas ou até doenças degenerativas. Os sinais e sintomas mais
comuns são dor orofacial, ruídos articulares e alterações na mobilida-
de mandibular. (PAZ et al., 2012).
As DTMs articulares compreendem as alterações que podem
ser deslocamentos do disco com ou sem redução, deslocamentos da
ATM, desordens inflamatórias como a poliartrite, anquilose, desordens
não inflamatórias como a osteoartrite primária e secundária, e fratura
do processo condilar. Por sua vez as DTMs musculares podem apre-
sentar-se como mialgia local, central, dor miofascial, espasmos, miosi-
te, contratura miostática e neoplasia (REPHAEL et al, 2013).
Sobre os movimentos da articulação temporomandibular
(ATM), a elevação da mandíbula é um dos principais. Esse desloca-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 155

mento é responsável, pelo fechamento da boca e pela oclusão dos


dentes Segundo Ribeiro et al. (2015), o sistema estomatognático
constitui um aparato complexo que envolve várias estruturas, sendo o
crânio e a mandíbula relacionados pelas articulações temporomandi-
bulares (ATMs), músculos da mastigação e pelo sistema nervoso. os
principais músculos responsáveis por estas contrações são o masse-
ter e a porção anterior do temporal . O autor continua em seu estudo
relatando que qualquer movimento por menor que seja já é suficiente
para aumentar consideravelmente a atividade elétrica nestes múscu-
los por serem pequenos. Isso ocorre mesmo sem forçar, ao realizar o
simples movimento de oclusão parcial ou total dos dentes.
Nosso organismo tem um sistema de sinalização para evitar
a manutenção de posturas que causam o estiramento dos músculos.
Estes sinalizadores, chamados de Fusos Musculares, que detectam
as variações abruptas no comprimento das fibras. Os Órgãos Tendino-
sos de Golgi (OTG) são receptores que são ativados para evitar o au-
mento da tensão das fibras musculares em posições incorretas, por-
tanto a normalidade é que os músculos mastigatórios estejam relaxa-
dos. (RIBEIRO et al, 2015).
Silva et al. (2012) em seu estudo sobre análise do sinal ele-
tromiográfico dos músculos mastigatórios mostrou que em pacientes
acometidos por DTMs, há a assincronia muscular, com diminuição sig-
nificativa da atividade elétrica no músculo temporal esquerdo na posi-
ção de repouso mandibular.
De acordo com Mafei et al. (2012) os indivíduos acometidos
por DTM podem apresentar limitações ou assimetrias na movimenta-
ção mandibular durante a mastigação, além de estalos durante aber-
tura e fechamento mandibular, inclusive durante a fala.Os autores ain-
da trazem relatos sobre alterações no posicionamento de língua e pre-
sença de movimentos cervicais compensatórios à deglutição, com a
presença de engasgos durante a mastigação e deglutição. Este mes-
mo estudo apresenta 10 indivíduos acometido por DTM, cujas queixas
incluíram: “redução da amplitude de movimento de abertura bucal e
dor referida na musculatura mastigatória e cervicofacial”.
As queixas relacionadas à DTM, em sua grande maioria in-
cluem dor, principalmente nos músculos da mastigação. Segundo Bar-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 156

cellos et al., (2014), em seu estudo de avaliação da mastigação em


paciente acometidos com este problema, há a presença de desequilí-
brio da musculatura mastigatória, em que há um único lado de traba-
lho na mastigação, além de presença de dor durante a execução da
função.
Berreta et al. (2018) relata que a severidade da dor está rela-
cionada às atividades dos músculos mastigatórios e, portanto, afeta
diretamente as funções que este grupo muscular realiza, tais como a
mastigação, a articulação da fala e a dinâmica da deglutição. Além de
interfer na função mastigatória, causando dores nos músculos e ge-
rando fadiga, dificuldade em abrir a boca e ruídos articulares, pode
ocorrer, nos casos mais extremos,deslocamento da mandíbula, geran-
do muito desconforto.
De acordo com Oliveira et al.(2010), a presença dos distúrbios
miofuncionais orofaciais está associoado com disfunção temporoman-
dibular dolorosa, e que pode interferir no equilíbrio do sistema estoma-
tognático. Ainda, segundo a autora, a dor parece atuar como fator de
piora dos sinais e sintomas da disfunção temporomandibular.
Dall et al., (2013) descreve que a dor na DTM muscular se carac-
teriza como musculoesquelética crônica, regional, com sinais e sintomas
específicos. Os autores explicam que a gravidade dos sintomas está re-
lacionada principalmente aos pontos de gatilho miofasciais (PG), que são
nódulos hiperirritáveis localizados em uma banda tensa de músculos, ten-
dões ou fáscias, que quando palpados ou no ato da mastigação, produ-
zem dor local, podendo irradiar gerando cefaléia e até mesmo otalgia. Os
sintomas causados por estes nódulos variam desde a dor incapacitante e
intensa, até a restrição de movimentos e alteração da postura.

Qualquer que seja a natureza da dor, dela resultam mo-


dificações do comportamento psíquico, com aumento de
tônus muscular e consequente instalação de dor miofas-
cial. Além dos fenômenos neurofisiológicos estão tam-
bém envolvidos os aspectos psicológicos, cognitivos,
comportamentais e sociais. (DALL et al., 2013)

As formas crônicas das DTMs podem levar à severas altera-


ções no cotidiano, pois o indivíduo, conforme a gravidade das mani-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 157

festações se ausenta no trabalho, nas atividades do dia a dia, poden-


do levar a falta da interação social, resultando em comprometimento
na sua qualidade de vida.
Oliveira et al. (2010) ainda enfatiza a importância das inter-
venções multidisciplinares em pacientes que apresentem os distúrbios
miofuncionais orofaciais como possível comorbidade à disfunção tem-
poromandibular dolorosa. A sua abordagem deve ter enfoque tanto
nos aspectos físicos como emocionais presentes na DTM. Os méto-
dos de baixo custo e rápida aplicação e que não apresentam efeitos
colaterais como a aplicação da eletrestimulação funcional, podem ser
utilizados como coadjuvantes na associação à outras intervenções te-
rapêuticas.

OS BENEFÍCIOS DA EEF E DA TENS NA REABILITAÇÃO DAS


FUNÇÕES DOS MÚSCULOS MASTIGATÓRIOS E SUA APLICABI-
LIDADE COMO RECURSO TERAPÊUTICO COMPLEMENTAR NA
PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA EM MO.

A estimulação elétrica funcional (EEF), conhecida no mundo


pela sigla FES (Functional Electrical Stimulation), é um tipo de tera-
pia que utiliza a corrente elétrica de baixa freqüência a fim de estimu-
lar a contração dos músculos. A EEF é utilizada em determinadas te-
rapias como recurso complementar, usando eletrodos sobre a pele
do paciente. A eletroterapia tem base em diferentes estratégias que
utilizam a corrente elétrica para promover a reabiltiação das funções
comprometidas, atingindo objetivos específicos nas terapias (GUIMA-
RÃES, 2013).
A FES é usada na prática clínica com o objetivo de movimen-
to funcional, ou seja, a funcionalidade consiste na corrente que gera
pulsos elétricos, bifásicos, não polarizados, que variam geralmente na
frequência, na configuração do pulso, simetria ou assimetria e nas mo-
dulações e possui alta resistência do tecido nãot tendo profundidade
de penetração devido a sua baixa frequência. (BOHÓRQUEZ et al.,
2013).
A eletroestimulação funcional é uma das correntes que fazem
parte do grupo conhecido como estimulação elétrica neuromuscular
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 158

(EENM) – corrente russa, FES, corrente Aussie, que usam as corren-


tes elétricas para provocar contrações musculares através dos eletro-
dos (SANTANA et al., 2012). O estudo destaca que a FES tem sido
um método usado há muitos anos na prática clínica, mais especifica-
mente no tratamento das atrofias musculares e para o aumento de for-
ça muscular.
De acordo com Pinheiro et al.(2017), a tonicidade e força mus-
cular como resultado da eletroestimulação de breve duração pode ser
comparado ao obtido no treinamento voluntário. Os efeitos da eletro-
estimulação direta dos nervos motores faz com que os músculos exe-
cutem contrações rítmicas.
As pesquisas evidenciam os benefícios do uso da eletroesti-
mulação na melhora dos aspectos vocais e de deglutição. Segundo
Marques et al.(2012), a Estimulação Elétrica Funcional (EEF), auxi-
lia na contração de um músculo privado de controle normal, permitin-
do estimular não só a musculatura local, mas também mecanismos re-
flexos necessários à reorganização das atividade motoras. A estimu-
lação elétrica produz contrações na musculatura esquelética por meio
da aplicação de impulsos elétricos sem envolvimento cerebral.
Sobre a deglutição, segundo Pinheiro et al.(2017), em um es-
tudo com voluntários se evidencia melhora no comportamento dos lá-
bios durante a deglutição. Pacientes que não conseguiam fazer o se-
lamento labial com tensão muscular, após a aplicação da FES conse-
guiram selar os lábios normalmente, a tensão dos músculos faciais
que era presente no início, amenizou consideravelmente depois da in-
tervenção. Na função mastigatória, aspectos como mordida e a tritu-
ração apresentaram mudança importante, ao serem comparadas an-
tes e depois da terapia.
Estimulação elétrica transcutânea (TENS) promove analgesia,
através da emissão de estímulos elétricos por meio de eletrodos posi-
cionados nas áreas dolorosas ou próximas a elas, estimulando as fi-
bras. O aparelho possui dois tipos de freqüência: a alta, atuando em
nível sensorial,agindo na dor, e de baixa freqüência, atuando a nível
motor, promovendo liberação de endorfinas. A TENS é indicada para
controlar a dor crônica, dor pós-cirurgica, assim como reduzir a dor
aguda pós-traumática. Para ser usado em pacientes com DTM, deve
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 159

ser somente como uma medida de suporte, atuando no controle álgi-


co e disfuncional. (SANTOS et al, 2015), dessa forma pode ser usa-
do e em diversos casos clínicos no combate a dor, promoção do rela-
xamento muscular, melhora da vascularização no local de como efeito
significativo em quadro de de fadiga e redução da hiperatividade mus-
cular.
Em relação ao uso da eletroestimulação pelo fonoaudiólgo na
área da Motricidade Orofacial, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiolo-
gia descreve a eletroestimulação como um método de terapia não in-
vasiva, capaz de produzir efeitos fisiológicos em determinados órgãos
e sistemas, dependendo da corrente elétrica e do objetivo terapêutico.

“No campo da Motricidade Orofacial são diversas as pos-


sibilidades de uso da eletroestimulação com efeitos de
relaxamento, analgesia, drenagem, liberação articular, in-
cremento aos exercícios, indução ao movimento, aumen-
to da força muscular, tonificação muscular, além de res-
postas posturais e efeitos na salivação”. (SBFa, 2020).

A Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia ainda declara que o


uso da eletroestimulação não se restringe a estimular apenas a con-
tração muscular, mas recomenda que seja utilizada também na esti-
mulação sensorial e sensório motora no uso em MO.
O uso da eletroestimulação é uma realidade na Fonoaudiologia e
ganhou espaço nas diversas áreas de atuação como recurso coadjuvan-
te para habilitar, reabilitar e aprimorar padrões funcionais (Machado e Na-
lesso, 2018). De acordo com Santos et al.(2015), o profissional fonoaudi-
ólogo pode se beneficiar do uso da eletroestimulação, alcançando resul-
tados satisfatórios com esta técnica aliada à terapia convencional.

“No campo da Motricidade Orofacial são diversas as pos-


sibilidades de uso da FES com efeitos de relaxamen-
to, analgesia, drenagem, liberação articular, incremento
aos exercícios, indução ao movimento, aumento da força
muscular, tonificação muscular, além de respostas postu-
rais e efeitos na salivação”. (SBFa, 2020).

A eletroestimulação já vem fazendo parte da rotina do atendi-


mento fonoaudiológico na prática clínica. Esta técnica é utilizada prin-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 160

cipalmente com o objetivo de promover e otimizar as funções oromio-


funcionais. (MAFFIULETTI et al. 2018). A Sociedade Brasileira de Fo-
noaudiologia ainda declara que o uso da eletroestimulação não se res-
tringe a estimular apenas a contração muscular, mas recomenda que
seja utilizada também na estimulação sensorial e sensório motora no
uso em MO.
O uso da eletroestimulação é uma realidade na Fonoaudiolo-
gia e ganhou espaço nas diversas áreas de atuação como recurso co-
adjuvante para habilitar, reabilitar e aprimorar padrões funcionais (Ma-
chado e Nalesso, 2018). De acordo com Santos et al.(2015), o profis-
sional fonoaudiólogo pode se beneficiar do uso da eletroestimulação
alcançando resultados satisfatórios com esta técnica aliada à terapia
convencional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Principais obras que contribuiram para o resultado da pesqui-


sa, no que se refere às práticas terapêuticas fonoaudiológicas, com o
recurso da eletroestimulação nos distúrbios mastigatórios na disfun-
ção temporomandibular.

Quadro 01 - Uso da eletroestimulação nos disturbios mastigató-


rios - DTM.
OBRA AUTORES ANO CITACAO

Alguns voluntários, que inicialmente


Efeitos da eletroestimu- conseguiam fazer o selamento labial
lação associada ao trei- com tensão muscular após a aplica-
PINHEIRO
no mastigatório em pes- 2017 ção da FES conseguiram selar os lá-
et al.
soas com síndrome de bios normalmente; a tensão dos mús-
down culos faciais durante a deglutição
também melhorou.

O uso da eletroestimula- SANTOS; O estudo demonstrou resultados sa-


ção na clinica fonoaudio- JUSCELI- 2015 tisfatórios na melhoria da habilidade
logica. NA funcional da deglutição.

Melhora na coordenação da muscu-


Tratamento para disfun-
SASSI et latura orofacial, melhora na força e
ções temporomandibu- 2017
al. amplitude dos movimentos mandibu-
lares.
lares.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 161

Utilização de diferentes A TENS e a EEAV promoveram redu-


estimulações elétricas RODRI- ção da intensidade da dor na masti-
para o tratamento da dor GUES et 2010 gação em mulheres com DTM, sendo
em mulheres com disfun- al. mais um recurso indicado para o tra-
ção temporomandibular. tamento desses pacientes.

Uso da acupuntura e da
estimulação elétrica ner-
Essa terapia foi efetiva, em curto pra-
vosa percutânea no con- NOGUEIRA
2015 zo, na redução da dor associada a
trole da mialgia mastiga- et al.
DTM de origem muscular.
tória crônica: estudo pre-
liminar

Estimulação elétrica neu- O relaxamento dos músculos tempo-


ral transcutânea (“tens”): ral e masseter em pacientes com dis-
BASSANTA
sua aplicação nas dis- 2013 função temporomandibular podem
et al.
funções temporomandi- ser induzidos por estimulação elétrica
bulares transcutanea.

...aumenta a circulação sanguínea lo-


cal e assim reduz o edema intersticial
Efeito Da Estimulação
e o acúmulo tecidual de metabólitos
Elétrica Contínua Sobre
nocivos. Dessa forma, a dor é redu-
O Sistema Estomatogná- KAPPES 2014
zida, aumentando a disponibilidade
tico De Pacientes Porta-
energética de radicais fosfatos, dimi-
dores De Bruxismo
nuindo a hipóxia muscular e a fadiga
dos músculos da mastigação.

Efeito imediato da TENS


na dor, na função muscu- Houve melhora significativa no limiar
lar e sua relação com a de dor a pressão imediatamente após
qualidade do sono e grau FERREIRA 2014 a aplicação da TENS que se manteve
de catatrosfizacao em in- ou aumentou após 48hs para ATM e
divíduos com disfunção músculos mastigatórios e cervicais.
temporomandibular

Laser em baixa intensi-


dade e eletroestimulação
transcutânea (TENS) no
Todos os pacientes selecionados
aumento da amplitude GARCEZ
2010 apresentaram melhora na amplitude
de abertura bucal em et al.
da abertura bucal.
paciente portadores de
disfunções temporoma-
dibulares]

Eficácia das técnicas A intervenção por meio do uso da


fisioterapêuticas em neuroestimulação elétrica transcutâ-
pacientes com síndrome nea (TENS) associado a um proto-
IZABEL
da disfunção da articula- 2022 colo cinesioterapêutico é capaz de
et al.
ção temporomandibular: reduzir a sintomatologia dolorosa e
revisão sistemática e promover a recuperação da função
bibliométrica. do sistema estomatognático
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 162

De acordo com Pinheiro et al (2018), há ganhos importantes


com a aplicação da eletroestimulação. Este estudo foi realizado com
pacientes que apresentavam alterações miofuncionais que também
são encontradas em pacientes com DTM, e com aplicação do treino
mastigatório, durante a eletroestimulação, a terapia pode ter contribu-
ído para a melhora, apresentando mudanças na dinâmica e força das
estruturas musculares que compõem o sistema mastigatório.
Segundo Sassi, 2018 os tratamentos trouxeram benefício ao
paciente acometido de DTM, sendo observada a melhora dos sinais e
sintomas. Neste estudo a eletroestimulação funcional foi utilizada na
terapia odontológica, com ajuste oclusal com aparelho ortopédico as-
sociado à eletroestimulação, promovendo a redução da dor e a melho-
ra da mobilidade mandibular.
Conforme Rodrigues et al (2010) a eletroestimulação, realiza-
da em alta intensidade e atingindo o limiar motor, como preconizado
no presente estudo por meio da TENS, gera um efeito de bombea-
mento devido à contração e ao relaxamento muscular rítmicos que au-
mentam a circulação sanguínea local. Houve redução da intensidade
da dor na mastigação, sendo mais um recurso em combinação com a
EEAV (Eletroestimulacao de alta voltagem).
Nogueira et al (2015) relata em seu estudo que a eletroestimu-
lação cutânea em comparação ao tratamento com acumputura, obte-
ve melhores resultados,na redução ,de forma imediata dos sintomas re-
latados de mialgia mastigatória crônica no músculo masseter. Também
descreve a apresentação de um efeito cumulativo durante o tratamen-
to, percebido pela manutenção do efeito analgésico a cada intervenção.
Bassanta et al (2013) em seu estudo sobre o efeito da eletro-
estimulação transcutanea relata que se pode obter o relaxamento dos
músculos temporais e masseteres pelo uso da TENS beneficiando as-
sim a mastigação.
Foi destacado por Ferreira (2014) no estudo sobre o uso da
eletoestimulação na qualidade do sono em pacientes com DTM, a ca-
tastrofização da dor, o que impacta na pressão mandibular. Após apli-
cação única da TENS bilateralmente nos músculos masseteres e tem-
porais anteriores houve melhora significativa imediata nos limiares de
dor e pressão.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 163

Em relação a abertura bucal, Garcez (2010) demonstra em um


experimento com 56 pacientes com diferentes graus de limitação na
abertura bucal resultante da DTM, que a aplicação de laser em baixa
intensidade com a cobnação do uso da eletroestimulação trancutânea
melhorou a amplitude da abertura bucal em todos os indivíduos parti-
cipantes do estudo.
A predominância de estudo no campo da odontologia e fisiote-
rapia descrevendo o uso da eletroestimulação na intervenção em DTM
foi obsrvada nesta análise, apesar disso, há contribuições que com-
plementam as evidências da eficacía do uso voltado para a reabilita-
ção no campo da motricidade orofacial que é a área de especialização
na fonoaudiologia.
Izabel (2022) confirma em seu estudo que a intervenção por
meio do uso da TENS associado a um protocolo cinesioterapêutico é
capaz de promover a recuperação da função do sistema estomatog-
nático, bem como reduzir a dor. No entanto, a autora enfatiza a eficá-
cia do seu uso combinado de estratégias terapêticas citando o uso de
placa oclusal, do exercício postural global, da laserterapia, do infraver-
melho e fotobiomodulação na melhora da sintomatologia da disfunção
temporomandibular.
Em outra análise, Kappes (2014) descreveus o uso da TENS
sobre o bruxismo, sendo usado neste estudo por descrever também
os efeitos sobre a DTM resultante dessa condição. A autora descrimi-
na seus efeitos sobre o edema intersticial e acúmulo tecidual de meta-
bólitos nocivos diminuidno a hipóxia que resultaria na fadiga dos mús-
culos da mastigação.
Após análise dos artigos selecionados, observou-se que so-
mente a eletroestimulção não é suficiente para restabelecer a fun-
ção mastigatória. As técnicas combinadas de terapia fonoaudiologi-
ca, como massagens locais, aplicação de calor, laserterapia, exercí-
cio miofuncional, fotobiomodulação associado ao uso da eletroestimu-
lação produzem melhores resultados, com redução da mialgia, melho-
ra da mobilidade mandibular, possibilitando diminuição dos impactos
causados pela DTM nos músculos mastigatórios.
Embora a melhora da dor não tenha sido objetivo desta pes-
quisa, há a predominância de estudos que tem esse enfoque, portan-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 164

to, o uso da TENS e da FES tem essa proposta de intervenção imedia-


ta na dor. Entende-se que promover a analgesia é fundamental, pois
a dor interfere na abertura bucal adequada, impactando a mastigação,
e impossibilitando a continuação de qualquer intervenção para além
do alívio imediato da dor. Acerca da orientação no tratamento, o cará-
ter paliativo do recurso da eletroestimulação foi evidenciado, portanto,
o paciente deve ser conscientizado acerca da importância do acom-
panhamento multidisciplinar, permitindo que tenha acesso a condu-
ta clínica mais adequada no seu caso, levando em consideração que
o uso combinado de técnicas de ambas as especialidades potenciali-
za os benefícios terapêuticos, possibilitando resultados eficazes e du-
radouros.

CONCLUSÃO

Este estudo permitiu observar que a intervenção na disfunção


temporomandibular consiste em variados métodos terapêuticos e exi-
gem o envolvimento de uma equipe multdisciplinar. Após a análise das
obras que abordaram o uso da eletroestimulação, ficou evidente que
este recurso foi utilizado como complemento aos tratamentos, sendo
eficaz em seu uso combinado à outras estratégias de reabilitação na
DTM. A intervenção imediata com o uso da etretrestimulação, na maio-
ria dos estudos, teve foco em analgesia, promovendo relaxamento e
melhora na mobilidade mandibular. Dessa forma, a TENS e a FES es-
tão entre os principais métodos tratar a dor advinda da DTM, promo-
vendo, consequentemente, melhora na função mastigatória.
Ao final desta pesquisa, foi possível perceber a necessidade
de atualização na área fonoaudiológica em relação à terapias alterna-
tivas de associação ao tratamento conservador da DTM. A eletroes-
timulação trouxe benefícios na reabilitação, porém, o campo científi-
co carece de estudos que enfoquem no tratamento das funções mas-
tigatórias, descrevendo metodologia e técnicas combinadas utilizadas
nos procedimentos, a fim de destacar seus resultados positivos, per-
mitindo melhores posssibilidades de reabilitação nas disfunções tem-
poromandibulares.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 165

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARCELLOS, Mariana Machado; NITSCH, Gabriel Silva; PITTA, Na-


tássia Côndilo; Tempo de ativação muscular em portadoras de dis-
funçãotemporomandibular durante a mastigação. Audiol Commun
Res. 2014;19(2):202-7, disponível em https://www.scielo.br/j/acr/a/
wZF8sWhvPGvqXhYFZsqMD5b/?format=pdf&lang=pt Acesso em
06.06.22.
BETAGLION, Cezar – Disfunçãotemporomandibular na pratica-
Diagnostico e terapias - 1ªED.(2021).
BORIN, Graciele da Silvaet al . Avaliação eletromiográfica dos mús-
culos da mastigação de indivíduos com desordem temporoman-
dibular submetidos a acupuntura- Rev. soc. bras. fonoaudiol. 17 (1)
• Mar 2012.
BOHÓRQUEZ, Ingrid Johanna Rodríguez; SOUZA, Marcio Nogueira-
Influência de parâmetros da estimulação elétrica funcional na con-
tração - 2013 . Rev. Bras. Eng. Biom., v. 29, n. 2, p. 153-165, jun. 2013.
CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Áreas de Compe-
tência do Fonoaudiólogo no Brasil. 2ª Edição – Março/2007. 8º Co-
legiado – Gestão 2004/2007. Disponível em: https://www.fonoaudiolo-
gia.org.br/publicacoes/epacfbr.pdf Acesso em: 06 junho de 2022.
DALL, Magali Antonia; NETTO, Regina Martins de Oliveira; SAN-
CHES, Monique Lalue. Dor miofascial dos músculos da mastiga-
ção e toxina botulínica. Hospital (EPM- UNIFESP/HSP). Rev. dor
vol.14 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2013
EBER, Priscila. et al – Mastigação e deglutição em mulheres jo-
vens com desordem temporomandibular. Rev. CoDAS ;25(4) , Rio
Grande do Sul , 2013.
FEHRENBACH, Julia. et al – A associação da disfunção temporo-
mandibularà dor orofacial e cefaleia.Rev. Journalof Oral Investi-
gations, vol. 7, n. 2, p. 69-78, Passo Fundo, 2018.
GARCEZ, Aguinaldo Silva. et al - Laser em baixa intensidade e ele-
troestimulação transcutânea (TENS) no aumento da amplitude de
abertura bucal em paciente portadores de disfunções temporo-
madibulares. Rev. Ortodontia, São Paulo, 2010
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 166

IZABEL, Joziane Rodrigues. et al - Eficácia das técnicas fisiotera-


pêuticas em pacientes com síndrome da disfunção da articulação
temporomandibular: revisão sistemática e bibliométrica. Brazilian
Journal of Development, Curitiba, v.8, n.4, p.31975-31994, apr., 2022.
KAPPES, Caroline. Efeito da estimulação elétrica contínua sobre o
sistema estomatognático de pacientes portadores de bruxismo.
Lume Repositório Digital Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fa-
culdade de Odontologia. Curso de Odontologia. Rio Grande do Sul, 2014.
MAFFIULETTI NA, Dugnani S, FOLS , M Di Pierno E - Effect of com-
bined electrostimulation and plyometric training on vertical jump
height. Med Sci Sports Exerc. Oct;34(10):1638–44.2022
MARQUES, Priscilla da Silva; NOGUEIRA, Scheyla Paula Bollmann
Oleskovicz - Efeitos da Eletroestimulação Funcional e Kabat na
Funcionalidade do Membro Superior de Hemiparéticos- Rev. Neu-
rocienc ;19(4):694-701 - São José-SC, 2012.
OLIVEIRA, Melissa Melchior - Distúrbio miofuncional orofacial, um
possível fator complicador no manuseio da disfunção temporo-
mandibular dolorosa: Relato de caso. Rev. Sociedade Brasileira de
Estudo da Dor. Br J Pain. São Paulo, 2018 jan-mar;1(1):80-6. Disponível
em http://old.scielo.br/scielo.php?pid=S259531922018000100080&s-
cript=sci_arttext&tlng=pt Acesso em 06.06.2022.
PINHEIRO, Denilma Lígia da Silva.et al – Efeitos da eletroestimula-
ção associada ao treino mastigatório em pessoas com síndrome
de down. Rev. CoDAS 30(3) Paraíba, 2018.
PAZ, Ciro Portinho et al. Diretrizes sobre a atuação Fonoaudiológi-
ca nos Distúrbios Alimentares Pediátricos- perfil dos Pacientes
Com Disfunção Temporomandibular- Arquivos Catarinenses de Me-
dicina -Volume 41 Suplemento 01 - São Paulo, 2012.
SASSI, Fernanda. et al – Tratamento para disfunções temporoman-
dibulares: uma revisão sistemática.Rev. Audiol.,Commun. Res. 23
• São Paulo, 2018.
SANTOS, Lucia de Fatima da Silva – A efetividade da terapia ma-
nual no tratamento de Disfunções Temporomandibulares (dtm):
Uma revisão da literatura.Rev. Aten.Saúde, São Caetano do Sul, v.
14, n. 49, jul./set., 2016.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 167

SEGUNDO, Henrique Vieira de Melo – A importância da avalia-


ção dos sinais e sintomas da disfunção temporomandibular
para a odontologia. Rev. Pub. Saúde3, a040. DOI: https://dx.doi.
org/10.31533/pubsaude3.a040, Rio Grande do Norte, 2020.
RIBEIRO, Sammir de Oliveira et al.Relação Entre Desordens Tem-
poromandibulares (DTM) E Pacientes Portadores De Próteses
Parciais Removíveisn- Odontol. Clín.-Cient. vol.14 no.1 Recife Jan./
Mar. 2015.
SANTOS, Juscelina Kubitscheck de Oliveira; GAMA, Ana Cristina Côr-
tes; SILVÉRIO, Kelly Cristina Alves -Uso Da Eletroestimulação Na
Clínica Fonoaudiológica: Uma Revisão Integrativa Da Literatura-
Rev. CEFAC. Set-Out; 17(5):1620-1632. Set-Out. 2015.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 168

CAPÍTULO 11

ACOMPANHAMENTO AUDIOLÓGICO PÓS ADAPTAÇÃO


DO AASI EM PACIENTES IDOSOS COM PRESBIACUSIA

AUDIOLOGICAL FOLLOW-UP AFTER ADAPTATION OF AASI IN


ELDERLY PATIENTS WITH PRESBYACUSIA

Anthony da Silva Freitas1


Evelyn Trindade de Souza2
Aulisângela da Silva Queiroz3

RESUMO
Presbiacusia é a perda auditiva oriunda do processo natural de en-
velhecimento no organismo de todo indivíduo. OBJETIVO: Esclare-
cer a importância do acompanhamento fonoaudiológico pós uso do
AASI em pacientes idosos com envelhecimento auditivo. METODO-
LOGIA: Pesquisa de revisão bibliográfica com dados extraídos de ar-
tigos científicos publicados nas plataformas digitais Google Acadêmi-
co e Scielo. RESULTADOS: O acompanhamento fonoaudiológico pós
uso do AASI é necessário para o idoso e sua família, pois aumenta a
eficácia e satisfação do usuário e também melhora sua qualidade de
vida. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O acompanhamento fonoaudiológi-
co é de extrema importância pós uso do AASI, pois fornece informa-
ções sobre manuseio correto, higienização, aumentando assim a me-
lhora na qualidade de vida.
Palavras-chave: Presbiacusia, acompanhamento, audiológico, adap-
tação, AASI.

1 Discente do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/AM. Email: anthony-


nob88@gmail.com
2 Discente do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/AM. Email: trindad.
evelyn@gmail.com
3 Docente/orientador de TCC do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/
AM. Email: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 169

ABSTRACT
Presbycusis is hearing loss arising from the natural aging process in
every individual’s body. OBJECTIVE: To clarify the importance of spee-
ch therapy after hearing aid use in elderly patients with hearing aging.
METHODOLOGY: Bibliographic review research with data extracted
from scientific articles published on Google Scholar and Scielo digital
platforms. RESULTS: Speech-language pathology monitoring after he-
aring aid use is necessary for the elderly and their families, as it incre-
ases the efficiency and user satisfaction and also improves their quali-
ty of life. FINAL CONSIDERATIONS: Speech-language pathology mo-
nitoring is extremely important after the use of hearing aids, as it pro-
vides information on correct handling and hygiene, thus increasing the
improvement in quality of life.
Keywords: Presbycusis, accompaniment, audiological, adaptation,
AASI.

INTRODUÇÃO

A perda auditiva em idosos é uma alteração orgânica que faz


parte do envelhecimento natural, em virtude disso eles se sentem des-
motivados quando o problema de saúde trata-se da perda da audição,
pois a partir do diagnostico eles apresentam reações como impaciên-
cia, falta de colaboração, distração, mau humor e acabam limitando a
sua vida social por acharem que não estão mais aptos para conviver
com outras pessoas.
É por este motivo que eles procuram ajuda otorrinolaringológi-
ca para o uso do aparelho auditivo individual, onde há toda uma ava-
liação. Este aparelho necessita de um profissional que irá contribuir
para o ganho da audição, participando desde a prevenção, até a rea-
bilitação, e é onde a presente pesquisa pretende esclarecer como é a
forma de intervenção que esse profissional irá conduzir na instalação
do AASI e o acompanhamento nesse processo de reabilitação auditi-
va do idoso.
Por falta de acompanhamento correto com o fonoaudiólogo
pós o uso do AASI, muitos idosos usam de forma incorreta e não se
adaptam o que pode levá- lo a desistir de fazer o uso do seu aparelho
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 170

auditivo, portanto é de grande importância mostrar a diferença que o


profissional fonoaudiólogo faz na reabilitação auditiva do idoso trazen-
do assim uma qualidade de vida melhor.
Foi neste sentido que surgiu a presente problematização: De
que forma o audiologista vai contribuir no sucesso da adaptação do
AASI em pacientes com presbiacusia, afim de trazer mais conforto na
reabilitação auditiva deste idoso para que o mesmo tenha conheci-
mento dos benefícios e não deixe de usar o aparelho que fará tanta di-
ferença na sua vida?
Conforme Ruschel (2006), cabe ao fonoaudiólogo realizar pro-
gramas de saúde auditiva e de explicar aos usuários seus benefícios,
pois não conseguirão utilizar sem a devida orientação quanto a adap-
tação, manuseio e higienização do mesmo com o acompanhamento
do profissional e de seus familiares.
No entanto, o objetivo da pesquisa foi esclarecer a importância
do profissional fonoaudiólogo nesse processo pós implementação do
AASI e quanto a família também faz diferença nessa jornada.
Para que se alcançasse a metodologia utilizada foi pesquisa
de revisão bibliográfica onde foram obtidos artigos científicos devida-
mente pesquisados em plataformas digitais como Google Acadêmico,
Scielo e revista digital, filtrados entre os anos de 2004 e 2022.
Desta forma foi possível considerar que o acompanhamento
com o profissional faz toda a diferença no período de adaptação do
uso do AASI, tendo em vista que o idoso com mais conhecimento pas-
sa a ter mais independência no seu manuseio e ajustes no aparelho,
se sentindo mais seguro e confiante ao retomar sua vida social, falar
ao telefone, participar ativamente de comemorações e reuniões que
assim tiverem e ter uma ótima qualidade de vida juntamente com seus
familiares.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente artigo foi desenvolvido a partir de revisão bibliográ-


fica, afim de esclarecer a importância do acompanhamento com o pro-
fissional fonoaudiólogo após a implementação do AASI. Sendo assim,
a pesquisa foi realizada através do Scientific Eletronic Library Online
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 171

(SciELO), Google Acadêmico, Revista da Sociedade Brasileira de Fo-


noaudiologia e Revista de Otorrinolaringologia com publicações entre
os anos de 2004 à 2022. Foram usados como busca palavras como:
fonoaudiologia, AASI, presbiacusia, acompanhamento audiológico.

O ENVELHECIMENTO NATURAL DA AUDIÇÃO (PRESBIACUSIA)

Assim como o envelhecimento em nosso organismo, a audição


também a acompanha com o avançar da idade e é chamada de Pres-
biacusia (HUNGRIA,2000).
A Presbiacusia trata-se de uma perda auditiva bilateral, que
afeta altas frequências conforme as mudanças ocorridas no sistema
auditivo com o aumento da idade (CORSO, 1977).
O processo natural do envelhecimento é de ordem progressi-
va, envolve processos sociais, psicológicos, mudanças biológicas e
também morfológicas de maneiras diferentes em cada indivíduo. É
entendido como parte integrante e fundamental no curso de vida, em
que emergem experiências e características próprias, diferindo quan-
to à complexidade no processo de formação do indivíduo idoso (MEN-
DES et al., 2005).
Com a perda auditiva em progressão, é afetado a relação so-
cial de vida do idoso, pois ele não consegue se comunicar com êxito.
Sendo necessário verificar com profissional habilitado em audiologia e
envelhecimento, para melhor tratar do funcionamento da audição e da
compreensão do que é falado (VERAS; MATTOS, 2007).
Está entre as três condições crônicas que mais afetam os ido-
sos, atrás da hipertensão e artrite, o que a torna frequente. É uma per-
da do tipo neurossensorial, que além de apresentar perda do limiar au-
ditivo, demonstra diminuição na sua habilidade de compreender a fala
de outro individuo em intensidade de conversação confortável, o tor-
nando mais suscetível à elevação de tom de voz (BESS et al, 2001).
Com a redução na habilidade de compreensão de fala, o ido-
so fica com seu processo de comunicação verbal seriamente compro-
metido, fazendo com que essa incapacidade de se comunicar devido
a deficiência auditiva seja uma das piores consequências para esses
indivíduos (RUSSO, 1999).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 172

Mesmo com a audição não proporcionado a adequadamente o


sistema sensorial sobre a fala, existe ainda o aspecto tátil e o visual a
ser utilizado como canal alternativo, devendo ser usado para aumen-
tar o potencial de comunicação de pessoas que tenham perda auditi-
va (BLAMEY et al. 1989).

OS BENEFÍCIOS DO USO DO AASI NA COMUNICAÇÃO E MELHO-


RA DA QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO.

Para que haja a conservação da saúde mental e também físi-


ca do idoso, é de supra importância que o mesmo faça uso do AASI,
pois estará ajudando-o para que continue a participar e ter vida social
e uma melhor qualidade de vida (SILVA, BRUNA DE OLIVEIRA et al
2006). Houve um crescimento no mercado de AASI devido ao aumen-
to da população idosa e ao conhecimento sobre os benefícios do uso
do dispositivo (HONG et al., 2014).
Segundo Dell’Aquila (2011) o uso do AASI tem como função
fundamental motivar e estimular a interação dos idosos com outras
pessoas, servindo de apoio para a manutenção cognitiva, contribuindo
e favorecendo o bem-estar e a qualidade de vida dos idosos.
A aceitação da perda auditiva e a motivação são fundamen-
tais para o uso dos AASI, portanto, o aconselhamento pode auxiliar na
compreensão, na conscientização e na aceitação da deficiência auditi-
va por favorecer o uso efetivo destes sistemas de amplificação sonora.
Dessa forma, os indivíduos tornam-se mais independentes e integra-
dos socialmente e superam suas dificuldades de comunicação (TEI-
XEIRA; AUGUSTO; CALDAS NETO, 2008).
Para priorizar a qualidade de vida do idoso é necessário que
seja feita a seleção e adaptação do AASI, com o intuito de tirá-lo do
isolamento social e auxiliando, junto com seus familiares, para lida-
rem da melhor forma com está dificuldade e com o impacto que ela
traz mesmo nas atividades básicas diárias (RUSSO E FREIRE, 1999).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 173

A FONOAUDIOLOGIA AUDIOLÓGICA NO PROCESSO DE SELE-


ÇÃO, INDICAÇÃO E ADAPTAÇÃO DO AASI, CONJUNTAMENTE
COM PROGRAMAS DE REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA.

Para que seja feita a seleção do aparelho auditivo, além de se


consultar com o otorrinolaringologista, é necessário no processo exa-
mes audiológicos e teste com AASI (BARROS; QUEIROGA, 2006).
Segundo Silva, Bruna de Oliveira et al (2016), um dos instrumen-
tos a ser utilizado durante este processo é o questionário de autoava-
liação. Se tornou muito utilizado em todo o mundo avaliando e quantifi-
cando os impactos sociais e emocionais causados pela deficiência audi-
tiva em todos os indivíduos idosos (CARVALHO; IORIO, 2007). No Bra-
sil, os questionários foram adaptados e traduzidos à realidade do nosso
pais, verificando o grau de satisfação e o benefícios obtidos com a re-
dução da incapacidade auditiva com o uso do AASI (COX et al, 2002).
O objetivo desses materiais é medir a autopercepção decorren-
te da perda auditiva e ajudar a determinar a intervenção audiológica que
seja mais eficaz para a qualidade de vida do idoso por meio de uma rea-
bilitação direcionada. (GASPARIN; MENEGOTTO; CUNHA, 2010).
Não há somente comprometimento de habilidades específicas,
como o potencial de entender e ser entendido. Os problemas recor-
rentes da perda auditiva podem ser minimizadas com o uso do Apare-
lho de Amplificação Sonora Individual (AASI), que vai permitir o resga-
te da percepção de sons dos ambientes e sons da fala, melhorando a
comunicação (RUSSO, 1988).
O trabalho audiológico feito nessa faixa etária da população é
muito complexo, onde o profissional fonoaudiólogo deve ter empatia
para compreender as dificuldades enfrentadas pelo paciente, que vão
além das auditivas, e ter conhecimentos sobre o envelhecimento e as
consequências, mostrando a importância dos familiares e de campa-
nhas de âmbito nacional para vencer o preconceito e inserir novamen-
te o idoso no convívio social (RUSCHEL et al, 2007).
Ruschel et al (2007) destaca que com o acompanhamento pós
uso de AASI, os idosos tem uma melhora significativa na qualidade de
vida, onde além de aprenderem a manusear e higienizar a prótese, tam-
bém se alegram ao não precisar pedir para outros repetirem o que foi fa-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 174

lado ou mesmo, por conseguir falar ao telefone com os amigos, tornan-


do-os assim, mais comunicativos e seguros ao conversar com alguém.

RESULTADOS

Levantamento dos resultados com relação à base de dados, au-


tores, obra e ano, que esclareceram sobre a fonoaudiologia audiológi-
ca no processo de seleções, indicações e adaptações do AASI, conjun-
tamente com o programa de reabilitação fonoaudiológica e assistência.

Fluxograma 1: Principais obras que remetem a importância da assis-


tência audiológica em idosos pós AASI nos níveis tecnológicos, so-
ciais/emocionais, ambientais e comunicativos.

Fonte: os autores (2022).


TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 175

DISCUSSÃO

Há uma relevância em considerar que o idoso na pós-adaptação


do AASI, necessite de um acompanhamento fonoaudiológico, pois esse
instrumento precisa de orientações de manuseio, higiene e de orienta-
ções de programação de acordo com os decibéis dos ambientes.
Em decorrência dessas indispensabilidades, que Ruschel
(2007) mostrou em sua pesquisa que o processo de adaptação dos
idosos no uso do AASI, necessidade de acompanhamento de um pro-
fissional fonoaudiológico, pois os idosos que participaram da pesquisa
apresentaram dificuldades em manusear sozinhos e de maneira ade-
quadas a prótese auditiva, sendo assim importante a ajuda dos fami-
liares, e campanhas de âmbito nacional, a fim de vencer o preconcei-
to e recolocar o idoso no convívio social.
Para Fialho, 2006 ficou evidente em sua pesquisa que os ido-
sos que fizeram uso do aparelho auditivo, relataram mudanças de au-
toestima, melhoramento na voz, sentindo-se melhor por não precisar
ficar mais próximo das pessoas para ouvir melhor.
Já Queiroga 2006, realizou sua pesquisa através de questioná-
rios feitos com pacientes idosos e com a família, alguns apresentaram
dificuldades ao usarem o telefone, porem em relação à vida emocio-
nal e social dos idosos foi possível perceber que a maioria respondeu
de forma positiva ao uso da prótese auditiva (AASI), de acordo com
Rosa; Dante; Ribas 2006, o idoso que faz uso do AASI consegue man-
ter sua saúde física e mental e pode ter uma qualidade de vida melhor.
Para Menegotto 2011, seu objetivo foi de Verificar a sensibili-
dade e a especificidade dos questionários HHIA-S e HHIE-S na detec-
ção de perda auditiva e suas aplicabilidades em triagens auditivas, em
sua pesquisa 51 pessoas entre 18 e 88 anos responderam aos ques-
tionários em sala de espera de um ambulatório de otorrinolaringologia
do SUS, os instrumentos usados revelaram baixa sensibilidade (47%),
não identificando indivíduos com perda auditiva; porém, apresentaram
alta especificidade (75%), identificando, corretamente, indivíduos que
não apresentavam problemas de audição.
Já para Schuster; Costa; Becker e Hennig 2012, suas pesqui-
sas mostraram que os instrumentos usados na seleção e adaptação
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 176

do uso do aparelho em pacientes idosos apresentaram um nível de


produtividade, satisfatórios, sendo uma boa opção para avaliação da
expectativa do paciente podendo ser útil também para nortear o tra-
balho de aconselhamento do paciente para o processo de adaptação
do uso do AASI.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa propôs como objetivo mostrar a importância do


acompanhamento audiológico pós-uso do AASI em pacientes idosos
com presbiacusia, e explicar a eficiência e os benefícios que o uso do
aparelho auditivo pode trazer para melhorar a qualidade de vida do
idoso que necessita desse dispositivo.
O fonoaudiólogo audiologista é de suma importância no acom-
panhamento audiológico do idoso com presbiacusia, pois ele é o pro-
fissional apto para orientar sobre o problema identificado e também in-
dicar a prótese auditiva adequada conforme toda a indicação otorri-
nolaringológica. Sendo assim ele orientará e também acompanhará a
adaptação do aparelho, além disso irá esclarecer todas as eventuais
dúvidas quanto aos ajustes e manuseio do AASI.
Contudo o estudo mostrou-se de grande importância para a
população idosa, pois a eficiência do aparelho auditivo é essencial,
porque além de permitir que o idoso consiga ouvir de uma forma na-
tural, também o ajuda em questões emocionais, diminuindo assim os
níveis de estresse, prevenindo o isolamento e a depressão e também
estimulando habilidades cognitivas para prevenir a demência, trazen-
do uma comunicação e uma qualidade de vida melhor para o idoso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A importância do aparelho auditivo para idosos. Centro Auditivo Viver.


Disponível em: A Importância do Aparelho Auditivo para Idosos | Clini-
ca de Tratamento Auditivo e Aparelhos Auditivos | Centro Auditivo Vi-
ver. Acesso em: 22 de maio 2022.
ÁVILA, V. D. Impacto da protetização auditiva na qualidade de vida do
Idoso. Trabalho de conclusão de curso (Graduação)-Universidade
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 177

Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Curso de Fono-


audiologia. Belo Horizonte, 2008.
COSTI, Bruna Barcellos. Perda auditiva em idosos: relação entre quei-
xa auditiva e diagnóstico audiológico e verificação da ocorrência de
utilização da prótese auditiva. 2011.
DE BARROS, Paula Fernanda Silva; QUEIROGA, Bianca Arruda Man-
chester. As dificuldades encontradas no processo de adaptação de
aparelho de amplificação sonora individual em indivíduos idosos. Re-
vista CEFAC, v. 8, n. 3, p. 375-385, 2006.
FIALHO, Indiara de Mesquita et al. Percepção de idosos sobre o uso
de AASI concedido pelo Sistema Único de Saúde. Revista CEFAC, v.
11, p. 338-344, 2009. Site: SciELO - Brasil - Percepção de idosos so-
bre o uso de AASI concedido pelo Sistema Único de Saúde Percep-
ção de idosos sobre o uso de AASI concedido pelo Sistema Único de
Saúde
Fonoaudiologia para idosos: por que eles precisam de ajuda profissio-
nal?. A&R Aparelhos Auditivos. Disponível em: Fonoaudiologia para
idosos: por que eles precisam de ajuda profissional? (aeraparelhosau-
ditivos.com.br). Acesso em: 19 de maio 2022.
MARQUES, Ana Cléia de O.; KOZLOWSKI, Lorena; MARQUES, Jair
Mendes. Reabilitação auditiva no idoso. Revista Brasileira de Otorri-
nolaringologia, v. 70, n. 6, p. 806-811, 2004.
MENEGOTTO, Isabela Hoffmeister et al. Correlação entre perda audi-
tiva e resultados dos questionários Hearing Handicap Inventory for the
Adults: Screening Version HHIA-S e Hearing Handicap Inventory for
the Elderly-Screening Version-HHIE-S. Arquivos Internacionais de
Otorrinolaringologia, v. 15, p. 319-326, 2011.
Perda de audição em idosos: Qual o papel do Fonoaudiólogo no tra-
tamento?. A&R Aparelhos Auditivos. Disponível em: Perda de audição
em idosos: qual o papel do fonoaudiólogo no tratamento? (aerapare-
lhosauditivos.com.br). Acesso em: 19 de maio 2022.
PILCHER, Otavio et al. Rotinas em Otorrinolaringologista. Edição 1ª.
Porto Alegre: Artmed, 2014.
PRATES, Letícia Pimenta Costa Spyer; IÓRIO, Maria Cecília Marti-
nelli. Aclimatização: estudo do reconhecimento de fala em usuários de
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 178

próteses auditivas. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v.


18, p. 259-266, 2006.
Qual a importância do Fonoaudiólogo na saúde auditiva do idoso?.
Comunicare Aparelhos Auditivos, 09 set.2019. Disponível em: Impor-
tância do fonoaudiólogo para o idoso (comunicareaparelhosauditivos.
com). Acesso em 13 de maio 2022.
RUSCHEL, Christine Vieira; CARVALHO, Claudia Ribeiro de; GUARI-
NELLO, Ana Cristina. A eficiência de um programa de reabilitação au-
diológica em idosos com presbiacusia e seus familiares. Revista da
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 12, p. 95-98, 2007.
SCHUSTER, Larissa Cristina et al. Desenvolvimento e verificação de
um instrumento de avaliação das expectativas de novos usuários de
aparelhos de amplificação sonora individual. Revista CEFAC, v. 14, p.
215-222, 2012.
SILVA, Bruna de Oliveira et al. Motivação do idoso e sua satisfação
para o uso de dispositivos eletrônicos de amplificação sonora individu-
al. Estud. interdiscip. envelhec, p. 69-85, 2016.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 179

CAPÍTULO 12

ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO PROCESSO DE


DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL EM CRIANÇAS
COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

SPEECH THERAPY IN THE PROCESS OF ORAL LANGUAGE


DEVELOPMENT IN CHILDREN WITH INTELLECTUAL DISABILITIES

Tatiane de Abreu Marques1


Aulisângela da Silva Queiroz2

RESUMO
Deficiência intelectual é um termo usado quando há limites para a capaci-
dade de uma pessoa aprender em um nível esperado e funcionar na vida
diária. Os níveis de deficiência intelectual variam muito nas crianças. A
deficiência intelectual pode fazer com que uma criança aprenda e se de-
senvolva mais lentamente do que outras crianças da mesma idade. En-
tre um dos fatores mais afetados, a fala, pode ser bastante prejudicada e
dessa forma necessita de um acompanhamento e os profissionais ade-
quados para acompanhar os processos de linguagens são os fonoaudi-
ólogos. OBJETIVO: Portanto esse artigo tem como finalidade conceitu-
ar a atuação do fonoaudiólogo no desenvolvimento da linguagem oral em
crianças com deficiência intelectual. METODOLOGIA: Para tal pesquisa
foi realizado uma busca nos principais bancos de dados e coletados arti-
gos com técnicas e informações relevantes. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Foram apontado a partir da busca que diversas técnicas proposta pelo fo-
noaudiólogo podem ser empregadas como mecanismos auxiliares no de-
senvolvimento da fala, bem como, o preparo profissional faz-se adequa-
do para recuperação e tratamento da criança.
Palavras-chave: Fonoaudiologia; Deficiência intelectual infantil; Tra-
tamento.

1 Discente do curso de fonoaudiologia do centro universitário Fametro/Am. Email: tatianedea-


breu27@gmail.com
2 Docente/Orientador de TCC do curso de fonoaudiologia do Centro Universitario Fametro/Am.
Email: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 180

ABSTRACT
Intellectual disability is a term used when there are limits to a per-
son’s ability to learn at an expected level and function in daily life. Lev-
els of intellectual disability vary widely among children. Intellectual dis-
ability can cause a child to learn and develop more slowly than oth-
er children of the same age. Among one of the most affected factors,
speech, can be greatly impaired and thus requires monitoring and the
appropriate professionals to monitor language processes are speech
therapists. OBJECTIVE: Therefore, this article aims to conceptual-
ize the role of the speech therapist in the development of oral lan-
guage in children with intellectual disabilities. METHODOLOGY: For
this research, a search was carried out in the main databases and ar-
ticles with relevant techniques and information were collected. FINAL
CONSIDERATIONS: It was pointed out from the search that several
techniques proposed by the speech therapist can be used as auxiliary
mechanisms in the development of speech, as well as, the profession-
al preparation is adequate for the recovery and treatment of the child.
Keywords: Speech-Language Pathology; Children’s intellectual dis-
ability; treatment

INTRODUÇÃO

A Deficiência Intelectual (DI) (anteriormente chamada de retar-


do mental) é a deficiência de desenvolvimento mais comum – quase
6,5 milhões de pessoas nos Estados Unidos têm algum nível de DI.
(mais de 545.000 têm idades entre 6-21). Crianças com DI têm dificul-
dades significativas tanto no funcionamento intelectual (por exemplo,
comunicação, aprendizado, resolução de problemas) quanto no com-
portamento adaptativo (por exemplo, habilidades sociais cotidianas,
rotinas, higiene) (HEALTHCLIDREN, 2015).
DIs podem ser leves ou mais graves. Crianças com formas
mais graves geralmente precisam de mais apoio – principalmente na
escola. Crianças com DIs mais leves podem adquirir algumas habilida-
des independentes, especialmente em comunidades com bom ensino
e apoio. Existem muitos programas e recursos disponíveis para aju-
dar essas crianças à medida que crescem até a idade adulta. Com a
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 181

aprovação da Lei de Rosa em 2010, muitos estados substituíram toda


a terminologia de “retardo mental” para “deficiência intelectual” (CEN-
TRO DE CONTROLE DE DOENÇAS, 2022).
Infelizmente, levou tempo para as pessoas usarem o novo ter-
mo. O público em geral, incluindo famílias e formuladores de políticas
públicas nos níveis local, estadual e federal, estão se conscientizan-
do do quão ofensivo esse termo é. A Academia Americana de Pedia-
tria (AAP) não encoraja o uso nem promove o termo “retardo mental”
(HOSTINS; DE SILVA; ALVES, 2016).
Deficiência intelectual é um termo usado quando há limites
para a capacidade de uma pessoa aprender em um nível esperado
e funcionar na vida diária. Os níveis de deficiência intelectual variam
muito nas crianças. As crianças com deficiência intelectual podem ter
dificuldade em deixar os outros saberem seus desejos e necessida-
des e cuidar de si mesmas. A deficiência intelectual pode fazer com
que uma criança aprenda e se desenvolva mais lentamente do que ou-
tras crianças da mesma idade. Pode levar mais tempo para uma crian-
ça com deficiência intelectual aprender a falar, andar, se vestir ou co-
mer sem ajuda, e pode ter problemas para aprender na escola (SILVA,
2012; HEALTHCLIDREN, 2015).
A deficiência intelectual pode ser causada por um problema que
começa a qualquer momento antes de a criança completar 18 anos –
mesmo antes do nascimento. Pode ser causada por lesão, doença ou
um problema no cérebro. Para muitas crianças, a causa de sua deficiên-
cia intelectual não é conhecida. Algumas das causas conhecidas mais
comuns de deficiência intelectual – como síndrome de Down, síndrome
alcoólica fetal, síndrome do X frágil, condições genéticas, defeitos con-
gênitos e infecções – acontecem antes do nascimento (VEGA; GRÀ-
CIA, 2014; CENTRO DE CONTROLE DE DOENÇAS, 2022).
Outros acontecem enquanto um bebê está nascendo ou logo
após o nascimento. Ainda outras causas de deficiência intelectual não
ocorrem até que a criança seja mais velha; estes podem incluir feri-
mentos graves na cabeça, acidente vascular cerebral ou certas infec-
ções (FREITAS; CASTRO, 2006; DIÊNEZ et al., 2011).
Normalmente, quanto mais grave o grau de deficiência inte-
lectual, mais cedo os sinais podem ser percebidos. No entanto, ainda
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 182

pode ser difícil dizer como as crianças pequenas serão afetadas mais
tarde na vida. Há muitos sinais de deficiência intelectual. Por exem-
plo, crianças com deficiência intelectual podem: sentar, engatinhar ou
andar mais tarde do que outra criança, aprender a falar mais tarde, ou
ter problemas para falar acha difícil lembrar das coisas tem problemas
para entender as regras sociais, têm problemas para ver os resultados
de suas ações, ter problemas para resolver problemas (GEJÃO; LA-
MÔNICA; VITTO, 2004; MENDES et al., 2018).
As crianças nascem prontas para aprender uma língua, mas
precisam aprender a língua ou línguas que sua família e ambiente
usam. Aprender um idioma leva tempo, e as crianças variam na rapi-
dez com que dominam os marcos do desenvolvimento da linguagem
e da fala. Crianças com desenvolvimento típico podem ter problemas
com alguns sons, palavras e frases enquanto estão aprendendo. No
entanto, a maioria das crianças pode usar a linguagem facilmente por
volta dos 5 anos de idade (CENTRO DE CONTROLE DE DOENÇAS,
2022).
Os pais e cuidadores são os professores mais importantes du-
rante os primeiros anos de uma criança. As crianças aprendem a lin-
guagem ouvindo os outros falarem e praticando. Até os bebês peque-
nos percebem quando os outros repetem e respondem aos ruídos e
sons que fazem. As habilidades linguísticas e cerebrais das crianças fi-
cam mais fortes se ouvirem muitas palavras diferentes. Os pais podem
ajudar seus filhos a aprender de muitas maneiras diferentes, como
respondendo aos primeiros sons, gorgolejos e gestos que um bebê
faz; repetindo o que a criança diz e acrescentando; falar sobre as coi-
sas que uma criança vê; fazer perguntas e ouvir as respostas; olhando
ou lendo livros; contando histórias; cantando músicas e compartilhan-
do rimas. Isso pode acontecer tanto durante o recreio quanto durante
as rotinas diárias, os pais também podem observar o seguinte: Como
seu filho ouve e fala e compará-lo com marcos típicos para habilida-
des de comunicação ícone externo; como seu filho reage aos sons e
tem sua audição testada se tiver preocupações (YOUM et al., 2012).
Contudo em diversos casos em situação de DI é bastante co-
mum que as pessoas não saibam lhe dar adequadamente com as
crianças, principalmente no quesito de fala e assim faz-se necessá-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 183

rio o acompanhamento profissional a fim de orientar a criança e traba-


lhar de forma a garantir que a criança consiga desenvolver a lingua-
gem, frente a isso o fonoaudiólogo desempenha um papel fundamen-
tal (MISQUIATTI; BRITO, 2010). Portanto, este trabalho tem como ob-
jetivo avaliar o papel do fonoaudiólogo no desenvolvimento da lingua-
gem em crianças com deficiência intelectual.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo é de caráter descrito, ao qual visa a partir de tra-


balhos e artigos presentes na literatura fazer inferências sobre o tema
proposto, ao qual foi produzido uma revisão narrativa para descrever
os processos relacionados ao impacto e benefícios da fonoaudiolo-
gia no desenvolvimento da linguagem oral em crianças com deficiên-
cia intelectual.
Para tal analise foi realizado uma busca nos principais bancos
de dados: PubMed, Web of Science, google acadêmico, Ministério da
saúde, Organização Mundial da Saúde e Scielo. Ao qual foram utiliza-
dos como descritores de busca “Benefícios da fonoaudiologia no de-
senvolvimento da linguagem em crianças com deficiência intelectual”;
“Importância da fonoaudiologia para a linguagem” e “relação fonoau-
diologia e deficiência intelectual”.
Foram incluídos nesta revisão artigos que trabalhassem direta-
mente com a temática abordada e que apontem a importância da fo-
noaudiologia para o desenvolvimento da linguagem. Além disso, foram
considerados apenas artigos datados entre 2006 até 2022.
Foram excluídos arquivos que não apontem diretamente o
tema abordado, que tratem de outras temáticas e também artigos que
não apresentem impacto direto sobre o tema proposto.
Além disso, este trabalho trouxe diversos benefícios ao profis-
sional de fonoaudiologia e também a população visto que auxiliam no
entendimento do impacto do profissional na garantia de saúde e bene-
fícios para a população. Para a formulação deste artigo foi realizado
a seleção de forma rigorosa e direcionado. Além disso, todas as infor-
mações contidas nesta revisão de cunho não pessoal do autor foram
devidamente referenciadas e datadas adequadamente.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 184

Os artigos foram analisados quanto à informação contida, além


de estarem ou não diretamente ligados à temática abordada. Duran-
te a seleção dos artigos foi utilizado a metodologia PRISMA, ao qual
foi montado um fluxograma de seleção dos trabalhos. Ademais, a par-
tir dos artigos escolhidos para compor essa revisão foi produzido uma
tabela expondo os principais achados que foram utilizados na discus-
são deste trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da busca e seleção pelo método PRISMA foram en-


contrados nos bancos de dados um total de 923 artigos. No proces-
so de triagem foram observados que destes, 116 eram artigos duplica-
dos e 796 artigos foram eliminados a partir do título, resumo e dos cri-
térios adotados. Assim, para o processo de elegibilidade foram lidos
completamente 11 trabalhos, dos quais 1 não apresentavam aplicação
para o tema proposto. A partir desta etapa, 10 artigos foram selecio-
nados para síntese qualitativa e os mesmos 10 foram escolhidos para
compor esta revisão. O fluxograma de escolha a partir da metodologia
PRISMA está exposto na figura abaixo (figura 1)
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 185

Figura 1 – Metodologia PRISMA de escolha dos artigos que foram


usadas nesta revisão.

A partir dos trabalhos selecionados foi produzido uma tabela


com os pontos principais referentes ao estudo em questão. Nesta ta-
bela está contido, o título, os autores, o ano e o nome das obras. (ta-
bela1).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 186

Tabela 1. Autores, ano, titulo dos artigos selecionados pela metodolo-


gia prisma e os pontos fundamentais debatidos na literatura.
Obras Autor Ano Citações

Linguagem e de- O trabalho do fonoaudiólogo em grupo indi-


ficiência intelectu- cam uma possibilidade maior de desenvolvi-
Oliveira e
al: possibilidades e 2007 mento da linguagem, uma vez que as intera-
Camargo
restrições da prati- ções entre o sujeito criam um ambiente favo-
ca Fonoaudiólogica rável para a interação e significação.

As funções cognitivas correspondem à ca-


pacidade de aprender e compreender, sen-
do funções superiores que se estabelecem a
Potenciais dificul-
partir do sistema nervoso central. Elas englo-
dades e facilidades Santos,
bam as capacidades de linguagem, aquisi-
na educação de Deisy Cléia 2012
ção da informação, percepção, memória, ra-
alunos com defici- Oliveira dos
ciocínio, pensamento etc., as quais permitem
ência Intelectual.
a realização de tarefas como leitura, escri-
ta, cálculos, conceptualização, sequência de
movimentos, dentre outras.

Potenciais dificul- O prejuízo cognitivo da criança com deficiên-


dades e facilidades Santos, cia intelectual, dentre outros fatores, causa
na educação de Deisy Cléia 2012 prejuízo no desenvolvimento da capacidade
alunos com defici- Oliveira dos expressiva do indivíduo, principalmente a
ência Intelectual. expressão oral.

Linguagem e comu- Na DI, os prejuízos no comportamento adap-


nicação de pesso- Duarte, Pe- tativo e habilidades de comunicação levam
as com deficiência rez Cin- o individuo a apresentar déficits importan-
0intelectual e suas tia; Velloso, 2017 tes de linguagem, sendo necessário em par-
contribuições para Renata de te dos casos o uso de recursos alternativos
a construção da au- Lima de comunicação para promover situações in-
tonomia terativas.

Ressalta a importância da fonoaudiologia na


Deficiência Men-
Carva- intervenção, para estimulação da linguagem,
tal; Aprendizagem e 2006
lho,L.R. compreensão, interpretação e internalização
desenvolvimento.
das informações que circulam em seu meio.
Fonte: Autores, 2022.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 187

FLUXOGRAMA 2: Nomes das principais obras, autores e ano descri-


tas no decorrer do artigo (Obras traduzidas).

A partir do que se observou a fonoaudiologia pode ser empre-


gada por intermédio de varias técnicas relevantes a problemas relacio-
nados com a linguagem de crianças com deficiência intelectual. Nos
estudos notou-se bastante como é crucial o desenvolvimento da lin-
guagem e os mecanismos de comunicação para qualquer ser vivo po-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 188

der interagir e também com a falta disso afeta o desenvolvimento cog-


nitivo e intelectual que podem ser variados. Destacou-se nos traba-
lhos abordados a empregabilidade principal frente à Down, bordelai-
ne e casos gerais de baixos níveis de QI, visto que muitas das defici-
ências levam as criança a terem QI baixo (Van Der Schuit et al., 2012;
Ricaldi; Berkenbrock, 2021).
De acordo com a analise dos estudos a utilização de técnicas
fonoaudiólogicas precisam ser avaliadas adequadamente antes do em-
prego para o tratamento das crianças. Segundo os autores Mcdaniel;
Yoder (2016), na qual destacam 3 principais pontos para o sucesso do
trabalho e auxilio da fonoaudiologia, (1) mover intervenções eficazes
da pesquisa para a prática, (2) tomar decisões de intensidade de trata-
mento especificas da criança baseadas em evidências e (3) considerar
as características de motivação e temperamento da criança.
Segundo (Oliveira & Carmago, 2007) o trabalho fonoaudiólo-
gico em grupo indica uma possibilidade maior de desenvolvimento da
linguagem, uma vez que as interações entre os sujeitos criam um am-
biente favorável para a interação e significação.
Considerar tais fatores é essencial principalmente em uma
criança com DI, visto que a mesma deve ainda possuir suas peculia-
ridades que também devem ser levadas em consideração. Os resul-
tados ainda propostos por Cerqueira, Alves e Aguiar (2006) apontam
como não levar os fatores da criança em consideração pode ser preju-
dicial ao seu tratamento e provocar traumas que até mesmo agravem
as condições da criança. Eles também alertam para a falta de prepa-
ro dos profissionais em tratar crianças com DI e como tal fato é preju-
dicial principalmente nas redes públicas brasileiras.
Ademais, algumas técnicas foram propostas pelos autores a
fim de tratar as crianças. Brasi et al., (2017) avaliou a empregabilidade
da BIF frente a técnica padrão de fala, notou-se que que a fala do au-
tor não é um quesito que deve-se avaliar a relação com o ambiente e
trabalhar outras questões que estão diretamente ligados ao desenvol-
vimento físico e psicológico da mesma. Além disso, Youm et al.,(2012)
mostrou como a interação com emissão de sons como é o caso co-
clear que pode ser benéfico se controlado adequadamente para esti-
mular o desenvolvimento da fala, que juntamente com as técnicas pa-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 189

drões podem propor mecanismo mais eficazes no desenvolvimento


da criança.
Outro ponto apresentado por Silva (2021), o desenvolvimento
da Comunicação Suplementar e Alternativa-(CSA) que atua como um
método de comprometer em casos de dificuldades de fala, outras pro-
postas que a pessoa incluindo crianças possam se expressar e se co-
municar com as demais pessoas através da arte, pintura, entre outros
pontos que levam ao desenvolvimento cognitivo e maior adaptação.
Por fim, notou-se que mesmo aplicando diferentes técnicas,
protocolos para atuar na recuperação e tratamento de crianças com
problemas de linguagem oral não é uma tarefa curta e fácil, os estu-
dam analisaram intervalos de tempo que variam de meses até anos.
Os pensamentos evidenciados acima demostraram concordância en-
tre os autores ressaltando a importância do fonoaudiólogo nessa in-
tervenção para o desenvolvimento da linguagem. Diante disso, Téd-
de, (2012) enfatiza que além da atuação do profissional é necessário
o desempenho da família na recuperação da criança, visto que o am-
biente em que a criança convive deve ser o principal estímulo para tal
desenvolvimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando em consideração os aspectos observados a presen-


te pesquisa teve como objetivo esclarecer o papel do fonoaudiólogico
no desenvolvimento da linguagem oral em crianças com Deficiência
Intelectual. Constatando-se, portanto que a atuação fonoaudiólogica
é importante na linguagem e as práticas exercidas por esse profissio-
nal são relevantes neste processo, suas atividades servem para pre-
venir e atuar nos diagnósticos, com a possibilidade de reversão das
alterações da linguagem oral, memória, social e na superação das di-
ficuldades presentes.
Com tudo o estudo mostrou-se de grande importância para o
desenvolvimento de crianças com deficiência intelectual, a fim de de-
senvolver as capacidades cognitivas e adaptativas.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 190

REFERÊNCIAS

BLASI, V. et al. Movement cognition and narration of the emo-


tions treatment versus standard speech therapy in the treatment
of children with borderline intellectual functioning: a randomized
controlled trial. BMC psychiatry, v. 17, n. 1, p. 1-10, 2017.
CARVALHO, L.R.Deficiência Mental; Aprendizagem e desenvolvi-
mento. Goiânia, 2006. Disponível em:<http:/ser.pucgoias.edu.br/in-
dex.php/estudos/article/view/298>.Acesso em: 10 setembro 2022.
CENTRO DE CONTROLE DE DOENÇAS. Fatos sobre Deficiência
Intelectual. 2022. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncbddd/deve-
lopmentaldisabilities/facts- about-intellectual-disability.html. Acessado
em: 23 de setembro de 2022.
CERQUEIRA, Mércia Mascarenhas Fernandes; ALVES, Rafanielly de
Oliveira; AGUIAR, Maria Geralda Gomes. Experiências vividas por
mães de crianças com deficiência intelectual nos itinerários tera-
pêuticos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, p. 3223-3232, 2016.
DAINÊZ, Débora et al. Linguagem e deficiência: possibilidades e
restrições da prática fonoaudiológica. Psicologia em Estudo, v. 16,
p. 399-407, 2011.
DUARTE, Perez Cintia; VELLOSO, Renata de Lima. Linguagem e
comunicação de pessoas com deficiência intelectual e suas con-
tribuições para a construção da autonomia. Inc. Soc., DF, v.10 n.2,
p.88-96, jan./jun.2017.
FREITAS, Ana Paula de; CASTRO, Glenda Saccomano. A constitui-
ção de processos dialógicos em um grupo de jovens com defici-
ência mental. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 12, p. 49-
64, 2006.
GEJÃO, M. G.; LAMÔNICA, Dionísia Aparecida Cusin; VITTO, Lucia-
na Paula Maximino de. Intervenção fonoaudiológica na síndrome
de Down: relato de caso. Anais, 2004.
HEALTHCHILDREN. Crianças com deficiência intelectual. 2015.
Disponível em: https://www.healthychildren.org/English/health-issues/
conditions/developmental-disabilities/Pages/Intellectual-Disability.
aspx. Acessado em: 23 de setembro de 2022.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 191

HOSTINS, Regina Celia Linhares; DE SILVA, Cristiane; ALVES, Adria-


na Gomes. COLETIVIDADE, COLABORAÇÃO E EXPERIÊNCIA: Pres-
supostos para a inclusão escolar e a aprendizagem de alunos com
deficiência intelectual. Revista Teias, v. 17, n. 46, p. 159-176, 2016.
MENDES, Schelita Barbara Oliveira et al. Atuação fonoaudiológica
nos distúrbios de linguagem oral e escrita: caso clínico. ÚNICA
Cadernos Acadêmicos, v. 3, n.1, 2018.
MISQUIATTI, Andréa Regina Nunes; BRITO, Maria Cláudia. Terapia
de linguagem de irmãos com transtornos invasivos do desenvol-
vimento: estudo longitudinal. Revista da Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia, v. 15, p. 134-139, 2010.
RICALDI, Tiago Anunciação; BERKENBROCK, Carla Diacui Medei-
ros. Elicitação de requisitos para promover a comunicação de
crianças com deficiência intelectual. Revista Brasileira de Compu-
tação Aplicada, v. 13, n. 1, p. 125-133, 2021.
SANTOS, Daísy Cléia Oliveira dos. Potenciais dificuldades e facili-
dades na educação de alunos com deficiência intelectual. Revis-
ta Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 38, p. 935-948, out/dez, 2012.
SILVA, João da Mata Alves da. O lúdico como metodologia para o
ensino de crianças com deficiência intelectual. 2012.
TÉDDE, Samantha. Crianças com deficiência intelectual: a aprendiza-
gem e a inclusão. Americana: Centro Universitário Salesiano de São
Paulo, v. 99, p. 6, 2012. VAN DER SCHUIT, Margje et al. Immersive
communication intervention for speaking and non-speaking chil-
dren with intellectual disabilities. Augmentative and alternative
communication, v. 26, n. 3, p. 203-218, 2012.
VEGA, Fàtima; GRÀCIA, Marta. Comunicação simultânea para me-
lhorar habilidades comunicativas de crianças com deficiência
intelectual: trabalho colaborativo com professores. In: VI CON-
GRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, IX ENCONTRO
DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRO DE PESQUISADORES EM EDUCA-
ÇÃO ESPECIAL. 2014.
YOUM, Hye-Youn et al. The auditory and speech performance of
children with intellectual disability after cochlear implantation.
Acta Oto-Laryngologica, v. 133, n. 1, p. 59-69, 2012.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 192

CAPÍTULO 13

TERAPIAS FONOAUDIOLÓGICAS NOS DISTÚRBIOS


FONÉTICOS DE PACIENTES FISSURADO/PROTETIZADOS

SPEECH THERAPY IN PHONETIC DISORDERS IN


FISSURED/PROSTHETIZED PATIENTS

Jamine da Silva Rocha1


Lucinete Souza de Lima2
Aulisângela da Silva Queiroz3

RESUMO
As fissuras labiopalatinas são as malformações craniofaciais com
maior decorrência identificadas em recém-nascidos vivos, estima – se
que a cada 650 crianças nascida uma terá a deformidade. A correção
dessas fissuras é de fundamental importância para melhorar a estéti-
ca e também prevenir problemas associados nas funções da mastiga-
ção, deglutição, audição, sucção, fala entre outras consequências que
possam surgir. OBJETIVO: Apresentar algumas estratégias terapêu-
ticas fonoaudiológicas inseridas na reabilitação dos pacientes fissura-
dos/protetizados. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão bibliográ-
fica, descritiva com abordagem qualitativa tendo como fonte as plata-
formas digitais como Google acadêmico, BVS, SciELO e revistas cien-
tíficas e o acervo bibliotecário da FAMETRO. RESULTADOS: A par-
tir da análise de 19 artigos, 5 foram plausíveis na verificação na indis-
pensabilidade da fonoterapia associado ao uso da prótese de palato.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pôde-se considerar que a terapia fono-
audiológica é eficaz no processo da reabilitação da fala melhorando
consequentemente a qualidade de vida desses indivíduos.
Palavras-chave: Labiopalatinas; Fonoaudiologia; Estratégias; Foné-
ticos; Prótese.
1 Discente de fonoaudiologia da FAMETRO/AM – jamine.rocha32@gmail.com
2 Discente de fonoaudiologia da FAMETRO/AM – llucinetesouza@gmail.com
3 Docente/Orientadora de TCC do curso de Fonoaudiologia do centro universitário FAMETRO/AM
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 193

ABSTRACT
Cleft lip and palate are the craniofacial malformations with the high-
est result identified in live newborns, it is estimated – it is estimated
that every 650 children born one will have the deformity. The correc-
tion of these cracks is of fundamental importance to improve aesthet-
ics and also prevent associated problems the functions of chewing,
swallowing, hearing, sucking, speech among other consequences that
may arise. OBJECTIVE: To present some speech therapy strategies
inserted in the rehabilitation of fissured/protetized patients. METHOD-
OLOGY: This is a descriptive bibliographic review with a qualitative ap-
proach based on digital platforms such as Google Academic, VHL, Sci-
ELO and scientific journals and fametro’s library collection. RESULTS:
From the analysis of 19 articles, 5 were plausible in verifying the in-
dispensability of speech therapy associated with the use of the palate
prosthesis. FINAL CONSIDERATIONS: It can be affirmed that speech
therapy is effective in the process of speech rehabilitation, consequent-
ly improving the quality of life of these individuals.
Keywords: Labiopalatines; Speech therapy; Strategies; Phonetic;
Prosthesis.

INTRODUÇÃO

De acordo com a literatura especializada, as fissuras labiopa-


latinas são defeitos congênitos mais comuns entre as malformações
que afetam a face do ser humano, atingindo uma criança a cada 650
nascida. A fissura pode ter causa genética e pode estar associada ou
não a outras anomalias. Pode estar relacionada ainda a fatores am-
bientais como obesidade e deficiência de vitaminas na mãe, ou ao uso
de determinados medicamentos, cigarro e álcool no início da gestação
(HRAC-USP 2016).
Nos portadores de fissuras labiopalatinas suas alterações vão
muito além da estética, essas alterações estão relacionadas principal-
mente por seus efeitos funcionais, apresentando dificuldades na pro-
dução dos sons presente na fala. Há fatores que levam esses indiví-
duos a fazerem o uso da prótese de palato, como nos casos em que
existe fistula no palato duro, palato curto, insuficiência de tecido resi-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 194

dual, após cirurgia da fenda palatina, esses fatores causam a insufi-


ciência velofaringeo, alterando no desenvolvimento da fala. A presen-
te pesquisa trouxe fundamentos teóricos bastante significativo sobre
a melhoria da qualidade da fala desses indivíduos. E por essa razão
foi realizado o seguinte questionamento: De que forma a fonoaudio-
logia poderá contribuir nos distúrbios fonéticos dos pacientes fissura-
dos/protetizados?
Neste sentido, a pesquisa objetivou apresentar algumas estra-
tégias terapêuticas fonoaudiológicas inseridas na reabilitação dos pa-
cientes fissurados/protetizados. Contudo, os objetivos específicos tra-
çados foram: Descrever os tipos de fissuras e suas classificações; es-
clarecer sobre os procedimentos e a protetização do Palato; Especifi-
car a atribuição do fonoaudiólogo no atendimento a pacientes com fis-
sura palatina protetizado e apresentar planos terapêuticos com estra-
tégias adequadas para a melhoria da fala desses pacientes.
A metodologia da pesquisa foi do tipo bibliográfica, descritiva
com abordagem qualitativa tendo como fonte as plataformas digitais
como Google acadêmico, BVS, SciELO e revistas científicas e o acer-
vo bibliotecário da FAMETRO.
Pôde-se considerar o quanto a terapia fonoaudiológica à esses
pacientes são de extrema importância visto envolver vários fatores:
sociais, externos e familiares. O paciente deve ser disciplinado e as-
síduo no tratamento, a família precisa ser a base de todo o processo,
uma equipe de tratamento comprometida e a colaboração do paciente.
O fonoaudiólogo é o ponto chave em busca das melhorias, pois as téc-
nicas e métodos utilizados deverá objetivar, progredir, prevenir e me-
lhorar a qualidade comunicativa do indivíduo e sua qualidade de vida.

MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa tratou-se de uma revisão bibliográfica, do


tipo qualitativa descritiva onde os dados foram coletados de algumas
plataformas digitais: Scielo (Scientidic Eletronic Library On Line) Bi-
blioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico compreendendo
um período de publicação entre os anos de 2010 a 2022, assim como
em livros especializados publicados em 1972, consultados no acervo
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 195

bibliotecário da FAMETRO. Os critérios de inclusão foram a seleção


de artigos que abordassem sobre o tema, publicados em português.

CLASSIFIÇÃO DAS FISSURAS LABIOPALATINAS.

Não há como prever que na gravidez irá nascer uma criança


com anomalia craniofacial, mas, embora não se conheça a causa, ge-
ralmente são ocasionadas por uma combinação de fatores genéticos,
hereditariedade, e outros fatores chamados ambientais, nos quais as
mães são expostas durante a gestação, como por exemplo deficiên-
cia nutricional, diabetes gestacional, hipertensão arterial, entre outras.
Mas é possível diagnosticar durante o período de pré-natal através do
exame de ultrassom morfológica (GORLIN et al., 2001).
A incidência de fissura labiopalatina oscila de um caso para
700 a 1.000 nascimento, no Brasil atinge uma criança para cada 650
nascimentos, e “cerca de 30% dos casos de fissura labial ou sem fis-
sura palatina e 50% dos casos de fissura palatina são considerados
sindrômicos” (JUGESSUR et al. apud Richari-Costa et al., 2015, p. 3),
um conjunto de sinais e sintomas associados ao processo patológicos
que junto formam o quadro de uma doença.
As fissuras englobam uma ampla variedade de malformação
que se apresentam em extensões e amplitudes distintas, que geram
diversos protocolos que são adotados para o tratamento dessas ano-
malias (FILHO, Omar; FREITAS, José (2007).
De acordo com (LOPES, 1998, p. 121), as ocorrências das
malformações congênitas é uma possibilidade presente, mas presen-
te apesar das dificuldades, devido a sua origem multifatorial.
Segundo Mattos; Mauro (2007, p. 723), a existência de dife-
rentes graus das formas uni e bilaterais, e de suas associações en-
tre fissuras e de lábios de palato, onde se deu origem a várias classi-
ficações.
Segundo Spina V, et al. (1972), à classificação das fissuras
mais usada é a que se utiliza como ponto de referência o forame inci-
sivo, que é o limite entre o palato primário e secundário, separando as
fissuras labiopalatinas em três tipos principais de um grupo raro.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 196

Fissuras Pré-forame Incisivo

São as fissuras que acometem os tecidos moles e ou ósseos


anteriores ao forame incisivo; podendo afetar o lábio ou rebordo alve-
olar. Essas fissuras podem ser unilaterais, medianas, completas ou in-
completas (acometem apenas tecidos moles).

Fissuras Transforame incisivo

São fissuras que acometem, em toda sua extensão, o palato


primário e secundário (tecidos moles e ósseos). Essas fissuras tam-
bém podem ser unilaterais do lado esquerdo mais prevalentes.

Fissuras pós-forame incisivo

São fissuras que acometem os tecidos moles e/ou ósseos pos-


teriores ao forame incisivo, podem ser completas ou incompletas e
apresentam diferença clínica distinta dos grupos anteriores pois não
afeta a estrutura peribucal, apenas o palato secundário.

Fissuras raras de face

São aquelas que atingem outras estruturas faciais, considera-


das do tipo obliqua, se estendem do lábio superior até a borda medial
do olho, e tem origem da não fusão das saliências maxilares com as
saliências nasais laterais e medianas.

PROCEDIMENTOS E PROTETIZAÇÃO DO PALATO.

As aberturas que acometem palato duro ou mole causam dis-


túrbios estéticos, funcionais (sucção, deglutição, respiração, fonação,
audição, mastigação) e de igual importância, produzem um sentimen-
to de exclusão social com aspectos psicológicos desfavoráveis assim
como consequências econômicas. Há um aumento mundial na inci-
dência de aberturas palatinas, tornando necessário um aumento no
número de profissionais destinados a realizar uma reabilitação protéti-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 197

ca, através do uso de uma prótese obturadora, a fim de garantir a qua-


lidade de vida do paciente (GOIATO et al, 2006)
A prótese e confeccionada pelo ortodontista e testada pelo fo-
noaudiólogo pois o mesmo avalia a possibilidade da mastigação com
os grampos e se ocorre algum tipo de elevação do véu palatinos, que
influência diretamente na ação muscular esperada com o uso da pró-
tese. (SILVA 2019)
As próteses podem ser confeccionadas com a utilização de
dois materiais. Na região onde há necessidade de obliteracão da co-
municação buconasal, o uso de silicone é mais confortável para o pa-
ciente, podendo o restante da prótese ser confeccionada em resina
acrílica para melhor durabilidade da mesma. (AGUIAR et al, 2013)
A Prótese de palato é um tipo de prótese bucomaxilofacial in-
trabucal removível, que possuí três partes: uma anterior localizada no
palato duro (fixada ao dentes) uma intermediária localizada no palato
mole (elemento de conexão entre a parte anterior e a posterior o bul-
bo faríngeo) e uma posterior denominada de bulbo faríngeo, que de-
verá preencher o espaço nasofaríngeo remanescente durante a emis-
são dos fonemas orais, promovendo o fechamento velofaríngeo. O
uso da prótese de palato como meio de melhorar o prognóstico cirúr-
gico tem uma ótima aplicação nas equipes que reabilitam pacientes
com DVF, pois seu uso associado a fonoterapia intensiva, pode mo-
dificar o padrão de mobilidade das paredes faríngea e com isso pro-
mover o fechamento velofaríngeo para favorecer a melhora da fala, e
criar as condições necessária para a realização da cirurgia. (PEGA-
RO-KROOK et al, 2016)
Demonstrou-se a eficácia do uso da prótese, bulbo faríngeo
para o manejo do padrão de funcionamento VF antes da correção ci-
rúrgica da IVF pode favorecer a correção das alterações da fala de-
corrente da fissura palatina em pacientes de todas as idades, inclusi-
ve crianças. O bulbo faríngeo combinado a terapia fonoaudiológica re-
duz a hipernasalidade e melhora a inteligibilidade de fala. (PEGORA-
RO-KROOK, ROSA, AFERRI et al. 2022)
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 198

ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NO ATENDIMENTO DE PACIEN-


TES FISSURADOS/PROTETIZADOS.

O Fonoaudiólogo tem o conhecimento científico fundamenta-


do durante sua graduação fazendo o empoderamento sobre os cuida-
dos e orientações para mães de crianças com fissuras labiopalatinas,
conhecimento sobre as estruturas e reflexos presentes desde o nas-
cimento relacionadas a cada tipo de fissuras e alterações de respira-
ção, sucção, deglutição e estética envolvidas, visando a alimentação,
maturação das estruturas orofaciais e consequentemente desenvol-
vimento e bom estado de saúde geral, bem como de padrões de fala
e socialização normais. (Toledo Neto 2015, apud. Bastos et al. 2017)
A atuação Fonoaudiológica pode ser iniciada, portanto desde a
gestação (GENARO; MODOLO; MIGUEL, 2012) Quando a família já
tem casos na família e, por ultrassonografia já tem previsão de altera-
ção no desenvolvimento intrauterino, favorecendo maior aceitação e
contato com o bebê; no pós-parto, com as orientações supeacitas, es-
timulando-se a sucção no seio materno; no acompanhamento ambu-
latorial com demais profissionais, para o acompanhamento do desen-
volvimento infantil. (RIBEIRO 2013/2014)
A FLP também pode causar o que chamamos de disfunção velo-
faríngea, que é caracterizada por uma alteração do véu palatino devido
a fissura, nesse caso, essa disfunção pode causar distúrbios da comu-
nicação afetando a articulação, ressonância, voz e linguagem. Uma ca-
racterística dessa alteração velofaríngea é a hipernasalidade e o esca-
pe de ar nasal durante a fala, os quais são responsabilidade do Fonoau-
diólogo melhorando a qualidade de fala do paciente (CORRÊA, 2020)
O Fonoaudiólogo tem grande importância no tratamento de pa-
cientes com fissura palatina, juntamente com o cirurgião dentista no
qual confecciona a placa obturador para selamento do palato e junto
com o Fonoaudiólogo, analisam o reflexo de sucção do paciente. Com
a descontinuidade do palato não há a pressão suficiente para que seja
realizada a sucção, trazendo desde muito novo, problemas nutricio-
nais e sociais para o indivíduo. (MATTOS, 2019)
Portanto assim que a confecção da prótese associada ao ob-
turador faríngeo foi concluída e houve boa adaptação do paciente, e o
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 199

mesmo é orientado a realizar terapia Fonoaudiológica para que a rea-


bilitação funcional ocorra (RABELO et al. 2021).

PLANOS TERAPÊUTICOS E ESTRATÉGIAS.

Além da necessidade de avaliação com o médico otorrinola-


ringologista, uma estratégia usada pelo fonoaudiólogo é o espelho de
Glatzel, pois através do mesmo é possível verificar a corrente aérea
expiratória, colocado sob as narinas para que seja observado a pas-
sagem de ar(por meio de observação do embaçado do espelho) e a
função velofaringea durante o sopro, produção de fonemas isolados
(/a/, /u/, /i/, /f/, /s/) e frases com predomínio de segmento plosivos e fri-
cativos. A ressonância pode ser classificada como adequada, hipona-
sal, hipernasal ou mista. Em caso de alteração, classifica-se em “leve”,
“moderada” ou “grave”. (SIGNOR, 2019).
Outra estratégia terapêutica utilizada para a reabilitação da fala
consiste na possibilidade de emissões de um fonema chamado diri-
gido. O fonema dirigido, deve ser emitido sem a presença de altera-
ções velofaringeas, ou seja, sem hipernasalidade, sem escape de ar
e sem distúrbios de articulação. Normalmente os fonemas dirigidos
são aqueles que necessita de menos quantidade de pressão intrao-
ral e uma menor quantidade de ar, ou seja, os líquidos. (SILVA, 2019).
As estratégias através do apoio de pista táteis e auditivas, são
muito importantes, para trabalhar a expiração e inspiração, ao inspirar
profundamente, inflar as bochechas e aprisionar o ar na cavidade oral,
ocluindo as narinas, ao expirar gradativamente pela cavidade oral, po-
sicionar-se o dorso da mão em frente a boca, como pista tátil para sen-
tir o flux aéreo, a outra mão pode ser apoiada nas bochechas como
pista tátil. Assim estimula a contração da musculatura velofaringea,
com a facilitação da oclusão das narinas. (WENCESLAU, et al.2015).
A terapia intensiva é uma intervenção alternativa para se iniciar
antes da terapia convencional, por incentivar a adesão do paciente ao
tratamento, pela prática e frequência diária que as sessões ocorrem e
por conceder resultados perceptíveis em menor tempo. Observa-se a
sequência do treinamento intensivo de acordo com a hierarquia de fala
aplicados no relato de caso (Vieira et. Al 2021).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 200

1ª etapa: Encontrar o fonema veículo por meio de provas terapêuticas.


2ª etapa: Seleção, adequação e instalação dos fonemas alterados por
meio de sopro e plosão isolado e modificado.
3ª etapa: Produção do fonema alvo, plosivo ou fricativo, em sílabas
com ou sem sussurro.
4ª etapa: Produção do fonema alvo associado ao fonema veículo em
pseudopalavras.
5ª etapa: Produção do fonema alvo em palavras com significado com
os fonemas já instalados.
6ª etapa: Produção do fonema alvo em frases com fonemas já insta-
lados.
7ª etapa: Produção do fonema alvo com texto com fonemas já insta-
lados.
8ª etapa: Produção do fonema alvo em discursos direcionados em
contextos diversos.
9ª etapa: Produção na fala espontânea.
10ª etapa: Automatização.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Os benefícios das técnicas terapêuticas fonoaudiológicas para


a melhoria da fala dos pacientes fissurados/protetizados foram organi-
zados no quadro abaixo.

Quadro 1 – Técnicas e Estratégias terapêuticas fonoaudiológicas.


OBRA AUTOR ANO CITAÇÃO

[...Nos casos de insuficiência ve-


Terapia intensiva de Próte-
lofaringea a associação do trata-
se de Palato na Fissura La- Pegaro-Krook 2016
mento físico (cirurgia ou prótese
biopalatina.
palato) e da fonoterapia...]

[...Espelho de Glatzel sob as na-


Abordagem Fonoaudiológi-
rinas para avaliação da função
ca nas Fissuras Orofaciais
Signor 2019 durante o sopro. Produção de fo-
não Sindrômicas: Revisão
nemas isolados. (/a/, /u/, /i/, /f/,
de Literatura.
/s/,)...]
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 201

Terapia Fonoaudiológica em
[...Emitir fonema sem a presença
Pacientes com Disfunção
de alterações velofaríngea, sem
Velofaríngea com Auxílio de Silva 2019
hipernasalidade, sem scap de ar
Prótese de Palato com o Ati-
e sem distúrbio de articulação...]
rador Faríngeo.

Plano Terapêutico fonaudio-


Wenceslau;
lógico para Tratamento dos
Mangilli; An- 2015 Apoio de pistas táteis e auditivas
Distúrbios Articulatórios na
drade
Fissura Labiopalatina.

Terapia Intensiva para a Re-


Vieira; Coe-
abilitação da Fala em Pa- Etapas de Programa de Terapia
lho; Picinato- 2021
cientes com Fissuras Labio- intensiva...]
-Pirola.
palatina: Relato de Caso
Fonte: elaborado pelas autoras (2022)

Vários autores colaboraram para o desenvolvimento desta pes-


quisa como mostra o quadro acima que estabeleceu informações im-
portantíssimas a respeito das terapias e estratégias fonoaudiológicas
em pacientes fissurados/protetizados, é neste sentido que Pegoraro-
-Krook et.al (2016), esclareceu que houve um tratamento físico bas-
tante eficiente nos casos desses pacientes que apresentam insufici-
ência velofaríngea, através do uso da prótese de palato associado à
fonoterapia intensiva, pois com essa associação consegue-se modifi-
car o padrão de mobilidade das paredes faríngeas e assim promover
o fechamento velofaringea para favorecer o desenvolvimento da fala.
Existem recursos que são fidedignos para que esse tratamen-
to seja mais eficiente como diz Signor (2019) que estabeleceu a exis-
tência de instrumentos que são utilizados na fonoterapia para avalia-
ção perceptiva, auditiva e visual, e o espelho de Glatzel é considera-
do um instrumento visual colocado sob as narinas muito eficiente para
visualizar a corrente aérea expiratória, assim avaliando a função ve-
lofaríngea.
Em contrapartida em sua pesquisa Silva (2019) demonstrou
que através de exercícios que contemplam a percepção e o controle
da pressão intraoral e do fluxo de ar, acompanhados com exercícios
chamados de fonemas dirigidos, pois os fonemas dirigidos são aque-
les que necessitam de menos pressão intraoral e uma menor quanti-
dade de ar, ou seja, os líquidos, para possibilitar esse fonema, são re-
alizados treinos, realizando oclusão e desoclusão de narinas. Assim
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 202

que encontrado o fonema dirigido é introduzido novos fonemas, mas


sempre o fonema dirigido inserido. Pois nesse caso, o fonema dirigido
substitui a necessidade de ocluir as narinas para possibilitar pressão.
Através desses exercícios ocorreu a diminuição de DACs, redução
significativa de hipernasalidade e escape de ar nasal e consequente-
mente aumento de pressão intraoral melhorando assim a inteligibilida-
de de fala do paciente.
Se tratando de estratégias terapêuticas para a melhoria da fala
desses indivíduos não pode descartar o trabalho respiratório que é o
meio essencial para a qualidade da comunicação, é neste sentido que,
Wenceslau, Mangilli e Andrade (2015), afirmaram que através dos exer-
cícios de inspiração ocluindo as narinas e soltando gradativamente pela
cavidade oral, estimula a contração da musculatura velofaríngea, com
a facilitação da oclusão das narinas. Assim evidenciaram a evolução na
fala dos pacientes, nos aspectos de inteligibilidade da fala, hipernasali-
dade, emissão de ar nasal e articulações compensatórias.
Para Vieira et. al (2021) o treinamento necessita de uma sequ-
ência que vai hirarquisar a fala em 10 etapas. Neste estudo foi obtido
resultados satisfatórios pois após a realização das terapias seguindo as
etapas, observou-se melhoria na inteligibilidade de fala adequada, res-
sonância equilibrada, alteração em 3/10 vocábulos e no /i/, emissão de
ar nasal (EAN) ausência de EAN e nos distúrbios obrigatórios e articula-
ções compensatórias. Sendo assim, os autores possibilitaram o escla-
recimento da relevância do profissional fonoaudiólogo com as técnicas
e terapias realizadas nesses pacientes, para que o mesmo venha obter
uma fala adequada e assim ser inserido dentro do seu convívio social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas literaturas pesquisadas sobre a temática e de


acordo com as hipóteses levantas, esclareceu – se a eficácia no pro-
cesso da reabilitação da fala em pacientes fissurados/protetizados,
através das terapias e estratégias aplicadas pelo fonoaudiólogo.
Diante disto a atuação do fonoaudiólogo é primordial para o
paciente protetizado, pois este profissional irá reabilitar o indivíduo a
expressar – se de forma ativa onde o mesmo não conseguia exercer
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 203

antes do procedimento de reparação da fissura, com isso mostrou-se


a eficiência das estratégias e terapias aplicadas com esses indivídu-
os, evidenciando a melhoria da sua comunicação gradativamente em
cada terapia aplicada visando sempre promover melhorias na qualida-
de de vida e desenvolvimento geral do paciente.
Recomenda-se, desse modo, mais pesquisas cientifica que
enalteça o tema abordado, por ser um tema bastante relevante por se
tratar de indivíduos que necessitam de terapias fonoaudiológicas, para
obterem uma boa interação dentre a sociedade.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Lisiane; MOZZINI, André Roberto; LERSCH, Elder e CON-


TO, Ferdinando De. Obturador palatino: confecção de uma prótese
não convencional - relato de caso. RFO UPF [online]. 2013, vol.18,
n.1, pp. 125-129. ISSN 1413-4012.
BASTOS et al. Fissuras labiopalatais: A atuação do fonoaudiólogo em
recém- nascidos frente a equipe multidisciplinar. Revista digital acadê-
mica Crefono 1. Conselho Regional de Fonoaudiologia. 1° Região. 3°
edição, outubro 2017.
CORRÊA. Fissura labiopalatinas: Revisão de literatura Fonoaudiologi-
ca. Campinas/2020.
FILHO, Omar; FREITAS, José. “Caracterização Morfológica e Origem
Embriológica.” In: Fissuras Labiopalatinas: Uma Abordagem Interdis-
ciplinar. Bauru: Livraria Santos Editora Ltda, 2007.
GORLIN, R.J; COHEN, M.M.; HENNEKAM, R.C.M. Syndromes of
head ande neck.. Oxford, oxfort university press, 2001. P 850-60: oro-
facial clefting syndromes: general aspects.
LOPES, Lucy Dalva; GONZALEZ, Nídia Zambrana Toledo. Logopedia
y ortopedia maxilar em la rehabilitation orofacial. Barcelona. Ed. Mas-
son, pág. 121, 1998.
MATTOS, Beatriz Silva Câmara; MAURO, Lucy Dalva Lopes. Fissuras
Labiopalatinas tratamento interdisciplinar e conceitos atuais em odon-
tologia. IN:HADDAD, A.S. Odontologia para pacientes com necessida-
des especiais. São Paulo: Santos, p.723, 2007.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 204

MATTOS. Confecção de prótese parcial removível para reabilitação


de um paciente com fissura palatina: Relato de caso. Trabalho de con-
clusão de curso (graduação) UEA. Universidade do Estado do Amazo-
nas. Curso de odontologia, Manaus -Am 2019.
PEGARO-KROOK et al. Terapia intensiva e prótese de Palato na fis-
sura labiopalatina. Ed. Associação Brasileira de motricidade orofacial.
Bauru/SP. 2016.
PEGORARO-KROOK, ROSA, AFERRI et al. Obturadoe faríngeo e re-
sultados de fala em pacientes com fissura palatina. Braz Jotorhino-
laryngol. 2022;88:187-93. Ed.Elsevier LTDA.
PEGORARO-KROOK MI, Rosa RR, Aferri HC, Andrade LK, Dutka JC.
Pharyngeal bulb prosthesis and speech outcomein patients with cleft
palate. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:187---93
RABELO et al. Reabilitação protética da maxila atresica e da disfun-
ção velofaringea: relato de caso clínico. Revista odontológica do Bra-
sil central.2021
RIBEIRO. Atuação fonoaudiologica nas fissuras labiopalatina.
2013/2014.
RICHERI-COSTA, Antonio; KOKITSU-NAKATA, Nancy; ZECHI-CEI-
DE, Roseli;
PAULOVICH PITTOLI, Siulan; ALVAREZ, Camila. “Genética Clínica no
HRACUSP.” In: Anais. 48º curso de anomalias congênitas labiopalati-
nas. Bauru: HRAC, 2015.
SIGNOR RCF. Abordagem fonoaudiológica nas fissuras orofaciais não
sindrômicas: revisão de literatura. Rev Ciênc Med. 2019;28(1):49-67.
http://dx.doi.org/10.24220/2318-0897v28n1a4379
SILVA RBS. Terapia Fonoaudiologica em um paciente com disfunção ve-
lofaringea com auxílio de prótese de palato com obturador faríngeo [TCC]
Lagarto Universidade Federal de Sergipe - Campos Lagarto. 2019.
SILVA, Rayle Barbosa de Souza. Terapia fonoaudiológica em um pa-
ciente com disfunção velofaríngea com auxílio de prótese de palato
com obturador faríngeo. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Gra-
duação em Fonoaudiologia) - Universidade Federal de Sergipe, Lagar-
to, 2019.https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/15271
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 205

SPINA, Vedovato. Classificação das fissuras lábio-palatinas. Suges-


tão de modificação. Rev. Hosp. Clin. Fac. Med. São Paulo, 1972
VIEIRA et al. Terapia intensiva para reabilitação da fala em pacientes
com fissura labiopalatina: Relato de caso. Rev. CEFAC. 2021.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 206

CAPÍTULO 14

UM ESTUDO ACERCA DA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA


DEGLUTIÇÃO E MASTIGAÇÃO DE PACIENTES IDOSOS COM
DOENÇA DE ALZHEIMER

A STUDY ON SPEECH THERAPY ACTION IN SWALLOWING AND


CHEWING IN ELDERLY PATIENTS WITH ALZHEIMER’S DISEASE

Gisele Gomes da Silva1


Aulisângela da Silva Queiroz2

RESUMO
A atuação fonoaudiológica na deglutição e mastigação de pacientes
idosos acometido com a doença de Alzheimer, vem aumentando signi-
ficativamente na população. Inicialmente, os sintomas se apresentam
de maneira leve, progredindo severamente e afetando a cognição, co-
municação e deglutição. OBJETIVO: Esclarecer a relevância da atu-
ação fonoaudiólogo identificando apontamentos por parte dos cuida-
dores e/ou familiares sobre distúrbios da comunicação, cognição e de-
glutição dos pacientes com a doença de Alzheimer. METODOLOGIA:
Utilizado para o desenvolvimento da pesquisa foi o estudo descritivo,
bibliográfico, por meio de pesquisas em teses e obras já divulgadas.
RESULTADO: Verificou-se que existem lacunas importantes no cui-
dado com esses pacientes e que é extremamente necessária a infor-
mação assertiva como caráter preventivo para minimizar o impacto do
avanço dos sintomas da doença de Alzheimer. CONSIDERAÇÕES FI-
NAIS: O fonoaudiólogo é de extrema relevância pois, norteia os fami-
liares e cuidadores, com terapia continuada, buscando a qualidade de
vida e benefícios aos doentes.
Palavras-Chave: Doença de Alzheimer, Fonoaudiologia, Disfagia.

1 Discente de fonoaudiologia da FAMETRO/AM – Email: ggisele326@gmail.com


2 Docente/Orientadora de TCC do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/
AM
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 207

ABSTRACT
The speech therapy role in swallowing and mastication of elderly pa-
tients with Alzheimer’s disease has been increasing significantly in the
population. Initially, symptoms are mild, progressing severely and af-
fecting cognition, communication, and swallowing. OBJECTIVE: To
clarify the relevance of speech-language pathology work by identify-
ing notes by caregivers and/or family members about communication,
cognition and swallowing disorders in patients with Alzheimer’s dis-
ease. METHODOLOGY: Used for the development of the research
was the descriptive, bibliographic study, through research in theses
and works already published. RESULT: It was found that there are im-
portant gaps in the care of these patients and that assertive informa-
tion is extremely necessary as a preventive measure to minimize the
impact of the advance of the symptoms of Alzheimer’s disease. FINAL
CONSIDERATIONS: The speech therapist is extremely important be-
cause it guides family members and caregivers, with continued thera-
py, seeking quality of life and benefits for patients.
Key words: Hydration; Sanitation; Prevention; Voice; teachers.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população mundial é incontestável. No


Brasil, o crescimento da população geriátrica constitui um grande de-
safio para a saúde pública. Enquanto a população brasileira crescerá
3,22 vezes até o ano 2025, o segmento acima de 65 anos aumentará
8,9 vezes, e o acima de 80 anos, 15,6 vezes. Projeções indicam que
em 2025, ocupará o 6º lugar entre os países com mais idosos no mun-
do. A transição demográfica vem sendo acompanhada por uma transi-
ção epidemiológica, que tem como principal característica a crescente
incidência de doenças crônico degenerativas, dentre elas, a Doença
de Alzheimer (DA). Assim, surge a preocupação da comunidade cien-
tífica com a qualidade de vida da população idosa, criando novas de-
mandas por intervenção especializada, como é o caso da Fonoaudio-
logia.
Umas das questões do envelhecimento é a Doença de Alzhei-
mer que é uma enfermidade neurodegenerativa progressiva que cau-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 208

sa perda da memória e altera funções intelectuais superiores, levando,


no curso de sua evolução, a uma situação de incapacidade e total de-
pendência. Em virtude de sua incidência e natureza devastadoras, ca-
racteriza um importante problema de saúde pública em todo o mundo.
Por ser uma doença grave e ainda sem cura, gera múltiplas deman-
das e altos custos financeiros, o que representa um novo desafio para
o poder público, instituições, profissionais de saúde, aliás, para todos.
Os problemas de saúde mais comuns é a disfagia e /ou a de-
glutição, onde os movimentos mastigatórios ficam mais lentos e inco-
ordenações, aumentando o tempo de preparo e o controle do bolo ali-
mentar, consequentemente, surge a dificuldade para engolir, facilitan-
do a ocorrência de problemas digestivos e nutricionais nestes indiví-
duos. Dessa maneira, idosos ficam fragilizados devido essas doen-
ças crônico degenerativas, lhe causando a desnutrição, desidratação,
aspiração. Também é comum a presença de refluxo nasal, asfixia fre-
quente e fadiga durante a alimentação, restos de alimentos não per-
cebidos após a deglutição, pigarro constante, halitose, febres frequen-
tes e voz molhada durante a alimentação.
O que podemos observar acerca da importância do profissio-
nal da fonoaudiologia em idosos com Doença de Alzheimer? E quais
os resultados alcançados, enquanto melhoria na qualidade de vida por
pessoas acometidos pela Doença de Alzheimer?

BREVE CONTEXTO SOBRE A DOENÇA DE ALZHEIMER.

O envelhecimento da populacional tem aumentado, inclusive


no Brasil, e com isso alguns problemas de saúde como é o caso da do-
ença de Alzheimer, o qual trata- se de uma patologia neurodegenera-
tiva mais frequente associada à idade, cujas manifestações cognitivas
e neuropsiquiátricas resultam em uma deficiência progressiva e uma
eventual incapacitação. A origem do nome Alzheimer vem do médico
alemão, Alois Alzheimer (1864- 1915), um psiquiatra neuropatologista,
que em 1906, ao fazer uma autópsia, descobriu no cérebro morto al-
gumas lesões até então desconhecidas. Os neurônios pareciam atro-
fiados dentro do cérebro e com placas estranhas, fibras retorcidas, en-
roscadas umas às outras. A partir daquele momento, esse tipo de de-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 209

generação ficou conhecida como “placas senis”, característica funda-


mental da doença de Alzheimer. Em geral, o primeiro aspecto clínico
é a deficiência da memória recente, enquanto as lembranças remotas
são preservadas até um certo estágio da doença. Além das dificulda-
des de atenção e fluência verbal, outras funções cognitivas deterioram
à medida que a patologia evolui, entre elas a capacidade de fazer cál-
culos, as habilidades visões parciais e a capacidade de usar objetos
comuns e ferramentas. O grau de vigília e a lucidez do paciente não
são afetados até a doença estar muito avançada.
A fraqueza motora também é observada, embora as contratu-
ras musculares sejam uma característica quase universal nos estágios
avançados da patologia. Assim, surge a preocupação da comunidade
científica com a qualidade de vida da população idosa, criando novas
demandas por intervenção especializada, como é o caso da Fonoau-
diologia. Em virtude de sua incidência e natureza devastadoras, essa
doença se caracteriza um importante problema de saúde pública em
todo o mundo. Por ser uma doença grave e ainda sem cura, gera múl-
tiplas demandas e altos custos financeiros, o que representa um novo
desafio para o poder público, instituições, profissionais de saúde, ali-
ás, para todos. A Doença de Alzheimer caracteriza-se por degenera-
ção que acomete inicialmente a formação hipocampal, o centro de me-
mória de curto prazo. Posteriormente, atinge áreas corticais associati-
vas, havendo relativa preservação dos córtices primários. Comprome-
te a memória, afeta a orientação, atenção, linguagem, e habilidades
para desempenhar as atividades da vida diária.
O diagnóstico de demência no Brasil segue os critérios esta-
belecidos no Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Men-
tais da Associação de Psiquiatria Americana IV (DSM-IV), entretanto,
o diagnóstico da DA baseia-se nas diretrizes propostas pelo (NINCDS)
e pelo (ADRDA). Os critérios de DA do NINCDS- ADR-DA foram men-
cionados em 71% dos estudos brasileiros e os do DSM III-R e DSM IV
em 21 e 29% dos artigos, respectivamente.
Assim, grandes esforços têm sido realizados para a compre-
ensão e tratamento da doença de Alzheimer, entretanto, a terapia atu-
al está longe de ser satisfatória. De fato, embora o tratamento realiza-
do através da administração de inibidores da enzima acetilcolineste-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 210

rase (AChE) tenha consistentemente demonstrado eficácia sintomáti-


ca e redução na progressão da patologia, esses medicamentos pro-
duziram algum tipo de melhora em aproximadamente 30-40% dos pa-
cientes portadores da doença de Alzheimer leve a moderada. Porém
a doença continua sem cura, afetando uma grande parte dos idosos
no mundo inteiro.

A DOENÇA DE ALZHEIMER E A DISFAGIA.

Os sintomas de demência que podem interferir na alimentação


são os distúrbios de memória, afasias, agnosias, apraxias, declínios
dos reflexos primitivos, da habilidade de despertar interesse e da ra-
zão lógica (Norberg, Athlin, 1989). A fase oral da deglutição é a mais
afetada em idosos com demência moderada e grave. As principais al-
terações da deglutição descritas são; disfunção motora lingual (movi-
mento de língua discinética, fraca ou lenta); atraso no disparo do re-
flexo da deglutição, falha no controle motor oral do bolo, no qual pode
ocorrer o seu escape para faringe ou laringe durante a manipulação
na fase oral, retenção do alimento em valécula e seios piriformes, pe-
netração e aspiração, principalmente para líquidos, e mastigação au-
sente (FEINBERG et al, 1992).
Verifica-se que um elevado número de pacientes com Alzhei-
mer possui algum tipo de problema na deglutição. A evolução da do-
ença de Alzheimer cursa conforme descrição dos estágios abaixo, po-
dendo variar de acordo com cada caso. De acordo com Poirier e Gau-
ther, (2016 ) com esta cronologia de evolução da doença, observa- se
que a disfagia se torna mais evidente no terceiro estágio.
O primeiro estágio é marcado por alterações na memória, na
personalidade e nas habilidades visuais e espaciais. [...]. A capacidade
de tomar decisões também pode se tornar mais difícil. Por fim, no es-
tágio inicial, ainda podem ocorrer problemas leves de linguagem, des-
motivação, perda de interesse por atividades e hobbies e mudanças
de humor, como depressão ou ansiedade. Amigos, parentes e colegas
de trabalho podem encarar essas mudanças como simples consequ-
ência da velhice. No entanto, ao notá-las, é importante procurar o mé-
dico para fazer uma avaliação e diagnóstico.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 211

Segundo Estágio (moderado) – acentua-se o sensível déficit


de memória e aprendizagem, também ocorrem mudanças de perso-
nalidade, indiferença, hostilidade, julgamento social pobre, baixa afeti-
vidade. A comunicação apresenta o conteúdo desorganizado e alguns
déficits estruturais que prejudicam a coerência. Os pacientes apresen-
tam desorientação espacial, construção pobre, dificuldades percep-
tivas (Poirier e Gauther, 2016). Nessa fase o período de fala é mais
fluente, porém menos coerente, também ocorre quadro de agitação e
o paciente apresenta tremores ou cacoetes.
Terceiro Estágio (tardio/severo) as funções intelectuais tornam-se
globalmente deterioradas e o quadro evolui para um estado de depen-
dência total. A personalidade do paciente mostra-se totalmente desorga-
nizada, a comunicação está deteriorada com ecolalias, perseveração e
mutismo e o paciente torna-se totalmente dependente de outros para so-
lucionar problemas e realizar atividades diárias, higiene pessoal, alimen-
tação. Ocorre rigidez na região dos quadris e postura em flexão, conhe-
cida como a síndrome da imobilização (Poirier e Gauther, 2016). Nessa
fase os distúrbios de alimentação podem manifestar-se por meio de uma
série de sintomas, como desordem na mastigação, dificuldade de iniciar
a deglutição, regurgitação nasal, controle da saliva diminuído, tosse e en-
gasgos durante as refeições, dor no peito, sensação de alimento parado
na garganta, podendo também apresentar desidratação, perda de peso,
tempo da refeição prolongado, diminuição de apetite e pneumonia aspi-
rativa ou quaisquer outros problemas pulmonares. Quarto Estagio “Termi-
nal” - neste caso, a pessoa com Alzheimer fica restrita ao leito. Em muitos
casos, não consegue se alimentar normalmente pela boca e pode sofrer
infecções recorrentes (Poirier e Gauther, 2016).
Desta maneira a avaliação clínica fonoaudiológica é imprescin-
dível, pois permite identificar a presença de disfagia, bem como as-
pectos da deglutição que estão alterados. Para contribuir nesse pro-
cesso avaliativo, a fonoaudiologia tem à sua disposição exames com-
plementares, que permitem a observação da função de deglutição de
forma mais eficiente. Dentre esses exames, a videofluoroscopia da
deglutição possibilita definir as disfunções anatômicas e funcionais da
deglutição de forma mais precisa. É considerado o exame mais impor-
tante na avaliação do paciente com disfagia, juntamente com a histó-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 212

ria clínica. É uma avaliação dinâmica da deglutição, ou seja, permite


observar as diferentes fases da deglutição em tempo real.

A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE FONOAUDIOLOGIA NA


DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM DOENÇA DE ALZHEIMER.

Com o aumento da expectativa de vida da população e índi-


ces crescentes da doença de Alzheimer, o cuidado com o paciente e
cuidadores ou das famílias tem se tornado um problema de saúde pú-
blica, sendo necessário desenvolver estratégias educativas que auxi-
liem essa população (BIFULCO; LEVITES, 2018). E com isso o apare-
cimento de problemas de mastigação, tornando-se cada vez mais difi-
cultoso a alimentação do idoso com DA, da disfagia, além de exames
físicos, o diagnóstico pode ser realizado através de exames de endos-
copia. Essa abordagem depende de cada caso, sendo mais indicada
para os casos de suspeita de câncer. Por esse motivo o fonoaudiólogo
é o profissional habilitado para avaliar e tratar as disfagias orofarínge-
as neurogênica e mecânicas. A avaliação clínica realizada pelo fono-
audiólogo inclui a avaliação das estruturas envolvidas nas funções de
mastigação e deglutição, além de uma avaliação clínica e funcional da
própria alimentação e adotam estratégias específicas, elaboradas de
forma personalizada para cada paciente.
Umas das estratégias é a terapia fonoaudiológica, ou fonotera-
pia, auxiliará na reabilitação dos pacientes com esses distúrbios, com
a reconstrução da linguagem, a reorganização das habilidades comu-
nicativas e a facilitação da sociabilidade, entre outros processos. Vale
ressaltar que, cada vez mais esse profissional tem sido de suma im-
portância haja vista que, com o crescimento da expectativa de vida a
atuação fonoaudiológica é cada vez mais frequente em doenças pro-
gressivas, degenerativas como a Doença de Alzheimer, que acome-
tem com maior prevalência a crescente nessa população.

MATERIAL E MÉTODOS

Esse estudo baseou-se em estudo Bibliográfico, ou seja, pes-


quisa feita em sites, artigos, livros teses e pesquisas que tratam do
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 213

tema, ou seja, foram extraídos de artigos científicos de plataformas


digitais como google acadêmico, Scientific Electronic Library Online,
World Wide Science, SiBi, segundo Lakatos, “a pesquisa bibliográfica”
permite compreender que, se de um lado a resolução de um problema
pode ser obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laborató-
rio quanto à de campo (documentação direta) exigem, como premissa,
o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e so-
lucionar. Assim, os métodos e técnicas usados na pesquisa foi tentar
responder às problemática do artigo, foram utilizados uma seleção de
10 artigos científicos acerca do tema para auxiliar na leitura e na refe-
rência direta do estudo.

RESULTADOS

Os resultados da pesquisa foram construídos após análise do-


cumental e relatos de estudos que construíram das mais diversas for-
mas, como estratégia de pesquisa. E assim foi identificado a memória
e os significados dos fenômenos para o registro. Toda análise de uni-
versos empíricos, foi uma construção teórico metodológicas para che-
gar aos resultados precisos.

Quadro 1. Principais obras organizadas por autores, ano e resultados.


OBRA AUTORES ANO RESULTADOS

De acordo com os resultados encontra-


dos neste estudo é possível concluir que
Principais altera- a maior frequência da Disfagia é em ido-
ções de deglutição Kézia yngrid sos, e os idosos com a doença de Al-
em idosos com e montelo de frei- 2021 zheimer sofrem um impacto na quali-
sem alzheimer: re- tas. dade de vida maior do que idosos sem
visão de literatura. a doença, devido à diminuição das fun-
ções motoras que são afetadas na pre-
sença da doença.

Sabrina Vila-
O impacto das al- Observamos que, embora as alterações
nova Cardoso,
terações de deglu- de deglutição causem impacto na quali-
Adriane Ribei-
tição na qualida- dade de vida dos idosos, esses não têm
ro Teixeira Rute 2014
de de vida de ido- consciência do problema, entendendo o
Lopes Baltezan
sos institucionali- mesmo como uma alteração inerente ao
Maira Rozenfeld
zados. processo de envelhecimento.
Olchik
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 214

Jacqueline ma-
Com base na avaliação do estado e na
chado, Carmen
gravidade da doença, os idosos encon-
Estado nutricional lucia barreto ca-
tram-se eutróficos, com diferença esta-
na doença de Al- ram, Andrea ab- 2016
tisticamente significativa na circunferên-
zheimer. dala frank, Elia-
cia de um braço entre os graus de Al-
ne de abreu oa-
zheimer.
res, Jerson laks.

Thaíza Estrela
Características de A progressão da doença pode variar de
Tavares, Cecília
mastigação e de- pessoa para pessoa e, além disso, é co-
Maria Resende 2016
glutição na doença mum apresentar períodos de estabilida-
Gonçalves de
de Alzheimer. de em cada um dos estágios.
Carvalho

As estratégias é a terapia fonoaudiológi-


A Importância do
ca, ou fonoterapia, auxiliará na reabilita-
cuidado no acom-
Vera Anita Biful- ção dos pacientes com esses distúrbios,
panhamento de do-
co, Marcelo Le- 2018 com a reconstrução da linguagem, a re-
entes crônicos por-
vites. organização das habilidades comunicati-
tadores de Alzhei-
vas e a facilitação da sociabilidade, entre
mer.
outros processos.
Fonte: autora (2022)

DISCUSSÃO

A fonoaudiologia é a área de estudo em que atua com a comu-


nicação escrita e oral, voz e audição, sendo os fonoaudiólogos res-
ponsáveis pelo trabalho de habilitação e reabilitação da voz, atenção
a distúrbios da audição, motricidade oral, leitura e escrita. Contudo es-
tabelece estratégias e condutas terapêuticas que minimizam os efei-
tos dos distúrbios da deglutição, garantindo ao indivíduo adequada nu-
trição, hidratação e proteção das vias aéreas inferiores. Portanto, se-
gundo Freitas (2021) relatou que as alterações fonoaudiológicas es-
tão mais ligadas à comunicação do indivíduo acometido pela doença
de Alzheimer, progredindo posteriormente para alterações mais avan-
çadas, interferindo na qualidade de vida e na realização das atividades
de vida diária, mais especificamente na alimentação, causando dificul-
dade na mastigação e deglutição, também conhecida como disfagia.
Nos estágios mais avançados de Alzheimer, ocorrem possíveis disfa-
gias oromotoras. Porém, o rebaixamento dos aspectos cognitivos alte-
ra hábitos de alimentação, tornando o paciente dependente de ser ali-
mentado, antes mesmo do aparecimento dos sintomas orofaríngeos.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 215

Neste panorama, Teixeira et al., (2014) descreveram que neste


cenário é fato que os idosos passam por diversas modificações anatô-
micas e funcionais que podem afetar o sistema estomatognático: suas
estruturas - língua, lábios, bochechas, mandíbula, área oclusal e pala-
to, e suas funções - sucção, mastigação, respiração, deglutição e fala.
Dentre as alterações das funções estomatognáticas, as alterações de
deglutição são frequentes e significativas podendo trazer sérias impli-
cações para os idosos, como, desnutrição, desidratação, aspiração
traqueal e, consequentemente, pneumonia aspirativa.
De acordo com Machado et al., (2016) relataram que a influência
dos aspectos nutricionais no processo de envelhecimento e na demên-
cia tem sido estudada desde sua participação protetora até a sua pos-
sível ação no retardo das disfunções e alterações degenerativas ineren-
tes à idade. Os idosos com demência apresentam perda ponderal im-
portante e são inúmeras as hipóteses que explicam a perda de peso
nesses casos: atrofia do córtex temporal mediano e elevado gasto ener-
gético, levando a redução da massa muscular, perda da autonomia e
dependência funcional, além de riscos de quedas, úlceras de decúbito
e infecções. Além disso, as desordens cognitivas e de comportamento
podem comprometer a nutrição, tais como dificuldades de mastigação
e deglutição, de deslocamentos para o preparo das refeições e desor-
dens comportamentais que tornam os idosos distraídos e lentos duran-
te as refeições, comprometendo hábitos alimentares adequados. Tudo
isso pode fazer com que o desequilíbrio acarrete perda de peso e défi-
cit nutricional.
Conforme Estrela e Carvalho (2012) descreveram que os ido-
sos acometido com da doença de Alzheimer tem seu estado nutricio-
nal afetado de forma drástica, possivelmente por uma provável inca-
pacidade de aceitação, mastigação, deglutição e assimilação dos ali-
mentos. A perda de apetite, o desinteresse pela alimentação e a fal-
ta de consciência da importância da nutrição, aumentam os riscos de
desidratação e desnutrição, influenciando no quadro de saúde geral.
As doenças crônico- degenerativas geralmente afetam as necessida-
des orgânicas de proteínas e de calorias, podendo estar associadas à
inapetência, causada pela própria doença, por determinados medica-
mentos e por dificuldades de alimentação. Tais dificuldades vão desde
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 216

falta de auxílio para oferecer as refeições, ausência de dentes, consis-


tência alimentar de difícil deglutição ou não atrativa ao paladar, entre
outras. E ainda, quando o sujeito é acometido com a doença, pode di-
ficultar o entendimento e de comunicar seus sintomas, e por conta dis-
so podem estar aspirando alimentos silenciosamente, então é impor-
tante que sejam observados durante a ingestão de alimentos. Durante
a avaliação clínica é importante ajudar o paciente a perceber modifica-
ções que possam ter ocorrido, voluntária ou involuntariamente, como
formas compensatórias das disfagias.
Segundo Bifulco, e levites (2018) descreveram quer para um me-
lhor resultado somam-se os esforços multiprofissionais que agregam sa-
beres de outras especialidades no cuidar de pacientes portadores de DA.
A unicidades como, fonoaudiologia, psicologia, fisioterapia, nutrição, en-
fermagem, odontologia, serviço social, e até a interposição jurídica, para
questões legais de intervenção e curatela; podem fazer a grande diferen-
ça na qualidade tanto para o portador como dar subsídios para a família e
ou cuidadores estabelecerem uma melhor qualidade no cuidar. A angús-
tia sentida pelos familiares pode ser atenuada por um bom tratamento,
grupos de apoio e a proximidade dos amigos e da família.
Dessa forma, se faz necessário um estudo mais abrangen-
te acerca dessas alterações de deglutição em cada fase da doença.
É importante ressaltar a importância do trabalho fonoaudiológico no
diagnóstico e na reabilitação desse distúrbio, para que possa ser pro-
movida uma melhor qualidade de vida para idosos com Disfagia e a
prevenção da desnutrição, desidratação e outras complicações, sen-
do assim, um ponto de partida para outros estudos que contemplem
nutrição, saúde mental e envelhecimento, destacando o envolvimento
dos familiares, dos cuidadores e da equipe multidisciplinar na atenção
ao idoso diagnosticado com DA, a fim de contribuir na adequação do
peso corporal, estabilidade imunológica, estado nutricional satisfatório
e da qualidade de vida do idoso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, pode-se afirmar que o trabalho desenvolvido pela fono-


audiologia nos estágios iniciais das doenças neurológicas degenerati-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 217

vas, realizado com o idoso e seus familiares, auxilia na adaptação gra-


dativa ao processo de interação, que vai se modificando e reorgani-
zando, adequando-se à progressão da doença.
Atualmente há o reconhecimento de que a adoção de medidas
de otimização, prevenção, reabilitação e manutenção são essenciais
para a conquista de um envelhecimento saudável e melhoria da qua-
lidade de vida do indivíduo com DA. Neste contexto, o conhecimento
do estado de saúde em relação aos aspectos alimentares do idoso é
importante para as políticas de saúde, pois auxilia os gestores na ela-
boração de estratégias específicas para essa população.
No que se refere ao Brasil, ainda há escassez de dados so-
bre as características de mastigação e deglutição nos indivíduos com
a DA. Logo, as informações a respeito dessas questões poderão auxi-
liar no desenho de estratégias de promoção da saúde para a elabora-
ção de programas de intervenção mais eficientes, melhorando a qua-
lidade de vida da pessoa idosa e beneficiando o sistema de saúde, as
famílias e o paciente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A importância do fonoaudiólogo para pessoas com Alzheimer.


Disponivel em: https://brazilianjournals.com/ojs/index.php/BRJD/ar-
ticle/view/33642#:~:text=se%20então%2C%20a%20importância,-
se%20à%20progressão%20da%20doença. Acesso em 21 de Setem-
bro de 2022.
ACOSTA, Nicole Bicca; CARDOSO, Maria Cristina de Almeida Freitas.
Presbifagia: estado da arte da deglutição do idoso. Passo Fundo,
Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, 2012.
Bifulco VA, Caponero R. Cuidados Paliativos nas Demências: Pers-
pectiva psicológica in: Cuidados Paliativos, um olhar sobre as práticas
e as necessidades atuais, Barueri, SP: Ed. Manole, 2018.
BIFULCO; Vera Anita; LEVITES, Marcelo. A Importância do cuidado
no acompanhamento de doentes crônicos portadores de Alzhei-
mer. Archivos em Artículo Especial. Vol 20.2018.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 218

BRASIL, Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Tera-


pêuticas da Doença de Alzheimer. Portaria SAS/MS nº 843, de 21
setembro de 2022. Acesso em: 17 Set. 2022. Disponível em: www.
saude.gov.br
CARDOSO, Sabrina Vilanova et al. O impacto das alterações de de-
glutição na qualidade de vida de idosos institucionalizados. São
Paulo, Revista Kairós Gerontologia, 2014.
Frank AA, Soares EA, Gouveia VE. Práticas Alimentares na Doen-
ça de Alzheimer. In: Frank AA, Soares EA. Nutrição no Envelhecer.
São Paulo: Atheneu, 2004.
Gillete-Guyonnet S, Nourhashémi F, Andrieu S, Glisezinski I, Ousset
PJ, Rivière D, et al. Weight loss in Alzheimer disease. Am J Clin
Nutr. 2000;71(Suppl):637S-42S.
Gorzoni ML, Pires SL. Aspectos clínicos da demência senil em institui-
ções asilares. Rev. Psiq. Clín. 2006; 33 (1); 18-23.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Contagem da
população 2018. Rio de Janeiro, IBGE: 2018. Disponível em: www.
ibge.gov.br. Acesso em: 17 Set. 2022.
Jales MA, Cabral RR, Silva HJ, Cunha DA. Características do siste-
ma estomatognático em idosos: diferenças entre instituição pú-
blica e privada. Rev CEFAC. 2005;7(2):178-87.
Machado JS, Frank AA, Soares EA. Fatores dietéticos relacionados
à doença de Alzheimer. Rev Bras Nutr Clin. 2006; 21(3):252-7.
MARGALLO-LANA, M. L. et al. Fifteen-year follow-up of 92 hospita-
lized adults with Down’s syndrome: Incidence of cognitive decli-
ne, its relationship to age 129 and 25 neuropathology. Journal of
Intellectual Disability Research, v. 6, n. 51, p. 463-477, 2007.
MINITI A.;BENTO R. F.;BUTUGAN O. Otorrinolaringologia Clínica e
Cirúrgica. Atheneu, Segunda Edição, 2001, p.297 e 298
Moriguti JC, Moriguti EKU, Ferriolli E, Cação JC, Junior NL, Marchini
JS. Involutary weight loss in elderly individuals: assessment and tre-
atment. Rev Paul Med. 2001;119(2):72-7.
OMS. Organização Mundial de Saúde. Elementos traço na nutrição
e saúde humana. São Paulo: Roca, 1998.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 219

POERIER, Judes, e GAUTHER, Sege. A Doença de Alzheimer. Tra-


dução. 2016. Sanches EP, Suzuki HS. Fonoaudiologia em Gerontolo-
gia. In: Suzuki HS. (Org.).
Conhecimentos essenciais para atender bem o paciente idoso.
São José dos Campos: Pulso, 2003.
Suzuki HS. O entardecer da deglutição: um estudo sobre modifi-
cações nos hábitos da rotina alimentar x fisiologia da deglutição
do idoso normal. [monografia] São Paulo (SP): CEFAC Pós-Gradua-
ção em Saúde e Educação; 1997.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 220

CAPÍTULO 15

ATENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO EQUILÍBRIO DO SONO DOS


ATLETAS, DECORRENTE DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO

SPEECH CARE IN THE BALANCE OF ATHLETES’ SLEEP,


RESULTING FROM OBSTRUCTIVE SLEEP APNEA.

Zuelem Corrêa Bruce1


Amanda de Araújo Gomes2
Aulizangêla da Silva Queiroz3

RESUMO
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma síndrome caracterizada pela
oclusão das vias respiratórias, onde comprometem o desenvolvimen-
to dos atletas. OBJETIVO: Nesse âmbito, buscou-se esclarecer sobre
a atenção fonoaudiológica no equilíbrio do sono dos atletas, contribuin-
do para um maior conhecimento sobre as causas e conseqüências, favo-
recendo a definição da conduta por este profissional. METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo bibliográfico descritivo de caráter qualitativo, ten-
do como bases principais as plataformas digitais e acervos bibliotecá-
rios, contemplando os artigos, livros, dissertações/teses, publicados no
período de 2005 a 2021. RESULTADOS: Nos artigos selecionados, pô-
de-se observar em todos, um alto rendimento do atleta no equilíbrio do
sono através do acompanhamento fonoaudiológico. CONSIDERAÇÕES
FINAIS: Observou- se um alto rendimento com a intervenção fonoaudio-
lógica no equilíbrio do sono, melhorando significativamente a qualidade
de vida desses atletas acometidos com a apneia obstrutiva do sono. Con-
tudo, neste cenário, ainda existem parâmetros a serem observados, bem
como dissertações probatórias sobre o tema em questão.
Palavras-chave: Apneia, sono, atletas, recuperação, fonoaudiólogo.
1 Discente do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/AM. E-mail: amanda-
-araujo15@hotmail.com
2 Discente do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/AM. E-mail: zue-
lemb@gmail.com
3 Docente/orientador de TCC do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário FAMETRO/
AM. E-mail: auly.queiroz@gmail.com
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 221

ABSTRACT
Obstructive sleep apnea (OSA) is a syndrome characterized by air-
way occlusion, which compromises the development of athletes. OB-
JECTIVE: In this context, we sought to clarify the speech-language pa-
thology care in the sleep balance of athletes, contributing to a great-
er knowledge about the causes and consequences, favoring the defini-
tion of the conduct by this professional. METHODOLOGY: This is a de-
scriptive bibliographic study of a qualitative nature, based on digital plat-
forms and library collections, covering articles, books, dissertations/the-
ses, published between 2005 and 2021. RESULTS: In the selected arti-
cles, it was possible to A high performance of the athlete in the balance
of sleep can be observed in all of them through the speech therapy fol-
low-up. FINAL CONSIDERATIONS: There was a high performance with
the speech therapy intervention in sleep balance, significantly improving
the quality of life of these athletes affected with obstructive sleep apnea.
However, in this scenario, there are still parameters to be observed, as
well as evidentiary dissertations on the subject in question.
Keywords: apnea, sleep, athletes, recovery, speech therapist.

INTRODUÇÃO

Os distúrbios do sono afetam pessoas de diferentes idades, re-


lacionando-se a atividade cerebral, onde restabelecemos nosso equi-
líbrio e preservamos funções (GUIMARÃES; 2008). Seu funcionamen-
to depende de um trabalho mecânico necessário oferecido pelos pul-
mões e parede torácica durante a respiração.
A apneia obstrutiva do sono é considerada um problema de
saúde pública dada a sua alta prevalência e suas graves conseqüên-
cias caso não seja tratada, freqüentemente associada a ronco alto e
freqüente, sonolência excessiva diurna, cansaço, irritabilidade e alte-
rações cardiovasculares, alterações respiratórias e hipertensão arte-
rial sistêmica. A intensidade do ronco está relacionada à gravidade da
apneia obstrutiva do sono, presente em 70 a 95% dos casos (KAYA-
MORI F; et al., 2017). Portanto, indagam-se quais as estratégias te-
rapêuticas fonoaudiológicas que contribuirá para o equilíbrio do sono
dos atletas com apneia obstrutiva do sono?
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 222

A interposição fonoaudiológica nestes casos ocasionará uma


diminuição das funções dos músculos linguais, com variações estimu-
ladas, a adequar a forma e função dos grupos musculares que interfe-
rem na boa performance do sistema estomatognático, aumentando a
força muscular, promovendo posturas que favoreçam atividades mais
adequado, bem como de suas funções. Para sucesso no tratamento
desta desordem são fundamentais o diagnóstico preciso e correto e a
atuação de uma equipe multidisciplinar, estando inserido nela o fono-
audiólogo.
No entanto, o objetivo da pesquisa foi esclarecer a importân-
cia da ação fonoaudiológica a respeito do equilíbrio do sono da apneia
obstrutiva para melhorar a qualidade, o desempenho e a recuperação
fisiológica, cognitiva, psicológica e funcional do atleta de alto rendi-
mento de forma subjetiva.
Conforme Gomes et al., (2017) descreveram que em média,
dormir de 7 a 9 horas de sono por noite previne a sonolência diurna ex-
cessiva. O sono é essencial para os atletas por garantir melhor desem-
penho nas atividades psicomotoras e cognitivas, diminuindo as chances
de desenvolver fatores de risco para dores musculoesqueléticas.

BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS DA PRIVATIZAÇÃO DO SONO DOS


ATLETAS.

A respeito da função do sono refere-se ao modelo adaptativo


que considera o sono como um ritmo biológico, sugerindo um compor-
tamento quase que instintivo visando à sobrevivência frente a pres-
sões ambientais (WEBB, et al., 2006).
A fragmentação resulta em um sono de quantidade e qualidade
inadequadas, sendo conseqüência de condições médicas e/ou fatores
ambientais que o interrompem, reduções na eficiência do processa-
mento cognitivo, do tempo de reação e da responsividade atencional,
prejuízos na memória, aumento da irritabilidade, alterações metabóli-
cas, endócrinas, imunológicas, quadros hipertensivos, cansaço, náu-
seas, dores de cabeça, ardência nos olhos, visão turva, dores articu-
lares e diminuição da libido são algumas das conseqüências da priva-
ção de sono (JÜRGENSEN et al, 2010).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 223

A literatura tem indicado que o sono insuficiente entre atletas


pode ser devido ao calendário esportivo congestionado, baixa priorida-
de de sono em relação a outras demandas do treinamento, bem como
falta de conhecimento do papel do sono na otimização do desempe-
nho esportivo. Adicionalmente, os três principais fatores de risco para
distúrbios do sono em atletas estão relacionados ao treinamento, via-
gens e dias de competição (GUPTA; MORGAN; GILCHRIST, 2016).
Um dos aspetos fundamentais para a recuperação, bem-estar
e rendimento de um atleta, é obter uma suficiente quantidade e quali-
dade de sono, particularmente durante o período competitivo. De um
mínimo de 7-9 horas do tempo totaldesonoeeficiênciadosono(ouse-
ja,porcentagemdotempototaldosono)≥85% por noite, é geralmente re-
comendado para promover uma melhor saúde e função cognitiva em
adultos com idades ente os 18 a 60 anos (COSTA, 2019).
Sugere-se que atletas e treinadores organizem, não apenas
o cronograma dos treinos e de competição, mas também tenham em
consideração as rotinas de sono para facilitar uma recuperação/de-
sempenho mais eficiente (JULIO,2019).

A INTERVENÇÃO FONOAUDIOLOGICA NO RENDIMENTO DOS


ATLETAS, COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO.

Atualmente o fonoaudiólogo profissional do campo da motrici-


dade orofacial de conhecimentos aprofundados na medicina do sono,
a terapia miofuncional orofacial com a realização dos exercícios oro-
faríngeos que trabalham a musculatura dilatadora da faringe; de pro-
posta com método para tratar pacientes com a apnéia obstrutiva do
sono, já o otorrinolaringologista através da inspeção facial, onde pro-
cura avaliar sinais sugestivos de retrognatia e hipoplasia de maxila; ri-
noscopia anterior e oroscopia, onde avalia, além da cavidade oral e
orofaringe. Sendo assim, estes profissionais favorecem excelência no
atendimento e conhecimentos,atuando especificamente nos distúrbios
respiratórios do sono- ronco e apneia obstrutiva do sono.
É importante que o fonoaudiólogo entenda essa relação entre
a qualidade do sono e a qualidade da voz para identificar possíveis al-
terações, reabilita-las e fazer os encaminhamentos necessários. O fo-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 224

noaudiólogo pode atuar na prevenção, avaliação, diagnóstico, orienta-


ção, habilitação/reabilitação e no gerenciamento dos aspectos fonoau-
diológicos nos distúrbios do sono (Parecer SBFa 04/2020).
Para Ieto, (2014), os exercícios derivados da Terapia Miofun-
cional Orofacial deveriam ser realizados diariamente associados às
atividades de vida diárias durante 8 minutos, na frequência de três ve-
zes ao dia.
Os exercícios fonoterápicos visam tonificar os grupos musculares
na região da orofaringe, otimizando a força muscular e a mobilidade, além
de adequar a postura dos tecidos moles (palato mole, músculos constri-
tores da faringe, músculos suprahioideos, ponta e base da língua, boche-
chas, lábios) e as funções orofaciais da mastigação, sucção, deglutição e
respiração (BURGER et al., 2004; GUIMARÃES et al., 2009).
Os atletas com respiração oral podem ter seus mecanismos
pulmonares modificados por não haver preparação ou aquecimento
do ar, ocasionando a fadiga precoce, assim como, diminuição da ca-
pacidade aeróbica (VO2max). A respiração oronasal, se predominan-
te no atleta, ocasiona queda na resistência aeróbica. Por consequên-
cia, o rendimento esportivo decairá, podendo representar uma queda
de 20% da capacidade total do indivíduo (DE ALMEIDA, et al., 2019).
O exame clínico fonoaudiológico na área de Motricidade Oro-
facial é importante para se observar as regiões da mobilidade desses
órgãos; nasofaringe, orofaringe e pela parede posterior da faringe. In-
cluindo a avaliação do sistema estomatognático por suas estruturas
composto pelos dentes e estruturas de suporte, ou seja, a maxila e a
mandíbula, os lábios e a língua, a musculatura mastigatória e da mimi-
ca e nervos (GUIMARÃES,2008).

A RELEVÂNCIA DO PROJETO DURANTE O PROCESSO DE TREI-


NAMENTO E COMPETIÇÃO DO ATLETA.

Com o planejamento dos diferentes estímulos na fase de po-


limento, o técnico além de monitorar esse efeito percebido pelo atle-
ta, deve observar o perfil de estresse e recuperação que afeta o atle-
ta com a proximidade da competição, bem como, a melhora do rendi-
mento nas sessões de treinamento (COSTA, 2020).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 225

Borin (2007) considera que o planejamento em longo prazo da


carreira do atleta é uma das mais importantes tendências do treina-
mento desportivo contemporâneo.
Para Bompa (2001) o programa anual é uma ferramenta que
norteia o treinamento atlético. Ele é baseado em um conceito de pe-
riodização, que, por sua vez, se divide em fases e princípios de treina-
mento. O conhecimento existente sobre a planificação esportiva, as-
sim como o controle do treinamento, é algo que não escapa a nenhum
profissional (ou pelo menos não devería ser ignorado).
Para Farto, (2001), a obrigação inerente a todo treinador de pôr
em prática seus conhecimentos de forma acertada, com o fim de pro-
gramar o treinamento dos atletas, ademas de recolher a máxima infor-
mação possível que se desprende do processo de treinamento e inte-
grar todo ele para tirar conclusões que permitam melhorar o rendimen-
to de seus atletas.
O planejamento ocorre preferência por um tipo de preparação
em detrimento de outras técnica. A resposta está através de análise
qualitativa que são fundamentais para avaliarmos a eficiência da pre-
paração do atleta (BÔAS, 2008).

MATERIAL E MÉTODOS

O presente artigo caracteriza-se como um estudo bibliográfico


descritivo de caráter qualitativo, tendo como bases principais as plata-
formas digitais como: Google acadêmico, Lilacs, SciELO, e acervos bi-
bliotecários da FAMETRO, contemplando as fontes disponíveis, como
também as revistas cientificas, dissertações/teses, publicados no pe-
ríodo de 2005 a 2021. Dos 20 artigos, selecionados somente 08 aten-
deram ao objeto de pesquisa, dentre dos quais o Parecer sobre a atu-
ação do fonoaudiólogo na área do sono, foram norteadores para es-
clarecer a relevância do acompanhamento fonoaudiológico, pois con-
seguiram comprovar o equilíbrio do sono através de sua interposição.
Após a seleção dos artigos, realizou-se a análise com o intuito de iden-
tificar os dados pertinentes à pesquisa.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 226

RESULTADOS

O resultado teve como embasamento a seleção de oito obras


selecionadas, onde corresponderam aos estudos com maior relevân-
cia de dados acerca do contexto que envolve a qualidade de vida dos
atletas com apneia obstrutiva do sono de leve a moderada, de acordo
com a ordem de prevalência, causas, sintomas e terapia.

Quadro 1. Principais obras envolvendo a atuação fonoaudiológica.


OBRA AUTORES ANO RESULTADOS

O processo fisiológico do sono, relaciona-


do a atividade cerebral, e preservação de
Sociedade
Parecer sobre a atua- funções: cognição, humor, metabolismo
Brasileira
ção do fonoaudiólogo 2020 sistema imunológico, função cardiovascu-
de Fonoau-
na área do sono. lar sexual e produtora, por tanto, o distúr-
diolo gia.
bio do sono, podem levar a diminuição da
sobrevida de um indivíduo [...].

Análise da percepção
subjetiva da qualidade JURGEN- A importância da qualidade de sono dos
do sono de atletas de SE N, Lua- 2010 atletas no rendimento nas modalidades
modalidades individuais na Pilon individuais ou coletivas [...].
e coletivas.

Terapia fonoaudiológi-
ca como coadjuvante
As alterações neuromusculares na farin-
do tratamento com apa- DIAFÉRIA,
ge parecem ser um dos fatores relacio-
relho de pressão aérea Giovana
2012 nados à fisiopatologia da síndrome da
positiva contínua em Lúcia Aze-
apneia obstrutiva do sono classificada
pacientes com a síndro- vedo
como: leve, moderada e grave” [...].
me da apneia obstrutiva
do sono.

Efeitos dos exercícios


orofaríngeos em pa- GUIMA- Tratamentos para pacientes com apneia
cientes com apneia RÃES, Ka- do sono obstrutiva moderada, com a utili-
2008
obstrutiva do sono mo- tia Cristina zação de exercícios orofaríngeos ou sim-
derada: estudo contro- Carmello plesmente terapia miofuncional [...].
lado e randomizado.

Efeitos da terapia mio-


funcional orofacial so-
A terapia miofuncional orofacial reduz a
bre o ronco e qualida-
IETO, Va- frequência e intensidade do ronco, medi-
de do sono em pacien- 2014
nessa. das de forma objetiva em pacientes com
tes com ronco primário
ronco primário, AOS leve e moderada [...].
e apneia obstrutiva do
sono leve a moderada.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 227

Associação entre car-


ga de treinamento, qua- SIMIM, Padrões de lesões são específicos para a
lidade de sono e lesões Mario An- prova e comprometimento do atleta,
2017
musculoesqueléticas tônio de maior incidência de lesões; coxa e om-
em atletas com lesão Moura bro [...].
medular.

Os atletas que utilizaram o CPAP em mé-


Efeito do uso CPAP na JÚNIOR, dia durante 95% do tempo total de sono
recuperação de atletas Gilberto 2016 não relataram qualquer dificuldade de
de alto-rendimento. Pantiga adaptação, além de melhorar a sobrevida
desses pacientes [...].

Katia Cris-
Apnéia e ronco: tra- Tratamento e exercícios propostos da fo-
tina Car-
tamento miofuncional 2009 noaudiologia na especialidade de motrici-
mello Gui-
orofacial. dade orofacial...].
marães
Fonte: Autores, (2022)

DISCUSSÃO

A partir do que foi observado sobre o equilíbrio do sono dos


atletas decorrente da apneia obstrutiva, nota-se que a fonouadiologia
é indispensável para o desenvolvimento adequado e eficaz dos atle-
tas. Nos estudos observa-se que a apneia obstrutiva do sono (AOS),
afeta tanto crianças como adultos, os distúrbios do sono podem co-
existir, o que ressalta a relevância fonoaudiológica na busca de co-
nhecimentos aprofundados na Medicinado do Sono e suas interfaces,
além da específica fonoaudiológica, onde as conseqüências refletem
na saúde de um individuo como um todo, podendo ocorrer acometi-
mentos cardiovasculares, acidente vascular cerebral e implicações di-
retas aos processos de distúrbios da comunicação (SBFa, 2020).
De acordo com PILON (2010) a qualidade do sono, pode pre-
judicar o rendimento em atletas durante treinamentos ou competições,
pois quando a sobrecarga é aumentada até o nível ideal, existe uma
melhor resposta na qualidade do sono e quando está sobrecarga é de-
masiadamente alta, ocorre uma influência negativa direta sobre a qua-
lidade do sono. Em concordância Simim (2017), descreveu que o dé-
bito de sono tem sido associado com comprometimento do desempe-
nho psicomotor, capacidades físicas e cognitivas em atletas de diver-
sas modalidades esportivas. Em geral, o sono ou a falta de sono in-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 228

fluencia o desempenho esportivo, ou seja, o débito de sono atenua o


tempo de reação, afeta o humor e as funções cognitivas.
Por tanto, viabilizando a prevenção dos atletas acometidos
com AOS foi que Guimarães (2018), sugeriu que a realização do exa-
me clínico fonoaudiológico na área de motricidade orofacial, os quais
são vitais para se observar as regiões de nasofaringe, e suas funcio-
nalidades delimitadas entre os cornetos nasais e acima do nível do
palato, por essa percepção, incluem-se a avaliação clínica do sistema
estomatognático por suas estruturas fazerem parte da via aérea supe-
rior, apresentando suas funções e permitindo correto desenvolvimen-
to e crescimento das estruturas, garantindo um perfeito funcionamento
com as funções de mastigação, deglutição, sucção, respiração e fala
de modo integrado e sincrônico.
Segundo Diaféria (2012), a apneia obstrutiva do sono é carac-
terizada por episódios recorrentes de bloqueio parcial (hipopneia) ou
total (apneia) na via aérea superior durante o sono, caracterizada por
sonolência diurna excessiva e pelos episódios da apneia, outro impor-
tante ponto abordado por ela, são os benefícios do uso do CPAP no
qual consistem em acabar com os eventos obstrutivos, na correção
da saturação da oxihemoglobina (SpO2) noturna e na diminuição dos
despertares relacionados aos eventos respiratórios e para elucidar tal
questão relatou sobre a utilização do aparelho de pressão aérea po-
sitiva contínua (CPAP) no qual tem sido o tratamento mais escolhido
para os sujeitos acometido com SAOS, em especial para os quadros
moderados e graves. E conseqüentemente é utilizado a PSG tal como
é o instrumento padrão ouro na identificação objetiva da presença de
eventos respiratórios anormais durante o sono, que quando utilizado,
diminuía a queixa de sonolência excessiva. Em consenso com o ex-
posto, Junior (2016) afirmou que os benefícios do uso do (CPAP) são
a abolição das apneias, e o aumento efetivo da saturação da oxihemo-
globina e a diminuição dos despertares relacionado aos eventos res-
piratórios.
Segundo os estudos de Ieto (2014) é importante considerar a
abordagem para tratamentos da AOS, tais tratamentos incluem perda
de peso, placa de avanço mandibular, cirurgia na via aérea superior,
e o uso de pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP), por tan-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 229

to, outras medidas consideradas complementares incluem, evitar dor-


mir na posição de supina, evitar álcool à noite e desobstrução nasal fo-
noaudiológica na terapia miofuncional orofacial com a realização dos
exercícios orofaríngeos que trabalham a musculatura dilatadora da fa-
ringe, apresentada como um método para tratar pacientes com ronco
primário com AOS de leve a moderado.
Foi nesse sentindo que a discussão entre os autores foi bas-
tante relevante em caracterizar que não é um assunto tão simples
para esclarecer como funciona essa terapêutica, visto que precisa-se
de uma avaliação minuciosa abrangendo todos os fatores que são me-
canicamente e biologicamente primordiais para o desenvolvimento do
atleta com a apneia obstrutiva do sono. Vale ressaltar que os exercí-
cios propostos nesse método derivados da Fonouadiologia na espe-
cialidade de motricidade orofacial visam trabalhar com a motricidade e
a mudança do tônus dos músculos da VAS, abrangendo regiões oro-
faríngeas com exercícios específicos direcionados as regiões de lín-
gua, palato mole, faciais, funções orofaciais e relaxamento de cabeça
e pescoço (GUIMARÃES, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O atual estudo apoiado nos indicativos permitiu identificar uma


diversidade de intervenções propostas como objetivo de mostrar a in-
teração entre a Fonouadiologia e síndrome da apneia obstrutiva do
sono especificamente em atletas, em que as ações terapêuticas são
realidades necessárias e fundamentais.
O profissional fonoaudiólogo na área da motricidade orofacial
relacionadas às funções respiratórias e apneia obstrutiva do sono é o
profissional de suma importância e capacitado para identificar e inves-
tigar os fatores que levam a provocar grandes prejuízos na performan-
ce durante as competições nas modalidades individuais ou coletivas
dos atletas, diante disso o desenvolvimento dos atletas requer acom-
panhamento especial e multidisciplinar.
Com tudo, vale salientar a relevância do fonoaudiólogo na in-
terposição com terapias miofuncional orofacial, utilizando proposta e
promovendo avaliações, métodos, estratégias, exercícios fonoterápi-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 230

cos para a recuperação e equilíbrio do sono, visto que o mesmo é es-


sencial para melhorar de forma significativa a qualidade de vida des-
ses atletas acometidos com a apneia obstrutiva do sono.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Hanna Karen M. et al. Privação de sono e exercício fí-


sico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 14, p. 51-56, 2008.
ANTUNES, Hanna Karen Moreira. A influência do exercício físico e
da privação de sono no padrão de sono em atletas de corrida de
aventura. 2006.
BASCOUR-SANDOVAL, Claudio et al. ASSOCIAÇÃO ENTRE QUA-
LIDADE DO BITAR, MARIANGELA L.; DE ALMEIDA, CAMILA EB.
FONOAUDIOLOGIA NO ESPORTE: CARACTERIZAÇÃO DA RES-
PIRAÇÃO DE ADOLESCENTES JOGADORES DE FUTEBOL.
BÔAS, Fabiana Vilas. A importância do planejamento do treina-
mento de Voleibol. 2008.
BOMPA, Tudor O. Periodizaçao No Treinamento Esportivo, a. Edi-
tora Manole Ltda, 2001.
BORIN,JOÃOP., PRESTES,JONATO;MOURA,NÉLIOALFANO. Ca-
racterização, controle e avaliação: limitações e possibilidades no
âmbito do treinamento desportivo. Revista Treinamento Desportivo,
v. 8, n. 1, p. 6-11, 2007.
COSTA, Júlio A. Importância, monitorização e higiene do sono em
jogadores de futebol. Retrieved 03/04, 2021.
COSTA, Marlene Salvina Fernandes da. Efeito das cargas de treina-
mento no comportamento do sono e na recuperação em jovens
nadadores no período de polimento. 2020. Dissertação de Mestra-
do. Universidade Federal de Pernambuco.
CRUZ, Analice Rodrigues da et al. Percepção de qualidade de sono
e de vida em atletas paralímpicos: comparação entre atletas com
deficiência física e visual. Journal of PhysicalEducation, v. 28,2017.
DE FONOAUDIOLOGIA, AO CONSELHO FEDERAL. Sociedade
Brasileira de Fonoaudiologia.2020.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 231

DE MOURA SIMIM, Mario Antonio. Associação entre carga de trei-


namento, qualidade de sono e lesões musculoesqueléticas em
atletas com lesão medular. 2017.
DINARDI, Ricardo Reis. Avaliação da eficácia do dilatador nasal
externo em adolescentes atletas. 2012.
Esther Mandelbaum Gonçalves Bianchini CRFa 2 – 1773 MarieliTim-
paniBussiCRFa 2 – 12339. Parecer do Conselho Regional de Fonoau-
diologia 2ª Região Nº 01/2020 “Dispõe sobre a atuação do fonoaudió-
logo na área do sono.”
FARTO, Emerson Ramirez. Estrutura e planificação do treinamento
desportivo. Revista digital. Buenos Aires, v. 8, n. 48,2002.
GOMES, Gabriel Cordeiro et al. Qualidade de sono e sua associa-
ção com sintomas psicológicos em atletas adolescentes. Revista
Paulista de Pediatria, v. 35, p. 316-321, 2017.
GUIMARÃES, Kátia Cristina Carmello. Apneia e ronco: tratamento
miofuncionalorofacial . São Paulo: Ed. Pulso. 2009.
GUIMARÃES, Kátia Cristina Carmello. Efeitos dos exercícios orofa-
ríngeos em pacientes com apnéia obstrutiva do sono moderada:
estudo controlado e randomizado. 2008. Tese de Doutorado. Uni-
versidade de São Paulo.
IETO, Vanessa. Efeitos da terapia miofuncional orofacial sobre o
ronco e a qualidade de sono em pacientes com ronco primário e
apneia obstrutiva do sono leve a moderada. 2014.
JÜRGENSEN, Luana Pilon. Análise da percepção subjetiva da qua-
lidade do sono de atletas de modalidades individuais e coleti-
vas.2010.
NOCE, Franco; SIMIM, Mário Antônio de Moura; MELLO, Marco Túlio de.
A percepção de qualidade de vida de pessoas portadoras de defici-
ência física pode ser influenciada pela prática de atividade física?.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 15, p. 174-178, 2009.
PANTIGA JUNIOR, Gilberto. Efeito do uso CPAP na recuperação de
atletas de alto rendimento. 2016.
RAMOS, Inês Eulália Roma Vara Mazagão. Nutrição, sono e atletas:
o que sabemos?. 2020.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 232

SOARES, Mário Júlio Rodrigues de Castro. Influência da qualida-


de do sono na performance dos atletas de alta competição. 2012.
SONO E DOR EM JOVENS ATLETAS AMADORES. Revista Brasilei-
ra de Medicina do Esporte, v. 27, p. 165-169, 2021.
Sovinski SRP. Atuação Fonoaudiológica nos Distúrbios do Sono. In:
Evidências e Perspectivas em Motricidade Orofacial. São José dos
Campos,SP: Pulso Editorial,2018,p.199-208.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 233

CAPÍTULO 16

REABILITAÇÃO VESTIBULAR EM PACIENTES IDOSOS COM


VESTIBULOPATIA

VERTIBULAR REHABILITATION IN ELDERLY PATIENTS WITH


VESTIBULOPATHY

Ana Patricia Lourenço Lima1


Hildo Lima dos Santos2
Aulisângela da Silva Queiroz3
Andersen Werneck Monteiro4

RESUMO
A vestibulopatia é a disfunção do sistema vestibular, o envelhecimen-
to compromete a funcionalidade do sistema nervoso central em rea-
lizar o processamento dos sinais vestibulares, visuais e propriocepti-
vos, responsável pelo equilíbrio. OBJETIVO: Este artigo visa eviden-
ciar a relevância da atuação fonoaudiológica por meio da reabilitação
vestibular como recurso terapêutico não invasivo, de baixo custo, bai-
xo índice de efeitos colaterais, simples de ser realizado pela popula-
ção idosa no tratamento da vestibulopatia. METODOLOGIA: Pesqui-
sa bibliográfica com dados extraídos de artigos científicos publicados
na plataforma digital Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e livros
acadêmicos do acervo bibliotecário do Centro Universitário – FAME-
TRO. RESULTADOS: A pesquisa esclareceu a relevância da atuação
fonoaudiológica na reabilitação de pacientes idosos com vestibulopa-
tia, para o controle da vertigem, promovendo qualidade de vida para o
idoso. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Através das pesquisas publicada
1 Discente do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM: patricia_alves2@
hotmail.com
2 Discente do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM: hildosantosfg07@
gmail.com
3 Docente/ Orientador de TCC do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/AM.
Email: auly.queiroz@gmail.com
4 Docente/ coorientador de TCC do curso de fonoaudiologia do Centro Universitário Fametro/
AM. Email: andersem.monteiro@fametro.edu.br
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 234

por Deodete Korbes, Daiane Korbes e Thelma Alcantara foi possível


considerar as principais estratégias terapêuticas no equilíbrio corporal.
Palavras-chave: Vestibulopatia; Idosos; Reabilitação Vestibular; Fo-
noaudiologia.

ABSTRACT
Vestibulopathy is a dysfunction of the vestibular system, aging com-
promises the functionality of the central nervous system to carry out
the processing of vestibular, visual and proprioceptive signals, respon-
sible for balance. OBJECTIVE: This article aims to highlight the rele-
vance of speech therapy through vestibular rehabilitation as a non- in-
vasive, low cost, low rate of side effects, simple to be performed by the
elderly population in the treatment of vestibulopathy. METHODOLO-
GY: Bibliographic research with data extracted from scientific articles
published on the digital platform Scielo (Scientific Electronic Library
Online) and academic books from the library collection of the Centro
Universitario – FAMETRO. RESULTS: The research clarified the rel-
evance of speech therapy in the rehabilitation of elderly patients with
vestibulopathy, for the control of vertigo, promoting quality of life for the
elderly. FINAL CONSIDERATIONS: Through research published by
Deodete Korbes, Daiane Korbes e Thelma Alcantara, it was possible
to consider the main therapeutic strategies in balance.
Keywords: Vestibulopathy; Seniors; Vestibular Rehabilitation; Speech
therapist.

INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde, até 2025 o Brasil


será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas,
e como consequência o aumento de doenças relacionadas a essa po-
pulação. Conforme os estudos de Ganança (2011), 65% dos indivídu-
os com 65 anos ou mais sofrem com vestibulopatia, ocasionando im-
pactos significativos na qualidade de vida dessa população.
O Conselho Federal de Fonoaudiologia vem a público esclare-
cer sobre a as considerações e competências especificas do fonoau-
diólogo estabelecida na Lei nº 6.965 de 9 de dezembro de 1981 e de
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 235

acordo com a legislação do Conselho Federal de Fonoaudiologia, tan-


to o diagnóstico, quanto a avaliação e a reabilitação do sistema vesti-
bular, são áreas de competência do fonoaudiólogo.
Levando em consideração que a vestibulopatia tem acometi-
do o idoso e impossibilitando- o de realizar suas atividades diárias, im-
pactando na qualidade de vida, levantou-se o seguinte questionamen-
to: Quais as práticas terapêuticas mais indicadas para a reabilitação
vestibular de pacientes idosos com vestibulopatia?
O presente artigo justifica-se mediante a necessidade de es-
clarecer de que forma o fonoaudiólogo, aplicará as manobras mais efi-
cazes para reabilitar os pacientes idosos com vestibulopatia.
Em vista disto, buscando- se maior compreensão sobre o as-
sunto foi realizada uma pesquisa bibliográfica de base descritiva, onde
o levantamento bibliográfico pretendeu-se descrever quais os exercí-
cios mais indicados na reabilitação vestibular de pacientes idosos com
vestibulopatia. Tendo como fonte principal a plataforma digital Scielo
(Scientific Eletronic Library Online) e livros acadêmicos do acervo da
biblioteca do Centro Universitário-FAMETRO. Dos 20 artigos analisa-
dos qualitativamente, somente 06 atenderam o objetivo do estudo, en-
quadrando-se nos critérios de inclusão, data de publicação, assuntos
relevantes a reabilitação vestibular de pacientes idosos com vestibu-
lopatia.
Sendo assim, os resultados da pesquisa mostram a relevância
da atuação fonoaudiológica na reabilitação vestibular, como uma efeti-
va estratégia de tratamento não invasivo, de baixo custo e fácil de ser
realizada pela população idosa, devolvendo a independência, redução
da ansiedade, aumento de bem estar e melhoria na qualidade de vida
de idosos com vestibulopatia.

ANATOMIOFISIOLOGIA DO SISTEMA VESTIBULAR

Segundo os estudos de Korbes; Korbes e Alcantara (2011), o


equilíbrio corporal envolve diferentes órgãos e sistemas funcionando
de forma harmoniosa entre si, de maneira inconsciente.
A manutenção do equilíbrio corporal depende da interação dos
sistemas vestibular, visual e proprioceptivo, coordenados pelo cerebe-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 236

lo. A recepção do movimento ocorre durante a locomoção, processa-


-se pelos mecanismos proprioceptivos e completa-se com os visuais
(MAIA et.al,2013).
A orelha interna é composta por uma cavidade no osso tempo-
ral, o labirinto ósseo, e uma porção interna denominada labirinto mem-
branoso. No labirinto ósseo na região anterior encontra-se a cóclea,
responsável pela audição, na região posterior o vestíbulo e canais se-
micirculares, relacionados ao equilíbrio corporal. Nessas cavidades
circula um líquido chamado perilinfa com predomínio de íons sódio,
dentro do labirinto membranoso estão o utriculosacular e formam o
ducto endolinfatico e o saco endolinfatico (FULLER et.al, 2014).

BENEFÍCIOS DA REABILITAÇÃO VESTIBULAR

A reabilitação vestibular compõe-se em um conjunto de exer-


cícios físicos que engloba movimentos dos olhos, cabeça e do cor-
po. Sua prática contribui para que o paciente consiga realizar os mo-
vimentos sem a presença do desequilíbrio global, podendo ser reali-
zada em qualquer idade (KORBES; KORBES e ALCANTARA, 2011).
A reabilitação vestibular é uma importante ferramenta terapêu-
tica para o controle da vertigem, tem como vantagem o baixo custo,
o baixo índice de efeitos colaterais e a melhora na qualidade de vida
(PAZ OLIVEIRA et.al, 2014).
A prática da reabilitação vestibular promove maior capacida-
de de coordenação motora, movimentos cefálicos e comportamentais,
elevação do grau de independência, restabelecimento da confiança,
redução da ansiedade e do estado depressivo, melhora do sono por
permitir troca de posição ao dormir, na percepção da força e movimen-
tação de membros inferiores, do equilíbrio global e da orientação es-
pacial. Os idosos passam a ter maior capacidade de memória de cur-
to prazo, de atenção e concentração, retorno das antigas funções, au-
mento da sensação de bem-estar, da socialização e da elevação da
autoestima (RICCI et.al, 2010).
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 237

FONOTERAPIA NA REABILITAÇÃO VESTIBULAR DO IDOSO COM


VESTIBULOPATIA

A atuação fonoaudiológica por meio da reabilitação vestibular,


é viável como recurso terapêutico não invasivo, simples de ser reali-
zado pela população idosa no tratamento do desequilíbrio corporal. O
Conselho Federal de Fonoaudiologia vem a público esclarecer sobre a
as considerações e competências especificas do fonoaudiólogo esta-
belecida na Lei nº 6.965 de 9 de dezembro de 1981 e de acordo com a
legislação do Conselho Federal de Fonoaudiologia, tanto o diagnósti-
co, quanto a avaliação e a reabilitação do sistema vestibular, são áre-
as de competência do fonoaudiólogo.
De acordo com Caovilla; Ganança (1998) e Herdman (2002), a
reabilitação vestibular deve ser realizada com os seguintes objetivos:
Promover a conscientização dos sintomas, da doença e das
estratégias; Estimular a interação vestibulovisual com movimentação
cefálica;
Melhorar a estabilização postural estática e dinâmica, sem e
com movimentação cefálica;
Fortalecer o conjunto musculoesquelético de membros inferiores;
Reduzir os sintomas e a incapacidade de equilíbrio estático e dinâmico;
Estimular a coordenação motora ampla e do padrão de marcha cruzada.
Foram listados alguns exercícios de reabilitação vestibular, que
evolvem o controle do sentar, do ficar em pé parado, coordenação de
olhos e cabeça e percepção motora (HERDMAN; TERRA; DORNEL-
LES, 2002).

ESTRATÉGIAS TERAPEUTICAS NA ESTIMULAÇÃO VESTIBULO-


VISUAL

Com o olhar fixo em uma bola parada e posicionada na altura


dos olhos, na linha média, realizar movimentos cefálicos látero – late-
rais, sentado;
Sentado, com o olhar fixo em uma bola parada e posicionada
na altura dos olhos, na linha média, realizar movimentos cefálicos sú-
pero – inferiores;
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 238

Sentado, olhar fixamente para uma bola, na altura dos olhos,


enquanto o braço realiza movimentos horizontal de um lado ao outro,
indo e voltando;
Sentado, olhar fixamente para uma bola, na altura dos olhos,
enquanto o braço realiza movimento vertical para cima e para baixo,
indo e voltando.
Essas quatros atividades também devem ser realizadas na po-
sição ortostática, para que haja aumento da dificuldade na execução.
Inicialmente, ficar de pé com a base alargada; depois, unir os dois pés,
encostando-os; por fim, manter um pé na frente do outro. Somente
passar para uma posição mais difícil quando o idoso conseguir man-
ter o equilíbrio durante a execução do exercício. Na posição bípede,
além da estimulação vestibulovisual, é estimulado o equilíbrio estático.

ESTRATÉGIAS TERAPEUTICAS NO FORTALECIMENTO DE MEM-


BROS INFERIORES, TORNOZELOS E EQUILÍBRIO ESTÁTICO

Sentar e levantar da cadeira sem apoio dos membros superio-


res, com os olhos abertos e fixo no horizonte. Inicialmente, pode- se
usar a base aumentada. No decorrer dos exercícios de reabilitação
vestibular, aproximar os pés;
Realizar dorso flexão e flexão plantar bilateral alternada;
Na posição bípede, alternar apoio bilateral do antepé e retropé;
Na posição bípede, alternar apoio plantar e apoio do antepé,
bilateralmente.

ESTRATÉGIAS TERAPEUTICAS NO FORTALECIMENTO DE MEM-


BROS INFERIORES, TORNOZELOS E EQUILÍBRIO DINÂMICO

Sentado em uma cadeira, levantar e dar um giro completo em


sentido horário, sentado novamente. Repetir o exercício com o giro em
sentido contrário;
Em dupla, jogar uma bola ou um balão de uma pessoa para ou-
tra, utilizando as mãos alternadamente.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 239

ESTRATÉGIAS TERAPEUTICAS NA ESTIMULAÇÃO DO EQUILÍ-


BRIO DINÂMICO E DA MARCHA CRUZADA

Dar uma volta no sentido horário em torno de uma bola coloca-


da no chão, mantendo o olhar na bola, com a cabeça fletida. Ao com-
pletar a volta, dar dois passos para trás e recomeçar o exercício reali-
zando a volta no sentido anti- horário;
Passar a bola sob a perna contralateral, elevando-a;
Bater palmas sob as pernas, elevando-as alternadamente;
Com uma mão segurando a mão de outra pessoa, de frente,
realizar voltas em sentido horário e anti-horário, alternando-as com o
companheiro de exercício.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente artigo foi desenvolvido a partir de revisão biblio-


gráfica, a fim de esclarecer a relevância do profissional fonoaudiólo-
go e os exercícios mais indicados para a reabilitação vestibular no
tratamento de pacientes idosos com vestibulopatia, tendo como fonte
principal a plataforma digital Scielo (Scientific Eletronic Library Online)
com artigos publicados entre o período de 2007 a 2022 e livros acadê-
micos do acervo bibliotecário do Centro Universitário-FAMETRO. Dos
20 artigos analisados qualitativamente, foram selecionados apenas 06
por atenderem os critérios de inclusão que foi estabelecido em com-
preender o tratamento da vestibulopatia no idoso.

RESULTADOS

O presente quadro abaixo, apresenta as principais estratégias


terapêuticas fonoaudiológicas no equilíbrio do idoso com vestibulopa-
tia por meio da reabilitação vestibular.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 240

Quadro 01 - Principais estratégias terapêuticas no equilíbrio do idoso


com vestibulopatia.
OBRA AUTORES ANO ESTRATÉGIAS

Estratégias terapêuticas na estimulação vestibulo-


Guia prático visual
para o equilí- Estratégias terapêuticas no fortalecimento de mem-
brio corporal: Korbes; bros inferiores, tornozelos e equilíbrio estático
Enfoque fo- Korbes; Al- 2011
noaudiológi- cantara. Estratégias terapêuticas no fortalecimento de mem-
co na terceira bros inferiores, tornozelos e equilíbrio dinâmico
idade Estratégias terapêuticas na estimulação do equilí-
brio dinâmico e da marcha cruzada.

Quadro 02 – Principais obras publicadas no período de 2007 a 2014 que


refere – se a importância da reabilitação vestibular, bem como a Lei Nº
6.965, regulamentadora da pratica fonoaudiológica com esses pacientes.
OBRA AUTORES ANO CITAÇÕES

Revisão sistemática so-


bre os efeitos da rea- A pratica da reabilitação vestibular pro-
bilitação vestibular em RICCI et.al 2010 move maior capacidade de coordenação
adultos de meia-idade motora, movimentos cefálicos.
e idosos

O objetivo dos exercícios de reabilitação


S; Alberti-
vestibular evolve o controle do sentar,
Reabilitação Vestibular no; R; Al-
2012 do ficar em pé parado, coordenação de
bertino.
olhos e cabeça e percepção motora.

A reabilitação vestibular, importante ferra-


Efeitos da reabilitação menta terapêutica para o controle da ver-
Paz Olivei-
vestibular no idoso com 2014 tigem, tem como vantagem o baixo custo,
ra et.al
queixa de tontura baixo indicie de efeitos colaterais e a me-
lhora na qualidade de vida.

A reabilitação vestibular (RV) é um pro-


Reabilitação vestibular Jurkiewicz cesso terapêutico que visa promover a
2007
em idosos com tontura et.al redução significativa dos sintomas
labirínticos.

De acordo com a legislação do Conselho


Conselho
Recomendação CFFa Federal de Fonoaudiologia, tanto o diag-
Federal de
Lei Nº 6.965 de 9 de 1981 nóstico, quanto a avaliação e a reabilita-
Fonoau-
dezembro de 1981. ção do sistema vestibular são áreas de
diologia
competência do fonoaudiólogo.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 241

DISCUSSÃO

É essencial que o paciente idoso com vestibulopatia disponha


de acompanhamento fonoaudiológico por meio da reabilitação vesti-
bular. De acordo com a legislação do Conselho Federal de Fonoaudio-
logia, tanto o diagnóstico, quanto a avaliação e a reabilitação do siste-
ma vestibular são áreas de competência do fonoaudiólogo.
No que se refere a reabilitação vestibular para esses pacien-
tes Cawthome (1994), caracterizou algumas estratégias terapêuticas
com o objetivo de promover a estabilidade visual e aumentar a intera-
ção vestíbulo – visual durante a movimentação da cabeça, proporcio-
nando uma estabilidade estática e dinâmica nas situações de confli-
to sensorial e diminuindo a sensibilidade durante a movimentação ce-
fáfica que foram benéficas aos pacientes na remissão dos sintomas
em até 85%.
No mesmo pensamento sobre a reabilitação vestibular Paz Oli-
veira et.al (2014), disse que a reabilitação vestibular é uma excelente
ferramenta terapêutica para o controle da vertigem, e tem como van-
tagem o baixo custo, baixo indicie de efeitos colaterais e a melhoria na
qualidade de vida desse idosos.
Conforme os estudos de Korbes; Korbes e Alcantara, o equilí-
brio corporal envolve diferentes órgãos e sistemas funcionando entre
si, e que a reabilitação vestibular contribui para que o paciente consi-
ga realizar os movimentos sem a presença do desequilíbrio corporal,
podendo ser realizado em qualquer idade.
Em contrapartida RICCI et.al (2010), explica em sua pesqui-
sa que a reabilitação vestibular especifica para a população de meia –
idade e idosos são restritos na literatura. Apesar da escassez em nú-
meros os trabalhos selecionados mostram evidencias positivas da re-
abilitação vestibular no controle postural, capacidade funcional e qua-
lidade de vida de idosos e adultos de meia- idade com queixa ou diag-
nostico de síndromes vestibulares.
Portanto, com base nas pesquisas apresentadas acima, che-
gou-se a conclusão que a reabilitação vestibular é uma importante
prática terapêutica, utilizada pelo fonoaudiólogo como tratamento não
invasivo na reabilitação vestibular de pacientes idosos com vestibu-
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 242

lopatia. Contudo, é importante ressaltar a necessidade de mais estu-


dos sobre quais os exercícios mais indicados para a população idosa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas evidências das literaturas expostas, pôde-se


considerar que a vestibulopatia é uma doença incapacitante que aco-
mete a população idosa, trazendo impactos significativos na qualidade
de vida dos idosos. A reabilitação vestibular é uma prática terapêuti-
ca relevante para o controle da vestibulopatia, por ter como vantagem
o baixo custo, baixo índice de efeitos colaterais, podendo ser realiza-
da em qualquer idade.
Em relação a atuação do profissional fonoaudiólogo no trata-
mento da vestibulopatia, constatou-se que o mesmo é essencial, haja
vista que este profissional irá atuar tanto no diagnóstico, quanto na
avaliação e na reabilitação do sistema vestibular, buscando aplicar as
manobras mais indicadas para a população idosa.
Por ser um assunto pouco explorado há uma necessidade de
mais investigações cientificas para abrilhantar a relevância da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERTINO, Rafael; ALBERTINO, Sergio. Reabilitação Vestibular.


Otorrinolaringologia Geriátrica, 2012. https://www.e-publicacoes.
uerj.br/index.php/revistahupe/issue/view/676
BEVILACQUA, M.C. et al. Tratado de Audiologia. São Paulo: San-
tos, 2011
Conselho Federal de Fonoaudiologia. Recomendação CFFa Lei Nº
6.965 de 9 de dezembro de 1981: http://www.fonoaudiologia.org.br
GANANÇA, Mauricio MalavasiVestibular disorders in the elderly. Ple-
ase cite this article as: Ganança MM. Vestibular disorders in the
elderly. Braz J Otorhinolaryngol. 2015; 81:4-5. Brazilian Journal
of Otorhinolaryngology [online]. 2015, v. 81, n. 1 [Acessado 6 junho
2022], pp. 04-05. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bjorl/a/gy3xQ-
Q3Kh6dTpdDBxn5mFnS/?format=pdf&lang=pt
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 243

KÖRBES, Daiane; KÖRBES, Neodete; ALCANTARA, Thelma.


Guia Prático para o Equilíbrio Corporal: Enfoque Fonoau-
diológico na Terceira Idade. Manaus, Sodecam; Uninorte /
Laureate, 2011.
LOPES, Filho. O Tratado de Fonoaudiologia. Editora Roca, 1997.
MAIA, Francisco; ALBEMAZ, Luiz; Carmona, Sérgio. Otoneurologia
atual. 1ª edição. Thieme Revinter,2013
MANTELLO, Erika Barioni et al. Efeito da reabilitação vestibular so-
bre a qualidade de vida de idosos labirintopatas. Revista Brasi-
leira de Otorrinolaringologia [online]. 2008, v. 74, n. 2 [Acessado 27
maio2022],pp.172- 180.Disponível em https://www.scielo.br/j/rboto/a/
jc5mWcnkbXWXFWG6VTSKkGB/?format=pdf&lang=pt
MEZZALIRA, Raquel; BITTAR, Roseli Saraiva Moreira; ALBERTINO,
Sergio.
Otoneurologia Clinica. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Reviver,2014.
MUMENTHALER, Mark; MATTLE, Heinrich. Neurologia, 4ª ed., Ed.
Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2007
MUNHOZ, M.S.L. et al. Série Otoneurologia: Audiologia clínica. São
Paulo: Atheneu, 2001.
PATATAS, Olívia Helena Gomes, Ganança, Cristina Freitas e Ganan-
ça, Fernando Freitas Qualidade de vida de indivíduos submetidos a
reabilitação vestibular. Revista Brasileira de Otorrinolaringologis-
ta [online]. 2009, v. 75, n. 3 [Acessado 6 junho 2022], pp. 387-394. Dis-
ponível em: <https://doi.org/10.1590/S1808-86942009000300014>.
Epub 27 Jul 2009. ISSN1808-8686. https://doi.org/10.1590/S1808-
86942009000300014.
RICCI, Natalia A.; ARATANI, Mayra C.; DONÁ, Flávia; MACEDO, Ca-
mila.; CAOVILLA Heloísa H.; GANANÇA, Fernando F. Rev. Bras Fisio-
terapia, São Carlos, v. 14, n. 5, p. 361-71, set./out. 2010. https://www.
scielo.br/j/rbfis/a/qj4BMtwJFg84byFnyQcG3nJ/?format=pdf&lang=pt
TAGUCHI, C. et al., Guia de orientação, atuação do fonoaudiólogo
em avaliação e reabilitação do equilíbrio corporal, 2017.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 244

SOBRE OS ORGANIZADORES

Aulisângela da Silva Queiroz

Possui graduação em Fonoaudiologia pelo Centro Universitário do


Norte (2012). Pós-graduada em Voz, Psicopedagogia e Educação
Especial, Docência do Ensino Superior, Mestranda em Gerontologia.
Faz parte do corpo docente do Instituto Metropolitano de Ensino - IME
desde 2016, com vasta experiência na área da Fonoaudiologia clínica
(disfagia, motricidade e voz). Foi presidente do Pro-Sindicato dos Fo-
noaudiólogos no Amazonas-SINDIFONO/AM.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 245

Joab de Souza Arouche

Doutorando em Biotecnologias para a Saúde e Mestre em Ciência


e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal do Amazonas
(UFAM). Possui Especialização em Saúde Coletiva (UCAM) é Gradu-
ado em Fonoaudiologia pelo Centro Universitário do Norte (UNINOR-
TE). Foi membro do Grupo de Trabalho de Comunicação e Diversida-
de - Núcleo Antirracista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. É
doador ativo de sangue O+(HEMOAM) desde 2009 somando 19 doa-
ções até a presente data. Atua no estudo das disfunções da face, ca-
beça e pescoço, patologias orais e distúrbios das glândulas salivares,
engenharia biomédica, biomateriais e materiais compatíveis à saúde
humana, gestão de pessoas e liderança, formação de líderes de alta
performance e tecnologia e inovação para a saúde. Durante o mestra-
do desenvolveu uma formulação alternativa baseada no uso de ele-
mentos naturais para um possível controle biológico e epidemiológico
de arboviroses. Sendo o 1º fonoaudiólogo a pesquisar o uso de bio-
materiais com liberação controlada, tornando-se o primeiro mestre em
Ciências e Engenharia de Materiais do PPGCEM -UFAM, como tam-
bém o primeiro fonoaudiólogo a ingressar no doutorado em Biotecno-
logia PPGBIOTEC -UFAM na mesma linha de pesquisa do mestrado
Biomateriais e Materiais compatíveis a Saúde Humana. Atualmente é
orientador do GEPMO - Grupo de estudo e pesquisa em motricidade
orofacial do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário FAME-
TRO. Professor de graduação e Pós-Graduação.
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 246

ÍNDICE REMISSIVO

A F
AASI, 167 Fonéticos, 191
Acompanhamento, 167 Fonoaudiologia, 12, 27, 42, 73,
Adaptação, 167 87, 134, 178, 191, 205, 233
Afasia, 119 Fonoaudiólogo, 219
Apneia, 219 Fonoterapia, 119, 149
Atletas, 219
Audiologia, 42 G
Audiológico, 167 Granuloma Laríngeo, 57

B H
Broca, 119 Hidratação, 102
Higienização, 102
C
Cirurgia, 27 I
Comunicação, 87 Idoso, 119
Crianças, 73 Idosos, 233
Implante Coclear, 12
D Intervenção, 73
Deficiência intelectual infantil,
178 L
Disfagia, 205 Labiopalatinas, 191
Disfonia Orgânica, 57 Linguagem, 12, 73, 119
Distúrbio, 42
Distúrbios, 73 M
Doença de Alzheimer, 205 Mastigação, 149
DPAC, 42
DTM, 149 O
ortognática, 27
E
Eletroestimulação, 149 P
Estratégias, 191 Presbiacusia, 167
Prevenção, 102
TÓPICOS EM FONOAUDIOLOGIA IV | 247

Professores, 102
Prótese, 191

R
Reabilitação Vestibular, 233
Recuperação, 219

S
Sono, 219

T
TDAH, 134
TEA, 87
Terapia, 12, 42, 87
Terapia Fonoaudiólogica, 57
Terapias, 27
Tratamento, 134, 178
Traumas, 27

V
Vestibulopatia, 233
Voz, 57, 102

Você também pode gostar