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FISIOLOGIA APLICADA
À MOTRICIDADE OROFACIAL:
Bases para o Diagnóstico
e Terapia Fonoaudiológica
Belém
2014
3 Fisiologia Aplicada à Motricidade Orofacial: Bases para o Diagnóstico e Terapia Fonoaudiológica
CPÓS Editora
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Aos alunos que me ajudam diariamente a ser uma professora melhor, a ter mais
paciência, a acreditar no futuro e na renovação da vida.
Agradeço à minha querida família, sem ela nada tem razão de existir e acontecer.
[...] se você quiser transformar o ribeirão
em braço de mar, você vai ter que
encontrar aonde nasce a fonte do ser
[...].
Milton Nascimento
SUMÁRIO
Esta obra é uma contribuição direcionada aos docentes e profissionais da saúde com
os conhecimentos adquiridos ao longo de minha caminhada pela Fonoaudiologia,
profissão que optei em 1976 e dividi os principais momentos de minha vida. A área
da Motricidade, antiga Oral e muito melhor definida atualmente como Orofacial,
era uma área, na qual, poucos conseguiam transitar seguramente. Atualmente,
com o advento da tecnologia, conseguimos definir nossa atuação, ao utilizarmos a
interpretação dos exames radiológicos e topográficos, do ponto de vista funcional.
Exames de eletromiografia também contribuíram muito para o diagnóstico mais
preciso e direcionamento do prognóstico, assim como o acompanhamento
terapêutico.
Apesar dos avanços tecnológicos, constatei durante a docência que os professores
apresentavam dificuldades no desenvolvimento de raciocínio e reflexão clínica,
mesmo com a tecnologia instrumental, faltava uma via de explicitação de “como
fazer” e “porque fazer” qualquer procedimento terapêutico.
A paixão pela fonoaudiologia conferiu direção à prática docente e conduziu-
me a recriar a fisiologia humana em uma linguagem didática, voltada para o
fonoaudiólogo, na decisão estabelecida ao paciente e na tentativa de responder e
promover ao alunado uma ciência aplicada à prática.
Parcerias com colegas fizeram florescer ideias compartilhadas que contribuíram
para o desenvolvimento deste projeto com o melhor de seus conhecimentos em
uma linguagem acessível, voltada para a fisiologia aplicada em fonoaudiologia.
Este trabalho foi produzido com a intenção de construir um futuro em nossa área
de atuação, na saúde de pacientes, clientes e indivíduos que nos procuram para
alterações da região orofacial com base na fisioloigia.
CAPÍTULO 1
NOÇÕES BÁSICAS DE NEUROFISIOLOGIA
NEURÔNIOS
IMPULSO NERVOSO
SINAPSE
NEURÓGLIA
REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 2
ELETROTERAPIA APLICADA Á FONOAUDIOLOGIA
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO
Voltagem
Sempre que depositamos duas cargas afastadas e entre elas existir uma diferença
no valor das cargas, dizemos que existe uma diferença de potencial (ddp). Esta
diferença de potencial cria um campo elétrico entre as cargas, de modo que
qualquer partícula carregada depositada neste meio irá ser deslocada em direção
a uma das cargas. A unidade que representa esta ddp é o volt (V). Voltagem é um
termo utilizado para se referir à diferença de potencial.
Ex: 10 volts é uma voltagem; 10 é a ddp.
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Resistência
Capacitância
só pela resistência do tecido, mas também pela capacitância do tecido, uma vez que o
mesmo possui a capacidade de armazenar cargas elétricas (ROBINSON, 2001a).
Impedância
Correntes
eletrodo de estimulação.
A discriminação perceptiva entre as três respostas é alcançada mais facilmente
se a duração do pulso for ajustada entre 20 e 200 microssegundos. O tamanho
do elétrodo, também afeta esta discriminação perceptiva. Se não considerarmos a
percepção discriminativa ótima nem a eficiência eletrônica, podemos afirmar que
qualquer combinação de duração de fase (em microssegundos ou milissegundos)
e amplitude (em miliamperes) pode ser usada para alcançar a excitação. A
combinação de duração e intensidade (amplitude) representa a geração de uma
carga de pulso suficiente para excitar o nervo. Uma vez excitado, os impulsos
nervosos vão propagar-se e causarão a resposta fisiológica indireta (LOW;
REED, 1999; BISSCHOP; BISSCHOP, 2001; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003;
PALMER; MARTIN, 2003; AGNE, 2004, 2009).
As variações na freqüência de pulso alteram a freqüência de disparo dos
nervos excitados, mas não alteram a seqüência das três respostas excitatórias.
Freqüências de disparo diferentes afetam algumas das respostas fisiológicas
indiretas; mais notadamente, os tipos de contração muscular (isolada ou tetânica),
a fatigabilidade e, possivelmente, o mecanismo analgésico endógeno (LOW;
REED, 1999; BISSCHOP; BISSCHOP, 2001; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003;
PALMER; MARTIN, 2003; AGNE, 2004, 2009).
As respostas fisiológicas indiretas ficam mais complexas em função das interações
simultâneas. Por exemplo, a excitação motora causa contração muscular, que por
sua vez pode aumentar a força muscular e, ao mesmo tempo, aumentar a pressão
intersticial e promover o fluxo sangüíneo venoso e linfático. Essa excitação motora
também resulta na produção de resíduos, e o ácido láctico fornece um sinal químico
para aumentar o fluxo sangüíneo, para que os resíduos produzidos possam ser
eliminados (LOW; REED, 1999; BISSCHOP; BISSCHOP, 2001; NELSON; HAYES;
CURRIER, 2003; PALMER; MARTIN, 2003; AGNE, 2004, 2009).
A estimulação elétrica pode ser usada para melhorar a perfusão vascular periférica
através de um ou dois mecanismos possíveis: de maneira reflexa, pela ativação dos
nervos autônomos, ou pela contração muscular. É realizada usando-se estimulação
em nível sensorial e em nível motor. O relaxamento devido ao alívio da dor pode
explicar a vasodilatação. A preponderância de evidência sugere que a contração
muscular rítmica seja requerida para aumentar o fluxo sanguíneo arterial para a
área estimulada. Evidências indicam que a estimulação elétrica abaixo do limiar
motor não afeta o fluxo arterial para a área-alvo (LOW; REED, 1999; BISSCHOP;
BISSCHOP, 2001; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; PALMER; MARTIN, 2003;
AGNE, 2004, 2009).
Fisiologia Aplicada à Motricidade Orofacial: Bases para o Diagnóstico e Terapia Fonoaudiológica 26
vai excitar apenas as fibras musculares (STARKEY, 2001; GUYTON; HALL, 2002).
OBS 1: As fibras nervosas aferentes do grupo III e IV transmitem principalmente a informação dolorosa.
OBS 2: As fibras do grupo I e II, que conduzem basicamente as informações de tato e pressão, possuem
maior velocidade de condução. E esta diferença de velocidade de informação sensorial pode ser verificada,
por exemplo, quando uma pessoa ao sofrer um corte de navalha no braço, e a primeira sensação sentida é a
de tato. Por que é a sensação que é conduzida pelas fibras de grosso calibre e a velocidade de condução é
mais rápida.
Fonte: Chudler (2013).
VIAS DA NOCICEPÇÃO
CORRENTES ELETROTERÁPICAS
DOR
O Conselho Mundial de Saúde (1980) define a dor como “um sinal de alerta ao
organismo de que alguma de suas partes está sofrendo”. Este sofrimento pode ser
produzido pelo frio, calor, corte, esmagamento, inflamação, aperto etc. (BONICA,
1990; LIANZA, 1995; GUIMARÃES, 2000; BUXTON, 2001; KITCHEN, 2003;
NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; OLIVEIRA et al., 2003).
De maneira mais simples, a dor é descrita como um incômodo que sentimos. A dor
por menos de quatro a seis meses de duração é geralmente denominada aguda,
enquanto que uma dor por um período prolongado é chamada de crônica. A dor
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aguda, que ocorre em condições tais como um trauma ou inflamação ativa, está
frequentemente associada a respostas do sistema nervoso simpático (“luta ou fuga”).
A dor crônica pode estar associada a uma diminuição dos fatores autonômicos e a
um aumento nos fatores psicológicos, particularmente da depressão (BUSXTON,
2001; STARKEY, 2001; GUIRRO; GUIRRO, 2002; GUYTON; HALL, 2002).
A maneira pela qual uma pessoa expressa dor está relacionada a fatores
como personalidade, experiências passadas, idade, sexo, necessidades
comportamentais, etnia e herança cultural. A queixa verbal de dor do paciente
pode fornecer informações a respeito da qualidade, distribuição e duração da dor
e pode revelar fatores agravantes ou de alívio (AMERICAN PHYSICAL THERAPY
ASSOCIATION, 1990).
Em nosso corpo existem receptores que ao receberem a informação da dor enviam
ao cérebro, várias outras mensagens informando o que está causando esta dor e
várias outras mensagens do tipo se cortante, em amassamento etc. O cérebro em
resposta ao estímulo determina algumas ações e/ou a produção de determinadas
substâncias para “anular” o estímulo e sua consequente dor. Os órgãos que
recebem as mensagens dolorosas que as enviam ao cérebro são chamados de
nociceptores. Esses se subdividem em mecanoreceptores, termoreceptores e os
receptores não específicos que detectam sensações diversas, e os três juntos
reagem a todas as formas de dor (BISSCHOP; BISSCHOP, 2001; GUYTON; HALL,
2002; KITCHEN, 2003).
Os músculos por sua vez, reagem aos diferentes receptores da dor, principalmente
aquelas que detectam resíduos químicos produzidos pelo próprio corpo. Por outro
lado, nosso organismo produz várias substâncias químicas que produzem a dor e
agem através da estimulação dos receptores dela.
Segundo Melzack e Wall (1965) numa inflamação ocorrem 3 eventos: a dilatação
dos vasos sanguíneos; o intumescimento tecidual e uma maior sensibilização dos
receptores para facilitar a criação de impulsos nervosos aumentando a dor. A este
mecanismo dá-se o nome de “Feedback Positivo”; uma substância produz uma 2ª
que afeta a 1ª. É por isso, também, que as inflamações tendem a piorar se não
medicadas e tratadas.
A fonte da dor muscular não é de todo conhecida. Parte do desconforto é tida como
resultado de acúmulo de metabólitos depois do uso excessivo e desacostumado.
A presença de alguma sensibilidade pode estar, relacionada à distorção dos vasos
sanguíneos dentro dos músculos. A dor também pode ocorrer por inflamação das
fibras nervosas (BONICA, 1990; LOW; REED, 1999; BISSCHOP; BISSCHOP, 2001;
MACHADO, 2002; BRAZ, 2003; KITCHEN, 2003; NELSON; HAYES; CURRIER,
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a) Teoria das Comportas: 1965 (Gate Control Theory) - Melzack e Wall (1965) nos
anos 60 deram a conhecer o seu trabalho da teoria da porta da dor segundo a qual
a entrada dos impulsos dolorosos no sistema nervoso central seria regulada por
neurônios e circuitos nervosos existentes na substância gelatinosa, nas colunas
posteriores da medula espinhal, que funcionaria como um portão, permitindo, ou
não, a entrada de impulsos dolorosos.
Esta teoria estabelece que pela medula entre informações pelas fibras de grosso
calibre (tato e pressão) e pelas fibras de fino calibre (sensação de dor). Quem
determina o que passa entre as fibras de grosso fino calibre é uma substância
chamada Substância Gelatinosa de Rolando (Portão da dor). A substância
gelatinosa de Rolando faz o mecanismo conhecido como “INIBIÇÃO PRÉ-
SINÁPTICA”, funcione como se fosse um gatilho controlador (filtra as informações
que chegam através das fibras de grosso e fino calibre) (MELZACK; WALL, 1965).
Para a teoria das comportas o “sentir” ou “não sentir” dor seria determinado pela
maior quantidade de impulsos que chegam pelas fibras de grosso calibre ou pelas
fibras de fino calibre. Chega-se informação pelas fibras de grosso calibre, ocorrerá
um efeito facilitatório sobre a Substância Gelatinosa (SG) (Portão da dor), gerando
um mecanismo inibitório sobre as fibras de fino calibre (DOR) que fecha a “porta”
para estimulação dolorosa. Se a informação for maior nas fibras de fino calibre (A-
delta ou C) elas procuram estabelecer uma conexão com a Substância Gelatinosa
(SG), inibindo-a, e abrindo a porta para estimulação dolorosa. Ou seja, se
passarem mais impulsos pelas fibras de grosso calibre haverá um efeito facilitador
Fisiologia Aplicada à Motricidade Orofacial: Bases para o Diagnóstico e Terapia Fonoaudiológica 40
Tipos de TENS
- Convencional
- Acupuntura
- Burst (Trem de pulsos)
- Breve e intenso
- VF
- VIF
- Dores Pós-Operatórias;
- Dores Cervicais, Cervicobraquialgias;
- Dores de cabeça, face, dentais e de ATM;
- Dores articulares, artrites;
- Dores musculares, contusões, miosites, tendinites, miofaciais;
- Dores provocadas pelo câncer;
- Dores nas costas e torácicas;
- Dores talâmicas e das lesões medulares;
- Neuropatias e neurites, occipital, trigeminal;
- Distrofias simpático reflexas, causalgias.
Marcação TENS para dor aguda: - Uma das aplicações de maior sucesso da Tens é
para o controle da dor pós-operatória. Inúmeras experiências foram realizadas com
enorme sucesso. Costuma-se usar a TENS: FREQUÊNCIA ALTA e INTENSIDADE
BAIXA
Marcação TENS para dor crônica - A duração deve ser usualmente de 30 a 60
minutos, podendo chegar a 24 horas. FREQUÊNCIA BAIXA e INTENSIDADE ALTA
(no limiar ou supra-limiar).
Ex.: Tender points de fibromialgia, problemas de coluna (cervical, torácica, cefaléias,
neuralgia do trigêmeo, etc.).
CONTRA INDICAÇÕES
PRECAUÇÕES
- Grávidas;
- Aplicações na cabeça, pescoço ou face e sobre os olhos e boca, para
evitar espasmos dos músculos laríngeos e faríngeos;
- Aplicação sobre a parede anterior do tórax em paciente com problema
cardíaco;
- Sem nível intelectual;
- Crianças, pacientes senis e epiléticos;
- A estimulação intensa prolongada pode causar espasmos e/ou dor
muscular;
- A ingestão de 200 mg de cafeína, ou dose maior que essa, pode reduzir
a eficácia de TENS;
- Aversão ao uso de estimulação elétrica: Algumas pessoas acham a
estimulação elétrica extremamente desagradável. Estes pacientes provavelmente
deverão ser excluídos deste tipo de tratamento.
ELETRODOS
DENSIDADE DE CORRENTE
- Está relacionada ao formato e dimensões dos elétrodos utilizados (área).
- Quanto menor a área do eletrodo maior será a densidade de corrente.
- A densidade de corrente diminui à medida que a corrente elétrica vai se
aprofundando no organismo
Figura 14 - Densidade de corrente
Elétrodos
TÉCNICAS DE APLICAÇÃO
a) Coluna cervical;
b) Laringe (limiar de conforto do paciente);
c) Região submentoniana;
d) Estimulação dos pontos motores, da face;
e) Estimulação da região dolorosa: dentro dos limites ao redor da área de dor. Ex.:
no pós-operatório de laringe, ATMs.
Instalação particular dos elétrodos:
CONCLUSÃO
Qualquer que seja a técnica que direcione para terapia, esta deve estar embasada
na compreensão da anatomia e da fisiologia que abrangem esses segmentos
tratados e em muito suas inter-relações.
Os equipamentos de TENS são geradores de pulsos elétricos controlados, para
aplicação sobre a pele e que, penetrando no organismo e atuando sobre o sistema
nervoso, podem ser empregados em diversas terapias, com destaque para a
eliminação de dores crônicas e relaxamento muscular.
O benefício dos estímulos elétricos se dá pelos estímulos contínuos, pulsado,
com resultados controlados e duradouros. Como a eletroestimulação atua sobre
as terminações nervosas, sobre as unidades motoras favorece a analgesia, a
contração e o relaxamento de músculos e vasos sanguíneos, atua sobre os nervos
motores e sobre o metabolismo celular, obtendo uma resposta imediata, o que
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REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 3
FONOAUDIOLOGIA E CIRURGIA ORTOGNÁTICA
Beatriz Ercolin
INTRODUÇÃO
PLANEJAMENTO DO TRATAMENTO
1
Local onde a autora, juntamente com cirurgiões bucomaxilofaciais, aplica a metodologia exposta
no decorrer do presente estudo.
Fisiologia Aplicada à Motricidade Orofacial: Bases para o Diagnóstico e Terapia Fonoaudiológica 62
Figura 21 - Imagem produzida pelo software Dolphin Imaging 3D das vias aéreas
superiores. É possível observar a posição de língua em repouso no assoalho da boca.
TRATAMENTO PÓS-OPERATÓRIO
ALTA CONTROLADA
REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 4
DESENVOLVIMENTO DA FORÇA DOS MÚSCULOS FACIAIS NO
AUXÍLIO AO FONOAUDIÓLOGO
Bianca Trovello Ramallo
INTRODUÇÃO
Para que um músculo seja capaz de gerar força é necessário que ocorra o
processo de contração muscular. Esta contração depende da ação conjunta de
Fisiologia Aplicada à Motricidade Orofacial: Bases para o Diagnóstico e Terapia Fonoaudiológica 70
Como citado anteriormente o treinamento físico obteve cada vez mais importância
no âmbito da saúde e principalmente ao fonoaudiólogo. Geralmente este profissional
utiliza duas formas de trabalho para modificações musculares: a mioterapia e a
terapia miofuncional. Na mioterapia, ocorre a atuação específica no músculo a
ser modificado, utilizando-se exercícios isotônicos e/ou isométricos. Na terapia
miofuncional, trabalha-se diretamente as funções apropriadas atingindo com isto
a modificação muscular. Apesar de a terapia miofuncional parecer mais rápida e
eficiente, é reconhecida a importância de exercícios específicos em determinados
momentos.
Os músculos da face possuem as mesmas estruturas de qualquer outro músculo
esquelético. Porém, mantêm conexões íntimas com a pele, à qual se inserem
diretamente por meio de feixes isolados. Não existem tendões como na musculatura
esquelética. Um músculo esquelético possui, basicamente, uma porção média
(vermelha e contrátil, chamada de ventre muscular) e extremidades (não contráteis,
de cor branca e denominada de tendões ou aponeurose, com função de fixar o
músculo ao esqueleto). A diferença entre tendão e aponeurose é basicamente a
forma, o tendão de forma cilíndrica e a aponeurose de forma de lâmina e mais largas.
Suas fibras são finas e mal delimitadas. A maioria é desprovida de aponeurose e
é dependente, como nos demais músculos esqueléticos, dos neurotransmissores
liberados na junção neuromuscular. Essas características anatômicas particulares
determinam suas peculiaridades funcionais.
Nos pequenos músculos do complexo orofacial, apenas oito a dez feixes de fibras
participam de cada unidade motora, ou seja, esses músculos possuem uma baixa
taxa de inervação que produz pouca força, mas garante um mecanismo diferenciado
que responde pela precisão do movimento muscular. Na boca, o músculo orbicular
é constritor, enquanto todos os demais são dilatadores (músculo levantador do
lábio superior, levantador comum do lábio superior e da asa do nariz, levantador do
ângulo da boca, zigomático menor, zigomático maior, risório, bucinador, abaixador
do ângulo da boca, abaixador do lábio inferior, mentual e platisma). Todos os
músculos faciais são inervados pelo nervo facial (NF), exceto o músculo levantador
da pálpebra superior, inervado pelo nervo óculo-motor.
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2. Encher a Boca de Ar: O paciente deve tentar encher a boca de ar, resistindo
à força (resistência) exercida pelo profissional na região lateral dos lábios.
REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 5
FISIOLOGIA APLICADA À MOTRICIDADE OROFACIAL COMO
BASE PARA O DIAGNÓSTICO E TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA
INTRODUÇÃO
O SISTEMA MUSCULAR
lenta, a língua deverá estar contida na cavidade oral, fazendo o indivíduo sustentar
e empurrar a língua contra a espátula e aumentarmos a carga lentamente durante
2 segundos, aumentando a distância do movimento da língua contra a espátula,
assim teremos um aumento do trabalho, já que trabalho é carga multiplicada pela
distância. Usualmente a eficiência máxima é desenvolvida quando a velocidade de
contração é de cerca de 30% da máxima (GUYTON; HALL, 1997).
Segundo Guyton e Hall (1997), todos os músculos do corpo estão em constante
remodelação para se adaptar à função que devem desempenhar, este processo de
remodelação é bastante rápido, ocorrendo dentro de poucas semanas. Portanto, se
realizarmos uma avaliação miofuncional orofacial, mais objetiva, alinhando todos os
movimentos orofaciais e da língua, identificarmos quais músculos estão realizando
funções adaptativas e/ou compensatórias, podemos conseguir respostas rápidas
das funções musculares e orofaciais.
Atrofia X Contração
Avaliação oromiofacial
REFERÊNCIAS