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Sistema Nervoso
Central (SNC)
MEDULA ESPINHAL. É funcionalmente um conduíte de
informações que se originam da pele, das articulações e dos
músculos para o cérebro e vice-versa. Na medula estão situados
circuitos básicos de integração sensorial e motora denominados
arcos reflexos. Lesões na medula causam perda de percepção da
sensibilidade e paralisia muscular das regiões inervadas por
nervos situados abaixo da lesão: os músculos continuam a
funcionar, mas não podem mais ser
controlados pelo cérebro.
Organização da medula
A medula tem a forma de um cilindro com uma coluna central de substância cinzenta em
forma de H, envolta por uma massa de substância branca. A substância branca corresponde a feixes
de axônios mielinizados que trafegam ascendente e descendentemente integrando
funcionalmente a medula e o encéfalo. A substância cinzenta é formada por corpos de neurônios e
fibras axonais sem de mielina e está funcionalmente organizada em áreas sensoriais, associativas e
motoras. Na substância cinzenta estão os circuitos de neurônios que processam os sinais nervosos.
Nervos espinhais
Da medula emergem 31 pares de nervos que inervam
o tronco, os membros e partes da cabeça, sendo 8 pares de nervos cervicais, 12 torácicos, 5
lombares, 5 sacrais e 1 par coccígeo.
Um nervo espinhal é formado pela união das raízes dorsais sensitivas e raízes ventrais
motoras. Cada nervo espinhal é funcionalmente misto, contendo fibras sensoriais e motoras. A
união das raízes ventrais e sensoriais de um mesmo segmento é denominada de tronco do nervo
espinhal.
Junto às raízes dorsais estão os gânglios
sensitivos (gânglio espinhal na imagem) em cuja
formação anatômica estão os corpos dos neurônios
sensitivos periféricos. Para cada nervo espinhal, há um
gânglio da raiz dorsal. Já os corpos celulares dos
neurônios motores somáticos e viscerais estão
localizados dentro da medula.
Nervos cranianos
Além dos nervos espinhais, há 12 pares de nervos cranianos que inervam, principalmente,
a cabeça. Os nervos cranianos são muito peculiares quanto ao seu padrão de organização morfo-
funcional: há nervos estritamente sensoriais e motores bem como os mistos. Do tronco encefálico
(mesencéfalo, ponte e bulbo) emergem 10 pares de nervos cranianos; os nervos ópticos (I) e
olfatórios (II) ligam-se diretamente ao telencéfalo e ao diencéfalo, respectivamente.
Os nervos cranianos recebem um número e um nome, a figura e a tabela a seguir resumem
esses dados e as principais funções. Note que há nervos mistos assim como nervos exclusivamente
sensoriais ou motores.
Células gliais
Tanto no SNC quanto no SNP, os neurônios se relacionam com os gliócitos. Na verdade, o
tecido glial é mais abundante estabelecendo uma relação de um neurônio para cada 10 a 50
gliócitos. No SNC, a neuroglia é formada de vários tipos de células: astrócitos, oligodendrócitos,
células de schawnn, microgliócitos e as células ependimárias que se encontram entre os neurônios.
• Astrócitos: são abundantes e possuem inúmeros
prolongamentos que lembram uma estrela. Os astrócitos
formam pés vasculares que se apoiam sobre os capilares
vasculares e seus prolongamentos estão em íntimo contato
com os dendritos, os corpos neuronais e os axônios e, de
maneira especial, envolvem as sinapses. Assim funcionam
como elementos de sustentação como os tecidos
conjuntivos e isolam os neurônios. Controlam o meio
extracelular com relação a concentração de K+, mantendo-
os em baixa concentração em relação ao citoplasma
dos neurônios. Servem de armazenamento de
glicogênio (polímeros de glicose) para o
metabolismo energético dos neurônios que são
incapazes de utilizar outras fontes, além da glicose.
Quando os neurônios são lesionados, os astrócitos
se multiplicam, internalizam os restos degenerados
e ocupam o sítio, cicatrizando-o.
• Tratos e fascículos (tratos mais densos); lemniscos (feixe que se parece uma fita e conduz
impulsos nervosos para o tálamo); decussação (formação anatômica cujas fibras cruzam
obliquamente a linha média e que tem a mesma direção). São também denominados feixes,
que são coleções de fibras que caminham juntos e não necessariamente têm a mesma
origem e destino. Já uma comissura é uma coleção de axônios que conecta
perpendicularmente a linha média e tem direções diametralmente opostas; cápsula, uma
coleção de axônios que conecta o cérebro e o tronco encefálico.
Organização básica e características funcionais
O sistema nervoso é o principal centro de comando do corpo, atendendo a três funções
essenciais: sensitiva, associativa e motora.
A função motora por sua vez, tem como objetivo o envio de mensagens ou comandos,
automáticos ou conscientes, em resposta a algum estímulo ou função. Tais funções possibilitam que
os seres humanos andem e falem por vontade própria, que seus órgãos trabalhem sem qualquer
comando consciente.
Durante a evolução das espécies, o sistema nervoso humano foi o que mais avançou, de
modo que espécie humana é a única que consegue agir conscientemente. Os animais reagem ao
meio ambiente. O processo evolutivo do sistemas nervoso humano foi tão significativo que até hoje
não são conhecidas todas as suas capacidades e o seu funcionamento total.
A unidade estrutural básica dos sistema nervoso, presente aos bilhões por todo o corpo
humano, é uma célula chamada neurônio, formada por três parte. Corpo celular, dentridos e
axônios.
Dentridos
São prolongamentos que sai do corpo celular com estruturas capazes de captar os estímulos
do meio ambiente os dentridos são como uma “antena de televisão”, que recebe os sinais e os
transmites até a área de codificação. Desse modo, os dentridos desempenham a função sensitiva,
detectando os sinais fora das células e levando-os até o corpo celular para serem traduzidos. Os
dentridos são chamados de receptores ou terminações nervosas livres.
Axônios
Também são prolongamentos que partem do corpo célula, mas seu propósito não é receber
sinais, mas sim, enviar ordens. Com isso, os axônios efetuam a função motora, levando as
mensagens elaboradas pelo corpo celular até o destino final apropriado.
Tipos de neurônios:
• Multipolares: apresentam vários dentridos ao
redor do corpo celular e geralmente, um
prolongamento axônio extenso.
• Bipolares: apresentam dois prolongamentos
predominantemente maiores que partem do
corpo celular em sentidos contrários: um
dentridos e um axônio.
• Pseudo-unipolares: apresentam um
prolongamento citoplasmático muito grande, cujo
o corpo celular não interfere na sua passagem.
O prolongamento citoplasmático pode ser chamado de fibra neural. A fibra pode ser sensitiva
se apresentar os dentridos em sua extremidade, assim como as fibras que apresentam axônios são
chamadas de fibras motoras.
Já os axônios apresentam um detalhe importante: ao fim de uma fibra motora há uma parte
dilatada, chamada de botão axonal ou botão terminal. Esta estrutura é muito importante no
processo de comunicação neuronal.
No encéfalo encontram-se a maior parte dos corpos dos neurônios e, por isso, essa região
é a mais importante área de comando corporal. É nele que ocorrem a tradução dos sentidos
humanos, o pensamento, o raciocínio, o armazenamento das memórias e o processamento das
emoções. Já, a medula epinhal, tem como principais funções a transmissão de sinais e geração dos
reflexos, os sinais sensitivos saem de qualquer parte do corpo, passam pela medula epinhal e
chegam ao encéfalo. Já com relação aos comandos, as mensagens motoras partem do encéfalo,
passam pela medula espinhal e chegam a seu destino e várias partes do corpo.
Por fim, os corpos dos neurônios pseudo-unipolares, localizados fora do SNC, formam
agrupamento ovalado denominado gânglio. Já os corpos dos neurônios multipolares e bipolares no
SNC são chamados de núcleos. As fibras do SNC são conhecidas como tratos.
O sistema nervoso somático é de comando voluntário, ou seja, atua por meio d coordenação
consciente. Os neurônios sensitivos ou aferentes relacionam-se com os sentidos somáticos (tanto,
temperatura, dor e posição) e os sentidos especiais (visão, audição, paladar, olfato e equilíbrio). Os
neurônios motores ou eferentes formam a junção neuromuscular (união de um neurônio somático
e uma fibra muscular esquelética).
O sistema nervoso visceral é de comando involuntário, de maneira que o ser humano não
tem controle das funções realizadas por esse sistema. Os neurônios sensitivos ou aferentes desse
sistema são chamados de visceroceptores ou viscerorreceptores. Eles levam informações dos
órgãos par ao encéfalo. Os neurônios motores ou eferente do sistema visceral constituem o sistema
nervoso autônomo, que se divide em simpático e parassimpáticos. Esses neurônios levam
mensagens do encéfalo e da medula espinal para todos os órgãos e glândulas.
Propriedades dos neurônios
• Condutibilidade: capacidade do neurônio de transmitir os impulsos nervosos por toda sua
extensão, em grande velocidade e em curto espaço de tempo.
• Excitabilidade ou irritabilidade: capacidade de responder a estímulos internos ou externos.
A resposta emitida pelos neurônios, como consequência dos estímulos é chamado de
impulso nervos, o mesmo que potencial de ação.
Existem dois tipos de sinais elétricos: os potenciais graduados e os potenciais de ação. Para
entender melhor, imagine uma bateria de carro. A bateria tem dois polos, um negativo e outro
positivo, e a corrente elétrica percorre todo o circuito. Já nas células, não existe corrente elétrica,
mas sim iônica, ou seja, os íons movimentam-se pela membrana plasmática e criam sinais elétricos
(potenciais graduados e de ação).
Os sinais elétricos dos neurônios ocorrem por uma característica das membranas
plasmáticas dessas células: potencial de repouso.
Toda via, para entender os sinais elétricos, é preciso saber como são gerados os potencias
de repouso da membrana plasmática dessas células.
Potencial de repouso
Na membrana plasmática dos neurônios existem proteínas que formam verdadeiros canais
que possibilitam a passagem de água e íons de dentro para fora e de fora para dentro das células.
Esses canais são chamados de canais de vazamentos. Eles são específicos, pois deixam passar um
tipo de elemento químico, como ocorre com o canal de vazamento do Na+ (sódio) e o canal de
vazamento de K+ (potássio).
Esse transporte cria um movimento de íons pela membrana, gerado por forças
eletroquímicas (íons com cargas elétricas positivas) e também por causa da concentração.
Conclui-se, então, que os neurônios perdem muita carga elétrica positiva par ao LEC, de
modo que dentro dessas células predominam algumas moléculas carregadas com sinais elétricos,
como os íons fosfato (aniônico-negativo) e as proteínas (aniônico-negativas). Em função da grande
perda de carga elétrica positiva por meio do potássio, dentro da célula predominam as cargas
negativas(fosfatos e proteínas).
Durante a vida, o movimento de íons nas membranas humanas é constante. Mas o que
acontece com todo o Na+ que entra na célula e com o K+ que sai da célula? Para resolver esse
problema, na membrana plasmática das células humanas há uma proteína transportadora, a bomba
de sódio-potássio dependente de ATP (bomba Na+-K+ ATPase).
A bomba Na+-K+ ATPase regula as trocas iônicas, ou seja, carrega de volta o íon para o seu
local de origem. O K+, que sai da célula é trazido de volta para dentro,
assim como o Na+ que entra é levado para fora. é um esforço grande e
que gera muito consumo de energia (ATP) da célula. A proporção de
trocas iônicas é de 2 K+ trazidos para dentro da célula para cada 3 Na+
jogados para fora. A bomba Na+-K+ ATPase é considerada eletrogênica,
mas não é a principal responsável pelo potencial de repouso da célula,
ficando com uma participação em torno de 5 a 8% dos -70mV.
Potencial de ação
Além dos canais de vazamentos, os neurônios dispõem de canais de comportas ou gates
(portão). Há três tipos de canais de comportas:
A diferença básica desses canais com relação ao de vazamento é que eles abrem e fecham
de acordo com o estímulo recebido. Os neurônios podem receber dois tipos de estímulos: os físicos
(mecânicos) e os químicos.
Os estímulos físicos são gerados, por exemplo, por ondas de luz (eletromagnéticas), ou por
ondas sonoras. Já os estímulos químicos são provocados por agentes ou substancias do próprio
corpo, como hormônios, citocinas, neurotransmissores ou elementos externos, como drogas ilícitas,
medicamentos e alguns alimentos.
Nesse momento, a carga no interior da célula passa a ser positiva. Em suma, quando os
portões dos canais se abrem, muito Na+ entra na célula e inverte a carga elétrica, que era negativa,
passando para positiva. A partir dessa inversão de carga elétrica, ocorre um processo muito
importante: ativação ou acionamento dos canais regulados por voltagem. Quando há a inversão,
eles são automaticamente abertos (comportas ou portões) e permitem mais entrada de Na+ no
interior da célula. Existem canais regulados por voltagem em toda a extensão da membrana
plasmática e esses canais obedecem uma lei: a lei tudo ou nada. Segundo essa lei: quando um canal
regulado por voltagem se abre, automaticamente todos os demais também são abertos em toda a
extensão da célula, o que deixa a célula inundada de Na+, levando a carga para o valor aproximado
de +30mV. Esse fenômeno é realizado muito rapidamente, em 0,5ms, e espalha-se pela célula do
ponto do estímulo até o seu lado oposto.
A inversão da carga elétrica ao longo de toda a célula, de negativa para positiva, -70mV para
+30mV, é chamada de potencial de ação. A célula passa, então, de polarizada para despolarizada.
Nos neurônios, o potencial de ação é denominado impulso nervoso. Quando ele é gerado, no início
do axônio (zona de ativação), o potencial cria um fluxo de corrente em direção aos terminais
axônicos, promovendo a abertura de todos os canais de Na+ voltagem dependentes ao longo da
membrana do axônio.
Quando os estímulos (físicos ou químicos) param ou são retirados da célula, os portões dos
canais regulados fecham rapidamente. Os íons Na+ não entram mais em grande quantidade e a
célula começa perder a voltagem positiva: +30, +20, +10. Em determinado momento, a saída do K+
supera a entrada de Na+, e a célula retorna a seu potencial de repouso (-70mV). A volta ao estado
de repouso é chamada de repolarização.
Mas, o que acontece com todo o Na+ que invadiu a célula? Esse trabalho de remoção é feito
pela já mencionada bomba de Na+-K+.
Potencial graduado
Quando um neurônio recebe um estímulo e este sai de -70mV, -50mV, -30mV e para por aqui,
ou seja, sem correr a inversão de carga, nota-se que voltagem saiu de -70mV e foi para -30mV,
facilitando o potencial de ação, já que -30mV está mais próximo do limiar. Este é um exemplo de
potencial graduado.
Todas as vezes que um neurônio receber um estímulo que não seja suficiente para gerar um
potencial de ação ou impulso nervoso, tem-se o potencial graduado, que facilita a despolarização
da célula em um eventual estímulo repetitivo.
Estando enroladas nos axônios dos neurônios, essas duas células da glia deixam esses
prolongamentos mais grossos. O impulso nervoso viaja pela superfície da membrana plasmática do
neurônio e também das células de Schwann e dos oligodendrócitos. Existem diversas dessas células
da glia nos axônios, haja vista que são muito pequenas em relação aos neurônios elas ficam
dispostas lado a lado, deixando pouco espaço entre si. Esse espaço entre duas células de Schwann
ou oligodendrócito é chamado de nó de Ranvier.
Todos os neurônios ficam muito próximos uns dos outros, porém não estão conectados
diretamente. Quando ocorre um impulso nervoso em um neurônio, este se despolariza, mas o
impulso não salta de um neurônio ao outro.
A inversão de carga sofrida pela célula fica restrita ao citoplasma. Desse modo, conclui-se
que o sinal elétrico não pode passar de uma célula para a outra. No entanto, quando o neurônio se
despolariza, gerando um impulso nervoso, os íons Ca++, são atraídos até a membrana plasmática,
formando o sítio de liberação que, por sua vez, atrai as vesículas com neurotransmissores. Depois
de atrai-las, as vesículas fundem-se na membrana e, por fim, ocorre a exocitose do
neurotransmissor no LEC.
De fato, essa comunicação é muito eficiente do ponto de vista estrutural, pois a informação ou
a via de transmissão é sempre de mão única, ou seja, do neurônio pré-sináptico para o neurônio
pós-sináptico.
Cada tipo de neurotransmissor tem sua própria trajetória definida. Quando são liberados
para a fenda sináptica e se deparam com a membrana plasmática do neurônio pós-sináptico, a ação
é realizada rapidamente.
Os canais de Na+, quando abertos pelos neurotransmissores, deixa entrar muitos íons Na+,
causando a despolarização e geração de impulso nervoso. Nesses casos, o neurônio pós-sináptico
fica excitado.
Já os canais de Cl-, quando abetos, deixam entrar este ânion (íon com carga elétrica
negativa), aumentando a carga elétrica negativa dentro do neurônio. Em repouso, o potencial é de
aproximadamente -70mV, estado conhecido como polarizado. Em função desse aumento de Cl- no
seu interior, o neurônio fica mais polarizado, ou melhor, hiperpolarizado, causando a inibição do
neurônio.
Desse modo, o corpo humano dispõe de dois tipos de canais iônicos na membrana do
neuronio pós-sinapse: os canais de Na+ excitam e os canais de Cl- inibem.
Além de agirem nos canais iônicos, os neurotransmissores podem agir em proteínas
transmembranares chamadas de proteína G. Os neurônios encaixam-se nos receptores da proteína
G do lado de fora da célula, e, dessa maneira, desencadeiam várias reações químicas intracelulares,
denominadas segundo mensageiro, que podem exercer efeitos excitatórios ou inibitórios na célula.
As células de segundo mensageiro causam efeito no comando da célula (DNA), provocando
alterações fundamentais na expressão gênica e no metabolismo da célula.
Dentro das vesículas, as proteínas são levadas do corpo celular em direção ao axônio, pelos
microtúbulos das células. Esse movimento é conhecido como anterógrado (o contrário é
chamado de retrógrado). No fim do axônio, o botão axonal ou botão terminal, as vesículas ficam
armazenadas em grande quantidade.
Assim, os neurotransmissore liberados no LEC agem nas células vizinhas ou partem para a
corrente sanguínea. Essas substâncias dividem em:
Acetilcolina (ACh)
A Ach é um NT clássico e o primeiro a
ser descoberto. Atua como mediador de várias
sinapses nervosas centrais e periféricas.
Os neurônios colinérgicos possuem a
enzima-chave, a acetilcolina transferase, que
transfere um grupo acetil do acetil-CoA à
colina. O neurônio também sintetiza a enzima
acetilcolinesterase (AchE), que é secretada
para a fenda sináptica e degrada o NT em
colina e ácido acético. A colina é recaptada e
reutilizada para síntese de novos NT.
Venenos como o gás dos nervos e os
inseticidas organofosforados inibem a ação da AchE. Esse efeito leva a uma exacerbação da
atividade parassimpática e da atividade colinérgica sobre a musculatura esquelética.
É o único neurotransmissor utilizado na junção neuromuscular (musculo esquelético). É o
neurotransmissor liberado por todas as células pré-ganglionares e a maioria dos neurônios pós-
ganglionares no sistema nervoso parassimpático e por todos os neurônios pré-ganglionares do
sistema nervoso simpático. É, também, o neurotransmissor liberado pelos neurônios pré-sinápticos
da medula da suprarrenal.
A acetilcolina age em diversos sítios: Nas junções neuromusculares esqueléticas induzindo a
contração do músculo; Nas sinapses entre o Nervo Vago e as fibras musculares cardíacas gerando
uma resposta inibitória (bradicardia); Nas sinapses dos gânglios do Sistema Motor Visceral
controlando o Parassimpático, além de agir em diversos sítios do SNC controlando a atenção, o
aprendizado e a memória.
Noradrenalina e adrenalina
A NA é o principal NT dos neurônios pós-ganglionares simpáticos, e portanto responsável
pelos efeitos da activação do SNS. Está também presente nas células da medula suprarenal e em
neurônios dos SNC. Adrenalina é a principal hormona libertada pela medula suprarenal em
situações de estresse, em conjunto com a ativação do SNS.
Está também presente em neurônios do SNC, mas está ausente nos neurônios pós-
ganglionares simpáticos.
A Noradrenalina influencia o Sono e a Vigília, Atenção e o comportamento alimentar. Além
disso, realiza a integração das várias regiões do encéfalo em respostas aos impactos dos eventos
estressores externos que atingem o indivíduo.
Também pode estar envolvido, de algum modo, memória, aprendizagem, ansiedade, dor,
humor e no metabolismo cerebral. Contudo, experimentos com macacos sugerem que os eventos
específicos que a maioria dessas células ativa é a presença do novo, do estímulo sensorial
inesperado.
No SNC, neurônios que sintetizam noradrenalina estão restritos às regiões bulbar e pontina.
O grupo mais importante é o grupo A6 situado no locus coeruleus, núcleo situado no assoalho do
IV ventrículo, na transição entre o bulbo e a ponte.
As células do locus coeruleus são ativadas por estímulos estressantes e ameaçadores. Sua
estimulação produz uma reação comportamental e cardiovascular característica de medo. Com base
nisto, o locus coeruleus funcionaria como acionador de um "sistema de alarme". Em outras palavras,
acredita-se que esta estrutura promoveria uma monitorização contínua do ambiente quanto aos
eventos importantes e prepararia o organismo para enfrentar situações de emergência.
Já a adrenalina é liberada pela adrenal na corrente sanguínea. Ela é liberada quando há
estimulação do SNSimpático em várias situações de Luta ou de Fuga, provocando diversos efeitos
fisiológicos.
São bem conhecidos os efeitos periféricos da ativação simpática decorrente de sua liberação
durante o estresse. Entretanto, muito pouco é conhecido em relação às ações da adrenalina no SNC.
A origem destes neurônios situa-se no rombencéfalo caudal, no núcleo do trato solitário e
adjacências, onde se acredita estejam envolvidos na regulação cardiovascular. A inervação
adrenérgica do hipotálamo dorsomedial tem sido implicada na regulação da ingestão de alimentos.
As drogas que interferem nas sensações de fome e saciedade (anorexígenos) interferem com a
neurotransmissão adrenérgica no hipotálamo.
Serotonina
Não é uma catecolamina, pois é uma amina sem o grupo catecol. É sintetizada a partir do
aminoácido essencial triptofano.
Os neurônios serotonérgicos centrais parecem estar envolvidos na regulação da temperatura,
na percepção sensorial, na indução do sono e na regulação dos níveis de humor.
Como as catecolaminas, são recaptadas pela membrana pré-sináptica e degradadas pela
MAO.
Drogas que atuam bloqueando a sua recaptação como fluoxetina (Prozac) são utilizados nos
tratamentos antidepressivos. Além disso, a serotonina é precursora da melatonina na glândula
pineal.
Está presente em maior quantidade nas plaquetas (8%) e células enterocromafins e plexo
mioentérico do trato GI (90%). Em menor quantidade está também presente no SNC e retina (2%).
Dada a distribuição difusa dos seus receptores, a serotonina influencia múltiplos processos
fisiológicos, quer na periferia, quer a nível do SNC, como a agregação plaquetária, motilidade e
secreção GI, ventilação, temperatura, percepção sensorial, sono, atividade sexual, apetite, humor e
agressividade.
Correlação fisiopatológica: Várias doenças têm sido associadas a alterações do sistema
serotoninérgico. Assim, a depressão tem sido associada a um défice de serotonina no SNC. Dai que
muitos dos anti-depressivos atuais atuem aumentando a concentração de serotonina através da
inibição da sua recaptação e/ou degradação.
Neurônios contendo serotonina ocorrem no mesencéfalo, ponte e medula oblonga, mas em
todas estas partes do encéfalo eles estão essencialmente confinados às zonas mediana e
paramediana.
Os neurônios serotoninérgicos estão distribuídos principalmente dentro de entidades
citoarquitetônicas específicas, conhecidas como "núcleos da rafe".
Os núcleos da rafe estão situados em um contínuo dentro do tronco encefálico, sendo que os
principais são: os núcleos obscuro, pálido, magno, pontino, mediano (também conhecido como
central superior) e dorsal.
As vias serotoninérgicas ascendentes originam-se do núcleo mediano da rafe e do núcleo
dorsal da rafe. Do núcleo mediano da rafe, as fibras projetam-se para o tálamo e áreas inervadas
pelo feixe prosencefálico medial, com destaque para o hipocampo.
Estas vias estão envolvidas na tolerância ao estresse persistente, na inibição comportamental
induzida por estímulos aversivos e na impulsividade. Do núcleo dorsal da rafe, as fibras projetam-se
para os colículos, substância cinzenta periaquedutal, amígdala e neocórtex.
Acredita-se que estas vias sejam estimuladas por eventos aversivos e atuem na regulação do
comportamento defensivo. Em razão disso, estas vias podem estar envolvidas na manifestação de
certas doenças mentais como a ansiedade, pânico e depressão. De fato, pacientes com depressão
endógena apresentam baixos níveis do principal metabólito da serotonina, o ácido 5-hidroxi-
indolacético (5-HIAA).
Como as vias serotoninérgicas ascendentes inervam as arteríolas cerebrais, acredita-se que a
serotonina esteja envolvida na etiologia de distúrbios cérebrovasculares, como a isquemia e a
enxaqueca. Estas vias também têm sido implicadas na regulação do sono.
As vias serotoninérgicas descendentes originam-se no núcleo magno da rafe, no bulbo, e
projetam-se ao corno dorsal da medula, onde a serotonina exerce um papel regulador sobre a
transmissão de impulsos dolorosos que penetram e ascendem na medula dorsal.
Estas vias constituem, portanto, um importante sistema descendente de controle da dor.
Há mais de uma dezena de receptores isolados de serotoninas divididos em 7 famílias
principais.
As alterações nesses neurotransmissores ocorrem numa variedade de transtornos
psicológicos que vão desde transtorno de personalidade, a ansiedade, depressão, transtorno da
alimentação, esquizofrenia, psicoses induzidas por drogas e, também, sensibilidade à dor e
transtornos do sono.
Parece haver, além disso, uma relação entre os níveis de 5HT (serotonina) e o poder. Foi
constatado que no sangue do macaco macho dominante há duas vezes mais serotonina que nos
macacos dominados. Parece que um aumento da noradrenalina fornece uma postura oposta à de
dominância: a de submissão. No macaco líder, a 5HT elevada parece ser mantida pela conduta
submissa recebida de seus seguidores. Tudo indica que o mesmo acontece entre os homens.
Histamina
A histamina, amina biogênica, é sintetizada a partir da histidina, em reação catalisada pela
histidina descarboxilase. Essa molécula é encontrada em neurônios do hipotálamo, bem como em
tecidos não neuronais, como os mastócitos do trato gastrointestinal.
A histamina regula várias funções a nível periférico e central, como por exemplo, secreção
gástrica, permeabilidade e motilidade vascular, despertar, comportamento sexual, secreção
hipofisária, TA e ingestão de líquidos.
Fármacos que bloqueiam os receptores H1 têm sido utilizados para o tratamento de alergias
e vómito. Fármacos que bloqueiam os receptores H2 têm sido utilizados para o tratamento da úlcera
péptica.
GABA e Glicina
O ácido γ-aminobutírico (GABA) é um aminoácido que não entra na síntese de proteínas e só
está presente nos neurônios gabaégicos. É o principal NT inibitório do SNC. Os receptores são de
dois subtipos:
• GABAA: Ionotópicos que abrem canais de Cl- e hiperpolarizam a membrana.
• GABAB: Metabotópicos que estão acoplados à proteína G e aumentam a condutância para
os íons K+, hiperpolarizando a membrana.
As drogas conhecidas como tranquilizantes
benzodiazepínicos (ansiolíticos) estimulam esses
receptores, aumentando o nível de inibição do SNC e
são utilizadas nos tratamentos da ansiedade e da
convulsão. Já os barbitúricos têm o mesmo efeito,
agindo em outro sítio de ligação; são tão potentes que
eram utilizados como anestésicos gerais, porém a sua
curta faixa de segurança terapêutica colocou-o em
desuso.
A doença de Huntington está associada à
deficiência de GABA. A doença é caracterizada por
movimentos coreiformes hipercinéticos, relacionados à
deficiência de BAGA, em projeções do estriado para o globo pálido. Os movimentos descontrolados
característicos são, em parte, atribuídos à ausência de inibição dependente de GABA nas vias
neurais.
A deficiência de vitamina B6 compromete a conversão de glutamato em GABA. No caso de
crianças pequenas que sofrem de deficiência de vitamina B6, há a possibilidade de convulsões
ocorrerem. O consumo excessivo de álcool, bem como a utilização de anticoncepcionais, podem
diminuir o nível de vitamina B6. Entretanto, o consumo de uma alimentação equilibrada repõe a
falta da vitamina. A suplementação só deve ser feita sob orientação de um médico. Os alimentos
que são melhores fontes de vitamina B6 são os peixes como salmão, arenque, atum e truta, além
de semente de girassol, amendoins, avelãs, nozes, gérmen de trigo, cereais integrais, levedo de
cerveja, milho, couve-flor, leguminosas, melão, banana e uvas passas
A Glicina é um NT inibitório que aumenta a condutância para o Cl- na membrana pós-sináptica
dos neurônios espinhais. A sua presença é essencial para que os receptores NMDA funcionem.
A bactéria Clostridium entra no organismo por lesões de pele, tais como cortes, arranhaduras,
mordidas de animais e causa o tétano. A bactéria possui toxinas que agem competitivamente sobre
os receptores de glicina, removendo a sua ação inibidora sobre os neurônios motores do tronco
encefálico e da medula espinhal. São os sintomas: rigidez muscular em todo o corpo, principalmente
no pescoço, dificuldade para abrir a boca (trismo) e engolir, riso sardônico produzido por espasmos
dos músculos da face. A contratura muscular pode atingir os músculos respiratórios.
A estricnina é um veneno alcaloide de sementes de Strichnos nux vomica que antagonizam
os efeitos da Gli, causando convulsão e morte.
Óxido Nítrico (NO)
São moléculas gasosas pequenas e que são sintetizadas enzimas específicas presentes em
alguns neurônios. A síntese desses gases, geralmente nas sinapses excitatórias, especialmente
mediadas pelo glutamato, através de receptores do tipo NMDA. Como são voláteis não são
armazenados em vesículas e se difundem facialmente. Essas moléculas agem pós e pré-
sinapticamente; nesse último caso, age facilitando a neurotransmissão por retroalimentação
positiva.
Neuropeptídios
Também conhecidos como neuropeptídeos, são sintetizados e liberados em baixa
quantidade. Foram identificados ao menos 25 que atuam modulando atividades nervosas. A ação
neuromoduladora consiste em influenciar uma neurotransmissâo clássica, alterando pré-
sinapticamente a quantidade de NT liberada em resposta a um potencial de ação ou pós-
sinapticamente, alterando a sua resposta a um NT. Geralmente os neuropeptídeos são coliberados
juntamente com os NT clássicos, mas em vesículas separadas (vesículas secretoras).
Substância P: um polipeptídio que se encontra em quantidade apreciável no intestino e
participa como importante mediador de reflexos gastrointestinais. É também sintetizado por
neurônios aferentes primários influenciando a sensibilidade dolorosa.
Peptídeos Opióides: os seus receptores são estimulados por substâncias opioides como a
morfina. A encefalina é encontrada nos terminais nervosos do trato gastrintestinal, modulam a
sensibilidade dolorosa, agindo sobre os canais de Ca++ voltagem-dependentes. Há pelo menos 5
subtipos de receptores opiáceos: δ, κ, μ, ζ e RNO que diferem entre si quanto às propriedades
farmacológicas e distribuição
Purinas
Em adição a aminas e aminoácidos, outras moléculas menores podem servir como
mensageiros. Entre eles está o ATP, molécula- chave do metabolismo: ele está concentrado em
muitas sinapses do SNC e do SNP e é liberado na fenda dependente de cálcio. Parece abrir canais
catiônicos na membrana pós-sináptica.