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Temas em Fonoaudiologia

Coletânea vol. 1

TEMAS EM
FONOAUDIOLOGIA

Marta Maria da Silva Lira-Batista (org.)

Editora Casa Flutuante


São Paulo, 2019
Copyright © 2019 Organizadora - Todos os direitos reservados.

Conselho Editorial
Marcia Furtado Avanza, doutora em Ciências da Comunicação / USP
Márcia Neme Buzalaf, doutora em História / UNESP
Marcos Antonio Zibordi, doutor em Ciências da Comunicação / USP
Maurício Pedro da Silva, pós-doutorado em Literatura Brasileira / USP
Vinicius Guedes Pereira de Souza, doutor em Comunicação / UNIP

Capa | Diagramação
Israel Dias de Oliveira

Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)


(Editora Casa Flutuante, SP, Brasil)

L768t LIRA-BATISTA, Marta Maria da Silva (organizadora).


Temas em Fonoaudiologia (Coletânea vol. 01) — São Paulo: Editora Casa Flutuante, 2019.

ISBN 978-85-5869-065-2

1. Fonoaudiologia 2. Terapia 3. Estudos da Fonoaudiologia I. Título

CDU 616.855
CDD 612.8

Nota: dado o caráter interdisciplinar da coletânea, os textos publicados respeitam normas,


revisão e técnicas bibliográficas utilizadas por cada autor/autora.

Editor
Editora Casa Flutuante
Rua Manuel Ramos Paiva, 429
São Paulo - SP - Brasil
Fone: (11) 2936-1706 / 95497-4044
www.editoraflutuante.com.br
À Deus, pelo infinito amor e misericórdia e aos meus pequeninos
“Ós’’, Octávio e Olga, por todo o amor que houver nessa vida.
“A vida é breve, mas cabe nela muito
mais do que somos capazes de viver.”

José Saramago
AGRADECIMENTO

À Deus, por estar comigo em todos os dias da minha vida, ao meu


esposo Rogério Batista pelo amor, apoio incondicional e dedicação nos
papéis de pai, profissional e marido, os quais desempenha com maestria.
Aos meus queridos alunos de ontem e hoje, por me tornar uma professora
mais que Fonoaudióloga. E, também, para todas as pessoas que contribuí-
ram para que este livro saísse do mundo das ideias e se tornasse concreto.
PREFÁCIO

A coletânea de temas em Fonoaudiologia (vol 1) que vos apresento


agora é de plural importância para o desenvolvimento das atividades
educacionais e da prática na área da saúde. A Fonoaudiologia vem há
mais de 40 anos ocupando um espaço decisivo no conhecimento dos
processos comunicacionais e suas relações no processo saúde-doença
das pessoas, tanto na sua vida diária, como nas mais diversas patologias
que as comete. Nos onze temas abordados pelos 25 autores sob a orga-
nização da Mestra Marta Maria da Silva Lira-Batista, possui um amplo
espectro de assuntos que vão desde a voz de professores à utilização
da equoterapia na correção dos distúrbios da linguagem. Um bloco de
temas abordam questões relacionadas à voz como de professores e suas
relações com a arquitetura; dos profissionais televisivos e o conheci-
mento sobre a voz e os pacientes após cirurgia cardíaca que tem sua voz
alterada. Com o processo de transição demográfica e epidemiológica
que atravessamos desde a segunda metade do século XX, as questões
dos idosos e dos adultos tornam-se preponderantes entre as demandas
na área da saúde: foram abordados um na área hospitalar e outro em
abrigo institucionalizado. As questões relacionadas as crianças também
são investigadas pelos autores em pelo menos 4 (quatro) abordagens:
Síndrome de Down, Autismo, distúrbio da linguagem e tontura. Uma
questão central do Sistema Único de Saúde (SUS) é a inserção do profis-
sional da fonoaudiologia em sua equipe multidisciplinar e interprofis-
sional que também foi enfocado nesta coletânea. Não podemos encerrar
este breve relato sem deixar de dizer que este trabalho abre perspecti-
vas das mais animadoras para aqueles que labutam nesta área da saúde,
abrindo portas para novas pesquisas e novos conhecimentos.

Dr. Viriato Campelo,


Médico, Professor Titular e
Diretor do CCS/UFPI.
ORGANIZADORA

Marta Maria da Silva Lira-Batista, Fonoaudióloga formada pela Centro


Universitário de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí. Teve bolsa de
Iniciação Científica com pesquisa financiada na área de Motricidade Orofacial,
Aleitamento Materno e Saúde Pública (PIBIC - Institucional), projetos de exten-
são universitária que cultuaram a cidadania, educação em saúde, prevenção e cui-
dados especiais. Ministrou oficinas nas áreas de avaliação clínica em Linguagem,
Distúrbios Miofuncionais Orofaciais. Possui trabalhos, artigos, capítulos de livros
publicados na área de Motricidade Orofacial, Voz, Disfagia e Saúde Coletiva. 
Possui Residência Multiprofissional pela UNIFESP, que contemplou a Saúde
do Adulto e do Idoso em âmbito Hospitalar e especialização em urgência, emer-
gência e UTI pelo UNINTER (PR). Possui Mestrado em Ciências e Saúde pela
UFPI, com doutorado em andamento em Alimentos e Nutrição pela UFPI. Parti-
cipou do primeiro ciclo de avaliação externa do Ministério da Saúde (PMAQ-AB).
Fonoaudióloga Hospitalar no Hospital Universitário do Piauí (HU-UFPI),
sendo especialista em distúrbios neurológicos adquiridos em adultos e idosos e
pacientes críticos em ambiente de UTI.
Atualmente é professora universitária do curso de graduação em Fonoau-
diologia da Faculdade de Ensino Superior do Piauí (FAESPI), onde leciona dis-
ciplinas nas áreas de voz e disfagia no contexto hospitalar, além de orientar mo-
nografias que em seu conteúdo privilegiem ou cultuem a morfofisiopatologia
neurológica aplicada à Fonoaudiologia. 
Coordenadora da COREMU do HU-UFPI, tutora e representante de área da
Fonoaudiologia na Residência em Assistência em Cuidados Intensivos — primei-
ra residência multiprofissional do estado do Piauí a abranger a ciência Fonoau-
diológica no cuidado dos pacientes.
COLABORADORES

Amanda Ferreira Farias


Graduação em Fonoaudiologia pela Faculdade de Ensino Superior do PI- FAESPI
Especialista em Fonoaudiologia Neurofucional INCISA/IMAM.
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA) - FACULDADE PROMINAS (2019).
Tem experiência na área de Fonoaudiologia, com ênfase em Linguagem, voz e
disfagia (UTI Neonatal, pediatria e adulto).
Fonoaudióloga Clínica na Empresa Recriar Clínica Psicopedagógica LTDA – DF

Carolina Lima Martins Gaspar Rocha


Possui graduação em Fonoaudiologia pela Faculdade de Ensino Superior do Piauí
(FAESPI);
Especialização em Distúrbios de Fala e Linguagem (Faculdade Unyleya)
Especialização em andamento em Transtorno do Espectro Autista (CBI of Miami).
Atualmente é Fonoaudióloga do Centro Especializado de Reabilitação e Promo-
ção da Saúde na cidade de São Luís (MA), com experiência nas áreas de autismo,
paralisia cerebral, síndrome de Down, acidente vascular cerebral e alterações de
fala e linguagem.

Cláudia Catão de Aguiar Sousa


Graduação em fonoaudiologia - Faespi
Especialista em audiologia- ESAMAZ
Especialista em Motricidade orofacial - CFFonoaudiologia.
Mestranda em Bioengenharia- U Universidade Brasil/SP
Docente do curso de Fonoaudiologia - Faespi/PI
Docente de pós-graduação - Inspirar /PI
Fonoaudióloga atuante em audiologia clínica e motricidade orofacial
Responsável técnica pelo setor de fonoaudiologia @estimular.the em clínica pediátrica.
Claudio Martins Correia Lima
Fonoaudiólogo, formado pela universidade de Fortaleza - UNIFOR,
Mestre em Saúde da Família pelo UNINOVAFAPI,
Especialização em docência do ensino superior pela FATEPI,
Aperfeiçoamento em voz pelo INVOZ.
Docente do centro universitário UNINOVAFAPI,
Fonoaudiólogo da Secretaria de saúde do PI
Fonoaudiólogo da Fundação Municipal de Saúde de Teresina,
Conselheiro efetivo do CREFONO 8.
Experiência nas áreas de fonoaudiologia neonatal, voz e docência do ensino superior.

Cléa Maria Machado de Alencar


Graduação: Administração- UESPI
Especialista em Docência do Ensino Superior - FAESPI
Especialista em Educação a Distância - UESPI
Mestre em Administração - UFPB.

Débora Cristina da Conceição Mendes


Fonoaudióloga clínica
Graduação em Fonoaudiologia pela Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

Denize Zaira Velôso de Azevedo


Fonoaudióloga clínica e do NASF.
Graduação em Fonoaudiologia pela Faculdade de Ensino Superior do PIAUI-FAESPI
Especialista em Linguagem pela Faculdade Inspirar em Teresina-PI.
Curso de Extensão em Libras Básico com Enfoque na área de Saúde pela Univer-
sidade Estadual do Piauí- UESPI.

Edyáurea Silva Barroso Castro


Graduação em Fonoaudiologia pela Universidade de Fortaleza -Unifor.
Especialização em Motricidade Orofacial pelo CEFAC.
Aprimoramento em voz pela ESAMAZ.
Formação no conceito Neuroevolutivo adulto Bobath - ABRADIMENE.
Docente do curso de Fonoaudiologia da Faculdade do Ensino Superior do
Piauí - FAESPI.
Gerente da Reabilitação e Reabilitação Auditiva no Centro Integrado de Reabili-
tação - CEIR

Galba Maria Martins Holanda Torres de Sá


Graduação em Fonoaudiologia pela FIR
Especialização em Motricidade Orofacial pela FIR (PE)
Aperfeiçoamento em Motricidade Orofacial com enfoque em Disfagia pelo CEFAC
Aprimoramento em eletroterapia aplicada a fonoaudiologia.
Capacitação em disfagia orofaríngeas pela Faculdade Inspirar
Fonoaudióloga no Hospital Universitário – (HU/UFPI)
Preceptora na Residência Multiprofissional em Assistência em Cuidados Intensivos
Gleiciane Vieira dos Santos Rocha
Fonoaudióloga Hospitalar
Graduada em Fonoaudiologia pela - Faculdade de Ensino Superior do Piauí - FAESPI
Especialista em Disfagia pela Faculdade Inspirar em Teresina - PI
Especialista em Linguagem pela Faculdade Inspirar em Teresina - PI
Aprimoramento em Eletroestimulação
Capacitação em neonatologia, pediatria e geriatria pela Faculdade Inspirar

Ivoneide Pereira de Alencar


Pós Doutora em Direito pela Università Degli Studi di Messina na Itália.
Doutora em Educação pela Universidade Católica de Brasília (UCB).
Mestre em Economia pela Universidade Federal do Ceará - (UFC).
Bacharel em Direito pela Faculdade das Atividades Empresariais de Teresina, Ba-
charelado em Fonoaudiologia pela Faculdade de Ensino Superior do Piauí. Licen-
ciada em Pedagogia pela Faculdade Integrada do Brasil.
Curso Superior Sequencial em Direito Penal pela Universidade Estadual do Piauí.
Pós graduada (lato senso) em Saúde Pública, Saúde da Família, Docência do
Ensino Superior, Psicopedagogia Clínica e Institucional, Educação à Distância,
Direito Tributário, Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), Educação Especial e
Inclusiva, Gestão Pública e Direitos Humanos em e para educação.
Docente no Curso de Fonoaudiologia - FAESPI

Jennifer Reis de Souza Lima Falcão


Fonoaudióloga Clínica
Graduação em Fonoaudiologia pela Faculdade de Ensino Superior do Piauí - FAESPI
Especialização em LIBRAS com Docência do ensino superior pela faculdade
FAEME (concluindo).

Kellyvane Lopes da Silva


Bacharel em Fonoaudiologia- Faespi
Especialista em motricidade orofacial - Faculdade Inspirar
Especialista em Disfagia
Atuação profissional na área de Disfagia pela Empresa Maranhense de Serviços
Hospitalares (EMSERH)
Atuação profissional na área de Saúde Coletiva no Núcleo Ampliado de Saúde da
Família (NASF)

Laurita Soares Nunes


Graduação em Pedagogia pela UESPI
Graduação em Fonoaudiologia pela FAESPI
Graduação em Psicopedagogia pela FATEPI
Pós graduação em Motricidade Orofacial pela Faculdade Inspirar
Pós Graduação em Linguagem pela Faculdade Inspirar
Pós Graduação em ABA (em conclusão) pela Faculdade Inspirar
Lylian Mendes dos Santos
Bacharel em Fonoaudiologia pela Novafapi
Especialista em docência do ensino superior pela UESPI
Especialista em Disfagia pela ESAMAZ
Aperfeiçoamento em estimulação precoce pelo HCOR
Atuação em Fonoaudiologia neonatal, docência superior e reabilitação física e cognitiva

Márcia Solange dos Santos de Araújo


Graduação em Fonoaudiologia pela UNINOVAFAPI
Pós Graduação: Psicopedagogia pela FAEME
Formação Pedagógica em Tutoria para Educação em Saúde.
Fonoaudióloga do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI).
Vice Representante de área profissional de Fonoaudiologia do Programa de Resi-
dência Multiprofissional Assistência em Cuidados Intensivos - HU/EBSERH-UFPI.
Membro do Comitê de Ética em Pesquisa no HU - UFPI
Membro do Núcleo de Segurança do Paciente no HU – UFPI.

Maria Lucilene da Silva


Fonoaudióloga Clínica
Docente da Faculdade de Ensino Superior do Piauí-FAESPI  
Graduação em Bacharelado em Fonoaudiologia pela Faculdade de Ensino Supe-
rior do Piauí-FAESPI
Especialização em Linguagem pela Faculdade Inspirar -Teresina-PI
Especializanda em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) pela Faculdade
Inspirar – PI
 
Maria Tânia Barbosa
Graduação em Bacharelado em Fonoaudiologia pela Universidade de Fortaleza-
UNIFOR (1997).
Especialista em Linguagem pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR (1999)
Especialista em Audiologia pela Escola Superior da Amazônia - ESAMAZ (2012).
Fonoaudióloga do Centro Integrado de Saúde Lineu Araújo
Docente no curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ensino Superior do Piauí - FAESPI.
Tem experiência na área de Fonoaudiologia, com ênfase em Audiologia e Linguagem.

Maria Tereza Montenegro Tavares


Graduação em Fonoaudiologia pela UNIFOR
Aprimoramento em Audiologia Clínica pela Santa Casa (SP)
Especialista em motricidade oral CEFAC São Paulo.
Especialização em Audiologia pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia Mestra-
do em Educação PUC - São Paulo.
Responsável Técnica da Widex (Piauí).

Marta Maria da Silva Lira-Batista


Graduação em Fonoaudiologia – Novafapi (PI)
Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar – Concentração Adultos e
Idosos – UNIFESP (SP)
Especialização em Urgência, Emergência e UTI – UNINTER (PR)
Mestrado em Ciências e Saúde – UFPI (PI)
Doutoranda em Alimentos e Nutrição – UFPI (PI)
Coordenadora de COREMU – EBSERH (HU-UFPI)
Tutora e Representante de área da Fonoaudiologia no Programa de Residência
Assistência em Cuidados Intensivos
Professora do curso de graduação em Fonoaudiologia – FAESPI (PI)
Professora do curso de pós-graduação em Fonoaudiologia – INSPIRAR (PI)

Mayara de Castro Silva


Graduação em Fonoaudiologia pelo Centro Universitário Uninovafapi;
Residente em assistência em cuidados intensivos no HU-UFPI.
Experiência em Fonoaudiologia hospitalar adulto e infantil.

Monise da Silva Mendonça


Graduação em Fonoaudiologia pelo Centro Universitário Uninovafapi
Fonoaudióloga do Centro Médico RADIMAGEM na cidade de Timon (MA)
Experiência nas áreas de autismo, síndrome de Down, acidente vascular cere-
bral e alterações de fala e linguagem.

Naiana Rabelo Lima


Graduação em Fonoaudiologia pela FAESPI
Especialização em Audiologia pela Faculdade do vale do Jaguaribe
Especializanda em Gestão de Recursos Humanos com Coaching - CESVALE
Experiência em Audiologia Ocupacional
Fonoaudióloga Clínica no Centro de atenção ao Servidor Público
Coordenadora PCA e PCV em empresas de Call Center

Ruth Raquel Soares de Farias


Graduação em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas pela UFPI (PI)
Especialização em Ciências Ambientais pela UFPI (PI)
Mestrado em Biologia Vegetal pela UFPE
Doutorado pelo programa de Biotecnologia (RENORBIO - UFPI)

Táyla Milena Costa dos Santos


Graduação em Fonoaudiologia pela FAESPI
Residente em Assistência em Cuidados Intensivos no Hospital Universitário -
EBSERH/UFPI

Tuísa Souto Said


Graduação em Fonoaudiologia pela FAESPI
Mestrado em Fonoaudiologia - PUC-SP
Especialização em Audiologia Clínica - UFC
Especialização em Libras – UESPI
Aprimoramento em BERA - Sírio-Libanês e HC-USP
Aprimoramento em Processamento Auditivo Central - Centro CAPAZ
Atua principalmente nas áreas de Audiologia Clínica e Otoneurologia.
SUMÁRIO

25
QUALIDADE DE VIDA DE PROFESSORES RELACIONADA
À VOZ E AOS FATORES FÍSICOS DA SALA DE AULA
Maria Lucilene da Silva, Kellyvane Lopes da Silva,
Marta Maria da Silva Lira-Batista, Tuísa Souto Said,
Ruth Raquel Soares de Farias, Táyla Milena Costa dos Santos,
Carolina Lima Martins Gaspar Rocha

49
PARÂMETROS ASSISTENCIAIS DA FONOAUDIOLOGIA
HOSPITALAR PARA ADULTOS E IDOSOS
Táyla Milena Costa dos Santos, Marta Maria da Silva Lira-Batista,
Ruth Raquel Soares de Farias, Márcia Solange dos Santos de Araújo,
Galba Maria Martins Holanda Torres de Sá

85
AVALIAÇÃO DE DEGLUTIÇÃO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS
EM UMA CAPITAL NORDESTINA
Amanda Ferreira Farias, Marta Maria da Silva Lira-Batista,
Edyáurea Silva Barroso Castro, Claudia Catão de Aguiar Sousa,
Ruth Raquel Soares de Farias

115
A CONTRIBUIÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NO
ENSINO INFANTIL EM TERESINA - PI
Naiana Rabelo Lima, Edyáurea Silva Barroso Castro, Ruth Raquel Soares de Farias,
Claudia Catão de Aguiar Sousa, Ivoneide Pereira de Alencar
131
O MÉTODO THERAPY TAPING®: NA ADEQUAÇÃO DO
POSICIONAMENTO LABIAL EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN - “PERCEPÇÃO DOS PAIS, NESTE ENFOQUE”
Laurita Soares Nunes, Cláudia Catão de Aguiar Sousa,
Lylian Mendes dos Santos, Ruth Raquel Soares de Farias

150
ANÁLISE DA APLICABILIDADE DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NA
TERAPIA DE PACIENTES AUTISTAS: REVISÃO SISTEMÁTICA
Débora Cristina da Conceição Mendes, Claudia Catão de Aguiar Sousa,
Maria Tânia Barbosa, Lylian Mendes dos Santos

167
DISTÚRBIO DE LINGUAGEM E EQUOTERAPIA: ATUAÇÃO
FONOAUDIOLOGICA NA PERCEPÇÃO DE PAIS E PROFISSIONAIS
Denize Zaira Velôso de Azevedo, Cláudia Catão de Aguiar Sousa,
Lylian Mendes dos Santos, Ruth Raquel Soares de Farias

188
QUALIDADE VOCAL EM PACIENTES APÓS CIRURGIA CARDÍACA
Gleiciane Vieira dos Santos Rocha, Marta Maria da Silva Lira-Batista,
Ruth Raquel Soares de Farias

207
CONHECIMENTO VOCAL DE REPÓRTERES TELEVISIVOS
Carolina Lima Martins Gaspar Rocha, Marta Maria da Silva Lira Batisa,
Ruth Raquel Soares de Farias, Maria Lucilene da Silva

228
CONDUTA MÉDICA DIANTE DE CRIANÇAS COM
QUEIXA DE TONTURA
Jennifer Reis de Souza Lima Falcão, Tuísa Souto Said,
Maria Tereza Montenegro Tavares, Cléa Maria Machado de Alencar

245
O FONOAUDIÓLOGO NO SUS: VISÃO DOS PACIENTES ATENDIDOS
PELO CENTRO INTEGRADO DE SAÚDE CIS-UNINOVAFAPI
Mayara de Castro Silva, Monise da Sliva Mendonça,
Claudio Martins Correia Lima
QUALIDADE DE VIDA DE PROFESSORES
RELACIONADA À VOZ E AOS FATORES
FÍSICOS DA SALA DE AULA

Maria Lucilene da Silva, Kellyvane Lopes da Silva,


Marta Maria da Silva Lira-Batista, Tuísa Souto Said,
Ruth Raquel Soares de Farias, Táyla Milena Costa dos Santos,
Carolina Lima Martins Gaspar Rocha

1 INTRODUÇÃO

O trabalho do profissional da voz consiste na utilização vocal de


forma cotidiana e durante determinado período de tempo. Levando-se
em consideração que, durante este período, sua produção vocal possa
ser bastante variada, quando se trata de intensidade, frequência e pres-
são sonora, constatando-se a ocorrência de abuso vocal, observando em
destaque o risco para o desenvolvimento de patologias vocais (LIMA;
RIBEIRO; CIELO, 2015).
A utilização da voz como meio de trabalho vem cada vez mais se
destacando no contexto social, reconhecendo-se um grande número de
profissionais inseridos neste tipo de trabalho. Considera-se como profis-
sional da voz o indivíduo que a utiliza para a realização de seus trabalhos
(SPINA et al., 2009).
Uma das patologias vocais mais comuns é a disfonia, sendo a con-
dição na qual a voz encontra-se alterada, repercutindo no processo de
comunicação. Pode manifestar vários sintomas, como: fadiga vocal, sen-
sação desagradável durante a emissão, falta de volume e projeção da voz,
esforço à emissão (BEHLAU, 2001; BEHLAU, 2005).

25
“Um dos sistemas de classificação quanto à etiologia é o de Behlau e
Pontes (1995), que as divide em: funcionais, organofuncionais e orgâni-
cas”. As funcionais decorrem do uso incorreto da voz, inadaptação vocal
ou dos componentes psicogênicos; já as organofuncionais são a evolução
de uma funcional diagnosticada tardiamente; e as orgânicas independem
do uso da voz, estando associada a uma doença de base.
Docentes estão sujeitos a um ambiente de trabalho desfavorável à
saúde vocal, não só por conta do mau uso vocal, mas também devido às
características do ambiente físico e à acústica, bem como a competição
sonora interna e externa à sala de aula (CRANDELL; SMALDINO, 2000).
A saúde do professor sofre influência direta e indireta do ambien-
te ocupacional de modo que este interfere no processo saúde-doença do
trabalhador docente. Parâmetros físicos dizem que a propagação do som
está intimamente relacionada ao meio que o transmite. Ou seja, os aspec-
tos ambientais, em suas características físicas influenciam na qualidade
vocal do educador, fator agravante para o desenvolvimento de disfonias
(GIANNINI; LATORRE; FERREIRA, 2012).
Os riscos à saúde vocal são muitos dentro do ambiente escolar, e este
localinsalubre na sala de aula exigirá mais da capacidade pneumofonoar-
ticulatória, que muitas vezes é sobrecarregada. Algumas medidas proteti-
vas no ambiente podem ajudar o professor em sua jornada ocupacional,
como: a acústica correta, tamanho e área da sala de aula, temperatura,
umidade, revestimento das paredes, competição sonora, agentes quími-
cos irritantes da mucosa laríngea (poeira, pó de giz, tinta fresca, mofo)
(SILVANY NETO et al., 2000)
A qualidade de vida relacionada à saúde envolve vários domínios do
cotidiano do indivíduo, sendo os mais comumente estudados o psicológi-
co, o social e o físico e frequentemente projetam positiva ou negativamente
sob as atividades ocupacionais (JARDIM; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2007).
Para mensurar a qualidade de vida e suas características, foram de-
senvolvidos protocolos específicos de qualidade de vida. O Protocolo de
Qualidade de Vida em Voz (QVV) (GASPARINI; BEHLAU, 2009) é lar-
gamente utilizado para a avaliação do uso da voz e seus impactos na vida
do indivíduo, não é de uso exclusivo para professores, porém faz-se uso
para diversas categorias de voz profissionais.

26
O interesse pelo tema foi motivado pelo fato da disfonia em profes-
sores ser uma situação bastante frequente, afetando globalmente a quali-
dade de vida destes profissionais, cujo tratamento é mais do que apenas
sintomático e torna-se imprescindível as informações eterapias forneci-
das por profissionais especializados, na qual a atuação fonoaudiológica
participa de forma altamente relevante.
Será que o aspecto físico relacionado às características vocais, avalia-
das pelo protocolo QVV pode refletir um ambiente de trabalho desfavo-
rável à prática docente? Ao lembrar do caráter multifatorial da etiologia
das disfonias, levanta-se a hipótese, para este estudo, de que o aspecto
físico apresentará menor valor na QVV, contribuindo para um valor bai-
xo global na escala.
Esta pesquisa tem por objetivo avaliar o ambiente de trabalho do
docente no tocante às características físicas que interferem em sua
voz, correlacionando com a autopercepção vocal; como também iden-
tificar as características físicas e acústicas da sala de aula; quantificar
o grau do impacto da disfonia em professores a partir do protocolo de
avaliação QVV e explicitar a correlação entre o ambiente e problemas
na voz do professor.

2 METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo observacional, transversal, quantitativo, des-


critivo e de caráter prospectivo. Foi realizado em três escolas da cidade de
Teresina-PI, que continham a maior população de alunos da zona leste,
norte e sul. Contou com a participação de 28professores do ensino fun-
damental da rede pública municipal, sendo 23 do sexo feminino, na faixa
etária de 22 a 52 anos de idade.
Os critérios de seleção foram escolas do ensino fundamental, as mais
populosas das macrorregiões, norte, sul e leste, sendo que a oeste foi ex-
cluída da pesquisa por se tratar geograficamente do local onde situam-se
os rios da cidade e ocorre o encontro de suas águas, diminuindo conside-
ravelmente a área habitável.
Em relação aos professores, a regra seletiva foi somente que fossem
atuantes no ensino fundamental das respectivas escolas, estas foram se-
lecionadas através de uma relação fornecida pela secretaria municipal de

27
educação (SEMEC), informando quais as três escolas com maior quanti-
dade de alunos em cada zona escolhida para a pesquisa, com sua determi-
nada localização e contatos telefônicos, com o qual obteve-se uma prévia
aceitação do (a) gestor (a) para a coleta dos dados in loco.
A inclusão somente das escolas mais populosas deveu-se ao fato de
que quanto maior a quantidade de alunos, maior o nível de ruído na es-
cola e sala de aula, consequentemente maior esforço vocal do professor,
fatores estes, desencadeantes de prejuízos vocais ao docente (SERVILHA;
LEAL; HIDAKA, 2010).
Foi realizada uma visita observacional nas salas de aula, juntamente
com a coleta dos dados pertinentes à pesquisa, no que diz respeito à parte
física e estrutural do ambiente escolar, como os aspectos ambientais/físi-
cos relacionados à propagação sonora, limpeza, ventilação. Para respon-
der estes, itens, foi utilizada uma ficha de coleta de autoria das pesqui-
sadoras (APÊNDICE1). Simultaneamente foi desempenhada a aplicação
de questionários com os docentes, para saber a autopercepção do mesmo
quanto à sua voz, podendo a mesma está dentro dos padrões de normali-
dade ou possivelmente com algum agravo vocal instalado.
Para a medida padrão foi considerado o metro (m), e as demais variações
de acordo com as Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP).
Para medição do ambiente físico da sala de aula, como largura, compri-
mento, tamanho das janelas e distância aluno/professor, dentro da sala de
aula, foi utilizada fita métrica profissional da marcaIrwin®, com 08 metros
de comprimento. Foram analisadas três salas, sendo uma sala por escola, os
gestores decidiram assim, justificando que estas são padronizadas. De acordo
com as medições realizadas observou-se um padrão em relação á estrutura
física das salas de aula, como tamanho e comprimento do espaço interno,
tamanho e material das janelas, material das paredes, do piso e do teto.
Para a mensuração acústica, como intensidade do ruído externo e
interno ao ambiente escolar, interno à sala de aula e intensidade da voz do
professor foi utilizado o decibelímetro, um medidor de nível sonoro da
marca Sound-Level Meter® modelo 33-2050, devidamente calibrado.
As medições internas e externas do ruído no ambiente escolar ocorre-
ram em três momentos com pequenos intervalos de tempo (que ocorreram
dentro de ± 5 minutos), para obter-se uma média fidedigna, a média das

28
três medições foi selecionada como intensidade real. Foi padronizado ini-
ciar as medições dos ruídos: frontal, lateral esquerda, lateral direita e de
fundo da parte externa; finalizando com a parte interna das salas de aula.
Para quantificar outros dados e/ou objetos que possam causar com-
petição sonora, como arcondicionado, ventilador, aspectos físicos de
revestimento da sala de aula, presença de janelas, material do teto, lo-
calização da sala em relação ao todo do espaço escolar, tipo de quadro
utilizado, higienização da sala de aula e uso de suporte para voz, foram
feitos através de observação e perguntas verbais ao professor ou diretora
(o) responsável técnico da escola.
Na sequência foram aplicados os questionários da QVV, com os pro-
fessores, cujo conteúdo foi previamente explicado como funciona a pon-
tuação no mesmo. Neste protocolo foram abordadas questões vinculadas
à compreensão de como um problema vocal pode interferir nas ativida-
des de vida diária e aspectos emocionais relacionados à voz (ANEXO 1).
O protocolo apresenta dez questões objetivas em forma de perguntas
autoavaliativas, sendo seis de domínio físico e quatro de domínio sócio
emocional. Os itens são respondidos em uma escala de cinco pontos,
sendo que 1 é igual a uma voz muito boa e 5 refere-se a uma voz mui-
to ruim. Para o cálculo dos escores utiliza-se um algoritmo padrão, que
pode variar de 0 a 100, esse último, indicando a melhor qualidade de vida
possível (TUTYAet al., 2011).
Os docentes participantes concordaram com o caráter da pesquisa e
assinaram previamente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Este continha informações claras e objetivas sobre a pesquisa, e estava
escrito de modo simples e de fácil compreensão. Os sujeitos da pesquisa
demonstraram ter entendido de forma ampla e satisfatória seus objetivos,
fornecendo ao pesquisador uma segurança maior em relação à concreti-
zação dos resultados almejados.
O pesquisador deixou evidente possíveis riscos e/ou constrangimen-
tos que poderiam ocorrer para ambas as partes. O projeto foi encaminha-
do e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com número do CAAE
39695714.0.0000.5211. Após sua aprovação, o foi iniciada a solicitação
de autorização para a execução da pesquisa de campo junto à Secretaria
Municipal de Educação e Cultura (SEMEC). Em seguida, foi autorizado

29
seu desenvolvimento nas escolas selecionadas, que também foram ante-
riormente autorizados pelos gestores.
Posteriormente à coleta dos dados necessários ao estudo, estes foram
organizados e padronizados em Microsoft Office Excel versão 2010. Foi
utilizada a estatística descritiva da amostra, correlação de Spearman e
teste de Mann-Whitney.
Os resultados foram apresentados em gráficos e quadros para melhor
visualização e discussão dos achados.
Após a confecção do trabalho científico e padronização dos resulta-
dos, todos os aspectos observados foram discutidos nas respectivas esco-
las. Foi oferecida uma palestra sobre noções de saúde e higiene vocal para
os professores.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO EM VOZ

Nesta pesquisa participaram 28 professores, de três escolas municipais


distintas, dos quais 82,14% são do sexo feminino com a média de idade de
34,5 anos. A distribuição do protocolo QVV visa determinar a etiologia dos
problemas vocais baseado em três domínios: total, físico e o socioemocional.

Gráfico 1 - Representa os resultados da média total do QVV

Fonte: Silva, 2015

30
Em conformidade com os resultados obtidos, o pior aspecto da qualida-
de de vida em voz mais observado pelos indivíduos da escola A (zona sul)
foi o do domínio físico, ficando com média geral de 64,88%. O que também
pode ser observado nas escolas B (zona norte) e C (zona leste), com valores
de 77,24% e 67,7% respectivamente, cujas médias obtidas das três escolas
foram de 69,94% (físico-pior domínio avaliado), 82,36% (socioemocional,
melhor domínio avaliado) e o domínio total com 74,91% (Gráfico1).
Estes valores são classificados como uma qualidade de vida em voz
ruim, dados muito semelhantes ao dos resultados do trabalho de Penteado
e Bicudo-Pereira (2007) que fizeram uma pesquisa com 128 professores do
ensino médio da rede pública e encontraram médias no domínio físico de
74,4%, domínio socioemocional de 87,3%e no domínio total de 80%.
Jardim, Assunção e Barreto (2007), revelaram que o ruído na sala de
aula foi associado à pior qualidade de vida relacionada à voz no domínio
físico. Neste encontrarammédias de 79,4%, no domínio sócio emocional
de 90,6% e no domínio total de 84,2%, e de Servilha e Rocon (2009), para
os domínios físico, socioemocional e global (78,18%; 88,98%; e 82,61%,
respectivamente). Desta forma, observou-se que o escore de domínio fí-
sico implica na pior qualidade de vida em voz e com médio impacto na
qualidade de vida em voz (PENTEADO; PEREIRA, 2007).
Behlauet al. (2009), encontraram escore total para vozes saudáveis de
97,1%; o escore socioemocional foi de 99,3% e para o escore físico foi de
98,0%, no caso dos disfônicos o escore total foi de 71,6%; o sócio emocio-
nal de 79,5% e o físico de 74,91%.
Os escores socio emocionais também tiveram médias bem seme-
lhantes, com baixo impacto na qualidade de vida em voz. A explicação
para este resultado pode justificar-se devido o protocolo QVV ter em sua
formulação questões de domínio físico que abordam as principais difi-
culdades enfrentadas pelo docente disfônico, como por exemplo: “o ar
acaba rápido e preciso respirar muitas vezes enquanto falo”, [...] “tenho
dificuldades em falar forte (alto)”, que acaba por correlacionar-se às más
condições das questões ambientais ocupacionais (TUTYA et al., 2011).
Penteado e Bicudo-Pereira (2007), ressaltam a importância da autoa-
valiação, já que os professores são uma categoria de profissionais da voz
que apresentam maior prevalência de alterações vocais e disfonias. Dados

31
próximos a este trabalho, pois foram adquiridas médias no domínio geral
74,91%, no domínio socioemocional 82,36% e no domínio físico de 69,94%
nesta pesquisa, além da autoavalição ter ficado com média regular, ou seja,
houve altos índices de discordância entre a pontuação do QVV.
Simões-Zenari, Bitar e Nemr (2012), relataram que professores apre-
sentam comumente dificuldades em perceber suas vozes, pois houve di-
vergência entre a autoavaliação e a avaliação fonoaudiológica na sua pes-
quisa. Fato que foi comprovado por Fabrício, Kasama e Martinez (2009),
ao inferirem que grande parte dos professores apresentaram uma boa
qualidade de vida associada à voz (na autoavaliação do QVV), mas rela-
taram elevados índices de sintomas vocais.
Alves et al. (2009), inferemque a autoavaliação vocal, na maioria das
vezes, indica satisfação com a voz, demonstrando que a categoria docente
apresenta dificuldade para identificar tais alterações, diz ainda que 87,3%
dos professores avaliados referiram disfonia.
Porém, Servilha e Rocon (2009), divergem dos anteriores quando
dizem que as médias do QVV foram consideradas de baixo impacto na
qualidade de vida em voz e também, pela autoavaliação docente ter se
mostrado mais concordante do que divergente comparando-se aos resul-
tados do QVV e avaliação fonoaudiológica, indicando assim uma auto-
percepção vocal adequada.

Quadro1 - Estatística descritiva quantitativa entre ruído na sala de aula,


idade e autoavaliação vocal.

RUÍDO NA SALA IDADE AUTOAVALIAÇÃO

Tamanho da amostra = 3 28 28
Mínimo 75.0 22 1
Máximo 80.0 52 5
Amplitude Total 5.0 30 4
Variância 6.33 69.73 1.23
Desvio Padrão 2.5166 8.3510 1.1127
Coeficiente de Variação 3.24% 24.18% 35.40%

Fonte: Silva, 2015

32
Na análise estatística descritiva foi observada uma maior variância
quanto à idade dos participantes, mostrando as discrepâncias entre pro-
fessores jovens e mais experientes. Quanto ao ruído mostrou pouca va-
riação entre os dados coletados. O quesito da QVV teve menor variância
por se tratar de uma unidade intervalar.

Quadro2 - Correlação entre idade e autoavaliação(QVV)

CORRELAÇÃO ENTRE IDADE E


D.FISÍCO D.S.EMOCIONAL D. GLOBAL
AUTOAVALIAÇAO (QVV)
Coeficiente de Spearman (rs)= -0.2989 -0.2755 -0.2945
t= -1.5974 -1.4616 -1.5715
(p)= 0.1222 0.1557 0.1281

Fonte: Silva, 2015

À comparação entre a idade e os resultados da autoavaliação vocal,


esta amostra não apresentou relação estatisticamente significante, ou seja,
a idade não interfere na qualidade de vida em voz destes indivíduos. Deste
modo concorda-se com o trabalho de Alves, Araújo e Xavier Neto (2010),
que relatam em suas estatísticas que a relação entre a faixa de idade e a dis-
fonia não foram significativas, não se observando frequência diferenciada.
Fato discordante ao estudo de Palheta Neto et al. (2008), que consta-
taram em seu estudo que professores mais jovens (que atuavam a menos
de quinze anos) apresentavam as mais graves alterações vocais encontra-
das na pesquisa, como rouquidão, fadiga vocal e falha durante a emissão.
Já Freitas (2006), destoa dos achados supracitados, pois o afirma que a
prevalência de disfonia aumentou com a idade, chegando ao risco de qua-
se três vezes superior em docentes com idade maior que 50 anos (16,7%)
em comparação com os de 30 anos (7%).

3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO EM RELAÇÃO AO AMBIENTE


E RUÍDO

Na segunda etapa de realização desta pesquisa, foram feitas as men-


surações do ruído do ambiente escolar. Os ruídos externos são oriundos
principalmente do tráfego automobilístico, sendo mais intenso e constante

33
pela própria localização da escola na região, sempre em avenidas princi-
pais dos respectivos bairros. Não foi observada nenhuma barreira protetiva
com repercussão acústica nas escolas (muros muito baixos e/ou degrada-
dos=66,7% ou grades de ferro= 33,3%).
Dado similar ao encontrado por Dreossi e Momensohn-Santos (2005),
que concluem em seu trabalho anão existência de planejamento arquite-
tônico e acústico que visem proteção contra ruídos oriundos da parte ex-
terna, em prol das escolas, sendo estas construídas em diversos locais im-
próprios, propiciando um grande impacto na vida de docentes e discentes.
As médias individuais de cada escola em relação ao ruído interno à sala
de aula, também ficaram altas, a escola A (zona sul) ficou com média de ruí-
do interno de85 dB, a escola B (zona norte) com média de 80 dB e a C com
78 dB, com média total de 77,7 dB. A medição interna à escola foi realizada
na parte central, em um momento em que os alunos encontravam-se na sala
de aula, com o objetivo de verificar a intensidade de todos os ruídos externos
e internos ambientais isolados dos ruídos humanos (trânsito de veículos e ae-
ronaves, ruídos ocupacionais do entorno da escola), obteve média de 80 dB.
A média do ruído frontal externo à escola foi de 98,7 dB. Nas medi-
ções das laterais externas das escolas, foi mensurado um nível de ruído
inferior ao frontal, ficando as laterais do lado direito com média de 72,7
dB; e, as do lado esquerdo com média de 80,3 dB(gráfico 2).

Gráfico 2 - Resultado das medições da intensidade de ruído no ambienteescolar

Fonte: Silva, 2015

34
O ruído do fundo foi o menor registrado em todas as escolas, ficando
com a média de 66 dB. Apesar de existirem ginásios esportivos nas esco-
las estes não são utilizados devido à temperatura local em torno de 40º
e o tipo de material de cobertura do teto o amianto, o que justifica uma
sensação térmica ainda maior. Mesmo sem a utilização dos ginásios o ní-
vel de ruído foi muito alto, com média próxima a dos achados de KOPEC
(2013), que realizou medições na região externa escolar, e concluiu que
na área externa da escola e no ginásio esportivo, obteve-se os mais ele-
vados níveis de ruído ultrapassando 90 dB, dados objetivos mensurados
com decibelímetro. Ainda cita que através de entrevista com alunos, 88%
dos alunos reclamaram do ruído interno e 85%do ruído externo, confir-
mando a percepção do ruído externo.
O registro acústico interno à escola ficou com média de 80dB, sendo
considerado um ruído muito intenso, o que pode causar muitos prejuízos
à saúde auditiva e vocal de docentes, discentes e demais funcionários do
ambiente escolar. A Norma Brasileira 10.152 da ABNT (1987), que regu-
lamenta os níveis de ruído para conforto acústico, institui que a intensi-
dade máxima do ruído (corredores e ambientes de circulação da escola)
deve estar entre 45-55 dB.
O alto nível de ruído interno não diferiu entre escolas públicas ou pri-
vadas, fato comprovado por Libardiet al. (2006), que fizeram uma pesquisa
comparando-as e concluiu que o ruídos externos, juntamente com a acústi-
ca precária na sala de aula, causam agravos à saúde dos professores.
Os prejuízos desencadeados por excesso de ruídos afetam alunos de
todas as faixas etárias, entretanto, os mais jovens são os mais afetados,
uma vez que ainda estão em fase de aquisição de vocabulário. E é extre-
mamente provável que se o ambiente em que estiver estudando estiver
submetido a altos níveis de pressão sonora, seu desempenho escolar seja
comprometido (DREOSSI; MOMENSOHN-SANTOS, 2005).
Morais, Penteado e Gonçalves (2007),relatam que o ruído interno à
escola é grande causa de agravos para professores e alunos, prejudicando
as habilidades cognitivas, comunicativas, o processo ensino aprendiza-
gem, os comportamentos de uso da voz, os hábitos vocais, a saúde geral
do professor, o seu trabalho e a qualidade de vida, entretanto não foi pos-
sível ser verificado nesta pesquisa por causa dos objetivos elencados.

35
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO EM VOZ VERSUS RUÍDO

A disfonia é considerada uma das principais alterações vocais. Nesta


pesquisa, os resultados da QVV confirmam que está presente em uma
pior qualidade de vida em voz para a categoria docente. Giannini, Latorre
e Ferreira (2012), dizem que o professor disfônico apresenta uma série de
sinais e sintomas relacionados a problemas vocais que limitam no desen-
volvimento de seu trabalho.
Servilha e Pena (2010); Palheta Neto (2008) e Morais; Azevedo e
Chiari (2012), dizem que a prevalência de alterações vocais em professo-
res é maior do que na população em geral e colocam a disfonia como uma
manifestação comum entre a categoria docente, levando a impactos tanto
na esfera profissional como na pessoal. A percepção ocupacional é consi-
derada hoje um agravo importante, com consequências que influenciam
na qualidade de vida geral.
A mensuração do ruído interno à sala de aula, ficou em média 77,7% dB
e é um nível muito intenso que incomoda e de acordo com sua intensidade,
pode ser comparada ao toque de piano, toque do telefone, com frequência
constante. Demonstra-se aqui, intensidade muito elevada já que a este valor é
quase o dobro do mínimo regulamentado pela NBR 10152 da ABNT (1987),
que trata dos níveis de ruído para conforto acústico, na qual a intensidade
adequada do ruído interno as salas de aula deve estar entre 40-55dB.
Libardiet al. (2006), consideraram as salas de aula mensuradas em
sua pesquisa como moderadas a barulhentas (de acordo com a classifica-
ção de RUSSO, 1999), verificando picos variantes entre a mensuração do
nível de pressão sonora (NPS) de 55, 70, 85 e 102 dB.
Apesar das salas de aula verificadas serem de um tamanho razoável
medindo em torno de 6,9 m², existem muitos fatores que prejudicam a
eficiência da comunicação entre professores e alunos durante as aulas.
Dreossi e Momensohn-Santos (2005), citam como ruídos interferentes:
arrastar de carteiras, conversas entre alunos, ventiladores, ar condiciona-
dos, entrar e sair da sala de aula, ruídos vindo dos corredores.
Foram verificados objetos que fazem parte da estrutura física da sala
de aula e que podem interferir na acústica, iniciando com medição das
janelas; estas eram todas de ferro e no tamanho de 1x1,20 (m),em seguida
tamanho e larguras das salas. Observação da estrutura física: paredes,

36
forro, presença de ar condicionado, ventiladores, e estado de conserva-
ção. Verificou-se que todas as salas possuíam arcondicionado (100%;
n=3), com recente manutenção e ventiladores.

Figura 1 - Ilustração comparando os níveis de ruídos com objetos/situações cotidianas.

NÍVEIS DE INTENSIDADEDO RUÍDO EM DECIBÉIS


RELACIONADO AO RISCO E CONFORTO

Fonte: ecossocio ambiental, 2014

Em relação aos fatores reverberantes, pôde-se notar que as paredes eram


de tijolos, com reboco liso e pintado na parte superior e na inferior com
cerâmica. Possuíam teto de policloreto de polivinila (PVC) e notou-se um
padrão tanto na estrutura física quanto na conservação das salas de aula, em
média de 80 a 90% de bom estado de conservação geral. O tipo de quadro
utilizado era de acrílico e bem conservado. Quanto à higiene da sala de aula,
foi encontrada pequena quantidade de sujeira em todas as salas.
A quantidade de alunos também é um fator contribuinte para que
haja uma intensidade de ruído considerável, em cada sala tinha, em mé-
dia, 26 alunos na faixa etária entre 10 e 12 anos de idade.

37
Os dados deste trabalho são semelhantes ao estudo de Palheta Neto
(2008) que analisou a relação entre o número de alunos por sala de aula e
a rouquidão nos professores, afirmando que em salas de aula com até 30
alunos, 23% dos professores manifestaram rouquidão, e salas com mais
de 30 alunos 76% dos professores também apresentaram rouquidão, con-
firmando o fato de que quanto maior o volume de ruído na sala de aula,
maior será o favorecimento para o professor desenvolver patologias vo-
cais, apresentando principalmente rouquidão com sintoma primário.

Quadro3 - Relação entre ruído na sala e autoavaliação

Fonte: Silva, 2015

Para avaliar a relação entre a autoavaliação vocal e os níveis de ruído


foi utilizado o teste de Mann-Whitney sendo observada relação estatisti-
camente significante (p<0,05). Isto denota que a qualidade vocal anotada
pelo professor é reflexo dos níveis de ruído em sala de aula, revelando re-
lação entre as variáveis. A média da autoavaliação vocal foi de 3,14 reve-
lando uma voz razoável, compatível com o esforço vocal necessário para
ganhar a competição sonora com o ruído ambiental. Cabe salientar que
nenhuma das escolas possui fonoaudiólogo, profissional habilitado para
avaliar e gerenciar a saúde vocal em âmbito escolar.
A variação de alcance da projeção vocal do professor variou 5 dB
(primeira fileira de carteiras com distância de 1m para o emissor — o
professor — o shimmer chega com média 85 dB; fundo da sala — última
fileira - intensidade chega com média de 80 dB), portanto sem maiores

38
prejuízos para os alunos do fundo da sala neste quesito. Observa-se que
há pouca perda de energia acústica, possivelmente pelos fatores reverbe-
rantes da sala de aula, o dBNPS proporcionado pelo professor pode ser
escutado em toda a sala.
Para verificar a compreensão da fala em um ambiente, usa-se a rela-
ção sinal/ruído.Quanto maior a S/N maior a inteligibilidade de fala, se o
S/N for negativo ou seja o ruído de fundo for maior que a voz do interlo-
cutor será mais difícil o mesmo ser entendido (MENEZES et al., 2005).
Foi constatado que a relação sinal ∕ruído desta pesquisa é positiva,
pois a diferença é de +5 dB positiva, ou seja o ruído de fundo é menor em
intensidade do que a voz do professor, considerando-se portanto positiva,
embora o nível de ruído ambiente seja considerado de alta intensidade,
a intensidade vocal do professor sobressai-se. Isto denota que para con-
seguir emitir a mensagem, o professor aumenta sua loudness/shimmer,
mas não necessariamente há qualidade na fonação, uma vez que a média
atribuída à autoavaliação vocal foi razoável (n=3,14).
Entra-se em concordância com Guidiniet al. (2012), já que também
constataram correlação positiva na sua pesquisa, correlação realizada en-
tre a intensidade vocal do professor e o ruído da sala de aula durante as
aulas e com a presença dos alunos. O cálculo foi realizado utilizando os
valores médios do nível de pressão sonora das vozes das professoras e do
ruído da sala de aula (NPS).
Esta pesquisa tem resultados próximos ao de Lima; Ribeiro e Cielo
(2015), dizem que salas de aula tem ruído ambiental médio entre 40 e 51
dB e passam a ter um ruído de fundo de 50 a 80dB quando as crianças
estão presentes. Fazendo com que o docente, para ter dominância sobre a
turma, eleve a shimmer em até 91dB.

Quadro4 - Correlação entre shimmer e intensidade do ruído na sala de aula

SHIMMER X RUÍDO NA SALA DE AULA

Correlação de Pearson 0.697


(p)= 0.8029**

Fonte: Silva, 2015

39
A intensidade vocal dos professores também foi mensurada em três
momentos diferentes durante sua emissão vocal de rotina nas aulas. De-
vido ao sintensos níveis de ruído existentes na sala de aula, dentre outros
fatores negativos o resultado da mensuração também teve alta intensida-
de, ficando com média de 81,7 dB.
Com base no quadro 4 foi observada uma relação positiva (com ten-
dência a perfeitamente positiva) entre o shimmer e a intensidade de ruído
na sala de aula, ou seja, ambas variáveis crescem juntas de forma relacio-
nada. Para medir o grau de intensidade com que as variáveis se movem
juntas calculou-se a covariância obtendo 3,88, ratificando o grau de inti-
midade entre as duas variáveis.
Os resultados do trabalho de Simões-Zenari; Bitar; Nemr (2012),são
similares a estes, pois eles afirmam que as médias entre 70 dB e 85 dB
foram encontradas em salas de ensino fundamental em que as professoras
apresentaram-se com muitos sintomas vocais, como a disfonia, possivel-
mente associados à exposição ao ruído interno.Jardim, Assunção e Barre-
to (2007) associaram o ruído na sala de aula à pior qualidade de vida no
que diz respeito à voz.
Jaroszewski, Zeigelboim e Lacerda (2007),verificaram que mesmo
com os níveis de ruído interno à sala de aula variando entre59,5 a 71,3
dB, os alunos não tiveram dificuldades com a inteligibilidade de fala para
realizar ditado de palavras. Porém professores apresentaram queixas rela-
cionadas à voz. Sua justificativa foi que os professores das salas mais rui-
dosas, provavelmente tiveram que aumentar sua intensidade vocal para
superar o ruído interno à sala de aula e ter um bom aproveitamento no
aprendizado dos alunos.
Exposições prolongadas ao ruído de alta intensidade causam prejuí-
zos à audição humana e também provocam alterações secundárias cau-
sando agravos à saúde e qualidade de vida do individuo. A tabela de Rus-
so (1999) mostra a quantidade de tempo em horas que é permitido que o
indivíduo esteja exposto ao ruído sem maiores danos.

40
Quadro 5 - Quantidade de horas em que pode ser exposto ao ruído

DURAÇÃO DA ESPOSIÇÃO NÍVEL SONORO


8 HORAS 85 dB
4 HORAS 90 dB
2 HORAS 95 dB
1 HORA 100 dB
1/2
HORA 105 dB
1/4
HORA 110 dB

Fonte: Russo (1999)

A perda ou declínio da inteligibilidade de fala está relacionada ao


excesso de exposição ao ruído, trazendo prejuízos para uma comunicação
efetiva. Existem fatores que colaboram para a inteligibilidade de fala
ou prejudicam, como intensidade da fala, a distância entre o falante e o
ouvinte, a capacidade de atenção e o nível de reverberação do ambiente.
O risco da lesão auditiva aumenta com o nível de pressão sonora e com a
duração da exposição, mas depende também das características do ruído e
da suscetibilidade individual (DREOSSI; MOMENSOHN-SANTOS, 2005).

4 CONCLUSÃO

Neste estudo 82,14% são do sexo feminino, com a média de idade de


34,5 anos, com a média de autoavaliação vocal da QVV em 3,14 (voz clas-
sificada razoável). Esses valores são classificados como uma qualidade
de vida em voz ruim. Desta forma, observou-se que o escore de domínio
físico implica na pior QVV e com médio impacto na QVV.
O pior aspecto da qualidade de vida em voz mais observado em todas
as escola foi o domínio físico, ficando com média geral de 69,94%, nas
escolas A, B e C, 64,88%, 77,24% e 67,7% respectivamente.
Não foi observada nenhuma barreira protetiva com repercussão
acústica nas escolas (muro baixos e/ou degradados=66,7% ou grades de
ferro= 33,3%), ratificando a não existência de planejamento arquitetôni-
co e acústico que visem proteção contra ruídos oriundos da parte externa,

41
em prol das escolas. O registro acústico interno à escola ficou com média
de 80dB, com médias individuais também muito altas 85 dB, 80 dB, 75
dB – escolas A, B e C, respectivamente.
Quanto à observação da estrutura física, paredes, forro, presença
de ar condicionado, ventiladores, e estado de conservação, porém com
materiais que não absorvem o som, como cerâmica, que o refletem
causando reverberação.
A partir destes resultados, foi possível verificar que as escolas avaliadas
possuem índices elevados de ruído nas salas de aula, sendo os mais preju-
diciais, e por haver relação S∕N positiva, se torne mais difícil a percepção do
docente em relação à competição sonora e, por conseguinte o surgimento
de disfonias funcionais primárias por modelo vocal deficiente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou evidências sobre as possíveis correlações entre


disfonia em professores e a estrutura física da sala de aula. Foi possível
observar que professores não tem preparo/formação para perceber suas
alterações vocais, desta forma cometem abuso vocal diariamente. Quanto
ao ambiente, este de fato possui características bastante desfavoráveis à
pratica docente, sendo necessário providencias arquitetônicas de adequa-
ção, além da inserção da Fonoaudiologia Educacional na promoção da
saúde vocal na formação docente.
Percebe-se além de agravos vocais e auditivos, prejuízos nas habilida-
des cognitivas e de aprendizagem dos alunos, no processo comunicativo
para ensino e no mau uso vocal do professor.
Sendo o ruído um grande causador de agravos em vários aspectos
na sala de aula, prejudicando a saúde geral do professor, cabe para pes-
quisas futuras a relação entre a aprendizagem destes alunos com o nível
de ruído existente.

42
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44
APÊNDICE - 1
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇOES ESTRUTURAIS DA SALA DE AULA

01 - ÁREA DA SALA DE AULA:


• COMPRIMENTO _________________________________________
• LARGURA _______________________________________________
02 - RUÍDO DE FUNDO:
• INTENSIDADE DORUÍDO EXTERNO AO AMBIENTE ESCOLAR:
FRETE____________________________________________________
LATERALESQUERDA_______________________________________
LATERALDIREITA__________________________________________
FUNDO___________________________________________________
• INTENSIDADE DO RUÍDO INTERNO AO AMBIENTE ESCOLAR:
__________________________________________________________
• INTENSIDADE DO RUÍDO INTERNO ÀSALA DE AULA :
__________________________________________________________
03 - QUATIDADE DE ALUNOS POR SALA:
_________________________________________________________
04 - FAIXA ETÁRIA DOS ALUNOS:
__________________________________________________________
05 - COMPETIÇÃO SONORA INTERNA E EXTERNA À SALA DE AULA E A ESCOLA
• AR CONDICIONADO:
PRESENTE ( ) MODELO__________________________________
ANO DE FABRICAÇÃO ____________________________________
DATA DAÚLTIMA MANUTENÇÃO___________________________
VISUALLIMPO____________________________________
PEQUENA QUANTIDADE DE SUJEIRA
( ) MÉDIA ( ) GRANDE ( ) AUSENTE ( )
• VENTILADOR:
PRESENTE ( )
ANO DE FABRICAÇÃO _______________________________
DATA DA ÚLTIMA __________________________________
VISUAL LIMPO____________________________________________________
PEQUENA QUANTIDADE DE SUJEIRA
( ) MÉDIA ( ) GRANDE ( )AUSENTE( )

45
• RUÍDO DE AERONAVES
PRESENTE()
DISTÂNCIAAPROXIMADA: ENTRE 10 A 50 KM ( ) ENTRE 50 A 100 KM( )
ENTRE 100 A 2OO KM ( )AUSENTE( )
• GINÁSIOS PLIESPROTIVOS
PRESENTE ( ) AUSENTE( )
• TRÁFEGO INTENSO DE AUTOMÓVEIS
PRESENTE ( )AUSENTE( )
06 - REVERBERAÇÃO DA SALA:
• ESPESSURA DA PAREDE DA SALA:
GROSSA: TIJOLOS ( ) OUTRO
MATERIAL____________________________________
FINA : DIVISÓRIA DE GESSO ( ) OUTRO MATERIAL
____________________________
• ASPECTOS FÍSICOS DE REVESTIMENTO:CHAPISCO ( )CIMENTO ( )LISA ( )
CERÂMICA ( )
• JANELAS: PRESENTE ()AUSENTE( )
• TIPO DAS JANELAS:MADEIRA ( )VIDRO ( )FERRO ( )
• TAMANHO DAS JANELAS:GRANDES ( )MÉDIAS ( )PEQUENAS ( )
• TETO: FORRO ( ) FORRO DE GESSO ( )PVC ( )MADEIRA ( )LAGE ( )
TELHADO ( )
07 - DISTÂNCIA ALUNO/
PROFESSOR:______________________________________________
08 - INTENSIDADE DA VOZ DO
PROFESSOR:_______________________________________
09 - LOCALIZAÇÃO DA SALA DE AULA: ___________________________________
10 - QUADRO UTILIZADO:
• ACRÍLICO ( )
• QUADRO-NEGRO( )
11 - HIGIENE DA SALA:
• EMPOEIRADO ( )
• PRESENÇA DE MOFO ( )
• UMIDADE ( )
12 - USO DE SUPORTE PARA VOZ:
• MICROFONES ( ) CAIXA DE SOM ( )

46
13 - OUTRAS
OBSERVAÇÕES:_________________________________________________
_______________________________________________________________

ANEXO - 1
PROTOCOLO DE QUALIDADE DE VIDA EM VOZ – QVV
HOGIKYAN, SETHURAMAN 1999
VALIDADO POR GASPARINI, BEHLAU 2006.
NOME_____________________________________________DATA________
SEXO____________________IDADE_________________________________
PROFISSÃO_____________________________________________________

Na tentativa de compreendermos melhor como um problema de voz pode interferirnas


atividades de vida diária. Apresentamos uma lista de possíveis problemas relacionados à
voz. Por favor, responda a todas as questões baseadas em comosua voz tem estado nas duas
últimas semanas. Não existem respostas certas ou erradas.

Para responder ao questionário, considere tanto a severidade do problema como


sua frequência de aparecimento, avaliando cada item abaixo de acordo com aescala
apresentada. A escala que você irá utilizar é a seguinte:

1= nunca acontece e não é um problema


2= acontece pouco e raramente é um problema
3= acontece às vezes e é um problema moderado
4= acontece muito e quase sempre é um problema
5= acontece sempre e realmente é um problema ruim

Por causa de minha voz, o quanto isto é um problema

1. Tenho dificuldades em falar forte (alto) ou ser ouvido...........................1 2 3 4 5


em ambientes ruidosos
2. O ar acaba rápido e preciso respirar muitas vezes................................1 2 3 4 5
enquanto eu falo
3. Não sei como a voz vai sair quando começo a falar..............................1 2 3 4 5
4. Fico ansioso ou frustrado (por causa da minha voz)..............................1 2 3 4 5

47
5. Fico deprimido (por causa da minha voz)...............................................1 2 3 4 5
6. Tenho dificuldades ao telefone (por causa da minha..............................1 2 3 4 5 voz);
7. Tenho problemas para desenvolver o meu trabalho..............................1 2 3 4 5
minha profissão (pela minha voz)
8. Evito sair socialmente (por causa da minha voz)...................................1 2 3 4 5
9. Tenho que repetir o que falo para ser compreendido............................1 2 3 4 5
10. Tenho me tornado menos expansivo (por causa da minha voz)..........1 2 3 4 5

COMO CALCULAR ESCORES DO PROTOCOLO QVV

O escore geral de um protocolo é calculado de acordo com o seguinte algoritmo:


100 – (escore bruto - # itens no domínio ou total) X 100
(maior escore bruto possível - # itens)

Assim, o escore total do QVV, correspondente aos itens de 1 a 10, é


calculado da seguinte forma:
100 – (escore bruto - 10) X 100
(50 – 10)

Por sua vez, o escore do domínio sócio-emocional, que correspondente aos itens 4, 5, 8 e
10, é calculado assim:
100 – (escore bruto - 4) X 100
(20 – 4)

Já o escore do funcionamento físico, correspondente aos itens 1, 2, 3, 6, 7 e 9 é calculado


de acordo com o seguinte algoritmo:
100 – (escore bruto - 6) X 100
(30 – 6)

48
PARÂMETROS ASSISTENCIAIS DA
FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR PARA
ADULTOS E IDOSOS

Táyla Milena Costa dos Santos, Marta Maria da Silva Lira-Batista,


Ruth Raquel Soares de Farias, Márcia Solange dos Santos de Araújo,
Galba Maria Martins Holanda Torres de Sá

1 INTRODUÇÃO

O Fonoaudiólogo insere-se no ambiente hospitalar atuando de forma


inter e multidisciplinar e esta atuação visa à prevenção, diagnóstico e rea-
bilitação dos pacientes com sequelas da comunicação oral e das funções
estomatognáticas (mastigação, deglutição, sucção, respiração), decorren-
tes de traumas, cirurgias e lesões, abreviando o tempo de internação e
promovendo o bem estar do indivíduo, o que reduz o percentual de mor-
bidade (BARROS et al., 2000; FURIA, 2003).
De acordo com o Departamento de Informática do SUS- DATASUS
(2016), com relação à morbidade hospitalar do Sistema Único de Saúde
(SUS) no Piauí, só no mês de agosto de 2016, ocorreram 276 casos de
internação por Acidente Vascular Cerebral (AVC) não específico (hemor-
rágico ou isquêmico) e 216 internações por traumatismo intracraniano.
Ambas as etiologias apresentam sequelas muito incapacitantes, desde a
comunicação oral até as funções vitais como deglutição e respiração que
necessitam de acompanhamento fonoaudiológico.
Segundo informações contidas no site oficial do Conselho Federal de
Fonoaudiologia, atualizado em agosto de 2016, o estado do Piauí possui

49
518 profissionais de atuantes para uma população estimada no mesmo
ano segundo o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
3.212.180 habitantes, resultando em uma taxa de 1,6 Fonoaudiólogos a
cada 10000 habitantes. Tendo em vista estes dados supracitados, supõe-se
que a quantidade de possíveis profissionais atuantes na área hospitalar é ir-
risória em comparação a quantidade populacional tendo em vista que mui-
tos destes profissionais atuam em Unidade de Saúde e consultórios clínicos.
Diante da relevância do Fonoaudiólogo no atendimento de pacientes
no ambiente hospitalar e, mais especificamente, nos leitos das Unidades
de Terapia Intensiva (UTI) e Enfermarias, esta pesquisa visou conhecer a
prevalência de profissionais de Fonoaudiologia por leito de UTI e enfer-
marias para pacientes adultos e idosos realizando a mensuração da quan-
tidade de Fonoaudiólogos por leito de UTI e enfermarias, quantificando
o desvio entre as informações registradas no site do Cadastro Nacional de
Estabelecimento de Saúde (CNES) e as informações efetivamente realiza-
das e avaliando se a quantidade de profissionais atuantes é adequada para
a possível demanda existente.
Pacientes com restrição de comunicação, alimentação por via oral
e dependentes de ventilação, passam mais tempo na UTI. Conhecer
a quantidade de profissionais atuantes é o primeiro passo para com-
preender a dinâmica da demanda, alocação dos recursos humanos e
possuir melhor embasamento para a reivindicação do campo de atua-
ção profissional.
Esta pesquisa é de campo, caracterizada como descritiva, quantitati-
va, retrospectiva.

2 METODOLOGIA

Foram incluídos os seguintes tipos de estabelecimentos por conterem


leitos de UTI e/ou enfermarias destinadas a adultos e idosos baseando-se
na classificação do DATASUS (2016): Hospital Geral, Hospital Especia-
lizado, Unidade Mista, Pronto Socorro Geral, Pronto Socorro Especiali-
zado, Hospital/ Dia Isolado, Clinica/Centro de Especialidade, Centro de
atenção psicossocial e Central de Notificação, Captação e Distribuição de
Órgãos do Estado (DATASUS, 2016).

50
Foram excluídos os demais estabelecimentos de saúde registrados no
Ministério da Saúde, por não conterem leitos de UTI e/ou enfermarias
destinadas a adultos (DATASUS, 2016).
As UTI’s selecionadas foram as com classificação adultos tipo II e
III devido estas se encontrarem em conformidade com a Portaria GM
nº 3.432/98.
Esta Portaria define os tipos de UTI e o que é necessário para que
estas funcionem de forma adequada. No caso das UTI’s tipo II é exigido
uma equipe com especialização em medicina intensiva composta por téc-
nicos, enfermeiros, médico sendo estes dimensionados um profissional
por dez pacientes/leitos ou fração, profissionais de nível médio e acesso a
cirurgiões. Além disso, a portaria exige equipamentos, exames, humani-
zação, estrutura hospitalar, especificas e detalhadas (BRASIL, 1998).
As UTI’s tipo III, além de todos os requisitos estabelecidos pela
Portaria para a UTI tipo II, necessitam de estrutura diferenciada, exa-
mes específicos e profissionais com especialização de medicina re-
conhecida pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)
(BRASIL, 1998).
O estudo foi caracterizado por duas etapas. Inicialmente foi realiza-
da uma pesquisa no site do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de
Saúde (CNES), na qual foram coletadas informações (dados secundários)
sobre a quantidade de leitos de enfermarias e UTI adulta tipo II e III, e a
quantidade dos respectivos Fonoaudiólogos atuantes, nos tipos de estabe-
lecimento anteriormente citados.
Nesta etapa da pesquisa foram colhidos os dados no site CNES refe-
rentes aos hospitais pré-selecionados. O site possui uma versão antiga e
uma versão atual. Por praticidade e melhor desempenho foi escolhida a
utilização da versão atual.
O site em si é possui varias informações que são disponíveis para
acesso ao publico e estas informações encontram-se subdivididas em
abas. Para uma busca eficaz o site possui abas que fornecem a pesquisa da
quantidade de leitos, profissionais, fluxo de clientela, hierarquia, tipos de
estabelecimentos, entre outros. Nesta pesquisa foram utilizadas as abas
referentes aos leitos e tipos de estabelecimentos, localizadas no site na
barra superior em relatório.

51
A aba referente à classificação de leitos foi utilizada em nossa pes-
quisa para delimitação dos tipos de estabelecimentos que possuíam leitos
para pacientes adultos. Nesta aba é selecionado o estado e município o
qual deseja-se pesquisar e são relatados todos os leitos existentes, SUS e
não SUS, nas áreas: cirúrgica, clínico, complementar, obstétrico, pediátri-
co, outras especialidades e hospital dia, sendo que cada área possui va-
rias subáreas. Foram utilizadas as seguintes: Clinico- todas suas subáreas;
Complementar- UTI Adulto tipo II e III; Obstétrico- Obstetrícia Clinica;
Hospital Dia- todas suas subáreas. As demais áreas não foram utilizadas,
devido os critérios de inclusão e exclusão do trabalho.
Na aba tipo de estabelecimentos, selecionado o estado (Piauí) e mu-
nicípio (Teresina) o qual desejou-se pesquisar, com competência de ju-
nho de 2017 (06/2017) e foram relatados os estabelecimentos de saúde
existentes, públicos e particulares, subdivididos em seus tipos, os quais
foram selecionados de acordo com o critério de inclusão desta pesquisa.
Na segunda etapa a coleta foi feita através de ligações e/ou visitas
in loco, onde foram confirmadas as informações colhidas no site CNES
referentes à quantidade de leitos de enfermarias e UTI e profissionais
atuantes. Os valores de leitos e profissionais cadastrados forma forneci-
dos pelos Recursos Humanos ou Diretoria Geral dos referentes hospitais
que aceitaram participar da pesquisa.
Para avaliar a possível demanda de pacientes existente para profis-
sionais de Fonoaudiologia, serão colhidos dados no site Tabnet DataSUS-
Informações de Saúde (2017), no período de janeiro a junho no mencio-
nado ano, em Teresina-PI, referentes ao número de internações e a média
de permanência, de pacientes (acima de 15 anos de idade) que apresen-
tavam como diagnóstico no Código Internacional de Doenças- CID as
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT’s) sendo relacionadas as
que mais necessitam de acompanhamento fonoaudiológico, pelas condi-
ções de alta morbidade.
Entre os riscos da pesquisa cita-se a possibilidade do participante se
sentir constrangido em algum momento com o risco de violar o sigilo das
informações (isto só ocorrerá por acidente, pois o pesquisador assegura
seguir todas as normas constantes na Res. Nº466/12 CNS/MS) ou mesmo
sua identidade for revelada; risco da pesquisa não ser desenvolvida de-

52
vido a problemas como: o hospital recusar-se a participar da pesquisa, o
site CNES ficar fora do ar, o site CNES ser hackeado.
Caso ocorra algum desses riscos o pesquisador se propôs a dar assis-
tência ao participante da pesquisa: assistência imediata- é aquela emer-
gencial e sem ônus de qualquer espécie ao participante da pesquisa, em
situações em que este dela necessite; e assistência integral é aquela pres-
tada para atender complicações e danos decorrentes, direta ou indireta-
mente, da pesquisa (BRASIL, 2012).
Os hospitais poderiam recusar a sua participação a qualquer momen-
to. Foram utilizados dados do DATASUS para catalogar todas as institui-
ções municipais, estaduais e federais participantes da pesquisa, através
do site CNES.
O projeto foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-
quisa, com número do CAAE 76709417.5.0000.5211 O estudo também
se respalda com o aceite da Fundação Municipal de Saúde e Secretaria de
Estado da Saúde do Piauí para a execução nos hospitais públicos.
Este estudo seguiu todas as normas e prerrogativas legais estabele-
cidas no Conselho Nacional de Saúde por meio da Portaria, que rege os
aspectos éticos (BRASIL, 2012).
Os dados coletados foram armazenados em uma planilha eletrônica,
no programa Microsoft Excel e apresentados em forma de gráficos.
Após a coleta de dados todo o material foi submetido à análise es-
tatística com os testes do x²: análise descritiva da amostra; cálculo do
desvio entre as informações do CNES/ informações realizadas; cálculo de
prevalência simples.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 PRIMEIRA ETAPA- PESQUISA NO SITE CNES

De acordo com o Organograma 01 pode-se visualizar que foram sele-


cionados 36 (trinta e seis) tipos de estabelecimentos dentre os 987 (nove-
centos e oitenta e sete) cadastros no CNES em Teresina, Piaui.
Há uma prevalência maior de hospitais gerais (Gráfico 01), pois estes
apresentam maior variabilidade de quadros de saúde dos pacientes, sendo

53
a prevalência do profissional de Fonoaudiologia relevante neste tipo de
estabelecimento, assim como nos outros.
Este profissional pode se fazer presente em diversos estabelecimentos
de saúde atuando em diversas modalidades. Cita-se como exemplo atua-
ção do profissional em centros de atenção psicossocial, um dos estabeleci-
mentos de saúde encontrado no Gráfico (01) selecionado para o referente
estudo. Esta atuação está regida pela Portaria n° 224 de 1992, onde o profis-
sional atua participando de uma equipe multiprofissional (BRASIL, 1992).

Organograma 01 – Apresentação geral de dados coletados no site CNES, 2017.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017. Modificado pela autora (SANTOS, 2017).

54
O profissional de Fonoaudiologia pode atuar no CAPS infantis vi-
sando à aquisição de linguagem e possíveis alterações na linguagem
expressiva. No CAPS Ad (álcool e drogas) o profissional atua obje-
tivando as relações interpessoais e (re) inserção no ambiente social.
(ALMEIDA, 2014).

Gráfico 01 - Tipos de estabelecimentos selecionado no site


CNES de acordo com seu perfil assistencial.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.


Modificado pela autora (SANTOS; LIRA-BATISTA, 2017).

Os gráficos 01 e 02 demonstraram o quantitativo e os tipos de esta-


belecimentos selecionados assim como dimensiona quantos são públi-
cos e privados.
Hospitais gerais (públicos e privados), devido à sua natureza, rece-
bem maior diversidade etiológica de pacientes. No estudo de Nogueira et
al. (2011), no período de abril a junho de 2010 foi observado prontuários
de 229 (duzentos e vinte e nove) que utilizavam via alternativa de alimen-
tação em enfermarias adultas de um hospital geral.
Ao final da pesquisa constatou-se havia ausência de profissionais de
Fonoaudiologia efetivos, fator que contribuiu significativamente para o
elevado número de pacientes que utilizavam destas vias de alimentação
por não terem acompanhamento com este profissional.

55
Um estudo realizado em 2011 no site CNES apresentou que dos
20.390 profissionais de Fonoaudiologia cadastrados somente 0,34%
(n=0,06) atuavam na área hospitalar. Neste mesmo estudo os autores
ressaltam que este número é insuficiente para compreender a demanda
existente (COSTA; GUIMARÃES, 2012).

Gráfico 02 - Divisão dos estabelecimentos de saúde, segundo a esfera administrativa.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.


Modificado pela autora (SANTOS; LIRA-BATISTA, 2017).

Em uma pesquisa publicada em 2017 sobre a oferta de Fonoaudiólo-


gos na rede publica na região nordestina, a capital de Teresina apresenta-
va 10 Fonoaudiólogos cadastrados no site CNES no ano de 2014 para uma
população estimada em 840.600 (oitocentos e quarenta mil e seiscentos)
habitantes (SANTOS et al., 2017).
O mesmo estudo verificou que ainda que mesmo com a evolução no
número de profissionais de Fonoaudiologia a proporção para a popu-
lação ainda era insuficiente o que poderia restringir ou até impossibi-
litar o acesso da população aos serviços prestados por este profissional
(SANTOS et al., 2017).
Deve-se ter em vista que uma vez que há profissionais de reabilitação
atuantes, ocorrem mais altas e as taxas de mortalidade reduzem assim
como a rotatividade de atendimentos dos pacientes.

56
Gráfico 03 - Quantidade de Fonoaudiólogos atuantes, segundo o CNES.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.


Modificado pela autora (SANTOS; LIRA-BATISTA, 2017).

No corrente ano, em Teresina, para uma população estimada em


850.198 (oitocentos e cinquenta mil cento e noventa e oito) - habitantes
dados colhidos do site IBGE- há um quantitativo de 28 (vinte e oito) pro-
fissionais de Fonoaudiologia atuantes na área hospitalar, como dispos-
to no Gráfico (03), tanto na rede pública quanto privada, resultando em
uma média de oferta de 3,2 x10-2 (0.0329) profissionais por habitante da
capital. Assim pode-se perceber que o quantitativo de profissionais para
a população ainda é irrisória.
É importante ressaltar que o site CNES não determina quais profis-
sionais trabalham exclusivamente com pacientes adultos ou pediátricos,
apenas quanto a sua carga horária destinada para ambulatório ou interna-
ção. Profissionais que não apresentavam carga horaria hospitalar foram
excluídos desta pesquisa.
Entre as décadas de 40 e 60, o Brasil reduziu pela metade a taxa bru-
ta de mortalidade apresentando um decréscimo de aproximadamente
61%. O processo de transição epidemiológica, que iniciou-se na segunda
metade do Século XX, é caracterizado por uma redução nas principais
etiologias de morte (doenças respiratórias, infecciosas e parasitárias), que
são substituídos por um conjunto formado por patologias relacionadas a

57
degeneração do organismo por meio do envelhecimento, câncer, doenças
cardiorrespiratórias, também conhecidas como as Doenças Crônicas Não
Transmissíveis- DCNT (ALBUQUERQUE; SILVA, 2015).

Gráfico 04 – Internações Hospitalares e Média de permanência


por DCNT- 1° semestre de 2017.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.


Modificado pela autora (SANTOS; LIRA-BATISTA, 2017).

As DCNT são as principais causas de morte desde 2008 e possuem maior


ocorrência em pessoas com idade inferior a 60 anos. Esta transição impõe
desafios a vários setores revelando a necessidade de ampliação da oferta de
serviços relevantes para estas patologias, ainda mais no Brasil, tendo em vis-
ta que o país possui uma população com índice de envelhecimento rápido e
só evolui, o que exige um novo modelo de atenção à saúde. (BRASIL, 2011).
Elas também apresentam alto grau de morbidade, o que reduz significati-
vamente a qualidade de vida do paciente devido ás constantes internações
hospitalares e cuidados multiprofissionais intermediários/avançados.
A presença do profissional de Fonoaudiologia promove a diminuição
das sequelas de diversa patologias promovendo assim a alta hospitalar
mais precoce, reduzindo o tempo de internação, proporcionando a dimi-

58
nuição da taxa de reinternações, melhorando a qualidade de vida do pa-
ciente e resultando também na redução de custos operacionais na gestão
hospitalar (NOGUEIRA, 2015).
No ano de 2005, segundo os dados do Ministério da Saúde, obser-
vou-se no nordeste uma taxa de internações hospitalares no SUS por gru-
pos de causas de: 4,4% para neoplasias, 7,5% para doenças do aparelho
circulatório e 13,8% para doenças do aparelho respiratório, que são as
principais DNCT (REDE, 2008).
Nos casos de neoplasias o tratamento muitas vezes é cirúrgico, sen-
do realizadas as Laringectomias. Esse procedimento tem como objetivo
manter a funcionalidade laríngea no que se refere à ventilação pulmo-
nar, proteção de vias aéreas inferiores, fonação e deglutição (ABBUD;
KATAYAMA; MENEZES, 2013).
Independente do tipo de laringectomia, o procedimento como con-
sequência alterações vocais, presença de traqueostomia (passageira ou
definitiva) e diferentes graus de disfagia (AGUIAR- RICZ; FOUQUET,
2014). Nestes casos encontra-se a disfagia mecânica que acarreta em per-
da sensorial e /ou muscular das estruturas responsáveis pelo processo de
deglutição (FURIA, 2014).
Quando o tratamento é cirúrgico a intervenção fonoaudiológica é de
extrema relevância, pois auxilia o paciente nos aspectos comunicativos
e nas funções orais, proporcionando a reintegração deste indivíduo no
meio social e profissional (FOUQUET, 2013).
A Portaria N° 140 de 2014, que propõe os critérios essenciais para
atenção especializada em oncologia, define no Art. 18, inciso V que deve
haver um profissional de Fonoaudiologia dentro da equipe multiprofis-
sional com o objetivo de atender estes pacientes em ambulatórios e uni-
dades de internação (BRASIL, 2014).
Entre as doenças do aparelho circulatório destaca-se o AVC, que pos-
sui como principais sequelas as alterações nas áreas de fala, linguagem
e deglutição. A disfagia é considerada como uma morbidade frequente-
mente associada após o AVC e sua presença é associada a um grande ris-
co de complicações pulmonares e mortalidade, com sinais/sintomas mais
comuns a tosse, regurgitação nasal, emagrecimento e outros (OKUBO,
2008; MARTINO et al., 2005 tradução nossa).

59
A Portaria N° 665 de 2012 ao dispor sobre a habilitação dos centros
de referência de urgência para pacientes acometidos por AVC, propõe
que estes indivíduos tenham suporte diário de Fonoaudiólogos e ainda
dimensiona estes profissionais, sendo um Fonoaudiólogo para cada dez
leitos por turno (BRASIL, 2012).
A atuação fonoaudiológica na assistência de pacientes com patolo-
gias pulmonares crônicas é de extrema importância tendo em vista que
a presença de disfagia neste casos é um fator de risco considerável que
pode provocar a exacerbação da doença, trazendo como consequência
internações hospitalares frequentes (COSTA, 2012).
Segundo Faria et al. (2013) a atuação do Fonoaudiólogo no am-
biente hospitalar tem tomado cada vez mais espaço em decorrência do
aumento das DCNT, que possuem como uma de suas principais con-
sequências a disfagia. Além disso este profissional pode atuar também
em outras sequelas decorrentes destas patologias como alterações de
linguagem, fala e audição.
Diante da transição epidemiológica, percebe-se que as DCNT de-
mandam mais atendimentos clínicos e/ou hospitalares para a manuten-
ção da qualidade de vida, sendo necessário um número crescente de pro-
fissionais de reabilitação, dentre eles o Fonoaudiólogo.
No que se refere à média de permanência hospitalar registrada no
Gráfico (04), pode-se comparar os dados coletados com um estudo reali-
zado por Lira- Batista et al. (2016) com 416 pacientes, observou-se uma
média de permanência na UTI de 16,1 dias, a qual se assimila com a mé-
dia apresentada no Gráfico (04). O estudo também observou uma taxa de
reinternações na UTI variando entre 12,3% a 42,9% o que deve-se a vários
fatores como por exemplo idade avançada e presença de comorbidades.
Destes estabelecimentos selecionados totalizaram-se 1617 leitos, sendo
83% (n=1338) SUS, os quais apresentam-se subdivididos no Gráfico (05).
Segundo dados coletados em 2005, no Ministério da Saúde e IBGE,
a proporção de número de leitos por 1.000 habitantes no nordeste era
de 1,0 leitos públicos por habitante e 1,2 leitos privados por habitante
(REDE, 2008).
De acordo com os Indicadores e Dados Básicos (IDB) do Brasil,
que possui como fonte o Ministério da Saúde e o CNES, no período de

60
2010 na região metropolitana de Teresina haviam disponíveis 3,07 leitos
para cada 1,000 habitantes.

Gráfico 05 - Quantidade de leitos de enfermarias, segundo o CNES.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.


Modificado pela autora (SANTOS; LIRA-BATISTA 2017).

A disponibilidade de leitos hospitalares ofertados no Brasil em 2015


era de 2,2 leitos (públicos e privados) para 1.000 habitantes. Os valores de
países desenvolvidos são consideravelmente discrepantes da realidade do
país. Cita-se como exemplo países como Alemanha e Itália que possuem
6,2 e 3,9 leitos hospitalares disponíveis por 1.000 habitantes, respectiva-
mente (FIORENTINO et al., 2016), refletindo a qualidade no acesso ao
cuidado de alta complexidade.
O percentual de profissionais apresentam-se os mesmos no que se
refere a hospitais gerais e hospitais especializados, o que demonstra o
que foi apresentado no Gráfico 03, que a quantidade de Fonoaudiólogos
atuantes em hospitais especializado é o dobro ao se relacionar com os
hospitais gerais, sendo que estes últimos apresentam um número, apro-
ximadamente, 4 vezes maior de estabelecimentos e de leitos (Gráfico 05).

61
Os prontos socorros gerais apesar de apresentarem um número me-
nor de leitos e não apresentarem UTI, quando comparados aos prontos
socorros especializados apresentam o mesmo percentual de dimensão fo-
noaudiológica, pois o primeiro apresenta um numero maior de profissio-
nais Fonoaudiólogos atuantes.

Gráfico 06 - Dimensionamento de Fonoaudiólogos por leitos de Enfermaria


(públicas e privadas).

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.


Modificado pela autora (SANTOS; LIRA-BATISTA, 2017).

Alguns tipos de estabelecimentos, como Unidade Mista, Pronto So-


corro Geral, Centro de Atenção Psicossocial, Clínica/ Centro de Especia-
lidade, por sua própria definição, estrutura e grau de complexidade não
necessitam, ou não podem abranger, leitos de UTI em decorrência das
exigências necessárias para que se possam instalar unidades como estas
nos hospitais. O gráfico (07) apresenta o quantitativo de leitos de UTI nos
estabelecimentos de saúde selecionados.

62
Gráfico 07 - Quantidade de leitos de UTI tipo II e tipo III, segundo o CNES.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.


Modificado pela autora (SANTOS; LIRA-BATISTA 2017).

Em decorrência da Portaria n° 3432 de 1998, exigir tantos pré-requi-


sitos para instalação de UTI tipo III, e devido o seu alto grau de comple-
xidade, até o mês de julho de 2017 só existia um tipo de estabelecimento
que possuía este tipo de UTI como demonstrado no Gráfico (07).
Em um estudo realizado por Lira-Batista (2016) em Teresina- PI,
haviam registrados no site CNES 957 estabelecimentos de saúde dos
quais 17 eram hospitais gerais e apenas 05 possuíam UTI adulta tipo II
e III sendo que dos 56 leitos disponíveis para estas unidades 68% (n=38)
eram pertencentes a instituições públicas.
O Gráfico (08) demonstra a porcentagem de Fonoaudiólogos
por leitos de UTI existentes e pode-se inferir que este percentual
é ínfimo chegando ao ponto de ser inexistente, desrespeitando as
diversas normas referentes à quantidade ideal de profissionais em
leitos de UTI, como a RDC 07/10, RDC n° 50 de 2002 e o parecer do
Crefono 8 n° 0001 de 2011.
Em uma pesquisa realizada por Lira-Batista (2016) utilizando a esca-
la ASHA-NOMS com pacientes internados na UTI, a taxa de gravidade
apresentada pelos pacientes foi de 0,91, ou seja, a cada dez leitos 5,4 re-
queriam acompanhamento fonoaudiológico.

63
O profissional de Fonoaudiologia deve-se fazer presente dentro dos
ambientes de UTI’s, pois entre suas várias contribuições, este pode atuar
promovendo de comunicação efetiva, reintrodução de via oral com segu-
rança, retirada da via alternativa de alimentação, além de atuar aceleran-
do o processo de decanulação, além de ser respaldado pela RDC 07/10 e
parecer do CRFa 8° região 01/2011.

Gráfico 08 - Dimensionamento de Fonoaudiólogos por leitos de UTI tipo II e III.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017. Modificado pela autora (SANTOS, 2017).

Esse processo é complexo e exige a atuação de uma equipe multi-


disciplinar para que ele ocorra de forma segura. O Fonoaudiólogo está
entre os profissionais mais envolvidos no processo de decanulação nas
UTI´s em conjunto com o médico, fisioterapeuta, enfermeiro e nutricio-
nista (TEIXEIRA, 2014). O profissional neste processo tem como objeti-
vo principal promover uma deglutição segura e eficaz, proteção de vias
aéreas inferiores (COSTA et al., 2016).
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) propõe
que o protocolo de decanulação inicie pela avaliação do médico, fisio-

64
terapeuta e Fonoaudiólogo e em seguida inicie a desinsuflação do cuff e
o inicio dos outros procedimentos de avaliação, monitoramento e adap-
tação (EBSERH, 2015).

3.2 SEGUNDA ETAPA- CONFIRMAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES

Gráfico 09 - Quantidade de instituições que aceitaram participar da pesquisa.

Fonte: Produzido pela autora (SANTOS, 2017).

Na segunda etapa foi realizada a coleta in loco para a confirmação de


todos os dados colhidos no site CNES.
Recusaram sua participação na pesquisa três hospitais gerais (dois
públicos e um privado), um hospital especializado (privado) e um a cli-
nica/centro de especialidade (privado). Foram visitados e não obteve-se a
confirmação dos dados, pois estes não apresentaram resposta de aceite ou
recusa de participação na pesquisa os seguintes tipos de estabelecimen-
tos: seis hospitais gerais, um hospital especializado, dois prontos socorros
gerais e um pronto socorro especializado.
Os gráficos referentes à segunda etapa apresentados neste trabalho
restringem-se somente aos estabelecimentos de saúde que aceitaram par-
ticipar da pesquisa (Gráfico 09), excluindo-se assim as informações cole-
tadas no site CNES referente às outras instituições.
Em muitas instituições há a presença do profissional de Fonoaudio-
logia, porém estes atuam na área ambulatorial, ou atuam somente na área

65
pediátrica ou são profissionais de outras instituições, muitas vezes de en-
sino, não vinculados aos estabelecimentos de saúde, que somente prestam
serviços quando são solicitados (terceirizados) e estes não foram conta-
bilizados neste estudo.

Gráfico 10 - Prevalência de Fonoaudiólogos atuantes na área hospitalar.

Fonte: Produzido pela autora (SANTOS, 2017).

Nas instituições onde não havia profissionais de Fonoaudiologia atuan-


tes, a equipe ou os gestores que receberam os pesquisadores ressaltavam
que seria de grande utilidade a presença do profissional no estabelecimen-
to, em decorrência de haver pacientes com sequelas nas áreas: comunicati-
vas, com patologias como surdez, demência, ausência de fala, acometidos
por Acidente Vascular Encefálico, pacientes entubados, entre outros.
Percebe-se que o percentual de leitos referentes às enfermarias (Gráfico
11), não foi tão discrepante aos dados coletados no CNES, ao se comparar
com os gráficos referentes a Fonoaudiólogos atuantes e leitos de UTI.
A assistência fonoaudiológica nos leitos de enfermaria é relevante
tendo em vista que este pode realizar triagens com os pacientes além de
muitas vezes haver a necessidade de acompanhamento de pacientes após
a saída das UTI’s.

66
Gráfico 11 - Total de leitos de enfermaria in loco- Confronto com dados do CNES.

Fonte: Produzido pela autora (SANTOS, 2017).

Em um estudo realizado por Padovani e Andrade (2007), com 23 pa-


cientes em um hospital, observou-se a necessidade em 39% (n=8,97) dos
casos de dar continuidade ao tratamento fonoaudiológico na enfermaria.
O fonoaudiólogo deve-se fazer atuante em leitos de enfermaria tendo
em vista que muitas vezes o paciente possui intervenção do profissional
nos leitos de UTI e em seguida são direcionados as enfermarias (RAMOS
E SILVA et al., 2016), onde este acompanhamento deve continuar.
Todos os estabelecimentos que aceitaram fazer parte da pesquisa pos-
suem leitos de enfermaria, porém só foram ressaltados no Gráfico (12)
aqueles que possuíam Fonoaudiólogos. Observa-se que a prevalência de
profissionais atuantes é inferior do que a informada no CNES. Isso pode
ocorrer por motivos, ainda não descritos ao site, como: Aposentadoria
dos profissionais, remanejamento, convocações retardadas, atualização
do sistema e outros.
A necessidade fonoaudiológica em ambientes hospitalares é eviden-
ciada tendo em vista a quantidade de referências literárias na faixa etária
adulta, ressaltando a importâncias de indicadores fonoaudiológicos para
atuação profissional.

67
O gráfico retirado de um estudo de revisão bibliográfica, identifi-
cou artigos publicados cujo tema principal era a prevalência de disfagia
(Imagem 01). O autor do estudo evidenciou que cerca de dois terços da
literatura da disfagia está escrita sobre adultos com mais de 50 anos de
idade (RODEN; ALTMAN, 2013).

Gráfico 12 - Fonoaudiólogos atuantes por total de leitos de enfermarias existentes


Confronto com dados do CNES.

Fonte: Produzido pela autora (SANTOS, 2017).

Na Central de notificação os leitos de UTI tipo III apresentados no


Gráfico (13) são disponibilizados aos pacientes independente de serem
advindos por meio do SUS ou particular.
A presença fonoaudiológica no ambiente de Terapia Intensiva é de
grande relevância tendo em vista que a fonoterapia é uma grande ferra-
menta auxiliadora no tratamento de pacientes nas UTI’s com disfagias
(ALBUQUERQUE, 2014).
Segundo um estudo realizado com 23 pacientes em UTI por Pado-
vani e Andrade (2007) na avaliação inicial 52,2% dos pacientes estavam
aptos a alimentar-se por via oral. Essa porcentagem aumentou para 91,3%
após intervenção fonoaudiológica, o que demonstra a eficácia e a necessi-
dade terapêutica destes profissionais dentro das UTI’s de forma contínua.

68
Em uma pesquisa realizada em um hospital de doenças infectocon-
tagiosas observou-se um predomínio de menor tempo de internação em
UTI (1 mês de internação) em pacientes que tiveram intervenção fonote-
rápica (RAMOS E SILVA et al. 2016).

Imagem 01- Quantidade de artigos publicados em disfagia, pela idade dos pacientes.

Fonte: Roden e Altman, 2013.

Gráfico 13 - Total de leitos de UTI tipo II e tipo III in loco


Confronto com dados do CNES.

Fonte: Produzido pela autora (SANTOS, 2017).

69
Percebe-se nos dados apresentados nos gráficos (13 e 14) que a pro-
porção de profissionais atuantes por leitos existentes é mínima ou inexis-
tente, o que se pode inferir que estes profissionais não conseguem atuar
de forma continua e detalhista com cada paciente nas instituições. A ine-
xistência de Fonoaudiólogos nas UTI’s é uma falta grave, pois desrespeita
a RDC 07/10.

Gráfico 14 - Fonoaudiólogos atuantes por total de leitos de UTI tipo II e tipo III existentes
Confronto com dados do CNES

Fonte: Produzido pela autora (SANTOS, 2017).

A presença do profissional de Fonoaudiologia de forma continua per-


mite melhor interação com a equipe além de monitorização precisa e eficaz
dos pacientes levando ao início terapêutico precoce (LIRA-BATISTA, 2016).
O Fonoaudiólogo que não pertence ao ambiente de forma diária (ro-
tina), não conhece o paciente de forma profunda, pois a história escrita se
diverge da história oral que possui uma riqueza maior em detalhes além
de contribuir para aproximação entre terapeuta e paciente.
Em um estudo realizado por Lira-Batista (2016) em um hospital uni-
versitário, onde havia acompanhamento intensivo de profissionais de Fo-
noaudiologia, observou-se maior interdisciplinaridade, além de cuidado

70
integral do paciente, levando em consequência ao menor tempo de inter-
nação na unidade e decanulação e reintrodução de via oral notoriamente
mais rápida e eficaz.
A Resolução do Conselho Federal de Fonoaudiologia n° 488 de 18 de
fevereiro de 2016 estipula os Parâmetros Assistenciais em Fonoaudiologia
e nesta resolução encontra-se um dimensionamento de profissionais de
Fonoaudiologia na área Hospitalar Adulta, assim como é apresentado no
Quadro (03).

Quadro 03 – Dimensionamento de profissionais de acordo com a


Resolução CFFa n° 488- Fonoaudiólogos na Área Hospitalar.

Paciente Serviços prestados Dimensionamento


Adolescente/Adulto Acolhimento, Avaliação, Até 8 clientes por período
12a 59a 11m 29dias Orientação.
Idoso Avaliação, Orientação Até 6 clientes por período
A partir 60 anos

Fonte: BRASIL, 2016; Modificado pela autora (SANTOS, 2017).

O documento determina a quantidade ideal de procedimentos fo-


noaudiológicos considerando um número de clientes a serem assistidos
em um período de 6 horas. Segundo ele o profissional pode flexibilizar os
parâmetros estabelecidos nos casos de clientes específicos.
Ao realizar o dimensionamento de profissionais devem ser levados
em consideração alguns parâmetros relevantes como o regime de traba-
lho no hospital (DJAIR, 2009).
Assim, devem ser avaliados como os profissionais de Fonoaudiologia
estão atuando no ambiente hospitalar, sua demanda, o tempo necessário
para avaliação de pacientes- principalmente os da UTI que encontram-se
em estado crítico- para que se possam definir estes parâmetros.
O perfil de atendimento na UTI é curto e com maior frequência, levan-
do em consideração o grau de complexidade do paciente. Pacientes inter-
nados neste ambiente, muitas vezes necessitam de variação de estímulos e
estratégias e por algumas vezes apresentarem tolerância reduzida ao tempo

71
de fonoterapia, necessitando de acompanhamento de intervenções curtas e
frequentes, mais de uma vez por dia (ALBUQUERQUE, 2014).
Na resolução anteriormente mencionada não há menção específica
para determinar os valores uma vez que há um parecer do Crefono 8 n°
0001 de 2011 que dimensiona a presença de, no mínimo, um Fonoaudió-
logo para cada dez leitos de UTI, ou fração, como os demais profissionais
de nível superior (CREFONO, 2011).
Há também outro ponto importante no atendimento em âmbito hos-
pitalar que deve ser levado em consideração. Nas admissões dos pacientes
o profissional de Fonoaudiologia deve realizar triagens com todos estes
- independentes de sua patologia- para verificar quais necessitaram de
fonoterapia, e estas triagens também são consideradas como consultas.
A resolução em questão deveria basear-se no estado e complexidade
do paciente atendido. Um dos sistemas de classificação de pacientes que
poderia ser adaptado para área da Fonoaudiologia Hospitalar, é o Instru-
mento de Fugulin, muito utilizado na área da enfermagem.

Imagem 02 - Instrumento de classificação de pacientes de Fugulin (modificado).

Fonte: Fugulin, Gaidzinski e Kurcgant, 2005.

Este instrumento, apresentado na Imagem (02), classifica o pacien-


te de acordo com sua complexidade assistencial. Ele é dividido em vá-

72
rias áreas como estado mental, alimentação, sinais vitais, entre outros, e
é realizado através de escores que define o paciente em: Cuidado míni-
mo, intermediário, alta dependência, semi-intensivo e intensivo (BRITO;
GURARDELLO, 2012).
Tal instrumento facilitaria o dimensionamento de pessoal, tal
como os profissionais de enfermagem e fisioterapia, e proporcionaria
maior qualidade no atendimento fonoaudiológico, tendo em vista que
o profissional poderia dedicar-se ao cuidado integral do paciente vi-
sando sua melhor qualidade de vida.
A Resolução n°543 de 2017 dimensiona os profissionais de en-
fermagem por horas/ leito. Por exemplo, para assistência intensiva é
calculado 18 horas de enfermagem (BRASIL, 2017).Deve-se ressaltar
que estes profissionais não trabalham com reabilitação, área que exige
muito mais tempo do profissional no leito.
Os profissionais de fisioterapia também possuem a Resolução n°
387 de 08 de junho de 2011 que define seus parâmetros em enferma-
rias (leito comum e unidades especializadas) e UTI’s de acordo com
o grau de cuidado que o paciente requer (cuidados mínimos, inter-
mediário, semi-intensivo e intensivo), sendo dividido em consultas
(anamnese, exames físicos e complementares) e atendimento por tur-
no de 6 horas (assistência individual) (BRASIL, 2011).
São exigidos: para pacientes de cuidados mínimos em enfermarias
com leitos comuns, dois profissionais para consultas e dez para aten-
dimento; para pacientes de cuidados intermediários em enfermarias
com leitos de unidades especializadas, dois profissionais para consul-
tas e oito para atendimento; pacientes de cuidados semi-intensivo e
intensivo em UTI’s, um profissional para consulta e seis para atendi-
mento (BRASIL, 2011).
A Tabela (01) apresenta o desvio padrão de todas as informações
registradas nesta pesquisa. As informações zeradas são as que não
apresentam divergências ou não havia dados, como nos casos de Des-
vio de Fonoaudiólogos, no qual encontra-se zerado em alguns estabe-
lecimentos por não haver profissionais.
Apresentaram divergências de dados com relação às informações
coletadas no site CNES, 100% das instituições visitadas. Essa variação

73
de informações ocorreu em decorrência dos seguintes fatores: suspen-
são de leitos, reformas nas instituições, desativação de alas hospitala-
res (enfermarias).

Tabela 01 - Desvio padrão entre as informações coletadas no CNES


e a informações efetivas.

Dados Hospital Central de Centro de P. S. Unidade Hospital Hospital


dia- isolado notificação... atenção Geral mista especializado geral
psicossocial

Desvio- Fono - - - - - 7,07 2,82

Desvio de leitos UTI II - - - - - - 0,70

Desvio UTI de leitos III - 9,19 - - - - -

Desvio ENF 6,36 - - 4,24 4,94 37,47 -

Desvio FONO/UTI II - - - - - - 0,41

Desvio FONO/UTI III - - - - - - -

Desvio FONO/ ENF - - - - - 0,018 0,007

Fonte: Produzido pela autora (SANTOS, 2017).

4 CONCLUSÃO

O Fonoaudiólogo atua em vários âmbitos, sendo trabalhada neste es-


tudo a relevância deste profissional na área hospitalar. Nas enfermarias
ou Unidades de Terapia Intensiva, se faz necessário à presença deste pro-
fissional visando à melhora do indivíduo, maior qualidade de vida, além
de promover um tempo reduzido de internação, o que também favorece
as instituições de saúde.
Assim o estudo visou verificar a prevalência destes profissionais nos
estabelecimentos de saúde e ao final pode-se observar o elevado percen-
tual de divergências entre as informações registradas no site CNES e as
informações efetivamente realizadas no período pesquisado.
Com relação aos dados do CNES em dois estabelecimentos de saúde
os gestores comunicaram que há muito tempo tentam alterar as informa-
ções registradas no site, porém, por tramites burocráticos e atraso nas
respostas por parte dos administradores do site, até o momento não ha-
viam alcançado este objetivo.
Na segunda etapa da pesquisa houve percalços que impediram que a
coleta fosse eficaz e completa. Dentre este cita-se: atraso na resposta por

74
parte das instituições, sendo as mesmas visitadas por mais de 5 vezes e
realizadas ligações continuas; recusa das instituições; solicitações buro-
cráticas de documentos por parte das instituições/colaboradores.
A partir dos dados coletados, pode-se avaliar a prevalência de profis-
sionais no ambiente hospitalar e enfatiza-se que o percentual discrepante
de Fonoaudiólogos por leito de UTI’s e enfermarias, apresentando uma
média de 0,006% de profissionais por leitos pesquisados.
Desta forma a quantidade de profissionais atuantes nos hospitais
(quando estes atuam de forma fixa) é claramente irrisória para a demanda
de pacientes previstas que necessitam de atendimento, fato que pode ser
observado pelo número elevado de internações hospitalares e médias de
permanência de pacientes com as patologias referentes às DCNT’s.
Nesta realidade o profissional não poderá deixar de prestar seu ser-
viço, o que pode o levar a ultrapassar a quantidade de atendimentos pré-
-estabelecidas pela Resolução n° 488/2016, ou resultar em caso no qual o
paciente não será atendido devido o dimensionamento inadequado.
Observou-se que os estabelecimentos selecionados não estão seguin-
do as normas estabelecidas pela RDC 07/10, e que em muitos destes a fis-
calização dos órgãos da saúde, pode não estar ocorrendo de forma efetiva
e fidedigna, fato que pode ser observado pela ausência de profissionais
atuantes nos leitos de UTI tipo III.
Conclui-se ao fim do estudo que os dados do site CNES não são au-
tênticos em sua totalidade e que o percentual de profissionais de Fonoau-
diologia disponíveis é irrisório para o número de pacientes previstos que
necessitam de intervenção fonoaudiológica.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O alto percentual de desvios de informações encontrados neste es-


tudo (em torno de 100%) contribui negativamente para a realização de
coletas fidedignas de dados neste trabalho e em futuros estudos, tendo
em vista que estas divergências não são aceitáveis diante da evolução dos
registros nos sistemas de informação em saúde.
A existência de divergências prejudica e altera o planeja0mento de
políticas publicas que objetivam a inserção de profissionais no mercado.

75
Como exemplo pode-se citar a criação de concursos públicos, que ao to-
marem como base os dados existentes nestes sistemas, poderão ofertar
um número reduzido de vagas, por acreditarem que já existem profissio-
nais suficientes na área para atender a possível demanda existente.
A presença Fonoaudiológica em ambientes hospitalares possui uma
alta relevância, porém percebeu-se que o reconhecimento desta área pe-
los gestores municipais e estaduais, não possui a mesma proporção de sua
magnitude, tendo em vista que neste estudo observou-se a quantidade
irrisória de profissionais atuantes.
Propõe-se como estudo complementar uma pesquisa sobre a forma
de acesso dos Fonoaudiólogos aos pacientes (parecer, prescrição médica
ou busca ativa) e a relação do profissional com a equipe multidisciplinar
com relação a encaminhamentos de pacientes, interconsultas.

76
REFERÊNCIAS

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84
AVALIAÇÃO DE DEGLUTIÇÃO EM IDOSOS
INSTITUCIONALIZADOS EM UMA CAPITAL
NORDESTINA

Amanda Ferreira Farias, Marta Maria da Silva Lira-Batista,


Edyáurea Silva Barroso Castro, Claudia Catão de Aguiar Sousa,
Ruth Raquel Soares de Farias

1 INTRODUÇÃO

A deglutição consiste em contrações musculares que auxiliam na des-


cida do alimento da cavidade oral até o estômago sem permitir a entrada
de alimento nas vias aéreas, devido a uma atividade neuromuscular bas-
tante complexa, cujos objetivos são: “o transporte do bolo alimentar, lim-
par o trato respiratório e proporcionar nutrição, sem interferir no aspecto
social e cultural” (QUEIROZ, 2011, p. 210-214).
Para Christensen (2009, p.1196-1208), “a dificuldade em deglutir au-
menta com o avançar da idade, causa enormes complicações na saúde dos
idosos, sendo a incoordenação motora o primeiro sinal”. Existem alguns
efeitos sobre a deglutição que podem estar divididas em três tipos: os
efeitos primários (que são decorrentes do próprio envelhecimento); os
efeitos secundários (causados por enfermidades dos idosos); e os terciá-
rios (envolvem fatores ambientais, sociais e psicológicos).
Um bom gerenciamento do cuidado com os idosos gera bons resulta-
dos, trazendo a saúde para o benefício dos idosos. O que se deve levar em
conta é que a qualidade de vida em deglutição de idosos é algo complexo

85
e que traz além do prejuízo social, o afastamento da família e consequen-
temente a depressão. “Daí a importância de conhecer este idoso e todas as
circunstâncias que ele enfrenta” (SILVA; NEVES; SILVA, 2005, p. 32-36).
Sendo assim pode-se considerar a presbifagia como alteração na de-
glutição, ocorrendo por consequência da redução da reserva funcional
de vários órgãos e sistemas do organismo humano, “com deterioração do
sistema sensitivo e da função motora, mas ainda há a funcionalidade na
deglutição” (ESTRELA; MOTTA; ELIAS apud JOTZ et al., 2009, p. 57).
Por isto existe a necessidade na preocupação com os idosos, eles preci-
sam de atenção, carinho, amor da família, e os principais fatores etiológicos
da depressão são o isolamento social, o abandono da família e a solidão, e
atualmente evidências científicas, trazem estes fatores como catalisadores a
desenvolver doenças degenerativas (CHAIMOWICZ, 2006, p. 68).
Em muitos casos de abandono há a institucionalização, que é uma
das situações mais estressantes e desencadeadoras de depressão, que le-
vam o ser humano a passar por transformações de todos os tipos. Um
dos fatores agravantes é o isolamento social, que o leva à perda de iden-
tidade, de liberdade, de autoestima e ao estado de solidão acarretando,
muitas vezes, de recusa da própria vida, o que justifica a alta prevalência
de doenças mentais nos asilos. “Ele pode trazer inúmeras consequências
e mudanças – que podem ser positivos ou negativos“ (ABDULMASSIB,
2009, p. 55-62).
A institucionalização está relacionada com a depressão, a solidão e
o abandono da família, e acaba sendo um fator potencializador e catali-
sador da baixa qualidade de vida do idoso (ADRADOS, 1987, p. 57-66).
Por isso é tão importante entendê-la e estudá-la sob a perspectiva da Fo-
noaudiologia. A hipótese levantada é que a disfagia é um fator frequente
em idosos depressivos e institucionalizados.
Assim sendo, acredita-se que toda essa problemática vivenciada pelo
idoso, sobretudo quando institucionalizado, possa comprometer de diferen-
tes maneiras a sua qualidade de vida (DIAS; CARDOSO, 2009, p. 107-124).
Com base nestes questionamentos, este trabalho visou analisar a de-
glutição dos idosos institucionalizados em Teresina (PI). Uma das eta-
pas foi reportar a relação do idoso institucionalizado com as alterações
encontradas através de seu Perfil Sócio Demográfico; além dos aspectos

86
importantes relacionados à deglutição e seu convívio social. E avaliar a
deglutição já ofertada pelos cuidadores a fim de correlacionar os achados
da deglutição com a escala de depressão.

2 METODOLOGIA

O presente estudo foi caráter descritivo, observacional, exploratório,


transversal e prospectivo. O trabalho apresentado trata-se de uma pes-
quisa quantitativa mostrando seus principais resultados através de dados
coletados que foram utilizados para um levantamento, para detectar be-
nefícios, riscos, e propiciar o alimento adequado para melhorar a quali-
dade de vida dos idosos.
Apresentado o projeto para a Secretaria Municipal do Trabalho, Ci-
dadania e de Assistência Social (SEMTCAS), juntamente com a partici-
pação do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso (CMDI), onde eles
forneceram prontamente uma lista com nomes e endereço das institui-
ções (ANEXO 1), que cuidavam ou realizavam atividades com idosos de
Teresina, juntamente com o apoio por parte da Prefeitura de Teresina.
Foi estabelecida uma lista, porém o acesso das instituições que conti-
nham na lista encontrava-se desatualizada, onde não se obteve êxito nas
buscas por telefone (não foi possível realizar contato) e nem presencial,
pois o site também encontrava-se desatualizado, constando que ende-
reços das instituições e CEP no site, apresentava a seguinte observação:
“Endereço a modificar”.
Foram listadas oito instituições presentes na lista oficial da prefeitura
(QUADRO 1), a tentativa de contato foi estabelecida com todas as insti-
tuições em seus devidos endereços. O primeiro foi o telefônico e o segun-
do foi presencial para conversar com os responsáveis por cada abrigo. As
instituições 4, 5, 6 e 7 foram excluídas por não conseguir realizar o conta-
to telefônico nem o presencial, visto que o endereço estava desatualizado,
conforme o cadastro municipal fornecido.Já a instituição8 foi excluída
por ser uma instituição de convivência diurna e os idosos retornam aos
seus lares no fim do dia (não são asilados/internados).
Das oito instituições, apenas as duas primeiras instituições foram as
selecionadas para a pesquisa. Foram listadas as instituições: 01 (30 ido-
sos), a 02 (35 idosos) e a 03 (56 idosos).

87
Quadro 1: Instituições que tem como publico alvo - idosos.

INSTITUIÇÕES DE TERESINA
1. Casa Frederico Ozanam.
2. Casa São José.
3. Abrigo São Lucas.
4. Associação dos Idosos e Amigos do Bairro Angelim e Adjacência (AIABA).
5. Associação do Movimento Busca de Soluções (AMDS).
6. Associação dos Amigos do Bairro Itaperu e Adjacências.
7. Associação dos Moradores do Bairro Piçarreira I.
8. Associação das Senhoras da Caridade de São Vicente de Paulo.

Fonte: Própria autora (2014).

Sobre os locais da pesquisa, o trabalho foi realizado em duas institui-


ções filantrópicas. A primeira instituição foi a (nº 2); citada acima, que
de acordo com projeto da Associação Divina Providência, foi idealizada
inicialmente em 1995, teve sua execução iniciada em julho de 2002.
É uma entidade beneficente e de assistência social, sem fins lucrati-
vos, reconhecida de utilidade pública pela Lei Municipal nº 2191/1993,
pela Lei Estadual nº 4631/1993 e pelo Ministério da Justiça, fundada em
28 de agosto de 1991. Foi inaugurada em 03 de dezembro de 2006, a Casa
São José tem por objetivo abrigar idosos carentes e solitários, dando-lhes
moradia, assistência material e espiritual, proporcionando-lhes, uma vida
digna e com esperança.
A outra instituição foi a nº 3, que também é uma entidade de acolhi-
mento institucional sem fins lucrativos. Foi fundada em 27 de setembro
de 1989, e está situada na Avenida Nicanor Barreto, 5280 – Vale Quem
Tem — Teresina PI. Está inscrita no Conselho Municipal de Assistên-
cia Social (CMAS) com representação no CMDI, com registro CNPJ:
00.329.756/00001-89.
Os critérios de inclusão para este estudo foram: pacientes de ambos
os sexos, idosos (baseada na classificação da ONU – 2012 acima 60 anos),
ser institucionalizado há pelo menos 6 meses; possuir habilidades cogni-
tivas preservadas (fala, linguagem receptiva e emissiva, atenção).
Para os critérios de exclusão foram considerados: alterações neuroló-
gicas e/ ou musculares importantes que alteram a dinâmica da deglutição

88
em virtude da fisiopatologia da doença (Síndrome de Parkinson, Mal da
Alzheimer, Acidente Vascular Encefálico, Miopatias, Doenças Neuro-
musculares e Desmielinizantes, Neoplasias de Cabeça e Pescoço e suas
possíveis resecções); idosos que utilizavam vias alternativas de deglutição.
Também foram excluídos pacientes que tenham dificuldade auditiva
de acompanhar e entender a fala em nível de conversação, conforme os
níveis de graus das perdas auditivas sugeridos por Lloyd; Kaplan (1978
apud CFFA, 2013, p. 16-17); pacientes acamados ou com restrição gra-
ve de mobilidade, pacientes com nível funções cognitivas degeneradas,
pacientes com histórico de psicose ou neurose e também aqueles que se
recusaram no momento da gravação do vídeo.
Para a coleta dos dados sócio-demográficos foram realizadas 11 per-
guntas diretamente aos idosos relacionados à família, antecedentes pes-
soais, convívio familiar, renda mensal e atividade de lazer (APÊNDICE 1).
Em seguida foi realizada a gravação da alimentação do idoso durante
a refeição (almoço). Na falta de habilidade/desejo de alimentar-se sozi-
nho, a refeição foi ofertada pelo cuidador. Não houve interferência do
pesquisador na oferta.
A variabilidade da consistência deu-se por dois motivos: a habilidade/
predileção gustativa do idoso e a observância e escolha prévias da enfermeira.
Para fins de agilidade na coleta, junto à escala DOSS foi entregue o ROTEIRO
SUGERIDO PARA AVALIAÇÃO DE SINAIS SUGESTIVOS DE DISFAGIA
(APÊNDICE 2), com a descrição da consistência ofertada para aquele idoso
que estivesse na filmagem a ser analisada. Mesmo a dieta sendo visualizada
no vídeo, acredita-se que as avaliadoras tiveram melhor entendimento das
consistências ofertadas, que foram presenciadas pela pesquisadora.
Para evitar um viés na análise, optou-se por gravação no CD de forma
individual (um CD-Rom para cada idoso), permitindo uma análise aleató-
ria entre as duas Fonoaudiólogas especialistas em disfagia. Elas avaliaram
o desempenho da deglutição utilizando a escala de DOSS (1999) concomi-
tante ao roteiro sugerido (APÊNDICE 2). A avaliação foi às cegas entre as
avaliadoras (sem encontro presencial ou virtual entre elas) (ANEXO 1).
Foram utilizadas duas câmeras digitais da marca Nikon, resolu-
ção 1920x1080; tripé marca WT para a captação das imagens onde
foi posicionada na visão frontal e outra lateral (formando um ângulo

89
de 90º entre si). Uma foi posicionada a 20 centímetros de distância ho-
rizontal, e as alturas ajustadas de acordo com a postura do idoso, entre-
tanto o foco da câmera centralizado no terço médio e inferior da face. As
imagens foram reproduzidas, para as fonoaudiólogas avaliadoras, em um
notebook marca HP, ultrabook, com processador Core i3, 4Gb de RAM e
500Gb de Hard Drive (HD).
Após a avaliação da deglutição foi aplicado o Inventário de Depressão
de Beck (1961). Este questionário consiste em 21 perguntas, onde cada
pergunta consiste avaliar o paciente quanto ao grau depressão de 0 a 3, as
perguntas estão relacionadas a tristeza, desanimo, fracasso, prazeres da
vida, a sensação de culpa, se o paciente se senti punido, se o mesmo se
sente decepcionado consigo mesmo, se sente pior que os outros, idéias de
se matar, vontades de chorar, se sente irritado,, perdeu o interesse pelas
outras pessoas, se o mesmo toma decisões como antes, como a pessoa se
sente diante de sua aparência, o mesmo consegue trabalhar quanto antes,
dorme bem, se sente cansado, como anda seu apetite, se perdeu peso, se
sente preocupado com a saúde, interesse por sexo.
Para avaliar o resultado, um valor entre0e 3 é determinado para cada
resposta e o resultado final é comparado a uma chave para determinar a
severidade do quadro depressivo. Valores maiores indicam maior severi-
dade dos sintomas depressivos. Os valores básicos estão melhor listados
no (QUADRO 2) abaixo:

Quadro 2: Grau de Depressão de Beck.

GRAU DE DEPRESSÃO DE BECK


Pontuação Grau de depressão sugerido
0-9 O indivíduo não está deprimido
10-18 Indicam depressão leve à moderada,
19-29 Indicam depressão moderada a severa
30-63 Indicam depressão severa

Fonte: Google.

Devido à baixa acuidade visual bem como a possibilidade de altas


taxas de baixa escolaridade das pessoas que compuseram a amostra, os

90
questionários foram aplicados de forma verbal e individual pela mesma
pesquisadora com todos os entrevistados (ANEXO 2). Foram dadas as
orientações aos pacientes a responder de acordo com a situação que mais
descreviam suas emoções.
Cabe ressaltar que não houve intenção em alterar a consistência da
alimentação, e a pesquisadora não realizou qualquer intervenção durante
a alimentação. Tendo como risco o constrangimento dos idosos durante a
gravação do vídeo, foi explicado para cada idoso o procedimento realiza-
do, e que houve a qualquer tempo da gravação ele deseje que seja retirada
a câmera, demonstrar vergonha, medo ou qualquer tipo de constrangi-
mento será excluído da amostra para evitar o viés de informação.
Conforme os critérios éticos foram entregue uma carta de ofício aos
abrigos, essa carta era, e é uma forma de garantir a legalidade de acesso
do indivíduo no ambiente em questão, que foi enviada pela Faculdade de
Ensino Superior do Piauí (FAESPI) explicando a importância do trabalho
que seria feito com os idosos nas instituições para obtermos uma autori-
zação, assim foi possível um melhor estudo, aprofundado nas avaliações
dos idosos institucionalizados, foi analisado sua deglutição, foi ofertado
aos idosos, três consistências diferentes que foi importante para a análise
dos dados coletados, mostradas, analisadas e discutidas.
Após as coletas dos dados, todo o material foi submetido para um
tratamento e análises estatísticos. Foram tabulados todos os dados no Ex-
cel 2007, e disponibilizados em forma de tabelas e gráficos para melhor
visualização e análise posterior.
A análise estatística foi feita no Programa Bioestat (versão 5.3). A
concordância entre os avaliadores foi testada mediante a obtenção do
Coeficiente  kappa, para as variáveis categóricas presentes na Escala de
O’Neil (1999).
Após a aplicação dos critérios de exclusão, estimou-se uma acentuada
redução no ‘n’ final da amostra (aproximadamente 25% residuais), e foi
adotado o intervalo de confiança de 95% e margem de erro de 5%, perfa-
zendo um total de 25 idosos.
A avaliação realizada nos idosos permitiu estabelecer uma relação
entre possíveis achados depressivos, por meio da BDI, (ANEXO 1), e

91
traços compatíveis com dificuldades na deglutição, visando melhorar a
qualidade de vida do idoso (BECK, 1993).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos critérios de exclusão, procedeu-se que: na instituição de


n° 2, abrigavam-se 33 idosos, sendo 15 do sexo feminino e 18 do sexo mas-
culino. Após aplicação dos critérios de seleção da amostra foram excluídos
23 idosos (Alzheimer - 5, Parkinson - 3, AVC - 3, outros motivos - 12),
apenas 10 foram incluídos na presente pesquisa.
Em relação à instituição nº 3, na qual se domiciliam 58 idosos, sendo
que 30 são do sexo masculino e 28 do sexo feminino; e a posteriori apli-
cação dos critérios da amostra, 22 idosos foram excluídos, pelo seguinte
fator: (Parkinson - 1, Alzheimer - 5, Demência- 12, Recusa a pesquisa -
3), sendo, no final, incluídos apenas 15 indivíduos no presente trabalho.
Com as idades variantes, a disfagia e a depressão apresentaram livre
distribuição, desta forma, utilizaram-se testes não-paramétricos para me-
lhor validação das conjeturas. Os tratamentos estatísticos utilizados neste
estudo seguiram-se: análise descritiva da amostra, teste de Mann-Whitney,
correlação de Spearman, estatísticas, frequências absolutas e percentuais.
Os resultados obtidos, após meticulosa análise estatística, foram analisados
e discutidos seguindo o norteamento dos dados da revisão de literatura.
A partir do questionário socioeconômico, foi encontrada uma varia-
ção de idade mínima de 60 anos e máxima de 88 anos. A média de idade
dos 25 participantes da pesquisa foi de 74,7 anos, foi semelhante à maio-
ria dos estudos encontrados, realizados na região Sul, Nordeste e Sudeste
do país e ainda no Chile, cujas médias de idade dos idosos ficaram entre
70 e 80 anos (DAVIM et al., 2004, p. 518-524). Estes dados caracterizam
esta amostragem na faixa etária longeva. Por outro lado, uma das caracte-
rísticas da instituição asilar é receber idosos com idade cronológica igual
e/ou acima de 70 anos.
Acredita-se também que a presença de déficts físicos e/ou cognitivos
presentes nesta faixa etária, bem como o comprometimento na qualidade
das relações familiares faz com que os idosos busquem um novo local
para morar quando atingem idade cronológica acima dos 70 anos de vida.

92
Esta faixa etária longeva na população idosa pode contribuir para o surgi-
mento de doenças crônicas e maior grau de dependência.
A prevalência de sexo entre os moradores idosos institucionalizados,
conforme demonstrado no Gráfico 1 desta pesquisa, foi de (n=10; 40%)
para o sexo feminino e sexo masculino (n=15; 60%), onde se obteve maior
porcentagem, “sendo este valor achado bem próximo ao descrito em um
estudo realizado em uma instituição em Ribeirão Preto, com percentual
de 70,8%” (PELEGRIN et al., 2008). Entretanto Groenwald (2003), “em
uma pesquisa realizada em instituições asilares de Canoas, no Rio Gran-
de do Sul”, houve prevalência em um numero maior de mulheres, igual-
mente ao estudo de Guedes e Silva (2004) que identificaram: “60,55% de
pessoas do sexo feminino e 39,44% do sexo masculino em instituições
asilares de Passo Fundo – Rio Grande do Sul”.
Yamamoto e Diogo (2002), também em estudo em instituições asi-
lares de Campinas - SP encontraram predominância de mulheres insti-
tucionalizadas. Neste trabalho não houve diferença estatisticamente sig-
nificante entre os sexos, dado que pode ser ratificado pelos supracitados
estudos, dada a divergência entre as prevalências encontradas.

Gráfico 1: Amostras de Sexo e Idade Teresina (PI) 2014.

Fonte: Pesquisa Direta.

Com relação ao Gráfico 2, relacionados ao estado civil encontrou-se


um grande número de idosos solteiros, dado semelhante ao encontrado
em uma pesquisa realizada em uma instituição paulista (PELEGRIN et
al., 2008). Já nas pesquisas da Região Sul; foram os viúvos que ocuparam

93
lugar de destaque, seguidos dos solteiros ocupando a segunda posição
(SANTOS; FELICIANI; SILVA, 2007). Neste estudo, com base na lite-
ratura, Pelegrin et al.(2008), corrobora de acordo com a pesquisa deste
trabalho, onde o mesmo fala que os idosos solteiros ocupam a posição
em primeiro lugar, já na pesquisa da região Sul realizada por Santos;
Feliciani; Silva (2007) há discordância, pois os solteiros apresentaram
primeira colocação.
De acordo com a pesquisa Merlotti (2004) o estado civil predominan-
te é de solteiros e viúvos, representando 87,9%. Essa predominância leva
a constatar que a maioria dos asilados não possui companheiro, e ainda
o fato de constituir família não garante a permanência do idoso no do-
micílio, e devido isso o idoso não tem outra opção a não ser ir para uma
instituição asilar.

Gráfico 2: Distribuição da amostra quanto ao estado civil.

Fonte: Pesquisa Direta

Com base nos Gráfico 3, houve grande diferença entre as naturalida-


des dos indivíduos pesquisados. Esta pesquisa comprova que com base
em valores absolutos (40%; n=10) a minoria reside na cidade em que
nasceu sendo em Teresina (PI) e, além disso, existem idosos de cidades
diferentes que moram em instituições em Teresina. Em números relativos
(60%; n=15), esta pesquisa obteve dados semelhantes a um estudo do Rio
Grande do Sul, no qual foi observado que a maioria dos residentes da ins-
tituição pesquisada era de regiões circunvizinhas (SANTOS; FELICIANI;
SILVA, 2007). Na presente pesquisa houve concordância entre os resulta-
dos da pesquisa e na literatura.

94
Gráfico 3: Distribuição da amostra quanto ao local de origem.

Fonte: Pesquisa Direta.

De acordo com o Gráfico 4, foi estabelecido que 40% dos idosos em ins-
tituições asilares tem filhos do sexo feminino, 32% do sexo masculino E 28%
dos idosos relataram não terem filhos. Obtendo uma média de filhos dos ido-
sos institucionalizados foi de: 0,7/filho por idoso. Com base em estudos, Al-
ves (2014), diz que: “é dever dos filhos em maioria ampara os pais na velhice,
carência e enfermidades”. Com base nos resultados desta pesquisa percebe-se
que a maioria dos idosos tem famílias, mas não recebem o auxilio e apoio que
deveriam ter, assim fica claro que existem maior parte dos abandonos dos
filhos com seus pais em asilos por rejeição, por falta de cuidados, condições
financeiras, e/ou tempo que não podem ser dedicados aos idosos, fatores co-
mumente relatados como causa de abandono, conforme Alves (2014).

Gráfico 4: Distribuição da amostra quanto ao perfil e a distribuição de filhos.

Fonte: Pesquisa Direta.

95
Com base no Gráfico 4, a distribuição entre filhos ficou estabeleci-
da da seguinte forma, na amostra (n=10; 40%), dos idosos relataram ter
filhos do sexo feminino, (n=8; 32%) relataram ter do sexo masculino e
(n=7; 28%) relataram não ter filhos. Com base na literatura, em um es-
tudo realizado na Região Nordeste do Rio Grande do Sul, um dado geral
que se destaca é que 42,6% dos idosos asilados possuem filhos e mesmo
assim estão internados (MERLOTTI, 2004). Contudo de acordo com os
resultados, o maior percentual entre os filhos foi do sexo feminino, en-
tretanto não se sabe na literatura com precisão de qual prevalência para
os sexos é maior.

Gráfico 5: Distribuição da amostra quanto ao apoio familiar

Fonte: Pesquisa Direta.

Na amostra (Gráfico 5), dos 25 idosos pesquisados, foram constata-


dos que 60% dos idosos possuem família na cidade. Este dado é compa-
tível ao estudo de Cortelletti (2004), realizado em instituições asilares no
Rio Grande do Sul, no qual do total de 107 idosos entrevistados, 85,05%
ainda possuía familiares na cidade. Sendo assim, percebe-se que a maio-
ria destes idosos tem família na cidade e que não haveria a necessidade
de institucionalização.
Conforme observado no Gráfico 6, 64% dos idosos responderam não
recebem visitas de seus familiares. Segundo Marcoletti (2004) existe re-
lação entre a ausência de visitas e o estado civil, uma vez que em sua
pesquisa a maioria dos sujeitos eram solteiros.

96
Com relação à descendência de filhos 52% dos idosos citam que não
tiveram filhos, 24% por 1 filho e 24% com 2 filhos, na média. Porém não
existe na literatura estudos a fundo sobre este tema.

Gráfico 6: Distribuição da amostra quanto às visitas na instituição

Fonte: Pesquisa Direta.

Gráfico 7: Perfil sociodemográfico dos idosos em relação a descendência entre os filhos.

Fonte: Pesquisa Direta

E de suma importância ressaltar que as amostras estabelecidas as fre-


qüentes visitas é de que apenas 9 idosos recebem visitas, de acordo com
o Gráfico 8 supracitado. Nestes dados ficou explicito a diferença entre a
distribuição de visitas, os idosos relataram que diariamente ocorrem as
visitas entre 11,1%. Semanal 55,5% e mensal 33,3%.
O que se percebe no Gráfico 9 é que nestes dados a maioria dos idosos
recebem mais visitas de irmãos 20% e não de filhos 8% sendo que nestes ca-
sos a porcentagem foi mínima para primos, sobrinhos 12% e amigos 16%.

97
De acordo com a literatura, a maioria dos entrevistados recebem visitas
do núcleo familiar (companheiro, filhos e netos), de parentes (irmãos,
tios e sobrinhos), de amigos ou de pessoas da comunidade. Acredita-se
que o número de visitas vai diminuindo à medida que aumenta o tempo
de asilamento e com a ausência dos familiares fragilizam com o passar do
tempo, levando gradativamente ao esquecimento dos idosos.

Gráfico 8: Distribuição da amostra quanto à frequência de visitas

Fonte: Pesquisa Direta.

Gráfico 9: Distribuição da amostra quanto ao perfil dos visitantes

Fonte: Pesquisa Direta.

#Alguns idosos recebem visitas de mais de uma categoria de parente.

Com base nessa descrição foi estabelecido que 96% dos idosos rece-
bem em média um salário mínimo, enquanto que apenas 4% destes não
recebem renda alguma. Este achado é compatível com o encontrado por

98
Terra et al. (2009). Eles descrevem que todos os idosos estudados rece-
biam em até um salário mínimo por mês. Segundo Merlotti (2004), em
seus estudos realizados em instituições asilares sobre a renda dos idosos,
foram constatados que a renda é baixa, ou seja, 44,3% recebem de um
salário a menos de dois salários mínimos.
No entanto, o dado que chama a atenção é que 35,2% desconhecem
o valor de sua renda mensal, o que também chama a atenção é que 7,4%
dos idosos não têm renda, significa que este valor é bem aproximado com
os achados desta pesquisa. O que leva a afirmar que a renda dos asilados
é muito baixa.

Gráfico 10: Distribuição da amostra quanto ao recebimento de renda mensal.

Fonte: Pesquisa Direta.

A maior distração citada pelos idosos foi a Televisão, que ao avan-


çar da idade contribui ao favorecimento do sedentarismo, eliminando o
interesse por atividade física, comprometimento a capacidade funcional
(BENEDETTI; PETROSKI, 1999). Apesar de haver festas e atividades em
certas datas comemorativas do ano, não há programas recreativos regula-
res nas instituições pesquisadas, como ocorre em outras instituições bra-
sileiras (DAVIM et al., 2004).
Mazuim (2005) em seu estudo em idosos lúcidos constatou que antes
de serem institucionalizados, eles realizavam atividades rotineiras, o que
favorecia a manutenção da autonomia e independência, e após a institu-
cionalização muitos perdiam a capacidade funcional. Guedes e Silveira

99
(2004) encontraram que apenas 59,63% dos idosos institucionalizados
são completamente independentes.

Gráfico 11: Distribuição da amostra quanto ao perfil de lazer.

Fonte: Pesquisa Direta.

Novais et al. (2005), realizado somente com idosas praticantes de


atividade física, encontraram que 63,15% apresentaram escore de capa-
cidade funcional muito bom. Isto denota que a institucionalização e os
hábitos de passar tempo influenciam diretamente na capacidade funcio-
nal e independência do individuo. Ao escolher a televisão e ouvir rádio
demonstra claramente que os idosos desta pesquisa tendem a ficar em
repouso a maior parte do tempo de vigília.

Gráfico 12: Resultados da Escala de Beck.

Fonte: Pesquisa Direta.

100
Jogos de tabuleiro não foram citados como passatempo dentre os ido-
sos, dado merece atenção, pois este tipo de atividade estimula a memória
operacional, a lógica, raciocínio dedutivo e tarefas mentais complexas
que são fundamentais para retardar a atrofia cortical cerebral natural (RI-
BEIRO, 1999; SILVA; NEVES; SILVA, 2005).

Em termos absolutos a amostra apresentou:

Tabela 1: Valores atribuídos pelos idosos à Escala de Beck.

Valores Referidos para a Escala de Beck


Classes N Percentual
0 |—| 9 13 52%
10 |—| 18 09 36%
19 |—| 29 03 12%
30 |—| 63 00 0.0 %
TOTAL 25 100 %

Fonte: Pesquisa Direta.

De acordo com os dados observados e analisados, em relação a ida-


de não houve relação estatisticamente significante, pois o “p” deveria
ser sempre menor com o valor de 0,05 e que não acorreu como o es-
perado, sendo que foi apresentado um resultado diferente de 0,5 e que
em relação a beck e a idade a correção deu se de forma negativa um
aumenta outro diminui.
Na instituição 3, a pergunta de número 9 foi retirada do questionário
realizado a pedido do gestor do local. E observa-se que 04 idosos manti-
veram pontuação limítrofe entre a normalidade e uma depressão leve e 03
idosos mantiveram pontuação limítrofe entre depressão leve e moderada.
A retirada da questão pode ter influenciado o resultado destes valores.
Independemente nota-se uma tendência a depressividade, em diversos
graus (48%; n=12), dado convergente com diversas pesquisas na área. Ao
considerar os termos médios, ambas instituições apresentam idosos com
uma depressão leve.

101
Em relação a deglutição, ambas avaliadoras classificaram que 56% da
amostra (n=14) apresentava necessidade de auxílio durante a oferta, por
isso receberam média compatível com o nível 6 da DOSS. Os demais ob-
tiveram escores compatíveis com o nível 7. Infere-se que toda a amostra
mantém deglutição compatível com a idade, ou seja, presbifagia.
Apesar de considerar nível mínimo de necessidade de suporte duran-
te a alimentação (DOSS 6 e 7), ao avaliar os dados qualitativos, obtidos
através do apêndice 2, todos os idosos apresentam pelo menos uma al-
teração, em pelo menos uma fase da deglutição. O dado mais observado
pelas fonoaudiólogas julgadoras foi o escape oral de resíduos, e apenas
alguns idosos apresentaram transito oral aumentado. A incoordenação
da deglutição é colocada como um potencializador responsável por pneu-
monias em idosos (CABRE, 2010). Podendo também ser ocasionada pelo
desequilíbrio do controle neuromuscular, podendo agravar qualquer uma
das fases da deglutição (TANTON, 2010).
Ao analisar os valores do nível de concordância entre as avaliadoras,
obteve-se o Coeficiente de Kappa fraco, com tendência ao moderado. No-
ta-se que este dado é compatível com a dicotomia da presbifagia, uma vez
que há alteração da deglutição, mas não há comprometimento da nutri-
ção ou de vias respiratórias. Por isto, o valor estatístico revelou este nível
de concordância. Os idosos que apresentaram o nível 6 estabelecido pelas
avaliadoras, foi relevante e considerado que seria uma disfagia, porem
seria um padrão adaptado para o idoso.
Ao realizar a correlação de Spearman entre a disfagia dentre os idosos
deprimidos (14 e 9 respectivamente), não foi observada relação estatisti-
camente significativa. Em termos absolutos, 20% da amostra apresentou
disfagia concomitante a algum grau de depressão (n=5). A análise foi fra-
ca para os trabalhadores, sendo divergente e não replicado, por isso foi de
fraca para moderado.

4 CONCLUSÃO

Conclui-se que o idoso institucionalizado na cidade de Teresina, (PI)


tem como perfil: do sexo feminino, estado civil solteiro, com idade média
de 74,7 anos de idade, com origem em Teresina [60%].

102
No tocante à avaliação com a BDI, pode-se observar que mesmo não
havendo relação estatisticamente significativa entre idade, sexo e depres-
são, boa parte dos idosos asilados apresentam um grau de depressão que
merece ser melhor compreendida a etiologia.
A deglutição dos idosos foi considerada, pelas juízas, satisfatória ape-
sar de todos os idosos apresentarem pelo menos um sinal de desvio do
padrão de normalidade. Do total, 20% da amostra teve disfagia sugerida
com base no protocolo de avaliação proposto, o que cabe a intervenção
e presença do profissional de Fonoaudiologia em asilos, não só para tra-
tamento da deglutição, mas para a promoção da linguagem, uma vez que
dentre as atividades preferidas referidas pelos idosos há predileção pelas
atividades individuais e sem contato verbal ou uso de lógica e memória.
Para esta amostra específica não foi observada relação entre o padrão
de deglutição apresentada com o nível de depressão autorreferido. Suge-
re-se que novos estudos com outras escalas de deglutição sejam realiza-
dos, bem como a aplicação na íntegra do BDI.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se notar que ao desenvolver o trabalho, a seguinte pesquisa


aponta que os idosos institucionalizados desencadeiam á depressão devi-
do a ausência familiar ao longo da vida e que raramente recebem visitas
de familiares. Apesar da ausência familiar, notou-se que o carinho que
os mesmos necessitam da família é preenchido pelo respeito e dedicação
dos funcionários das instituições. Muitas vezes com o aparecimento de
doenças, avançar da idade, a falta de cuidados e condições financeiras
levam aquele idoso a residirem nessas instituições onde poderão ter lon-
gevidade e cuidados necessários para a saúde dos mesmos para assim
assegurá-los de que na instituição asilar terão qualidade de vida do que
conviver com seus familiares.
Cabe ressaltar que apesar das patologias, o abandono de seus fa-
miliares e demais outros fatores externos, os idosos encontram-se com
uma nutrição adequada e estão recebendo atenção básica digna para
priorizar atenção a sua saúde. Nos aspectos de deglutição, seria necessá-
rio a atenção do profissional em Fonoaudiologia para tentar minimizar

103
as alterações no processo de deglutição no momento da alimentação e
possíveis desnutrições. Sendo assim, surgi á preocupação com o aumen-
to de idosos em instituições asilares em relação a sua qualidade de vida
bem como o perfil do idoso, observando-se as características gerais da
vida asilar.
Sendo assim conclui-se que a maioria dessas famílias que abando-
nam seus velhinhos na maioria das vezes não possui renda alguma ou
muitas vezes os mesmos não tem o tempo necessário e suficiente para
manter seus idosos, que já encontram-se incapacitados de realizarem
suas necessidades pessoais, o que vai os deixando cada vez mais sem a
auto-suficiência, levando assim, a escolha de uma segunda moradia, ou
seja, os asilos.
Para devido fins, cabe ressaltar que existe a possibilidade de estudos
mais aprofundados sobre o tema, sendo que o mesmo deve-se dar conti-
nuidade para estudos futuros pelo fato da literatura abordar pouco o tema,
pelo fato de ser pouco falado e voltado mais para outros assuntos, mas tam-
bém do que o próprio trabalho sugeriu na pesquisa a ser desenvolvida.

104
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108
APÊNDICE 1
PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

NOME DA INSTITUIÇÃO: ______________________________________________


ANTECEDENTES PESSOAIS:
1 - NOME:__________________________________________________________
2 - DATA DE NASCIMENTO: ____/____/_____.
3- ESTADO CIVIL: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a)
4- NATURALIDADE: ________________________________
5- QUANTOS FILHOS: H: _______. M______. Não Tem ( )
CONVÍVIO FAMILIAR
6- TEM FAMILIA NA CIDADE? ( ) Sim ( )Não
7- RECEBE VISITAS? ( ) Sim ( )Não
8- COM QUE FREQUENCIA? ( ) Mensal ( ) Semanal ( )Diariamente ( ) Nunca
9- QUEM SÃO OS VISITANTES? ( ) Filhos ( ) Irmãos ( ) Sobrinhos
( ) Amigos ( ) Primos
RENDA MENSAL
10- RECEBE PENSÃO? ( ) Sim ( ) Não
( ) 1 Salário
( ) 2 Salários
( ) 1 a 3 Salários
( ) Acima de 3 Salários
LAZER
11- QUALATIVIDADE DIÁRIA QUE VOCE GOSTA DE FAZER?

( ) Dança ( ) Leitura ( )Televisão ( ) Ouvir rádio


( ) Conversar ( ) Dormir ( ) Jogos de tabuleiro ( ) Baralho

OUTROS: __________________________________________________

APÊNDICE 2

ROTEIRO SUGERIDO PARA AVALIAÇÃO DE SINAIS SUGETIVOS DE DISFAGIA


Instituição: _________________________________________________________

Nome: _____________________________________________________________
Via de Alimentação: ( ) Via Oral ( ) Parenteral ( ) Outras Vias__________
Modo de Oferta:
( ) Colher rasa ( ) Meia Colher ( ) Canudos ( ) Colher Cheia
( ) Pedaços Secos ( ) Pedaços Umedecidos
Tempo de refeição: minutos: _____________ segundos:_______________
Fase preparatória oral
Captação oral: ( ) Voluntária ( ) Involuntária

109
Tempo de transito oral: ( ) Adequada ( ) Aumentada
Escape extra- oral: ( ) Sim ( ) Não
Fase Oral:
Resíduos? ( ) Sim ( ) Não
Fase Faríngea:
Tosses: ( ) Sim ( )Não
Em que momento da Deglutição: ( ) Antes ( ) Durante ( ) Após
Engasgos: ( ) Sim ( ) Não
Em que momento da Deglutição: ( ) Antes ( ) Durante ( ) Após
Deglutições Múltiplas: ( ) Sim ( ) Não
Pigarro? ( ) Sim ( )Não
Alterações no Controle Postural: ( ) Sim ( ) Não
Fase Esofágica
Queixa de Estase? ( ) Sim ( )Não
Qualidade Vocal: ( ) Molhada ( ) Abafada
Manobras de Limpeza: ( ) Sim ( )Não

ANEXO 1
INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO DE BECK (1961)

Nome:_____________________________Idade:________Data: ____/_____/____

Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada


grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) próximo à afirmação, em cada
grupo, que descreve melhor a maneira que você tem se sentido na última semana, incluindo
hoje. Se várias afirmações num grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um círculo
em cada uma. Tome cuidado de ler todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer
sua escolha.

1
0 Não me sinto triste
1 Eu me sinto triste
2 Estou sempre triste e não consigo sair disto
3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar
2
0 Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro
1 Eu me sinto desanimado quanto ao futuro
2 Acho que nada tenho a esperar
3 Acho o futuro sem esperanças e tenho a impressão de que as coisas não podem melhorar
3
0 Não me sinto um fracasso
1 Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum
2 Quando olho pra trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um monte de fracassos
3 Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso

110
4
0 Tenho tanto prazer em tudo como antes
1 Não sinto mais prazer nas coisas como antes
2 Não encontro um prazer real em mais nada
3 Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo
5
0 Não me sinto especialmente culpado
1 Eu me sinto culpado grande parte do tempo
2 Eu me sinto culpado na maior parte do tempo
3 Eu me sinto sempre culpado
6
0 Não acho que esteja sendo punido
1 Acho que posso ser punido
2 Creio que vou ser punido
3 Acho que estou sendo punido
7
0 Não me sinto decepcionado comigo mesmo
1 Estou decepcionado comigo mesmo
2 Estou enojado de mim
3 Eu me odeio
8
0 Não me sinto de qualquer modo pior que os outros
1 Sou crítico em relação a mim por minhas fraquezas ou erros
2 Eu me culpo sempre por minhas falhas
3 Eu me culpo por tudo de mal que acontece
9
0 Não tenho quaisquer idéias de me matar
1 Tenho idéias de me matar, mas não as executaria
2 Gostaria de me matar
3 Eu me mataria se tivesse oportunidade
10
0 Não choro mais que o habitual
1 Choro mais agora do que costumava
2 Agora, choro o tempo todo
3 Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo, mesmo que o queria
11
0 Não sou mais irritado agora do que já fui
1 Fico aborrecido ou irritado mais facilmente do que costumava
2 Agora, eu me sinto irritado o tempo todo
3 Não me irrito mais com coisas que costumavam me irritar
12
0 Não perdi o interesse pelas outras pessoas
1 Estou menos interessado pelas outras pessoas do que costumava estar
2 Perdi a maior parte do meu interesse pelas outras pessoas
3 Perdi todo o interesse pelas outras pessoas
13
0 Tomo decisões tão bem quanto antes
1 Adio as tomadas de decisões mais do que costumava
2 Tenho mais dificuldades de tomar decisões do que antes
3 Absolutamente não consigo mais tomar decisões

111
14
0 Não acho que de qualquer modo pareço pior do que antes
1 Estou preocupado em estar parecendo velho ou sem atrativo
2 Acho que há mudanças permanentes na minha aparência, que me fazem parecer
sem atrativo
3 Acredito que pareço feio
15
0 Posso trabalhar tão bem quanto antes
1 É preciso algum esforço extra para fazer alguma coisa
2 Tenho que me esforçar muito para fazer alguma coisa
3 Não consigo mais fazer qualquer trabalho
16
0 Consigo dormir tão bem como o habitual
1 Não durmo tão bem como costumava
2 Acordo 1 a 2 horas mais cedo do que habitualmente e acho difícil voltar a dormir
3 Acordo várias horas mais cedo do que costumava e não consigo voltar a dormir
17
0 Não fico mais cansado do que o habitual
1 Fico cansado mais facilmente do que costumava
2 Fico cansado em fazer qualquer coisa
3 Estou cansado demais para fazer qualquer coisa
18
0 O meu apetite não está pior do que o habitual
1 Meu apetite não é tão bom como costumava ser
2 Meu apetite é muito pior agora
3 Absolutamente não tenho mais apetite
19
0 Não tenho perdido muito peso se é que perdi algum recentemente
1 Perdi mais do que 2 quilos e meio
2 Perdi mais do que 5 quilos
3 Perdi mais do que 7 quilos
Estou tentando perder peso de propósito, comendo menos: Sim _____Não _____
20
0 Não estou mais preocupado com a minha saúde do que o habitual
1 Estou preocupado com problemas físicos, tais como dores, indisposição do estô-
mago ou constipação
2 Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa
3 Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em
qualquer outra coisa
21
0 Não notei qualquer mudança recente no meu interesse por sexo
1 Estou menos interessado por sexo do que costumava
2 Estou muito menos interessado por sexo agora
3 Perdi completamente o interesse por sexo

Atenção: este teste, quando utilizado isoladamente,


não tem valor diagnóstico. Procure um psicólogo ou psiquiatra.

112
ANEXO 2
ESCALA DE DEGLUTIÇÃO DE O’NEIL

Nome:________________________ Idade:_______ Data: ____/____/____

CONSISTÊNCIA OFERTADA: ________________________________________

Nível 7
Normal em todas as situações:
( )Dieta normal; ou ( ) Não são necessárias estratégias compensatórias ou
tempo maior para a refeição
Nível 6
Dentro dos limites funcionais /independência modificada:
( ) Nutrição completa via oral: ou ( ) Dieta normal;
( ) Deglutição funcional;
( ) Pode haver um ligeiro atraso na fase oral ou faríngea;
( ) Paciente pode levar a um maior tempo para ingerir a refeição;
( ) Pode haver desvios leves, resolvidos espontaneamente pelo paciente, não
há sinais de penetração ou aspiração com qualquer consistência
Nível 5
Disfagia Leve - Supervisão distante;
Presença de um ou mais dos seguintes sinais:
( ) Redução da mastigação e retenção oral de alimento com possibilidade
de limpeza espontânea;
( ) Retenção de alimento em faringe com retenção espontânea;
( ) Aspiração só de líquidos finos e com reflexo da tosse forte para limpar
completamente a faringe.
Nível 4
Disfagia Leve /moderada:
( ) Necessárias pistas e manobras específicas;
Presença de um ou mais dos seguintes sintomas:
( ) Retenção de alimento em cavidade oral com necessidade de limpeza;
( ) Retenção de alimento em faringe com limpeza após manobra
( ) Aspiração de uma consistência, com reflexo de tosse fraca para limpar
completamente a laringe ou penetração laríngea com tosse com 2 consis-
tências;
Nível 3
Disfagia Leve /moderada:
( ) Necessárias pistas e manobras específicas;
Presença de um ou mais dos seguintes sintomas:
( ) Retenção de alimento em cavidade oral com necessidade de limpeza;
( ) Retenção de alimento em faringe com limpeza após manobra
( ) Aspiração de uma consistência, com reflexo de tosse fraca para limpar
completamente a laringe ou penetração laríngea com tosse com 2 consis-
tências

113
Nível 2
Disfagia Moderadamente Severa:
( )Assistência máxima ou uso de estratégias com dieta via oral parcial;
( ) Tolera apenas a consistência de uma forma segura, somente com uso de
manobras específicas;
Presença de um ou mais dos seguintes sinais:
( ) Severa retenção de alimento na faringe, com necessidade de várias ma-
nobras de limpeza ou sem capacidade de fazê-la;
( ) Severa perda ou retenção do bolo oral.
( ) Severa retenção de alimento na faringe, com necessidade de várias ma-
nobras de limpeza ou sem capacidade de fazê-la;
( ) Severa perda ou retenção do bolo oral.
( ) Aspiração de 2 ou mais consistências, sem reflexo de tosse ou com fraca
tosse voluntária.

Nível 1
Disfagia Severa:
( ) Dependente de nutrição oral não exclusiva;
( ) Incapacidade de tolerar qualquer alimento via oral de forma segura;
( ) Presença de um ou mais dos seguintes sinais:
( ) Severa retenção de alimento em faringe, sem capacidade para limpá-la;
( ) Severa perda do bolo oral, sem capacidade de controlá-lo;
( ) Aspiração silente com uma ou mais consistências.

114
A CONTRIBUIÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NO
ENSINO INFANTIL EM TERESINA - PI

Naiana Rabelo Lima, Edyáurea Silva Barroso Castro,


Ruth Raquel Soares de Farias, Claudia Catão de Aguiar Sousa,
Ivoneide Pereira de Alencar

1 INTRODUÇÃO

O artigo 4ª da Lei 6965/81 possibilita a participação do Fonoaudió-


logo na equipe pedagógica, podendo participar de orientação e planeja-
mento escolar, sendo tanto em escolas privadas como da rede pública,
identificando e verificando origens de problemas observados por profis-
sionais da equipe pedagógica (BARCELLOS, 2003).
Observa-se pelas afirmações acima, que a presença deste profissional
pode trazer grandes avanços para todos os envolvidos no processo, pois o
mesmo está capacitado para prevenir e identificar alterações, facilitando
o processo de ensino-aprendizagem, ressaltando que a escola sempre foi
campo fértil para a Fonoaudiologia.
Deste modo, cabe salientar que atualmente a escola necessita de par-
cerias, e assim enfatiza-se quanto à importância da atuação interdisci-
plinar, somando esforços e com isso, visando uma educação que melhor
favoreça todos os envolvidos.
O destacado papel que o professor exerce no processo de ensino
-aprendizagem pode ser fortalecido com uma assessória fonoaudiológica.

115
Tornando assim, o professor um forte aliado ao profissional da Fonoau-
diologia, uma vez que este pode perceber as reais necessidades da comu-
nidade escolar (CAPELLINI; SALGADO, 2003).
Conclui-se que, a Fonoaudiologia e a Escola em ação conjunta pode-
rão prevenir, diminuir e até eliminar prejuízos que se não percebidos po-
derão trazer consequências nos mais diversos aspectos. Faz-se necessário
um maior empenho de todos os envolvidos no processo ensino - aprendi-
zagem para a obtenção de um resultado digno.
Embasado nas opiniões dos autores acima, fica claro a necessidade do
Fonoaudiólogo na escola, no entanto, ainda nos dias atuais o profissional
em questão não ocupa seu lugar nas instituições de ensino.
Este trabalho monográfico tem como objetivo geral avaliar o conheci-
mento dos professores e coordenadores do ensino infantil quanta atuação
do Fonoaudiólogo no ambiente escolar e qual a percepção destes educado-
res para com os mesmos. Os objetivos específicos do presente estudo são:
avaliar a importância do Fonoaudiólogo no ambiente escolar e identificar
as principais dificuldades do professor nas questões referentes a alterações.
Buscando respostas para tais questões, a proposta deste trabalho é
discutir e fazer reflexões sobre essa área de atuação, buscando identificar
o possível causador da ausência desta categoria nas escolas. Também des-
pertar para a formação de novos olhares e opiniões, principalmente no
aspecto preventivo.

2 METODOLOGIA

2.1 MÉTODO DE PESQUISA

Para a realização deste trabalho contou - se com a colaboração do ór-


gão responsável pelas escolas particulares, que prontamente cedeu à lista
contabilizando as escolas regulares que constam na cidade de Teresina
(PI). A tentativa de contato foi estabelecida com todas as instituições em
seus devidos endereços. O primeiro sendo telefônico e o segundo presen-
cial para conversar com os respectivos responsáveis.
O estudo teve classificação de acordo com sua abordagem, sendo o
mesmo do tipo qualitativo; considerando a subjetividade dos participan-
tes. Quanto ao tipo de pesquisa, classificou-se como de campo, descritiva,
exploratório, transversal e prospectivo.

116
Para Moreira (2006) a pesquisa descritiva nos possibilita uma visão
completa e ampla dos dados colhidos, registrados e analisados.
Realizou-se uma busca de fonte, por informações para um melhor
embasamento da pesquisa, os materiais usados no primeiro momento
foram pesquisas científicas, artigo e livros dos últimos 13 (treze) anos,
portanto, compreendendo o período de 2000 a 2013.
Participaram da pesquisa 20 (vinte) professores e 04 (quatro) coor-
denadores atuantes da rede Particular de Ensino Infantil (nível I e II), de
cinco escolas regulares, sendo todas particulares e situadas na cidade de
Teresina, que correspondiam ao local de atuação dos professores e coor-
denadores em questão.
Os principais critérios de inclusão foram: escolas particulares de en-
sino regular, sendo as mesmas atuantes no nível infantil I e II, escolas si-
tuadas nas regiões da Zona Leste e Norte da presente cidade, instituições
de médio porte e perfil sócio - econômicos semelhantes, sendo esse fator
determinado a partir do valor da mensalidade das comunidades escola-
res, sendo as mesmas compatíveis. E como critério de exclusão, escolas
públicas; pois fogem do contexto das particulares em questão, também
não participaram do estudo escolas de outras Zonas da cidade, professo-
res e coordenadores que não atuassem no nível infantil.
Dentre aquelas que obedeceram aos critérios de inclusão, fez-se um
sorteio aleatório e assim determinando as participantes da pesquisa.
No intuito de viabilizar a pesquisa, elaborou-se pela a pesquisadora
um questionário (apêndice 1) constituído por dez questões, sendo oito
objetivas e duas subjetivas; quanto às duas subjetivas foram pergun-
tas abertas onde os entrevistados puderam expor sua opinião de forma
mais clara.
Após o consentimento por parte da direção das escolas, os participan-
tes assinaram um Termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
desse modo, respeitou - se as normas estabelecidas pela resolução 196\96
que relata sobre aspectos éticos envolvendo seres humanos (a declaração
de aceite para a realização desta pesquisa segue nos apêndice), posterior-
mente iniciou-se a coleta do material.
O instrumento de coleta (questionário) foi deixado nas escolas por
um período pré-determinado que compreendesse cerca de 10 dias e dis-
tribuídos para os participantes, pelos diretores de cada instituição e re-
colhidos em um segundo momento para avaliação de dados coletados.

117
Feito então o estudo e análise do material, iniciou-se a organização
dos dados, sendo posteriormente analisados e inseridos em gráficos os
resultados obtidos, para uma melhor visualização do estudo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste tópico analisaram-se os dados colhidos nos questionários dos


participantes da pesquisa. Sendo a população amostra composta por 20
(vinte) professores e 04 (quatro) coordenadores. Todos os participantes
são do sexo feminino, com idades dos 29 a 54 anos e formação que com-
preende dos últimos 3 (três) anos aos últimos 12 (doze) anos.
Para uma melhor compreensão dos resultados da pesquisa, as amos-
tras foram expostas em gráficos e descritos no texto.
O perfil dos educadores será exposto na tabela - 1 e posteriormente
nos gráficos a partir das respostas dos participantes.

Tabela 1 - Dados e perfil dos participantes

Professores Idade Sexo Formação T. de atuação


P1 31 F Linc. Em Normal Sup. E Pedagogia 3 ANOS
P2 32 F Psicologia 6 ANOS
P3 ____ F Pedagogia 9 ANOS
P4 30 F Pedagogia 6 ANOS
P5 29 F Pedagogia 3 ANOS
P6 ____ F Pedagogia 3 ANOS
P7 32 F Pedagogia 6 ANOS
P8 49 F __________________ 3 ANOS
P9 ___ F Pedagogia 3 ANOS
P10 31 F Psicologia 3 ANOS
P11 54 F Pedagogia ________
P12 54 F Pedagogia ________
P13 32 F Pedagogia 6 ANOS
P14 ____ F Pedagogia 3 ANOS
P15 35 F Pedagogia e Teologia 3 ANOS
P16 44 F Pedagogia ________

118
P17 37 F Letra\Português 6 ANOS
P18 ___ F Pedagogia 12 ANOS
P19 34 F _______________ 9 ANOS
P20 30 F Lincenc. Plena em pedagogia _______
P21 ____ F Pedagogia 12 ANOS
P22 43 F _______________ ______
P23 ____ F _______________ 3 ANOS
P24 40 F Pedagogia 3 ANOS

Tabela 1: Caracterização dos participantes



O questionário abrangeu dados referentes ao gênero dos professores;
idade; tempo que leciona; graduação; especialização e tempo de forma-
ção; além de questões referentes ao conhecimento dos professores acerca
da Fonoaudiologia Educacional e sua atuação no âmbito escolar. Todos
os 24 participantes afirmaram não ter a presença do Fonoaudiólogo nas
instituições em que atuam.
Os dados acima acordam com a opinião de Morais (2006), o mesmo
afirma que a ausência do profissional se deve a própria prática errônea
dos mesmos, afirmando que o que se observa são profissionais atuando
de forma distorcente e assim não desempenhando o real papel do Fo-
noaudiólogo nas instituições de ensino, e portanto não despertando por
parte das instituições um maior interesse na atuação da categoria.
Sendo assim, a Fonoaudiologia tem um grande e difícil caminho,
rumo ao reconhecimento da correta atuação no âmbito escolar e com isso
despertar uma visão mais ampla nas instituições de ensino e desta forma,
abrir-se novos caminhos. Cabe aos fonoaudiólogos desenvolverem corre-
tas ações de promoção e divulgação da profissão, e assim despertar para o
reconhecimento e desempenho da Fonoaudiologia Educacional.
Com relação à questão 2, dos 24 participantes 62,5% (n=15) dos pro-
fissionais afirmaram conhecer o trabalho da Fonoaudiologia na Educa-
ção, totalizando assim e 37,5% (n=9), relataram não conhecer tal atuação.
De acordo com o presente resultado a maioria dos participantes mes-
mo sem ter o profissional em seu ambiente de trabalho, relatam conhecer
atuação do mesmo.

119
Em estudos feitos por Barcellos (2005), estes afirmaram que se faz ne-
cessário mostrar o real papel do Fonoaudiólogo na escola e assim provocar
um maior interesse em tal profissional junto à equipe, pois existe uma visão
confusa entre as atuações clínicas e educacionais. Podendo ser essa, a razão
pela a qual o profissional não ocupa seu devido espaço na escola.
Maranhão, Pinto e Pedruzzi (2009) também fazem citações quanto à
pergunta em questão, afirmando que é preciso estreitar as ações fonoau-
diológicas nas escolas, pois ainda existe uma defasagem do conhecimento
dos professores quanto ao papel do profissional.
Conclui-se que, apesar do reconhecimento e aceitação do Fonoau-
diólogo por parte dos educadores, ainda se faz necessário uma mudança
por parte dos próprios profissionais da Fonoaudiologia, pois essa defi-
ciência apresentada pelos participantes se deve a uma atuação não divul-
gada e errônea.
Na terceira questão, 96% (n=23) dos participantes afirmaram ser po-
sitiva a influência da Fonoaudiologia no processo ensino - aprendizagem,
sendo que 4,1% (n=1) não respondeu a questão.
Em concordância com a resposta dos participantes, Didier (2007) e
Cunha (2013) relatam que a presença do Fonoaudiólogo na escola acaba
por aperfeiçoar até mesmo as condições de trabalho do professor, pois
ao compartilhar conhecimentos sobre prevenção, aquisição e desenvolvi-
mento da linguagem trará benefícios para todos os envolvidos.
Sendo o Fonoaudiólogo conhecedor do desenvolvimento normal e al-
terado das habilidades de linguagem, fala, audição, leitura, escrita e aspec-
tos do desenvolvimento do sistema motor oral, muito este tem a oferecer
para a educação, uma vez que essas habilidades estão intimamente ligadas
aos processos de desenvolvimento do individuo, portanto, tal profissional
se faz necessário na equipe Pedagógica, pois o mesmo pode contribuir jun-
tamente com o restante da equipe em vários aspectos relevantes.
A quarta questão faz referência à obtenção de informações a respeito
da Fonoaudiologia Educacional, sendo que 83,3% (n=20) dos participan-
tes responderam que sim e 16,6% (n=4) afirmaram que não obtiveram
tais informações.
Os dados evidenciados acima confrontam estudos realizados por Ma-
ranhão, Pinto e Pedruzzi (2009), onde afirmaram que os educadores rece-

120
bem capacitação para atuar apenas em educação, sendo que estes neces-
sitam de informações complementares, no que se diz respeito a possíveis
alterações de fala e linguagem, mas todavia, são carentes dessa capacitação.
Maranhão, Pinto e Pedruzzi (2009) afirmaram que as informações
passadas aos profissionais da educação quanto a Fonoaudiologia Escolar
e temas ligados a aspectos da linguagem são insuficientes, e assim o que
resulta por parte destes educadores é uma ideia superficial sobre a prática
Fonoaudiológica no ambiente escolar, assim como outras categorias pro-
fissionais que também trabalham lado a lado com a educação.
Os autores acima salientam a importância de reconsiderar a capaci-
tação pedagógica, praticando um novo método de capacitação, e assim
desde a graduação dos educadores, existindo uma intimidade maior entre
professores e diferentes áreas correlacionadas com aquisição e desenvol-
vimento da linguagem, leitura e escrita.
Chama-se a atenção para a interação entre as categorias, do período
da graduação até a atuação profissional, desta forma, fortalecendo a in-
terdisciplinaridade. Pois é fato que o trabalho compartilhado tem maior
valor e resultado.
Segundo o resultado encontrado 91,6% (n=22) dos participantes res-
ponderam que sim, 4,1% (n=1) responderam que não e 4,1% (n=1) não
respondeu a questão.
Em discordância do resultado obtido, onde a maioria afirmou que
consegue identificar a presença de alterações, Oliveira e Natal (2011)
concluíram através de pesquisas que os educadores apresentam deficiên-
cia de conhecimento tais como: origem de alterações, desenvolvimento
de linguagem escrita e oral.
Carneiro e Pimenta (2009) relatam ser de fundamental importân-
cia o conhecimento dos parâmetros de normalidade, de modo que,
quando presente alguma alteração possa ser precocemente percebida
e assim direcionar o indivíduo para o profissional mais adequado, de
acordo com sua real necessidade, proporcionando ao mesmo uma efi-
caz orientação e consequentemente bons resultados.
Conforme evidenciado pelos autores, para a identificação de uma anor-
malidade é necessário conhecer os padrões de normalidade. Portanto em
decorrência da necessidade de prevenir, identificar e orientar quando pre-

121
sente alguma alteração, é possível perceber a importância do Fonoaudiólogo
na escola, uma vez que o mesmo é conhecedor inato, tanto da normalidade
quanto do patológico. Sendo assim, considerando a “deficiência” do educa-
dor, o Fonoaudiólogo tem importante papel de instrumentalizar, orientar e
informar o professor, oferecendo subsídios para contribuir junto à equipe.
De acordo com o resultado colhido 96% (n=23) dos participantes
afirmaram que, uma criança com qualquer uma das alterações citadas
acima, pode ocasionar prejuízos no desenvolver de suas habilidades de
desenvolvimento e aprendizagem.
Segundo Piauilino (2011), as dificuldades de aprendizado podem ter
relação próxima com o atraso na aquisição da linguagem. Capellini (2005),
afirma que pesquisas realizadas nos últimos 30 anos alertam que problemas
linguísticos — cognitivos geram intercorrências relacionadas com a aquisi-
ção e desenvolvimento da leitura e escrita, assim como alterações presentes
durante o desenvolvimento da oralidade, tais fatores podem trazer, geral-
mente, dificuldades na alfabetização e pouco rendimento escolar.
Ou seja, indícios de alterações na idade dos escolares são um forte in-
dicador de prejuízos futuros, tornando-se assim essencial, o diagnóstico
precoce, de forma a minimizar futuras alterações e dificuldades de apren-
dizagem. Na Figura 1 a pergunta foi: Já teve contato com o profissional da
Fonoaudiologia no mesmo ambiente de trabalho?
D os participantes da pesquisa 62,5% (n=15) dos educadores res-
ponderam que sim e 37,5% (n=9) relataram nunca terem atuado junto
ao Fonoaudiólogo.
Atualmente nas instituições em que os participantes atuam, não tem
o profissional da Fonoaudiologia, porém a maioria dos participantes em
algum momento já participou de uma ação conjunta.
Os resultados acima fazem coerência com a opinião de Berberian
(2009), pois o mesmo ressalta que se faz necessário, ações fonoaudiológi-
cas e estudos relacionados á promoção da linguagem oral e escrita, dando
ênfase nos processos de aquisição e desenvolvimento da escrita e com isto
os professores darem continuidade a tais processos.
Os números do resultado dessa questão, são alarmantes e preocupan-
tes, evidenciam quanto a pouca divulgação e atuação dos Fonoaudiólogos
nas escolas, fazendo-se necessário reverter tal situação.

122
Figura 1: Demonstrativo percentual da amostra dos professores
segundo o contato com o Fonoaudiologo na escola

Fonte: pesquisadora|2014

Em relação a esta questão 100% dos participantes afirmaram ser po-


sitiva essa parceria. Ao longo da pesquisa foi possível verificar que os
professores são conhecedores dos significantes resultados que o ensino
infantil pode vir a ter com a interação das duas categorias.
O resultado acima sugere comprovação da eficácia da parceria.
Barreto (2003) fala a respeito da interação entre Fonoaudiólogo e
profissionais da educação, e afirma que esse trabalho em equipe, princi-
palmente, voltado para o aspecto preventivo, amplia as garantias de um
ensino com mais qualidade.
Para Aspilicueta et al. (2009) e Capellini e Salgado (2003) os pes-
quisadores afirmam, que o centro de educação infantil é o local onde
as crianças passam maior parte do tempo, sendo assim um ambiente
influente na formação do indivíduo nos mais diversos aspectos, ficando
a maior responsabilidade por parte do educador. Partindo deste princí-
pio, os autores ressaltam quanto às possibilidades de um trabalho mul-
tiprofissional e interdisciplinar, e assim destacando a Fonoaudiologia
como parte importante.

123
Mediante as citações dos autores acima, fica claro que a presença
do Fonoaudiólogo tem um importante valor, permitindo uma troca
de conhecimentos entres os profissionais atuantes na equipe, gerando
condições favoráveis que propiciaram a criança um desenvolvimento
mais satisfatório.
O professor tem papel de destaque neste complexo processo, porém a
atuação do mesmo pode ser fortalecida com uma assessoria fonoaudioló-
gica, proporcionando assim um melhor ganho para todos os envolvidos.
Lembrando que o trabalho do Fonoaudiólogo deve ser feito de forma que
não interfira na dinâmica das aulas, sendo voltado totalmente para preven-
ção e observação.

Figura 2 - Quando suspeita ou detecta algum problema que interfira no processo


ensino-aprendizagem a qual profissional encaminha a criança?

Figura 2 - Demonstrativo Percentual das respostas dos educadores acerca de qual


profissional encaminhar a criança quando suspeita de alteração.

Fonte: pesquisadora|2014
Segundo o presente resultado as opiniões se dividiram da seguinte for-
ma 33,3% (n=8) afirmaram encaminhar a criança para Psicóloga da escola,
29,1% (n=7) para Coordenação, 8,3% (n=2) para Pediatra, 4,1%
(n=1) encaminha para Fonoaudiólogo, 8,3% (n=2) para Psicopedagogo e
4 16,6% (n=4) encaminham de acordo com o profissional adequado para
o possível problema observado.

124
C om estes dados é importante observar a discrepâncias nos resulta-
dos, isso se deve ao pouco saber dos profissionais da educação quanto à
correta prática Fonoaudiológica e até mesmo dos demais profissionais, e
assim podendo ocorrer erros em relação a qual profissional encaminhar,
pois conforme observado ao longo de todo trabalho, as graduações dei-
xam a desejar nesse aspecto.
De acordo Carneiro e Pimenta (2009), as escolas atuais abrem-se
para uma nova forma de aprendizagem, o mesmo relata que as gradua-
ções devem preparar educadores que além de ensinar, possam favorecer
os alunos com algo a mais.
Portanto, devido à diversidade de respostas, levanta-se uma nova ob-
servação: se ao perceber uma alteração esses educadores estão orientando
de forma correta no que si diz respeito à procura do profissional ade-
quado. Isso ocorre devido a pouca capacitação e informações limitadas
a respeito de assuntos relacionados com aquisição e desenvolvimento da
linguagem oral e escrita, chama-se atenção para que os educadores ate-
nham-se não somente para a prática de ensinar a ler e escrever e sim ver
o indivíduo como um todo.
A última questão foi aberta: “De que maneira a Fonoaudiologia
pode contribuir no ambiente escolar?”. E, por se tratar de uma pergunta
subjetiva, as respostas foram as mais variadas possíveis. Foram citados
aspectos como: observação de trocas, omissões, substituições, partici-
pação no planejamento de estratégias facilitadoras no processo de co-
municação e desenvolver do aprendizado, exercícios vocais, assessoria
ao professor; ajudando no processo de alfabetização, também observa-
ção de comportamentos como atenção e hiperatividade. Fazendo-se os
devidos encaminhamentos quando necessário (esse sendo o principal
citado pelos educadores), promovendo a socialização e orientações a
pais e professores.
Os participantes ainda ressaltaram que a Fonoaudiologia Escolar
pode ir além dos alunos e se estendendo a questões como trabalhos vol-
tados para a saúde vocal dos professores e demais funcionários.
Para Silva (2009) os profissionais da educação infantil conhecem o
trabalho do profissional em questão, porém, de uma forma mais cura-
dora, e ressalta quanto o diferencial que sua atuação juntamente com

125
a equipe escolar pode proporcionar a educação infantil, uma vez que
o mesmo pode prevenir, verificar, identicar e com autonomia intervir
quando necessário, o autor ainda chama atenção para orientações a pais,
equipe pegadógica e participação no planejamento escolar.
S ouza (2006), elenca as principais funções do Fonoaudiólogo na es-
cola; prevenção (este envolvendo atividades de orientação, estimulção),
detecção (observação de anormalidades ou dificuldades a partir da per-
cepção do próprio profissional ou que seja por a equipe) e minimização
(atitudes para reverter quadros instalados de dificuldades).
Para Fernandes e Crenitte (2008), as presentes autoras, confirmaram
em pesquisas que para a maioria dos educadores a contribuição da Fonoau-
diologia Escolar seria importante se fosse voltada para o tratamento, en-
quanto que uma minoria fazem relatos quanto a importância da prevenção.
Os dados acima nos levam a perceber que ainda nos dias atuais tal
atuação na escola ainda se confunde com a prática clinica, necessitando
uma atenção especial, e assim mudar essa visão distorcida e dando ênfase
que a presença do profissional da fonoaudiologia enriquecer o ambiente
escolar e propicia múltiplos benefícios para o ensino infantil.

4 CONCLUSÃO

Por meio desta pesquisa constatou-se quanto à necessidade da divul-


gação da profissão, com ações relacionadas à prevenção e fazendo dife-
rença com a prática de reabilitação.
Ficou claro quanto ao desconhecimento do real fazer Fonoaudio-
lógico por parte dos educadores, confirmando-se que estes apresentam
defasagem e um conhecimento superficial no que diz respeito à Fonoau-
diologia Escolar, desse modo, deve-se mostrar seu importante papel nas
comunidades escolares, e assim despertar das instituições a necessidade
do profissional inserido na equipe pedagógica.
Ainda em relação os resultados encontrados verificou-se , quanto ao
descaso com o aspecto preventivo, pois em nem um momento, os parti-
cipantes relataram acerca da importância de atividades que seja do nível
primário, fazendo acreditar que para eles o tratamento ainda é a melhor
solução. Também citaram em seus relatos tratamento vocal, porém esse

126
sendo voltado apenas para os educadores, e assim evidenciando - se a
dispersão dos professores quanto aos padrões vocais das crianças, que por
sua vez também podem influenciar nos processos de desenvolvimento e
que são bastante comuns nas escolas.
Com relação aos objetivos propostos, nota-se, que o conhecimento
dos educadores com relação à Fonoaudiologia Escolar é errônea e super-
ficial; totalmente voltada para o modelo curador.
Conclui-se que a Fonoaudiologia ainda tem um complexo caminho
a percorrer, até ocupar seu devido papel no ambiente escolar, pois apesar
da literatura e o os resultados encontrados acordarem com sua eficácia,
existe uma carência do profissional nas unidades escolares.
Ao finalizar o tema estudado, ficou a seguinte conclusão; a ausência
do Fonoaudiólogo nas escolas pode ter forte relação, com distorcida atua-
ção do profissional, pois para os mesmos o trabalho feito nos consultórios
é o mesmo feito nas escolas, então, dessa forma, ficando inviável para a
instituição. Portanto essa ideia alterada deve ser corrigida e com isso a
Fonoaudiologia Escolar fazer aquilo que realmente é de sua competência
na comunidade escolar.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa perspectiva ressalta-se mais uma vez, a respeito de novas pes-


quisas de campo para essa área de atuação, e assim apresentar tais re-
sultados as instituições escolares, e com isso uma maior divulgação da
Fonoaudiologia Escolar, mostrando as reais habilidades a serem desem-
penhadas na educação infantil.
O estudo sugere novas pesquisas relacionadas com disfonia infantil
nas escolas, pois atualmente a literatura é carente de material e os núme-
ros para crianças disfônicas são alarmantes.
Cabe aos Fonoaudiólogos mostrar para as instituições de ensino,
além da importância, a necessidade de ter tal profissional inserido na
equipe, agindo como um facilitador no tão complexo processo de desen-
volvimento, e uma porta de entrada para que isso ocorra, será trabalhar
a prevenção e desta forma, promovendo a diferenciação das atuações cli-
nicas e educacionais.

127
REFERÊNCIAS

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cacio- nal: conhecendo e intervindo na realidade escolar. In: PIETRBON, S. R.G. (org.).
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gia: saberes necessários para ação docente. Belém: EDUFPA, 2006.

APENDICE 1 - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ-FAESPI


CURSO: BACHARELADO EM FONOAUDIOLOGIA
PESQUISADORA: NAIANA RABELO DE PINHO
Idade:______________Sexo _______________________________________
Período de formação:
( ) 0 a 3 anos  
( ) 3 anos e 1 mês a 6 anos  
( ) 6 anos e 1 mês a 9 anos
( ) 9 anos e 1 mês a 12 anos
( ) mais de 12 anos e 1 mês
Formação em (especificar):_________________________________________

Pós Graduação: (  )sim  (  )não ______________________________________

01 - O local onde você trabalha dispõe do Fonoaudiólogo?


( )sim ( )não                                 
02 - Você conhece o trabalho da Fonoaudiologia Educacional? 
( )sim ( )não
03 - Para você a atuação do Fonoaudiólogo Educacional pode influenciar no desempenho do
processo Ensino-Aprendizagem da criança?
( )sim ( )não        
04 - Obteve em sua formação acadêmica ou em sua atuação pedagógica  informações sobre a
Fonoaudiologia Educacional, seja em congressos, palestras ou cursos?
( )sim ( )não
05 - Sabe identificar uma criança com problemas\alteração de fala, linguagem, audição ou mo-
tricidade orofacial?
( )sim ( )não
06 - Uma criança que apresenta alterações de fala e/ou linguagem e/ou audição e/ou motricidade
orofacial, pode ser prejudicada no processo ensino-aprendizagem?
( )sim ( )não
07 - Já teve contato com o profissional da Fonoaudiologia no mesmo ambiente de trabalho?
( )sim ( )não

129
08 - Considera que a parceria, Fonoaudiologia e equipe pedagógica pode trazer benefícios para
a Educação?
( )sim ( )não
09 - Quando suspeita ou detecta algum problema que interfira no processo de ensino-aprendi-
zagem a quem (profissional) encaminha a criança?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
10 - De que maneira a Fonoaudiologia Educacional pode contribuir no ambiente escolar?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

130
O MÉTODO THERAPY TAPING®: NA
ADEQUAÇÃO DO POSICIONAMENTO LABIAL
EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN -
“PERCEPÇÃO DOS PAIS, NESTE ENFOQUE”

Laurita Soares Nunes, Cláudia Catão de Aguiar Sousa,


Lylian Mendes dos Santos, Ruth Raquel Soares de Farias

1 INTRODUÇÃO

Incialmente, buscando entender um pouco mais sobre a Síndrome de


Down (SD), de acordo com Schwartzman (1999), tal síndrome foi desco-
berta por John LangdonDown, médico inglês, e trata-se de uma alteração
genética que afeta o desenvolvimento do indivíduo determinando algu-
mas características físicas e cognitivas.
Nesse entendimento, na visão de Werneck (1993), pode-se com-
preender que a face da pessoa com essa síndrome é facilmente identifi-
cada. O rosto apresenta um contorno achatado, as pálpebras são estreitas
e levemente oblíquas, as orelhas pequenas, o pescoço largo e pequeno,
possuem uma cavidade oral de tamanho reduzido e alterações nos órgãos
que compõem o sistema estomagnático.
A hipotonia muscular é um desequilíbrio de forças entre os mús-
culos orais e faciais que altera a arcada dentária, dando um aspecto de
projeção mandibular e contribuindo para que a língua assuma uma po-
sição inadequada. A respiração é oral,o que deixa a criança suscetível
a infecções respiratórias, altera o palato e dificulta a articulação dos
sons(BARATA, 2010, p. 134).

131
Dessa maneira, devido às diversas alterações supracitadas em crian-
ças com a referida síndrome, faz-se necessário que os pais e profissio-
nais da saúde, dentre eles o fonoaudiólogo, trabalhem na adequação dos
músculos faciais, atuando de forma especial na promoção da tonicidade
desses músculos, principalmente no orbicular da boca.
Ainda nessa perspectiva, Morini (2013) afirma que:
[...] a Fonoaudiologia tem trabalhado com o M.T.T. ® que é um méto-
do novo e não invasivo que tem como propósito promover a estimulação
tegumentar e a correção da função motora dos músculos, tendo assim
como objetivo adequar à musculatura dos músculos faciais incluindo pa-
cientes com SD, no que se refere à tonicidade (MORINI, 2013).
Neste contexto, o problema de pesquisa consiste em saber: Qual a
percepção dos pais em relação ao tratamento fonoaudiológico com o mé-
todo TherapyTaping®, na adequação do posicionamento do orbicular la-
bial das crianças com Síndrome de Down?
Dessa maneira, para que tal questionamento fosse respondido ade-
quadamente, elaborou-se os seguintes objetivos: Analisar de que maneira
se dá a percepção dos pais sobre o método TherapyTaping®, e os resulta-
dos da bandagem elástica na promoção da adequação do posicionamento
labial em crianças com SD nos atendimentos em uma instituição filantró-
pica em Teresina.
Da mesma forma, objetiva-se esclarecer o método TherapyTaping®
com atuação fonoaudiológica na estimulação tegumentar em pacientes
com Síndrome de Down para adequação do vedamento labial; Descrever
a eficácia da utilização do método TherapyTaping® na Fonoaudiologia
na adequação do posicionamento labial em pacientes com Síndrome de
Down;Apontar as possibilidades de atuação da Fonoaudiologia com o
método TherepyTaping® em pacientes com Síndrome de Down;analisar
a percepção dos pais sobre o método TherapyTaping® na adequação do
vedamento labial dos seus filhos.
Assim, como se pode observar, a pesquisa procura desenvolver uma
descrição do tratamento, através do método TherapyTaping®, para um
melhor posicionamento labial em crianças com SD tomando como ponto
de partidaa percepção dos pais quanto a essa adequação. Desta forma,
pode-se demonstrar que o uso da bandagem elástica como instrumento

132
de terapia, possui a função de corrigir o funcionamento dos músculos e
que a eficácia do tratamentopode ser facilmente identificada pelos pais.
Nesse sentido, a pesquisa é motivada pela perspectiva dos pais em
relação ao tratamento fonoaudiológico com o método TherapyTaping®,
ou seja, parte da atmosfera de identificação e familiarização dos pais
para com o tratamento, na adequação do posicionamento dos lábios das
crianças com a referida Síndrome. E pela possibilidade de demonstrar
que a utilização da bandagem elástica proporciona um tônus adequado
na criança com Síndrome de Down.

2 METODOLOGIA

Em concordância com o apresentado, o presente trabalho desenvol-


veu-se através de uma pesquisa de campo, e teve caráter longitudinal,
descritivo, quantitativo e do tipo observacional. O estudo longitudinal,
bem como o observacional, pode ser entendido como o método de pes-
quisa que tem por objetivo fazer uma análise das variações seguindo as
características dos mesmos elementos amostrais (indivíduos, empresas,
organizações, etc.). A pesquisa é desenvolvida ao longo de um período de
tempo. Nesse sentido, Campell e Stanley (1963) afirmam que na pesquisa
longitudinal, a coleta de dados é feita antes e depois de determinado fe-
nômeno com a intenção de avaliar se esse fenômeno tem ou não efeitos.
Assim, observa-se de acordo com as características da pesquisa, que
trata-se de um estudo de campo, pois esse determinado tipo de pesquisa,
segundo Gil (2009), baseia seu estudo em um único grupo. No caso, do
presente estudo, o referido grupo foi formado pelas crianças com Síndro-
me de Down atendidas em uma instituição filantrópica em Teresina.
Desse modo, o método utilizado manteve maior enfoque na observação
da percepção dos pais sobre o tratamento, por meio da utilização da banda-
gem elástica no orbicular da boca, em relação à adequação do posicionamen-
to labial dos seus filhos, atendidos no setor de Fonoaudiologia de uma insti-
tuição filantrópica em Teresina, onde foram abordadas perguntas referentes
ao tratamento e a percepção dos pais sobre o método utilizado. Por ser um
modelo de investigação, desenvolveu-se o trabalho por meio de observação
direta e através de um questionário com respostas objetivas.

133
Nessa atmosfera, entende-se que as pesquisas descritivas possuem
como objetivo primordial a descrição das características de determinada
população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de variações entre
as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm o objetivo de estu-
dar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, pro-
cedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, etc. (GIL,
2009, p.42). Baseando-se nesta afirmativa, a pesquisa aqui apresentada,
limitou-se, diante de várias patologias, ao atendimento de crianças com
SD, como critério de inclusão e exclusão.
Constata-se, de acordo com os ensinamentos de Richardson (1989),
que este método caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto nas
modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas atra-
vés de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas.
Sendo assim, o pesquisador apenas observa o curso natural dos eventos,
analisando a associação entre exposição e doença. Neste sentido, a pes-
quisa será realizada através da análise dos questionários com os pais, rea-
lizado antes e após o tratamento fonoaudiológico no orbicular da boca,
para avaliar a percepção dos pais em relação ao método T. T. na adequa-
ção do posicionamento labial.
Nesse contexto, a coleta de dados foi realizada em pacientes com SD
na faixa etária a partir dos seis meses até dois anos de idade, que apre-
sentam hipotonia muscular no orbicular da boca, atendidos duas vezes
por semana em uma instituição filantrópica na cidade de Teresina Piauí,
no período de outubro de 2014 à março de 2015, através da aplicação de
questionários, que se encontram no Apêndice (A). Questionários estes,
do antes e do depois da aplicação da bandagem elástica com respostas
objetivas, presente no Apêndice (B).
O questionário compôs-se de sete questões que vão desde o perío-
do de amamentação aos hábitos deletérios, contenção salivar, tipo de
alimento da preferência da criança, até a posição habitual dos lábios e
se há escape de alimento no momento das refeições.No que se refere ao
outro questionário,foi aplicado após a utilização do método proposto na
pesquisa que visa observar a percepção dos pais sobre a evolução de seus
filhos.Participaram da pesquisa de forma voluntária cinco pais com suas
respectivos crianças.

134
Assim, ainda diante dos instrumentos necessários, utilizou-se também a
bandagem elástica da marca TherapyTex®, uma tesoura para fazer o corte se-
guindo a técnica do método, além de uma máquina fotográfica, que fotogra-
fou a região do terço inferior da face, especificamente. Desse modo, ressalte-
-se que o paciente foi fotografado de frente e de perfil, com e sem bandagem
elástica. Na pesquisa, contudo, não foram incluídos pacientes com registros
de terapias já existentes, como exercícios para a musculatura orofacial com
intuito de demonstrar apenas a eficácia do método aqui estudado.
Para melhor visualização, os dados referentes aos questionários serão
transferidos para o Excel 2010 e transformados em figuras para melhor
análise do percentual de respostas dos pais em relação ao método T.T na
adequação do vedamento labial de crianças com S.D.
Para a realização desta pesquisa, foi entregue aos responsáveis pelos
pacientes escolhidos um termo de autorização (TCLE), a fim de liberar
imagem e resultados dos seus respectivos filhos, bem como descrever o
relato deles, por se tratarem também do objeto de estudo deste trabalho.
Foi assinada, também, uma declaração para o campo de estudo e a reali-
zação da pesquisa, tendo sido esta, submetida ao comitê de ética para as-
segurar a credibilidade da mesma e após aprovação do CEP será iniciada
a pesquisa de campo.
É importante, contudo, destacar os riscos que se correu durante a rea-
lização da pesquisa. Destaca-se, inicialmente, a iminência de um possível
desconforto do paciente na realização do método de bandagem no orbi-
cular da boca, bem como a não aceitação dos pais e/ou responsáveis do
paciente, o que impossibilitaria a realização do método de intervenção.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dando início à análise, no entendimento de Andreanet al. (2006), ao


receberem estimulação precoce ainda na fase da amamentação, os pacien-
tes com Síndrome de Down apresentam menos dificuldades na degluti-
ção, por exemplo. Assim, ao serem questionados sobre a amamentação de
seus filhos, as respostas dos pais não foram unânimes, onde uma maioria
considerável, formada por quatro pais, referiram ter amamentado o filho
exclusivamente com leite materno por seis meses, enquanto apenas uma

135
respondeu que fez uso de alimentação complementar, como se verifica na
figura à seguir.

Gráfico 1 - Quantidade de crianças alimentadas exclusivamente com leite materno nos


seis primeiros meses de vida

Fonte: Nunes, 2015

Como se verifica, analisando-se os dados sobre a amamentação como


alimento exclusivo nos primeiros seis meses de vida, o que se nota é uma
percepção da maioria dos pais sobre a importância dessa amamentação.
Segundo Carvalho (1995), o sistema estomatognático também é benefi-
ciado pela amamentação, além da respiração nasal, que passa a ser esta-
belecida de maneira correta. As crianças com SD também possuem um
desenvolvimento melhor quando estimuladas através dessa amamentação
exclusivamente materna nos primeiros meses de vida.
Quando questionados sobre a assiduidade dos pacientes, todos res-
ponderam que as crianças foram assíduas às sessões, ou seja, continua-
ram indo ao tratamento e procedendo com as especificações do mesmo.
Concordando com o que Bianchini refere ao citar orientações sobre a
importância da assiduidade das sessões terapêuticas, assim como a con-
tribuição do próprio paciente.
Corrobora-se com Rosa (1999), quando se percebe que é de suma
importância a participação dos pais no processo evolutivo corresponden-
te ao tratamento adequado, pois a segurança e o suporte caracterizam-se
como fortes aliados no combate ás dificuldades decorrentes da Síndrome.
Com isso, compreende-se ter sido muito importante que os pais con-
tinuassem com o tratamento, buscando sempre uma evolução dos filhos

136
em aspectos como dificuldades na alimentação, mastigação, melhorias na
respiração entre outros.

Gráfico 2 - Questionário pós-método. Assiduidade às sessões de bandagem terapêutica.

Fonte: Nunes, 2015.

Nesse contexto, de acordo com Neiva et al. (2003), alguns hábitos


viciosos são comuns em algumas crianças com Síndrome de Down, é im-
portante ter conhecimento sobre esses hábitos, pois muitas crianças os
cultivam mesmo em fases avançadas, onde o uso de vícios, como mama-
deira e chupeta, atrapalha o desenvolvimento e adequação muscular.
Quando questionados a respeito desses hábitos, quatro pais responde-
ram positivamente enquanto apenas uma criança não mantinha tais hábi-
tos. Dentre os vícios, encontra-se com mais frequência o uso de mamadei-
ra. É possível verificar nos gráficos a seguir as constatações da pesquisa.

Gráfico 3 e 4 - Hábito vicioso anterior ao tratamento,


e Relação de hábitos mais recorrentes antes ao tratamento, respectivamente.

Fonte: Nunes, 2015.

137
Assim, como se verifica, alguns aspectos comportamentais do co-
tidiano também contribuem para com a posição labial da criança com
Síndrome de Down, interferindo nas mudanças significativas que podem
auxiliar a criança em diversos aspectos, como, por exemplo, a alimen-
tação e o controle da saliva. Neiva (2003) explica que a mamadeira, por
exemplo, faz com que a criança não seja estimulada adequadamente em
suas funções motoras, a autora ainda enfatiza que outros hábitos interfe-
rem no bom desenvolvimento motor-oral.
Uma das características das crianças com esta alteração genética,
apontada por Calvert (1975), é a falta de controle na deglutição da saliva.
Desse modo, antes da terapia, foi questionado aos pais sobre o hábito
das crianças com sialorréia em determinadas circunstâncias específicas
bem como a frequência com que elas apresentam excesso de saliva, dessa
maneira, chegou-se ao número de quatro crianças que apresentavam uma
frequência de sialorréia que variava de leve à intensa, sendo que a maio-
ria, três crianças ao todo, possuem uma frequência média.

Gráfico 5 e 6 - Relação de crianças com sialorréia ou não possuem controle sobre a deglu-
tição da saliva e frequência da sialorréia antes da intervenção terapêutica, respectivamente.

Fonte: Nunes, 2015.

Nessa perspectiva, após, ou durante a terapia, muitas melhoras nes-


se aspecto foram percebidas pelos pais, que indicaram uma evolução
no controle da saliva, depois de aplicado o método da bandagem elás-
tica. Como explica Morini (2013), a bandagem elástica do método em

138
questão estimula os músculos através de meios externos. Dessa maneira,
adequa-se o tônus em relação à sensação, percepção e a força muscular,
diminuindo-se, assim, a salivação através de um controle maior sobre a
deglutição da saliva. As melhoras são inúmeras e vão desde a mobilidade
e retração da língua à respiração nasal.
Desse modo, após o tratamento, essa condição de sialorréia apre-
sentou uma melhora significativa, visto que havia um predomínio muito
grande de frequência média e ainda, mesmo que pequena, uma incidên-
cia de frequência intensa da sialorréia, o que atrapalharia futuramente no
desenvolvimento da criança.
Com isso, os pais apresentaram como resultado do método um
controle maior da saliva, onde a maior incidência encontra-se em uma
frequência de média para leve, o que demonstra uma diminuição gra-
dativa desse problema. Mesmo assim, duas crianças apresentaram uma
frequência de leve para uma ausência total da sialorréia, evidenciando
ainda mais a eficácia do método utilizado, pois, a bandagem, segundo
Matos (2002), protege os tecidos moles, ampliando a estabilidade ar-
ticular e diminuindo, ou mesmo acabando, os limites das funções. O
gráfico a seguir demonstra claramente que os indicativos em que a fre-
quência intensa aparece, basicamente desapareceram através do método
utilizado no tratamento.

Gráfico 7 - Melhoria do controle da saliva após o tratamento.

Fonte: Nunes, 2015.

139
Existe, uma dificuldade muito grande em crianças com Síndrome de
Down de consumirem alimentos sólidos. Na pesquisa de Pipes e Holmes
(1980), constatou-se que existe nos indivíduos com Síndrome de Down
uma dificuldade na ingestão de alimentos sólidos, mesmo que sejam in-
teiramente aptos a essa ingeri-los. Da mesma forma, a pesquisa demons-
trou uma dificuldade na mastigação, algo que ficou evidenciado no ques-
tionário feito antes da aplicação do método na terapia.
Quando perguntadas sobre quais alimentos seus filhos preferiam as
respostas se dividiram entre duas alternativas, das três apresentadas. As-
sim, os alimentos líquidos e pastosos eram aqueles de maior preferência
na hora da alimentação e os alimentos sólidos não foram mencionados
por nenhuma dos pais, mostrando uma preferência maior da criança por
uma alimentação sem mastigação, facilitada através de uma textura mais
suave do alimento.
Ainda segundo a pesquisa de Pipes e Holmes (1980) a dificuldade
na mastigação é uma característica perceptível na criança com Síndro-
me de Down. Nas figuras seguintes é possível perceber não só a prefe-
rência por alimentos mais pastosos ou líquidos, mas também uma com-
pleta rejeição por alimentos mais sólidos, pois todas as respostas foram
negativas quando perguntadas sobre a aceitação das crianças em relação
aos alimentos mais sólidos. Desse modo, a falta de uma postura labial
adequada impede que as crianças com Síndrome de Down tenham força
na mastigação.

Gráfico 8 – Preferência da textura alimentar da criança antes do método da bandagem.

Fonte: Nunes, 2015.

140
De acordo com Barata (2010) a criança com SD encontra desde muito
cedo uma intensa dificuldade em deglutir, sugar, controlar os movimen-
tos dos lábios e mastigar. Essa dificuldade acaba atrapalhando, segundo a
autora, o desenvolvimento da articulação dos movimentos.
Através do método de bandagem elástica, os resultados em relação
à alimentação das crianças durante a pesquisa, foram satisfatórios ao
se constatar que houve uma evolução, levando-se em consideração que
a quantidade de crianças que tinham preferência por alimentos líqui-
dos foi reduzida a zero, enquanto as que preferiam o alimento pastoso
aumentaram. Da mesma forma, uma das crianças passou a preferir ali-
mentos sólidos, demonstrando que as dificuldades de mastigação dei-
xaram de existir.
As bandagens terapêuticas produzem de maneira constante uma
estimulação que favorece a contração muscular. Esse método, segundo
Morini (2013), possui um processo repetitivo, o que estimula de manei-
ra constante as funções do músculo. Os dados levantados na pesquisa
demonstraram que após a utilização da bandagem, os músculos foram es-
timulados de tal forma que houve uma evidente evolução na alimentação
das crianças, que passaram, inclusive, a não preferirem mais alimentos
líquidos, como se percebe nafigura a seguir:

GRÁFICO 9 e 10 - Número de crianças que não aceitam alimentação sólida antes do


início do tratamento com o método e consistência alimentar preferida após a utilização do
método da bandagem elástica, respectivamente.

Fonte: Nunes, 2015.

141
Percebe-se, através dos ensinos de Macho (2008), que a hipotonia
muscular é uma das características encontradas nos indivíduos com Sín-
drome de Down, o que faz com que exista certa flacidez ligamentar em
todo o corpo. Os ligamentos em torno dos dentes também são influencia-
dos, pois ali existe uma baixa tonicidade muscular.
Dessa maneira, entende-se que essa alteração labial atrapalha a suc-
ção e a mastigação, o que resulta no escapamento de alimentos da boca no
momento da alimentação. Antes que fossem submetidas à terapia, havia
uma incidência muito grande de crianças que deixavam os alimentos caí-
rem da boca enquanto se alimentavam o que se pode observar a seguir.

Gráfico 11 - Número de crianças com escape oral anterior.

Fonte: Nunes, 2015.

Assim, o escape oral pode ser percebido como um acontecimento fre-


quente em crianças com SD. Segundo Ideriha (2007) o fechamento corre-
to dos lábios criaria uma intra-oral, impedindo que o alimento escapasse
da boca. O fechamento dos lábios, através do método utilizado, é possível,
desde que haja um tratamento contínuo.
Antes do tratamento, ainda, foi possível perceber que além de velhos
hábitos, como a madeira ou a chupeta, algumas crianças tinham a mania
de permanecer de boca aberta durante algum tipo de atividade. Ainda de
acordo com Ideriha (2007) essa situação é percebida pela falta de postura
labial e pela dificuldade que a criança com Síndrome de Down possui na
manutenção de determinado músculo em um posicionamento adequado,
necessitando de estímulos para que ocorra um desenvolvimento e um
fortalecimento dos mesmos.

142
Desse modo, todos os pais, na pesquisa, responderam afirmativa-
mente que os filhos permanecem de boca aberta em algum momento
do seu dia a dia. Dessa forma, preocupou-se em identificar em quais
momentos isso ocorria, pois se percebe que a ocorrência maior é em
momentos de distração, quando está assistindo TV, por exemplo, ou
mesmo quando brinca.
Assim, a maior incidência encontrada foi no caso da distração com
a TV, onde das cinco crianças pesquisadas, três apresentavam dificul-
dade na posição labial e ficavam de boca aberta nesse momento em
específico. Essa percepção só é possível quando se participa do dia a dia
da criança, ou seja, mostra-se, de acordo com Marchesan (1994), que
a atuação do fonoaudiólogo deve ser feita em conjunto com a família,
para que as informações sobre a melhoria em diversas condições da
criança sejam repassadas corretamente, a fim de avaliar a eficácia ou
não do método aplicado.

Gráfico 12 - Situações mais frequentes de ausência de vedamento labial.

Fonte: Nunes, 2015.

Sem a percepção dos pais, no dia a dia das crianças, o tratamento não
teria como base dados tão informativos como os hábitos e a frequência
em que existe uma ausência de um vedamento labial. Para Barata (2010),
o vedamento labial pode ser proporcionado trabalhando-se o tônus e a
postura dos lábios, o que significa as funções labiais seriam adequadas.
Com a utilização do método de bandagem elástica, houve um no-
tável avanço na postura labial das crianças o que resultou na melhora
significativa dos casos em que, por não ter firmeza nos músculos, dei-
xavam os alimentos escaparem pela boca. Todas as mães perceberam

143
mudanças na postura labial, demonstrando que é também de suma im-
portância que a família observe a evolução da criança, objetivando dar
continuidade à terapia.

Gráfico 13 e 14 - Número de crianças commudança perceptível na postura labial após o


tratamento pelo método da bandagem elástica e crianças com vedamento labial efetivo
após o tratamento com o método proposto na pesquisa, respectivamente

Fonte: Nunes, 2015.

Com isso, dos cinco pais, quatro perceberam que as crianças não
mantêm mais os lábios ocluídos durante a alimentação, o que melhorou
consideravelmente esse processo. De acordo com Silva (2014) a banda-
gem elástica pode ser utilizada para tratar vários tipos de problemas e
entre eles, o de disfagias mecânicas, objetivando facilitar a deglutição e a
pressão intra-oral.
Houve, como se verificou, uma evolução gradativa durante a aplica-
ção da bandagem, evidenciada através das melhorias identificadas pelos
familiares. Uma prova disso é que em uma avaliação sobre o método utili-
zado, a resposta à bandagem terapêutica foi incrivelmente positiva, diante
da perceptível evolução das crianças.
Ainda segundo Silva (2014), o método da bandagem na fonoaudiologia
ainda ocorre de maneira empírica por conta das pesquisas que são recentes.
A utilização do método na fonoaudiologia mostra-se eficiente na modifi-
cação dos padrões posturais relacionados ao sistema sensório motor oral e
nas alterações da motricidade orofacial. Os resultados obtidos com a pes-

144
quisa foram suficientes para demonstrar essa eficiência do método, além de
provar que de fato é um dos recursos terapêuticos que devem ser usados
com uma frequência cada vez maior na fonoaudiologia.
Tomando-se os resultados obtidos através da aplicação da bandagem
elástica, é importante entender o nível de satisfação com o método utili-
zado, ou seja, a qualificação dos pais em relação ao método, levando em
conta os resultados percebidos por estes em seus filhos, no desenvolvi-
mento deles no dia a dia e a evolução de suas funções motoras. O nível de
satisfação foi muito bom, como se verifica no gráfico a seguir:

Gráfico 15 - Qualificação do método utilizado na pesquisa


pelos pais das crianças avaliadas.

Fonte: Nunes, 2015.

4 CONCLUSÃO

Evidenciou-se através dos resultados obtidos com os dados colhidos na


instituição filantrópica pesquisada, que algumas mudanças foram eviden-
tes como a diminuição da sialorréia e aumento do controle de deglutição de
saliva, melhora na mobilidade da língua, durante a função de mastigação
e fala e uma melhora na permanência do vedamento labial facilitando a
respiração nasal e garantindo a adequação dos músculos labiais.
Preocupou-se com a análise de aspectos comportamentais das
crianças antes do tratamento, buscando-se um entendimento sobre a
rotina dos pais com as crianças, principalmente na percepção destes
sobre alimentação, hábitos viciosos etc. A diferença pode ser notada nos

145
resultados e avanços em todos os aspectos analisados, demonstrando
uma eficiência do método aplicado.
Desse modo, pode-se perceber durante o tratamento utilizando-se
o método da bandagem elástica, que houveram melhoras, quanto ao
vedamento labial das crianças. Tais mudanças foram percebidas pelos
pais, que indicaram uma evolução gradativa, mesmo no pouquíssimo
tempo pesquisado.
Assim, constata-se mais uma vez uma real necessidade da participação
dos pais no processo evolutivo de seus filhos, tendo uma percepção sobre
o progresso, uma vez que a criança permanece mais tempo com a família.
O T. T. é uma metodologia que deve ser inserida no tratamento mio-
funcional orofacial em alterações de tônus, especialmente em crianças
com S.D. que possuem rebaixamento geral do tônus.

146
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APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO ANTES

Seu filho foi alimentado EXCLUSIVAMENTE com leite materno por seis meses?
( ) SIM ( ) NÃO
1. Faz uso de hábito vicioso?
( ) NÃO ( ) SIM
2. Se sim, usa qual?
( ) MAMADEIRA ( ) CHUPETA ( ) DEDO
3. Seu filho baba ?
( ) SIM ( ) NÃO

148
4. Se baba, com que frequência?
( )LEVE ( )MÉDIA ( )INTENSA
5. Tem preferência por que tipo de alimento?
() LÍQUIDO ( )PASTOSO ( ) SÓLODO
6. A criança aceita alimentação sólida ?
( ) SIM ( ) NÃO
7. Você percebe que seu filho fica com a boca aberta?
( ) SIM ( ) NÃO
8. Se sim, em quais situações?
( ) ASSISTINDO TV ( ) DORMINDO
( ) BRINCANDO ( ) OU O TEMPO TODO
9. Quando a criança está se alimento cai alimento de sua boca?
( ) SIM ( ) NÃO


DATA:___/___/___

APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO DEPOIS

1. SEU FILHO FOI ASSÍDUO AS SESSÕES?


( )SIM ( )NÃO
2. VOCÊ PERCEBEU MUDANÇAS NA POSTURA LABIAL DA CRIANÇA?
( ) SIM ( ) NÃO
3. APÓS A UTILIZAÇÃO DO MÉTODO, COMO ESTÁ O CONTROLE DA SALIVA DA
CRIANÇA?
( ) PASSOU DE UMA FREQUENCIA INTENSA PARA MÉDIA
( ) PASSOU DE UMA FREQUENCIA INTENDA PARA LEVE
( ) PASSOU DE UMA FREQUENCIA MÉDIA PARA LEVE
( ) PASSOU DE UMA FREQUENCIA LEVE PARA AUSÊNCIA DE BABA
4. HOJE, QUAL O TIPO DE CONSISTENCIADE ALIMENTO A CRIANÇA PREFERE?
( ) LÍQUIDA ( ) PASTOSA ( ) SÓLIDA
5. VOCÊ OBSERVOU SE APÓS AS APLICAÇÕES DA BANDAGEM ELÁSTICA A CRIAN-
ÇA OBTEVE MELHORA NO POSICIONAMENTO LABIAL?
( ) SIM ( ) NÃO
6. VOCÊ PERCEBEU SE DURANTE A ALIMENTAÇÃO A CRIANÇA MANTEM OS LÁ-
BIOS OCLUÍDOS?
( ) SIM ( ) NÃO
7. QUALIFIQUE O MÉTODO UTILIZADO NA PESQUISA COMO:
( ) RUIM ( ) ÓTIMO
( ) BOM ( ) EXCELENTE

149
ANÁLISE DA APLICABILIDADE DOS
RECURSOS TECNOLÓGICOS NA TERAPIA DE
PACIENTES AUTISTAS: REVISÃO SISTEMÁTICA

Débora Cristina da Conceição Mendes, Claudia Catão de Aguiar Sousa,


Maria Tânia Barbosa, Lylian Mendes dos Santos

1 INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), nos últimos anos vem apre-


sentando grande aumento de incidência. Segundo dados da Organização
Mundial da Saúde (OMS): “estima que 1% da população mundial tem
autismo, ou seja, cerca de 70 milhões de pessoas” (FREIRE, 2015, p. 14).
“É uma síndrome de início precoce, marcada pela alteração na linguagem
e interação social” (TEIXEIRA, 2016, p. 18). Ainda não há uma causa
específica para o transtorno e existem várias teorias.
Os primeiros sintomas do autismo manifestam-se antes dos três anos
de idade, o que então faz com que os profissionais da saúde investiguem
e realizem o diagnóstico precoce (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012). “O
diagnóstico precoce é fundamental no processo de tratamento. Crianças
diagnosticadas precocemente têm uma chance muito maior de apresentar
melhorias bastante significativas nos sintomas do transtorno ao longo da
vida” (TEIXEIRA, 2016, p. 20).
Estudos demonstram que uma das primeiras suspeitas antes da crian-
ça ser diagnosticada é a criança desatenta é achar que seja surdez, pois

150
quando a criança é chamada pelo nome é ela não dá atenção, é como se
não nos escutasse, e a demora para o aparecimento da linguagem faz com
que os pais acreditem que a criança tenha alguma perda auditiva.
O DSM-V, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,
dá como características do autismo prejuízos persistentes na comunicação,
habilidade social, apresenta estereotipias (ações repetitivas), déficits na
linguagem que variam de ausência total da fala, passando por atrasos de
linguagem, compreensão reduzida da fala, em eco, possuindo ausência do
contato visual, gestos, expressões faciais, ecolalia (repetição da fala do ou-
tro) e dentre outros (AMERICAN PSICHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
Para o tratamento do autismo é preciso que uma equipe multidisci-
plinar (psiquiatras, neurologista, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fo-
noaudiólogo, psicopedagogos, fisioterapeutas e outros) trabalhe de forma
conjunta e que possua muito empenho e participação familiar (SILVA;
GAIATO; REVELES, 2012). Sem essa parceria dos profissionais dificil-
mente as metas serão atingidas.
A Fonoaudiologia tem como objeto de estudo a comunicação huma-
na, e, no entanto irá atuar através de estímulos, habilidades voltadas para
que o indivíduo consiga se comunicar seja de forma verbal ou não verbal.
Quando recebem incentivos, estimulação correta essas crianças apresen-
tam ganhos significativos, na linguagem verbal e não verbal, na interação
social, no ganho de autonomia e na melhoria de sua qualidade de vida e
de sua autoestima (TEIXEIRA, 2016).
Neste contexto são inúmeros os recursos utilizados assim como estra-
tégias do processo terapêutico. “As tecnologias digitais podem operar como
recursos de empoderamento, ampliando a possibilidade de integração so-
cial” (CONFORTO; SANTAROSA, 2015, p. 350). Não somente de integra-
ção social, mais podem operar como aliados a fonoaudiologia, oferecendo
benefícios á comunicação dos autistas, e nos anos atuais estão sendo uti-
lizados vários aplicativos, vídeos e outros recursos para auxílio na terapia.
Cresce a cada dia o número de pessoas no mundo nas quais faz o
uso de recursos tecnológicos, disponíveis em smartphones, tabletes e/ou
computadores. Os recursos tecnológicos vêm dando a mão a Fonoaudio-
logia com o objetivo de ofertar benefícios á comunicação das pessoas,
proporcionando assim uma melhor qualidade de vida (LEITE, 2012).

151
Os recursos tecnológicos digitais podem ser importantes como alia-
dos no processo terapêutico com relação ao tempo para alcançar os obje-
tivos que os recursos convencionais não alcançavam.
Por isso o presente trabalho tem como objetivo geral apresentar os
benefícios que os recursos tecnológicos digitais trazem na terapia do
Transtorno do Espectro Autista. E como objetivos específicos, identificar
os tipos de recursos tecnológicos mais utilizados em campo; destacar os
objetivos das terapias que podem ser alcançados com os recursos tecno-
lógicos; elencar quais os profissionais estão colocando em prática o uso
dos recursos tecnológicos.

2 METODOLOGIA

Para a realização desta pesquisa, escolheu-se o método de revisão sis-


temática, pois é um método que permite uma pesquisa ampla em relação
às buscas encontrando o maior número de resultados de forma organiza-
da (COSTA; ZOLTOWSKI, 2014).
De início foi realizada uma pesquisa para os descritores, Autismo e
Fonoaudiologia, Autismo Fonoaudiologia e Terapia tecnológica, trans-
torno do espectro da autista tecnologia, terapia autismo tecnologia.
As consultas efetuadas para fins de levantamentos bibliográficos foram
obtidas de artigos, a busca foi realizada no Portal Regional da BVS (Biblio-
teca Virtual em Saúde), pois no portal encontra-se vários bancos de dados.
Utilizado as bases de dados eletrônicos: SCIELO, GOOGLE ACADÊMICO,
LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde).
Como critério de inclusão foi estabelecido: artigos científicos com-
pletos de 2008 a 2018, estudos de caso que fossem relacionados ao uso de
tecnologias no transtorno do espectro do autista e que trouxesse algum
resultado positivo quanto à melhor desempenho do indivíduo autista.
Quanto aos critérios de exclusão: Todos os artigos científicos incom-
pletos fora do tempo estimado, sem resultados relevantes, com resultados
negativos e textos que fogem da temática do trabalho, revisão bibliográfi-
cas, integrativas e sistemáticas.

152
A busca foi direcionada em artigos dos últimos dez anos, em língua
portuguesa, em todas as bases foram identificados um total de onze mil
quatrocentos e cinquenta artigos, a seleção foi realizada, inicialmente com
a leitura do tíjtulo e resumo dos artigos, aplicação dos critérios exclusão.
Uma segunda seleção foi feita a partir da aplicação dos critérios de
inclusão e remoção dos estudos repetidos. No entanto restaram apenas
cinco artigos para a revisão sistemática.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As consultas foram realizadas nas seguintes bases de dados: SCIELO,


GOOGLE ACADÊMICO e Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS) cruzando-se as palavras-chaves. O resultado
total das buscas de artigos conforme os descritores escolhidos podem ser
vistos no organograma abaixo.

Organograma 1 – Quantidade de artigos conforme os descritores escolhidos.

153
154
Fonte: Mendes (2018).
Os artigos da pesquisa todos estão em português e foram encontra-
dos um total de onze mil, quatrocentos e cinquenta e nove artigos, nos
quais vinte e seis não foram possíveis o acesso ao texto completo, doze es-
tavam repetidos, após a leitura do título, resumo e artigo completo foram
excluídos um total de onze mil quatrocentos e cinquenta e quatro, pois
não se encaixavam aos critérios de inclusão e não está relacionado com
os objetivos da pesquisa, restando apenas cinco artigos para o estudo.
Conforme no organograma abaixo:

Organograma 2 – Quantidade de artigos, de acordo com as bases de dados,


e os critérios de inclusão.

Fonte: Mendes (2018).

155
Quadro 1 – Distribuição dos artigos, conforme método, objetivo e resultados obtidos.

Autor/ano Método Objetivo Resultados Obtidos


Bez et al. A análise foi realizada Investigar, a partir O recurso provocou en-
(2013) através de um perfil- de uma proposta de tusiasmo e satisfação e
-sócio-histórico do ação mediadora, no interesse nos alunos e no
aluno autista e déficits contexto escolar, o sujeito com TEA durante a
na comunicação oral, desenvolvimento da atividade, comprovando-o
que estuda em sala comunicação e in- a tecnologia assistiva Scala
com 12 alunos, sendo clusão do aluno com ser efetivada para apoio da
particular. TEA com uso do sis- comunicação. Criança apre-
tema SCALA. sentou balbucio de algumas
letras, apontou.
Tenório e Uso do Ipad em Sala Analisar como o Ipad O mesmo apresenta difi-
Vasconcelos de aula com autista pode ser utilizado culdades motoras, e o Ipad
(2014) de sete anos está no como uma ferramen- facilita isso a ele, realizando
2°ano do ensino fun- ta nos processos de uma escrita legível, e reali-
damental, com dificul- ensino e aprendiza- zada por ele com prazer e
dade de socialização, gem de uma criança satisfação, ele demonstra.
dificuldade motora, com autismo. Com o uso da tecnologia
na área da linguagem a mesma desperta motiva-
e concentração. ção e estimulo, além de ser
algo atrativo e que desafia
as possibilidades e habili-
dades. Outra forma de uso
do Ipad é com jogos de con-
centração, raciocínio logico
e leitura.
S a n t a r o s a Utilizado observação Mapear os reflexos Do Laptop, Tablet, Na inte-
e Conforto direta a analise docu- de politicas publica ração com o tablet foi possí-
(2015) mental, as entrevistas inclusivo, no âmbito vel constatar um manuseio
e as dinâmicas de gru- escolar e digital, ana- amigável e intuitivo, uma
pos focais, realizadas lisando a emergên- vez que a manipulação do
no período de março a cia de movimentos objeto ocorre de forma di-
dezembro de 2013. O de empoderamento reta, com o toque do dedo.
profissional que atua- para estudantes com A arquitetura dessa tecno-
va junto ao aluno com transtorno do espec- logia permite seu uso em
deficiência assumiu a tro do autista quan- diferentes lugares e posi-
responsabilidade de do em interação com ções, uma resposta positiva
executar uma obser- dispositivos moveis. para a hiperatividade e para
vação de enfoque par- qualificar estratégias de me-
ticipante, um processo diação pedagógica.
de coleta de informa-
ções. Participantes:
três alunos com TEA,
sem linguagem oral.

156
C a s s e m i ro Questionário á oito Analisar como a Beneficiam o desenvolvi-
et al. (2017) profissionais psico- tecnologia pode in- mento e possibilita a mo-
pedagogos e acompa- terferir na aquisição tivação dos alunos, a con-
nhantes terapêuticos de conhecimento no tinuidade da vivencia de
do atendimento edu- âmbito escolar para aprendizagem com a família
cacional especializado crianças com síndro- em casa, o interesse facilita
que implantam tecno- me de asperge. – Fai- a aquisição de conhecimen-
logia em dispositivos xa etária das crianças: tos importantes. E também
portáteis. Realizada 5 a 7 anos. por ser um recurso que
por profissionais da auxilia na apreensão do
psicologia. individuo por atividades
adaptadas e visuais, ou seja,
aprendem o conteúdo de
forma adaptada.
Raiol et al. Autista de 4 anos, sexo Evidenciar o uso de Em duas sessões com re-
(2017) masculino 3 sessões recursos tecnológicos cursos convencionais,
fonoaudiológicas, dois como estratégia para houve dificuldade da par-
não houve utilização favorecer o proces- te da criança para realizar
de recursos tecnológi- so de aprendizagem atividade, sendo agressiva,
cos, utilizando assim com criança autista havendo estereotipias, não
os convencionais e 1 na terapia fonoaudio- interagindo, sem contato
com os recursos tec- lógicas em Univer- visual.Enquanto em uma
nológicos. Recurso sidade Particular de sessão utilizando os recur-
multimídia dinâmico, Belém- PA. sos tecnológicos, criança
vários vídeos infantis. realizou atividade proposta
e isso proporcionou me-
lhoras em aspectos relacio-
nados ao comportamento,
pois não apresentou agres-
sividade, concentração –
permitindo contato visual e
também o contato corporal
(através de um abraço de
forma espontânea).

Fonte: Mendes (2018).

O autismo é caracterizado por um distúrbio do desenvolvimento,


onde apresenta alterações desde nascimento até antes dos três anos de
idade, onde o impacto mostra-se nas áreas da comunicação, interação
social, capacidade de adaptação e no aprendizado (MELLO, 2007).
O DSM-V, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,
dá como características do autismo prejuízos persistentes na comunicação,
habilidade social, apresenta estereotipias (ações repetitivas), déficits na
linguagem que variam de ausência total da fala, passando por atrasos de

157
linguagem, compreensão reduzida da fala, em eco, possuindo ausência do
contato visual, gestos, expressões faciais, ecolalia (repetição da fala do ou-
tro) e dentre outros (AMERICAN PSICHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
O trabalho visa abordar os recursos tecnológicos como ferramenta
de ajuda terapêutica, para melhorar na comunicação, na interação so-
cial, fala e aumento no tempo da atenção e concentração de crianças e
adultos com TEA.
Dentro deste contexto a Fonoaudiologia tem como objeto de estudo
a comunicação humana, no seu desenvolvimento, aperfeiçoamento, na
função cognitiva e na linguagem oral e escrita (FREIRE, 2012). No Trans-
torno do Espectro do Autista a Fonoaudiologia atua através de estímulos
visando melhoria na comunicação de forma quantitativa e qualitativa,
podendo ser verbal ou não verbal (TAMANAHA et al., 2013, p. 25).
Para o tratamento do autismo é preciso que uma equipe multidis-
ciplinar (psiquiatras, neurologista, psicólogos, terapeutas ocupacionais,
fonoaudiólogo, psicopedagogos, fisioterapeutas e outros) trabalhe de
forma conjunta e que possua muito empenho e participação familiar
(SILVA; GAIATO; REVELES, 2012).
Nos trabalhos selecionados foram verificados que as mais diversas
áreas do conhecimento (Psicologia, Informática, Fonoaudiologia, Psico-
pedagogia) apresentam interesse no tema relacionado aos recursos tecno-
lógicos e o autismo.
Verificou-se que não apenas a Fonoaudiologia se preocupa com a
utilização dos recursos tecnológicos, mas também outras áreas afins
como citado anteriormente. Quatro dos artigos tinham como propósi-
to da pesquisa verificar os recursos tecnológicos no desenvolvimento
da aprendizagem de indivíduos autistas, e apenas um relacionado à
políticas públicas inclusiva, porém relacionados também a aprendiza-
gem. As habilidades desenvolvidas durante as pesquisas com os recur-
sos tecnológicos foram: contato visual, desenvolvimento do cognitivo,
concentração, interação e principalmente motivação para a realização
das atividades.
Os recursos tecnológicos é toda e qualquer tecnologia que esteja o
nosso alcance como: televisão, computador, tablet, smartphones, vídeos
dentre outros. A tecnologia sendo implantada desde cedo na sala de aula/

158
consultório há uma grande chance de melhora quanto ao cognitivo do
indivíduo (CASSEMIRO et al., 2017, p. 13).
O estudo de Benz et al. (2013), trata de uma análise através de um
perfil-sócio-histórico do aluno autista estudante de escola particular,
investigou-se o desenvolvimento da comunicação no contexto escolar e
inclusão do aluno com TEA através do uso do sistema SCALA (Sistema
de Comunicação Alternativa para Letramento de Pessoas com Autismo),
atualmente podendo ser utilizado na web e no tablet.
Os resultados do estudo de Benz et al. (2013), confirmou que através
do recurso apresentou entusiasmo, satisfação e interesse no sujeito autista
e de seus colegas de classe, promovendo uma interação maior entre os
mesmos, durante a atividade comprovou-se que a tecnologia SCALA é
efetivada para apoio da comunicação, a criança apresentou balbucios de
algumas letras, comunicou-se também através do apontar. Os recursos
tecnológicos são de grande importância para a interação de indivíduos
autistas com outras crianças neurotipícas dentro da sala de aula, pois
através da tecnologia é possível que realizem atividades juntos, intera-
gindo entre si.
Segundo Tenório e Vasconcelos (2014), pesquisa de campo no qual
foi abordado o uso do ipad em sala de aula com individuo autista de sete
anos de idade em uma escola privada, onde se encontrava no segundo
ano do ensino fundamental, apresentava dificuldades motoras, sociali-
zação, e na área da linguagem e concentração, durante a análise foi visto
que o ipad ajudou bastante o mesmo por conta da questão motora, pois
foi possível realizar uma escrita legível, onde apresentou satisfação, o uso
do recurso tecnológico trouxe a ele o despertar da motivação e estímulo,
pois é algo atrativo, o ipad também pode ser utilizado com jogos de con-
centração, raciocínio lógico e leitura.
No estudo citado anteriormente de Tenório e Vasconcelos (2014) mos-
trou que como a interação na parte da aprendizagem através dos recur-
sos tecnológicos a criança apresentou mais concentração, observou-se que
criança estava inserida no processo de alfabetização onde foi um aliado
para a pesquisa, pois a alfabetização é um processo muito importante na
vida de uma criança, é uma fase do ensino aprendizagem, onde o objetivo
maior é levar a criança ao processo inicial de aprendizagem da leitura e da

159
escrita, no qual um indivíduo alfabetizado é aquele que possui as habili-
dades para utilização da leitura e escrita (MARTINS; SPECHELA, 2012).
Visto que nos dois trabalhos dos autores Benz et al. (2013) e Tenório
e Vasconcelos (2014), que o uso dos recursos tecnológicos foi de suma
importância, no primeiro artigo de Benz et al. (2013), foi visto que os alu-
nos de classe da criança autista passaram até mesmo a enxergá-lo como
citou o próprio autor, pois o uso do sistema Scala deu voz e vez ao mesmo,
como diz o autor Conforto e Santarosa (2015, p. 350), “As tecnologias
digitais podem operar como recursos de empoderamento, ampliando a
possibilidade de integração social”, pois a tecnologia desperta interesse
aos usuários, e para ser trabalhado com autistas é necessária à utilização
de ferramentas atrativas que chamem a atenção.
Conforto e Santarosa (2015) realizou uma observação direta a aná-
lise documental, as entrevistas e as dinâmicas de grupos focais durante
o período de março a dezembro de 2013, participantes da pesquisa: três
alunos com TEA (um do sexo feminino de 12 anos e dois sexo mascu-
lino sendo um de seis e outro de 12 anos) sem linguagem oral, onde o
profissional que atuava com os alunos assumiram a responsabilidade de
executar a observação.
No entanto o estudo anterior apresentou como resultado que os in-
divíduos mostraram pequenas dificuldades quanto ao uso dos recursos,
porém na utilização com o Tablet foi possível constatar que houve um
manuseio amigável e intuitivo em vista do Laptop, obteve uma resposta
positiva para a hiperatividade, onde se constatou melhora na interação
com os colegas. Hiperatividade, mais conhecida como Transtorno do Dé-
ficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH é uma síndrome na qual o
indivíduo apresenta inquietação, impulsividade e dificuldade de concen-
tração (PEREIRA; ARAUJO; MATTOS, 2005).
Muitos aplicativos/recursos tecnológicos existentes no mercado fa-
cilitam o aprendizado do indivíduo com TEA, esses indivíduos possuem
dificuldades de comunicação com pessoas, porém utilizam esses recursos
com facilidade, aprendendo de maneira fácil, melhorando a sua comunica-
ção oral e interação (KOVATLI, 2015). A afirmação deste autor comprova
os resultados encontrados durante a discussão dos artigos citados acima,
todos os indivíduos apresentaram facilidade quanto ao uso das ferramen-

160
tas utilizadas, melhorando a interação com os colegas de classe, também
aumentando tempo de atenção dos mesmos. E através das pesquisas está
sendo possível observar que há o uso dos recursos tecnológicos na escola,
para aprendizagem na escola, não somente em terapias em clinicas.
Já a pesquisa realizada por Cassemiro et al. (2017), baseou-se pela
pesquisa bibliográfica e de campo, onde foi realizado questionário com
oito profissionais sendo psicopedagogos e acompanhantes terapêuticos
do atendimento educacional especializado (AEE), que fazem o uso da
tecnologia em dispositivos portáteis com o uso de aplicativos durante as
suas práticas de ensino com crianças com Síndrome de Asperge com faixa
etária de 5 a 7 anos e teve como objetivo analisar como a tecnologia pode
interferir na aquisição de conhecimento no âmbito escolar para crianças
com a síndrome.
As pesquisas acima citadas os profissionais trabalharam a socialização
e o brincar através de atividades diferenciadas que podem ser enquadra-
das no uso da tecnologia, e durante todo esse processo observacional foi
comprovado que os recursos tecnológicos podem e devem ser utilizados
no contexto educacional, pois beneficiam o desenvolvimento e possibilita a
motivação dos alunos, e também por ser um recurso que auxilia na apreen-
são do indivíduo por atividades adaptadas e visuais, aprendendo assim os
conteúdos propostos de forma adaptada (CASSEMIRO et al., 2017).
O simbolismo do brincar é de suma importância para o desenvol-
vimento de uma criança, pois é através de brincadeiras, músicas, jogos
e outros que a aprendizagem torna-se mais enriquecida, ampliando seu
conhecimento e compreensão para o mundo (NILES; SOCHA, 2014).
Sendo assim constatamos através das pesquisas analisadas dos autores
Benz et al. (2013), Cassemiro et al. (2017), Santarosa e Conforto (2015) e
Tenório e Vasconcelos (2014), a eficácia dos recursos tecnológicos digitais,
se tornando fundamental também no ambiente escolar, estimulando aten-
ção dos alunos e desenvolvendo de forma satisfatória varias habilidades.
Quanto ao artigo de Raiol et al. (2017), um estudo de caso, realizado
por Fonoaudiólogos com um autista de quatro anos do sexo masculino,
desenvolvendo três sessões fonoaudiológicas, sendo duas não utilizando os
recursos tecnológicos, utilizado métodos convencionais, e uma com ferra-
mentas tecnológicas (recurso multimídia dinâmico, e vídeos infantis).

161
Dentro da Fonoaudiologia os recursos tecnológicos são importan-
tes, mas a criança precisa vivenciar os métodos convencionais, ou seja, o
concreto (lápis, brinquedo, papel, massinha, giz de cera, quebra-cabeça,
jogo da memória e etc,), pois é um método essencial para trabalhar o
simbolismo (brincar), através do brincar é possível verificar a forma de
exploração dos objetos, mesmo que a criança não se comunique verifica-
mos outras formas de comportamento para melhor conhece-la e, assim
melhor compreende-la (ZORZI, 2008).
Durante a pesquisa de Raiol et al. (2017), observaram que em duas
sessões com recursos convencionais houve dificuldade por parte da
criança para realizar a atividade, sendo agressiva, apresentando estereo-
tipias, sem interação e contato visual, já em uma sessão com recursos
tecnológicos foi possível ter resultados positivos, a criança realizou todas
as atividades propostas sem resistência, proporcionando melhora quanto
ao comportamento, não apresentou agressividade, houve concentração,
permitindo assim o contato visual e também o contato corporal (através
de abraços de forma espontânea).
O recurso tecnológico é uma ferramenta que veio para agregar, mas
ele não é primordial, pois deve-se trabalhar o concreto (lúdico) para me-
lhor desenvolvimento da aprendizagem, avalia a questão motora de como
a criança manipula, o uso do convencional dos objetos, é através do modo
de agir da criança com os objetos que revela o modo que ela compreende
o mundo (ZORZI, 2008), o uso do recurso tecnológico é utilizado para
alcançar alguns objetivos, como: concentração e contato visual. Após al-
cançar os objetivos almejados na terapia é necessário que seja trabalhado
os métodos convencionais.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a presente pesquisa constatou-se que há a aplicabilidade dos


recursos tecnológicos digitais em terapias com indivíduos autistas, po-
dendo diminuir o tempo de alcance de alguns objetivos como: aumentar
tempo de atenção e concentração, contato visual, interação e outros.
Com o avançar dos tempos e da sociedade, houve uma necessidade
de se acrescentar os recursos tecnológicos na prática terapêutica, pois eles

162
vieram avançando e ganhando a sociedade. Através dos artigos selecio-
nados foi percebido que as mais diversas áreas utilizam desses recursos
(Fonoaudiologia, Psicopedagogia, Psicologia e Informática), tanto em
ambientes escolares quanto em consultórios, e os recursos mais utiliza-
dos nas pesquisas foram tablet, ipad, computador, vídeos e jogos digitais.
Em todos os estudos encontrados os indivíduos apresentaram evo-
luções com aplicação dos recursos tecnológicos digitais, mas falta de
trabalhos em campo compromete a fidedignidade da pesquisa, espera-
va-se mais pesquisas com estudos de casos, pois vivenciando os fatos
torna-se mais verdadeiro os resultados, porém mesmo com poucos tra-
balhos de campo relacionado ao tema foi possível constatar a eficácia
dos recursos tecnológicos.

163
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166
DISTÚRBIO DE LINGUAGEM E EQUOTERAPIA:
ATUAÇÃO FONOAUDIOLOGICA NA
PERCEPÇÃO DE PAIS E PROFISSIONAIS

Denize Zaira Velôso de Azevedo, Cláudia Catão de Aguiar Sousa,


Lylian Mendes dos Santos, Ruth Raquel Soares de Farias

1 INTRODUÇÃO

No Brasil a equoterapia só passou a ser divulgada no início da década de


70, quando os pioneiros deste trabalho formaram a Associação Nacional de
Equoterapia (ANDE-BRASIL) situada em Brasília, DF- foi reconhecido pelo
Conselho Federal de Medicina como método terapêutico em Sessão Plenária
de nove de junho de mil novecentos e noventa e sete (SANTOS, 2000).
A equoterapia é um método que favorece ao indivíduo a habilitação
ou reabilitação dos comprometimentos físicos e mentais propiciando o
desenvolvimento psicossocial de pessoas portadoras de necessidades es-
peciais (LEITÃO, 2008).
Esta terapêutica utiliza o cavalo como instrumento cinesioterápico,
proporcionando aos portadores de necessidades especiais o alinhamento
corporal, o aumento do equilíbrio estático e dinâmico, visando o desen-
volvimento global do ser humano (SANTOS, 2005).
Segundo a ANDE- BRASIL, (2007) o indivíduo que realiza a Equote-
rapia é chamado de praticante, devido ao fato de nessa atividade o sujeito
participar do seu próprio processo de reabilitação à medida que interage
com o cavalo.

167
Terapias com utilização de animais vêm ganhando destaque no cam-
po da saúde devido à realização de estudos que apontavam mudanças
ocorridas no comportamento humano na presença dos mesmos (DOTTI,
2005). A fonoaudiologia beneficia-se da equoterapia, a qual favorece a in-
teração com o ambiente e com um ser vivo, não necessariamente humano.
Esse trabalho teve como objetivo analisar os benefícios da prática da
equoterapia para a adequação da linguagem em pacientes com alterações,
comparar a linguagem pré e pós intervenção fonoaudiológica no contexto
da equoterapia na visão dos pais e dos profissionais do centro, verificar se
houve evolução no repertório verbal durante o tratamento equoterápico
na visão dos pais e dos profissionais do centro, conhecer o papel do fo-
noaudiólogo na equipe interdisciplinar da equoterapia.

2 METODOLOGIA

Na ótica de Gil (2010) esta foi uma pesquisa do tipo quantitativa,


visto que foi desenvolvido um questionário comparativo e exploratória,
pois proporcionamos uma maior familiaridade com o tema, tornando o
mais explícito.
“Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua
experiência em torno de determinado problema” (MACEDO, 2011).
Para realização deste projeto foi realizada uma pesquisa bibliográfica
baseada em artigos indexados no banco de dados da medline, sinopses,
scielo, periódicos, trabalhos de conclusão de curso relacionados ao as-
sunto e apostilas de equoterapia.
O projeto de pesquisa foi submetido à análise e aprovação pelo Comitê
de Ética em Pesquisa. Após aprovação com CAAE: 46121614.8.0000.5211,
iniciou-se se a coleta de dados, em um Centro de Equoterapia-EIPMON
na Cidade de Teresina Piauí, localizado junto à Cavalaria da Policia Mili-
tar na Avenida São Francisco, nº 3001, Parque Jurema.
O grupo estudado foram os pais e profissionais de indivíduos que apre-
sentam patologias neurológicas entre elas: Autismo, Paralisia Cerebral, Sín-
dromes Genéticas (Síndrome de Down), Deficiência Mental e Hidrocefalia.
A coleta de dados foi realizada mediante aplicação de um questioná-
rio distinto aos pais e aos profissionais, entre eles, fonoaudiólogos, fisio-
terapeutas, psicólogos, assistente social, pedagogas e instrutor de equita-

168
ção. Após seleção de crianças portadoras de distúrbio de linguagem oral
praticantes da equoterapia no Centro de Equoterapia-EIPMON.
Este questionário buscou a percepção dos pais e dos profissionais das
crianças atendidas no centro, em relação ao desenvolvimento da linguagem
destas, bem como a contribuição da fonoaudiologia dentro do contexto da
equoterapia. O instrumento de coleta utilizado foi uma adaptação do Proto-
colo de Observação Comportamental-Proc. O questionário foi aplicado para
vinte e cinco pais e quinze profissionais, visto que, estes eram a amostra total
disponível no tempo da coleta de dados. O período de coleta aconteceu entre
10 de agosto de 2015 a 21 de setembro de 2015. Nos turnos da manhã e tarde.
O presente trabalho visou comparar o desenvolvimento da linguagem
das crianças antes e após a intervenção fonoaudiológica, juntamente com
a prática da equoterapia. O critério de inclusão é que o praticante esteja
no centro a mais de seis meses.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS

Expõe-se a seguir os dados obtidos nas entrevistas com os profis-


sionais e pais dos praticantes do Centro de Equaterapia – EIPMON. “Os
dados na fora bruta precisam ser preparadas para serem usados a cons-
trução do conhecimento” (LAVILLE; DIOENNE, 1999).

3.1 RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS


PROFISSIONAIS:

Gráfico 01: Categoria de Funcionários

Fonte: Azevedo, 2015.

169
Percebe- se através do gráfico 01, que a pesquisa envolveu a percepção
de treze funcionários, entre eles dois Psicólogos, uma Pedagogas, três Fo-
noaudiólogas, duas Fisioterapeutas, um Assistente Social, dois Educadores
Físicos, dois Instrutores de Equitação. Todos os participantes dessa pesquisa
estão atuando com equoterapia e tem algum curso de capacitação na área.
Na equoterapia é indispensável uma equipe interdisciplinar, necessá-
rio à interligação de conhecimento de diversas áreas da saúde, buscando
desta forma desenvolver um plano terapêutico onde se respeite os parâ-
metros neurológicos, físicos e sociais individual a cada praticante.
Bernardo (1998) afirma que na equoterapia a atuação interdisciplinar
e o domínio da especialidade é justamente o fato de maior destaque dessa
prática, visto que os profissionais atuam diretamente com o praticante, cada
um dentro de especialidade contribuindo para o sucesso da equoterapia.
“As atividades equoterápica devem ser desenvolvidas por equipe in-
terdisciplinar, que envolva o maior número possível de áreas profissionais
nos campos de saúde, educação e equitação.” (ANDE BRASIL, 2004)

Gráfico 02: Tipo de Montaria

Fonte: Azevedo, 2015.

Dos entrevistados a grande maioria o que representa, 92% (n=12)


utiliza-se da sela durante a montaria, apenas 8% (n=1) utiliza a man-
ta, nenhum dos entrevistados faz uso da montaria diretamente sobre o
pelo do animal. Os resultados obtidos diferem-se dos de Albuquerque e
Rubio (2014) que defendem que a equoterapia deve ser realizada com o
praticante diretamente sobre o pelo do animal, desta forma, os músculos
promovem com maior intensidade o contato entre o corpo do cavalo com

170
o do praticante, o calor recebido é maior, acontecem massagens na pelve
e pernas além de relaxamentos, contribuindo muito para sua circulação
e controle da postura.
Barbosa, Carvalho e Bezerra (2013) após a realização de um trabalho
concluiu que a utilização da manta deve ser dada preferência, o que não
acontece por parte dos entrevistados, pois proporciona maior liberdade
de ação e maior percepção de estímulos do movimento tridimensional
do cavalo, além de agir diretamente na musculatura anterior e posterior
do tronco além da grande aumento da abdução coxofemoral. A sela deve
ser evitada, pois, possui características que limita o movimento da cintu-
ra pélvica, porém, proporciona maior equilíbrio e correção das posturas,
fazendo com que a musculatura anterior e posterior do tronco tenha um
ponto fixo adequado.

Gráfico 03: Tipo de Terapia

Fonte: Azevedo, 2015.

O gráfico 03, representa o tipo de terapia utilizada durante as sessões


de equoterapia, todos os participantes utilizam apenas a terapia indivi-
dual, visto que as necessidades de cada praticante são especificas, além
dos cuidados que devem ser intensos para evitar acidentes e\ou quedas,
em virtude da quantidade de funcionários disponíveis, não permite reali-
zação da terapia coletiva. Cada praticante fica em média de 30 a 40 minu-
tos em equitação. Esse tempo corresponde desde a interação do pratican-
te com o cavalo, o primeiro contato, os cuidados preliminares, o animal
sentir o cheiro do praticante até o ato de montar e a realização da terapia.
A equoterapia tem sua aplicação através de programas individuais, que
são organizados de acordo com a necessidade, potencial dos praticantes e
objetivos que se deseja alcançar no programa.

171
Gráfico 04: Percepção dos funcionários sobre o relacionamento do
praticante com a equipe e o cavalo.

Fonte: Azevedo, 2015.

A amostra total de profissionais envolvidos nesse estudo, (n=13) clas-


sificaram como bom o relacionamento dos praticantes no ambiente equo-
terápico tanto com a equipe quanto com o cavalo. O relacionamento com
o animal desenvolve-se mediante a visão que o praticante possui sobre o
cavalo, a partir desse momento, o praticante possui uma necessidade de
se comunicar com os que estão ao seu redor. A equoterapia promove não
só ganhos motores, mas também psicológicos, melhorando a autoestima,
a satisfação, o aumento do desejo de se comunicar, além de proporcionar
enorme bem-estar.
Segundo Santos (2000) o início da sessão equoterapêutica, a monta-
ria, o manuseio com o cavalo desenvolve nas praticantes formas de so-
cialização, autoconfiança e autoestima. Para o praticante é importante o
momento de encontro e despedida com o cavalo a cada sessão; e é neste
momento que se observa o vínculo criado entre eles.
Na ótica de Cirillo (2007) o cavalo deve se tornar um aliado den-
tro das sessões, permitindo ao praticante uma satisfação na realização
das atividades propostas. Este resultado é possível no momento que o
praticante considera o cavalo, como um agente de reabilitação, que mes-
mo sendo um animal forte e de grande porte, permite a montaria e ser
manipulado. Na equoterapia o praticante fortalece suas potencialidades
residuais de acordo com o desenvolvimento orgânico funcional humano,
por essa razão o desenvolvimento e o aparecimento de resultados satisfa-
tórios, variam entre praticantes.

172
Copetti et.al (2007), Carvalho e Oliveira (2009), Nascimento et.al.
(2010) relatam em seus estudos que quando o terapeuta percebe que para
o praticante o cavalo é um objeto transicional, a proposta da equoterapia
é aprendida, pois além de utilizar o movimento do cavalo durante a
técnica de reabilitação, ele atua em diversas dimensões biopsicossociais.
Benefícios na equoterapia são atribuídos a uma combinação de estímu-
los sensoriais gerados pelo movimento tridimensional produzido durante
o passo do animal, que são transmitidos aos praticantes, resultando em
uma integração motora e sensorial.

Gráfico 05: Visão dos profissionais sobre a Fonoaudiologia associada a equoterapia para o
desenvolvimento da linguagem oral.

Fonte: Azevedo, 2015.

A grande maioria dos profissionais envolvidos nessa amostra, o cor-


respondente a 61% (n=8), quando interrogados como classificariam a
equoterapia como aliada a Fonoaudiologia para o desenvolvimento da
linguagem oral, responderam como excelente 31% (n=4) como bom e o
restante o que representa 8% (n=1), responderam como regular.
Neves (2004) realizou um estudo com portadores de distúrbio de lin-
guagem, na faixa etária de 4 a 16 anos, e destaca a evolução na expressão
de sentimentos e comunicação durante a terapia. A autora atribui essas
evoluções ao ambiente em que a terapia é realizada um ambiente ao ar
livre, capaz de realizar trocas afetivas.
Andrade (2010) realizou uma pesquisa de natureza clínico-qualitativa,
de caráter exploratório, desenvolvida na modalidade de estudo de casos clí-
nicos, obtive como resultados que a presença do cavalo favoreceu a atividade

173
dialógica de duas crianças, a gestualidade, a expressão de sentimentos e afe-
tividade, além da organização do esquema corporal, aumento da compreen-
são, expressão verbal e do vínculo familiar.
Ferlini e Cavalari (2010) após a realização de um estudo que teve
como objetivo investigar as contribuições da equoterapia, no tratamento
de pessoas com deficiência física e/ou com necessidades especiais, den-
tro do enfoque psicoterapêutico, obteve como resultado que essa práti-
ca favorecem a alfabetização, a socialização e o desenvolvimento global
portadores de necessidades especiais. Os mesmos relacionam esse fato ao
impacto profundo causado no psíquico do praticante, eles relatam que
a aceitação do cavalo ao praticante é emocionante, o praticante perde o
medo ao se sentir útil e torna-se ousado.
Para Santos (2000), Caldas, Domingues e Haddad (2004), Neves
(2004) e Antonella (2006) a equoterapia é capaz de proporcionar grandes
evoluções na comunicação dos praticantes.

Gráfico 06: Resultados obtidos na percepção dos pais sobre atuação


Fonoaudiológica nos distúrbios de linguagem.

Fonte: Azevedo, 2015.

Todos os profissionais envolvidos na pesquisa o que representa 100%


(n=15), quando questionados, se observaram que após a atuação fo-
noaudiológica os praticantes tiveram melhoras nos aspectos referentes
a linguagem comunicativa, responderam que sim. Os itens referentes ao
desenvolvimento da linguagem foram de comum acordo entre os profis-
sionais, estes afirmaram melhora na linguagem comunicativa dos prati-
cantes que fazem equoterapia associada à fonoterapia, aumento da in-

174
tenção comunicativa desses praticantes durante a prática da equoterapia,
aumento da expressividade dos seus desejos e vontades após a montaria,
passaram a responder a perguntas simples durante a montaria, houve me-
lhora no humor, aumento da compreensão de ordens simples verbais e
não verbais melhora na atenção e na disciplina, os praticantes desenvol-
veram a narrativa através da reprodução de histórias ou cenas do seu dia
a dia. Os mesmo ainda afirmaram que as respostas foram analisadas em
cima da avalição da maioria das crianças.
Os resultados encontrados confirmam o que a literatura segundo Ler-
montov (2004) propõe que “atividades que envolvem cavalos aumentam
o período de atenção estabelecido pelo organismo, possibilitando maior
concentração e melhor disciplina”.
Justi (2009) ao buscar em um estudo qual era a repercussão da equo-
terapia na estimulação da linguagem infantil, percebeu que pós-interven-
ção fonoaudiológica, os participantes do estudo demonstrou melhores
em diferentes aspectos avaliados por intermédio de um protocolo de lin-
guagem. Entre eles estão, vantagens em níveis de decodificação, entender
o que o outro fala desenvolvimento da sintática, construção de palavras,
melhor produção da fala, melhor fluência, utilização da semântica, me-
lhor significado de frases e acontecimentos.
Prado (2013) relata em seu trabalho de revisão bibliográfica, outros
resultados satisfatórios quanto a ganhos expressivos na simetria da pos-
tura, na coordenação dos movimentos e na tonicidade muscular, aprimo-
rando habilidades motoras e contribuindo para o prognóstico da marcha,
encontrados na equoterapia.

3.2 RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS PAIS:


Gráfico 07: Caracterização dos sexos dos praticantes

Fonte: Azevedo, 2015.

175
Refere-se a distribuição dos praticantes segundo o sexo, na qual é
possível perceber que o sexo masculino é grande maioria com 68%(n=17)
e o feminino com 32% (n=8).
A partir dos resultados, observou-se maior ocorrência de indivíduos
do sexo masculino, o achado já foi observado em estudos prévios nacio-
nais e internacionais (CÉSAR; MAKSUD, 2007). Segundo Hage e Faiad
(2005) esse fato pode estar relacionado a alterações hormonais (altera-
ções nos níveis de testosterona podem dificultar a realização de conexões
no sistema nervoso), a fatores neurológicos (a maturação cerebral é mais
lenta nos meninos), genéticos e sociais (o meio social tende a cobrar com
maior intensidade que a fala dos meninos, seja sempre correta).
Porém Goulart e Chiari (2007) e Rabelo et. al. (2011) relatam em seus
estudos que a teoria de distúrbio de linguagem em função do gênero deve
ser refutada, destacam que existe pouca possibilidade de interferência da va-
riável sexo na tipologia de distúrbio de linguagem, sendo este, por si só, um
indicativo importante no sentido de contribuir com evidências que excluem
o gênero como fator de risco para a ocorrência de distúrbio de linguagem.

Gráfico 08: Distribuição dos praticantes segundo a faixa etária.

Fonte: Azevedo, 2015.

Pode- se observar através do gráfico 7 que os praticantes tem suas


idades compreendidas ente 1 ano (4%), 3 anos (29%), 4 anos (9%), 5 anos
(21%), 6 anos (25%),8 anos (4%) ,9 anos (4%) 10 anos (4%) 16 anos (4%).
Quanto a distribuição de idade dos filhos dos praticantes, observa- se que
a maioria está entre 3 e 6 anos.

176
De acordo com Silva (2003) “quando mais cedo iniciar a estimulação
precoce, melhores resultados serão obtidos”.
Bueno (1998) defende que a melhor faixa etária para estimulação
do desenvolvimento psicomotor vai desde o nascimento até aproxima-
damente os 8 anos. Este acredita que a estimulação do desenvolvimento
motor exige consciência dos movimentos corporais integrados com suas
emoções e expressados através de movimentos. Conclui que os pratican-
tes envolvidos nesse estudo estão na faixa etária mais propicia a recebe-
rem estimulação adequada.

Gráfico 09: Distribuição dos praticantes segundo o tempo que pratica Equoterapia

Fonte: Azevedo, 2015.

O gráfico 9 demonstra a distribuição dos praticantes com relação ao


tempo que frequentam a Equoterapia. As maiorias dos praticantes reali-
zam a Equoterapia a mais de 12 meses (48%). E a minoria estão no centro
a apenas 9 meses (8%).
Sousa (2009) cita em seu trabalho que os resultados na Equoterapia
dependem da idade do praticante, da patologia associada, se a interven-
ção aconteceu da maneira precoce e o período que este está exposto ao
recebimento de estímulos.
O gráfico 10, relaciona quem indicou o tratamento equoterápico aos
pais. Percebido que o profissional mais citado foi o Neuropediatra (56%),
seguido do Fisioterapeuta (20%). A pesquisa acima possui resultado que
difere aos de Silva (2006) que ao buscar saber qual o profissional de saúde
que mais indica a equoterapia a mães, obteve como resposta que aproxi-
madamente metade das participantes ouviu falar sobre equoterapia pela

177
primeira vez, por meio de um profissional de saúde, e o profissional que
mais a indicou foi o Neurologista.

Gráfico 10: Distribuição sobre quem indicou a Equoterapia aos seus filhos:

Fonte: Azevedo, 2015.

Gráfico 11: Caracterização de como era a linguagem dos praticantes


antes de iniciar a Equoterapia:

Fonte: Azevedo, 2015.

Os pais ao serem questionados como era a linguagem dos seus fi-


lhos antes de iniciarem a Equoterapia teve como maioria que era gestual
( 56%) e os demais como verbal (44%).
Justi (2009) em seu trabalho que buscou a repercussão da Equotera-
pia na estimulação das dimensões da linguagem materna, foi um estudo
de cunho hipotético com duas crianças, o autor realizou toda a descrição
de como os praticantes se comportaram desde a chegada até o final da

178
terapia, e a partir da segunda sessão os praticantes já pronunciavam al-
gumas palavras.

Gráfico 12: Distribuição dos pais que acreditam no sucesso da terapia fonoaudiológica na
equoterapia para o desenvolvimento da linguagem oral:

Fonte: Azevedo, 2015.

O gráfico acima, mostra que todos os pais (100%) envolvidos na pes-


quisa acreditam que a Fonoaudiologia associada a Equoterapia, pode ser
eficiente para o desenvolvimento nos distúrbio de linguagem.

Gráfico 13: Visão dos pais sobre a Fonoaudiologia na Equoterapia

Fonte: Azevedo, 2015.

Os pais quando questionados sobre se a Equoterapia associada a


Fonoaudiologia trazia resultados positivos para o desenvolvimento da
linguagem, responderam como excelente (60%) e bom (40%), os pais

179
tinham também as opções ruim, péssimo e regular, porém nenhuma das
alternativas foram assinaladas.
Silva (2006) realizou estudo exploratório descritivo de caráter qua-
litativo, que utilizou análise de conteúdo. A amostra foi composta por
vinte e duas mães de pacientes que realizava Equoterapia no Centro de
Equoterapia Rancho Dourado, na cidade de Cuiabá-MT. Todas apresen-
taram algum conhecimento sobre a Equoterapia e falaram sobre alguns
benefícios terapêuticos, sendo que Benefícios Físicos foi a categoria
mais identificada.
Segundo Negri et al. (2010), trinta minutos de equoterapia não
influenciou nas análises dos dados quanto à frequência cardíaca e da
sua variabilidade com criança com paralisia cerebral, eles acreditam
que os praticantes com paralisia cerebral exigem mais tempo de esti-
mulação, porém mesmo as mães com filhos portadores dessa patolo-
gia, acreditam no desenvolvimento da linguagem mesmo com trinta
minuto de equoterapia.

4 CONCLUSÃO

Comparativamente os aspectos de linguagem das crianças antes e
após a intervenção fonoaudiológica é amplamente desenvolvido. Melho-
rando diversos aspectos da linguagem verbal e não verbal.

180
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APÊNDICES

5.1 Percepção dos pais das crianças atendidas no Centro de Equoterapia, sobre a atuação fonoau-
diológica em pacientes com atraso de linguagem.
1-Sexo da Criança:
[ ] Feminino [ ] Masculino
2-Idade______________
3-Tempo em que frequenta o centro?
[ ] 6 meses [ ] 1 ano
[ ] 9 meses [ ] 2 anos ou mais
4-Quem indicou a equoterapia ao seu\sua filho (a)?
[ ] Neuropediatra [ ] Fisioterapeuta [ ] Psicólogo
[ ] Fonoaudiólogo [ ] Neuropediatra [ ] Educador Físico
5-Quais desses profissionais atendem seu\sua filho (a) no centro?
[ ] Psicólogo [ ] Terapeuta Ocupacional [ ] Psicólogos
[ ] Fonoaudiólogo [ ] Educador Físico [ ] Instrutor de Equitação
6-Antes de iniciar a equoterapia como era a comunicação do seu\sua filho (a)?
[ ] Verbal [ ] Gestual

184
7-Seu\sua filho (a) falava em torno de quantas palavras, antes de iniciar a equoterapia?
[ ] 0 a 5 palavras [ ] 11 a 15 palavras
[ ] 6 a 10 palavras [ ] mais de 15 palavras
8-Você acredita que a equoterapia pode ter contribuído para o desenvolvimento da lingua-
gem da sua criança?
[ ] Sim [ ] Não
9- Como você classificaria a equoterapia como aliada da fonoaudiologia para o desenvolvi-
mento da linguagem oral?
0-RUIM 1-PÉSSIMO 2–REGULAR 3-BOM 4-EXCELENTE
[ ]0 [ ]1 [ ]2 [ ]3 [ ]4
10- Antes de iniciar a equoterapia a criança tinha intenção comunicativa?
[ ] Sim [ ] Não
11- Seu\sua filho (a) realiza alguma sessão fonoaudiológica, fora a realizada no Centro?
[ ] Sim [ ] Não
12- Como está a comunicação atual (nível de expressão):
[ ] Não consegue se comunicar
[ ] Não utiliza fala nem gestos para se comunicar
[ ] Sua fala é compreendida com dificuldade por estranhos
[ ] Sua fala é perfeitamente compreensível por todos
[ ] Utiliza-se da fala e apoia com gestos
[ ] Sua fala é compreendida por familiares e não por estranhos
[ ] Sua fala é incompreensível por todos
[ ] Utiliza-se apenas de gestos para se comunicar
13-Como está a comunicação a nível de relação com as pessoas?
[ ] Não consegue se comunicar com crianças
[ ] Apenas a mãe consegue se comunicar com a criança
[ ] Apenas as pessoas que convivem consegue se comunicar com a criança
[ ] Aumentam a voz quando falam com a criança
[ ] Utilizam apenas gestos para se comunicar com a criança
[ ] Utilizam de voz e gestos para se comunicar com a criança
[ ] Exageram na articulação para serem compreendidas pela criança.
14-Atende ordens simples verbais e não verbais?
[ ] Sim [ ] Não
15- É capaz de narrar histórias ou cenas do seu cotidiano?
[ ] Sim [ ] Não
APÓS A PRATICA DA EQUOTERAPIA (o apêndice desenvolvido para esta pesquisa foi elabo-
rado a partir do PROC-PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL)
16- Como está a comunicação atual (nível de expressão):
[ ] Não consegue se comunicar
[ ] Não utiliza fala nem gestos para se comunicar
[ ] Sua fala é compreendida com dificuldade por estranhos
[ ] Sua fala é perfeitamente compreensível por todos

185
[ ] Utiliza-se da fala e apoia com gestos
[ ] Sua fala é compreendida por familiares e não por estranhos
[ ] Sua fala é incompreensível por todos
[ ] Utiliza-se apenas de gestos para se comunicar
17-Como está a comunicação a nível de relação com as pessoas?
[ ] Não consegue se comunicar com crianças
[ ] Apenas a mãe consegue se comunicar com a criança
[ ] Apenas as pessoas que convivem consegue se comunicar com a criança
[ ] Aumentam a voz quando falam com a criança
[ ] Utilizam apenas gestos para se comunicar com a criança
[ ] Utilizam de voz e gestos para se comunicar com a criança
[ ] Exageram na articulação para serem compreendidas pela criança.
18-Atende ordens simples verbais e não verbais?
[ ] Sim [ ] Não
19- É capaz de narrar histórias ou cenas do seu cotidiano?
[ ] Sim [ ] Não
20-Apresenta comportamento de imitação?
[ ] Sim [ ] Não
21-A criança nomeia objetos e\ou pessoas da família?
[ ] Sim [ ] Não
22-A velocidade de fala é?
[ ] aumentada [ ] normal [ ] reduzida
23-A criança gosta de sair de casa?
[ ] Sim [ ] Não
24-Com quem a criança passa a maior parte do tempo?
[ ] Pai [ ] Mãe [ ] Avó [ ] Tio\Tias [ ] Irmãos [ ] Sozinhas [ ] Babá

5.2Percepção dos profissionais que atuam no Centro:


1-Profissão:
[ ] Psicólogo [ ] Pedagogo [ ] Fonoaudiólogo [ ] Fisioterapeuta
[ ] Assistente Social [ ] Educador Físico [ ] Instrutor de Equitação
Outros:___________________________________________

2-Tipo de montaria:
[ ] sela [ ] pelos [ ]manta
3-Tipo de terapia:
[ ] individual [ ] coletivo
4-Relacionamento das crianças com:
A equipe: [ ] bom [ ] ruim [ ] regular [ ] indiferente [ ] instável
Com o cavalo: [ ] bom [ ] ruim [ ] regular [ ] indiferente [ ]instável
5-Você atende alguma criança que também é atendida por fonoaudiólogo no centro?
[ ]Sim [ ]Não

186
6-Você observou se após a fonoaudiologia está criança, teve melhora nos aspectos referentes
a linguagem comunicativa?
[ ] Sim [ ] Não
7- Esta(s) criança(s) quando chegou(ram) ao centro pronunciava algumas palavras?
[ ] Sim [ ] Não
8-Como você classificaria a equoterapia como aliada a Fonoaudiologia para o desenvolvi-
mento da linguagem oral?
0-Ruim 1-Bom 2-Regular 3- Bom 4-Excelente
[ ]0 [ ]1 [ ] 2 [ ] 3 [ ]4
APÓS O INÍCIO DO TRATAMENTO DA EQUOTERAPIA COM ENFOQUE NA FONOAU-
DIOLOGIA:
9-Você percebeu se houve melhora na linguagem comunicativa?
[ ] Sim [ ] Não
10-Teve aumento da intenção comunicativa?
[ ] Sim [ ] Não
11- As crianças passaram a expressar seus desejos e vontades?
[ ] Sim [ ] Não
12-Respondem a perguntas simples?
[ ] Sim [ ] Não
13-Compreendem ordens verbais e não verbais?
[ ] Sim [ ] Não
14- Humor:
[ ] bom [ ] ruim [ ] regular [ ] instável
15- Atenção:
[ ] constante [ ] esporádica
16- Disciplina:
[ ] constante [ ] esporádica
17- A criança reproduz alguma história ou cenas do seu dia a dia?
[ ] Sim [ ] Não

187
QUALIDADE VOCAL EM PACIENTES APÓS
CIRURGIA CARDÍACA

Gleiciane Vieira dos Santos Rocha, Marta Maria da Silva Lira-Batista,


Ruth Raquel Soares de Farias

1 INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares são responsáveis por 29,4% de todas as


mortes no País em um ano, ou seja, 308 mil pessoas morrem principal-
mente de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC) (SENRA; IASBECH;
OLIVEIRA, 2000).
As doenças cardiovasculares devem ser observadas com atenção no
que diz respeito aos fatores do procedimento cirúrgico (tempo de cirur-
gia, intubação, traumas) que podem comprometer a dinâmica da degluti-
ção do paciente e também afetar os pulmões (CLARK, 2006).
Levando a doença cardíaca para a área fonoaudiológica, principal-
mente no que se diz respeito a deglutição e a voz, é algo que parece ser
simples, mas de fato é um processo complexo, muitos músculos e nervos
estão envolvidos numa deglutição normal (MARCHESAN, 1995). Por
isto é necessário a coordenação precisa de diversos circuitos neurais e
musculares, principalmente entre a fase oral e faríngea para que seja rea-
lizada de forma segura, podendo ser dividida em fase oral, fase faríngea e
fase esofágica (MARCHESAN, 1998).

188
Outra preocupação que liga a cirurgia cardíaca é a voz que ocorrem
intervenções relacionadas a traqueostomia, pois altera todo o trajeto
orofaríngeo, dessensibilizando a laringe, alterando o reflexo de tosse
bem como a proteção das vias aéreas (BARQUIST et al., 2001; DAVIS;
STATON, 2004).
Sendo assim cabe-se entender o aspecto de qualidade vocal como po-
tencializador e o mais importante completo atributo de um indivíduo,
fornecendo indícios sobre os parâmetros físicos, psicológicos e sociais.
É uma forma de analisar as dificuldades vocais do ponto de vista do pa-
ciente. Para isto o protocolo Voice Handicap Index (VHI) foi traduzido e
validado para o português brasileiro como Índice de Desvantagem Vocal
(IDV), e atende aos quesitos de qualidade vocal e acompanhamento clíni-
co sobre queixas de voz (COSTA; OLIVEIRA; BEHLAU, 2013).
Desta forma, o presente estudo teve como objetivo caracterizar o per-
fil dos sujeitos e de suas respostas apontadas no IDV, correlacionando a
desvantagem vocal após a cirurgia vocal, em pacientes pós cirurgia car-
díaca.
O trabalho visa Constatar qualidade vocal em pacientes após cirurgia
cardíaca, identificando os fatores Sócio-demográficos da amostra, men-
cionando os principais sinais da cardiopatia dos sujeitos da amostra, ava-
liando a qualidade vocal dos pacientes pós cirurgia cardíaca e definindo
os parâmetros vocais dos pacientes pós cirurgia cardíaca.
A justificativa do trabalho é mostrar a importância da fonoaudiologia
no pós cirúrgico, e como a fonoterapia pode minimizar o quadro de dis-
fonia no tratamento da cirurgia cardíaca. A hipótese deste trabalho é que
pacientes pós cirúrgicos tem qualidade vocal alterada e ou prejudicada
devido a cirurgia cardíaca.

2 METODOLOGIA

Tratou-se de uma pesquisa quanti-qualitativa, bibliográfica e de cam-


po, descritiva, transversal, e prospectiva.
Os locais onde foram realizadas as cirurgias foram dois hospitais
de referência em cirurgia coronariana do Estado do Piauí, localizados
no Centro e Zona Leste da Capital, ambos são empresas privadas. Eles

189
forneceram uma lista de procedimentos cirúrgicos constando: dias, ho-
rários, definição da cirurgia e o nome do paciente.
Para os critérios de inclusão nesta pesquisa, o paciente teria que apre-
sentar: idade entre 18 e 70 anos de idade completos, de ambos os sexos,
Escala de Coma de Glasgow maior ou igual a 14, e não apresentar queixas
vocais prévias.
Foram excluídos os que descreverem: cirurgia cardíaca prévia, pre-
sença de alterações vocais auto referenciadas, Neoplasias de Cabeça e
Pescoço (suas possíveis ressecções e tratamentos como quimioterapia
neoadjuvante, e radioterapia), dificuldade auditiva de acompanhar e en-
tender a fala em nível de conversação (PAIVA et al., 2011), ainda em am-
biente hospitalar e com suporte ventilatório mecânico invasivo. Os cri-
térios para delimitação da amostra estão listados em um check-list, para
evitar possíveis viés de seleção, bem como para melhor estratificação da
amostra após a seleção (APÊNDICE 1).
Os participantes foram convidados a participar da pesquisa no mo-
mento da internação para a realização da cirurgia cardíaca. O paciente é
internado, em média, de 8 a 24 horas antes do procedimento.
No contato inicial, para recrutamento da pesquisa, foram considera-
dos os critérios de inclusão e exclusão para que o paciente dê seguimento
à pesquisa proposta. Foi realizado um check-list de critérios de seleção,
como critérios de exclusão: Cirurgia cardíaca prévia, presença de disfo-
nia autorreferenciada, doença do refluxo gastroesofágico, AVC prévio,
síndrome de Parkinson, mal de Alzheimer, doenças neuromusculares/
desmielinizantes, neoplasias de cabeça e pescoço, quimioterapia neoadju-
vante, radioterapia, dificuldade auditiva (nível social da fala), paciente es-
tivesse com suporte ventilatório mecânico e se tinha queixa de deglutição.
Foram atendidos todos os critérios para a amostra, antes, o pacien-
tefoi selecionado como classificado pela pesquisadora, e em seguidaapós
14 dias decorridos da cirurgia para que efetivamente houvesse a coleta
de dados. Dados complementares à cirurgia foram levantados junto ao
paciente, como o tempo de procedimento, complicações operatórias.
Para o desenvolvimento da pesquisa foi aplicado o método de ava-
liação vocal (ANEXO). Será utilizado o protocolo GIRBAS, um acróstico
das características acústicas da voz: Grade (grau da disfonia), Instability

190
(instabilidade), Roughness (rugosidade), Breathiness (soprosidade), As-
teny (astenia), Strain (tensão) respectivamente. A escala varia entre 0 a 3,
de acordo com a emissão vocal apresentada, a saber: “0” quando a carac-
terística avaliada estiver ausente ou normal, “1” discreto, “2” moderado e
“3” severo (HIRANO, 1981 apud BEHLAU, 2001).
Para a tarefa da autopercepção vocal foi utilizado o protocolo do Ín-
dice de Desvantagem Vocal, desenvolvido por Jacobson et al. (1997, p. 66-
70) traduzido e validado para o português brasileiro por Behlau; Santos;
Oliveira (2011).
Ele possui 30 questões, divididas igualmente entre os domínios emo-
cionais, funcionais e orgânicos. Os valores mínimo e máximo são 0 e
120 respectivamente, sendo calculada através de um somatório simples.
Quanto maior o valor obtido maior será a desvantagem vocal relatada.
Para melhor compreensão, idoneidade e análise das amostras da voz dos
pacientes, foram entregues a duas juízas Fonoaudiólogas, especialistas em
voz e com, no mínimo, 2 anos de atuação em Voz Clínica.
A pesquisa poderia ou não trazer riscos, pois dependia do estado de
coleta, onde a mesma pode se estender ou não devido aos critérios de
amostra que poderia demorar caso houvesse a distância entre uma cole-
ta e outra, poderia trazer prejuízos e constrangimento ao ato da coleta.
Sendo que seus benefícios vieram através da atuação fonoaudiológica no
tratamento com os pacientes cardíacos.
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi explicado aos par-
ticipantes e fornecida a eles uma via, após a sua assinatura. A pesquisa
não trouxe quaisquer prejuízos, lesões, ressarcimento de despesas.
Houve possibilidade de risco da pesquisa no sentido de ser necessário
estender o tempo de coleta de dados em virtude do número reduzido de
cirurgias mensais associados aos vários critérios para seleção da amostra.
O estudo foi submetido à análise do Comitê de Ética em Pesquisa com
Seres Humanos e foi aprovado sob o CAAE nº 42624614.1.0000.5211.
Ficou garantido o sigilo do participante e das informações por ele
prestadas, bem como o direito de retirar o consentimento a qualquer tem-
po sem qualquer ônus. Esta pesquisa estava em conformidade com todas
as prerrogativas legais trazidas no texto da Resolução nº 466/2012, do
Conselho Nacional de Saúde.
Após as coletas dos dados, todo o material foi submetido para um trata-
mento e análises estatísticos. Todos os dados foram tabulados no Excel 2007,

191
e disponibilizados em forma de tabelas e gráficos para melhor visualização e
análise posterior.
Para a análise estatística foi considerado um intervalo de confiança de
95% para as médias analisadas e calculadas as médias e o desvio padrão, bem
como as medidas descritivas da amostra.  O nível de significância adotado
será valores de p<0,05. O software que foi utilizado será o Bioestat versão 5.3.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa foi realizada em Teresina PI no período de Junho, Julho e


Agosto do ano de 2015, com pacientes que passaram por cirurgia cardía-
ca no Hospital São Paulo e Hospital Santa Maria, com um numero de 14
pacientes, sendo 09 do sexo masculino e 05 do sexo Feminino.
Com base nos dados obtidos em relação ao perfil dos pacientes, ob-
servou-se maior porcentagem do sexo masculino com 66,7% (n=10), e
com a média de idade de 53 anos ±18,2 anos. Estimou-se que 60% da
amostra fez Revascularização Miocárdica (n=9), tendo a idade média de
65 anos ± 9,6 anos. Entretanto o restante da amostra (40%; n=6), realizou
procedimentos de correção e/ou ligados à má formação arteriovenosa
cardíaca, e obtiveram idade média de 35 anos ±11,5 anos.
Para a pós coleta foram realizadas as seguintes perguntas sobre esta-
do de saúde como: diabetes, hipertensão, obesidade, insuficiência renal,
doenças pulmonares, histórias de infarto, tabagismo, dislipidemia.
Ao comparar os aspectos sociais na amostra, observou-se que no in-
terior de Minas Gerais, Gomes; Costa; Schmitz (2010, p. 168-174) disser-
taram sobre a compreensão e percepção de pacientes cardiopatas no en-
frentamento no processo saúde/doença. Em seus resultados, os pacientes
deveriam dar mais importância a sua saúde, como também no processo
de adoecimento que por vez a participação familiar é importante nos cui-
dados, favorecendo melhor a aceitação destes pacientes quanto a doença.
Rodrigues e Seidl (2008, p. 279-288) evidenciaram que o meio social,
também influencianos hábitos dos pacientes e melhora a qualidade de
vida de acordo com o grau da doença cardiovascular. Dos 20 pacientes
analisados, 16 (80%) para o sexo masculino e 4 sexo feminino (20%) com
a faixa etária entre 29 a 79 anos. De acordo com os dados esta pesqui-
sa corrobora com o trabalho que afirma o maior índice de pessoas com

192
problemas cardiovasculares mostrando que 66,7% dessas pessoas tinham
média de idade de 56 anos e também pertenciam ao sexo masculino.
Entretanto dados obtidos por Diniz (2013) em um estudo sobre o
perfil sócio demográfico (sexo e idade) de pacientes cardiopatas mostrou
que a média de idade dos 134 idosos ficou entre 6ª e a 7ª décadas de vida,
foi de 70,5 anos, sendo 50% do sexo feminino. Estes dados discordam
com a pesquisa deste trabalho que aponta a idade média dos pacientes
com 70,5 anos para o sexo masculino.
Segundo dados do IBGE (2009), a causa de internação hospitalar
mais frequente entre os idosos é a insuficiência cardíaca entre as idades
de 60 anos ou mais, e que para aproximadamente 12,1% e 14,7% (mu-
lheres e homens, respectivamente) a insuficiência cardíaca é a primeira
causa em todas as faixas etárias consideradas.
Devido as escassas pesquisas relacionadas às alterações vocais pós
cirurgia cardíaca, foram selecionados artigos que relacionaram a IDV às
alterações vocais de etiologia orgânica.
Quanto aos aspectos vocais, de acordo com as figuras (1 e 2), pode-se
observar a contagem de percentual das alterações vocais pelas avaliado-
ras nº1 e nº 2. A escala de GIRBAS da figura 1 observaram-se valores
mais prevalentes: G (53,3%; grau moderado); I (77,3%; grau moderado);
R (46,7%; grau discreto); B (86,7%; grau discreto); A (53,3%; grau mode-
rado); S (46,7%; grau moderado).

Figura1- Avaliadora nº 1 e o percentual das alterações vocais.

Fonte: Própria Autora (2016).

193
Dados muito próximos foram registrados pela avaliadora de nº 2,
pois seus níveis de maiores valores foram: G (46,7%; grau moderado); I
(66,7%; grau moderado); R (46,7%; grau discreto); B (86,7%; grau discre-
to); A (66,7%; grau moderado); S (46,7%; grau moderado).
Algumas pesquisas conseguem relacionar diretamente a alteração
vocal insidiosa (pós AVC ou cirurgias) a alterações no processo de de-
glutição. Consideram, ainda, a qualidade vocal como marcador de pe-
netrações laringotraqueais (quando o alimento tende a invadir a via área
- pulmonar) (ANDRADE, 2004; PADOVANI et al., 2007).

Figura 2 - Avaliadora nº 2 e o percentual das alterações vocais.

Fonte: Própria Autora (2016).

Souza, Filho e Aguiar (2006) em uma pesquisa sobre disfagia e disfo-


nia em 30 pacientes submetidos à cirurgia de coluna cervical, observaram
a incidência de sintomas da disfagia e disfonia. No momento da entrevis-
ta (antes da cirurgia) 6 pacientes (21,4%) já afirmaram sentir alteração na
voz, a incidência foi de 40% para disfagia e de 20% para disfonia, sendo
que após 30 a 60 meses depois da cirurgia houve um grande percentual
de 93% e de 43%, respectivamente para o período do pós-operatório com
queixas vocais de 13 pacientes.
No pós operatório estes pacientes precisaram de acompanhamento
Otorrinolaringológico e Fonoaudiológico, sendo assim este autor corrobora

194
com este trabalho que alerta as alterações vocais no pós-operatório sendo
maior o percentual, sua escala encontrava-se em nível moderado de (73.3%)
dados semelhantes ao trabalho que estão relacionados com a Figura 1.
Falando dos mesmos autores supracitados, em sua pesquisa seus sinais
e sintomas de distúrbios de voz citados na literatura foram: rouquidão, fa-
diga vocal e soprosidade, dificuldade para o canto, dor ao falar, dificuldade
para variar a altura vocal, voz fraca e decréscimo da intensidade vocal, a
qualidade vocal alterada foi de 13 pacientes totalizando em 43% na amostra
(SOUZA; FILHO; AGUIAR, 2006). Neste trabalho de acordo com os resul-
tados entre as avaliadoras foi controverso, pois apresentou 86,7% em nível
de soprosidade de grau discreto, dados obtidos por este trabalho.
Em um estudo feito por (Oliveira; Augusti; Siqueira, 2013) em um
hospital universitário, da cidade de Campinas (SP), sobre avaliação vocal
e qualidade de vida após laringectomia supracricóide, todos os pacien-
tes apresentaram disfonia orgânica, após a laringectomia supracricóide,
neste trabalho o nível de qualidade vocal em rugosidade foi de (41,6%)
encontrada em pacientes com comprometimento vocal e em nível de grau
moderado. Neste trabalho foi analisado que em seu nível de rugosidade
(8,3%) dos pacientes apresentavam grau leve.
Assim cabe ressaltar que no presente trabalho o grau de rugosidade
foi de (46,7%), para grau discreto, sendo assim a pesquisa discorda com
a literatura que apresentam dados e níveis diferentes. Já em soprosidade
pôde ser observada com predomínio em grau moderado com (75%), que
nesta pesquisa apresenta (13,3%) em grau moderado nível menor que no
presente trabalho da literatura. A voz tensa deste trabalho foi encontrada
nos níveis moderado em 100% dos casos, porém nesta pesquisa o nível de
tensão, foi bem abaixo de 50%, ficando com a media de (46,7%) e também
apresentou nível moderado. Sendo assim, estes dados concordam com a
literatura deste trabalho.
No estudo realizado por Almeida (2015) com 8 pacientes disfônicos
para averiguar as características vocais de pacientes com diagnóstico de
disfonia orgânica secundária á imobilidade unilateral de prega vocal, 50%
eram de sexo masculino (n=4). Foi realizada uma avaliação perceptivoau-
ditiva dos pacientes que exibiu média no grau geral de (62,2%), sendo a
rugosidade (57,7%); soprosidade de (53,1%); instabilidade (30,2%) e de

195
tensão com (27,3%). Ao comparar esses dados com este estudo observou-se
divergência somente o grau de tensão, sendo maior com 46,7%.
Mediante os valores desta pesquisa, de acordo com a tabela 3 todos
os níveis de acordo com a média das avaliadoras (Figura 3), foram baixos
e diferentes da pesquisa de Almeida (2015), porém apresentou um dado
que não foi citado por Almeida (2015), que no caso seria Astenia que não
especificou resultado e já na seguinte pesquisa deste trabalho, o nível de
astenia surgiu com 66,7% em grau moderado.

Figura 3 - Avaliadoras nº 1 e nº 2 e as médias percentuais das alterações vocais.

Fonte: Própria Autora (2016).

Conforme a tabela 1 pode-se perceber que as Fonoaudiólogas con-


cordaram entre si em todos os quesitos da escala de GIRBAS, ou seja,
demonstra grande possibilidade dos pacientes serem mesmos disfônicos,
através da avaliação de IDV.
Segundo Oliveira; Augusti; Siqueira (2013), falam que a avaliação fo-
noaudiológica de um paciente com problemas vocais devem incluir não
apenas a rotina, como da análise perceptivo-auditiva e acústica da voz.
Por meio da análise individualizada de cada questão do protocolo
IDV foi possível o melhor conhecimento das dificuldades encontradas
pelos pacientes em função do comprometimento da voz, principalmente

196
quando existem correlações de questões dos protocolos de qualidade de
vida com outras avaliações fonoaudiológicas.
Por isto cabe ressaltar que a disfonia é um a alteração vocal que pode
levar o indivíduo a ter alterações emocionais, sociais e funcionais (PARK;
BEHLAU, 2009). Alguns estudos falam que em idosos, há uma tendência
a cair o nível de intensidade vocal e a voz apresenta fraqueza (STATHO-
POULOS; HUBER; SUSSMAN, 2011). Porem o que este trabalho aponta
é que adultos com média de idade de 53 anos sofrem mais com os proble-
mas cardíacos, ou seja, este estudo discorda com a literatura.

TABELA 1 - Matriz de correlação entre as avaliadoras.

Variáveis Parâmetros Variáveis


G I R B A S
(AVAL1) (AVAL1) (AVAL1) (AVAL1) (AVAL1) (AVAL1)
G R 0.7434
(AVAL2) p 0.0015*
n 15

I R 0.8193
(AVAL2) p 0.0002*
n 15

R R 1.0000
(AVAL2) p <0.0001*
n 15
B R 1.0000
(AVAL2) p <0.0001*
n 15
A R 1.0000
(AVAL2) p <0.0001*
n 15
S R 1.0000
(AVAL2) p <0.0001*
n 15

Fonte: Própria Autora (2016).

Legenda: G – Grade; I – Instability; R – Roughness; B – Breathiness; A – Asteny;


S – Strain; AVAL1 – atribuída pelaavaliadora 1; AVAL2 – atribuída pelaavaliadora
2; r – Correlação de Spearman; n – total de participantes;
valores considerados significativos com p>0,05.

197
De acordo com a tabela 2 observou-se que os maiores valores foram em
nível orgânico. Segundo Pinho (1998), o individuo que apresenta disfonia,
apresenta maus hábitos, por isto a disfonia merece atenção, com objetivo de
identificar às alterações orgânicas devido o uso incorreto da voz ao longo do
tempo. Quanto ao estudo de Oliveira; Augusti; Siqueira (2013) feito com 12
pessoas do sexo masculino, revelaram que dois pacientes (16,6%) apresenta-
ram vozes disfônicas (acima de 47,4). Já em funcional e emocional, apresen-
taram (24,9%) e porem na subescala orgânica, nenhum sujeito foi encontra-
do com alterações. Ou seja, neste estudo não apresentou alteração orgânica
em nenhum dos pacientes da pesquisa, então este trabalho discorda com a
literatura, por não apresentar alterações orgânicas, sendo que a alteração or-
gânica foi a maior encontrada pela Tabela 2 logo abaixo com 14.20.

TABELA 2 - Relações entre os resultados do IDV.

IDV MÉDIA SOMATÓRIO DESVIO PADRÃO


FUNCIONAL 10,2 102 7,36
ORGÂNICO 14,20 142 6,94
EMOCIONAL 5,3 53 3,71
TOTAL 29,7 297 18,01

Fonte: Própria Autora (2016).

Na tabela 3 percebe-se uma relação negativa, quanto maior for o Gra-


demenor será o IDV, ou seja, o individuo apresenta uma alteração vocal im-
portante, mas é desconsiderada, ou seja, o paciente não percebeu alteração
vocal, por isto cabe ressaltar a importância do Fonoaudiólogo para melhor
analisar a ausculta (ouvido clínico), para detectar possíveis alterações vocais.
Entretanto a partir da divergência entre os dados apresentados na tabela 3,
pode-se inferir que os pacientes apresentam alterações vocais importantes,
mas, não perceberam ou menos prezam as alterações vocais. Deve-se res-
saltar a atuação do fonoaudiólogo no pré e pós cirurgia cardíaca. O IDV no
trabalho de Oliveira; Augusti; Siqueira (2013), que de acordo com seu estudo
realizado com pacientes submetidos a laringectomia supracricóide, a voz su-
praglótica adquirida, além da rugosidade, apresenta frequentemente tensão
e soprosidade e os pacientes se queixam de cansaço ao falar, sendo que este
dado é compatível com a pesquisa deste trabalho.

198
Em outro estudo, feito pelos mesmos autores (acima) pacientes
laringectomizados parciais falam que todos os sujeitos se mostraram
satisfeitos com suas vozes (KÖHLE; CAMARGO; NEMR, 2004). O que não
coincide, em parte, com os resultados desta pesquisa, uma vez que a maioria
classificou suas vozes como razoáveis ou ruins e somente dois sujeitos avaliou
sua voz como sendo de padrão bom, que em estudo verificou-se que a maioria
dos pacientes apresentou escores compatíveis com vozes disfônicas. Sendo
assim o nível orgânico deve-se ser analisado e estudado em outros trabalhos.
Continuando ao falar do trabalho supracitado (OLIVEIRA; AUGUSTI;
SIQUEIRA, 2013, p. 353-360), o IDV mostrou-se com predomínio orgânico,
seguido do funcional e o menor escore médio foi no domínio emocional. O
que se percebe é que na literatura, os pacientes não sabem suas limitações ao
lidar com a própria voz. Na análise perceptivo-auditiva, a rugosidade foi per-
cebida em níveis moderado em quase todos os indivíduos. Essa consonância
fortalece a importância da análise perceptiva realizada pelo especialista e a
escuta ao paciente sobre as impressões sobre sua voz (BRANSKI et al.; 2010).
Este dado não corrobora com esta pesquisa, que apresentou nível de rugosi-
dade em (46,7%), mas para nível discreto e não moderado.
Contudo (OLIVEIRA; AUGUSTI; SIQUEIRA, 2013, p. 353-360), esta li-
teratura aponta que as pessoas que foram avaliadas, não percebem suas vozes
alteradas na seguinte pergunta: “varia ao longo do dia”, porem, no entanto,
talvez o fato dos mesmos saberem que tinham câncer de laringe, fez com
que os sujeitos observassem mais suas vozes devido suas limitações.O que
diferencia desta pesquisa é que a maioria dos pacientes relataram ter uma
voz ruim, ou seja, mesmo antes da cirurgia cardíaca os mesmos já percebiam
a diferença na voz.

TABELA 3 - Correlação entre Grade e IDV.

Coeficiente de Spearman (rs) = -0,0209


t= -0,0692
(p) = 0,9461

Fonte: Própria Autora (2016).

Essas alterações percebidas pelos sujeitos não limitam a vida deles. Neste
estudo, a importância de se conhecer a qualidade de vida em voz dos su-
jeitos cardíacos, foi valioso através do questionário IDV, que foi possível se

199
perceber o comprometimento importante da qualidade de vida vocal destes
pacientes, como foi neste estudo.

4 CONCLUSÃO

Conclui-se que o paciente cardiopata na cidade de Teresina (PI), tem


como perfil: do sexo masculino, com idade média de 53 anos de idade.
No tocante à avaliação como protocolo de IDV, pode-se observar que
os valores considerados foram significativos em relação à estatística, ou seja,
boa parte dos pacientes apresenta um grau de alteração vocal por isto mere-
cem mais cuidados em relação a fonoterapia.
A voz dos pacientes foi considerada, pelas juízas, insatisfatória, pois hou-
ve uma modificação devido a cirurgia, por apresentarem um grau alterado
entre discreto e moderado pela escala de GIRBAS, alterando o desvio de do
padrão de normalidade.
Do total, mais de 50% da amostra teve modificações em muda vocal,
devido a intubação orotraqueal, que após a cirurgia a voz do paciente muda
devido a intubação, com base no protocolo de avaliação proposto, o que
cabe a intervenção e presença do profissional de Fonoaudiologia em hospi-
tais para acompanhamento no pré e pós cirúrgico em pacientes de cirurgia
cardíaca, uma vez que a alteração vocal insidiosa (pós cirúrgicos ou eventos
cerebrovasculares) tem relação direta com a disfagia. Sendo que ambas as
alterações das funções estomatognáticas são campo de reabilitação exclusivo
aos Fonoaudiólogos e médicos fisiatras. E que não percepção do paciente de
suas alterações vocais pode contribuir para o subdiagnóstico de disfagia após
a cirurgia cardíaca.
Para esta amostra específica foi observada relação entre os padrões de
correlação entre Grade e IDV, apresentando com o nível de correlação au-
torreferido. Sugere-se que novos estudos com outras escalas de voz sejam
realizados, bem como a aplicação na íntegra do IDV, para futuros estudos e
conhecimento sobre o tema.
Pode-se notar que ao desenvolver o trabalho, os pacientes cardiopatas
cursam com a voz alterada devido à cirurgia cardíaca e que muitas vezes a
família não percebe ou trata como algo inerente à idade ou estilo de vida.
Para devido fins, cabe ressaltar que existe a possibilidade de estudos
mais aprofundados sobre o tema, principalmente relacionando as alte-
rações vocais à deglutição do paciente, sendo fatos pouco abordados na
literatura nacional.

200
REFERÊNCIAS

ABREU-RODRIGUES, M.; SEIDL, E. M. F. Apoio social a pacientes coronarianos: efeitos


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203
APÊNDICES

INSTRUMENTO DE COLETA PARAANÁLISE VOCAL

PACIENTE:________________________________________
IDADE:___________________________________________

A pontuação será atribuída pela avaliadora, variando entre 0 a 3, de acordo com a emissão vocal
apresentada, a saber: “0” quando a característica avaliada estiver ausente ou normal, “1” discre-
to, “2” moderado e “3” severo (HIRANO, 1981 apud BEHLAU, 2001).

ESCALA DE GIRBAS X GRAU DE ALTERAÇÃO


(0= AUSENTE, 1= LEVE, 2= MODERADO, 3= SEVERO).

G-Grau I- Instabilidade R- Rugosidade B- Soprosidade A- Astenia S- Tensão

Preencha com “X” TODAS as situações que forem enquadradas:

ANALISE PERCEPTIVA AUDITIVA VOCAL


E S Z CONTAGEM FALA ENCADEADA
Tempo máximo fonatório (Mar-
cado em Segundos)
Ataque vocal ISOCRÔNICO ( ) BRUSCO ( ) ASPIRADO ( )
Instabilidade durante a susten-
tação
Quebras de sonoridade
ANALISE PERCEPTIVA AUDITIVA DE FALA
VELOCIDADE DE FALA AUMENTADA ( ) ADEQUADA ( ) REDUZIDA ( )
ENTONAÇÃO AUMENTADA ( ) ADEQUADA ( ) REDUZIDA ( )
ARTICULAÇÃO DE FALA AUMENTADA ( ) ADEQUADA ( ) REDUZIDA ( )
VELOCIDADE DE FALA AUMENTADA ( ) ADEQUADA ( ) REDUZIDA ( )
TENSÃO NA REGIÃO DA CIN- AUMENTADA ( ) ADEQUADA ( ) REDUZIDA ( )
TURA ESCAPULAR
GESTICULAÇÃO AUMENTADA ( ) ADEQUADA ( ) REDUZIDA ( )
PITCH AGUDIZADO ( ) ADEQUADO ( ) GRAVE ( )
LOUDNESS FORTE ( ) ADEQUADO ( ) FRACA ( )

RELAÇÃO S/Z: ________

204
ANEXO 1
PROTOCOLO DO ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL – IDV
Instruções: “As afirmações abaixo são usadas por muitas pessoas para descrever suas vozes e o
efeito de suas vozes na vida. Circule a resposta que indica o quanto você compartilha da mesma
experiência”.
0 = Nunca   1 = Quase nunca   2 = Às vezes  3 = Quase sempre   4 = Sempre

F1. As pessoas têm dificuldade em me ouvir por causa da minha voz 0 1 2 3 4

O2. Fico sem ar quando falo 0 1 2 3 4

F3. As pessoas têm dificuldade de me entender em lugares barulhentos 0 1 2 3 4

O4. Minha voz varia ao longo do dia 0 1 2 3 4

F5. Minha família tem dificuldade em me ouvir quando os chamo de um

outro cômodo da casa 0 1 2 3 4

F6. Uso menos o telefone do que eu gostaria 0 1 2 3 4

E7. Fico tenso quando falo com os outros por causa da minha voz 0 1 2 3 4

F8. Tenho tendência a evitar grupos de pessoas por causa da minha voz 0 1 2 3 4

E9. As pessoas parecem se irritar com a minha voz 0 1 2 3 4

O10. As pessoas perguntam: “O que você tem na voz? 0 1 2 3 4

F11. Falo menos com amigos, vizinhos e parentes por causa da minha voz 0 1 2 3 4

F12. As pessoas pedem para eu repetir o que falo quando conversamos pessoalmente 0 1 2 3 4

O13. Minha voz parece rouca e seca 0 1 2 3 4

O14. Sinto que tenho que fazer força para a minha voz sair 0 1 2 3 4

E15. Acho que as pessoas não entendem o meu problema de voz 0 1 2 3 4

F16. Meu problema de voz limita minha vida social e pessoal 0 1 2 3 4

O17. Não consigo prever quando minha voz vai sair clara 0 1 2 3 4

O18. Tento mudar minha voz para que ela saia diferente 0 1 2 3 4

F19. Eu me sinto excluído nas conversas por causa da minha voz 0 1 2 3 4

O20. Faço muito esforço para falar 0 1 2 3 4

O21. Minha voz é pior no final do dia 0 1 2 3 4

F22. Meu problema de voz me causa prejuízos econômicos 0 1 2 3 4

205
E23. Meu problema de voz me chateia 0 1 2 3 4

E24. Fiquei menos expansivo por causa do meu problema de voz 0 1 2 3 4

E25. Minha voz faz com que eu me sinta em desvantagem 0 1 2 3 4

O26. Minha voz falha no meio da fala 0 1 2 3 4

E27. Fico irritado quando as pessoas me pedem para repetir o que falei 0 1 2 3 4

E28. Fico constrangido quando as pessoas me pedem para repetir o que falei 0 1 2 3 4

E29. Minha voz me faz sentir incompetente 0 1 2 3 4

E30. Tenho vergonha do meu problema de voz 0 1 2 3 4

Observação: As letras que precedem cada número correspondem à sub escala do protocolo,
sendo: E = emocional, F = funcional e O = orgânica.

TOTAL: ______ Pontos   E = ______ Pontos   F = ______ Pontos  O = ______ Pontos
Jacobson HB, Johnson A, Grywalski C, Silbergleit AK, Jacobson GP, Benninger M, Newman CW.

206
CONHECIMENTO VOCAL DE REPÓRTERES
TELEVISIVOS

Carolina Lima Martins Gaspar Rocha, Marta Maria da Silva Lira-Batisa,


Ruth Raquel Soares de Farias, Maria Lucilene da Silva

1 INTRODUÇÃO

“A voz é um atributo do ser humano, cuja sonoridade nos revela a


identidade do indivíduo, componentes emocionais e estado de saúde”
(REHDER; BRANCO, 2011). Características como: lugar de origem, es-
tado psicológico, atitude emocional e nível socioeconômico estão relacio-
nadas à voz (SALOMÃO, 2011).
Para que a produção vocal ocorra faz-se necessário a integridade de
estruturas anatômicas, sistema nervoso periférico e sistema nervoso cen-
tral. Dentre as estruturas anatômicas envolvidas no processo fonatório, a
laringe é a principal (BEHLAU, 2001).
A laringe consiste em um órgão composto por cartilagens e mús-
culos, dentre eles, as pregas vocais que permitem que ocorra a pro-
dução vocal. A fonação ocorre pela passagem de ar oriundo dos pul-
mões, que promove uma aproximação das pregas vocais, bloqueando
a passagem do ar e promovendo a adução (fechamento), realizando
ciclos vibratórios e, produzindo dessa forma, a voz (BEHLAU, 2001;
SALOMÃO, 2011).

207
Uma voz considerada adequada, ou seja, aceitável socialmente é ca-
racterizada por uma inteligibilidade da fala, com frequência, intensidade,
modulação e projeção apropriadas para as características de gênero e ida-
de do indivíduo (BEHLAU, 2005). Para Behlau (2001), o bem-estar vocal
é caracterizado por uma voz emitida sem esforço e agradável ao ouvinte.
A voz é um instrumento de trabalho de grande parte dos profissionais
brasileiros, pois dependem da mesma para o exercício de sua profissão.
Aproximadamente um terço da população economicamente ativa do Bra-
sil das mais diversas áreas, utiliza a voz como instrumento essencial para
exercer sua profissão (FERREIRA; et. al., 2008; CIELO; BAZO, 2008).
Essa população é classificada como “profissionais da voz”, que pre-
cisam estar atentos à saúde vocal, pois representam um grupo suscetível
às patologias vocais. Muitos dos agravos à voz poderiam ser evitados se
existisse o conhecimento sobre a produção e a saúde vocal. Esse grupo
necessita de uma voz adequada para o exercício de suas atividades labo-
rais (CIELO; MORISSO; CONTERNO, 2009; GUIMARÃES et. al., 2010).
Os fatores que podem causar danos vocais são tanto endógenos (pre-
sença de distúrbios respiratórios, por exemplo), como exógenos (poeiras,
ruídos, mofo, etc.). Dentre os fatores de risco para o profissional da voz
estão: condições ambientais desfavoráveis, uso incorreto da voz, demanda
vocal excessiva, competição sonora, acústica deficiente do local de traba-
lho, postura inadequada e fatores ergonômicos inadequados (BEHLAU,
2005; CARNEIRO; TELES, 2012).
Os repórteres de televisão estão na categoria de “profissionais da voz”,
e necessitam transmitir as informações com credibilidade, pois disso de-
pende o sucesso de suas notícias. Por vivenciar diferentes situações em
um único dia, os repórteres se tornam suscetíveis às mudanças vocais
bruscas. Essas mudanças, juntamente com o mau uso e/ou abuso da in-
tegridade anatômica e fisiológica do aparelho vocal, podem resultar em
disfonias, que consistem em alterações na produção vocal (BEHLAU,
2005; KYRILLOS; COTES; FEIJÓ, 2003).
Visto que os repórteres dependem da sua voz para o exercício pleno
da sua profissão, a intervenção do fonoaudiólogo pode promover orien-
tação a cerca dos hábitos de saúde vocal além de ser peça fundamental no
treinamento com a prática de exercícios de aquecimento e desaquecimen-
to vocal (CAJAZEIRA, 2013).

208
Caso ocorra um esclarecimento por parte dos profissionais da voz,
com relação aos hábitos prejudiciais ao seu instrumento de trabalho, po-
derão prevenir transtornos vocais, otimizando sua atuação profissional
(RIBEIRO et. al., 2012). O Fonoaudiólogo é o profissional que pode con-
tribuir para orientação deste grupo de indivíduos.
Porém, sabe-se que a inserção deste profissional no âmbito ocupa-
cional, no que tange aos cuidados vocais, ainda é muito discreta (CAZA-
JEIRA, 2013). É necessário que os benefícios proporcionados pela Fo-
noaudiologia para os profissionais da voz, sejam divulgados com maior
frequência e intrepidez pela categoria para a valorização da profissão.
Uma das maneiras pelas quais pode-se demonstrar de forma cientí-
fica a necessidade da Fonoaudiologia é a pesquisa, portanto esse estudo
tencionou realizar uma análise do conhecimento vocal de repórteres da
cidade de Teresina, PI. Para isso teve como objetivos específicos: aplicar
um questionário sobre noções de saúde vocal, quantificar a porcenta-
gem da participação do Fonoaudiólogo no quadro pessoal das emisso-
ras, realizar um levantamento bibliográfico sobre saúde vocal de profis-
sionais da voz e comparar esse estudo com pesquisas já realizadas com
profissionais da voz.

2 METODOLOGIA

Este estudo teve caráter exploratório, descritivo, com abordagem


quantitativa e com aplicação transversal (GIL, 2010). O estudo foi dividi-
do em duas etapas: revisão de literatura e pesquisa de campo.
A revisão de literatura objetivou realizar uma análise comparativa en-
tre os estudos realizados na área da voz profissional, publicados em perió-
dicos nacionais e internacionais, e os dados achados no estudo presente.
A busca dos artigos foi realizada no período de setembro a novembro
de 2015, utilizando as bases de dados Scielo e Lilacs. Os critérios de inclu-
são definidos foram: artigos publicados entre 2010 e 2015, disponíveis na
íntegra, e que abordassem a temática: “voz profissional”. Foram excluídos
os artigos que não estavam no idioma português. As palavras-chave uti-
lizadas foram: qualidade da voz, conhecimento e jornalista (português).
Para a busca dos artigos, as palavras foram cruzadas entre si.

209
As informações extraídas dos artigos encontrados para análise com-
parativa foram: os objetivos do estudo, protocolos utilizados, população
estudada e resultados obtidos.
Na etapa de pesquisa de campo, foi realizada a aplicação de um ques-
tionário aos repórteres de televisão na cidade de Teresina (PI), onde
existem cinco emissoras de televisão, das quais apenas uma possui finan-
ciamento público. O convite à participação da pesquisa foi destinado à
todas as emissoras. Dentre as cinco emissoras, apenas duas possuem um
Fonoaudiólogo em seu quadro de funcionários.
O perfil dos participantes foi delineado a partir da idade, sexo, tempo
de serviço e jornada de trabalho diária. Os critérios de inclusão definidos
nesse estudo foram: jornalistas que exercem a função de repórter, maiores
de idade, que atuam na televisão por mais de seis meses utilizando a voz
de forma profissional.
Como critérios de exclusão foram definidos: repórteres estagiários de
jornalismo ou com menos de seis meses de atuação, e os repórteres que
não aceitaram participar da pesquisa.
A pesquisa deu-se através da aplicação de um questionário que foi
originalmente elaborado por Behlau e Vilela (1997) para realização de
uma pesquisa cujo objetivo era verificar se os Fonoaudiólogos realizavam
abuso, mau uso vocal ou hábitos nocivos à saúde vocal, sendo adaptado
pelas pesquisadoras responsáveis.
O questionário foi composto de 20 a 25 perguntas pertinentes à saú-
de vocal, o qual se divide em três partes: identificação, dados pessoais e
questões sobre hábitos vocais. As perguntas de 1 a 20 foram remetidas ao
grupo sem acesso ao Fonoaudiólogo por meio da emissora e, as perguntas
de 1 a 25 foram destinadas ao grupo que tem acesso ao Fonoaudiólogo
pela emissora, pois as questões 21 a 25 relacionavam a atuação do Fo-
noaudiólogo com os repórteres.
Foi realizado um agendamento prévio com os diretores de jornalismo
das emissoras que disponibilizaram o melhor horário para a coleta de
dados com os repórteres, no próprio local de trabalho. No momento da
abordagem junto aos repórteres foi explanado do que se tratava a pesqui-
sa. Antes do início da aplicação do questionário, cada repórter que acei-
tou participar do estudo, assinou duas vias do Termo de Consentimento

210
Livre e Esclarecido, onde uma era fornecida ao sujeito e a outra destinada
às pesquisadoras.
Foi explicitado que a qualquer momento da pesquisa os entrevistados
poderiam desistir de sua participação, bem como tirar dúvidas relacio-
nadas ao estudo, portanto as pesquisadoras estiveram disponíveis pron-
tamente, e disponibilizaram suas vias de contato no Termo de Consenti-
mento Livre e Esclarecido.
As emissoras que participaram deste estudo foram orientadas a emi-
tir uma declaração aprovando a realização desta pesquisa, para fins de
aspectos éticos. Todas as emissoras convidadas aceitaram participar da
pesquisa e tiveram as identidades preservadas. Após as aprovações das
supracitadas instituições, o projeto foi encaminhado ao Conselho Nacio-
nal de Pesquisa (CONEP), e submetido para apreciação via Plataforma
Brasil. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética sob protocolo de
Nº: 23041013.4.0000.5211.
Este trabalho seguiu todas as normativas e prerrogativas legais esta-
belecidas no Conselho Nacional de Saúde (CNS) por meio da Portaria
466/12 do mesmo, que rege os aspectos éticos. Não houve benefício fi-
nanceiro para nenhuma das partes. Cabe ressaltar que em nenhum mo-
mento foi causado sofrimento, dor ou qualquer tipo de agressão para os
participantes nem para as pesquisadoras responsáveis.
Os dados foram coletados durante o mês de janeiro do ano de 2014,
e foram aplicados a cada sujeito individualmente. Após as coletas dos
dados, todo o material foi submetido para um tratamento e análises esta-
tísticos. Nesta análise estatística foram utilizados os softwares: SPSS V17,
Minitab 16 e tabulados no Windows Office Excel Office 2010.
Foi aplicado o tratamento estatístico BioEstat versão 5.3, onde foram
utilizados os testes de igualdade de duas proporções, o intervalo de con-
fiança média e o qui-quadrado (x2quadrado).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A revisão de literatura foi realizada nos meses de setembro a no-


vembro de 2015. Para cada base de dados pesquisada foram aplicados
três filtros: texto disponível na íntegra, publicado de 2010 a 2015 e que

211
abordasse o tema “voz profissional”. Foram utilizadas as palavras-chave
nos seguintes cruzamentos: Qualidade da Voz AND Conhecimento AND
Jornalismo; Qualidade da Voz AND Conhecimento; Qualidade da Voz
AND Jornalismo.
Na base de dados Scielo foram selecionados dois artigos, após a apli-
cação dos filtros. Na base de dados Lilacs, foram encontrados 32 artigos,
sendo 06 selecionados para avaliação, vale ressaltar que o resultado final
da coleta na Lilacs foi de 08 artigos, porém destes, dois estavam repetidos.
Portanto, ao total, foram analisados oito artigos.
A base de dados que possui mais artigos relacionados à voz profis-
sional é a Lilacs.

TÍTULO AUTOR OBJETIVOS MÉTODO RESULTADOS I T E N S


SAÚDE
VOCAL
Saúde do tra- Verificar o co- Questionário 42% relataram que cui- Fumo
balhador: re- (GARCIA; nhecimento que com pergun- davam da voz falando Bebidas al-
fletindo sobre L AW D - o controlador tas abertas e menos e evitando gritar; coólicas
a saúde vocal WING, de tráfego aéreo fechadas so- 14,2% referiram rouqui- Cafeína
de um grupo 2010) possui sobre sua bre os fatores dão frequente; 90,5% Grito
de controla- voz prejudiciais consideram seu trabalho Estresse
dores do trá- à voz e os estressante; 14,2% eram
fego aéreo cuidados uti- fumantes; 52, 3% consu-
lizados para miam bebidas e; 100%
melhorá-las ingeriam cafeína diaria-
mente
Inter venção (MOREI- Investigar os Inter venção Consumo de água 56,5%; Hidratação
f o n o au d i o - RA et. al., efeitos de um por meio de falar em ambiente seco Falar em
lógica para 2010) programa de avaliação 34,8%; falar em ambiente ambientes
consu ltores bem-estar vocal vocal pré e barulhento 89,8%; gritar barulhen-
em um ser- aos consulto- pós-oficinas 17,4%; tossir e pigarrear tos
viço de telea- res de um call de orientação 68,1%; Fumo 21% Tosse
tendimento: center vocal Falar em
bem-estar excesso
vocal Bebidas al-
coólicas
Saúde vocal (CIELO; Descrever os Realizou-se A saúde do teleoperador Bebidas al-
do teleopera- BEBER, aspectos que uma revisão é influenciada pela qua- coólicas
dor 2012) envolvem a voz de literatura lidade do espaço físico, Vestimen-
dos teleopera- sobre saúde acústica do ambiente, tas
dores através de vocal no te- ergonomia, e uso do fone Hidratação
uma REVISÃO leoperador de ouvidos. Refrige-
DE LITERA- utilizando rantes
TURA material cien- Café
tífico e não Leite e de-
cientifico (le- rivados
gislação) Fumo

212
Auto análise (MIRAN- Identificar a Aplicação do Quanto às questões do Hidratação
vocal de alu- DA et. al., percepção que teste de Au- Teste de Auto-Análise da Bebidas
nos do curso 2012) os alunos do to-Análise da Voz identificou-se que geladas
de teatro. curso de teatro voz 70% dos indivíduos (28 Repouso
da PUC Minas alunos) não gostavam vocal
apresentam em de ouvir a sua voz gra- Tosse
relação à pró- vada, 65% (26 alunos) Gritar
pria voz, iden- eram alérgicos, 50% (20
tificando os sin- alunos) julgavam que
tomas e queixas, sua voz pela manhã era
bem como seus diferente da voz à noite.
hábitos vocais. Observou-se, ainda, que
65% dos indivíduos utili-
zavam a voz normalmen-
te quando resfriado, 65%
costumavam se alimen-
tar antes de deitar, 65%
tinham o hábito de inge-
rir bebidas geladas, 50%
bebiam normalmente
menos de 2 litros (8 co-
pos) de água diariamente
e 47% costumavam falar
muito alto.
C omporta- ( Z I M - Investigar as- Realização de Significância estatística Hidratação
mento vocal M E R ; pectos do his- entrevista nos seguintes achados: Álcool
de cantores CIELO; tórico, hábitos e MASCULINO – micro- Fumo
populares FERREI- comportamen- fone nos ensaios, ausên- Medica-
RA, 2012) tos vocais de cia de problemas vocais mentos
cantores popu- diagnosticados, ausência
lares de orientações sobre
higiene vocal, dor ou
desconforto após cantar,
ausência de alergias e
problemas respiratórios;
FEMININO – aulas de
canto e conhecimento
sobre postura; AMA-
DOR – não cantar dan-
çando, não imitar vozes,
ausência de avaliação
otorrinolaringológica,
ausência de problemas
vocais diagnosticados,
ausência de terapia fo-
noaudiológica, ausência
de orientações de ana-
tomofisiologia vocal e
não utilização de álcool
nos ensaios; PROFIS-
SIONAL – rouquidão,
conhecimento sobre ar-
ticulação, álcool durante
os shows, “garganta suja”
ou pigarro, dor após
cantar

213
Mudanças no ( P E N - Analisar a ex- Descrição e Mudanças da expressivi- Nenhum
telejornalis- TEADO; pressividade dos análise dos dade dos apresentadores
mo esportivo GASTAL- apresentadores recursos do programa ao longo do
e os efeitos DELLO; do programa não-verbais tempo
na expressivi- S I LVA , Globo Esporte, e recursos e
dade: estudo 2014) com ênfase nos p a r â m e t ro s
dos recursos recursos vocais vocais
vocais e não e não-verbais
verbais dos
apresentado-
res no pro-
grama Globo
Esporte
Autopercep- (SANTOS, Relacionar a Aplicação de Os estudantes referiram Nenhum
ção e quali- et. al., qualidade vocal um protoco- como termos vocais po-
dade vocal de 2014) e a presença de lo de queixas sitivos: voz simpática, ex-
estudantes de queixas vocais vocais e regis- pressiva, confiante, femi-
jornalismo com a autoper- tro vocal nina, forte e dócil. Como
cepção vocal de questões negativas, re-
estudantes de feriram: voz desafinada,
jornalismo instável, oscilante, irre-
gular, rápida, anasalada,
baixa e tímida.
Comparação ( S A N - Comparar o Análise de Intervenção fonoaudio- Nenhum
dos atendi- TOS; PE- efeito do atendi- prontuários lógica melhora o desem-
mentos fo- DROSA; mento fonoau- penho comunicativo
noaudiológi- BEHLAU, diológico vir-
cos virtual e 2015) tual e presencial
presencial em a repórteres de
profissionais telejornalismo.
do telejorna-
lismo

Fonte: Rocha, 2014.

Dentre os artigos analisados a maioria teve o profissional de jornalis-


mo como sujeito de pesquisa (37,5%), seguidos de Call Center, cantores,
alunos de teatro e controladores de tráfego aéreo (GRÁFICO 1).
Na análise, 62,5% (n=5) dos artigos ressaltaram hábitos vocais, a ou-
tra parcela de artigos foi analisada, mesmo sem destacar tais aspectos
por conterem questões também analisadas na pesquisa de campo desse
estudo, tais como, expressividade e contribuição do Fonoaudiólogo para
o profissional da voz.
A pesquisa que investigou a saúde vocal de controladores de tráfego
aéreo mostrou que os hábitos prejudiciais à voz praticados por eles são:
fumo, bebidas alcoólicas e café; revelou ainda que todos que referiram
rouquidão eram fumantes e professores (GARCIA; LAWDWING, 2010).

214
Tais achados comprovam a relação direta entre disfonias e abusos
vocais, o que já está bastante enfatizado cientificamente já referido por
Behlau (2005), entretanto fica inviável determinar até que ponto a função
exclusiva de controlador de trafego aéreo é determinante para estabeleci-
mento da disfonias, uma vez que eles apresentam profissões com ocupa-
ção vocal concomitantes (23,8% eram professores; 14,2% eram fumantes
e 14,2% eram fumantes e professores).

Gráfico 1: Sujeitos pesquisados nos artigos coletados

Fonte: Rocha, 2015.

Apenas uma pesquisa (com cantores) investigou o conhecimento vo-


cal dos sujeitos, porém de maneira superficial, pois a questão aborda-
da foi “recebeu orientação sobre higiene vocal?”, onde foi revelado que
a maioria dos sujeitos do sexo feminino respondeu positivamente e a
maioria do sexo masculino respondeu que não recebeu tais orientações
(ZIMER; CIELO; FERREIRA, 2012), outro estudo realizado por Morei-
ra et al. (2010) observou que os hábitos vocais prejudiciais, tais como o
consumo de bebidas alcóolicas são mais praticados por homens , con-
firmando dessa forma o que afirma Behlau (2001), de que os homens
tem mais tendência a desenvolverem disfonias organofuncionais devido
abusos vocais.

215
Os abusos vocais mais referidos nos artigos analisados foram: bebidas
alcoólicas (37,5%), café (25%), grito (25%) e fumo (25%). Outros hábi-
tos como falar em ambiente barulhento (competição sonora), tosse, falar
em excesso, bebidas geladas, roupas apertadas, leite e derivados, estresse
e refrigerantes tiveram referência em apenas uma vez (12,5%); e os há-
bitos saudáveis mais citados foram: hidratação (37,5%) e repouso vocal
(12,5%); afirmando a presente pesquisa, onde foram investigados a maior
parte destes hábitos (GRÁFICO 3).

Gráfico 2: Itens de saúde vocal mais referidos na literatura

Fonte: Rocha, 2015.

Os aspectos de gestos, postura e expressão corporal/facial tem sig-


nificância para o telejornalismo. Estudo realizado por Penteado, Gas-
taldello e Silva (2014) ressaltaram que o uso de gestos e expressões cor-
porais não eram valorizados e eram pouco explorados a cerca de trinta
anos atrás, porém, atualmente são aspectos bem trabalhados em jorna-
listas e até mesmo associados ao índice de audiência de um programa
de televisão. Segundo Rocha e Lira-Batista (2014), os aspectos de gestos
e postura para a televisão são bem explicitados pelos Fonoaudiólogos
para os repórteres.

216
Através desta revisão de artigos foi possível observar que os objeti-
vos de pesquisa dentro da área de voz profissional são bastante variados,
buscando avaliar desde o conhecimento vocal até aspectos de expressivi-
dade dos profissionais da voz. Isso reporta ao fato de que a inserção do
Fonoaudiólogo na atuação da voz profissional é relativamente nova, pois
de acordo com Ferreira (2010) esta atuação iniciou-se na década de 60,
portanto existem muitos aspectos para serem pesquisados nesse campo.
Tais estudos como os supracitados evidenciam a necessidade de pes-
quisas como o presente estudo, onde o objetivo está na investigação do
conhecimento vocal, visto que, é a partir do saber que o sujeito poderá
seguir para a prática.
Na etapa da pesquisa de campo, participaram 40 repórteres que
atuam em diferentes emissoras, os quais responderam um questionário
sobre noções de saúde vocal.
A idade dos participantes variou entre 27 e 58 anos de idade, ficando
a média em 34,8 anos. O sexo feminino foi o predominante com 55%, e o
tempo de serviço apresentou a média de 10,1 anos e obteve o maior índice
de coeficiente de variação (79%) dentre as variáveis analisadas. A jornada
de trabalho média foi de 6,2 horas diárias, oscilando entre a mínima de 04
e a máxima de 10 horas entre os participantes (TABELA 1).

Tabela 1: Descritiva Completa para: Idade, Tempo de Serviço e Jornada de Trabalho

Descritiva Idade Tempo de serviço Jornada de trabalho diária


Média 34,8 10,1 6,2
Mediana 33 8,5 6
Desvio Padrão 7,7 8,0 1,4
CV 22% 79% 23%
Mínima 25 0,5 4
Máxima 58 42 10
N 40 40 40
IC 2,4 2,5 0,4

Legenda: CV = coeficiente de variação; N = número de sujeitos; IC = intervalo de confiança.

Fonte: Rocha, 2014

217
Ao se questionar se os participantes tiveram acompanhamento Fo-
noaudiológico alguma vez na vida (aspectos vocais) a maioria respondeu
“sim” (92,5%), isso confirma a teoria de Ferreira et al., (2008) de que a in-
tervenção fonoaudiológica com esses profissionais é imprescindível, visto
que, dependerão da voz para desempenhar seu papel profissional, e quando
se dá de forma preventiva, torna-se fundamental, desenvolvendo ações de
promoção da saúde e prevenção de alterações vocais, tornando-se agentes
de melhorias nas condições ambientais e organizacionais de trabalho, por-
tanto os sujeitos pesquisados parecem saber dessa importância.
Em relação a ter sido diagnosticado com algum problema vocal
17,5% responderam “Sim”, estes valores foram significativos (p<0,001).
Este achado confronta a conclusão que Miranda (2012) retratou ao in-
vestigar aspectos vocais de estudantes de teatro, onde o mesmo relata que
“cada vez mais profissionais da voz têm apresentado sinais e sintomas
clínicos de alterações vocais”.
Confrontando também estudos realizados por Cielo, Ribeiro e Hof-
fman (2015) onde afirmam que futuros profissionais da voz podem “já
possuir um distúrbio instalado, ou desenvolvê-lo com o aumento da de-
manda vocal” ocasionado pela profissão.

Gráfico 4: Distribuição dos repórteres com diagnósticos de transtornos vocais

Fonte: Rocha, 2015

218
Quando os repórteres foram questionados se os mesmos possuem
acesso ao Fonoaudiólogo pela emissora de TV em que trabalham, 47,5%
responderam que “Sim”.
O tempo médio de acompanhamento fonoaudiológico dos profissionais
ficou entre 1 ano (21%) e 3 meses (21%) (GRÁFICO 5), entretanto é reali-
zado apenas uma vez por semana (p<0,01). De acordo com Andrade et al.
(2014) é necessário que a intervenção fonoaudiológica junto a esses profis-
sionais seja longitudinal, pois pesquisas mostram que queixas de voz, fala e
fluência prejudicam a potencialidade e o aperfeiçoamento vocal, o que po-
deria ser prevenido por um acompanhamento fonoaudiológico sistemático.

Gráfico 5: Distribuição do tempo médio de acompanhamento Fonoaudiológico

Fonte: Rocha, 2015

Observamos que em relação às questões feitas aos repórteres sobre a


explanação do Fonoaudiólogo quanto aos gestos e posturas, relacionando
estes à atuação profissional, houve resultado sensivelmente significante,
pois todos (100%) responderam que o Fonoaudiólogo explica-lhes esses
fatores, desta maneira a atuação do Fonoaudiólogo promove o uso corre-
to de gestos, posturas e noções de saúde vocal (p<0,001).
De acordo com Zimer, Cielo e Ferreira (2012), “a postura pode in-
fluenciar o comportamento vocal do indivíduo e os desvios posturais po-
dem contribuir com os distúrbios da voz”, isso ressalta a relevância do
Fonoaudiólogo no treinamento de gestos e postura com jornalistas.

219
As questões que foram sensíveis estatisticamente relacionaram alte-
rações vocais com abusos, tais como: grito, competição sonora, falar com
esforço e o ato de pigarrear (n=40), o que diferiu do estudo de Ferreira
et al. (2008), realizado com teleoperadores que demonstrou que entre os
hábitos prejudiciais à voz mais referidos, estão: falar muito, comer cho-
colate e tomar café.
As perguntas que tiveram menor índice de acertos foram as que ques-
tionaram a relação de prejuízos vocais como: falar ao ar livre; ingestão de
café; ingestão de alimentos derivados do leite; uso de balas/drops; uso de
roupas, sapatos, cintos ou golas apertado(a)s (GRÁFICO 6).
A questão que indagou se os repórteres consideram que o estresse
pode interferir na voz teve 87,5% de acertos, confirmando o que diz Feijó
e Kyrillos (2004) que a “tensão maior acontece muitas vezes com os re-
pórteres, porque vão para as ruas e geralmente contam com imprevistos
na realização das reportagens”.

Gráfico 6: Distribuição das perguntas com menor índice de acertos

Fonte: Rocha, 2015.

A pesquisa revelou que a maioria dos repórteres já teve acompanha-


mento fonoaudiológico alguma vez na vida (92,5%), sendo esse acesso
não necessariamente através da emissora, o que confrontou com um es-

220
tudo realizado por Benninger (2011) com locutores que demonstrou que
apenas 16,7% realizavam algum tipo de tratamento vocal, porém, cabe
ressaltar que estes eram fonoterápicos, isso implica que os profissionais
da voz entendem o papel do Fonoaudiólogo nos cuidados com a voz.
Os profissionais que utilizam a voz de forma contínua em um perío-
do superior a seis horas diárias tendem a usar a voz de forma mais intensa
e excessiva, o que contribui para o desencadeamento de patologias vocais
(PUTNOKI et. al., 2010). Portanto o grupo estudado é passível de dis-
túrbios vocais, pois a jornada de trabalho média foi de 6,2 horas diárias.
Pesquisa realizada por Ferreira et al. (2008) com teleoperadores indi-
cou que os profissionais que mostram insatisfação vocal são aqueles com
maior carga horária semanal, distúrbios respiratórios, ruído no ambiente
de trabalho, e estresse; porém a quantidade de profissionais satisfeitos
vocalmente configura-se em uma porcentagem elevada de 80%, apesar de
não demonstrarem um bom conhecimento de saúde vocal.
Outro estudo realizado por Chun et al. (2007) revelou uma valoração
negativa da própria voz (44%) por parte de futuros jornalistas, provavel-
mente devido à idealização de “voz modelo” em especial no jornalismo.
Segundo Ferreira (2010), “o valor atribuído à voz, por parte de cada
profissional, deve ser avaliado”, pois essa questão indicará ao Fonoau-
diólogo o grau de importância da voz para esse profissional, o que irá
influenciar nos cuidados que terá com a mesma.
Com relação à pergunta que questionou se os repórteres já tive-
ram noções de saúde vocal, o resultado foi estatisticamente significante
(p<0,001), com a maioria respondendo “SIM” (n=34), o que justifica que
a maioria das perguntas tenham sido respondidas corretamente e tam-
bém a grande porcentagem de acompanhamento fonoaudiológico.
Pesquisa realizada por Molin et al. (2014) indica que os profissionais
da voz possuem conhecimento sobre saúde vocal, porém há pouquíssima
execução na prática. Isto denota que é imprescindível ao Fonoaudiólogo
desenvolver atividades contínuas e que participe efetivamente na emissora,
sempre dialogando com os profissionais sobre a sua adesão aos cuidados.
Estudos de Oliveira et al. (2013) mostram que as orientações promovi-
das pelo Fonoaudiólogo sobre saúde vocal evita o desenvolvimento de dis-
fonias, o que justifica o baixo percentual de distúrbios vocais encontrados

221
na presente pesquisa (17,5%), pois a maioria dos repórteres demonstrou ter
bom conhecimento de saúde vocal, e também indica a relevância da inter-
venção do Fonoaudiólogo na atuação do profissional da voz, apesar de ser
uma vez por semana. Acredita-se que o trabalho diário consiga minimizar
este percentual encontrado.
Pesquisas realizadas por Cielo e Bazo (2008) e Cielo, Ribeiro e Hof-
fmann (2015) com profissionais da voz demonstraram que entre os há-
bitos deletérios mais referidos estavam o pigarro e a tosse; o que confir-
ma os valores desta pesquisa, pois foram 87,5% respondidos com “Sim”
quando se questionou se esses hábitos são prejudiciais à voz, porém não
foi o problema mais relatado nesse estudo.
A pergunta que questionou sobre a influência da competição sonora
na produção vocal teve resultado e0statisticamente significante (p<0,001),
pois 100% dos entrevistados responderam que falar na presença de ruídos
pode forçar mais a voz. Caldeira et al. (2012) supõe que a vivência destes
profissionais em ambientes com e sem ruídos, os tornam conscientes dos
efeitos negativos da competição sonora. Estudos mostram que profissio-
nais da voz referem dificuldades em falar em locais barulhentos (CIELO;
RIBEIRO; HOFFMANN, 2015).
A inserção fonoaudiológica nas emissoras de televisão foi relativa-
mente pequena, o que mostra a necessidade de maior divulgação por par-
te dos profissionais de Fonoaudiologia quanto a sua relevância no âmbito
da voz profissional, em especial a voz falada.
Observou-se em estudos já realizados que o Fonoaudiólogo é um profis-
sional pouco referido como fonte de orientações vocais, apesar de pesquisas
mostrarem que profissionais que fazem uso da voz consideram importante
receber orientações vocais. Isso demonstra que, embora estes profissionais
necessitem de orientações vocais, a inserção neste campo de atuação do Fo-
noaudiólogo ainda é limitada (UEDA; et. al., 2008; VIOLA; et. al., 2011).
Estima-se que estudos longitudinais para observação das variáveis após a in-
serção do Fonoaudiólogo revelem resultados mais positivos.
O presente estudo revelou que as terapias fonoaudiológicas ofertadas
aos repórteres, em sua maioria, são realizadas apenas uma vez na semana
(81,3%). Supõe-se que o cuidado sequencial ofereceria melhores resulta-
dos no desempenho e conhecimento vocal dos repórteres entrevistados.

222
Porém, esse quesito não foi analisado na presente pesquisa. Portanto, se-
ria relevante investigar a implicação da assiduidade de atendimento fo-
noaudiológico na atuação de repórteres.

4 CONCLUSÃO

O presente estudo revelou que os repórteres da cidade de Teresina


possuem um bom conhecimento vocal, principalmente para questões de
senso comum, pois perguntas mais específicas, tais como: ingestão de de-
rivados de leite (30% = sim; 30% = não sei), falar ao ar livre (37,5% =
não; 22,5% = não sei) e uso de balas e drops (42,5% = não; 17,5% = não
sei) não foram respondidas corretamente, em sua maioria. Isso denota a
necessidade de uma intervenção mais frequente da Fonoaudiologia na
assessoria aos profissionais da voz.
Na revisão de literatura, pode-se observar que grande parte dos es-
tudos ressalta a prática de hábitos vocais saudáveis, e apenas poucos bus-
cam a investigação do conhecimento dos profissionais da voz.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Relacionando os dados da revisão de literatura realizada com a pes-


quisa de campo, pode-se notar que apenas o conhecer não leva à prá-
tica, levantando assim, questões para a Fonoaudiologia refletir sobre
meios de auxiliar tais profissionais a praticar hábitos que aperfeiçoem
seu exercício profissional.

223
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APÊNDICE
QUESTIONÁRIO SOBRE NOÇÕES DE SAUDE VOCAL
IDENTICAÇÃO DA EMISSORA:________
NOME:____________________ IDADE:______ TEMPO DE SERVIÇO:_____
JORANADA DE TRABALHO DIÁRIA:_____ PROFISSÃO:_____________________
CIRCULE A MELHOR ALTERNATIVA: S= SIM N=NÃO SR= SEM RESPOSTA

JÁ TEVE SERVIÇO DE FONO NA EMISSORA? SIM NÃO SEM RESPOSTA


TEVE ACOMPANHAMENTO FONOAUDIOLÓGICO ALGUMA VEZ NA VIDA? S N SR
TEVE NOÇÕES DE SAUDE VOCAL ALGUMA VEZ NA VIDA? S N SR
JÁ FOI DIAGNOSTICO COM ALGUM PROBLEMA RELACIONADO À VOZ? S N SR
SE SIM, QUAL? NÓDULOS POLIPOS EDEMA DE REIKE OUTRO

1. Você acha que falar durante muito tempo pode alterar a sua voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
2. Você acha que sua voz pode ser alterada quando muda a temperatura do ambiente?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
3. Você acha que falar com esforço pode prejudicar sua voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
4. Você considera que trabalhar com a voz ruim pode causar algo mais grave?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
5. Você acha que ao falar com competição sonora pode forçar mais a voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI

226
6. Você acha que ao falar ao ar livre pode forçar mais a voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
7. Você considera que falar na presença de ar-condicionado pode prejudicar a voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
8. Você acha que tomar bebidas geladas pode alterar a voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
9. Você acha que o café é prejudicial à voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
10. Você considera que comer alimentos derivados do leite pode alterar a voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
11. Você acha que o uso de balas/drops pode alterar a produção da voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
12. Você acha que o álcool prejudica a voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
13. Você considera que o fumo pode causar problemas relacionados à voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
14. Você acha que gritar prejudica a voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
15. Você acha que pigarrear prejudica a voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
16. Você acha que tossir prejudica a voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
17. Você acha que o estresse pode interferir na voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
18. Você acha que falar usando sapatos e/ou roupas apertadas pode alterar a produção da voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
19. Você acha que usar golas, lenços, colares, cintas e/ou cintos apertados pode alterar a
produção da voz?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
20. Com que freqüência você perde sua voz?
( )SEMANAL ( )MENSAL ( )OCASIONAL ( )NUNCA
21. Você tem acesso ao profissional Fonoaudiólogo pela emissora (atendimento na própria sede)?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
SE A RESPOSTA ANTERIOR FOR NÃO, FINALIZE, SE FOR SIM SIGA QUESTÃO 22:
22. O por quanto tempo você realiza (ou) terapia na emissora? ________________
23. Qual a freqüência semanal?
( )1 vez por semana ( )2 vezes por semana ( )3 vezes por semana ( )diariamente
24. O profissional de Fonoaudiologia da emissora lhe explicou os fatores que prejudicam a
voz, considerando a atuação profissional?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI
25. O profissional de Fonoaudiologia da emissora lhe explicou sobre a utilização de gestos
e postura para a televisão?
( )SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI

227
CONDUTA MÉDICA DIANTE DE CRIANÇAS
COM QUEIXA DE TONTURA

Jennifer Reis de Souza Lima Falcão, Tuísa Souto Said,


Maria Tereza Montenegro Tavares, Cléa Maria Machado de Alencar

1 INTRODUÇÃO

A tontura e a instabilidade corporal são sintomas de alteração do


equilíbrio corporal que surgem quando ocorre conflito das informações
vestibulares, visuais e proprioceptivas. A disfunção vestibular na criança
costuma afetar a habilidade de comunicação, o estado psicológico e o
desempenho escolar (FRANCO; CAETANELLI, 2006).
A vertigem na infância resulta de uma miscelânea de informações
nos diferentes sistemas sensoriais envolvidos com o equilíbrio. A verti-
gem, entretanto, é muito mais difícil de ser reconhecida em bebês e crian-
ças do que nos adultos (MORRISON, 2008).
Os distúrbios labirínticos infantis têm sido observados rotineiramen-
te nos mais importantes centros otoneurológicos em todo o mundo. Ape-
sar da vertigem e outras formas de tonturas em crianças e adolescentes
não serem tão frequentes como em adultos e idosos, tem sido notado um
aumento crescente da prevalência da vertigem de origem vestibular em
crianças (GANANÇA; CAOVILLA, 1999).
A postura, o equilíbrio e a coordenação motora parecem ser essen-
ciais no processo de aprendizagem. As dificuldades das crianças labirin-

228
topatas em aprender podem estar relacionadas com a incapacidade da
criança para executar movimentos coordenados e a percepção indefinida
da posição espacial.
Segundo Formigoni (1998) as tonturas são frequentes, porém às vezes
são bem toleradas pelas crianças e, tal queixa só aparece mediante questio-
namento direcionado. Tais crianças, normalmente, são inquietas, devido à
constante procura de posições de conforto e segurança, o que leva à difi-
culdade de concentração e à dispersão. Podem não gostar de brincar, andar
de bicicleta, de andar sobre o muro, de pular corda ou amarelinha, etc.
Morrison (2008), afirma que “as crianças não estão aptas a descrever o que
estão vivenciando e podem apresentar-se com outros sintomas somáticos
tais como escondendo-se no canto do berço, caindo no chão e chorando”.
Bittar, Pedalini e Medeiros (2002) afirmam que a criança sofre tanto
quanto o adulto durante as manifestações e consequências dos distúr-
bios vestibulares em sua vida diária, apresentando comprometimento
cognitivo e isolamento social que influenciam direta e negativamente
em seu desenvolvimento.
Assim, as alterações vestibulares parecem requerer muita atenção e o
tratamento correto é essencial para evitar alterações irreversíveis.
Se o número de crianças com queixas vestibulares é crescente, qual a
conduta médica diante dessas crianças?
O objetivo geral desse trabalho foi pesquisar a conduta médica diante
de crianças com queixa de tontura e os objetivos específicos que nor-
tearam o mesmo foram: investigar a prevalência de queixas associadas
a tonturas em crianças atendidas em ambulatórios médicos; identificar
a prevalência de alterações vestibulares mais encontradas nas crianças;
explanar as recidivas da procura médica.
Para Ganança e Caovilla (1999) as tonturas na infância não tem sido
devidamente reconhecidas, valorizadas ou diagnosticadas, não obstante
correspondem a aproximadamente 1% das consultas neuropediátricas.
A grande escassez de estudos nesta área mostra a necessidade de
aprofundamento em pesquisas que visem atenuar os efeitos dessa patolo-
gia tão temível entre os adultos.
A pesquisa pretende mostrar que essa patologia não é só “de gente
grande”, está ficando cada dia mais comum entre as crianças. Por isso, a

229
importância de manter atenção aos comportamentos e queixas das mes-
mas. Enriquecer o conhecimento da equipe médica acerca das patologias
vestibulares e suas consequências, assim como alertar pais e/ou professores
aos sinais que crianças vestibulopatas podem mostrar e orientar quanto à
procura de auxílio específico, são fundamentais para acelerar o diagnóstico
e tratamento específico, sanando as consequências desta patologia.
A proposta desta pesquisa pode minimizar problemas a nível psicos-
social e escolar destas crianças.

2 METODOLOGIA

O projeto foi encaminhado para o comitê de ética em pesquisa aten-


dendo desta forma a resolução 466/2012 estabelecida pelo CNS (Conse-
lho Nacional de Saúde).
Nos aspectos referentes aos termos éticos da pesquisa, os médicos
que aceitaram participar da pesquisa assinaram o termo de consentimen-
to livre e esclarecido, no qual estava explícito: o objetivo do presente es-
tudo, o nome da pesquisadora, a instituição de ensino, a área da pesquisa,
e o compromisso de sigilo das informações pessoais e o que seria feito
com os dados coletados. A prioridade para a inclusão na pesquisa foram
médicos que atendem, em sua rotina clínico-ambulatorial, crianças.
Para garantir a homogeneidade do trabalho, os centros de saúde
pesquisados não foram discriminadas por classe social, extendendo-se a
atendimentos públicos e privados.
O questionário foi adaptado e composto por perguntas que envolvem
as seguintes questões: condutas médicas, queixas vestibulares, resultados
dos exames das crianças e suas principais queixas.
O TCLE abrangeu o objetivo da pesquisa e seus procedimentos que
estavam contidos como introdutório do questionário. A participação da
equipe médica estava subordinada ao preenchimento do mesmo.
O estudo foi uma pesquisa de campo transversal com abordagem
metodológica quanti-qualitativa descritiva. Os procedimentos de coleta
foram através de questionários e levantamentos de dados.
A pesquisa aconteceu através de duas formas:
Entrevista: Foram feitas perguntas rápidas e objetivas aos médicos
para obter as respostas das questões propostas no questionário.

230
Autopreenchimento do questionário: O questionário foi entregue ao
próprio médico ou na recepção da clínica onde trabalha para que pudesse
respondê-lo. Após preenchimento, os questionários/formulários foram
entregues para análise.
A interpretação e análise dos dados foram realizadas por meio de
gráficos e planilhas no Windows Excel 2007.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram distribuídos 75 questionários e recambiados cerca de 28. Após


revisão do correto preenchimento dos mesmos, foram validados 26 ques-
tionários, os quais foram utilizados para análise desta pesquisa. Os resul-
tados estão expostos nos gráficos abaixo mostrando a realidade referente
às queixas vestibulares mais encontrados nos consultórios e as condutas
mais adotadas pelos médicos.
A proporção de médicos participantes da pesquisa é de 9 (34,6%) pe-
diatras, 7 (26,9%) clínicos gerais, 6 (23,07%) neurocirurgiões e 4 (15,3%)
otorrinolaringologistas.

Gráfico 1: Médicos que já atenderam crianças com tontura

Fonte: Autora.

Foi encontrado um valor expressivo de queixas por parte dos pesqui-


sadores. Dos 26 pesquisados, 24 (92,3%) relataram já ter atendido crian-
ças com queixa de tontura e 2 (7,7%) relataram que nunca atenderam
crianças com esta queixa.

231
Gráfico 2: Queixas vestibulares mais frequentes além da tontura

Fonte: Autora.

O gráfico 2 caracteriza as queixas mais frequentes e serão citadas


em ordem de prevalência: 25 (96,1%) citaram enjoos, 21 (80,7%) vô-
mitos sem motivo aparente, 18 (69,2%) náuseas sem motivo aparente,
16 (61,5%) escurecimento da visão, 16 (61,5%) vertigem, 15 (57,6%)
zumbido, 13 (50%) perda auditiva, 9 (34,6%) instabilidade postural, 5
(30,7%) citaram a cinetose, 7 (26,9%) flutuação e 1 (3,8%) citou afun-
damento do chão.
Em um estudo realizado por Bittar, Pedalini et al. (2002) sobre os
resultados da reabilitação vestibular pelo método de Cawtorne e Cooksey
em 22 crianças, uma das queixas mais prevalentes foi a cinetose, diferente
dos resultados encontrados nesta pesquisa onde esta queixa teve preva-
lência de 30,7% dos casos.
Embora a cinetose tenha tido 30,7% de citações, pode-se observar
que as queixas de enjoo, vômito e náuseas tiveram um percentual elevado.
Podendo-se incluir, secundariamente, à cinetose, uma vez que esta pato-
logia é evidenciada através destes sintomas.
Szirmai (2010) realizou um estudo analisando os dados de 145 pa-
cientes vertiginosos com idade até 18 anos. Dividiu os pacientes em dois
grupos: o de crianças (66 pacientes com idade até 14 anos) e o de adoles-
centes (79 pacientes com idade entre 14 e 18 anos). Do grupo de crianças,
16 delas apresentavam vertigem rotatória e no de adolescentes, 20 deles.

232
Com relação à tontura, a mesma estava presente em 25 (38%) crianças
e 35 (44%) adolescentes. 21 crianças e 31 adolescentes tinham dores de
cabeça. Náuseas e vômitos foram frequentes em ambos os grupos:14 e 9
crianças, 17 e 10 adolescentes, respectivamente. Perda auditiva e zumbi-
do foram observados em cada três crianças. No grupo de adolescentes, 7
deles apresentaram perda auditiva e 16 tinham zumbido. Logo, os sinto-
mas de perda auditiva e/ou zumbido foram mais frequentes no grupo de
adolescentes do que no de crianças.
Embora Szirmai tenha realizado sua pesquisa não só com crianças,
mas também com adolescentes, os achados dele trazem informações rele-
vantes. Fazendo uma comparação entre os achados de Szirmai e os desta
pesquisa, pode-se observar que os relatos de queixas vestibulares têm au-
mentado de forma progressiva, baseando-se nos percentuais de queixas
de zumbido (57,6%), perda auditiva (50%) e vertigem (61,5%).
Said (2012) realizou um estudo onde mostra um percentual de 3,7%
de crianças com problemas de equilíbrio e 3,1% referiram parecer andar
sem coordenação.
Niemensivu et al. (2006), encontrou percentuais com valores bem
expressivos para as queixas citadas anteriormente, sendo 16,2% para difi-
culdade de equilíbrio e 15,2% para dificuldade de caminhar.
Dos 26 médicos, 22 (84,6%) já atenderam crianças mais de uma vez
pelos mesmos motivos e apenas 4 (15,3%) nunca atenderam recidivas.
Esse é um dado relevante, pois mostra que as crianças mesmo tratadas
podem apresentar recidivas.
Bittar et al. (2002), iniciaram um tratamento de RV com 24 crianças e
duas o abandonaram durante o estudo. Uma criança que havia apresentado
melhora total apresentou recidiva das crises 6 meses após o término do pro-
grama. Para eles, a observação de recidiva em uma criança que havia apre-
sentado melhora total após o programa é um fato que permanece sem ex-
plicação. As outras crianças apresentaram melhoras totalmente satisfatórias.
Os autores acreditam que a RV é um método altamente recomendável
às crianças vestibulopatas, desde que anteriormente investigadas e corre-
tamente diagnosticadas. Nos casos de cinetose pura, a RV é sem dúvida o
tratamento de primeira escolha.

233
Gráfico 3: Proporção de médicos que já atenderam crianças mais de uma vez pelos
mesmos motivos (queixas vestibulares)

Fonte: Autora.

O gráfico 4 explana a proporção dessas recidivas: 10 médicos


(45,4%) informaram que menos da metade das crianças retornam após
consulta; 3 médicos (13,6%) relataram que metade das crianças retor-
nam após consulta e 40,9%, equivalente a 9 médicos, informaram que
mais da metade retornam.

Gráfico 4: Proporção de crianças que retornam após consulta

Fonte: Autora.
Gráfico 5: Condutas médicas mais adotadas

234
Fonte: Autora.

O gráfico 5 explana claramente que 7 (26,9%) dos médicos realizam


orientação alimentar, 5 (19,2%) prescrevem medicamentos antivertigino-
sos, 22 (84,6%) encaminham para outro profissional, 6 (23%) encami-
nham para realizar exame vestibular (teste de labirintite), 3 (11,5%) enca-
minham para reabilitação vestibular e 5 (19,2%) adotam outras condutas.
Os encaminhamentos para outros profissionais estão prevalecendo,
no que diz respeito às condutas médicas. Do total de 22, 11 (50%) dos
encaminhamentos são para os otorrinos, 6 (27,2%) para neuropediatras,
2 (9%) para pediatras, 3 (13,6%) para neurologistas e 4 (18,1%) não infor-
maram para quem encaminham.
No quesito “outro”, os médicos adotam variadas condutas, entre elas:
tratamento para enxaqueca (20%), audiometria e tomografia do crânio
e mastóide (20%), bioquímica (HDL) / triglicerídeos e pressão arterial
(20%), exame clínico de rotina p/ fezes, urina e colesterol (20%) e tomo-
grafia computadorizada (20%).
Provas calóricas podem ser realizadas em crianças sem os efeitos co-
laterais associados de náuseas e vômitos, os mesmos que podem acom-
panhar o procedimento em adultos. Isto é provavelmente devido à falta
de desenvolvimento completo do componente vestibular de equilíbrio na
infância e pode explicar porque as crianças são, às vezes, menos susce-
tíveis às náuseas e vômitos do que os adultos. Por outro lado, sua maior

235
tendência para os enjoos em viagens de carro pode ser devido a uma
incapacidade de suprimir totalmente uma estimulação visual inadequada
devido a uma maior dependência de estímulos somatossensorial e visual
nesta idade (CUMBERWORTH; PATEL et al., 2007).

Gráfico 6: Laudos de exames vestibulares mais frequentes

Fonte: Autora.

O gráfico 6 detalha muito bem a prevalência dos laudos dos exames.


Pode-se observar que 35% não tem acesso aos exames vestibulares, 39% de-
les confirmam padrões de normalidade, 23% encontram-se com o laudo de
VPPB, 11,5% apontam para Alteração Vestibular Periférica, 3,8% apontam
para Alteração Vestibular Periférica Deficitária Unilateral, 3,8% Alteração
Vestibular Periférica Deficitária Bilateral e 15,3% Alteração Vestibular Cen-
tral. Outro detalhe interessante encontrado foi o seguinte: 2 médicos (10%)
afirmaram que não encaminham “crianças” para realizar o exame vestibular.
Ganança e Caovilla (1999) afirmam que a Vertigem Postural Paroxís-
tica Benigna é muito rara na infância, sendo que nesta pesquisa 23% dos
médicos citaram-na como um dos achados mais frequentes nos laudos
dos exames vestibulares.
A Vertigem Paroxística Benigna (VPB) é a mais comum das labirinto-
patias infantis. É uma vertigem de intensidade variável, em crises repen-
tinas periódicas, com ou sem enjoos, em crianças dos dois aos 12 anos,

236
mas geralmente com mais de seis anos. A criança, assustada, apóia-se em
objetos ou pessoas para não cair. Sem sintomas auditivos e sem alterações
da consciência. Antecedentes pessoais de cinetose e familiares de migrâ-
nea ou diabetes são frequentes (GANANÇA; CAOVILLA, 1999).
Cunha et al. (2008) e Santos (2007) acreditam que a maioria dos pa-
cientes com queixa de tontura apresenta alguma alteração vestibular. Em
sua pesquisa a maior parte da população envolvida apresentou alteração
vestibular periférica ao realizar o exame vestibular.
Corroborando com os mesmos, uma pesquisa realizada por Santos
(2007) evidenciou que 69,4% dos indivíduos apresentaram Síndrome
Vestibular Periférica (SVP) e 30,6% obtiveram resultados dentro dos pa-
drões de normalidade. Também, Cunha et al. (2008), em sua pesquisa,
encontrou que 59% dos pacientes apresentaram algum tipo de vestibulo-
patia periférica quando submetidos ao exame otoneurológico.
Tais respostas diferem das encontradas nesse estudo onde constatou-se
que os laudos mais frequentes, citados pelos médicos, estão dentro dos pa-
drões de normalidade (39%), seguido pela VPPB (23%).
Mor et al. (2001) esclarecem que a ausência de alterações ao exame
vestibular apesar dos sintomas labirínticos pode ser explicada quando
houve pouco comprometimento do aparelho vestibular ou quando já
ocorreu recuperação do mesmo. Ganança et al. (2001) afirmam que
quando o sintoma vestibular é proveniente de alterações em outros ór-
gãos, como doenças neurológicas, problemas psíquicos, entre outros,
pode ocorrer tontura sem o comprometimento funcional do sistema
vestibular. Para Ganança et al. (1998) e Bergano et al. (2000) deve-se
considerar ainda, a sensibilidade diagnóstica da VENG que revela re-
sultados normais em 40% dos pacientes com hipótese diagnóstica de
alteração labiríntica.
Em 1962, Harrison descreveu uma prevalência de lesões vestibulares
periféricas em crianças, incluindo doença de Menière, lesões virais e neu-
ronites vestibulares. Em 1977, Beddoe descreveu diversas etiologias de
tontura, e no mesmo ano Eviatar e Eviatar encontraram uma prevalência
de vertigem central, especialmente crises estonteantes. Em 1995 Bower e
Cotton descreveram uma prevalência de vertigem periférica sobre o com-
prometimento central.

237
Pode-se observar que em 1962 o que predominava eram as lesões
vestibulares periféricas. Anos mais tarde, as lesões centrais passaram a
prevalecer. E mais recente, 1995, as lesões periféricas passaram a predo-
minar novamente.
Mesmo sem ter um percentual tão elevado, os médicos que mais citaram
laudos de alteração vestibular central (15,3%) foram os neurocirurgiões.

4 CONCLUSÃO

A pesquisa abordou o seguinte problema: se o número de crianças


com queixas vestibulares é crescente, qual a conduta médica diante dessas
crianças? Baseado nos questionários, os achados mostram que 7 (26,9%)
dos médicos realizam orientação alimentar, 5 (19,2%) prescrevem me-
dicamentos antivertiginosos, 22 (84,6%) encaminham para outro profis-
sional, 6 (23%) encaminham para realizar exame vestibular (teste de la-
birintite), 3 (11,5%) encaminham para reabilitação vestibular e 5 (19,2%)
adotam outras condutas.
As informações coletadas contribuíram bastante para alcançar os ob-
jetivos propostos. Os mesmos nortearam a pesquisa para que levasse o
conhecimento sobre essa patologia ainda muito confundida por aí a fora.
Notou-se que o índice de recidivas relatadas pelos médicos está mui-
to alto, o que nos faz chegar a algumas conclusões: os médicos precisam
encaminhar também crianças para realizar RV, já que estudos compro-
vam sua eficácia. Os encaminhamentos para exame vestibular também
são essenciais. Condutas estas, que obtiveram percentuais baixos: 11,5% e
23%, respectivamente. Isso não quer dizer que agora os médicos deverão
adotar somente estas condutas, mas incluí-las no tratamento do paciente.
Precisamos descobrir também o que está acontecendo para que o índice
de recidivas esteja tão elevado.
Desta forma, verificou-se que os médicos precisam ter mais conhe-
cimentos sobre a atuação do fonoaudiólogo junto à equipe multidiscipli-
nar, pois há médicos que relataram não encaminhar crianças para realizar
exame vestibular, o que faz supor que encaminham somente adultos. Daí
a necessidade de conhecerem e darem mais importância a este exame tão
imprescindível para o diagnóstico.

238
Ressalta-se, ainda, que os fonoaudiólogos, representados pelos CRFa
(Conselho Regional de Fonoaudiologia) precisam disseminar informa-
ções através de campanhas, palestras, distribuição de folders, etc. para
expor a importância de realizar os encaminhamentos aos fonoaudiólogos
para diagnosticar as labirintopatias em crianças através da vectoeletro-
nistagmografia e reabilitá-las através de RV.
Outra sugestão é a de ter grupo de estudo multidisciplinar nos hospi-
tais/clínicas onde cada médico trabalha. Assim, pode-se discutir assuntos
relacionados às patologias encontradas naquele ambiente e cada um daria
sua contribuição referente à sua área. Portanto, a equipe estaria tendo
uma visão ampliada do paciente e seria também uma oportunidade para
o fonoaudiólogo mostrar a sua importância na equipe, contribuindo na
reabilitação, principalmente da criança labirintopata.
Conclui-se que, embora este seja um tema pouco explorado e com
escassez de literatura a nível nacional e internacional, esta pesquisa trou-
xe achados relevantes para a comunidade acadêmica, em especial da área
de saúde e para pais de crianças. Estudos como este devem servir como
um pontapé inicial para desencadear mudanças nas políticas públicas em
saúde de um país.

239
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APÊNDICE A – Questionário elaborado por Lima (2014).

Bacharelado em Fonoaudiologia
Pesquisadora: Jennifer Reis
Orientadora: Tuísa Souto Said

QUESTIONÁRIO SOBRE CONDUTA MÉDICA DIANTE DE


CRIANÇAS VESTIBULOPATAS
Você está sendo convidado(a) para participar como voluntário em uma pesquisa. Caso acei-
te participar, fica acordado que suas respostas ao questionário/formulário já habilitam o uso
deste para a pesquisa.
A pesquisa não traz quaisquer riscos, prejuízos, desconfortos, lesões ou despesas ao parti-
cipante. Fica garantido o sigilo das informações prestadas, bem como o direito de retirar o
consentimento a qualquer tempo sem qualquer ônus.
Para dúvidas: Jennifer Reis de Souza Lima (pesquisadora):
E-mail: jennifer.ja18@hotmail.com.
DADOS GERAIS:

Nome ou sigla do nome: ___________________________________________________


Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Clínica/Hospital: _________________________________________________________
Especialidade Médica: ____________________________________________________
Tempo de experiência profissional: ___________________________________________
1. Ao longo de sua experiência profissional você já atendeu alguma criança com queixa de tontura?
( ) Sim
( ) Não
2. Além da queixa de tontura, você já atendeu crianças com algumas dessas queixas? Quais?
( ) Cinetose
( ) Flutuação
( ) Zumbido
( ) Afundamento do chão

243
( ) Enjoos
( ) Vômitos sem motivo aparente
( ) Instabilidade postural
( ) Escurecimento da visão
( ) Náuseas sem motivo aparente
( ) Vertigem
( ) Perda auditiva
( ) Outro, Qual? ______________
3. Você já atendeu alguma criança mais de uma vez pelos mesmos motivos acima?
( ) Sim
( ) Não
4. Em caso afirmativo à questão anterior, qual a proporção das crianças que retornam após
consulta?
( ) Menos da metade
( ) Metade
( ) Mais da metade
5. Após realizar a avaliação da criança com tontura, que conduta você adota?
( ) Orientação alimentar (aos pais)
( ) Exame Vestibular (“Teste de labirintite”)
( ) Medicamentos antivertiginosos
( ) Reabilitação Vestibular (Terapia)
( ) Encaminha para outro profissional,
( ) Outro, Qual? ___________________
6. Caso você tenha acesso ao exame realizado, marque as 2 respostas mais encontradas nos
laudos dos exames (“Teste de labirintite”):
( ) Sem exames realizados
( ) Exame Vestibular Normal
( ) Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB)
( ) Alteração Vestibular Periférica
( ) Alteração Vestibular Periférica Deficitária Unilateral
( ) Alteração Vestibular Periférica Deficitária Bilateral
( ) Alteração Vestibular Central

____________________________, ______ de ________________ de 2014.

____________________________________________
Assinatura do participante

244
O FONOAUDIÓLOGO NO SUS: VISÃO DOS
PACIENTES ATENDIDOS PELO CENTRO
INTEGRADO DE SAÚDE CIS-UNINOVAFAPI

Mayara de Castro Silva, Monise da Sliva Mendonça,


Claudio Martins Correia Lima

1 INTRODUÇÃO

O planejamento de saúde envolve medidas em que distintas aborda-


gens e enfoques são requisitados em função das novas necessidades dos
usuários do sistema único de saúde (SUS). No Brasil, a atenção à Saúde
sofreu uma profunda mudança com a promulgação da Constituição de
1988 e a aprovação da Lei Orgânica da Saúde, Lei nº 8.080/90, ao ser
instituído o SUS, com seus princípios de Universalidade que garante o
acesso à saúde em todos os níveis de assistência, Integralidade que se re-
fere sobre os serviços à saúde fornecidos de acordo com as necessidades
da população e Equidade que dispõe sobre a igualdade de oportunidade a
todos para utilização do sistema público de saúde (BRASIL, 1988).
A Fonoaudiologia apresenta um vasto campo de trabalho, atua nos
cinco níveis de atenção à saúde: prevenção, promoção à saúde, proteção
especifica, diagnóstico e tratamento precoce, limitação do dano e rea-
bilitação, abrangendo as áreas da audição, linguagem oral e escrita, voz,
sistema sensório motor oral e saúde coletiva.
Apesar de tantas possibilidades de atuação, o fonoaudiólogo ainda
busca seu espaço na área de saúde pública. Diante da carência de estudos

245
sobre a inserção do fonoaudiólogo na rede de saúde no país, pretende-se
neste estudo, relatar a visão dos pacientes atendidos pelo SUS no centro
integrado de saúde CIS-UNINOVAFAPI, para que além de identificar a
percepção que os pacientes têm sobre o trabalho fonoaudiológico, pro-
mover reflexões sobre a fonoaudiologia na saúde pública.
Os campos de atuação do Fonoaudiólogo na saúde pública engloba
A Atenção Básica, como consta da Portaria MS/GM nº 2.488, de 21 de
outubro de 2011, caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, indi-
vidual e coletivo, relacionadas à promoção e proteção da saúde, preven-
ção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e
manutenção da saúde.
Medeiros et al. (2009) relatam que no contexto da promoção, prote-
ção e recuperação da saúde nos diversos aspectos relacionados à comuni-
cação humana, o fonoaudiólogo inserido na ESF tem como competências:
valorizar os princípios do acolhimento, vínculo e responsabilização pela
comunidade junto à Equipe Multiprofissional; estimular o autocuidado;
apropriar-se das informações demográficas, sanitárias, socioculturais,
epidemiológicas e ambientais do território.
Nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) que foram criados
pelo Ministério da Saúde em 2008 com o objetivo de apoiar a consolida-
ção da Atenção Básica no Brasil, ampliando as ofertas de saúde na rede
de serviços, assim como a resolutividade, a abrangência e o alvo das ações
(BRASIL 2016).
A atenção primária, antes restrita aos cuidados dos profissionais das
equipes de saúde da família, passa a incorporar outras categorias profis-
sionais, ampliando o espaço das ações desenvolvidas na atenção básica,
sua resolutividade e o acesso aos serviços de saúde (CONSELHO FEDE-
RAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2016).
O Programa Saúde na Escola foi instituído por meio do Decreto Pre-
sidencial nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, representando uma política
intersetorial e de integração entre os Ministérios da Saúde e da Educação.
Uma das contribuições do fonoaudiólogo dentro do PSE é matriciar o seu
conhecimento para a comunidade escolar (professores, pais e escolares),
fazendo com que este público amplie o conhecimento a respeito dos dis-
túrbios da comunicação.

246
A Portaria MS nº 2.527, de 27 de outubro de 2011, institui a Atenção
Domiciliar, que tem como objetivo reorganizar o processo de trabalho
das equipes que prestam cuidado domiciliar na atenção básica, ambula-
torial e hospitalar, para a redução da demanda de atendimento hospitalar
ou do período de permanência de usuários internados, a humanização da
atenção, a desinstitucionalização e a ampliação da autonomia dos usuá-
rios (CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2016).
Segundo Silva et al. (2010), os serviços de atenção domiciliar sur-
giram na década de 1960 e têm se expandido no País com maior força a
partir da década de 1990.
A Portaria GM nº 336, de 19 de fevereiro de 2002 “Estabelece que
os Centros de Atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes
modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III”. Os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS) constituem-se em serviços ambulatoriais
voltados a usuários com transtornos mentais. Representam a porta de
entrada da rede de assistência em saúde mental e se configuram como
serviço substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos (CONSE-
LHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2016).
O Conselho Federal afirma ainda que dentre as ações desenvolvidas
pelo fonoaudiólogo, em conjunto com a equipe multiprofissional, estão:
identificação da necessidade de inserção no CAPS; construção de projeto
terapêutico singular; atendimento individual e/ou em grupo; orientações
às famílias; articulação com outros equipamentos da rede, facilitando a
inclusão social do usuário.
A Portaria MS/GM nº 793, de 24 de abril de 2012 instituiu a Rede de
Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do SUS, e coloca o desafio
de trabalhar redes integradas de saúde, com o objetivo específico, entre
outros, de promover cuidados em saúde dos processos de reabilitação
auditiva, física, intelectual, visual, ostomia e múltiplas deficiências, e de-
senvolver ações de prevenção e de identificação precoce de deficiências
na fase pré, peri e pós-natal, infância, adolescência e vida adulta (CON-
SELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2016).
O conselho Federal Reitera que as ações da rede de Cuidados à Pes-
soa com Deficiência deverão estar organizada na Atenção Básica (UBS/
ESF/NASF), na Atenção Especializada (CER – Centro Especializado em

247
Reabilitação Auditiva, Física, Intelectual, Visual, Ostomia e em Múlti-
plas Deficiências e CEO – Centro de Especialidades Odontológicas) e
na Atenção Hospitalar e de Urgência e Emergência.
O Fonoaudiólogo atua nos distúrbios da comunicação, desenvolven-
do ações, com base nas diretrizes para tratamento e reabilitação/habili-
tação de pessoas com deficiência (instrutiva - Portaria MS/GM nº 793
de 24 de abril de 2012 e Portaria MS/GM nº 835, de 25 de abril de 2012),
(CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2016).
No âmbito hospitalar, o fonoaudiólogo tem como espaço de atuação
os ambulatórios, as unidades de internação e as Unidades de Tratamento
Intensivo (UTI), podendo atuar em diversos distúrbios da comunicação e
deglutição em todas as faixas etárias (CÁCERES et al., 2014).
Os primeiros prontos socorros tiveram sua origem nos anos 60 nos
Estados Unidos. Assim, os indivíduos acometidos por agravos que cau-
sam risco de vida têm como porta de entrada do hospital, o serviço de
urgência e emergência (COSTA; GUIMARÃES, 2012).
Semelhante à Psicologia, a Fonoaudiologia no contexto hospitalar
de caráter emergencial, assume um modelo diferenciado, se adaptando
à realidade do ambiente. O atendimento é realizado em situação diferen-
ciada, onde o paciente encontra-se hospitalizado em função de outras
enfermidades (CÁCERES et al, 2014).
Segundo a portaria do ministério do estado da saúde Art. 2º A Po-
lítica Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora tem como
finalidade definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem ob-
servados pelas três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS),
para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com
ênfase na vigilância, visando a promoção e a proteção da saúde dos tra-
balhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de
desenvolvimento e dos processos produtivos.
Machado, (2011) destaca que a atuação do fonoaudiólogo em saúde do
trabalhador perpassa não apenas os ambientes com agentes de risco para
a saúde como ruído, os produtos químicos, as indústrias, mas também as
ações de vigilância. Participa de equipes de referência em saúde do tra-
balhador (CERESTs), em assessoria, planejamento, programação, acompa-
nhamento e avaliação das ações, na discussão da organização dos processos

248
produtivos e suas consequências no meio ambiente (controle social) e no
acompanhamento específico aos profissionais da voz, reduzindo, por exem-
plo, o número de afastamento de professores de seu trabalho.

2 METODOLOGIA

O presente estudo é uma pesquisa de campo, de caráter exploratório


descritivo, que tem finalidade de esclarecer a visão dos pacientes atendi-
dos pelo SUS no Centro Integrado de Saúde CIS-Uninovafapi em relação
ao trabalho do Fonoaudiólogo na saúde pública.
A pesquisa de campo foi realizada no centro integrado de saúde
CIS- UNINOVAFAPI, que fica localizado Rua Vitorino Orthiges Fer-
nandes, 6123 – Uruguai-Teresina-PI. O Centro Integrado de Saúde está
estruturado em diversas clínicas e serviços para prestar atendimento
em saúde na atenção primária desenvolvendo ações de integralidade,
continuidade dos cuidados, orientações e acolhimento aos pacientes e
cuidadores e na atenção secundária abrangendo atendimento ambulato-
rial e serviços de apoio diagnóstico.
A amostra da pesquisa foi composta por pacientes em atendimento
no Centro integrado de saúde CIS-UNINOVAFAPI.
C onsiderando para dimensionar o tamanho da amostra (n) uma va-
riância máxima p=05, uma margem de erro de 6% (E) e nível de confian-
ça de 95% (E=1,96), o calclo da amostra será:

N= k2 . p.q /E2 = 1,962 . [(0,5 . 0.5) / 0,062 = 270.

A seleção as amostra dar-se-á por meio de uma amostragem não pro-


babilística quando os pacientes foram pesquisados no momento de espe-
ra da consulta.
Foram incluídos pacientes com idades acima de 18 anos, que acei-
taram participar da entrevista para coleta de dados e que estavam em
atendimento no CIS-UNINOVAFAPI através de convênio do SUS. Foram
excluídos aqueles pacientes menores de 18 anos, que não aceitaram parti-
cipar da pesquisa e ainda aqueles que já se encontravam em atendimento
fonoaudiológico, por já terem noções sobre a Fonoaudiologia.

249
A coleta de dados foi realizada no Centro Integrado de Saúde
CIS-UNINOVAFAPI do Estado do Piauí, por meio de um questionário
contendo seis perguntas pré-elaboradas pelos pesquisadores. A mesma
foi realizada no período de Maio a junho de 2017, durante o horário de
espera para o atendimento no Centro Integrado de Saúde-CIS. O tempo
de duração para preenchimento do questionário foi de aproximadamente 20
(vinte) minutos. Mediante autorização, o participante foi encaminhado (a)
a uma sala reservada visando o bem-estar e sigilo das informações presta-
das, que foram anotadas no questionário identificado por código número. Os
questionários e todos os dados coletados foram guardados em local seguro,
onde somente quem teve acesso foram os pesquisadores e seu orientador. Ao
final da pesquisa, todo material será mantido em arquivo, por pelo menos
5 anos, conforme Resolução 466/12 e orientações do CEP/UNINOVAFAPI.
Foi realizada uma análise descritiva dos dados coletados, com cálculo
de percentuais sobre o nível de conhecimentos dos pacientes atendidos
no SUS em relação ao trabalho e função do Fonoaudiólogo. Os resultados
foram processados no programa IBM SPSS Statistics 20 e apresentados
em forma de tabelas. Os dados foram coletados, analisados e organizados
em categorias analíticas, obedecendo aos objetivos propostos e, poste-
riormente discutidos à luz da literatura.
Sabe-se que toda pesquisa oferece risco. Neste contexto, os riscos ineren-
tes ao presente estudo se referem ao acesso que os pesquisadores tiveram aos
dados dos sujeitos que constam no formulário, entretanto, os dados pesqui-
sados foram armazenados em local seguro. A qualquer momento, durante a
pesquisa, ou posteriormente, o participante poderá solicitar do pesquisador
informações sobre sua participação e/ou sobre a pesquisa, tendo a garantia
de que não serão utilizados para outro fim. Foi garantido pelos pesquisadores
o anonimato dos dados associados aos sujeitos pesquisados.
A pesquisa beneficiou os pacientes e a instituição, visto que, após
a aplicação do questionário e avaliação e análise dos resultados, os pa-
cientes e profissionais receberam uma devolutiva sobre a importância do
Fonoaudiólogo no sistema único de saúde-SUS.
Os pacientes foram orientados através de folder explicativo quanto
às áreas de atendimento e a importância e relevância do trabalho do Fo-
noaudiólogo no sistema único de saúde-SUS.

250
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistados 270 pacientes que se encontravam em atendi-


mento no centro integrado de saúde CIS-UNINOVAFAPI pelo convênio
SUS, que estava em atendimento em todas as especialidades oferecidas
pela clínica, com exceção da Fonoaudiologia, onde foi possível observar a
noção e percepção que os pacientes que utilizam o sistema único de saúde
têm sobre o trabalho do fonoaudiólogo.

Tabela 1 Perfil dos pacientes atendidos no CIS-UNINOVAFAPI. Teresina (PI), 2017

Nº %
Sexo Masculino 121 44,81
Feminino 149 55,19
Total 270 100,00
Faixa etária 18 |---- 30 133 49,26
30 |---- 40 59 21,85
40 |---- 50 38 14,07
50 |---- 60 17 6,30
60 ou + 23 8,52
Total 270 100,00
Escolaridade Alfabetização 6 2,22
Fundamental completo 29 10,74
Fundamental incompleto 140 51,85
Ensino médio completo 57 21,11
Ensino médio incompleto 1 0,37
Superior 37 13,70
Superior incompleto - -
Pós-graduação - -
Total 270 100,00
Procedência Teresina 218 80,74
Interior do PI 30 11,11
Outros estados 22 8,15
Total 270 100,00

251
Neste estudo, evidenciou-se o predomínio da faixa etária de 18 – 30
anos 133 pesquisados (49,26%) e do sexo feminino com 149 (55,19%). Em
relação à escolaridade, a predominância foi do Ensino fundamental incom-
pleto com 140 (51,85%) dos pacientes pesquisados. A procedência destes
pacientes foi de Teresina com 218 (80,74%), seguido de cidades do interior
do Piauí com 30 (11,11%) e pessoas de outros estados com 22 (8,15%).
Em relação às especialidades em que estes pacientes estavam sendo
atendidos, pode-se observar neste estudo que 50,74% advinham de algu-
ma área medica (Otorrinolaringologia, Cardiologia, Ginecologia, dentre
outros); 26,30% da Odontologia; 16,67% da Fisioterapia; 4,07% da nutri-
ção; 1,48% da área de Biomedicina para a realização de exames laborato-
riais e 0,74% da Enfermagem.

Em contrapartida é possível verificar que não há dados na literatura que


relatem as principais áreas de atendimentos do pacientes em clinicas escolas
semelhantes ao centro integrado de saúde-CIS UNINOVAFAPI. Na tabela 2
a seguir, resume o que o paciente atendido pelo Sistema Único de Saúde-SUS
sabe sobre o trabalho do fonoaudiólogo em âmbito de saúde pública e qual a
relevância disso para a sua saúde e para a saúde da população em geral.

252
Tabela 2 Percepções do papel do Fonoaudiólogo no CIS.
Teresina (PI), 2017
Nº %
Paciente precisou Já precisou e não 19 7,04
ou conhece alguém encontrou
que precisou do Nunca precisou 67 24,81
fonoaudiólogo
Conhece alguém que 95 35,19
precisou mas não
encontrou
Precisou mas não 21 7,78
encontrou fácil
Conhece alguém que 27 10,00
precisou e encontrou
Não sabe 46 17,04
Total 270 100,00
Locais de Apenas em hospitais 168 62,22
atendimento que e maternidades
o fonoaudiólogo é
Apenas no posto de 38 14,07
indispensável*
saúde
Apenas no 22 8,15
ambulatório
Apenas nas escolas 39 14,44
e centros de atenção
psicossocial
Não precisa 4 1,48
Não sabe 73 27,04
Total 270 100,00
Locais em que o Hospitais 162 60,00
fonoaudiólogo está Maternidade 59 21,85
presente*
Posto de saúde 55 20,37
Escolas 30 11,11
Creches 22 8,15
Outros 35 12,96
Não sabe 65 24,07
Total 270 100,00

253
Tipo de problema Voz 99 36,67
de saúde que o Linguagem 35 12,96
fonoaudiólogo
Fala 159 58,89
pode ajudar*
Audição 85 31,48
Leitura e escrita 21 7,78
Disfagia 18 6,67
AVC 14 5,19
Não sabe 38 14,07
Outro 9 3,33
Total 270 100,00

Fonte: Pesquisa direta
* Quesitos de respostas múltiplas, somam mais de 100%

Identificou-se nessa pesquisa que 95 (35,19%) se não precisou, conhece


alguém que precisou de atendimento Fonoaudiológico e não encontrou o
serviço através do sistema único de saúde- SUS, 67 (24,85%) nunca preci-
sou de atendimento Fonoaudiológico e 46 (17,04%) não sabem onde en-
contrar atendimento caso precise ou conheça alguém que precise.
Para Cunha et al. (2015) o modelo comumente praticado na saúde
pública, em geral, consiste em uma prática fragmentada e desumanizada,
com falhas relativas ao acolhimento dos usuários.
Para 168 (62,22%) dos entrevistados, o fonoaudiólogo é um profissional
indispensável apenas em hospitais e maternidades, 39 (14,44%) apenas em
escolas e centro de atenção psicossocial, 38 (14,07%) apenas em posto de saú-
de e 73 (27,04%) relatam não saber onde o fonoaudiólogo é realmente indis-
pensável. Esse último dado ressalta o quanto o paciente usuário do sistema
único de saúde-SUS desconhece a importância do trabalho do fonoaudiólo-
go em todas as instituições de saúde do SUS, e em todas as faixas etárias da
vida das pessoas, do nascimento a terceira idade. Ferreira et al. (2013) ressal-
tam que, de acordo com os princípios norteadores do SUS, a Fonoaudiologia
deve atuar nos três níveis de atenção: primário, secundário e terciário.
Outro dado importante revela os locais da saúde pública nos quais
os usuários acreditam que seja possível encontrar atendimento Fonoau-

254
diológico, 162 pacientes (60,00%) acreditam que só é possível encontrar
atendimento fonoaudiológico nos hospitais, 65 (24,07%) não sabem onde
encontrar e 59 (21,85%) acreditam que a maternidade é o local onde fa-
cilmente se encontra um fonoaudiólogo.
S obre as contribuições da fonoaudiologia para a saúde observou-se
que as três mais conhecidas áreas de atuação fonoaudiológica foram as
mais citadas pelos pacientes entrevistados, fala representando por 159
(58,89%) indivíduos, voz 99 (36,67%) e audição 85 (31,48%), as demais
áreas também foram citadas, porém com menor relevância e apenas por
pacientes que possuíam um maior conhecimento sobre as contribuições
do fonoaudiólogo para a saúde das pessoas.
Cunha et al. (2015) relatam que a percepção dos usuários em torno
dos serviços públicos recebidos é uma ferramenta necessária para que
se promova a melhoria destes serviços, sendo que a satisfação ou não do
paciente é um critério importante na avaliação da qualidade do serviço.
Fica clara a necessidade não só da melhoria da estrutura do sistema
único de saúde-SUS como um todo, mas também a melhoria do trabalho
ofertado ao usuário, para que o mesmo tenha conhecimento do que ele
tem disponível nos hospitais, na unidade básica de saúde — UBS e nos
demais locais de atendimento.
O presente estudo também se propôs a verificar se o usuário do sistema
único de saúde-SUS sabe o que é a Fonoaudiologia, através de um questio-
nário como já descrito anteriormente na metodologia desta pesquisa.

255
No Gráfico 3 acima é possível verificar que dos 270 pacientes entre-
vistados 58,65% afirmaram conhecer a fonoaudiologia e 41,35% afirma-
ram não conhecer, a margem de diferença é pequena, tais dados eviden-
ciam o que a literatura relata sobre a recente inserção do fonoaudiólogo
na saúde pública, comparada as demais especialidades da saúde, o que
certamente explica tais dados.
Segundo Ferreira et al.(2013) a inserção da Fonoaudiologia no vasto
campo das ciências da saúde é um evento relativamente recente, espe-
cialmente se comparada à história de outras tantas ciências consolidadas.
Apesar dos avanços dos serviços de fonoaudiologia em âmbito do
SUS, muito ainda precisa ser feito e desmistificado, para que o usuário
tenha conhecimento sobre o trabalho desse importante profissional e dos
seus direitos á saúde enquanto usuário do serviço público de saúde.
Ferreira et al.(2013) ressaltam ainda que o panorama profissional que
se desenrola nos dias atuais pode ser percebido não só como fruto da
mobilização de uma classe em favor de seu reconhecimento, mas também
do surgimento de avanços científicos que respaldam a prática clínica fo-
noaudiológica e justificam a presença destes profissionais nos ambientes
de promoção de saúde.

4 CONCLUSÃO

A partir dos dados coletados e analisados nesta pesquisa foi possí-


vel observar alguns fatores importantes para a saúde pública e para o
trabalho do fonoaudiólogo. Dos 270 pacientes incluídos nesta pesquisa
verificou-se que a maior parte foi composta por habitantes da capital Te-
resina-PI 218 (80,74%), com 149 (55,19%) de mulheres, 121 (44,81%) e
de homens, idade média de 18 á 30 anos representando 133 (49,26%)
e escolaridade predominantemente ensino fundamental incompleto 140
(51,85%). Embora a maioria afirme conhecer a fonoaudiologia, não sa-
bem de fato qual o papel do fonoaudiólogo junto à saúde da população e
ao sistema único de saúde-SUS.
É preciso que o fonoaudiólogo esteja presente não só para divulgar
o seu trabalho, mas para dar assistência à população e fazê-los conhece-
dores dos possíveis problemas fonoaudiológicos que podem acometer a

256
sua saúde, a maior parte das vezes tais problemas são ignorados ou tidos
como pouco importantes.
Faz-se necessária uma melhor articulação juntamente à coletivida-
de e aos gestores públicos para que se atentem as necessidades básicas
e complexas do sistema de saúde brasileiro, rever as estratégias para a
organização do serviço e para a promoção da saúde de maneira mais am-
pla, não apenas voltada para os agravantes epidemiológicos e desta forma
garantir um serviço de saúde com qualidade e equidade.

REFERÊNCIAS

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de 2010. Dispõe sobre as atribuições e competências do profissional especialista em Fo-
noaudiologia Educacional reconhecido pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, alterar a
redação do artigo 1º da Resolução CFFa nº 382/2010, e dá outras providências. Disponível
em: http://www.fonoaudiologia.org.br/legislacaoPDF/ Res%20387-10%20Fono%20Educa-
cional. pdf. Acesso em: 26 set. 2016.
BRASIL. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFA nº 383 de 20 de março de
2010. Dispõe sobre as atribuições e competências relativas à especialidade em Disfagia pelo
Conselho Federal de Fonoaudiologia, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.fonoaudiologia.org.br/legislacaoPDF/Res%20383-10%20-%20
Dis- fagia.pdf. Acesso em: 26 set. 2016.
BRASIL. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Contri-
buição da fonoaudiologia para o avanço do SUS. 2016. Disponivél em: http://www.fonoau-
diologia. org.br/cffa/wp-content/uploads/2013/07/Cartilha-sus.pdf. Acesso em: 26 set.2016.
CÁCERES, J. V. et al. A potencialidade do sistema de informação de atenção básica para
ações em fonoaudiologia. Revista CEFAC, v. 16, n. 5, p. 1723-1729, 2014.
COSTA, K. N.; GUIMARÃES, V. C. Fonoaudiologia nos serviços de urgência e emergência
do brasil: série histórica de 2005 a 2011. Distúrbios da Comunicação, v. 24, n. 1, 2012.
CUNHA, J. T. et al. A percepção dos usuários de um centro de atendimento vinculado ao
sus: enfoque fonoaudiológico baseado na promoção da saúde. CoDAS, p. 417-428, 2016.
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minas gerais entre 2005 e 2010. Rev CEFAC, v. 15, n. 3, p. 672-80, 2013.
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MEDEIROS, E. A. et al. A inserção da fonoaudiologia na estratégia saúde da família: vivên-
cias em Sobral–CE. SANARE, v. 8, n. 2, p. 7-15, 2009.

257
Título Temas em fonoaudiologia
Coletânea vol. 1

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