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net/publication/262473374
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RESUMO SUMMARY
Introdução: Quanto mais precoce o diagnóstico e interven- Introduction: The earlier the diagnosis and the intervention
ção da deficiência auditiva, menor será o impacto para o from the hearing impairment less will be the impact for the
desenvolvimento das habilidades cognitivas, auditivas e de development of cognitive abilities, hearing and of speech from
linguagem da criança. the child.
Objetivo: Caracterizar a idade no diagnóstico e no início da Objective: Characterize the age in the diagnosis and the
intervenção da perda auditiva e o acompanhamento de cri- beginning of intervention of the hearing loss and the
anças atendidas em um serviço público de saúde auditiva accompaniment of the assisted children in a public Brazillian
brasileiro - Espaço Reouvir do Hospital das Clínicas da Facul- hearing health service – Espaço Reouvir from the Clinicas
dade de Medicina da Universidade de São Paulo. Hospital from the Medical School from the University of São
Método: Estudo retrospectivo com informações de 166 pron- Paulo.
tuários de crianças no que se refere a: gênero; etiologia, tipo, Method: Retrospective study with information from 166 medical
grau e lateralidade da deficiência auditiva; idade do diagnós- records from children regarding the: gender; etiology, type,
tico e da adaptação do Aparelho de Amplificação Sonora degree and laterality of the hearing impairment; age in the
Individual (AASI) e acompanhamento no serviço. diagnosis and adaptation of the Hearing aids (HA) and
Resultados: A amostra foi composta por 56% homens e 44% accompaniment in the service.
mulheres. A etiologia predominante foi a de origem multifatorial. Results: The sample was composed by 56% men and 44%
A perda auditiva do tipo neurossensorial ocorreu em 88,6% women. The prevailing etiology was from multifactorial origin.
dos casos. O grau de perda auditiva moderado foi o de maior The hearing loss from the neurosensory type occurred in 88,6%
ocorrência (30,7%), simetria entre as orelhas foi encontrada of the cases. The degree of moderate hearing loss was the
em 69,9% dos casos e perda auditiva unilateral em 2,4%. A most frequent (30,7%), symmetry in both ears was found in
idade média no diagnóstico foi de 5,46 anos e na intervenção 69,9% of the cases and unilateral hearing loss in 2,4%. The
de 6,86 anos. Um total de 96,98% das crianças já havia com- average age in the diagnosis was of 5,46 years and in the
pletado o processo de adaptação e 78,32% permaneciam em intervention was of 6,86 years. A total of 96,98% of children
acompanhamento. had already completed the process of adaptation and 78,32%
Conclusão: O Programa Reouvir - HCFMUSP ainda recebe still remained in the accompaniment.
crianças, seja para o diagnóstico e/ou para a intervenção, de Conclusion: The program Reouvir-HCFMUSP still receives
maneira tardia. Entretanto, ainda assim faz-se possível à rea- children, both for diagnosis and or intervention in a late manner.
lização do acompanhamento de um número significativo de However, still is possible the realization of the accompaniment
crianças usuárias de AASI, possibilitando um processo de of a significant number of users of the hearing aids, enabling
adaptação mais efetivo. a process of adaptation more effective.
Palavras-chave: audição, auxiliares de audição, criança, perda Keywords: hearing, auxiliary of hearing, children, hearing
auditiva. loss.
Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo - Brasil, v.16, n.1, p. 44-49, Jan/Fev/Março - 2012.
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Idade no diagnóstico e no início da intervenção de crianças deficientes auditivas em um serviço público de saúde auditiva brasileiro. Pinto et al.
A adaptação destes dispositivos não é uma tarefa Desta forma, 166 crianças compuseram a casuística
simples e os desafios são constantes durante todo o do estudo. Foram utilizadas apenas as informações contidas
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Idade no diagnóstico e no início da intervenção de crianças deficientes auditivas em um serviço público de saúde auditiva brasileiro. Pinto et al.
nos prontuários, de forma a realizar o levantamento dos 6,86 anos, com um intervalo médio entre o diagnóstico e
aspectos a seguir: a intervenção de 1,4 anos (Tabela 2).
• gênero;
• etiologia da deficiência auditiva; Considerando-se apenas a lateralidade da perda
• tipo, grau e lateralidade da deficiência auditiva; auditiva (Tabela 3) ou o grau da perda auditiva (Tabela 4),
• idade da criança na época do diagnóstico; observou-se que o diagnóstico foi mais tardio para perdas
• idade da criança na época da intervenção (adaptação do auditivas unilaterais e para perdas auditivas de grau leve a
AASI); moderadamente-severo, ambas as comparações revelan-
• acompanhamento médico e fonoaudiológico no servi- do diferenças estatisticamente significantes.
ço após adaptação do AASI.
Pode-se observar ainda que a maioria das crianças
Vale ressaltar que, para a idade no diagnóstico e (96,98%) já havia completado o processo de adaptação do
idade no início da intervenção, foram considerados, respec- AASI e que a maioria dos casos permanecia em acompa-
tivamente, a primeira avaliação audiológica realizada pela nhamento médico e fonoaudiológico no serviço (78,32%)
criança e o momento inicial de adaptação do AASI, inde- (Tabela 5).
pendentemente do local de realização dos procedimentos.
O grau da perda auditiva foi classificado segundo LLOYD e
KAPLAN (1978).
28
estabelecido um nível de significância de 0,05 (5%) e os 26
24
intervalos constituídos foram de 95% de confiança estatís- 22
20 18,07
18
tica. 16
14
12 9,03
10 7,22
8 5,42
6 4,21 4,22
1,81 3,01 1,81
4 1,81
2 0,61
RESULTADOS 0
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Idade no diagnóstico e no início da intervenção de crianças deficientes auditivas em um serviço público de saúde auditiva brasileiro. Pinto et al.
Tabela 2. Idade do diagnóstico, idade da intervenção e intervalo Tabela 3. Idade no diagnóstico (em anos) para perdas auditivas
entre diagnóstico e intervenção (em anos). uni e bilaterais.
Processo Média Desvio- Mínimo Máximo Processo Média Desvio-padrão p-valor
(anos) padrão (anos) (anos) Idade do diagnóstico
Idade no diagnóstico 5,46 3,09 0,16 15,59 de perda auditiva unilateral 6,80 3,14 <.0001
Idade na intervenção 6,86 3,16 0,92 17,23 Idade do diagnóstico de
perda auditiva bilateral 5,42 3,09
Intervalo entre
diagnóstico e Legenda: ANOVA
intervenção 1,40 1,93 0,00 12,02
Tabela 4. Idade no diagnóstico (em anos) para perdas auditivas Tabela 5. Processo de adaptação do AASI/ acompanhamento
de leve a moderadamente-severa comparadas às perdas no serviço.
auditivas severas e profundas. Processo n %
Processo Média Desvio-padrão p-valor Adaptação completa 161 96,98
Idade do diagnóstico de Em experiência 5 3,02
perda auditiva de leve a Total 166 100
moderadamente-severa 6,46 3,06 <.0001
Acompanhamento n %
Idade do diagnóstico de
perda auditiva de severa Permanece em acompanhamento 130 78,32
e profunda 4,07 2,58 Faltou na última consulta de acompanhamento 20 12,05
Abandonou o serviço 12 7,22
Legenda: ANOVA
Encaminhado para implante coclear 4 2,41
Total 166 100
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Idade no diagnóstico e no início da intervenção de crianças deficientes auditivas em um serviço público de saúde auditiva brasileiro. Pinto et al.
A etiologia das perdas auditivas predominante foi a de para países em desenvolvimento, que é estabelecer e
origem desconhecida, seguida por perdas auditivas de etiologia efetivar a triagem auditiva neonatal universal, garantindo
multifatorial, que envolvem diversos indicadores de risco para uma infra-estrutura que assegure não só a identificação
perdas auditivas pré e peri-natais associados. A OMS enfatizou precoce das perdas auditivas, mas também o seguimento
que fatores genéticos podem ser responsáveis por 30% das e o acesso a serviços de intervenção apropriados para a
perdas auditivas pré-linguais, enquanto 20% podem estar criança e sua família, otimizando o processo de desenvol-
relacionadas a problemas pré e peri-natais (21). A porcenta- vimento das habilidades auditivas e de linguagem (4,8).
gem verificada no presente estudo de perdas auditivas
envolvendo indicadores de risco pré e peri-natais (18,07%) Os dados do presente estudo demonstraram que,
aproximou-se dos valores descritos pela OMS. mesmo com idade no diagnóstico e início da intervenção
ocorrendo mais tardiamente, a maioria das crianças atendi-
Como muitas das crianças participantes não foram das no serviço em questão já completou o processo de
submetidas a estudos genéticos, é possível que uma adaptação do AASI e permanece em acompanhamento
parcela das perdas auditivas com etiologia desconhecida médico e fonoaudiológico no referido serviço.
possa estar relacionada a fatores genéticos
Tal achado reforça a importância do processo de
Em relação às características da perda auditiva, foi acompanhamento periódico para validar o uso efetivo da
observada uma maior ocorrência de perdas auditivas do prótese auditiva, bem como para o monitoramento da
tipo neurossensorial, bilateral e simétrica. No que se refere perda auditiva (17). As avaliações realizadas ao longo do
ao grau, as perdas auditivas de grau leve a moderadamente acompanhamento destas crianças mostram-se de funda-
severo representaram 54,21% das crianças avaliadas. Os mental importância para a verificação do desempenho
resultados evidenciaram que a lateralidade e o grau da auditivo obtido por meio do uso do AASI, bem como
perda auditiva podem influenciar na idade do diagnóstico possibilitam observar o processo de desenvolvimento da
da perda auditiva, ou seja, perdas auditivas unilaterais e/ou linguagem oral e traçar os objetivos terapêuticos para cada
de grau leve a moderadamente-severo são diagnosticadas criança. Além disso, esses dados de acompanhamento,
mais tardiamente do que perdas auditivas bilaterais e/ou de disponibilizados aos profissionais envolvidos no atendi-
grau severo a profundo. mento, trazem evidências concretas das repercussões do
tratamento, favorecendo as trocas de informações entre
Estes achados podem ser justificados a partir das diferentes instituições e profissionais.
limitações impostas pela perda auditiva levando-se em
consideração o grau, ou seja, crianças com perdas auditivas Cabe enfatizar, que estes dados evidenciam o pano-
severas ou profundas, frequentemente apresentam um rama de um Serviço de Atenção à Saúde Auditiva de Alta
maior comprometimento em relação ao desenvolvimento Complexidade da cidade de São Paulo e, em virtude das
da fala e linguagem, sendo a alteração auditiva percebida diferenças e características inerentes a cada estado e/ou
mais precocemente do que as alterações de graus leves a cidade, podem diferir de outros serviços.
moderadamente severo e/ou unilaterais, as quais podem
permanecer imperceptíveis aos pais por um período de
tempo mais longo (20,22,23). CONCLUSÃO
Quando foram analisadas todas as crianças atendidas O presente estudo verificou que o Ambulatório de
no serviço, independente das características da perda Saúde Auditiva do HCFMUSP - Programa Reouvir ainda
auditiva, verificou-se que a idade média do diagnóstico foi recebe crianças, seja para o diagnóstico e/ou para a
de 5,46 anos com um intervalo médio entre o diagnóstico intervenção, de maneira tardia, prejudicando sobremaneira
e a intervenção de 1,4 anos. Estes dados demonstraram que o desenvolvimento das habilidades auditivas, cognitivas e
a média de idade em que as crianças iniciaram o uso do de linguagem destas crianças. Entretanto, ainda assim faz-
AASI foi de aproximadamente 7 anos, concordando com os se possível à realização do acompanhamento de um
achados da literatura oriundos de países em desenvolvi- número significativo de crianças usuárias de AASI, que
mento (24). integram o ambulatório, possibilitando, portanto um pro-
cesso de adaptação mais efetivo.
É importante ressaltar que o panorama verificado
para a população em questão refere-se a um período
anterior à implementação da triagem auditiva neonatal REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
universal, visto que a lei federal que instituiu este procedi-
mento foi sancionada recentemente, em agosto de 2010. 1. GM 2073/04 de 28 de setembro de 2004. Disponível
No entanto, este fato enfatiza uma prioridade importante em: http://portalweb05.saude.gov.br/portal/sas/mac/
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