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Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância - CBPAI

Article  in  Jornal de Pediatria · October 2020

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Monica Chapchap Manoel de Nobrega


Hospital São Luiz Universidade Federal de São Paulo
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Conceicao Segre
Hospital Israelita Albert Einstein
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COMITÊ BRASILEIRO SOBRE PERDAS AUDITIVAS NA INFÂNCIA

As recomendações contidas neste documento não traduzem uma forma única de atuação. As variações devem levar em
consideração as diferenças e possibilidades locais e a necessidade de desenvolvimento de programas individuais.

Esta recomendação foi elaborada pelo Comitê Brasileiro Tendo em vista que a audição normal é essencial para o
sobre Perdas Auditivas na Infância (CBPAI) e refere-se aos desenvolvimento da fala e da linguagem oral nos
problemas auditivos no período neonatal. As organizações primeiros seis meses de vida (Kuhl e cols., 1992,
participantes aprovaram o texto e seus respectivos Yoshinaga-Itano 1998) é necessário identificar as crianças
representantes comprometem-se com a sua divulgação e com perda auditiva antes dos três meses de idade e iniciar
com o apoio às ações que dela irão derivar: Conselhos a intervenção até os seis meses (National Institutes of
Federal e Regionais de Fonoaudiologia (Márcia Teles); Health, 1993, Joint Committee on Infant Hearing, 1994 e
Sociedade Brasileira de Pediatria (Olga Penalva); American Academy of Pediatrics - AAP, 1999).
Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (Silvio
Marone); Sociedade Brasileira de Otologia (Tanit Ganz Portanto para garantir o acesso da maioria das crianças à
Sanchez); Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (Tereza intervenção precoce o Comitê recomenda a opção de
Momensohn dos Santos); Instituto Nacional de Educação avaliá-las antes da alta da maternidade e, para os nascidos
de Surdos (Cristina Simonek); FENEIS (Lúcia Severo); fora do hospital, a avaliação deverá ser feita no máximo
FENAPAS (Zigmund Leibovici) até três meses de idade.
Especialistas Convidados: II. A. REVISÃO INTERNACIONAL
Conceição M. Segre (Hospital Israelita Albert Einstein - Em 1982 o Comitê Americano sobre Perdas Auditivas na
Centro de Informação Científica); Mônica Jubran Infância recomendou a identificação de crianças de risco
Chapchap (Grupo de Apoio à Triagem Auditiva Neonatal para perdas auditivas através da utilização de uma lista de
Universal); Tânia Tochetto de Oliveira (UFSM); Lorena fatores de risco e a realização de acompanhamento
Kozlowski (PUC-PR); Marisa Frasson de Azevedo audiológico até que limiares auditivos fidedignos fossem
(UNIFESP); Helena Couto (ARPEF); Manoel de Nóbrega obtidos. (Joint Committee on Infant Hearing, 1982;
(SBP); Andreia Ribeiro (CEAL-DF); Ana Claudia Fragoso American Academy of Pediatrics, 1982). Em 1990, a
(SP); Anna Maria A. Roslyng-Jensen (GRAU-SP); Alpia recomendação americana foi alterada expandindo a lista
Couto (AIPEDA); Iêda Chaves Pacheco Russo (PUC-SP); de fatores de risco e recomendando um protocolo
Maria Cecilia Bevilácqua (HRAC-USP/Bauru); Orozimbo audiológico específico com aplicação do potencial
Alves Costa (HRAC-USP/Bauru) e Carmem Barreira auditivo de tronco encefálico (PAETE)/brainstem evoked
(HRAC-USP/Bauru) e outras entidades colaboradoras. responses audiometry (BERA). Em 1994, o Comitê
Americano endossou a proposta do movimento Healthy
RESOLUÇÃO 01/99 People 2000 (U.S. Department of Health and Human
O Comitê recomenda a implantação da TRIAGEM Services, Public Health Service, 1990) de promover a
AUDITIVA NEONATAL UNIVERSAL. Todas as crianças detecção precoce da surdez e recomendou a utilização de
devem ser testadas ao nascimento ou no máximo até os 03 duas técnicas fisiológicas, o PAETE e o exame de emissões
(três meses) de idade e em caso de deficiência auditiva otoacústicas evocadas (EOAE). Sugeriu a substituição da
confirmada receber intervenção educacional até 6 (seis) nomenclatura “fatores de risco” para “indicadores de
meses. risco” de surdez (anexo) e recomendou a triagem auditiva
neonatal universal (TANU). Utilizando os indicadores de
I. JUSTIFICATIVA PARA A DETECÇÃO PRECOCE risco, a triagem é capaz de identificar apenas 50% dos
A incidência de perda auditiva bilateral significante em casos de surdez (Pappas, 1983; Elssman, Matkin & Sabo,
neonatos saudáveis é estimada entre 1 a 3 neonatos em 1987; Mauk e cols., 1991).
cada 1000 nascimentos e em cerca de 2 a 4% nos
provenientes de Unidades de Terapia Intensiva. III. TRIAGEM/RASTREAMENTO
Dentre as doenças passíveis de triagem ao nascimento, a A. CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
deficiência auditiva apresenta alta prevalência O programa de TANU tem como objetivo avaliar todos os
(fenilcetonúria 1:10.000, hipotireoidismo 2,5:10.000, recém-nascidos (RN). A metodologia deve detectar todas
anemia falciforme 2:10.000 e surdez 30:10.000). as crianças com perda auditiva igual ou maior a 35 dB
O fracasso em identificar as crianças com perda auditiva NA no melhor ouvido. A AAP recomenda a utilização de
resulta em diagnóstico e intervenção em idades muito métodos eletrofisiológicos em ambas as orelhas e
tardias. No Brasil a idade média do diagnóstico varia em considera um programa efetivo quando são avaliados no
torno de 3 a 4 anos de idade (INES, 1990), podendo levar mínimo 95% do total de nascimentos.
até 2 anos para ser concluído (Nóbrega, 1994).

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O índice de falso positivo não deve ultrapassar 3% pesquisa de perdas progressivas através de programas de
(crianças normo-ouvintes que apresentam alteração na acompanhamento audiológico (ASHA, 1989).
triagem auditiva). O índice de encaminhamento para
avaliação audiológica completa pós triagem não deve B. RECURSOS HUMANOS
exceder 4%. Equipes profissionais multidisciplinares, incluindo
O índice de falso negativo deve ser idealmente igual a médicos (otorrinolaringologistas e pediatras),
zero (crianças com perda auditiva que não são fonoaudiólogos, enfermeiros, assistentes sociais e outros,
identificadas na triagem). são geralmente envolvidos no estabelecimento de um
Na atualidade, dois métodos eletrofisiológicos programa de detecção precoce da surdez. Os
demonstram boa sensibilidade para atingir este objetivo: o coordenadores dos programas deverão,
potencial auditivo de tronco encefálico - PAETE preferencialmente, possuir experiência na área da
(Schulman-Galambos e Galambos, 1979; Galambos, Audiologia Infantil.
Hicks e Wilson 1982; Lary e cols., 1985; Gorga e cols.,
1987; Hyde, Riko e Malizia, 1990; Chapchap, 1995) e as C. IMPLEMENTAÇÃO
emissões otoacústicas evocadas - EOAE (Bonfils, Uziel e As condições de implementação de um programa de
Pujol, 1988; Stevens e cols., 1989 e 1990; Kenedy et cols., TANU podem variar de região para região. Na
1991; White e Behrens, 1993; Gattaz e Cerruti, 1994; impossibilidade da implantação da TANU, recomenda-se
Chapchap, 1996 e 1997; Lopes e col., 1996; Soares e priorizar os RN de risco para surdez e gradativamente
Azevedo, 1997; Parrado, 1998; Finitzo, Albright e O'Neal, ampliar o serviço para todos os RN.
1998; Kennedy e cols., 1998).
Cada um desses métodos possui vantagens e
desvantagens. Entretanto, superam a avaliação auditiva D. ANÁLISE CUSTO/BENEFÍCIO
comportamental na detecção de perdas leves ou A análise custo/benefício dos programas de detecção
unilaterais. As referidas metodologias são rápidas, não precoce da surdez deve incluir os custos da identificação,
invasivas e de fácil aplicação, mas avaliam segmentos diagnóstico e intervenção. O benefício dos programas de
diferenciados do mesmo sistema. A EOAE é o registro da detecção precoce da surdez está diretamente relacionado
energia sonora gerada pelas células ciliadas da cóclea à melhoria do desenvolvimento da linguagem oral,
(orelha interna) em respostas a sons apresentados e desempenho acadêmico e social dos indivíduos portadores
gravados por um microfone miniaturizado colocado no de deficiência auditiva. É interessante apontar a economia
conduto auditivo externo da criança. Avalia-se a de custos que existe entre a detecção precoce da surdez e
integridade coclear para sons de fraca intensidade. O a subseqüente educação da criança surda. A experiência
PAETE é o registro das ondas eletrofisiológicas geradas em dos países desenvolvidos demonstra que o custo da
resposta a um som apresentado e captado por eletrodos de Educação de uma criança em escola especial é três (03)
superfície colocados na cabeça do bebê. Avalia-se a vezes maior que uma criança em escola regular, mesmo
integridade neural das vias auditivas até o tronco com apoio especializado.
cerebral. Os índices de falha podem variar de 5 a 20%
quando a triagem é realizada com EOAE nas primeiras 24 IV. DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO
horas de vida, caindo para 3% quando realizado entre 24 Quando uma perda auditiva é identificada, serviços de
e 48 horas de vida. Índices inferiores a 4% são geralmente diagnóstico e intervenção precoce devem ser
obtidos quando se utiliza o PAETE ou a combinação dos disponibilizados. Um programa é considerado efetivo
dois métodos (AAP). quando no mínimo 95% das crianças que falharam na
Em crianças de baixo risco para a deficiência auditiva a triagem auditiva inicial recebem acompanhamento. Uma
triagem auditiva por meio da observação de respostas vez que os serviços não são uniformes de Estado para
comportamentais para sons não calibrados, e a pesquisa Estado, usuários potenciais e prestadores de serviço
da presença do reflexo cócleo-palpebral, utilizada devem contatar as coordenações e núcleos de educação
criteriosamente por examinador experiente possibilita a especial locais.
detecção da deficiência auditiva (Azevedo, 1995; Oliveira O processo de confirmação diagnóstica da surdez deve
e cols., 1995; Simonek, 1996; Lewis, 1996; Bassetto estar completo até 45 (quarenta e cinco) dias após o seu
1998). encaminhamento.
Mediante a impossibilidade da utilização dos métodos Os serviços de intervenção podem e devem começar antes
eletrofisiológicos citados acima, é possível a aplicação do do fechamento do processo de diagnóstico etiológico, se o
protocolo dos indicadores de risco associado à observação consentimento dos pais for obtido.
do comportamento auditivo e pesquisa do reflexo cócleo- Dentre as estratégias de intervenção precoce que podem
palpebral ressalvadas as devidas limitações desse ser oferecidas antes do término da avaliação completa do
procedimento (perdas leves ou unilaterais). desenvolvimento global, podemos citar: a adaptação de
A preocupação com a audição não deve cessar ao aparelho de amplificação, apoio e informação aos pais a
nascimento. Qualquer criança pode desenvolver uma respeito da perda auditiva e das diferentes alternativas
perda auditiva progressiva ou ser de risco para alteração educacionais disponíveis.
do processamento auditivo central. A avaliação e o atendimento de uma criança com perda
Crianças que apresentarem qualquer um dos indicadores auditiva devem ser realizados por uma equipe
de risco para surdez deve receber monitoramento para multidisciplinar. O trabalho deve ser conjunto com o
pediatra da criança e o serviço de aconselhamento de

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pais. A equipe de base deve incluir os profissionais abaixo necessidades de amplificação e desenvolvimento das
citados podendo ser ampliada, dependendo das habilidades de comunicação.
necessidades individuais:
5. Planejamento integrado da equipe multidisciplinar e
1. Médico otorrinolaringologista com experiência no da administração dos recursos alocados de acordo
atendimento dos distúrbios otológicos e auditivos na com os objetivos.
infância.
V. CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS
2. Fonoaudiólogo com experiência na área de audiologia O sucesso da implantação de um programa de
clínica infantil incluindo seleção e adaptação de identificação precoce da surdez depende do
aparelho de amplificação sonora. compromisso e apoio de todos os profissionais da área
da saúde (otorrinolaringologistas, pediatras,
3. Fonoaudiólogo com experiência em audiologia fonoaudiólogos, enfermeiros, administradores
educacional (habilitação e reabilitação auditiva). hospitalares etc.), e de uma comunidade informada
sobre a importância da audição no desenvolvimento
4. Especialista em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) global infantil.
para garantir o pleno desenvolvimento de linguagem.
Levando em consideração as rápidas mudanças na
5. Um professor de surdos com experiência no tecnologia, na política educacional e de saúde e as
desenvolvimento das habilidades de comunicação. diferenças regionais, o Comitê recomenda a observância
dos seguintes fatores para facilitar o estabelecimento e
6. Outros profissionais de acordo com as necessidades manutenção das infra-estruturas necessárias para a
das crianças ou de suas famílias TANU:
Esta equipe irá desenvolver um programa de intervenção A. O desenvolvimento de uma política pública
baseada na capacidade e necessidade de cada criança, nacional de saúde que contemple o diagnóstico
incluindo aconselhamento aos pais. precoce da surdez e sua intervenção.
A equipe deve estar consciente e sensível para as B. A criação de um programa nacional de
diferentes possibilidades educacionais e de comunicação detecção e intervenção auditiva precoce, por
disponíveis. Deve ser dada aos pais informação suficiente meio de ações conjuntas entre os Ministérios
que os possibilite escolher, de forma consciente, o da Saúde, Educação e Comitê Brasileiro sobre
programa educacional para seus filhos. Perdas Auditivas na Infância.
Os programas de intervenção precoce para crianças C. A implementação de Programas de TANU para
surdas e suas famílias devem incluir: garantir que RN eutróficos e crianças
identificadas como de risco para surdez
1. Suporte familiar e informação sobre a perda auditiva tenham acesso a triagem/rastreamento,
e os tipos de comunicação e intervenção educacional diagnóstico e intervenção.
disponíveis. Tais informações devem ser
disponibilizadas de forma objetiva e não tendenciosa
para subsidiar a escolha da família. O acesso a D. A ampliação dos serviços de creche/berçário
informações complementares sobre os direitos legais, (estimulação precoce) e pré-escola na área da
educacionais, grupos de apoio ou redes de informação deficiência auditiva.
sobre recursos importantes para as crianças surdas e
suas famílias, devem ser amplamente divulgados E. A promoção e ampliação do fornecimento de
através de associações comunitárias, órgãos próteses auditivas necessárias à reabilitação da
governamentais etc. criança surda ou portadora de deficiência
auditiva.
2. Implementação de ambientes que estimulem a
aprendizagem e serviços planejados de acordo com a F. O desenvolvimento de uma base de dados
preferência familiar. Tais serviços devem ser Nacional, uniformizada por estados e
centrados na família e de acordo com as necessidades municípios incorporando técnicas
da criança, da família e de sua cultura. padronizadas, metodologia, relatório e sistema
de avaliação. Esta base de dados irá enfatizar
3. Atividades de intervenção precoce que promovam o os resultados obtidos e possibilitar a avaliação
desenvolvimento em todas as áreas, com especial dos programas (inclusive eficácia e análise
atenção à aquisição de linguagem e habilidades de custo/benefício). Este controle de qualidade
comunicação. além de propiciar pesquisas de caráter
epidemiológico, visa ampliar o conhecimento
4. Serviços de acompanhamento que realizem o sobre a população portadora de surdez e
monitoramento do status médico-clínico, audiológico,

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subsidiar o planejamento de programas
decorrentes desta ação.

G. A formação de equipes de profissionais para o


desenvolvimento e divulgação de material
informativo e campanhas relacionadas ao
assunto, assim como a realização de cursos de
educação continuada por meio de parcerias
com as organizações profissionais, grupos de
pais, adultos surdos ou com deficiência
auditiva, administradores, legisladores e
Secretarias de Saúde e Educação.

H. A avaliação sistemática e pesquisa das técnicas


para identificação, atendimento e intervenção
das perdas auditivas na infância com o
objetivo de atualização dos indicadores
associados com perdas auditivas
neurossensoriais e/ou condutivas e os
procedimentos para sua detecção.

I. A realização de pesquisas para avaliar o


impacto da identificação precoce no
desenvolvimento acadêmico e lingüístico da
pessoa surda e em sua competência de
comunicação apontando os fatores que
contribuíram para esse resultado.

J. A promoção de programas de formação,


capacitação e treinamento de recursos
humanos em (re)habilitação auditiva, visando
superar a escassez de profissionais de nível
superior com domínio nesta área. Os diferentes
órgãos envolvidos, tanto em nível Federal,
Estadual e Municipal, deverão buscar
parcerias com entidades da área.

K. Os agentes comunitários de saúde que atuam


nas equipes de saúde da família e nos
programas de atenção à gestante deverão
receber informações sobre ações de prevenção
e detecção precoce da surdez para
encaminhamento adequado das pessoas
portadoras de deficiência auditiva.

L. Estímulo a pesquisa na área da prevenção dos


distúrbios da audição na infância junto às
agências de fomento ao ensino de pós-
graduação e pesquisa.

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Anexo 2- deformidades anatômicas e outras desordens que
Indicadores de risco para a surdez: afetam a função da tuba auditiva.
3- desordens neurodegenerativas.
Neonatos (nascimento - 28 dias)
1. história familiar de deficiência auditiva congênita
2. infecção congênita (sífilis, toxoplasmose, rubéola,
citomegalovírus e herpes)
3. anomalias crânio-faciais (malformações de pavilhão
auricular, meato acústico externo, ausência de filtrum
nasal, implantação baixa da raiz do cabelo)
4. peso ao nascimento inferior a 1500 g
5. hiperbilirrubinemia (níveis séricos indicativos de
exsanguineo-transfusão)
6. medicação ototóxica por mais de 5 dias
(aminoglicosídeos ou outros, associados ou não aos
diuréticos de alça)
7. meningite bacteriana
8. boletim Apgar de 0-4 no 1o minuto ou 0-6 no 5o
minuto
9. ventilação mecânica por período mínimo de 5 dias
10. sinais ou síndromes associadas à deficiência auditiva
condutiva ou neurossensorial

Bebês (29 dias - 2 anos)


1- preocupação/suspeita dos pais com relação ao
desenvolvimento da fala, linguagem ou audição.
2- meningite bacteriana e outras infecções associadas
com perda auditiva neurossensorial.
3- traumatismo crânio-encefálico acompanhado de
perda de consciência ou fratura de crânio.
4- estigmas ou sinais de síndromes associadas a perdas
auditivas condutivas e/ou neurossensoriais.
5- medicamentos ototóxicos (incluindo, mas não
limitando-se a agentes quimioterápicos ou
aminoglicosídeos, associados ou não a diuréticos de
alça)
6- otite média de repetição/persistente, com efusão por
pelo menos 3 (três) meses.

Crianças pequenas que necessitam monitoramento até os


3 anos de idade
Alguns RN podem passar na triagem auditiva, mas
necessitam monitoramento periódico pois são de risco
para o aparecimento tardio de perda auditiva
neurossensorial ou condutiva. Crianças com os
indicadores abaixo requerem avaliação pelo menos a cada
6 (seis) meses até a idade de 3 (três) anos.

Indicadores associados ao aparecimento tardio de perdas


neurossensoriais:
1- história familiar de perda auditiva tardia na infância.
2- infecções congênitas (Rubéola, Sífilis, Herpes,
Citomegalovírus, Toxoplasmose)
3- neurofibromatose Tipo II e desordens
neurodegenerativas.

Indicadores associados ao aparecimento tardio de perdas


condutivas:
1- otite média de repetição/recorrente ou persistente
com efusão.

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