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Detecção Precoce da

Surdez
ADRIANA RIBEIRO S
adriribeiro@fmrp.usp.br
DIAGNÓSTICO PRECOCE
DA SURDEZ

TRIAGEM AUDITIVA
NEONATAL (TAN)
Triagem Auditiva

S Melhor estratégia para a identificação


precoce da surdez;

S Diminui significativamente a idade


média da identificação da surdez.

S TAN não assegura que os próximos passos


sejam cumpridos, como o diagnóstico e a
intervenção.
Lei Federal

S Publicada em 03 de agosto de 2010 no D.O da União

S Obrigatório o teste da “ orelhinha” em todas as


maternidades e hospitais do pais.

S Não há na Lei o prazo para todos os estabelecimentos se


adequarem.
Lei Estadual / São Paulo

Diário Oficial /Estado de São Paulo

Poder Executivo- Seção I

Nº 37 – DOE de 27/02/08 – p.26

Resolução SS - 25, de 26-2-2008

❖ Implantar o diagnóstico de audição em crianças recém-nascidas de Alto Risco nas


maternidades e hospitais de referência para Alto-risco no Estado de São Paulo.
Programa Nacional de Triagem
Neonatal (PNTN)

S O Brasil, desde 2001, conta com o Programa Nacional


de Triagem Neonatal (PNTN) que engloba a triagem
neonatal biológica, auditiva e ocular.

S Missão: "Promover, implantar e implementar as ações de


Triagem Neonatal no âmbito do SUS, visando o acesso
universal, integral e equânime, com foco na prevenção, na
intervenção precoce e no acompanhamento permanente das
pessoas com as doenças incluídas no Programa".
Programa Nacional de Triagem
Neonatal (PNTN)

S Este programa tem como objetivo geral identificar distúrbios e


doenças no recém-nascido em tempo oportuno para intervenção
adequada, garantindo tratamento e acompanhamento contínuo às
pessoas com diagnóstico positivo, conforme estabelecido nas Linhas
de Cuidado, com vistas a reduzir a morbimortalidade e melhorar a
qualidade de vida das pessoas com doenças previstas na política. É
realizada através de testes capazes de detectar precocemente um
grupo de doenças e alterações, geralmente assintomáticas no
período neonatal, porém, potencialmente causadoras de danos
durante o crescimento e desenvolvimento das crianças acometidas.
Testes

S Triagem auditiva neonatal ou teste da orelhinha

S Triagem ocular neonatal ou teste do olhinho

S Triagem das Cardiopatias Congênitas ou Teste do


Coraçãozinho

S Triagem Biológica ou Teste do Pezinho


Critérios para realização de
procedimentos de Triagem

S OMS, 1968 S 4. Deve existir um estágio


precoce ou estágio latente
1. A condição a ser triada deve identificável;
ser um importante problema de
saúde;

S S
2. Deve existir um tratamento 5. Deve existir um teste
adequado para os pacientes com adequado para a triagem;
a doença
triada;

S
3. Recursos e logística para
confirmação diagnóstica e
tratamento devem ser
disponíveis;
Critérios para realização de
procedimentos de Triagem

S OMS, 1968 S 9. O custo da triagem (incluindo


diagnóstico e tratamento
6. O teste deve ser aceitável daqueles
pela população; diagnosticados) deve ser
balanceado em relação aos
S possíveis gastos com
7. A história natural da doença atendimento médico de forma
deve ser bem conhecida; geral;

S S
8. Deve existir uma política 10. Um caso identificado deve ser
estruturada para o tratamento um processo contínuo e não um
dos pacientes; objetivo final.
Critérios para realização de
procedimentos de Triagem
 ocorrência da doença  disponibilidade para o
diagnóstico e tratamento;
 procedimentos de alta
sensibilidade e  aceitação da comunidade
especificidade; científica e população.

 custo deve justificar o


benefício;

 que amenize a doença com o


tratamento e a prevenção;
Ocorrência de doenças triadas
aos nascimento

S FENILCETONÚRIA – 1/10.000

S ANEMIA FALCIFORME – 2/10.000

S HIPOTIREOIDISMO – 2,5/10.000

S SURDEZ – 30/10.000

Johnson et al, 1993


Princípio Geral da Triagem
Procedimento simples,
rápido, baixo custo
para identificar
aqueles com maior
probabilidade de
apresentar um
distúrbio da função
testada.

Aqueles que falham na triagem deverão


ser encaminhados para diagnóstico
S
IMPLANTAÇÃO
TRIAGEM SELETIVA TRIAGEM UNIVERSAL
(Início dos anos 1990) (Obrigatória por Lei)
S Aplicar os IRDA e triar bebês S Triar 95% dos bebês nascidos no serviço;
com pelo menos 1 indicador;

S Triar antes da alta hospitalar;


S 40 a 50% de bebês sem IRDA
podem apresentar perdas
auditivas congênitas ou tardias. S Triar até 1 mês de vida (a termo);

S Triar até 3 meses de vida (prematuros ou


com períodos de internação
prolongados);
Indicadores de Risco para
Surdez

S Presença de determinados indicadores na história clínica do


bebê que estão associados à perda auditiva congênita, de início
tardio ou progressiva.
Indicador de Risco para Surdez

S JCIH- três propósitos para o uso dos IRDA:

1. Crianças que viviam em locais onde não havia a TANU;


2. Crianças que passam na TAN e que podem desenvolver
perdas auditivas tardias;
3. Crianças que passaram na TAN mas podem ter perdas
permanentes de grau leve.
Indicadores de Risco para
surdez (JCIH-2019)
Indicadores de Risco para
surdez (JCIH-2019)
Indicadores de Risco para
surdez (MS-2012)
Indicadores de Risco para
surdez (MS-2012)
Indicadores de Risco para
surdez (MS-2012)
Etapas da TAN
Rastreamento- Teste/Reteste

S
Fase Teste- 1ª fase

S Triagem realizada antes da alta hospitalar;

S Triagem realizada até 1 mês de vida (bebês a termo);

S Triagem até 3 meses de vida (bebês prematuros ou com


tempo prolongado de internação).
Fase Reteste- 2ª fase

S Triagem realizada após a falha do bebê na etapa teste:

S Triagem realizada após a alta hospitalar em um período de


no máximo 1 mês após a alta.
Análise das fases teste/reteste

S Protoloco estabelecido fase TESTE:

S “Passa” no teste : é o neonato que passa no teste em ambas as


orelhas;

S “Falha” no teste: é o neonato que falha no teste em ambas as


orelhas ou em apenas uma orelha. Esse neonato deve ser
agendado para a 2ª fase- reteste.
Análise das fases teste/reteste

S Protoloco estabelecido fase RETESTE:

S “Passa” no reteste : é o neonato que passa no reteste em ambas as


orelhas;

S “Falha” no reteste: é o neonato que falha no reteste em ambas as


orelhas ou em apenas uma orelha. Esse neonato deve ser
agendado para o diagnóstico audiológico, preferencialmente até o
3 mês de vida.
FLUXOGRAMA HCRP/MATER
S
Maternidade

Médico (Pediatra ou
Neonatologista) Fonoaudiólogo

TANU

Família Enfermagem
Profissionais/Implantação

S Coordenador envolvido com a


Maternidade ou Hospital.

S Coordenador: Fonoaudiólogo com


experiência em audiologia infantil.

S Pequenos hospitais e maternidades EFETIVA


sem profissional com esse perfil:
supervisão de outro profissional
com experiência.
Medidas Fisiológicas

EOA PEATE-A
Emissões Otoacústicas

S Avalia as condições do sistema


auditivo periférico (CCE);

S Respostas influenciadas por


disfunções da cóclea ou da orelha
média;

S Não detectam disfunções neurais;

S Não detectam perdas em


frequências isoladas e específicas
PEATE- Automático

S Reflete a atividade do sistema auditivo


periférico, do nervo coclear e do tronco
encefálico;

S Respostas influenciadas por disfunções


da cóclea ou da orelha média;

S Não detectam perdas leves ou em


frequências isoladas e específicas;

S Detectam disfunções neurais, e com


auxílio das EOA podem identificar a
neuropatia auditiva.
INDICADORES DE QUALIDADE
TRIAGEM

✓ Porcentagem de todos os RN que realizaram a triagem até 1


mês de idade (recomendação >95%)

✓ Porcentagem de todos os RN que falharam no teste e no


reteste e foram encaminhados para avaliação audiológica
completa (recomendação < 4%)
GERENCIAMENTO DOS
DADOS
S Os resultados devem ser entregues aos pais/responsáveis, anotados no prontuário
do paciente e na Caderneta de Saúde da Criança.

S O serviço deverá ter a assinatura de termo de recebimento de encaminhamentos,


dos resultados e orientações.

S O serviço deverá ter a cópia do exame e anotações pertinentes anexadas ao


prontuário da criança, com data e assinatura do profissional responsável pela
TAN.

S Deverá estar documentado o resultado do teste e seus devidos encaminhamentos.


GERENCIAMENTO DOS
DADOS

S Banco de dados informatizado no processo de TAN para


acompanhamento dos resultados, rastreamento dos casos
perdidos e monitoramento dos casos que não concluíram as
diferentes etapas.
TAN em tempos de pandemia

S 1. Sempre que possível realizar a TANU antes da alta hospitalar como já é


recomendado e com o uso de EPI como preconizado pelo Ministério da Saúde.

S 2. Em caso de falha na triagem auditiva, neste momento de pandemia, recomenda-se


que a criança permaneça em casa, e faça o reteste ambulatorial apenas quando as
autoridades sanitárias autorizarem o encerramento do distanciamento social. Esta
mesma recomendação serve para aquelas crianças que necessitem de diagnóstico
médico e audiológico, após a falha no processo teste/reteste da TANU.

S 3. Na primeira consulta, o Pediatra deve verificar se a TANU foi realizada, e se os


resultados são satisfatórios.

S 4. Caso a criança não tenha realizado a TANU, tenha falhado no processo teste/reteste,
ou não tenha sido encaminhada para diagnóstico após falha, proceder os
encaminhamentos necessários, assim que as autoridades sanitárias autorizarem o
encerramento do distanciamento social.
Diagnóstico

S Crianças que falharam na S Bateria de testes:


TANU: S Avaliar a integridade do sistema
S Audiologista com experiência auditivo para cada orelha;
em avaliação infantil; S Estimar a sensibilidade auditiva
S Testes: medidas fisiológicas e para a área de frequência da
dependendo do fala;
desenvolvimento, medidas S Determinar o tipo de perda
comportamentais. auditiva.
História Clínica

S Identificação-

S APBS; DN: 19/01/22

S Idade cronológica: 7 meses

S Idade corrigida: 5 meses

S Prematuro:30 semanas; AIG (1520g); PN; Desconforto


respiratório e apnéia resolvidos.
S Acompanhamento Cardiologia: sopro sistólico resolvido.

S Falha no PTAN em orelha direita (EOA + PEATE-A)


Desenvolvimento da Função Auditiva

❖ 4 a 7 meses:

❖Virar a cabeça para o


lado em direção ao som
e atitude de escuta. 50
dB NA para tons puros

NORTHERN & DOWNS (1989)


Desenvolvimento da Função Auditiva

❖ 7 a 9 meses:

Localização de sons
para o lado e
indiretamente para
baixo. 45 dB NA para
tons puros

NORTHERN & DOWNS (1989)


INDICADORES DE
QUALIDADE
DIAGNÓSTICO

✓ Diagnóstico realizado até 3 meses de idade (recomendação


90%).

✓ Famílias que optaram pela amplificação: crianças com


perda auditiva bilateral que receberam amplificação até 1
mês após o diagnóstico (recomendação 95%).
Crianças de baixo risco

 0,2 a 0,85% - perda sensorioneural.


 8,5 a 15% - perda condutiva.

Crianças de alto risco

 2,5 a 10% - perda sensorioneural.


 25 a 35% - perda condutiva.

Azevedo,1991; Castro Jr,1991; Chapchap,1994; Lima, Marba e


Santos, 2006; Pereira et al., 2007.
Surdez congênita/neonatal
 Coorte 11.900 bebês

 Incidência geral de 2/1000 nascidos vivos (IC


95%: 1-3)

 Perdaauditiva foi maior em bebês de alto risco


do que nos de baixo risco (18,6 vs 0,3/1000)

Anastasio et al. 2020


INTERVENÇÃO
Disponibilidade: tratamento
médico e intervenção
fonoaudiológica, com seleção e
indicação de aparelhos de
amplificação sonora individuais,
terapia fonoaudiológica, suporte
às famílias e implante coclear,
quando necessário.
INTERVENÇÃO

S Disponibilidade: tecnologia da mais alta qualidade; medidas


terapêuticas adequadas e necessárias a um bom
desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem.

S Possibilidade de desempenho acadêmico e social.


INTERVENÇÃO

S A intervenção médica e fonoaudiológica deve respeitar as


necessidades e opções dos pais ou responsáveis;

S A família deve ser orientada sobre as diferentes abordagens


e métodos disponíveis, (desde que tenham respaldo
científico e tecnológico).
Intervenção

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