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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

Revisão
RevisãoGeral
Geral – -Pediatria
Pediatria
Anamnese Pediátrica
** A criança é um ser em desenvolvimento, logo, são necessários cuidados especiais!!
 Como fazer o diagnóstico em pediatria?
 A Q.P. abre um leque de hipóteses diagnósticas, o que vai diminuindo de acordo com o direcionamento da
anamnese, na qual deve-se relatar quem conta a história. Além disso, a realização do exame físico e de exames
complementares / teste terapêuticos auxiliam a “filtrar” essas hipóteses e chegar à um diagnóstico definitivo.

1- IDENTIFICAÇÃO:
 Nome
 Idade (meses também) / data de nascimento
 Sexo
 Cor da pele
 Naturalidade
 Endereço (atual/ anteriores)  visto que moradias em áreas endêmicas nos faz pensar em prováveis
diagnósticos.
 Nome do acompanhante e o parentesco
Obs.: se a criança estiver internada, na identificação deve conter seu leito e enfermaria.
2- QUEIXA PRINCIPAL:
 Motivo da visita ao médico.
 Se o motivo for consulta: “consulta de acompanhamento pediátrico”.
 Deve perguntar se tem algo a mais, por exemplo, mãe que levou a criança para acompanhamento e questionou
se ela poderia iniciar a alimentação.

3- HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL:


 Se for apenas acompanhamento, deve-se descrever apenas o comportamento da criança desde a última
consulta.
 Dicas:
o Tentar estabelecer uma ordem cronológica entre sinais e sintomas.
o Investigar a saúde anterior à doença atual.
o Características dos sinais e sintomas.
o Medicações usadas.
o Exames complementares já realizados.
o Sintomas semelhantes em contactantes  ex.: se a criança teve contato com um primo que está com
varicela.
o Descartar os sinais de alarme  sinais de gravidade que indicam que aquela criança possa ter algum
risco de vida.
o Sempre perguntar sobre: apetite, sono, diurese e evacuação  como está no momento. (É comum
encontrar alterações em doenças agudas).
Obs.: No caso da REVISÃO DE SISTEMAS, sua realização fica à critério do examinador. Além disso, ela é válida para
quem tem a capacidade de responder (na pediatria, dependendo da idade, a criança não vai saber falar).

4- HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA: (é tudo que diz respeito à história anterior da criança)
 Alergias, internações, imunização. Faz uma estimativa e permite
saber se a criança está
5- HISTÓRIA FAMILIAR:
acompanhando o previsto
 Pais  Nome  Altura
 Idade  Estado de saúde atual
 Naturalidade e passado
  osCor
Irmãos  São mesmos pais? Idade? Saudáveis? Fazem uso de medicações?
 Presença na família materna ou paterna de alergias, doenças crônicas, neoplasias, anemias, doenças infecciosas,
doenças genéticas, malformações, consanguinidade.

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6- HISTÓRIA GESTACIONAL E PARTO:


 Número de gestações, partos e abortos. Relacionar de forma cronológica (saber qual é o nº daquela criança em
relação à gestação). Ex.: G4; P3; A 1 (espontâneo). Criança é o G3.
 Isso está muito relacionado à incompatibilidade de RH.
 Gestação planejada?
 Realizou pré-natal?
 Sorologias, vacinas, principais exames  olhar a caderneta da gestante se for possível.
 Alguma intercorrência na gestação?
 Via de parto? (Vaginal / Cesário)
 Tempo de bolsa rota  se passar de 18h de bolsa rota, tem chance da criança ter sepse neonatal.
 Intercorrências no parto  se teve e qual foi.

7- HISTÓRIA NEONATAL: (até 28 dias – precoce: até 7 dias; tardio: 7-28 dias).
 Índice de Apgar

 Feito no 1º e 5º min de vida.


 < 8 = dificuldade respiratória
(asfixia)
 Indica que as manobras de
ressuscitação neonatal foram
eficazes.

OBS.: Ele não comanda as manobras,


quem faz isso é a FC.
 Peso de nascimento
 Idade gestacional (a termo/ pós-termo: > 42 sem / pré-termo: < 37 sem)
 Apresentou alguma anormalidade ao nascer ou durante os primeiros dias.
 Clampeamento tardio do cordão?
 Criança que nasce com boa vitalidade, permite que ela vá para o colo da mãe e tenha o clampeamento do
cordão feito após 60s (1- 3 min) de nascimento. Geralmente são bebês que tem menor risco de
desenvolver anemia.
 Como vai ter mais hemácias, visto que ele ainda estará recebendo da mãe, isso pode evoluir para icterícia.
 Teste de triagem neonatal:**
 Teste do reflexo vermelho  feito antes da alta.
 Teste do pezinho  1º semana
 Teste do coraçãozinho  no máximo 48 h de vida e antes da alta
 Teste da orelhinha  feito pós alta e avalia a audição
 Teste da linguinha  é realizado pela fono, para saber se tem a língua presa.

8- HISTÓRIA ALIMENTAR: Que alimentação tem recebido até agora?


 Durante a consulta é preciso observar o momento da amamentação para avaliar se a pega está correta.
 Se usa fórmula tem que saber o que é, como é preparada e o quanto de água foi usado para diluir.
Obs.: Não pode aquecer a fórmula, senão altera as proteínas, o que deve ser aquecido é a água.
 Se já faz ingestão de alimentos sólidos, tem que saber como o prato é montado (é colorido?)
 Saber se a criança tem o hábito de comer em frente à televisão  isso faz com que ela perca a consciência do que
está fazendo, o que desencadeia risco para obesidade.
 Se não usa fórmula, deve-se perguntar como a mamadeira é preparada.

9- HISTÓRIA DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO:


 CRESCIMENTO:
 Ganha peso? Comprimento, perímetro cefálico, peso, altura  testes antropométricos
 Cresce em estatura? o que caracteriza exame físico

 DICA: pedir para olhar a caderneta para comparar e avaliar.


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 Em RN é importante comparar o peso da alta da maternidade com o peso das consultas. Entre 7-10 dias de
vida tem que ter recuperado o peso normal.
Obs.: Lembrar que: doença aguda interfere no peso e doença crônica interfere no comprimento.**

 DESENVOLVIMENTO:
 Desenvolvimento de dentes
 Avaliação das funções estáticas e motoras
 Controle esfincteriano  quando deixou de usar fralda.
 Sono  em geral.
 Adaptação social

10- HISTÓRIA VACINAL:


 SEMPRE pedir para olhar a caderneta. (Atentar-se às atualizações do ano)
 Perguntar se a criança apresentou alguma reação vacinal.

11- HISTÓRIA SOCIAL:


 Socioeconômica familiar
 Condições de habitação  água encanada, luz, tratamento de esgoto, saber se tem pessoas tabagistas, pessoas
alcoolistas.

12- HISTÓRIA EMOCIONAL:


 Escola
 Brinquedos e amigos
 Adequação dos castigos
 Distúrbio psicogênico
 Ambiente emocional
 Relações com os pais, amigos, professores, empregados, etc.

13- PROGRAMA DIÁRIO:


 Creche/escola
 Hábitos higiênicos
 Atividades recreativas
 Atividades físicas

OBS.: Pergunta tudo isso, apenas na primeira consulta do serviço.

Roteiro para Anamnese Pediátrica: Acompanhamento/ Puericultura:


 Deve-se relatar tudo que acontecer no intervalo entre as consultas.
1- Período entre consultas: queixas, doenças, medicações em uso e ocorrências
2- História alimentar atual.
3- História do crescimento e desenvolvimento atual.
História vacinal atual  Comparar vacinas do cartão e o programa atual de vacinação do governo/sociedade
4- Programa diário.

Exame físico do RN
 O exame físico do RN deve ser bem detalhado, para identificar malformações e patologias.
 A criança deve ser examinada despida, para nenhum detalhe passar despercebido.

 Composto por: ectoscopia; sinais vitais; exame neurológico; exame propriamente dito (cefálico, torácico, abdominal,
genitália, região anal, coluna e membros).

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Ectoscopia
(Postura/ pele/ malformação/ choro/ fácies típicas)

1- POSTURA:
 Em geral reflete a posição que ele assume intraútero.
 O que se espera?
 Flexão central; tônus muscular pronunciado; nível de consciência em alerta; choro forte e de fácil consolo.

2- PELE: (cor; presença de dermatoses ou circulação colateral; temperatura; umidade; elasticidade; enchimento
capilar periférico)
 Milium sebáceo  obstrução de glândulas sebáceas devido à passagem de hormônios da mãe para o bebê;
 Vérnix  composto de lipídios e células; serve como barreira de proteção
e isolante térmico. Se desprende da pele em torno de 6-8h. + presentes em pré-
 Lanugem  pelos finos, em região de ombros e escápula. termos (dá ideia de idade
 Eritema tóxico reação alérgica, com base eritematosa, de início a partir gestacional).
de 24h; presente em face e troncos; costuma desaparecer.
 Mácula vascular (sem relevo; desaparece com digito-pressão) X Hemangioma (tem aspecto elevado; diminui a
digito-pressão, mas não desaparece) Millium sebáceo

Vérnix Lanugem
Hemangioma

Eritema tóxico

Mácula vascular

 Cor:
(Em geral a criança nasce mais rosada, por predomínio de hemoglobina fetal)
 Pletora  criança com leve hiperemia (+ vermelha); geralmente filho de mãe Diabética ou por
clampeamento tardio de cordão (mãe passa muito sangue).
 Dosa hematócrito.
 Palidez  anemia (não é muito comum, mas pode ser secundária à ascite, infecção congênita como sífilis e
toxoplasmose), choque e hipóxia grave.
 Checa a história.
 Cianose  cianose se extremidade é normal, no entanto, cianose central pode indicar cardiopatia congênita.
 Icterícia  2º ao 5º dia de vida é icterícia fisiológica, a qual não ultrapassa 10 dias; se surge em menos de
24h é patológica, dura por mais tempo– incompatibilidade ABO/Rh, deficiência enzimática (def. de G6PD) e
infecções congênitas.
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3- FÁCIES TÍPICAS:
 Observar se os dados sugerem alguma síndrome genética.
 O que será analisado?
 Implantação de orelha (baixa- sugere sd. genéticas – ex.: Sd. de Down);
 Fenda palpebral;
 Queixo (prognatismo/ micrognatismo – sd. gebética);
 Distância entre os olhos (hipertelorismo);
 Nariz;
 Lábios.

4- CHORO:

Sinais vitais
 Oferecem informações sobre as condições metabólicas, respiratórias, sanguíneas e cardiovasculares.
 Frequência e padrão respiratório:
o FR: 40-60 irpm
o Padrão respiratório: irregular; resp. abdominal + parada respiratória (5-10s)
Obs.: Pausa respiratória (5-10s) é diferente que Apneia (parada > 20s).
 FC  120-160 bpm
 Eliminação de secreções:
o Evacuação: Mecônio - 48h (Consistência viscosa escura, que parece uma “graxa”. A criança ainda elimina
mecônio até o 5º/7º dia de vida).

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o Diurese: abundante – 1-3ml/Kg/hora (pode medir pesando as fraldas)


 Temperatura  36,5 a 37°C
o Hipertermia (>37,5°C)  desidratação, hiperaquecimento.
o Hipotermia (<36°C)  pré-termos, infecção.

Exame Neurológico
(postura/ movimentação/ choro/ reatividade/ reflexos primitivos)

 Reflexos primitivos  são aqueles que a criança apresenta ao nascimento e que vão perder ao longo dos primeiros
meses.
o Sucção: lábios tocados  coloca o dedo na boca da criança e ela já começa a sugar.
o Voracidade: procura  estimula a região lateral da bochecha da criança e ela procura o seu dedo.
o Preensão palmo plantar  se tocar com o dedo a região palmar ou plantar da criança, ela vai agarrar o
seu dedo.
o Marcha  coloca o RN sobre uma superfície lisa e ele começa a aprender um reflexo de marcha.
o Cutâneo-plantar próprio do RN  estímulo da região plantar a partir do calcâneo, feito igual a pesquisa
do “sinal de Babinski”, mas ele é fisiológico em crianças RN e não podemos chamar de Babinski.
o Moro: “reflexo do abraço” – extensão-abdução seguida de flexão-adução  Desencadeado por estímulos
bruscos. Pode fazer extensão dos braços e em seguida soltar ou coloca o RN em uma posição sentada,
apoiando a cabeça e as costas e faz um movimento tipo uma queda.

Obs.: se a criança tiver lesão de plexo, fratura de clavícula ou alguma infecção, tipo sífilis, ela terá o reflexo de moro
assimétrico, ou seja, só mexe um lado.

Exame propriamente dito


(Feito sempre crânio-caudal)

1- Crânio:
 Segmento cefálico:
o Forma
o Assimetria
o Abaulamentos  bossa sero-sanguinolenta (subcutâneo; mole; difuso) x céfalo-hematoma (restrito ao
osso; duro e localizado).
o Palpar suturas: se fecharem antes da hora, elas causam deformidades = CRANIOSSINOSTOSE
 Sutura sagital  escafocefalia (“canoa”)
 Sutura coronal  braquicefalia (encurtamento longitudinal – “achatado”)
 Ambas: sagital + coronal  turricefalia (“torre/ oval”)

o Palpação de fontanelas:
 Fontanela anterior (Bragmática)  fecha entre 6-18 meses;
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 Fontanela posterior  fecha em torno do 1º mês.

o Perímetro cefálico  33 a 35cm


 Avalia com a fita métrica, passando pelos maiores pontos
da calota craniana, ou seja, região occipital e acima da
região das sobrancelhas.

2- Face: (avaliar a simetria)


 Olhos: Pálpebra; conjuntiva (presença de secreção); pupila; esclera; córnea (Teste do reflexo vermelho);
movimento dos olhos; distância.

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 Orelha: forma; implantação; disgenesias (deformidades- ex.: presença de apêndice auricular).

 Nariz: deformidades (ex.: sd. genética), batimento de asa nasal (esforço respiratório) e corrimentos ou
sangramento (ex.: sífilis congênita).

 Boca: mucosas, saliva, palato (pérolas de Epstein), gengiva (nódulos de Bohn), língua e mandíbula.

Obs.: Nódulos de Bohn e Pérolas de Epstein são cistos de retenção de células na mucosa, logo, não são patológicos e é
algo bem comum.

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3- Pescoço:
 Observar: abaulamento, excesso de pele, mobilização, palpação mediana e lateral.
 O pescoço do RN é curto, grosso e tem que se movimentar. Obs.: para fazer o exame, é preciso estender o
pescoço.

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4- Tórax:
 Observar: forma (cilíndrico); perímetro (medido na altura do mamilo, em torno de 2/3 cm < que o PC); apêndice
xifoide saliente; mamilo e glândula mamária; palpação de clavícula (crepitação = “Sinal da Tecla de piano” – lesão/
fratura no parto).
 Aparelho respiratório: respiração do tipo tóraco-abdominal; ritmo irregular (pausas respiratórias); ausculta com
MV facilmente audível; tiragem ou retrações (sempre patológicas).
 Aparelho cardiovascular:
o Palpação de íctus (4º EI esquerdo);
o Ausculta (BEEA/B e BEDA/B);
o FC (120-160 bpm)  varia com a idade;
o Palpação de pulsos periféricos, principalmente femoral  pesquisa de coarctação de aorta.

5- Abdome:
 Observar: forma (cilíndrica), diástase de reto (afastamento de parede abdominal,
o que é percebido por um abaulamento da linha média), coto umbilical (2 artérias
e 1 veia), defeitos de parede (onfalocele/gastroquise) e palpação (fígado – 2cm RCD
e baço – não palpável).

Obs.: A palpação é digital, devido ao tamanho da criança.

6- Genitália:
 Masculina: pênis, glande, uretra e bolsa escrotal.
o Malformações de uretra  hipospádia (ventral); epispádia (dorsal) – correção cirúrgica;
o É normal tentar exteriorizar a glande e não conseguir  fimose fisiológica até 2-3 anos;
o Bolsa escrotal  hidrocele (cheia de líquido fica rosa na luz - coloca a lanterna na base), bolsa vazia
(criptorquismo) – coloca o dedo na base da bolsa e palpa na parte de baixo para não ter falso positivo.

 Feminina: grandes e pequenos lábios; hímen e clitóris.


o Devido a uma ação hormonal, estrogênica, da mãe, é normal ter uma hipertrofia de hímen, isso também
faz com que os pequenos lábios também aumentem, impede que eles fechem e pode até ter secreção.

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7- Ânus:
 observar a permeabilidade  imperfurado = correção cirúrgica.
Obs.: Crianças com ânus imperfurado não podem ser alimentadas.

8- Coluna:
 Observar a criança em decúbito ventral, correndo os dedos ao longo da coluna para procurar alguma deformidade
e sinais de disrafismos.
 Possíveis alterações:
o Meningocele  meninge exterioriza.
o Mielomeningocele  dura e meninge exterioriza.
o Mancha mongólica é característica racial, não é patológica.
o Hipertricose  pode indicar algum problema interno na espinha, como espinha bífida.
o Dimple e prega glútea anômala e hipertricose  pode indicar disrafismos, essas crianças podem ter
espinha bífida oculta.

9- Extremidades:
 Quadril: Manobra de Barlow e Ortolani (Displasia do desenvolvimento do quadril) – manobras feitas no RN e o
recomendado é que depois ela seja repetida.

 Arqueamento e posicionamento de membros:


o Pé torto posicional   devido à posição intrauterina  só mexer que volta ao normal.
o Pé torto congênito  tenta mobilizar e ele não mexe.

Testes de Triagem Neonatal


Teste do pezinho (= triagem metabólica)
 Oferece o diagnóstico precoce, estabelecendo o tratamento antes mesmo das manifestações clínicas.
 Realizado no 3º-5º dia de vida  pois necessita de uma maturação enzimática (tem que ter oferta proteica, que
para o RN é através do leite). Não pode fazer antes desse período tendo em vista a incidência de falsos-positivos
para hipotireoidismo congênito e falsos negativos para fenilcetonúria.

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 Feito através de uma punção no calcanhar da criança e em seguida é preciso preencher todos os círculos do
papel filtro.
 Quais exames são feitos?
1- Toxoplasmose congênita
2- Hipotireoidismo congênito  dosa TSH.
3- Fenilcetonúria  erro inato do metabolismo do aminoácido fenilalanina.
4- Hemoglobinopatia  anemia falciforme (HFS).
5- Fibrose cística  dosa IRT (tripsina imunorreativa).
6- Hiperplasia adrenal congênita  aumento de 17-hidroxi-progesterona.
7- Deficiência de biotinidase.
8- Atrofia muscular espinhal (AME) – adicionado recentemente (2022)
Teste do coraçãozinho (= teste da oximetria)
 Avalia a presença de cardiopatias congênitas críticas  que podem evoluir com grave complicação, podendo
levar o RN ao óbito após o fechamento do canal arterial.
 Feito > 34 sem; 24-48h de vida.
 Sat O2 em 2 locais: MS DIREITO** (Sempre!! Para garantir a saturação pré-ductal) e MI direito ou esquerdo.
 Normal = Sat O2 > 95% e diferença entre os membros < 3%  para ser normal, esses 2 critérios
tem que corresponder.
 Alterado = repetir o exame em 1 hora, caso mantenha alteração, faz ECO em até 24 horas.
 Identifica cardiopatias em que o fluxo pulmonar depende da persistência do canal arterial:
 Persistência do canal arterial (PCA)  shunt esquerdo  direito.
 Não fechamento do forame oval  shunt direito  esquerdo.
Teste do reflexo vermelho (= teste do olhinho)
 Faz com o oftalmoscópio, “jogando” a luz na pupila  normal = bilateral e simétrico.
 Se ficar branco = retinoblastoma
 Feito 3 x por ano durante 3 anos.
Teste da orelhinha (= triagem auditiva)
 Emissão otoacústica (EDA) - pré-neural
** Obs.: Se tiver surdez neurológica, vai estar normal, aí por isso, faz o BERA.
Teste da linguinha (= triagem do frênulo língual)
 Avalia anquiloglossia  se for comprometer a amamentação, faz frenectomia.

Exame físico em pediatria


Sinais vitais
1- Temperatura:
o É considerado febre, temperaturas > 37,8°C
o 2 formas  periférica (oral, auricular, cutânea e axilar) ou central (retal e por monitorização esofagiana –
pelo esôfago da criança).
OBS.: a temperatura central pode estar 0,6-1°C maior que a periférica.

2- Frequência respiratória:
o Crianças em fase de lactente  ritmo irregular = pausas respiratórias.
o Técnica: deve ser contada em 1 minuto, feita observando o movimento abdominal, auscultando a
respiração ou com a mão no tórax da criança e observado a elevação abdominal e torácica.

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3- Saturação de oxigênio:
o Avaliada através da oximetria de pulso. Pode ser vista por meio de 2 sistemas:
 Cardiovascular: 95-100%  usado para cardiopatias e malformações. (<95% = hipóxia)
 Pulmonar: 92- 100 %  < 92% = hipoxemia.
o A diferença entre MMII e MMSS não deve ultrapassar 3%. No entanto, diferenças > 3% indica patologias
de mistura de sangue ou coarctação de aorta.
Obs.: para uma boa leitura é necessário um bom instrumento e técnica.

4- Frequência cardíaca:
o Técnica: contar a frequência em 1 minuto auscultando ou palpando o pulso (de preferência o radial ou
femoral).

5- Pressão arterial:
o OBRIGATÓRIO  todas as crianças > 3 anos ou em condições especiais (fator de risco para hipertensão).
 Como aferir?
o Deve-se aferir nos 4 membros pelo menos 1 vez (isso é importante para o rastreio de coarctação de
aorta);
o Repetir o procedimento 3 vezes durante a consulta.
o Se não houver diferença entre os membros, pode aferir em um membro só e depois faz uma média das 3
aferições.
o O tamanho do manguito correto deve ser de 2/3 do comprimento do membro (envolvendo
completamente).

 Como analisar?
o Considera a estatura e a idade (anos e meses) e joga isso no percentil (se não tiver percentil correspondente,
vai pela estatura).

PA de 1-13 anos PA > 13 anos


Normotenso: PA < P90 Normotenso: PA < 120x80
PA elevada: PA > P90 e < p95 PA elevada: PA 120x80 – 129-80
HAS 1: PA > P95 e < P95 + 12 mmHg HAS 1: PA 130x 80 – 139x 89
HAS 2: PA> P95 + 12 mmHg HAS 2: PA > 140x 90

Semiologia da Cabeça e Pescoço


 O ideal é realizar o exame de forma crânio-caudal, no entanto, algumas vezes a criança começa a chorar e não dá
para fazer o exame assim, então devemos nos adaptar, mas sem deixar de realizar nenhuma etapa.

 Cabeça: (face / olho / nariz / boca / ouvido)


 Analisar  posição, mobilidade, tamanho (PC – aferido até 2 anos), forma e fontanela (anterior- fecha de 6-18
meses; posterior- fecha ao nascer ou até 1 mês/ máx. 2 meses).

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 Exame feito com o paciente sentado ou deitado.


 Descrição do exame  movimento cefálico (nuca) livre, sem limitação e sem dor.

1- Olhos: (Avaliar: pálpebra / pupila / esclera/ conjuntiva / vias lacrimais)


o Pálpebra:
 Hordéolo  “terçol”
 Celulite periorbitária  inflamação do tecido da órbita; “vermelho e quente”.
 Blefarite  inflamação da pálpebra; descama; hiperemia e não tem rubor.
 Calázio  inflamação obstrutiva por entupimento de glândula sebácea.

o Pupilas: reatividade à luz (miose e midríase) / simetria / posição dos olhos.


 Estrabismo  teste do desvio de Hirshberg (= alinhamento do olho em repouso). Quando o olho
normal fica inutilizado, denominamos de ambliopia.

o Conjuntiva e vias lacrimais: (avaliar: presença de secreção/ vermelhidão (sinais flogísticos) / sinais de obstrução
 Dacriocistite congênita  obstrução do canal naso-lacrimal; “olho colado”.
 Conjuntivite:
• Viral  hiperemia; prurido; contagiosa.
• Bacteriana  hiperemia; secreção amarelada; contagiosa.
• Alérgica  hiperemia + congestão nasal; não contagiosa.

2- Nariz: (septo / corneto / mucosa/ secreção / corpo estranho)


o Rinoscopia  usa um espéculo e lanterna. Faz uma inclinação da cabeça da criança para avaliar septo,
mucosa e corneto (se encostar no septo, é sinal de hipertrofia).
o Rinite = palidez de mucosa + hipertrofia de corneto.
o Impetigo = piodermite ; por infecção secundária (criança coça muito e acarreta em porta de entrada para
microorganismos)

3- Cavidade oral: (mucosa oral / língua/ dentes/ palato / amigdalas/ parede posterior da faringe / lábios)
o Posição da criança: sentada no colo do familiar (de preferência) ou deitada (braços acima da cabeça, pedindo
que a mãe segure, e jogue o seu corpo sob a criança, para que ela fique imobilizada). Criança maior, só pedir
que ela abra a boca.
o Técnica: segurar o abaixador com a mão esquerda e o foco de luz com a mão direita, deslocar as estruturas
com o abaixador. Sempre introduzir o abaixador de língua pela comissura labial e ao introduzir, vai causar o
reflexo de vômito.
o Possíveis achados: palato ogival, Herpangina Coxsackie, amigdalite, caseum, gotejamento pós-nasal, etc.

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4- Orelha:
o Posição: de preferência sentada – pode fazer na mesma posição da oroscopia.
o Inspeção: implantação, deformidade, presença de secreções no CAE (conduto auditivo externo), região
retroauricular.
o Palpação: edema ou dor e pesquisa de gânglios.
o Otoscopia: observar o conduto auditivo e a membrana timpânica.
 Técnica: deve-se puxar delicadamente o pavilhão para cima e para trás, isso retifica o conduto para
introduzir o otoscópio e possibilita chegar mais próximo da região timpânica.
o Possíveis alterações: mastoidite, membrana timpânica perfurada, hiperemiada ou abaulada.

 Pescoço: (avaliar: formato / mobilidade / irregularidades)


 Inspeção e palpação: formato (cilíndrico), mobilidade e irregularidades.
 Possíveis achados: linfadenomegalia, aneurisma de jugular, cisto braquial, turgência jugular e linfadenite.
Obs.: Sempre que tiver presença de gânglios palpáveis, é preciso descrever a característica do linfonodo.
 A presença de gânglios em crianças é muito comum.
o aumentado > 1cm em cervical e axilar e > 1,5 cm em inguinal.
o Localizações atípicas  epitroclear, pré-auriculares, poplíteos e supraclavicular.
o LEMBRAR: hiperplasia reativa à infecções virais e pode persistir por até 3 semanas.

Semiologia do Tórax – Sistema Respiratório


 Particularidades: (essas diferenças determinam comportamentos e patologias).
• Laringe superior e anterior  Respiração nasal
• Cartilagem cricoide estreita (“funil”)  Usa muito o diafragma
• Cabeça “grande”
 Epiglote alongada / flexível
• Região occipital maior
 Membrana mucosa ligadas frouxamente
• Língua grande e flácida
• Traqueia, brônquio e bronquíolos com diâmetro menor  isso facilita obstrução.

Exame físico
1- ECTOSCOPIA:
 Cianose  central x periférica

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 Baqueteamento digital  unha em “vidro fosco”.

2- INSPEÇÃO:
2.1- Inspeção estática (“foto”):
 Tegumento (pele)  pilificação, cor, alterações de glândula mamária e distribuição dos vasos do
pescoço.
 Formato do tórax: normal | tórax em barril ou tonel | tórax carineforme (“peito de pombo”) | tórax
escavado | Tórax com rosário raquítico.

 Tórax Chato  completamente reto anteriormente.


 Tórax em Tonel  aumento ântero-posterior.
 Tórax Cifótico  deformidade da coluna, com
retração de tórax anterior e aumento do posterior.
 Tórax em Funil  escavado. Normalmente é
congênito.
 Tórax Cariniforme  “peito de pombo” aumento do
diâmetro anterior, mas o posterior continua normal.
Ex.: Fibrose cística.

 Assimetrias: Avaliar deformidade acentuada de coluna, assimetria ou desalinhamento de


escápula e tórax extremamente complacente.

2.2 – Inspeção dinâmica (“vídeo”):


 Tipo respiratório  nasal/ bucal; abdominal; diafragmático.
 Ritmos respiratórios:
• RN tem ritmo irregular com pausas respiratórias (5- 10s).
• Taquipneia = aumento da FR (com períodos de inspiração e expiração iguais)
• Dispneia suspirosa (“suspirar do apaixonado”)  paciente respira normal e depois faz uma
inspiração e expiração profundas.
• Ritmo de Biot (desorganizado)  ciclos longos, curtos, rápidos e lentos. Ex.: alteração de SNC
• Ritmo de cantani  inspiração lenta, chega no ápice e cai.
• Ritmo de kussmaul (acidose metabólica grave)  pausa da inspiração, expira, faz uma pausa
e recomeça outro ciclo.
• Ritmo de Cheyne-Stok  ex.: alteração neurológica.

 Amplitude / expansibilidade torácica: (só de olhar a criança dá para saber)


• Respiração superficial
• Respiração profunda
 Frequência respiratória: (taquipneia/ bradipneia/ apneia/ hiperpneia)
• É necessário contar em 1 min, tendo em vista o padrão irregular.
• Varia com a idade: 0 a 2 meses (até 60mrm), 2 a 11 meses (até 50mm), 12 meses a 5 anos (até
40mrm), 6-8 anos (até 30mrm) e acima de 8 anos (até 20mrm).
 Sinais de esforço respiratório  presença de tiragem.

3- PALPAÇÃO: (feito com o paciente sentado)


 Elasticidade
 Sensibilidade
 Expansibilidade  faz pregas cutâneas e avalia a simetria.
 Frêmito toracovocal  usa os focos de ausculta e observa a transmissão de ruídos.
 Exame da mama  Feito em meninas pré-puberdade ou meninos com alteração do formato da mama.

4- PERCUSSÃO: (mesmos focos da ausculta, em barra grega, sempre comparando)


 Som claro atimpânico/ pulmonar  normal
 Submacicez

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

 Macicez  presença de líquido como, por exemplo, derrame pleural; condensação pulmonar, como
pneumonia, etc.
 Hipersonaridade  som aumentado em determinada região. Ex.: DPOC; fibrose cística, bronquiolite e
asma grave.
 Timpanismo onde não era para ter  ex.: pneumotórax.

5- AUSCULTA:
 Normal: MVUA sem ruídos adventícios.
 Ruídos anormais  sopro tubário; atrito pleural; broncofonia; gemidos ou gemência.
 Ruídos adventícios  estertor ou crepitação; sibilos; roncos.

Semiologia do tórax – Sistema Cardiovascular

** Coração de crianças pensar em: doenças agudas e cardiopatias congênitas.

 O importante é diferenciar: NORMAL X DOENÇA


 Existem alterações que são normais da frequência da criança. (O coração dela bate mais rápido do que o do
adulto)
 As crianças podem ter doenças agudas do coração que modificam sua estrutura, como:
 Febre reumática  leva à uma inflamação do tecido cardíaco (cardite).
 Miocardites  inflamação do músculo cardíaco; pode ser causada pelo vírus influenza.
 Lesões valvares adquiridas em um processo infeccioso como uma endocardite ou febre reumática.
 Doença de chagas  cardiopatia dilatada.
 Doença vascular e reumatológica.
Conclusão: quando se fala em coração de crianças, pensa-se em doenças agudas e cardiopatias congênitas.

 O que chama atenção na Anamnese?


 Cansaço
 Crianças maiores  desproporcional às atividades diárias.
 Crianças menores  grande esforço para mamar (interrompe para respirar).
 Cianose  central (falta de oxigênio ou mistura de sangue). Dependendo da gravidade vai ter cianose
periférica.
 Arritmias manifestam-se em: crianças maiores como lipotimia e palpitação, e em crianças menores como
síncope.
 Dor torácica  É mais provável que seja por uma causa extra cardíaca do que uma causa cardíaca. Na pediatria
a principal causa é musculoesquelética.

Exame Físico
1- ECTOSCOPIA:
a) Sinais característicos de síndrome genéticas  muitas síndrome estão relacionadas com malformações
cardíacas.
 Down  defeito de septo ventricular;
 Marfan  alteração de aorta (aneurisma/ pseudoaneurisma / alteração da válvula).
 Turner  alteração de eixo cardíaco.
b) Cianose: central (sempre patológica) X periférica
c) Posição do paciente: pode assumir uma postura patológica, ou seja, em que o paciente necessita disso para
melhorar o retorno venoso, por exemplo. (sempre associar a outros achados)
 Cócoras  tetralogia de fallot
 Genupeitoral  pericardite

2- SINAIS VITAIS: FC | FR | PA
 FC varia com a idade.

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 FC e FR devem sempre ser contadas em 1 min. Lembrar que estados hipercinéticos também alteram esses
parâmetros.
 PA  É OBRIGATÓRIO aferir PA em todas as crianças maiores de 3 anos ou em condições especiais (presença
de fator de risco para hipertensão). Sempre deve ser aferida nos 4 membros e em 3 momentos diferentes da
consulta, sendo feita, então, uma média dessas aferições e comparada ao percentil de PA. Ex.: malformação
de aorta – coarctação de aorta  pode apresentar diferença entre os membros inferiores e superiores.

3- INSPEÇÃO: formato da caixa torácica / presença de abaulamentos / íctus de VE.


4- PULSO VENOSO: é o reflexo do coração direito.
 Pode indicar síndrome de veia cava superior  tumores mediastinais podem alterar o fluxo.
5- PALPAÇÃO:
 PULSO ARTERIAL  Locais de aferição: Pulso carotídeo, axilar, braquial, radial, femoral, poplíteo, tibial
posterior e pedioso.
 Avalia: frequência / simetria / regularidade / amplitude.

 PRECÓRDIO
 Íctus de VE  5º EI LHC ESQ (= foco mitral na ausculta)
 Íctus de VD  é palpável (abaixo do apêndice xifoide), visto que na criança o tórax é muito fino.
 FRÊMITO  é a sensação tátil do sopro (+4 /6+).

6- AUSCULTA:

 B3  fisiológica em estados hiperdinâmicos.


 B4  sempre patológica.

 O que avaliar na ausculta? Ritmo / bulhas / fonese das bulhas / sopros/ estalidos / click
 Sopro  é a principal causa de encaminhamento para o cardiologista.

Sopro inocente Sopro patológico


- são sistólicos; audíveis em estados hipercinéticos; - são diastólicos; altera bulha;
curta duração; baixa intensidade. - tem frêmito; não muda com a posição;
- sem frêmito ou clique; não irradia; não altera o som - alta intensidade;
das bulhas. -são muito variados e apresentam padrões
- some com a mudança de posição. conforme alteração estrutural.
- exames de imagem são normais.

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Semiologia do Abdome

 O exame é feito de forma sistematizada.


No entanto, diferente do exame do adulto,
em que após a inspeção é feita a ausculta,
no exame do abdome da criança, dá mais
importância para inspeção e palpação,
visto que os outros (percussão e ausculta)
dependem do grau de relaxamento e
colaboração da criança, o que nem sempre
é possível.

 Paciente desnudo, em decúbito dorsal e em ortostase.

Exame Físico
1- INSPEÇÃO:
 O que avaliar?
 Alteração de forma e volume  normal é ser globoso.
 Síndrome de Prune-Belly = agenesia de músculo reto do abdome (abdome em aspecto de “ameixa”).
 Abaulamentos (ex.: hérnia e diástese de reto abdominal) e depressões (ex.: desnutrição)

 Aspectos da pele e alterações cutâneas


 Circulação colateral
 Veia cava inferior  parte ínfero-lateral. Ex.: trombose e ascite.
 Veia cava superior  parte superior do tórax
 Veia porta  parte superior do abdome (entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical). Ex.: tumor,
mecanismos extra-hepáticos e trombose.
 Movimentos respiratórios  entre 3-7 anos é uma respiração tóraco-abdominal.
 Ondas peristálticas
 Umbigo e cicatriz umbilical  importante no período neonatal.
 Normal = 2 artérias e 1 veia.
 Onfalite = infecção / processo inflamatório do coto umbilical.
 Onfalocele e gastrosquise = defeitos do fechamento da cicatriz umbilical.

2- PALPAÇÃO:
 Posicionamento: espalmar as mãos, sempre de forma horizontal, não devendo posicioná-las verticalmente
(perpendicular ao abdome). A exploração deve ser feita com as polpas digitais (dedo indicador e médio).
 Dependendo do tamanho do abdome, a palpação vai ser por uma mão, 2 mãos sobrepostas ou 2 dedos
 isso depende da idade da criança.
 Superficial (sensibilidade/ espessura da parede/ continuidade/ tensão/ realizar sinal do piparote)

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

 Profunda (vísceras / consistência/ massa e tumor)


 Fígado  manobra bimanual/ simples / “em garra”. Avaliando a forma, superfície, consistência, borda
inferior e sensibilidade.
 Baço  manobra simples e bimanual. Avaliar: forma, consistência e tamanho.

3- PERCUSSÃO:
 som timpânico  aumento pode ser: obstrução intestinal; aerofagia com meteorismo; pneumoperitônio.
 Espaço de traube (entre a 6ª e 10ª costela) normal = timpanismo / macicez = esplenomegalia e massas.
 Macicez

4- AUSCULTA: “borborigmo”
 Alterações:
 Obstrução intestinal (fase inicial): peristaltismo de luta.
 Aumento do peristaltismo: diarreia e início de peritonite.
 Diminuição do peristaltismo: fase posterior de peritonite, íleo paralítico e fase final da obstrução intestinal.

Semiologia do Geniturinário
 Elementos Semiológicos que devem ser procurados na criança:
1- Aspecto geral (Ectoscopia):
 Alterações de orelhas como na implantação ou malformações e deformidades, podem estar relacionadas
à malformações do trato urinário.
 Deformidades esqueléticas
 Palidez cutâneo-mucosa  pode estar relacionada à anemia e essa estar relacionada à uma doença renal
crônica.
 Edemas  paciente pode ter alguma doença que o deixa hipervolêmica ou alguma alteração renal em que
ela perca proteína e faz um edema secundário à isso, que é o caso da síndrome nefrótica.

2- Antropometria
 É valorizada, pois crianças que tem doença crônica tem repercussão de crescimento de estatura.

3- Lesões cutâneas  piodermites;


 Paciente pode fazer uma glomerulonefrite difusa aguda após uma estreptococcia e isso pode estar
relacionado à alguma alteração de pele. Logo, valoriza de a criança tem alguma porta de entrada, ou seja,
alguma lesão cicatricial.

4- Verificação de pressão arterial


 Se a criança tem edema e HAS, conduz à um diagnóstico sindrômico relacionado à hipovolemia, que pode
ser uma glomerulonefrite difusa aguda.

5- Palpação abdominal
 Pesquisa a presença de massas e se é possível palpar o rim.

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6- Dor na região lombar  irradiação, contorna o flanco;


 Faz a manobra de punho percussão lombar na pesquisa de dor.
 Se tem dor, é preciso ver se ela irradia, se segue o trajeto para frente chegando até a região da genitália,
pois isso pode estar relacionado à presença de cálculo urinário.

7- Dor na percussão no ângulo renal.


Obs.: Tudo isso é importante e deve ser feito antes de chegar no exame físico propriamente dito da genitália da criança.
Obs.: Lembrar que embora o exame seja do aparelho genitourinário, existem elementos importantes na semiótica geral
que não podem ser deixados de lado.

Genitália externa Masculina Genitália externa Feminina


Avaliar: testículo  bolsa escrotal  pênis. Avaliar: Grandes e pequenos lábios, clitóris e hímen.

1- INSPEÇÃO: Avaliar: alteração de volume e forma, e  Nos primeiros dias, encontra-se sob efeitos dos
a partir disso já dá para observar se tem a presença hormônios maternos  grandes lábios tem
ou não dos testículos na bolsa. aparência edemaciada, sendo difícil a visualização
2- PALPAÇÃO: sempre com as 2 mãos, uma segura a dos pequenos lábios, com secreção vaginal leitosa e
base e a outra palpa o testículo. esbranquiçada (é normal) e hipertrofia hímenal;

 ALTERAÇÕES:  Hímen  afastar grandes lábios delicadamente,


 Criptorquidismo: testículo não desceu para bolsa avaliando se o orifício é pérvio.
escrotal. Correção cirúrgica até 2 anos de idade.  Prolapso de uretra:
 Testículo retrátil: exacerbação do reflexo  Tem que observar se ele pode ser espojoso.
cremastério = “testículo mais alto”.  Nesse caso, tem uma massa envolta do
 Ectopia esticular = testículo fora do local habitual. orifício uretral, que é avermelhada.
 Torção testicular: testículo sobe e se horizontaliza.  É comum em Adolescentes, negras, as quais
Ausência de fluxo sanguíneo à USG com doppler. chegam com queixa de disúria, secreção
(urgência médica). sero- sanguinolenta e massa avermelhada
 Orquite: dor + febre + testículo mais baixo. Fluxo acima do orifício vaginal.
sanguíneo aumentado à USG com Doppler.
 Fimose: impossibilidade de exteriorização da  Sinéquia de pequenos lábios  aderência dos
glande; avaliação com tração delicada do prepúcio pequenos lábios, dificultando ou impossibilitando o
para baixo. orifício vaginal.
 Parafimose: prepúcio retraído não retorna à  Tem locais que falam que isso ocorre por
posição normal. falta de higiene e outros por alteração de
 Balanopostite: inflamação da glande do prepúcio, estrogênio.
que provoca sinais flogísticos e geralmente o meato  Pode ser feito tratamento tópico ou
uretral não consegue ser visualizado. cirúrgico.
 Alterações de abertura de uretra: hipospádia
(ventral) x epispádia (dorsal)
 Cistos de esmegma: Cistos esbranquiçados, se
palpar é mole, não é duro. Conduta expectante.
 Hidrocele x Hérnia  falha no processo de
migração do testículo para a bolsa escrotal.
 O que pode diferenciar é a
TRANSILUMINAÇÃO  pega uma lanterna
e coloca na parte posterior da bolsa
escrotal. Quando for hidrocele, vai ter uma
difusão da luz pela água, dando uma
coloração rosada.

Semiologia do Locomotor
 Aparelho Locomotor: compreende todo o arcabouço estrutural necessário para que se realize os movimentos.
 Ossos | Articulações | Músculos | Estruturas periarticulares.
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 O exame é composto por:


1- INSPEÇÃO  ASSIMETRIAS/ ANOMALIAS ESTRUTURAIS / DESVIOS / MARCHA / POSTURA.
 Anomalias estruturais:
Amelia  o paciente possui apenas o eixo central, ou
seja, ausência total de algum membro.
Focomelia  ausência “parcial”de membro, pois a
pessoa vai ter o membro, mas de forma rudimentar, ou
seja, faltou estrutura óssea para formação completa do
membro.
Sindactilia  fusão de dedos, sejam eles das mãos ou
dos pés.
Braquidactilia  ausência do desenvolvimento de
alguns dedos, sejam eles superiores ou inferiores.
Polidactilia  número a mais de dedos. Pode ser real
(ter osso realmente) ou ser somente partes moles. Pode
retirar ou não os dedos a mais.
Ectrodactilia  ausência de um ou mais dedos centrais das mãos ou dos pés, é como se fosse uma coisa “mais complexa” do que uma braquidactilia.

 Assimetria de membros:
Como diferenciar se é assimetria do membro ou de coluna?
 Tem que medir o comprimento em cm do membro inferior,
se forem exatamente iguais, não tem assimetria de pernas.
 Pega a fita métrica e faz uma marcação, a qual tem que ser
simétrica. Em seguida coloca a fita nos pontos marcados,
usando os mesmos pontos ósseos como referência, em
ambos os lados, e confere se eles possuem o mesmo
comprimento.
Para Escoliose ser importante, ela tem que ser perceptível com o paciente em posição ereta
 Desvios:
 Genu Varum  lembrar que é como se tivesse uma
“garrafinha de rum” no meio da perna = JOELHOS AFASTADOS.
 Genu Valgum  lembrar de “chiclete”, como se tivesse
colado = JOELHOS JUNTOS.

 Pé:
 Pé plano/ chato  é normal no início da marcha, quando a criança começa a caminhar. Só vai ser um problema se
tiver alguma outra alteração associada, como alterações dos arcos plantares ou alterações de coluna. Ex.: pé chato
que vira para dentro e causa uma alteração de quadril ou irregularidade e assimetria do tamanho do membro.
 Arcos plantares  são as curvaturas do pé da criança, tanto central, quanto lateral.
 Desenvolvem com 2-3 anos.
 Sempre deve investigar se o paciente tiver arco proeminente  ver se tem lesão muscular ou neurológica
associada.
 Tem que avaliar com a diferença de plano para ver se terá alguma alteração.
 Avaliar a criança caminhando em diversas superfícies.

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

 Pé torto congênito  angulação do ângulo do pé, seja para região medial ou lateral  tem uma curvatura
exacerbada que leva o pé a ficar “tortinho”.

Obs.: A marcha também é avaliada pelo exame neurológico. No locomotor também é importante avaliar na inspeção
essas estruturas, pois pode ter tanto um componente de marcha prejudicado por um distúrbio neurológico, quanto
por uma malformação óssea, articular ou esquelética, ou até mesmo por uma doença musculoesquelética.

2- PALPAÇÃO  dor e aumento de volume, sinais flogísticos (dor, calor e rubor).


3- ANÁLISE DOS MOVIMENTOS  visto que parado, o sistema locomotor pode não apresentar alterações, mas em
movimento pode-se observar possíveis alterações, logo, é importante ver o paciente caminhando.
 ATENÇÃO!!
o Sempre comparar os lados direito e esquerdo, visto que a alteração pode ser uni ou bilateral.
o Deixar o lado doloroso para o final.
 Marcha: Está associado à Distrofia
muscular de Duchene, que é uma
alteração da placa mioneural,
pois falta uma estrutura nas
células musculares que ligam os
feixes contráteis à membrana
muscular do músculo estriado
esquelético, o que também pode
acontecer no cardíaco. Dessa
forma, os feixes contraem,
encurta o sarcoma, porém a fibra
muscular mão acompanha e gera
uma espasticidade.
 Curvaturas da coluna:
 Adultos  a coluna possui uma curvatura cervical, torácica,
lombar e sacral.
 Todos nascemos com curvatura sacral e torácica, e com o
desenvolvimento do RN vai formando a cervical.
 O feto possui a coluna toda “dobradinha” e conforme o bebê nasce
e vai se desenvolvendo, vai para fase de lactente e vai melhorando
o controle do pescoço, em torno de 2 meses de vida, até o 3º mês
ele já controla isso.
 Esse controle favorece a formação de curvatura cervical.
 Criança de 4 anos, já se espera encontrar todas as curvaturas:
cervical, torácica, lombar e sacral.

 Saber que:
o Lactente  possui longa curvatura; convexa e acima do sacro e que com seu desenvolvimento começa a
melhorar.
o Ao longo do crescimento:
 Surge 2 convexidades anteriores (cervical e lombar)
 Mantém 2 convexidades posteriores (torácica e sacrococcígea)

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

 Observar sinais de desvios da coluna:


o Escoliose  desvio lateral da coluna;
o Lordose  acentuação da curvatura lombar;
o Cifose  acentuação da curvatura torácica.
 Teste de Adams  mede a distância da região
sacrococcígea, até a metade da curvatura da
coluna e pede para a criança colocar as mãos
nos pés ou no chão e observar se aparecerá
alguma alteração da coluna, seja uma
lateralização ou uma cifose.
 Na escoliose também dá para medir as
escápulas, para ver se isso é tão importante a
ponto de alterar a simetria das escápulas.

 Musculatura:
 Ausência congênita da musculatura | Dor | Sinais Flogísticos | Ossificação muscular | Tônus| Movimentação |
Força.
 Aumento do volume muscular  pode ser unilateral e tem que diferenciar se é um processo inflamatório,
infeccioso ou se é apenas uma alteração congênita dessa musculatura.
 Atrofia muscular  pode estar associada à um estado de desnutrição grave ou à doenças crônicas que podem
levar à outras doenças, principalmente doenças musculoesquelética ou do metabolismo.

 Articulação: Aumento do volume | Dor | Desalinhamento ou deformidades | Movimentação e amplitude do


movimento.

 Estruturas periarticulares:
 Tendões  avaliar encurtamento, presença de nódulos, rompimento;
 Bainhas sinoviais | Bolsas serosas |Enteses

SEMIOLOGIA DOS OSSOS:


 Avaliar:
 Desenvolvimento ósseo  está correto?
 Simetria
 Função das extremidades (mãos e pés) e coluna  são funcionais ?

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

Semiologia Neurológica
 Avaliar conforme a faixa etária:
 RN: buscar reflexos primitivos.
 Lactente: passos do desenvolvimento.
 Pré-escolar: elaboração da linguagem.
 Escolar: linguagem escrita.
 Adolescente: similar ao do adulto.

Roteiro

1- AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL: nível de consciência | vivacidade | linguagem oral e escrita | memória |
atenção.
 Linguagem oral, memória e atenção  pré-escolar, escolar e adolescente.
 Linguagem escrita  escolar e adolescente.
 Memória: pode ser avaliada usando cubos coloridos ou imagem de bicho (adapta para cada faixa etária). Faz como
se tivesse brincando de “jogo da memória”.
 A partir do primeiro ano de vida podemos entregar uma folha em branco para a criança desenhar e, então avaliar
seu desenvolvimento e o estado mental, de acordo com a evolução do desenho esperado para a idade.
 Nível de consciência: o normal é a criança brincar e interagir.
 Estados patológicos da consciência:
o Sonolência  criança irritada; reclamando o tempo todo; estado de vigília reduzido.
o Embotamento  redução leve a moderada da vivacidade, com perda de interesse no ambiente. Períodos
de sono prolongado.
o Estupor  sono profundo, mas responde à estímulo doloroso.
o Coma  totalmente irresponsivo.

2- SENSIBILIDADE: (muito difícil de realizar na pediatria, visto que precisamos da colaboração do paciente)
 Superficial: tátil e térmica.
 Profunda: vibração, batiestesia, propriocepção.
 Especial: esteriognosia e grafoestesia.

3- SISTEMA MOTOR: FORÇA e TÔNUS  esses exames serão aplicados a partir da faixa etária de escolar, visto que
depende da colaboração da criança. Já um pré-escolar; RN e lactente, a avaliação é de forma mais intuitiva, observa
a movimentação da criança durante a consulta.

 Força:
1- Amplitude do movimento (feito pela inspeção)  adução e abdução do braço, extensão e flexão do cotovelo
(bilateral).
Obs.: Lembrar que aqui são crianças e, por conta disso, precisamos mostrar o movimento para que elas façam igual.
2- Força contra resistência (paciente faz a força e o examinador aplica a resistência contra ela).
 Extensão e flexão da coxa; extensão e flexão da perna; dorsoflexão e flexão plantar.

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3- Força muscular da mão: adução do polegar; movimento de pinça; flexão dos dedos; abdução dos dedos.
4- Manobras Deficitárias (testar a força contra a gravidade) → “médico não toca no paciente”

 Tônus: (pode ser avaliado em qualquer faixa etária, devendo iniciar aos 3 meses de vida, quando a criança já consegue
sustentar a cabeça.)
 Tônus normal  quando se faz uma elevação / tração dos MMSS é esperado que ela mantenha uma
linearidade da cabeça com o tronco.
 RN / Lactente  = semiflexão.
 Hipertonia  rígido; de difícil mobilização.
 Hipotonia  não consegue sustentar a cabeça (“Manobra da boneca de pano”).
 Paralítica: característico da “boneca de pano” em que os membros ficam pendentes. Ocorre em
doenças neuromusculares. Ex.: AME.
 Não paralítica: afecção do SNC ou causas não neurológicas. Ex.: Sd. de Down.

4- COORDENAÇÃO:
 Estática (só deve ser feita após os 5 anos) Manobra de Romberg (pés juntos, olhos fechados e braços
junto ao corpo) / Manobra de Romberg sensibilizada (um pé na frente do outro).
 Dinâmica  avalia a coordenação motora.
 Forma que a criança brinca  1 ano e 6m – 2 anos encaixa formas geométricas; 2 anos empilha
cubos; 3-4 anos encaixa peças de blocos de montar, se veste ou tira peça de roupa sozinho.
 Manobras cognitivas (espera-se que sejam feitas após os 5 anos): dedo-nariz/ dedo-dedo/
calcanhar-joelho/ movimentos alternos.

5- AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS: superficial | profundo | transitório (reflexos primitivos).


 Superficial: sucção; nauseoso; corneopalpebral; cutaneoabdominal; cremastérico; anal; cutâneo plantar.
 Profundos (usa o martelo e avalia a simetria e a intensidade do reflexo): reflexo patelar; masseteriano;
aquileu; tricipital; bicipital; pronador da ulna e estilorradial.
 Transitórios: reflexo de moro; preensão palmar e plantar; sucção; voracidade e marcha.

6- MARCHA: (avalia a criança andando pelo consultório)


 Colocar um pé na frente do outro  marcha tandem (= marcha sensibilizada).
 Andar na ponta dos pés  para ver se tem alguma lesão de tendão muscular.

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7- PARES CRANIANOS:
 1º PC: N. olfatório  testar o olfato.
 2º PC: N. óptico  acuidade visual | campimetria | fundo de olho.
 3º (oculomotor), 4º (troclear) e 6º (abducente) PC  movimento ocular | nistagmo | reflexo fotomotor.
 5º PC: N. trigêmeo  sensibilidade da face/ força muscular da mastigação/ reflexo corneopalpebral.
 7º PC: N. facial  sensibilidade e movimentação.
 8º PC: N. vestibulotroclear  surdez e vertigem.
 9º (N. glossofaríngeo) e 10º (N. vago)  deglutição, reflexo nauseoso.
 11º PC: N. acessório  trapézio e ECOM.
 12º PC: N. hipoglosso  movimento da língua.

Caderneta da Criança
 Na parte inicial da caderneta temos a identificação da criança e alguns dados importantes de história
neonatal que são preenchidos ainda na maternidade. Além disso, vale lembrar que a caderneta traz
diversas instruções de como manejar e os cuidados necessários com o bebê, o que é de extrema
importância, visto que a criança já recebe a caderneta quando sai da maternidade. Ademais, os dados
precisam ser preenchidos de maneira correta conforme o crescimento da criança, para que se tenha
um acompanhamento efetivo de seu desenvolvimento.

 A caderneta é dividida em 2 partes: Parte 1: para a família e cuidadores. | Parte 2: para os


profissionais de saúde.

 Consultas da caderneta:
 1ª semana   Obs.: Até os 2 anos é importante fazer
4 meses  9 meses 24 meses
 1 mês pelo menos uma consulta anual, mesmo
 5 meses  12 meses  36 meses
 2 meses que a criança não tenha nenhuma queixa.
 6 meses  18 meses
 3 meses
ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO:

É preciso fornecer uma alimentação adequada para o crescimento e desenvolvimento da criança, respeitando as
limitações de sua idade, pois caso contrário isso pode ocasionar danos à essa criança.
Resumindo...
o Até o 6 meses  só da leite materno
o A partir de 6 meses  faz alimentação complementar.

 Se a alimentação ocorre de maneira errada, o que pode acontecer? Anemia ferropriva; doenças alérgicas; micro
hemorragias na mucosa intestinal (relação com o leite de vaca); desnutrição; obesidade.

 Definição de termos:
 Aleitamento materno exclusivo  toda energia e nutrientes são fornecidas pelo leite materno (diretamente da
mama ou humano ordenhado). Não ingere outro alimento líquido ou sólido, exceto medicamentos.
 Aleitamento materno predominante  leite materno + água ou bebidas à base de água (suco ou chá).
 Aleitamento materno  criança recebe leite materno, independentemente de estar recebendo qualquer outro
alimento, incluindo leite não-humano.
 Aleitamento materno complementado  leite materno + qualquer alimento sólido ou semissólido complementar
(apenas). A criança também pode receber outro leite, mas esse não é considerado complementar.
 Aleitamento materno misto ou parcial  leite materno + outros tipos de leite.

 Aleitamento materno:
 Posição do bebê  criança tem que ficar de frente para a mãe (barriga com barriga).
 Pega da mama  a mãe deve segurar a mama, fazendo uma letra “C”, com os dedos indicador e polegar.
 Dificuldades da amamentação  na caderneta tem as principais dificuldades, mas também possui algumas
orientações.
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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

 Caso a mãe precise retornar às suas atividades laborais, o leite pode ser ordenhado e armazenado na geladeira
por até 12 horas e no freezer ou congelador por até 15 dias. Lembrando que para oferecer para a criança, esse
leite deve ser posto em “Banho Maria”, permitindo chegar à uma temperatura agradável.
 Até o 6º mês, é feito aleitamento materno exclusivo em livre demanda e após isso começa uma alimentação
complementar.

 Colostro: É eliminado até o 3º/5º dia. Seu teor calórico não é tão bom como o do leite maduro. No entanto, ele
possui mais proteínas do que o leite maduro, tendo em vista que sua função é mais protetora, na qual ele vai
fornecer ao RN mais proteínas, imunogloblulinas, sobretudo IgA.

 Leite maduro x colostro: O leite maduro possui menos proteína, no entanto, tem maior teor calórico e lipídico do
que o colostro, o que o permite garantir mais calorias para o desenvolvimento da criança.

 Leite materno (LM) x Leite de Vaca (LV): a principal diferença está na quantidade e no tipo de proteínas.
o O LM possui, 70% de proteínas do soro, principalmente, a alfalactoalbumina e 30% de caseína.
o O LV possui 82% de caseína e 18 % de proteínas do soro, principalmente, betalactoglobulina – é uma
proteína diferente da do soro humano. Obs.: A caseína é uma proteína de difícil digestão.

Conclusão: o leite materno não é só um alimento, mas sim um complexo que fornece proteção imunológica, maturação e
proteção intestinal, ou seja, oferece inúmeros benefícios ao crescimento e desenvolvimento da criança.

 Contraindicações ao aleitamento materno:

 Quando a criança não pode fazer aleitamento materno o que usar? Fórmula infantil.
o Antes do 6º mês  fórmula infantil para lactentes (primeiro trimestre) = fórmula de partida (nº1);
o A partir do 6º mês  fórmula infantil para lactentes (segundo trimestre) = fórmula de seguimento (nº2);
o Crianças que utilizam fórmulas infantis, a introdução de alimentos não-lácteos deverá seguir o mesmo
preconizado para aquelas em aleitamento materno exclusivo (a partir dos 6 meses).

 Introdução alimentar:
 Os primeiros 2 anos de vida, é uma fase de crescimento pós-natal muito importante e acelerada. Dessa forma, é
imprescindível fazer uma boa orientação às mães nas questões dietéticas, visto que isso tem influência direta no
crescimento da criança.
 Com 6 meses introduz alimentos sólidos amassados com a colher  fornecidos na forma de papinha.
 Não usa o termo papa salgada, pois não acrescenta sal.
 Do 7º mês, até completar 1 ano, a única coisa que muda é a consistência da alimentação, em que a comida será
cada vez menos amassada, para que então, quando chegar a 1 ano, essa criança comesse a comer o cardápio
familiar.
 Lembrar que fora dos horários o almoço e da janta, a criança se alimenta se leite materno e se não for possível,
usar a fórmula infantil.

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

 “Mama  fruta  almoço mama  janta mama” – Esse seria a quantidade de refeições diárias que a criança
fará.

 Como ficaria uma dieta de uma criança até 2 anos?


o Ao acordar  leite materno
o Lanche da manhã  leite materno ou fruta amassada.
o Almoço (11/12h)  conjunto de alimentos específicos.
o Lanche da tarde  fruta amassada ou leite materno.
o Jantar  igual ao almoço
o Antes de dormir  leite materno.

Conclusão: quando vai montar um prato tem que respeitar o número/quantidade de alimentos, conforme a pirâmide
alimentar. Isso tudo deve ser orientado à família.
 Pontos importantes da orientação:
 Colocar na panela sem óleo;
 Coloca como se fosse grelhar e depois coloca água. Depois de cozido, amassa com o garfo.
 Coloca o feijão com caroço e caldo.
 Por fim rega com óleo puro (azeite).
 Não coloca sal e se quiser colocar algum tempero, esse tem que ser natural, não pode ser industrial.
 No prato: os alimentos devem ser expostos de forma separada para que a criança visualize o que vai
comer.
Obs.: Não pode bater no liquidificador, pois pode ter uma alteração das fibras presentes no alimento.

 Suplementação:
 Vit. K  é dada ao nascimento. Dose única IM.
 Vit. D  todo RN a partir de 15 dias vida. 400 UI / dia até 12 meses. 600 UI / dia 12-24 meses.
 Apresentação da vit. D é 200 UI  até 1 ano: 2 gotas / após 1 ano: 3 gotas.
 Atualização: SBP não recomenda mais banho de sol, agora é recomendado uso de vit. D com 15
dias de vida.
 Vit. A  não faz de rotina, só em áreas carênciais.
 Ferro (profilático): (Verificar fatores de risco para anemia ferropriva – nova atualização SBP – 1 gota/kg)
 A termo em AME e Sem fator de risco  1 mg/ kg a partir de 6 meses até 2 anos de idade.
 A termo em AME e Com fator de risco  1mg/ kg a partir de 3 meses até 2 anos de idade.
 Pré-termo (a dosagem inicial vai depender do peso ao nascer)
 < 1 kg  4mg/ kg / dia a partir de 30 dias até 1 ano, depois 1mg/kg/dia até 2 anos.
 1-1,5 kg  3 mg/kg /dia a partir de 30 dias até 1 ano, depois 1mg/kg/dia até 2 anos.
 > 1,5 kg  2 mg/ kg/dia a partir de 30 dias até 1 ano, depois 1mg/kg/dia até 2 anos.

 Prescrição: Sulfato ferroso 125mg/ml -------------------------------------------------- 1 frasco


Dar x gotas (1 gota/ kg) por via oral, longe das refeições.

Saúde bucal: Uso de telas:


 A dentição começa a partir de 8 meses, quando é  < 2 anos, não pode
preciso introduzir o uso de escova de dentes com  2-5 anos  máximo de 1 hora/dia
cerdas macias e creme dental com flúor para  Até 10 anos, não devem fazer uso de televisão ou
limpeza. Antes disso, é importante orientar que computador no quarto.
devemos limpar com gases após a mamada noturna  Celular > 12 anos.
ou antes do bebê dormir.

Prevenção de acidentes: A melhor forma de prevenção de acidentes é a supervisão. Os mais comuns são:
 Sufocação  tem que dar brinquedos grandes, que elas não possam engolir; evitar usar talco.
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 Queda  muito comum queda do berço;


 Intoxicação
 Queimaduras  atenção para a temperatura da água do banho.
 Afogamento  nunca deixar a criança sozinha na banheira, ou próxima a baldes, vasos, ela se afoga facilmente.
 Restringir acesso à cozinha, quando começar a andar tem que colocar protetor nas tomadas.
 Acidentes no transporte  até um ano a criança tem que ser transportada na cadeirinha virada para o banco
traseiro e do lado tem que ter um adulto supervisionando, visto que se a criança ficar com a cadeira virada para
frente e tiver uma freada brusca ela pode ter um traumatismo raquimedular.
 Se for andar com a criança na rua coloca ela sempre no canto da calçada e segure ela pelo punho.

CRESCIMENTO:

O melhor método de acompanhamento do crescimento infantil é o registro periódico do perímetro cefálico, do peso,
do comprimento ou da estatura e do índice de massa corporal (IMC) da criança.
 Perímetro cefálico: medido até 2 anos de idade.
 Ao nascimento: 34-35 cm;
 Aumenta cera de 12 cm no 1º ano;
 Ocorre aumento progressivo da seguinte forma: 2cm/mês no 1º trimestre; 1cm/ mês no 2º trimestre; 0,5 cm/ mês
no 2º semestre.

 Comprimento ou Estatura:
 < 2 anos  medidas deitadas com uso do estadiômetro.
 > 2 anos  medidas em pé.
Obs.: Criança de 2 ou mais anos for aferida deitada, deve-se diminuir 0,7 cm do valor antes de registrá-lo no gráfico.
Uma criança menor de 2 anos for medida de pé, deve-se somar 0,7 cm ao valor antes de registrar no gráfico.
 O aumento da estatura (= velocidade de crescimento) no primeiro ano é o maior da vida pós-natal – 25 cm.
Lembrando que cada período tem sua velocidade de crescimento, o que é usado para avaliar se o crescimento da
criança está adequado.

 Peso:
 Pode ocorrer uma perda fisiológica de até 10% durante os 4-5 primeiros dias, e o peso tende a recuperar-se entre
o 8º e o 10 º dia.
 Desse modo, o peso do nascimento duplica entre 5-6 meses e triplica aos 12 meses.
 Fórmula para cálculo do peso estimado: 1-6 anos  idade x 2 + 8. Ex.: 5 anos x 2 + 8 = 18kg será o esperado.

 IMC: peso/ altura ²


 O que fazer com essa medida? Interpretar e ver se está adequado através do gráfico do: REGISTRO DAS MEDIDAS.

 Como interpretar os gráficos?


 Pega a idade da criança, contando os meses e coloca a medida no gráfico.
 Aí agora vai comparar como a minha criança está em relação à população.
 O verde é a média da estatura para as crianças em uma certa idade e a variação considerada normal, vai de +2
até -2.
 Quando segue um padrão paralelo a linha verde (escore 0, ou seja, que é a mediana daquela medida para a
população), ou acima ou abaixo, entre os limites + 2 e -2, considera adequado.

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

 Os pontos de corte utilizados nas distintas curvas


estão representados em escores Z, que indicam
unidades do desvio-padrão do valor da mediana
(escore Z 0)
Obs.: Se você está acompanhando uma criança e
observa uma alteração de estatura, pensa-se em
doença crônica, pois o peso vai estar mais
relacionado com doenças agudas e a estatura com as
crônicas.

Obs.: A antropometria é importante e você tem que


saber fazer, saber colocar no gráfico e saber
interpretar.
 Se os pontos estiverem fora dos limites, isso
indica alguma alteração e essa criança deve
ser encaminhada para os profissionais
específicos.

DESENVOLVIMENTO:
O desenvolvimento é basicamente a aquisição de novas habilidades psicomotoras e neurológicas da criança.

Desenvolvimento neurológico: é uma soma da capacidade genética apresentada pela criança, do potencial biológico
herdado pela família e do ambiente em que a criança vive. Muitas vezes pode-se pensar que a criança apresenta atraso no
desenvolvimento, mas na verdade, essa criança está sofrendo influencias do ambiente psicossocial, físico e psicológico.

 Influências no desenvolvimento:
o Ambiente psicossocial: estresse e privação de estímulos.
o Físico e psicológico: doenças intercorrentes (crianças que ficaram muito tempo internadas); escolarização
(“criança precisa de criança”); sono (se não dorme bem isso influencia na produção de GH); experiências
prévias; nascimento de irmãos; mudança na dinâmica familiar.

Sempre perguntar para os cuidadores o que eles acham sobre o desenvolvimento da criança!!
Às vezes na consulta você acaba não percebendo algo, mas os pais ou cuidadores trazendo dúvidas ou angústias sobre
algo que eles perceberam faz com que você olhe com mais atenção para algumas coisas.

Como avaliar?
1- Marcos do desenvolvimento: ações que a criança tem que alcançar para que se considere, dentro de uma faixa
etária, que algo está normal ou atrasado.
2- Sinais de alerta: são sinais apresentados pela criança de que talvez o seu desenvolvimento não esteja normal.

Obs.: Se a criança for prematura, não usa a idade cronológica e sim a idade gestacional corrigida (idade em que a criança
nasceu, menos a idade atual e o tempo em que faltou para completar 40 semanas / 9 meses de gestação). Atualmente
só usa a idade cronológica para todos os RN acima de 37 semanas. Ex.: criança que nasceu com 36 semanas e hoje está
com 2 meses  IGC (idade gestacional corrigida) será de 38 semanas.

 Se o bebê tiver nascido com 30 semanas e está com 4 semanas de vida, ele está com 34 semanas, ou seja, ainda
está prematuro, então, embora ele já tenha um mês de vida é aceitável que ele não atinja um marco do
desenvolvimento.
 É preciso preencher os espaços correspondentes com:
 P = marco presente;
 A = marco ausente;
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 NV= marco não verificado.


 Marcos do desenvolvimento neuropsicomotor:

 O que vai ser avaliado?

1- Estado maturativo do SNC  tem a ver com o crescimento do sistema nervoso e do cérebro.
2- Psicomotor  ganho motor apresentado pela criança.
3- Ganho social  interação da criança, primeiro com o meio e depois com as outras pessoas.
4- Psíquico  relacionado ao controle motor e psicológico da criança.

Obs.: é considerado um atraso quando a criança não consegue cumprir esse marco.

 Desenvolvimento motor:
 Tem que sempre pensar que vai se desenvolver craniocaudal e daí em diante segue o raciocínio.
 Se atingir essas idades, lembrando que se for preciso tem que corrigir a idade gestacional para acompanhar a
criança. Dessa forma, se houver atraso, mesmo considerando a idade cronológica da criança e a idade gestacional
corrigida, aí tem que se preocupar.

Obs.: Na figura está


até 14, mas considera-
se até 15 meses para
começar a caminhar.

 Marcos importantes:
 Período neonatal  Em prono = eleva a cabeça, mas ainda não tem a capacidade de elevar os bracinhos  lembrar
da “tartaruguinha”; contato / fixação visual (observar se olha para mãe durante a mamada); reage a sons.
 3 meses Controle da cabeça - lembrar de uma “cobra ou jabuti”; Sorriso social (início em 2 meses); Vocalização e
gritos.
 6 meses  leva objetos à boca; troca objetos de mãos; senta.
 9 meses  De sentado passa para postura de pé com apoio; Começa a engatinhar; Duplicidade de sílabas no
balbucio (“lalação”)
 12 meses  Anda (1 ano a 15 meses); Primeiras palavras  fala pelo menos 1 palavra com sentido.
 24 meses  corre sem cair; usa talheres para comer; Forma frases curtas com capacidade de nomear e identificar
figuras. Ex.: Mamãe quero água.

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Sinais de Alerta

 Exemplos:
o Criança não sorri aos 3 meses  sinal de que ela tem uma
alteração do desenvolvimento social.
o Ausência de controle da cabeça aos 4 meses  teoricamente
ela teria que controlar até os 3, mas se chegou até os 4 e isso
não aconteceu, tem que ligar o alerta e se tiver algum sinal
prévio de alerta, tem que começar a investigar essa criança.
o Ausência de permanecer sentado aos 7 meses  sem
controle axial tem que investigar.
o Alcançar e segurar objetos com uma única e mesma mão,
também é preciso investigar.

 Logo, é preciso orientar os pais sobre os sinais de alerta e sempre esclarecer que qualquer dúvida, tem que ser
tirada com o médico.

 Classificações:
 Atraso  é quando ela tem algum atraso do desenvolvimento, ou seja, era para criança ter um marco, mas ela não
apresenta ou tem alterações fenotípicas ou macro/ microcefalia.
 Parada do desenvolvimento  vinha se desenvolvendo de forma adequada, mas em determinada faixa etária, parou
o seu desenvolvimento. Isso tem a ver com algumas doenças agudas, neurológicas, genéticas ou
neurodegenerativas.
 Perda de aquisição ou regressão  andava e sentava e agora não faz mais isso. São situações clínica extremamente
preocupantes que necessitam de investigação básica e não apenas de encaminhamento apara serviço especializado.
Observar se tem alguma alteração tireoidiana ou anemia, acidose metabólica ou erro inato do metabolismo, se tem
alguma doença degenerativa ou muscular que possam estar colaborando para esse quadro.

Dados de avaliação Classificação Conduta


- Perímetro cefálico alterado < ou > 2 Z Provável atraso no Aciona a rede de atenção especializada
escores desenvolvimento para a avaliação do desenvolvimento.
- ou a presença de 3 ou mais alterações  Isso significa que se você não é
fenotípicas (fala a favor de síndrome pediatra e sim médico da UBS,
genética) encaminha para o pediatra;
- ou ausência de 1 ou mais reflexos posturais  Se você é pediatra e observou
** atraso em um dos marcos do
(atenção que isso mudou na caderneta). desenvolvimento, encaminha
para o neurologista.
 É o neurologista que vai avaliar se
é uma patologia ou não.
- Ausência de 1 ou mais marcos do Alerta para o  Orientar a mãe e o cuidador
desenvolvimento para sua faixa etária (de 1 desenvolvimento sobre a estimulação da criança;
ano e 6 meses)  Rever a criança em 30 dias para
- Ou todos os reflexos estão presentes, mas avaliar se houve melhora.
existe 1 ou mais fatores de risco (ex.: bebê
prematuro, que nasceu com baixo peso)
Todos os reflexos e posturas estiverem ok e Desenvolvimento Sempre elogiar a mãe ou o cuidador
não há nenhum fator de risco. adequado

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

 É preciso também avaliar se a criança possui algum fator de risco que possa interferir no seu desenvolvimento:
1- Riscos ambientais como violência doméstica, depressão materna, drogas ou alcoolismo entre os moradores da
casa, suspeita de abuso sexual, etc. (vive em ambiente conturbado)
2- Presença de infecções durante o período gestacional (TORCHS + ZIKA + HIV);
3- Pré-natal não realizado ou incompleto;
4- Problemas na gestação, no parto ou no nascimento;
5- Prematuridade (< 37 semanas);
6- Baixo peso ao nascer (< 2500 g);
7- Icterícia grave;
8- Hospitalização no período neonatal;
9- Doenças graves como meningite, traumatismo craniano e convulsões;
10- Parentesco entre os pais.

 Alterações na visão e na audição:


 O Algumas dessas alterações podem ser confundidas com alterações do desenvolvimento.
 Logo, sempre que possível é necessário encaminhar essa criança para um especialista.
 Um exemplo disso, seria uma criança com dificuldade na escola e que foi encaminhada para o oftalmologista, sendo
então diagnosticada com miopia. Depois que começa a usar lentes para a correção ela segue seu desenvolvimento
normal.

Vacinação
 Vacina atenuada: contém o vírus vivo ou a  Vacina inativada: contém pedaços do microrganismo
microbactéria, pode desencadear apenas a forma que será responsável por gerar uma resposta
branda ou simplesmente leva à um estímulo a produção imunológica sem gerar a doença. No entanto, possui
de anticorpos IgG. menos poder antigênico, necessitando de mais doses
 BCG para criar imunidade ou uso de adjuvantes (moléculas
 Tríplice viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola) que aumentam o poder da vacina, como o alumínio).
 Tetra viral (Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela) Além disso, são as vacinas mais seguras para os
 Pólio oral (VOP) imunodeprimidos.
 Varicela  Hepatite A e B
 Rotavírus  Pentavalente (DTP - + HiB + Hep.B)
 Febre Amarela  DTP (difteria, tétano e coqueluche)
 Pólio injetável (VIP)
 Pneumocócica
 Meningocócica | DT | Influenza | HPV | Antirrábica

Ao nascer: 6 meses:
 BCG (dose única)  3ª Pentavalente (DTP + Hib + Hep. B)
 Hepatite B  3ª VIP
2 meses: 9 meses:
 1ª Pentavalente (DTP + Hib + Hep. B)  1ª Febre Amarela
 1ª VIP
 1ª Pneumocócica 10 V
 1ª Rotavírus humano (VORGH)
3 meses: 12 meses:
 1ª Menigocócica C  Reforço Meningo C
 Reforço Pneumo 10 V
 Tríplice viral (SCR)
4 meses: 15 meses:
 2ª Pentavalente (DTP + Hib + Hep. B)  1º Reforço DTP
 2ª VIP  1º Reforço VOP
 2ª Pneumocócica 10 V  Hepatite A
 2ª Rotavírus humano (VORGH)  Tetra viral (SCRV)

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5 meses: 4 anos:
 2ª Menigocócica C  2º Reforço DTP
 2º Reforço VOP
 2ª Varicela
 2ª Febre Amarela

 Meninas:
 9-14 anos: HPV (duas doses com intervalo
de 6 meses)
 Meninos:
Adolescentes  11-14 anos: HPV (duas doses com intervalo
de 6 meses)
 11-14 anos: ACWY ou Meningocócica C (dose
única ou reforço)
 10-19 anos:
 Hepatite B
 Febre amarela
 Dupla adulto (Dt) – reforço a cada 10 anos
 Tríplice viral

 Campanha anual.
Influenza (Gripe)  6 meses a 5 anos – 2 doses na primo vacinação,
seguidas de dose única anual. Após esse
período, uma dose anual
 A partir de 3 anos.
 Esquema primário de 2 doses, com
Covid- 19 recomendação de dose de reforço, quadro meses
após a segunda dose, dependendo da idade e do
tipo de vacina utilizada.

Observações:
 BCG  não pode ser feita para crianças < 2 kg; RN de mãe bacilífera (faz 3 meses de isoniazida).
 Hepatite B  Mãe HBSAg + = vacina no RN (até 12h) + Imunoglobulina (até 7 dias)
 VORGH / Rotavírus  A idade mínima é 1 mês e 15 dias e a máxima para a última dose é de 7 meses e 29 dias,
tendo em vista que deve-se manter um intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
 PENTA  efeitos adversos, em geral, estão relacionados ao componente pertussis. Dessa forma, continua o
esquema com a DTPa.
 Febre amarela  tem que ter um intervalo de 1 mês para vacina da tríplice viral, então se tiver em atraso, se
atentar a isso.

Consulta do Adolescente
 Parte com a presença do responsável e parte somente com o médico. No entanto, é preciso lembrar de nunca fazer
uma consulta sozinho com o adolescente, é preciso ter outra pessoa que não seja da família presente, visto que essa
pode acabar inibindo.
 Acalmar e orientar os responsáveis quanto as fases de mudança.
 Acalmar, orientar e esclarecer dúvidas do adolescente.

ATENÇÃO!! Só é permitido contar aos pais situações de risco de vida para o adolescente ou outras pessoas.
Obs.: Sempre lembrar que o primeiro passo é encorajar o paciente a contar para os pais.

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 Qual a faixa etária que chamamos de adolescente? (Depende da referência)


 OMS  10-19 anos
 Ministério da Saúde  12-18 anos incompletos (= legislação brasileira)

 Modificações:
 Relações socioculturais  fase de reafirmação do adolescente como pessoa, com seus questionamentos e opiniões,
assim como atritos familiares.
 Corporal  passam por uma alteração hormonal em que vão crescer e desenvolver caracteres sexuais secundários,
além de começar a ter uma evolução hormonal.
 Sexualidade  fase complexa para definir isso. Busca-se uma sexualidade segura, sem riscos de problemas emocionais
ou de saúde, devido a evidência de IST’s.
 Percepção como indivíduo  deixa de ser um produto dos pais e começa a ter sua independência
 Puberdade  com o início das alterações corporais.
 Violência  fase em que eles estão mais expostos à violência.
 é comum aumentar durante a adolescência o índice de mortalidade por causas externas, principalmente,
no sexo masculino.

 É preciso que o médico que vai acompanha-los tenha a sensibilidade para entender todas as mudanças que os
adolescentes estão enfrentando.

 O que é puberdade?
 Período de transição (entre a infância e a adolescência) e transformação, amadurecimento de caracteres sexuais
específicos, crescimento e outras alterações físicas e biológicas. Além do entendimento individual de quem é, ou
seja, da percepção como indivíduo.

 Meninos: aumento do volume testicular (4ml)  entre 9-14 anos  fase G2 de Tanner.
 Dessa forma, é muito comum ao investigar uma puberdade precoce ou tardia, medir o volume testicular.

 Meninas: aparecimento do broto mamário (telarca)  entre 8-13 anos  fase M2 de Tanner.
 Início do desenvolvimento da glândula mamária, ou seja, uma elevação em relação ao restante do tórax.

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Obs.: é possível notar que os meninos têm um atraso em relação às meninas, o que é muito comum e está relacionado
com o amadurecimento emocional, físico e mental, além da preparação do organismo feminino para a reprodução.

Obs.: Sempre que falar “...2 (G2 ou M2)” está se referindo ao início da puberdade, a qual nos meninos é marcada pelo
aumento do volume testicular e nas meninas pela telarca.

Obs.: G3 e M3 cursam com estirão puberal. Logo, a puberdade se inicia nas fases G2 para os meninos e M2 para as
meninas e o pico de crescimento anual, ou seja, a fase de aceleração de crescimento só vai ocorrer quando a genitália
dos meninos estiver na fase G3 e mama das meninas na fase M3.

 Se o adolescente se sentir constrangido na primeira consulta e não quiser mostrar a genitália para o médico, o que
irá depender de confiança e bom vínculo médico-paciente, você pode pedir para ele apontar para as ilustrações
dos estágios de Tanner, como que eles acham que está a genitália e mama deles. Jamais deve examinar genitália
de adolescente sozinho, visto que isso pode gerar algum problema legal.

 Puberdade precoce:
 Seria o desenvolvimento da mama antes de 8 anos nas meninas.
 Seria o desenvolvimento do volume testicular antes de 9 anos nos meninos.
 Para confirmação dessa puberdade precoce, pode ser solicitado:
o Idade óssea  para avaliar se está avançada, visto que se isso ocorrer pode cursar com baixa estatura e
fechamento precoce das cartilagens.
o Avaliar uma TC de sela túrcica ou RNM de preferência  para excluir a presença de tumores de hipófise.
o Dosar LH basal após estimulação com GnRh (hormônio liberador de gonadotrofina)
o Avaliação oftalmológica de campimetria para descartar lesões de SNC que estão levando a esse quadro de
puberdade precoce. Esse seria um exame inicial e de fácil rastreio.
 Além de fazer a palpação de mama e testículo para diferenciar de presença de gordura, devido à obesidade.

 Puberdade tardia:
 Após 13 anos nas meninas.
 Após 14 anos nos meninos.
 Isso geralmente está relacionado à algumas doenças.
 Investigação laboratorial específica inicial:

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o Idade ósseas  na puberdade tardia é atrasada. Ex.: menina de 14 anos, mas com idade óssea de 10, o que
significa que ela ainda tem muita cartilagem para crescer e que ela ainda vai entrar na puberdade.
Obs.: Isso precisa ser explicado para que a família possa se tranquilizar.
o LH
o FSH Dosa eles para definir se existe risco para o desenvolvimento
o Testosterona de hipogonadismo hipogonadotrófico ou hipergonadotrófico.
o Estradiol

 Definições importantes:
 Adrenarca  ativação da medula adrenal para produção de andrógenos, precede a puberdade.
 Gonadarca  Ativação das gônadas pelo FSH e LH, que começa a estimular a puberdade.
 Pubarca  aparecimento de pelos pubianos, o que ocorre depois do início da puberdade.
 Menarca  primeira menstruação, que geralmente ocorre 2 anos após o início da puberdade.

Roteiro da consulta do adolescente:


 Com os responsáveis:
o Anamnese geral Sempre checar o calendário vacinal

 Sem os responsáveis:
o Complementar a anamnese com:
 Relacionamentos  como é com amigos, em grupo, se tem relacionamento afetivo ou não e se é
normal.
 Isso vai permitir a avaliação de espectro autista.
 Uso de drogas ilícitas e licitas  tem que abordar diretamente.
 Dieta/relação com o corpo/ Transtornos alimentares  história alimentar
 Exercícios físicos  pensar na vigorexia (realização de exercícios físicos em excesso para não
ganhar peso).
 Atividade sexual  saber se traz risco ao adolescente ou ao parceiro.
 Tendência a suicídio
 Depressão
 Outros transtornos da saúde mental
 Ocorrência de acidentes, submissão a violências  tem que fazer orientação, visto que a principal
causa de morte em adolescentes é por causas externas (evitar beber e dirigir, evitar consumo
excessivo de álcool, evitar se envolver em brigas).
 Tempo de exposição às telas digitais
 Evitar o hábito de mergulho, visto que são situações complexas. Ex.: o adolescente fala que vai
mergulhar do penhasco com o amigo, aí cai no banco de areia, quebra o pescoço e morre.

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1- Exame físico:
 Feito com ou sem os responsáveis, o adolescente escolhe.
 Medidas antropométricas
 Ectoscopia  observar a distribuição de pelos, visto que um hisurtismo por aumento de secreção de adrenocorticóide
e a acne, podem significar doenças, tais como ovário policístico nas meninas, como também um hiperaldesteronismo.
 Sinais vitais
 Cabeça e pescoço  observar tireoide (nódulos/ aumento ou diminuição)
 Tórax  Respiratório, Cardiovascular e mamas
 Abdominal
 Locomotor  análise cuidadosa da coluna vertebral, buscar desvios de eixo para que possam ser corrigidos.
 Geniturinário
 Neurológico

2- Acuidade visual e auditiva:


 É muito importante essa avaliação visto que a miopia é uma alteração que se desenvolver com o crescimento do
crânio e do globo ocular.
 25% dos adolescentes podem ter miopia e não saber que tem e, muitas vezes, o mal desempenho
escolar pode estar relacionado a isso.
 Avaliação visual na primeira consulta e a cada 2 anos se tudo estiver bem, caso contrário, essa avaliação deve ser
feita a cada 6 meses ou anualmente conforme a orientação do oftalmologista.
 Avaliação auditiva pelo menos 1x, visto que pode ter distúrbios, os quais podem ser desencadeados pelo uso de
fones de ouvido ou por escutar música em um volume muito alto, o que pode acarretar em danos irreversíveis do
aparelho auditivo.

3- Crescimento:
 Meninas atingem o pico 2 anos antes que os meninos  Geralmente as meninas atingem o pico de crescimento após
2 ou 3 anos da menarca e vão continuar crescendo, mas em menor velocidade e depois vão parar. Já os meninos, vão
continuar crescendo até os seus 18/19 anos.

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

 O adolescente geralmente tem um formato corporal estranho, visto que primeiro crescem os membros e depois ele
vai ter o crescimento axial.

 Ginecomastia:
 Faz parte do desenvolvimento torácico do homem e cerca de 50%
dos meninos vão apresentar isso.
 Isso pode ser transitório, ou seja, vai resolver e ficar normal.
 Tem regressão espontânea em 6-18 meses  dessa forma, se chega um adolescente no consultório com queixa de
ginecomastia, pode esperar por esse período para verificar se vai ter uma regressão de forma espontânea.
 Buscar causas associadas  medicamentos, álcool, maconha, hipertireoidismo, hipogonadismo, insuficiência renal ou
hepática (relacionados à ginecomastia patológica nos pacientes).
 Não vai operar, mas sim retirar os fatores desencadeantes e, com isso, o paciente tende a melhorar.

 Hipogonadismo X Obesidade:
o A mama histologicamente é coberta por pele e glândula e, por conta disso, é muito comum pacientes
obesos terem aumento de gordura e, conforme eles vão emagrecendo, a ginecomastia melhora sem
precisar de cirurgia.
o A única coisa que é necessário prestar atenção é se há desenvolvimento de glândula.
o Se na palpação for possível sentir algo mais rígido do que apenas a gordura, aí tem que saber que isso não
vai regredir sozinho.

Possível
ginecomastia

 Exame físico da Mama:


 Esse exame serve para:
 Diferenciar gordura e glândula;
 Avaliação de densidade mamária;
 Presença de nódulos
Obs.: Mulheres jovens que tem câncer de mama, é porque possuem fatores hereditários, genéticos,
principalmente com a presença do gene BR4.
 Como realizar?
o Inicialmente o exame é feito com o paciente sentado: braços abaixados  levantados  mãos na cintura
 palpação axilar  deitada.
o A palpação é feita sempre no sentido horário, em todos os quadrantes mamários e de fora para dentro em
movimento circulares.
o É preciso avaliar a simetria das mamas e aréolas
o É importante fazer a palpação axilar, por conta de elevada frequência de alterações nessa região.

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 Ginecologia: é muito comum ter ciclos anovulatórios nos primeiros ciclos menstruais, em que se pode ter:
 Atraso menstrual  ciclos anovulatórios que levam à ciclos longos. Ex.: ciclo de 30 dias ou 35 dias e não de 28 dias que
seria o adequado.
 Isso pode perdurar por 2 anos e após esse período pode regularizar.
 Normal 1-2 anos após menarca.
 Excluir outros fatores para irregularidade dos ciclos.
 Dismenorreia  dor forte à menstruação, tem que investigar. Pode ser:
 Primária  apenas uma cólica menstrual; só colocar uma compressa de água morna e tomar um
analgésico que melhora.
 Endometriose
 Doença inflamatória pélvica  normalmente causada por agentes transmitidos sexualmente, mesmo que
bacterianos.
 Amenorreia primária  se não ocorrer menarca até 16 anos.
 Tem que se atentar ao fato de que se não houver sinais sexuais secundários até 16 anos e não tiver
menstruado, é obrigatório a investigação de doenças genéticas, tais como síndrome de Turner e outras
que vão levar a esse atraso e à infertilidade.
 Mas se tiver esses sinais, tem que investigar o que pode estar ocorrendo no mecanismo de menarca, sendo
importante a dosagem hormonal dentre outros exames. Nesse caso não precisa esperar o especialista, já
pode pedir os exames e marcar uma consulta para avaliação.
Obs.: Todos os distúrbios pediátricos têm que ser acompanhados, mesmo que a criança seja encaminhada ao
especialista.
 Amenorreia secundária  menstrua, mas passa mais de 3 meses consecutivos sem menstruar.
 Se não for gestação, considera apenas ciclos anovulatórios, os quais são normais no primeiro ano após a
menarca.

 Exames complementares?
 Guiados pela clínica:
o USG pélvico  só se tiver indicação
o USG testicular  possível alteração de volume; hidrocele.
o Exames laboratoriais gerais
o LH basal e após estimulação com GnRh (hormônio liberador de gonadotrofina)
o Hemograma completo
o Parasitológico de fezes
o Hepatograma
o Função renal
o Colesterol e triglicerídeos  importantes na adolescência, tendo em vista que muitos tem alterações e/ ou
distúrbios alimentares o que pode levar à doenças cardiovasculares no fim da adolescência ou início de vida
adulta.
o Sorologias para rastreio de DST  se já iniciou ou se pretende iniciar a vida sexual.

 Intervalos das consultas para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento puberal, conforme a fase em que
o paciente se encontra:
 Início da puberdade  3 em 3 meses.
 Aceleração  4 em 4 meses.
 Desaceleração  uma vez ao ano até finalizar o crescimento.

REANIMAÇÃO NEONATAL
 Golden Minute  os minutos logo antes, durante e após o nascimento determinam a vida e a morte dos recém
nascidos pré-termos e para os que vivem a qualidade da vida futura.
Causas Medidas
 Prematuridade  Capacitar pessoas para atender em sala de parto
 Infecção  Presença do pediatra é obrigatória
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 Asfixia em sala de parto


 Anamnese materna: detectar condições que elevam o Equipe
risco de uma transição cardiorrespiratória ser  1 profissional capacitado para cada RN (em caso de
inadequada. gestação múltipla)
 Hipertensa? Obrigatório ter um pediatra na sala de parto.
 Diabética?
 ITU?
 Trabalho de parto?
Preparo do material
Regulação da temperatura:manter normotermia (23-26°C) Avaliar RN esteto e oxímetro (no MMSS direito- pois é
 Situação de hipóxia : desligar o ar condicionado da antes do ducto arterioso, permitindo melhor avaliação da
sala oxigenação cerebral);
 Berço  unidade de calor radiante Aspirar via aérea  sonda 6/8/10 (depende do tamanho
 Campos cirúrgicos da criança);
 Compressas Ventilar - VPP  balão auto-inflável, ventilador manual
 Quando prematuro precisa de toquinha e saco em T; máscaras de tamanho 0 e 1. Fonte de ar comprimido
plástico e de O2.
Material de intubação  laringoscópio, lâminas retas (00,
0 e 1); tubos (2,5 a 4 e sem cuff).
Material para uso de drogas  seringa; adrenalina; soro
fisiológico.
Cateterismo umbilical  gases; cateter umbilical.
Partes do ambu:

Reanimação Neonatal:
 Avaliar RN
 Aspirar vias aéreas
 Ventilar com pressão positiva
 Intubar a traqueia
 Ministrar medicações
 Cateterizar a veia umbilical

Obs.: A cada passo da reanimação é preciso verificar o PADRÃO RESPIRATÓRIO e a FC.


Obs.: A FC cardíaca pode ser avaliada das seguintes formas: palpação do cordão umbilical ou ausculta do precórdio
(avalia-se por 6 segundos e multiplica por 10 = FC em 60s); pelo monitor cardíaco ou oximetria de pulso (sempre
colocar o oxímetro no MMSS direito, tendo em vista que os vasos são antes do ducto arterial e, por conta, disso,
refletem a oxigenação cerebral).

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Ana Carolina Rodrigues – MED 100 Pediatria

ABC da reanimação:
A- Manter a via aérea pérvia por meio de posicionamento adequado, aspiração
B- Garantira a ventilação por meio de ventilação com pressão positiva
C- Manter a circulação com massagem cardíaca e medicação

Clampeamento de cordão:
 RN com boa vitalidade (chorando/ respirando; tônus em flexão): 1-3 min
 RN pré-termo (<34 semanas) com boa vitalidade: > 30s (30-60s)
 RN que precisa de reanimação: imediato
 Se após clampear o cordão...
1- RN 34-36 sem (pré-termo) ou
2- RN> 42 sem (pós termo) ou
3- Respiração irregular ou apneia ou
4- Hipotonia

 Passos iniciais (em 30 s) deve-se seguir a sequência: ****


o Prover calor
o Posicionar a cabeça em leve extensão
o Aspirar boca e narina se necessário
o Secar e desprezar campos úmidos
o Reposicionar a cabeça
 Se após fazer os passos iniciais, a criança tem respiração irregular, apneia, ou FC < 100  VPP ***
 Feito por 30s.
 Sinais de VPP efetiva = aumento da FC, melhora do tônus e início da respiração regular.
 Se depois de 30 s, ela não respondeu (FC < 100 e sem resp. espontânea):
o corrige a técnica
o se a FC subiu, mas não manteve a respiração  prolonga a VPP por mais 2/ 3min
 fez tudo isso e não resolveu  intuba.
 Indicação de intubação:
 Ventilação com máscara não efetiva ou prolongada (ventilou, subiu a FC, mas a criança não assumiu a respiração,
continuo ventilando por 2/3 min, se não respirar, intuba)
 Criança com mecônio deprimida
 Hérnia diafragmática
 Necessidade de massagem cardíaca 

Obs.: O laringoscópio usado para IOT de RN é de lâmina reta.


Obs.: Lembrar se pegar sempre o laringo com a MÃO ESQUERDA!!!

 Como escolher o diâmetro da cânula traqueal?


 Quanto mais estreia maior é a resistência da ventilação. Nós baseamos muito no peso para avaliar o diâmetro
adequado. Não pesa na sala de parto, faz uma estimativa e pode usar a idade gestacional também. < 1 kg é 2,5,
de 1 a 2 kg é tubo 3, de 2 a 3 kg é 3,5 e maior que 3 kg é tubo 3,5 ,4.

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Obs.: RN não usa tubo com Cuff pelo risco de lesão.

 Medida de profundidade do tubo:


 Peso + 6  Ex.: Criança com 1kg, insere o tubo até a marca 7.
 O intuito é o tubo não entrar tanto e tornar um pulmão seletivo, visto que se isso acontecer, o pulmão em que o
tubo estiver inserido vai hiperinsuflar, podendo fazer um pneumotórax e o outro (sem o tubo), pode atelectasiar.
 Após inserir o tubo, devemos segurar ele na comissura labial e não solta até alguém fazer uma fixação.
 Por último, faz-se uma ausculta para verificar a eficácia do procedimento. Contudo, caso o tubo esteja seletivo, o
MV estará mais audível em um lado.
 Indicação de massagem cardíaca?
 Feita abaixo da linha intermamilar e acima do apêndice xifoide
 Quem estava ventilando passa para a lateral e quem vai massagear fica posicionado atrás da cabeça da criança.
 Quem massageia “canta” a ordem de: “é1- é 2 - é3  ventila (aperta – solta- solta)”
 Segue isso por 60 s.
 Se vê que está dando certo, continua a massagem, mas se ela estiver menor do que o que estava aí passa para
administração de drogas.

Obs.: sempre que estiver adiantando continua no passo que você está fazendo, caso contrário vai para o próximo passo.

Complicações da intubação traqueal Complicações da massagem


 Hipóxia  Fratura de costela com pneumotórax e homotórax
 Apnéia e/ ou bradicardia e laceração de fígado
 Pneumotórax  Hematoma
 Lesões de partes moles, esôfago ou traqueia
 Infecções
 Administração de droga:
 dilui adrenalina de 1:10 - para evitar complicações como necrose.
 0,1-0,3 ml de adrenalina /kg  na veia.
 Pega a seringa de 1ml (seringa de insulina), com ela dá para fazer a infusão certa.
 Pode ser feita no tubo, apenas uma vez, enquanto faz um cateterismo vesical. A dose feita no tubo: 0,5 a 1ml/kg.
 Pode fazer 1 rodada oral + 3 venosas+ soro fisiológico - mais do q isso você para.

Ob.: 5 min entre a administração de uma dose de adrenalina e outra.

 Cateterismo vesical:
 pega uma gaze e amarra na base do coto umbilical.
 Corta o cordão 2 dedos acima com o bisturi
 Passa o cateter de 4 na veia umbilical; introduzindo um palmo;
 Aspira para ver se veio sangue. Se sim, isso indica que o você está no lugar certo e infunde a adrenalina.

 Se não der certo, pode fazer o soro fisiológico:


 pega seringa de 20ml faz 10ml/kg

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 Tenta uma expansão volêmica no final, depois dos 3 ciclos com a adrenalina.
Obs.: É feito uma vez só, é o "último grito"

Distúrbios Respiratórios do RN
EXAME FÍSICO:
 Tiragem  sinal de esforço inspiratório
 Batimento de asa do nariz
 Gemidos  quando o RN expira contra a glote parcialmente fechada.
 Estridores  esforço inspiratório ouvido quando há obstrução parcial da traqueia e/ ou laringe
 Cianose
 Palidez
 Relutância em se alimentar associada com desconforto respiratório
 Alterações do nível de consciência  pode ser devido à hipóxia, que causa irritabilidade, inquietação e
convulsão.

Doença causa Clínica Tratamento Prevenção


Doença da Deficiência ou má - prematuros - estabilização inicial - evitar cesárea
Membrana qualidade do - ↑ do trab. Resp. após - uso de surfactante desnecessária
Hialina / SDR surfactante em o nascimento exógeno - uso de corticoide
prematuros - piora nas 1ªs 24h materno em risco de
=> Raio x: vidro moído+ prematuridade
broncograma aéreo +
edema

Taquipneia Acúmulo de líquido - prematuro limítrofe Suporte


transitória do RN pulmonar - FR: 60-120 irpm
- início nas 1ªs horas
- dura 2 – dias

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- evolui bem
=> Raio x: congestão
peri-hilar,
espessamento de
cisuras.
Síndrome de Asfixia por obstrução - a termo ou pós termo Estabilização inicial e
Aspiração de vias aéreas por - é estéril, mas quando monitorização
Meconial aspiração de líquido entra no pulmão acaba contínuo
meconial fazendo pneumonite
química

Hipertensivo Não Hipertensivo Pneumomediastismo Pneumopericárdio


- é a persistência do - assintomático ou com - pega toda a área - só pega área do
aumento da pressão manifestações cardíaca, inclusive o coração levando a uma
arterial pulmonar respiratórias leves tronco pulmonar hipertransparência ao
Síndrome de - deterioração clínica - ↓ MV e tórax - Hipertransparência redor
Escape de Ar – abrupta hipertimpânico ao redor da silhueta. Ar na borda inferior
Pneumotórax - desconforto - observar, raio x - sinal da vela ou asa - É grave também, faz
respiratório seriados; muitas vezes de morcego uma compressão do
- cianose reabsorve sozinho - drenar coração e dos vasos
- sinais de colapso sanguíneos
cardiovascular - se precisar faz
- tem que drenar drenagem

Icterícia
 O RN vem de um ambiente hipóxico, com hematócrito mais alto que a Hb fetal. Quando ele é apresentado ao meio
externo, à uma concentração de O2 de 21%, começa a produzir muito radical livre gerando um grande estresse
oxidativo. No entanto, o RN é pobre em antioxidantes endógenos (vit E, enzimas), que antagonizariam isso e, por
conta disso, como a bilirrubina tem ação antioxidante, ele a usa como mecanismo de defesa. Dessa forma, a alteração
de bilirrubina encontrada laboratorialmente no RN é a defesa dele contra a lesão oxidativa dos radicais livres. Ao
nascer, o corpo mantém essa Bilirrubina aumentada como proteção.
 Níveis elevados de bilirrubina indireta (BI) são potencialmente neurotóxicos. Já a hiperbilirrubinemia direta (BD)
indica distúrbios hepáticos e doenças sistêmicas potencialmente graves.

 Manifestações clínicas:
 A icterícia pode estar presente no nascimento ou surgir em qualquer momento do período neonatal, dependendo
da etiologia.
 A icterícia clinicamente aparente em crianças e adultos ocorre quando a concentração de bilirrubina chega a 2-
3mg/dl. No entanto, o neonato pode não aparecer ictérico até que os níveis sejam maiores que 5mg/dl (torna-se
visível em escleróticas e pele).
 Fatores de Risco:
 Idade materna > 25 anos
 Idade gestacional entre 35-37 semanas
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 História de fototerapia em RN anterior


 Presença de coleção sanguínea (Cefalohematoma)
 Asiáticos
 Sexo masculino
 Filho de mãe diabética (FMD)
 Amamentação exclusiva em especial com dificuldades

 Classificação – Zonas de Krammer:

 Icterícia Fisiológica x Icterícia fisiológica:

Icterícia fisiológica Icterícia patológica


 Início após 24h de vida  Nas 1ªs 24h de vida
 Visível no 2º - 3º dia  BT superior ao P95 do normograma de Bhutani
 Pico entre 3º -4º dias de vida  Aumento de BT superior a 0,2mg/dl/h
 Desaparece em torno de 10 – 14 dias  Acima de 0,5mg/dl/h = hemólise grave
 Motivo: aumento da produção de bilirrubina por  Icterícia no RN por + de 14 dias
destruição de hemácias fetais, combinado à  Se BD > 20% da BT normal = Colestase
limitação transitória do fígado neonatal imaturo  Motivo:↑ da carga a ser metab. pelo fígado; ↓ da
em conjugar a bilirrubina. atividade de conjugação; redução ou alteração da
 Tratamento: fototerapia excreção da bilirrubina.
 Não pode mandar a criança para casa com risco de  Fatores de Risco: raça asiática, prematuridade,
hiperbilirrubinemia significativa. aleitamento materno ou perda de peso.

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Icterícia X leite materno


 Icterícia pela “falta” ou falha do aleitamento materno (PRECOCE)
 Baixa ingestão calórica
 Menor frequência de mamadas
 Bebê preguiçoso (má técnica), Retardo na eliminação do mecônio
 Perda de peso exagerada nos 1ºs dias (> 10%)

 Síndrome da Icterícia pelo Leite Materno (TARDIA)


 20-30%20 a 30% de todos RN em AM
 2 a 4% - BI > 10mg/dl com 3 semanas de vida, podendo chegar a 20-30 mg/dl
 Cai lentamente em 2-3m
 Saudáveis e bom ganho ponderal
 Um fator no leite (aumenta a B- glucuronidase)

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Punção Intraóssea
 Indicação do acesso ósseo:
 Indicado em qualquer situação clínica nas quais o acesso vascular é urgentemente necessário, mas não
imediatamente disponível por meio de uma veia periférica, seja em adultos, crianças, bebês ou em recém-nascidos.
 É provisório e pode ser mantido por até 72-96 horas.
 A agulha é removida logo que esteja disponível outro meio de acesso vascular (tanto periférico como central),
idealmente dentro de 6 a 12 horas.

 Locais de inserção:
 tíbia proximal
 tíbia distal (acima do maléolo medial)
 fêmur distal

 Dispositivos para acesso intraósseo:


 Manuais

 Automáticos:
➢ Os dispositivos de inserção automática possuem regulação para determinar a profundidade da inserção da agulha,
além de tamanhos diferentes, de acordo com o peso do paciente. São divididos em 2 tipos:
1- Agulhas impulsionadas por impacto: sistema no qual a agulha é impulsionada por mola – FAST1 (First Access for
Shock andTrauma) e o B.I.G. (Bone Injection Gun)
2- Agulhas motorizadas: sistema no qual a agulha penetra no osso por um sistema de alta rotação – EZ-IO®
Intraosseous Vascular Access System.

 Cuidados:
 Escolha o tipo de dispositivo, o tamanho adequado da agulha e considere se pode ser utilizado em crianças.
 Realizar a antissepsia do local antes do procedimento.
 Em paciente conscientes, com percepção dolorosa, sugere-se a analgesia local, com infusão de lidocaína sem
vasoconstrictor a 2%, 0,5 mg/kg para < 40Kg e 20-40mg (1-2ml) para os > 40kg.
 Nos casos de parada cardiorrespiratória, inconscientes e não responsivos à dor, não há necessidade da analgesia.

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 Após uma tentativa sem sucesso em um sítio, deve-se trocar o local para a próxima tentativa de punção.

 Contraindicações:
 Fratura ipsilateral da extremidade, pelo risco de extravasamento e síndrome compartimental.
 Colocação ou tentativa anterior de colocação no mesmo membro ou sitio, devido ao extravasamento que ocorre no
local da punção anterior.
 Osteogênese imperfeita e osteopetrose pelo risco de fratura.
 Infecção no local da punção.

 Complicações:
 Extravasamento
 Fratura
 Infecção: celulite, abscesso e osteomielite
 Síndrome compartimental
 Embolia
 Necrose tecidual

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