Você está na página 1de 9

ETAPAS DA INFANCIA:

• Recém-nascido (de zero a 28 dias de vida)


• lactente (de 29 dias de vida a 2 anos de idade)
• Pré-escolar (dos 2 aos 7 anos de idade)
• Escolar (dos 7 aos 10 anos de idade)
• Adolescente (dos 10 aos 20 anos de idade)

ANAMNESE:
Avaliação clínica do recém-nascido

IDENTIFICAÇAO: Inicia-se a avaliação pela identificação com o nome, sexo, idade, etnia,
naturalidade (nesta faixa etária, geralmente coincide com a procedência), filiação, endereço.

QUEIXA PRINCIPAL e HDA: informadas pelo responsável, de acordo com sua capacidade
de observação e de percepção do que está ocorrendo com a criança. O médico deve estar
atento ao fato de que, muitas vezes, a queixa dos responsáveis pode induzir a um falso
diagnóstico, como no caso da mãe que se queixa que o RN está com dor pelo fato de o
bebê estar chorando. Observa-se, porém, que ao ser amamentado, fica saciado e dorme,
findando seu choro. Assim, conclui-se que a queixa de "dor" não procedia. Na verdade o RN
estava faminto!

HDA: Detalhes sobre todos os sintomas, sinais e tratamentos aplicados com a ordem
cronológica. Para as crianças doentes é importante perguntar até quando estava sadia. Se
a criança está fazendo uso de medicamentos, deve-se anotar a causa, a
duração, a posologia e a resposta.

INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO:
- Geral: Informar-se sobre o sono do RN: se dorme bem (especificar quantas horas ao
dia- as horas de sono diárias diminuem de aproximadamente 16,5 h de sono/dia na
primeira semana de vida para cerca de 15,5 h de sono/dia ao final do primeiro mês
de vida); questionar se há irritabilidade, prostração ou dificuldade para amamentar.
- Sistema tegumentar: Pápulas, manchas, placas, descamações, alterações da cor da
pele (icterícia, por exemplo).
- Sistema cardiovascular: Dispneia ao amamentar, edema, cianose.
- Sistema respiratório: Congestão nasal, coriza, tosse, cianose, esforço respiratório,
roncos, sibilos.
- Sistema gastrintestinal: Ritmo intestinal, características das fezes, vômitos.
- Sistema geniturinário: Número de micções (estimular cuidador a observar quantas
fraldas o RN molha por dia), características da urina (cor, odor, quantidade). No caso
do sexo masculino, questionar se o jato urinário é forte e se ocorre projeção a longa
distância ou se é fraco e curto (possibilidade de válvula de uretra posterior).

ANTECEDENTES FISIOLÓGICOS:
- História pré-natal: Perguntar sobre saúde materna na gestação, especialmente
sobre sangramento, infecções, toxemia, outras doenças, uso de medicamentos,
exposição a animais, uso de drogas, álcool, fumo, resultados de sorologias, tipagem
sanguínea e outras intercorrências, além de outros exames ou amniocentese. Saber
se fez pré-natal com quantas consultas; se houve ganho excessivo ou insuficiente
durante a gravidez. Número de gestações prévias, abortos, natimortos.
- História do nascimento: Duração da gestação, tipo e duração do parto, utilização de
anestesia ou analgesia. Peso ao nascer. História neonatal: Perguntar se houve
cianose ou desconforto respiratório ao nascer, escores do Apgar, manobras de
ressuscitação, se a criança necessitou de cuidados ou qualquer intervenção, se
apresentou icterícia, convulsão, infecção, anomalia congênita ou qualquer
anormalidade.
- História alimentar: anotar se a criança foi ou é alimentada exclusivamente com leite
materno e até quando; se usa leite artificial ou outro tipo de alimentação,
mamadeira; se suga de modo adequado, qual o tipo de fórmula e como é preparada;
perguntar a dieta em 24 h como é feita. Perguntar sobre necessidade de
alimentação complementar e se há relacionados com a alimentação, a presença de
vômitos, regurgitação, desconforto respiratório, evacuação ou outros sintomas.
Anotar a época da introdução de outros alimentos, alimentos sólidos, vitaminas ou
suplementos alimentares. Em todas as faixas etárias detalhar se há problemas
alimentares.
- História do desenvolvimento: Deve-se ter o peso e a altura ao nascer, aos 6 meses,
1 ano, 2 anos, 5 anos e 10 anos pelo menos. Qualquer perda ou ganho deve ser
anotado para avaliar a relação com doença orgânica ou psicossocial. Deve-se
comparar com os dados dos pais e irmãos. Devem ser anotadas as idades em que o
pacientes começou a seguir as pessoas com o olhar, manteve o pescoço ereto,
sorriu em resposta, segurou e transferiu objetos das mãos, começou a andar e falar
palavras e frases. A erupção dentária deve ser perguntada, assim como a idade em
que começou a se vestir, tomar banho só, andar de bicicleta e como é o
desempenho escolar. Devem ser perguntados quando foram adquiridos os controles
de diurese e dejeção.

ANTECEDENTES PATOLÓGICOS:
questionar sobre doenças prévias, internações, medicações, cirurgias.

ANTECEDENTES FAMILIARES:

CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS: Detalhes sobre número de pessoas que habitam na


mesma casa; estado civil dos pais, presença de doméstica, atividade profissional dos pais,
se há problemas escolares.

VACINAS
https://saude.es.gov.br/Media/sesa/Vacina%C3%A7%C3%A3o/Calend%C3%A1rio
%20Nacional%20de%20Vacina%C3%A7%C3%A3o%20-%202022.pdf

Avaliação do lactente ao escolar

Para avaliação dos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), a abordagem


começa com uma pergunta geral, como: "O que ele está fazendo atualmente?': A partir
dessa pergunta, comparam -se as respostas obtidas a uma escala de padrões de
desenvolvimento. O Ministério da Saúde disponibilizou, em 2002, uma ferramenta de
avaliação do DNPM. (porto página 169)

EXAME FISICO

Exame físico geral da criança:


● Impressão geral do paciente (BEG/REG/MEG);
● (Criança ativa ou reativa, hipoativa, hiporreativa); coloração de mucosas;
● Grau de hidratação- Olhos, lágrimas, boc, sinal de prega, fontanelas;
● Cor: Normocorada ou hipocorada/ Anictérica ou Ictérica/ Acianótica ou Cianótica
(identificar as zonas no RN - ZONA DE KRAMER);
● Nível de consciência e atividade.
● Fácies: Descrever o tipo de expressão facial (exemplo: fácies de sofrimento ou
medo) ou a presença de fácies típicas de determinadas doenças (exemplo:
Síndrome de Down).
Sinais vitais:
 Temperatura;
 Pulsos em membros superiores e inferiores: A medida da frequência de pulso na
criança é feita por um dos seguintes métodos: (a) Palpação dos pulsos periféricos
(femoral, radial e carotídeo); (b) Ausculta cardíaca direta; (c) Observação da
pulsação das fontanelas

 Ritmo respiratório: além da frequência, a amplitude e a facilidade ou dificuldade dos


movimentos respiratórios. Alguns métodos úteis: (a) Observação das incursões
abdominais (principalmente no início da infância, quando predomina a respiração
diafragmática e a incursão torácica é mínima); (b) Ausculta do tórax; (c) Colocação
do estetoscópio diante da boca e das narinas; (d) Observação direta ou palpação do
movimento torácico, nas crianças maiores.

 Pressão arterial: A pressão arterial deve ser medida rotineiramente a partir dos três
anos de idade, na criança assintomática. Também medí-la em crianças sintomáticas,
no atendimento de emergência, ou em situações sugestivas de hipertensão na
infância (sopro abdominal, coarctação da aorta, neurofibromatose, etc),

Antropometria: Comprimento; peso; perímetros cefálico, torácico e abdominal.


 Altura:
 Peso: Os bebês são pesados em balança infantil, despidos. Crianças de um a três
anos frequentemente têm medo do procedimento, podendo ser necessária a
aferição indireta (pesar a mãe com a criança no colo e subtrair o peso)
 Circunferência craniana: Deve ser medida regularmente durante os dois primeiros
anos (após, medir a cada dois anos e em todos os exames iniciais em qualquer
idade). Usar fita métrica de boa qualidade, não distensível, passando-a sobre a
glabela e a protuberância occipital.
 Avaliação nutricional.

Cabeça: Avaliação de fácies e crânio; simetria, medir fontanelas; avaliar adenomegalias ou


massas; forma e implantação das orelhas; cavidade oral: dentição (dentes neonatais),
palato e amígdalas. Avaliar se aface lembra alguma síndrome.
Olhos: Devem-se testar objetos coloridos com a criança pequena e usar os cartões escritos
para as crianças maiores. Avaliar estrabismo, movimentos oculares, ptose, epicanto,
conjuntivas, esclera, córnea, pupilas (tamanho e forma), cor da íris, resposta à luz e exame
de fundo de olho (hemorragias, áreas pigmentadas, catarata, mácula, reflexo corneano).

Pescoço: Avaliar se há cistos, fístulas, torcicolo congênito ou anormalidades da tireoide,


devendo-se fazer a palpação da glândula de modo sistemático a partir da idade escolar.
LINFONODOS: Inspeção e palpação de gânglios cervicais, submandibulares e
retroauriculares. Descrever características: tamanho, consistência, dor, mobilidade,
aderência.
RIGIDEZ DE NUCA: Flexionar a cabeça da criança ou pedir que ela encoste o queixo ao
peito.

Pele: cor, turgor, tipo de lesões, condições da pele, unhas e cabelo. Avaliar se há cianose,
palidez, icterícia, edema, desidratação, exantema e outras alterações.

Olhos: Devem-se testar objetos coloridos com a criança pequena e usar os cartões escritos
para as crianças maiores. Avaliar estrabismo, movimentos oculares, ptose, epicanto,
conjuntivas, esclera, córnea, pupilas (tamanho e forma), cor da íris, resposta à luz e exame
de fundo de olho (hemorragias, áreas pigmentadas, catarata, mácula, reflexo corneano).

Ouvidos: : Posição e deformidades do ouvido externo, implantação, avaliação da acuidade


auditiva, otoscopia (canal, membrana timpânica, alterações presentes, movimentação).

Boca e garganta: Pela resistência da criança, pode-se postergar este exame para o final.
Avaliar, lábios, mucosa, gengivas, dentes, palato, língua, amígadalas, e faringe posterior.
Verificar se há exsudato, , reflexo de deglutição, voz, choro; Avaliar obstrução respiratória.

Aparelho cardiovascular: Forma e simetria do tórax; avaliação do ictus; palpação de


frêmitos e ausculta cardíaca; pulsos e pressão arterial nos quatro membros (diagnóstico de
coartação da aorta). Além do pulso, ritmo, tensão arterial, observar a forma, a qualidade do
som e a altura do pulso, além da presença de sopros, caracterizando-os detalhadamente,
impulsão paraesternal ou precordial, localizar o pré-córdio, avaliar o tamanho da área
cardíaca. Percutir e palpar a área cardíaca; auscultar o paciente na posição sentado e na
posição supina, seguindo a seguinte ordem: área mitral, área tricúspide, área pulmonar e
área aórtica; em seguida na axila, resto do precórdio, nas costas e no pescoço. Identificar
sopros sistólicos e distólicos, caracterizando-os. Pulso venoso, pulsos centrais e periféricos.

Aparelho respiratório: Expansibilidade torácica; percussão; tiragens; batimento de asa do


nariz; balancim toracoabdominal no RN; ausculta respiratória.

Abdome: Avaliação da forma e tensão; coto umbilical ou cicatriz umbilical; hérnia umbilical;
palpação de vísceras, lojas renais (o tumor de Wilrns pode ser identificado na primeira
consulta); peristaltismo e sopros; ascite. (Inspeção, ausculta, percussão e palpação)

Genitália: Caracterizar o estágio de desenvolvimento puberal em que a criança se encontra


através dos pelos pubianos, tamanho das mamas e aumento da velocidade do crescimento.
Não esquecer do cuidado com este exame em adolescentes. Fazer inspeção da genitália
avaliando se há descarga uretral. Na menina avaliar a presença de sangramento vaginal,
corpo estranho, fusão de pequenos lábios, hímen perfurado, descarga vaginal, dor na
região baixa do abdomen e avaliação do tamanho do útero; este exame deve ser acoplado
com o toque retal. Nas adolescentes com vida sexual ativa, deve-se fazer exame vaginal
completo. Nos meninos deve-se observar reflexo cremasteriano, toda região escrotal, jato
urinário e afastar a presença de hidroceles, hérnias, além da apalpação sistemática dos
testículos.

Exame neurológico: Avaliação dos reflexos primitivos no RN (Moro, preensão palmar e


plantar, cutaneoplantar, tônico-cervical); reflexos tendinosos; hipotonias, hipertonias,
movimentos anormais; sinais meníngeos (principalmente abaulamento de fontanela, rigidez
de nuca e Brudzinski).
Genitais: Genitália típica masculina ou feminina; fimose; epispadia ou hipospadia; palpação
dos testículos (criptorquidia, testículo retrátil); sinequia de pequenos lábios; sinais de
virilização (hipertrofia de clitóris)
Membros: Simetria; edemas; malformações; Barlow e Ortolani.
Atitude /Condição higiênica/ Estado nutricional

EXAMES NEONATAIS

Teste do Pezinho: que permite identificar doenças graves que não apresentam sintomas
no nascimento e, se não forem tratadas cedo, podem causar sérios danos à saúde,
inclusive retardo mental grave e irreversível, bem como a morte
O momento ideal para a coleta do Teste do Pezinho é entre o 3º e o 5º dia de vida, nunca
antes de 48 horas de amamentação e nunca superior a 30 dias.
Uma pequena punção do calcanhar do bebê é feita utilizando agulhas e luvas descartáveis,
e o sangue é adsorvido em papel-filtro, que deverá permanecer em temperatura ambiente
até a completa secagem do sangue (duas horas), e depois deve ser encaminhado ao
laboratório.
Para que uma doença seja incluída em testes de triagem neonatal, ela deve apresentar
algumas características:
– Não apresentar manifestações clínicas detectáveis precocemente.
– O teste deve ter elevada sensibilidade e especificidade, reduzindo os achados de falsos-
positivos e falso-negativos.
– A introdução do teste deve reduzir a morbidade e mortalidade da doença, refletindo bom
custo-benefício.
– O teste deverá ser de fácil execução.Triagem Neonatal Biológica (Teste do Pezinho)
– objetiva realizar o rastreio das seguintes doenças:

•Fenilcetonúria (5/100.000): através da medida da fenilalanina no sangue do papel-filtro.

•Hipotireoidismo congênito (52/100.000): através da medida do TSH ou T4 e TSH.

•Doença falciforme e outras hemoglobinopatias (26/100.000): através de eletroforese de


hemoglobina por Focalização Isoelétrica (FIE) ou Cromatografia Líquida de Alta Resolução.

•Fibrose cística (30/100.000): através da medida de tripsina imunorreativa em sangue do


papel-filtro.

•Hiperplasia adrenal congênita (5/100.000): através da dosagem da 17-OH-progesterona no


sangue do papel-filtro.

•Deficiência de biotinidase: através da dosagem da atividade da enzima biotinidase no


sangue do papel-filtro

Teste da Orelhinha.
O deficit auditivo apresenta-se como um problema de grande impacto na saúde infantil,
principalmente no que concerne à elevada incidência desta afecção (5/1.000 nascidos
vivos). Cerca de 50% das perdas auditivas são decorrentes de causas genéticas, e 70%
destas são do tipo não sindrômico, isto é, não identificáveis ao exame morfológico. Existem
também determinados fatores perinatais que aumentam o risco de perda auditiva, tais
como:
● Asfixia (APGAR < 6 no quinto minuto).
● História familiar de surdez congênita.
● Infecção TORCHS.
● Hiperbilirrubinemia (> 15 mg/dl no a termo, e > 12 mg/dl no pré-termo).
● Sepse/meningite.
● Hemorragia intraventricular.
● Convulsões.
● Anomalias craniofaciais.
● Espinha bífida.
● Cromossomopatias.
● Drogas ototóxicas.
● Peso nascimento < 1.500 g.
● Ventilação mecânica > 5 dias.
A intensidade da fala humana situa-se entre 40-80 decibéis, e já considera-se déficit auditivo quando
há perdas ≥ 35 dB. Pode-se dividir a gravidade da deficiência auditiva em:
● Leve: > 26 dB. – Moderada: > 40 dB.
● Moderada/Grave: > 55 dB.
● Grave: > 70 dB.
● Grave/Profunda: > 90 dB.
O déficit auditivo, quando não corrigido, acarreta grande prejuízo na aquisição da
linguagem, comunicação e desenvolvimento cognitivo das crianças, pois a detecção e início
de tratamento para a perda auditiva, quando tardios, ultrapassam o momento ideal para
intervenção
Existem dois métodos de triagem:
1. Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA): é feito com o sono natural do bebê, colocando-
se um fone externo ao seu ouvido; consiste na emissão de um estímulo sonoro e na
captação do seu retorno (eco), sendo registrado no computador e confeccionado um
gráfico. Avalia apenas o sistema auditivo pré-neural, ou seja, sistema de condução e cóclea.
É um teste rápido, fácil e que não necessita de sedação. Resultados falso-positivos podem
ser produzidos pela presença de verniz caseoso ou secreções no conduto auditivo. Se o
resultado vier alterado, recomenda-se a sua repetição até os três meses de vida.

2. Bera – Potencial Auditivo de Tronco Encefálico: é um exame mais complexo, requer


pessoal treinado e sedação. Fones de emissão sonora são colocados nos ouvidos do bebê;
os eletrodos são posicionados na cabeça e têm por função captar as ondas
eletrofisiológicas geradas pelos estímulos sonoros deflagrados pela fonte. Portanto, é um
método capaz de detectar alterações na via neural até o tronco encefálico. Pode ocorrer
grande número de falso-positivos pela imaturidade do SNC, e por isso recomenda-se
repetição do exame nos casos alterados após os quatro meses. Comparando-se as
vantagens e as desvantagens de um e outro teste, chega-se à conclusão de que o melhor
método de triagem são as EOA, por ser rápido, barato, fácil e por avaliar as frequências de
perda mais comuns. Todo teste alterado deverá ser confirmado antes de três meses.
Ambos os métodos são mais eficazes do que a avaliação auditiva simples comportamental,
como respostas ao bater palmas, tocar o sino e à voz humana

Teste do Olhinho.
O teste do olhinho ou teste do reflexo vermelho (Teste de Bruckner) é um termo utilizado
para fazer analogia aos demais testes de rastreio usados para audição e doenças
sistêmicas. É feito com o uso de um oftalmoscópio ou retinoscópio que deve ser segurado
pelo examinador a um braço de distância dos olhos do bebê. A resposta normal ao teste é o
achado de um reflexo vermelho brilhante quando a luz incide sobre a pupila. É uma
avaliação simples, que pode e deve ser feita pelo pediatra. O encontro de qualquer
anormalidade (ex.: reflexo branco ou leucoria, pontos pretos ou assimetria) indica, por sua
vez, a necessidade de dilatação pupilar (colírio de tropicamida 1%, tropicamida + fenilefrina
2,5% ou ciclopentolato 0,25% + fenilefrina 2,5%) e investigação por um oftalmologista. É
uma avaliação de triagem para detecção de anormalidades grosseiras do segmento
posterior do olho: pontos pretos, assimetria ou leucocoria (reflexo branco pupilar). A
leucocoria pode ser encontrada em situações como catarata, retinoblastoma, retinopatia da
prematuridade (apenas graus avançados com descolamento de retina) e coriorretinite. A
Academia Americana de Pediatria desde 2002 recomenda a realização do reflexo vermelho
periodicamente para todas as crianças de zero até os dois anos de idade. Portanto, é
preciso que o pediatra incorpore esta medida semiológica à sua prática médica rotineira de
puericultura.
Teste do Coraçãozinho.
As cardiopatias congênitas afetam 1-2 em cada 1.000 nascidos vivos, e cerca de 30% não
recebem diagnóstico hospitalar, e vem a evoluir com hipóxia, choque e óbito. Elas
representam 10% dos óbitos infantis. Portanto, implementar um teste de triagem das
cardiopatias significa tentar reduzir a taxa de mortalidade infantil por esta causa em nosso
meio. O teste da oximetria objetiva a detecção precoce das cardiopatias congênitas críticas,
isto é, aquelas cujo fluxo pulmonar ou sistêmico é dependente de canal arterial, como por
exemplo:
● Cardiopatias críticas com fluxo pulmonar dependente de canal: atresia de artéria
pulmonar;
● Cardiopatias críticas com fluxo sistêmico dependente de canal: hipoplasia de
coração esquerdo e coarctação grave de aorta;
● Cardiopatias com circulação em paralelo: transposição de grandes vasos. Sabe-se
que o canal arterial tem seu fluxo reduzido nas primeiras dez horas de vida, e fecha-
se completamente entre o 3º e o 10º dia de vida. Muitas cardiopatias congênitas não
se manifestam clinicamente antes do fechamento do canal arterial: não causam
cianose tão precoce, não evoluem com sopro e não cursam com baixo débito. Estes
sinais somente se tornarão evidentes após o fechamento do canal. Por isso, é
necessário um teste de triagem capaz de detectar a possibilidade de cardiopatia
ANTES dos sinais clínicos.
O teste da oximetria deve ser feito em:
● Todo neonato com > 34 semanas de idade gestacional após 24 horas de vida e
antes da alta da maternidade (48h).
● Local: extremidade do membro superior direito (que representa a saturação pré-
ductal) e extremidade de um dos membros inferiores (que representam a saturação
pós-ductal). É necessário que as extremidades estejam aquecidas no momento da
avaliação.
● Resultado normal: saturação ≥ 95% em ambos os locais, e diferença menor que 3% entre as
medidas do membro superior e inferior.
● Resultado anormal: saturação < 95% ou se a diferença entre elas for igual ou maior
que 3%. Diante de um resultado anormal, nova aferição deverá ser feita após uma
hora. Se o resultado anormal se mantiver, a criança deverá realizar um
ecocardiograma dentro das próximas 24 horas.
Este teste tem uma sensibilidade de 75% e especificidade de 99%, e pode não detectar
algumas cardiopatias críticas, especialmente a coarctação de aorta.

Tipagem sanguínea.
Ao nascimento, uma amostra de sangue é colhida do cordão umbilical para o exame da
tipagem sanguínea do recém-nascido: a identificação do tipo de sangue – A, B, AB ou O –
e o fator Rh – positivo ou negativo.

Teste da Linguinha.
O teste da linguinha consiste na avaliação da anquiloglossia ou língua presa, condição na
qual o frênulo lingual é curto ou possui tecido em excesso, limitando a movimentação da
língua e, consequentemente, os movimentos que exerce (ex.: sucção, deglutição,
mastigação e fala). O exame é clínico e indolor, podendo ser feito pelo fonoaudiólogo ou
pediatra. Apenas anquiloglossias congênitas graves necessitam de correção cirúrgica. A
SBP e o MS ainda não recomendam o teste como triagem obrigatória neonatal.

Você também pode gostar