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Semiologia da criança

 Exame físico da criança (dicas úteis):

- Respeite a criança e tenha paciência. ausculta pulmonar e cardíaca; tensão


abdominal; fontanelas.
- Comece pelas manobras que não
incomodam e que exigem silencio. Ex: - Abuse de recursos lúdicos.

- Saiba reconhecer o limite.

 Exame físico do lactente (dicas úteis):

- Nunca examine um lactente com fome. - Ansiedade de separação: 9 a 15 meses –


fase em que o lactente é muito apegado ao
- Inicie sempre o exame físico no colo dos
colo dos pais.
pais, como a ausculta cardiopulmonar.
- Exame físico rápido, com o mínimo de
- Utilize brinquedos e sons para distraí-lo.
interação e no colo dos pais.
- Fale baixo e com sons infantis.

 Exame físico do pré-escolar (dicas úteis):

- Pais devem evitar associar a consulta com - Seja gentil e converse bastante.
um castigo.
- O exame pode ser feito no chão, com os
- Seja sincero e acalme a criança desde o brinquedos.
início da consulta.
- Evite despir a criança logo no começo.

 Exame físico do escolar (dicas úteis):

- Determine as regras já no início da consulta.

- Explique tudo do exame físico.

- Responda as perguntas.

 Choro:

- Caso o choro não esteja presente ao início do exame físico, é bom avaliar primeiro os fatores
que seriam mais comprometidos pelo choro: frequências cardíaca e respiratória, a ausculta
cardíaca, a tensão abdominal (se normotenso, se flácido) e das fontanelas, assim como a
pressão arterial.

- A ausculta pulmonar, nas crianças menores, pode até ser facilitada pelo choro, pois os
lactentes não obedecem ao comando de inspirar profundamente (o que ajudaria na ausculta
dos sons pulmonares). Quando estão chorando, realizam inspirações profundas provocadas
pelo ato de chorar. O médico deve esperar, pacientemente, e nestas pausas do choro, realizar a
ausculta.
 Recém-nascido:

- Anamnese: deve avaliar fatores gestacionais e as condições do periparto. Deve haver um


interrogatório sintomatológico por sistemas.

 Geral: sono – quantas horas o RN dorme ao dia. Verificar se há irritabilidade, prostração e


dificuldade para amamentar.
 Sistema tegumentar: verificar a existência de pápulas, manchas, placas, descamações e
alterações da cor da pele (icterícia, por exemplo).
 Cardiovascular: se há dispneia ao amamentar, presença de edema e cianose.
 Respiratório: se há congestão nasal, coriza, tosse, cianose, esforço respiratório, roncos e
sibilos.
 Digestório: ritmo intestinal, as características das fezes e se há vômitos.
 Geniturinário: número de diureses/quantas micções por dia; características da urina (cor,
quantidade); jato urinário para RN do sexo masculino.

- Antecedentes pessoais e familiares:

 Gestação: duração (se o RN foi pré-termo, pós-termo), se houve intercorrências (diabetes


gestacional, ITUs poucos dias antes do parto), via do parto (natural ou cesariano), exames
complementares realizados pela mãe para toxoplasmose, hepatites B, C, vírus linfotrópico
de células T humanas (HTLV), vírus da imunodeficiência humana (HIV) I e II,
citomegalovírus (CMV), sífilis, rubéola; se foi constatada alguma alteração do feto ao
exame ultrassonográfico, tipo sanguíneo materno AB0Rh.
 RN: se houve intercorrência no parto (aspiração de mecônio, trabalho de parto
prolongado), condições do RN ao nascimento (índice de Apgar, se chorou logo após o
nascimento, se houve cianose prolongada), se foram necessárias manobras de reanimação
neonatal ou de administração de oxigênio. Verificar o uso de antibióticos, hemoderivados,
necessidade de ventilação mecânica e por quantos dias. Questione o grupo sanguíneo, se
houve icterícia ou edema. Indague peso, estatura e idade gestacional. Pergunte sobre
doenças diagnosticadas até o momento da consulta, assim como medicamentos usados.
 Família: saber das doenças de família de primeiro segundo grau. Saber se há doenças
raras ou frequentes.
 Vacinação: verificar a Caderneta de Saúde da Criança. Nesta idade, deve ter recebido BCG
e primeira dose da vacina antihepatite B.

- Alimentação: verificar se o RN está em aleitamento materno exclusivo. Se não, incentivar e


enfatizar a importância do leite materno.

- Desenvolvimento neuropsicomotor:

 Até a 4ª semana: o RN deve manter atitude fletida e girar a cabeça de um lado para o
outro quando em posição prona (de bruço).
 Quando suspenso ventralmente, espera-se que a cabeça fique pendida.
 Na posição supina (barriga pra cima), geralmente o RN fica fletido, um pouco rígido,
podendo fixar o olhar em faces ou na luz na linha de visão.
 Quando vira o corpo, apresenta o fenômeno denominado olhos de boneca.
 O RN deve apresentar reflexo de Moro ativo, assim como reflexos de passada (marcha
reflexa), braçada e preensão, com preferência visual pela face humana.

- Exame físico:
 Antropometria – aferição das medidas corporais:
comprimento, peso, perímetros cefálico e torácico.
 Ectoscopia: avaliar a cor da pele, presença de cianose
ou icterícia, turgor, descamação, manchas (manchas
mongólicas, eritema tóxico), equimoses, hematomas e
lesões cortocontusas, que podem ocorrer no momento
do parto.
 Busca de evidências de anormalidades genéticas: se
há fronte proeminente, micro/macrocrania, alterações
no dorso nasal, pregas epicânticas, hipertelorismo,
orelhas de baixa implantação, micrognatia, protrusão lingual ou pescoço alado. Também é
preciso avaliar se as narinas e a região anal estão pérvias. Pode-se introduzir uma sonda
fina de modo delicado nestes orifícios em busca de atresia de cóanos e imperfuração anal,
respectivamente.
 Boca: observe a conformação do palato em busca de palato em ogiva e fenda palatina.
Pesquise se há dentes natais, a anatomia da língua e do freio lingual (anquiloglossia parcial
ou “língua presa”). Verifique as gengivas e observe os lábios em busca de fendas (lábio
leporino).
 Sistema cardiovascular: através da ausculta do tórax, observe o ictus cordis (a posição
varia de acordo com a faixa etária). Faça a palpação para identificar frêmito de origem
cardíaca. Determinar a frequência cardíaca (no RN vai de 90 a 180 bpm, com média de
145 bpm) e avaliar o ritmo. Observe a presença de sopros cardíacos e gradue sua
intensidade. É importante estar atento à presença de cianose, edema e refluxo
hepatojugular e ao tamanho do fígado.
 Sistema respiratório: procure sinais de esforço respiratório. Avalie a presença de tiragem
subcostal, intercostal e de fúrcula. Observe se há cianose, batimento de aletas nasais e
balancim toracoabdominal. Avalie o frêmito torácico, proceda à ausculta do tórax para
avaliação do murmúrio vesicular. Observe se há ruídos adventícios (sibilos, estertores).
Conte a frequência respiratória do RN em 1 minuto – máxima de 60 irpm até os 2 meses.
 Abdome:

 Tipo do abdome: globoso, plano,  Ausculta, observe os ruídos


escavado. hidroaéreos.
 Avalie a tensão abdominal e  Avalie o cordão umbilical,
realize palpação à procura de contando o número de artérias e
visceromegalias e massas veias (normalmente duas artérias
palpáveis. e uma veia).
 Percussão: avalie o timpanismo.

 Genitália:
 Masculina: procure testículos na bolsa escrotal e região inguinal. Observar se há
exposição da glande (observe se há epispadia ou hipospadia).
 Meninas: verificar se há sinequia de lábios, hipertrofia de lábios vulvares e de clitóris.
 Mamilos: observar a posição. Verifique se o coto umbilical tem duas artérias e uma veia.
 Membros:
 Pesquisa dos sinais de Ortolani e Barlow para identificar luxação congênita do
quadril.
 Observe a conformação dos membros, se há edema, hipoplasia, alterações em dedos
dos pés ou das mãos.
 Tenha atenção especial aos dedos das mãos (quirodáctilos) e dos pés (pododáctilos)
em busca de polidactilias, sindactilias, dedos mais curtos ou mais longos que o
habitual. Observe a palma das mãos em busca de linha palmar transversa contínua.
Analise o formato da planta do pé (pé plano). Veja a posição dos pés em relação aos
tornozelos (pés tortos congênitos).
 Reflexos e sinais neurológicos: identificar hipertonias, hipotonias, movimentos anormais
e reflexos tendinosos e cutâneo plantar. Avalie os reflexos primitivos (reflexo de Moro), o
tônus cervical e a preensão palmar.
 Reflexo de Moro: ocorre com algum estímulo (som mais
intenso ou movimentando-se o RN subitamente): a coluna
arqueia-se para trás, e os braços e as mãos abrem-se,
simulando um abraço. Pode ser observado até os 5 a 6
meses de vida.
 Lactente, pré-escolar e escolar

- Anamnese do lactente (29 dias até 2 anos):

 Muitas dúvidas dos pais: cicatrização do coto umbilical, exantemas (rash cutâneo –
manchas vermelhas), primeiras enfermidades (como resfriado ou febre), erupção de dentes,
uso de medicamentos e vitaminas, reações a imunizações, bem como a análise da visão e da
audição do bebê
 Avaliar os padrões e a adequação do sono, da alimentação, das funções fisiológicas, das
relações familiares com o bebê e dos cuidados domésticos para prevenir acidentes.
 As principais preocupações são com o ritmo do crescimento e a aparência física do
lactente.
 Discutir com os pais sua avaliação sobre o temperamento do lactente (irritadiço ou calmo),
a previsibilidade do comportamento e a resposta deles aos comportamentos típicos da
criança, como sua reação ao choro ou à irritação.
 Para a abordagem do desenvolvimento neuropsicomotor, deve-se perguntar “O que ele
está fazendo atualmente?” A partir dessa resposta busca-se compará-la com uma escala de
padrões de desenvolvimento.
 História familiar: saúde, hábitos de vida e questões psicossociais – antecedentes e as
condições atuais de saúde da família, o ajuste da família ao bebê, o envolvimento do
cônjuge nos cuidados à criança, a inserção do trabalho na rotina familiar, providências para
os cuidados diários e rivalidade entre irmãos.
 Condições ambientais: de tabagistas no domicílio, umidade e ventilação da casa.
 Estimular a alimentação e hábitos saudáveis.

- Anamnese do pré-escolar e escolar:

 Fase de intensa atividade motora, com rápida aquisição de habilidades, linguagem e grande
capacidade de aprendizagem.
 A partir da idade de 3 a 4 anos: estabelecer um diálogo com a criança durante a consulta.
 Perguntas sobre a alimentação, a participação nas refeições familiares e os padrões de
lanches, além da conduta em relação às recusas alimentares.
 Padrões e preocupações com o sono, especialmente o despertar noturno perturbado,
progressos e dificuldades no treinamento esfincteriano, cuidados dentários e medidas de
prevenção de acidentes.
 Perguntar aos pais sobre comportamentos que alternam entre desejos de exploração do
ambiente e pessoas, negativismo, ansiedade de separação e dificuldade para controlar os
impulsos.
 Criança na idade escolar: extrovertido, tímido, interações com os colegas.
 Rivalidades entre irmãos e o papel da criança na vida familiar.
 Aos 2 anos de idade, cerca de 50% da fala da criança deve ser inteligível. Erros de
articulação, como substituir “r” por “l” ou “c” por “t”, são comuns e normais no segundo
ano de vida.
 Aos 4 anos, quase toda a fala da criança deve ser compreensível. Outros tópicos incluem as
evidências de curiosidade e de interesse em objetos ou pessoas que não estejam presentes.
 No escolar, as áreas a serem exploradas incluem o desempenho da criança na escola, o que
gosta e desgosta nela, notas, absenteísmo e repetência.

- Exame físico do lactente ao escolar:

 O exame físico tem início quando o paciente é recebido pelo médico no consultório. Estado
geral, grau de atividade ou prostração, fácies, desconforto respiratório, irritabilidade e choro
fácil, cianose e edemas podem ser rapidamente identificados.
 A avaliação geral e a propedêutica cardiorrespiratória e abdominal não apresentam
diferenças importantes em lactentes, pré-escolares e escolares.
 Lactentes: Iniciando-se o exame com paciente em decúbito dorsal (deitado, de costas), a
ausculta respiratória, por exemplo, será realizada em toda região torácica anterior. Somente
após a avaliação do estado geral e de todos os sistemas possíveis no decúbito dorsal, o
médico passa ao exame dos sistemas com o paciente em decúbito ventral.
 Com a criança maior, capaz de sentar-se e compreender ordens simples, o exame físico
assemelha-se ao do adulto, por segmentos corporais ou sistemas, e não por decúbitos.
 Curvas de avaliação do crescimento e desenvolvimento, peso ou a estatura em determinado
mês (ou ano) de vida de acordo com a idade na consulta.

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