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SEMIOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto.

SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA

A pediatria pode ser conceituada como a especialidade da medicina que cuida do ser humano durante seu
período de desenvolvimento: da fecundação à puberdade. Desta forma, a semiologia pediátrica é definida como a
ciência que estuda os sinais e sintomas que vão constituir as síndromes na infância, com finalidade diagnóstica.
Portanto, a semiologia pediátrica é a ferramenta que médico pediatra lança mão para guiá-lo na consulta
pediátrica. Ela é, basicamente, composta por três partes:
 Anamnese
 Exame Físico
 Exames Complementares

ANAMNESE
A anmanese do paciente pediátrico deve ser o mais completa e detalhada possível, representando a evolução da
criança até o momento da consulta. Para isso, é necessário ao pediatra utilizar uma linguagem acessível e demonstrar
respeito e interesse na história contada pelo paciente. Os seguintes passos caracterizam a anamnese:
a) Identificação; g) Desenvolvimento Psico-motor (DPM)
b) Queixa Principal (QP) h) Antecedentes Imunológicos (AI)
c) História da Moléstia Atual (HMA) i) História Mórbida Familiar (HMF)
d) Antecedentes Gineco-obstétricos (AGO) j) Revisão de sistemas (RS)
e) História Mórbida Pregressa (HMP) k) Condições e Hábitos de Vida (CHV)
f) Antecedentes Alimentares (AA)

Durante a anamnese, o médico deve coletar uma história clínica adequada, preferencialmente com a ajuda do
responsável legal pela criança. Dessa forma, o médico deve estabelecer os fatos relevantes da anamnese, levantar
todos os achados clínicos relevantes, confrontar os achados da anamnese para a realização do exame físico,
identificando os fatos veríditos e dessa forma exclindo excessos e percebendo alterações não relatadas pela mãe ou
criança.
Depois disso, o médico deve formular um diagnóstico hipotético, baseado nos sinais e sintomas coletados e
comprovados através dp exame físico e, da mesma forma, estabelecer o diagnóstico diferencial com outra entidades
nosológicas. Com essas medidas, pode-se estabelecer com segurança o plano terapêutico daquele paciente. Caso
seja necessário, pode-se fazer uma investigação complementar, para tornar o diagnóstico mais claro.

IDENTIFICAÇÃO
A identificação possui múltiplos interesses. O primeiro deles é de iniciar o relacionamento com o paciente. Saber
o nome de uma paciente é indispensável para que se comece um processo de comunicação em nível afetivo.
São obrigatórios os seguintes interesses:
Nome; Data de nascimento; Sexo; Cor; Naturalidade; Procedência; Tipo de residência; Ocupação (estudante?).

QUEIXA PRINCIPAL
Em poucas palavras, registra-se a queixa principal que levou o paciente a procurar o médico, além do tempo de
duração do sinal deste sinal. Portanto, a queixa principal registra o motivo pelo qual a família levou a criança ao médico
e deve ser escrito com as próprias palavras do informante.
A QP é, em outras palavras, a resposta da seguinte pergunta: “Qual o problema que o (a) trouxe à consulta?
Há quanto tempo o(a) senhor(a) sente isso?”. A resposta deve ser reescrita pelo médico buscando seguir os
seguintes pontos:
 Repetir as expressões utilizadas pelo paciente;
 Incluir sempre a duração da queixa.

HISTÓRIA MÓRBIDA ATUAL


É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave-mestra para se chegar ao diagnóstico. Tudo que foi dito,
quando analisamos o método clínico e a anamnese, encontra sua melhor aplicação na feitura da história da doença
atual (HDA). Esta HDA deve conter as seguintes informações:
 Início e evolução da doença;
 Sintomas associados;
 Medicamentos utilizados (se houve melhora ou não);
 Escrever em ordem cronológica e linguagem técnica;
 Intervir e investigar - quando necessário;
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HISTÓRIA MÓRBIDA PREGRESSA


Neste momento, devemos coletar dados sobre as doenças e internações ocorridas anteriormente: infecções;
doenças próprias da infância; procedimentos cirúrgicos; alergias; uso de medicamentos; etc.

ANTECEDENTES GINECO-OBSTÉTRICOS
Os seguintes pontos devem ser abordados:
 Estado de saúde da mãe durante a gestação;  Se fez pré-natal (número de consultas);
 Idade da mãe;  Tipo de parto e local;
 Grupo sanguíneo e Rh;  Condições de nascimento.
 Intercorrências no parto;

ANTECEDENTES ALIMENTARES
É necessário levantar os seguintes questionamentos:
 Se foi amamentado exclusivo ao seio materno e  Qualidade e quantidade dos alimentos ofertados;
quanto tempo;  Número de refeições;
 Idade do desmame e condições;  Pesquisar intolerância ou alergia alimentar.

DESENVOLVIMENTO PSICO-MOTOR
 Assinalar c/ que idade:-sorriu ,sustentou a cabeça,  Controle esfíncteres;
sentou, engatinhou, andou;  Sociabilidade;
 Quantidade e qualidade do sono;  Escolaridade e aproveitamento escolar.

ANTECEDENTES IMUNOLÓGICOS
 Verificar carteira de vacinas;
 Verificar sinal de BCG;
 Obter informações sobre reações vacinais.

HISTÓRIA MÓRBIDA FAMILIAR


 Pesquisar doenças na família;
 Idade,sexo e estado de saúde dos irmãos;
 Idade e estado de saúde dos pais.

REVISÃO DOS SISTEMAS


 Diurese e aspecto da urina;
 Hábito intestinal.

CONDIÇÕES DE HÁBITO DE VIDA


 Condições da habitação:número de cômodos ,banheiro,água encanada,rede de esgoto,luz elétrica;
 Escolaridade dos pais;
 Quem mora na casa;
 Uso de cigarros, álcool e drogas pela criança ou parente.

EXAME FÍSICO
Neste ponto, é pertinente fazer a seguinte observação: o exame físico na criança não segue as regras
estabelecidas para o exame físico sistemático dos adulto. Geralmente, o médico pediatra deve iniciar o exame pela
região que esteja mais acessível e/ou que seja menos estressante ou dolorosa para criança, de modo que o paciente
aceite, com uma maior facilidade, o exame.
No próprio colo da mãe, por exemplo, o médico pediatra já é capaz de avaliar o padrão respiratório do paciente,
a presença de deformidades ou abaulamentos, coloração da pele, batimentos de aletas nasais, sinais evidentes de
síndromes, etc. Só então devemos iniciar alguns procedimentos e técnicas que são desagradáveis (o que inclui:
oroscopia, otoscopia, exame ocular e inspeção da região inguinal).
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OBS : Durante o exame físico, a cooperação da criança é indispensável para que o exame tenha algum valor
diagnóstico. Crianças estressadas inquietas tornam a avaliação médica dificultosa e incômoda (principalmente para
mães e acompanhantes). Com isso, algumas medidas simples podem acalmar a criança, tais como:
 Conquistar amizade da criança: item indispensável para avaliação dessa criança, isso é importante não só para
a a consulta, mas também porque o vínculo pediátrico com aquela estará presente até os 21 anos.
 Falar com voz suave;
 Explicar antes o que vai fazer:
 Evite dominar a criança;

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 Iniciar por áreas menos ameaçadoras ou incômodas para a criança;


 Procedimentos desagradáveis no fim (avisar a criança sobre a realização de exames de sangue e ainda exames
de imagem)
 Aquecer mãos e equipamentos;
 Usar objetos para distração.
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OBS : O local do exame físico também é um fator relevante. Como foi dito anteriormente, os consultórios pediátricos
são salas decoradas de modo que a criança se sinta mais agradável. Para o médico, deve ser um ambiente bem
iluminado, com temperatura ambiente, tendo espaço e aparelhos adequados para a realização dos exames. Geralmente
consultórios médicos muito frios podem mascarar algumas patologias e simular outras. Salas muito frias podem
predispor as crianças a hiportemia e cianose. Por isso, deve-se sempre tentar manter o consultório em uma temperatura
ambiente.
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OBS : Com relação a faixa etária, as consultas podem ser conduzidas de maneiras diferentes:
 1
os
meses: nos primeiros meses de vida, a consulta não é tão dificultosa, e geralmente é feito
acompanhamentos mensais até o 3º mês, avaliando o diâmetro torácico, perímetro cefálico, peso, avaliação e
confirmação de vacinas, exame físico do tórax, abdome e genitália externa.
 6 - 8 meses  2 - 3 anos: Geralmente nessa época a consulta passa a se tornar mais dificil. A partir dos 6
meses a criança já é capaz de reconhecer os pais, daí a importância de frequentar sempre o mesmo pediatra,
pois com a criança identificando aquela pessoa, a consulta se tornará mais tranquila.
 Pré-escolar: nessa fase as consultas já são direcionadas para a queixa principal do paciente, entretanto deve-
se sempre lembrar de alguns itens que são indispensáveis durante a realização do exame.
 Escolares / Adolescentes: nos adolescentes normalmente na primeira consulta não é necessária uma
avaliação completa, embora adolescente, sabendo das diversas alterações que ocorrem nessa idade, deve-se
primeiro conquistar sua confiança para realizar um exame mais específico, ou seja, que seja necessário retirar a
roupa.

De um modo geral, durante o exame físico de uma criança, o médico vai comprovar todos os achados que foram
relevantes coletados durante a anamnese. Dessa forma, os sinais (dados que podem ser verificados de maneira
objetiva) e os sintomas (dados subjetivos, que o médico só terá conhecimento com o relato do paciente) poderão ser
evidenciados e, desta forma, caracterizar síndromes (conjunto de sinais e sintomas que estão ligados alguma mesma
entidade nosológica) e, portanto, todos estes dados devem ser cuidadosamente investigados pelo médico, para que
possa ser estabelecido uma hipótese diagnóstica concreta.
Em resumo, o exame físico caracteriza-se por:
 Avaliação dos aspecto gerais e dados vitais
 Medidas antropometricas
 Avaliação de órgãos e sistemas

AVALIAÇAO DOS ASPECTOS GERAIS (ECTOSCOPIA)


Neste momento inicial do exame físico, devemos observar o aspecto geral da criança logo ao chegar, dando
ênfase ao seguintes dados:
 Nível de consciência

 Atitude e posição: posição que o paciente adota com a finalidade de se sentir confortável.
o Atípica (normal): não há preferências.
o Típica: Sugere um desconforto.
 Genupeitoral: geralmente a criança adota essa posição, pois ela permite uma melhor
oxigenação e ventilação, por isso, nesses casos deve-se suspeitar de alguma cardiopatia
congênita.
 Ortopnêica: em crianças a ortopneia deve-se sempre pensar em edema agudo de pulmão.
Nesses casos o exame do aparelho respiratório é de extrema importância, podendo nesses
casos auscultar ruídos adventícios (estertores finos), mostrando na radiografia congestão
bilateral. Diferentemente em adultos ocorre devido a enfisema pulmonar, cardiopatias,
insufiência cardíaca congestiva.
 Cócoras: Também sugere doenças cardíacas.
 Antálgica: pode se manifestar de várias formas: (1) Colocação da mão sobre o local, (2)
decúbito lateral sobre o local, (3) decúbito lateral oposto ao local, (4) decúbito ventral, (5)
decúbito dorsal / flexão MMII.
 Posições contraturais: (1) Opistótono: contratura muscular intensa em que a criança
permaneça apoiada sobre os calcanhares e região nuncal. Pode ocorrer devido a irritação
meníngea infecciosa (meningite) ou ainda, nos casos avançados de tétano; (2) Ortótono, (3)
Pleurotótono, (4) Gatilho.
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 Condições de higiene

 Ativo ou hipoativo

 Estado psíquico

 Biotipo:
 Longilíneo;
 Brevilíneo;
 Normolíneo;

 Fala:
 Disfonia;
 Afonia;
 Disfasia;
 Dislalia;
 Dislexia.

 Marcha: forma de andar da criança.


o Atáxica: lesões do SNC
 Tabética: lesões posteriores da medula
 Cerebelar: lesões cerebelares
o Escarvante / Parética.
 Lesão de nervos periféricos
 Lesões Esquistossomóticas da medula
o “Em Foice”: Hemiplegias
o Anserina ou “de pato”: Miopatias
o “De passos miúdos”: Doença de Parkinson
o Claudicante: Dor ao andar

 Coloração da pele: um sinal clínico importante nesses pacientes é a palidez cutâneo-mucosa. Este sinal pode
ser simplesmente devido a uma má-alimentação, ou ainda, predizer condições graves, como ocorre por
exemplo, nos casos de hipoxemia, que mesmo a criança com hemograma normal, apresenta-se pálida, nesses
casos é necessária a utilização de O2. Quando a palidez está acompanhada de sudorese, extremidade frias,
oligúria, pode ser devido a hipotensão, sinais importantes de choque (inclusive, diferentemente do adulto, a
hipotensão é um sinal tardio de choque na criança).

 Dados vitais:
 Temperatura em graus Celsius: axilar, auricular e retal.
 Frequência cardíaca;
 Pulso;
 Frequência respiratória.

 Peso:
o Desnutrição: ocorre naqueles casos em que há um deficit alimentar, nesses casos são chamadas de
desnutrição primária. Já nos casos de desnutrição secundária, ocorre devido a patologias específicas.
o Obesidade: é o resultado de um desequilíbrio energético, em que, a oferta é maior que a gasto de
energia. Com isso, o alimento é armazenado na forma de tecido adiposo.
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OBS : É importante estabelecer o diagnóstico diferencial de edema com obesidade. Geralmente crianças desnutridas
apresentam um quadro de hipoproteinemia e, devido a um desequilíbrio osmótico, podem apresentar edema
generalizado, o que erroneamente pode ser interpretado pelas mães como obesidade. Além disso, ainda é necessário
fazer diagnóstico diferencial com doenças renais.

MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
Os dados aqui obtidos devem ser colocados em gráficos específicos, e incluem:
 Peso
 Estatura
 Perímetro cefálico
 Perímetro torácico
 Perímetro abdominal
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PESO
A pesagem de recém-nascidos (com até 16kg) deve ser feita em balanças próprias para esta faixa etária;
quando acima de 16kg, utilizar balança para adultos.

IDADE PESO (kg)


03 a 12 meses Idade (meses) + 9
2
01ano a 6 anos Idade (anos) x 2 + 8

07anos a 12 anos Idade (anos) x 7 - 5


2

Quanto ao ganho de peso, devemos considerar o seguinte padrão:


 Primeiros 4 ou 5 dias –ocorre perda fisiológica de 3 a 10% do peso;
 O peso se recupera em torno do décimo dia de vida;
 Primeiro trimestre-em média-30g/dia;
 Segundo trimestre-20g/dia;
 Terceiro trimestre-10g/dia;
 Dobra o peso de nasc. entre 5 e 6 meses;
 Triplica o peso de nasc. em torno os 12 meses;
 Aos 5 anos-dobra o peso em relação aos 12 meses;
 Aos 10 anos -triplica o peso em relação aos 12 meses;
 Aos 14 anos -quadruplica o peso em relação aos 12 meses;

ESTATURA
A medição da estatura deve ser feita mensalmente, pelo menos, e devidamente registrada nas curvas de
crescimento. Para crianças menores de 2 anos, devemos medí-la deitada, com antropômetro de Harpender; para
crianças maiores de 2 anos, a medição deve ser feita em pé, com escala métrica ou em balança antropométrica.
Desta forma, temos os seguintes padrões para aumento da estatura:
 Primeiro ano de vida- 25 cm;
 Segundo ano de vida- 12,5 cm;
 Terceiro ano de vida- 9 cm;
 Cerca de 6cm/ano até a puberdade;
 Entre 4 e 5 anos - duplica a estatura em relação ao nascimento;
 Entre 12 e 13 anos - triplica a estatura em relação ao nascimento;

PERÍMETRO CEFÁLICO
A medição do perímetro cefálico deve ser feito com auxílio de fita métrica, passando pela glabela e pelo
occipício, sem abranger as orelhas.
O padrão normal é o que segue:
 Primeiro ano de vida em torno de 12 cm;
 Primeiro semestre 1cm /mês;
 Segundo semestre ½ cm /mês.

AVALIAÇÃO DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS


Os seguintes parâmetros devem ser avaliados:
 Cadeias ganglionares
 Cabeça e pescoço
 Exame do tórax
 Aparelho cardiovascular
 Exame do abdome
 Exame da região inguinal
 Exame da genitália
 Exame do aparelho osteoarticular
 Otoscopia
 Exame da boca.

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EXAME DAS CADEIAS GANGLIONARES


 Localização
 Tamanho
 Consistência
 Mobilidade
 Coalescência
 Sensibilidade dolorosa

EXAME DA CABEÇA E PESCOÇO


a) Observação de fácies;
b) Inspeção de crânio: simetria; formato; proporção
craniofacial; presença de abaulamentos; implantação de
cabelos.
c) Palpação de crânio: consistência óssea; junção das suturas;
abaulamentos; palpam-se fontanelas: anterior-bregmática
(18m) e posterior-lambdoide(1m).
d) Orelhas: implantação(normal-borda sup.do pavilhão se
encontra na mesma altura dos cantos internos dos olhos);
formato; presença de conduto auditivo; alterações peri auriculares.
f) Nariz: forma; permeabilidade das narinas; presença de secreções; crianças maiores: rinoscopia anterior-cor e
brilho da mucosa e presença e aspecto das secreções.
h) Pescoço: inspeção; palpação; -mobilidade (ativa/passiva); palpação da tireoide.

EXAME DE TÓRAX E APARELHO RESPIRATÓRIO


a) Inspeção: Padrão respiratório (frequência, ritmo, amplitude)
 0 a 2 meses - até 60mpm
FR  2 a 11 meses - até 50mpm
 1 a 4 anos - até 40mpm
 Adolescente-20mpm

b) Palpação: aquecer as mãos e pesquisar: pontos dolorosos, tumorações, nódulos, frêmito tóraco vocal –
choro/gemido, expansibilidade – simetria.

c) Ausculta: toda a região torácica; pesquisa de murmurio vesicular; presença de ruídos adventícios; pode ser um
dos primeiros passos do exame físico,dependendo do psiquismo da criança.

a) Percussão: toda a região torácica (anterior e posterior) e maneira suave.

EXAME DO APARELHO CARDIOVASCULAR


a) Palpação: com dedo indicador-pesquisa-se o Ictus cordis (extensão,intensidade,ritmo dos batimentos cardíacos);
mão espalmada-verificar presença de frêmitos.
 até 3 meses - entre 3 e 4 espaço intercostal E para fora da linha hemiclavicular E;
Localização do ictus  -3 meses- 4 EICE para fora da linha hemiclavicular E;
 -9 meses- 5 EICE para fora de linha hemiclavicular E;
 -7 anos- 5 EICE na linha hemiclavicular E;

b) Ausculta: inicia-se pelo ictus-que corresponde a área mitral (AM); ainda no 4 EICE mais próximo ao esterno-área
tricúspide (AT); no 2 EICE ,próximo ao esterno-área pulmonar (AP); no 2 EICD,próximo ao esterno-área
aórtica(AA). Deve-se determinar: frequência cardíaca; ritmo das bulhas cardíacas; intensidade das bulhas
cardíacas; presença de outros ruídos (atrito ou sopros(sistólico,diastólico e contínuos).
 0 a 1 mês –70 a 190 bpm
 1m a 11 meses-80 a 160 bpm
 2 anos-80 a 130 bpm
FC  6 anos-75 a 115 bpm
 10 anos-70 a 110 bpm
 14 anos-60 a 105 bpm
 18 anos-50 a 95 bpm

c) Palpação de pulsos: com 2 e 3 dedos, devemos avaliar, de forma comparativa (lados simétricos), a intensidade,
ritmo e simetria dos pulsos. Devemos verificar os pulsos radiais, femorais e pediosos.

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d) Aferição de Pressão arterial: o manguito deve ser adequado ao tamanho da criança; só tem valor quando
medido com a criança tranquila.

EXAME DO ABDOME
a) Inspeção: forma; simetria; cicatriz umbilical(hérnias/secreções); presença de movimentos peristálticos;
abaulamentos; circulação colateral.

b) Ausculta: deve preceder a palpação e a percussão; inicia-se pela fossa ilíaca esquerda; pesquisar ruídos hidro
aéreos: aumentados (diarreia,fase inicial da peritonite) / redução ou abolidos (íleo paralítico e peritonite
avançada).

c) Palpação: evitar manobras bruscas; mãos devem estar aquecidas e a mão espalmada sobre o abdome (utiliza
as popas digitais); aproveitar a inspiração (maior relaxamento muscular).
 Inicia-se com palpação superficial -deslizando a mão sobre o abdome,observando se há dor.
 Pesquisa-se presença de massas ou visceromegalias;
 No lactente –fígado é palpado a 2/3 cm abaixo do RCD;
 Em 14 % dos lactentes palpa-se ponta de baço e em 7% das crianças entre 2 e 7 anos;
 Palpação de loja renal-c/ a mão esquerda apoiada sob o ângulo costovertebral e palpa-se c/ a mão
direita,normalmente os rins não são palpáveis;

d) Percussão: todo abdome deve ser percutido. O som é timpânico na maior parte do abdome devido a presença
de víscera ocas (intensidade variável). Por meio da percussão, podemos realizar hepatimetria e pesquisa de
esplenomegalia.

EXAME DA REGIÃO INGUINAL E DA GENITÁLIA


De uma forma geral, na região inguinal, devemos pesquisar a presença de linfonomegalias, hérnias e pulso
femoral. O exame da genitália, por sua vez, deve ser direcionado da seguinte forma:
 Meninos:
 Aspecto e tamanho de pênis e bolsa escrotal;
 Exposição da glande: localização do orifício uretral (normal, epispádia, hipospádia), presença de
aderências
 Palpação do testículos: tópicos, retráteis, presença de tumorações ou líquidos.

 Meninas:
 Simetria de grandes lábios;
 Presença de pilificação ou tumoraçao;
 Coloração de mucosa da vulva e introito vaginal;
 Características de clitóris,pequenos lábios e hímem;
 Presença de secreções.

No que diz respeito à região anal, devemos, inicialmente, procurar a perfuração anal (alguns recém-nascidos
podem nascer com ânus imperfurado) e avaliar o pregueamento de esfíncter. Neste momento, devemos observar a
presença de mal formações, fissuras e outras lesões.

EXAME DO APARELHO OSTEOARTICULAR


Devemos avaliar a posição do paciente, a proporcionalidade entre os segmentos, o aspecto das articulações e a
amplitude dos movimentos. Algumas estruturas devem ser especialmente avaliados, tais como:
 Palpa-se músculo esternocleidomastoideo, clavículas, gradil costal, coluna vertebral;
 Observa-se na região sacrococcígea se há presença de fosseta ,seio pilonidal,tumorações;
 Aavalia-se mobilidade (ativa /passiva) das articulações.

AVALIAÇÃO DA PELE
A avaliação cutânea baseia-se pela pesquisa de discromias, tumorações, descamações, lesões
eritematovesiculares, sinais de infecção, alterações da coloração (cianose, icterícia, anemia, etc.).

OROSCOPIA
 Realizado com auxílio de luz e espátula;
 Avaliar: aspecto e cor da mucosa; condição dos dentes; exame da língua (papilas, manchas, lesões);
visualização de palato mole,úvula e amígdalas e presença de secreções;

OTOSCOPIA
 Utiliza-se Otoscópio com espéculo de tamanho apropriado p/ cada idade;

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 A criança deve estar imobilizada;


 Inicia-se por observação do conduto auditivo externo (secreções, cerúmen, traumatismos, corpo estranho);
 Visualização de membrana timpânica (deve-se tracionar o pavilhão orelha para retificar o conduto).

EXAME NEUROLÓGICO
Durante o exame físico do RN, é possível iniciar-se simultaneamente a avaliação neurológica, com base na
observação da postura, da movimentação espontânea, da resposta ao manuseio, incluindo o choro. Um exame mais
acurado deve ser realizado, após 24 horas de vida, a fim de minimizar a influência do estresse do parto sobre sua
performance neurológica.
O exame neurológico pode ser feito com a pesquisa dos reflexos arcaicos que traduzem uma imaturidade, ou
falta de mielinização do SNC. Alguns desses sinais desaparecem e alguns outros se modificam, entre os principais são:
 Reflexo de Moro (reflexo do abraço): é um movimento global do qual participam os membros superior e
inferior; é facilmente provocado por um som ou soltando-se subitamente o RN que estava seguro nos braços. A
coluna vertebral arqueia-se para trás, a face mostra surpresa, os braços e mãos se abrem, encurvam-se para
frente num movimento que simula um abraço; as pernas se estendem e depois e depois se elevam; pode
acompanhar-se de choro. A ausência ou redução deste reflexo indica grave lesão do SNC. Quando assimétrico
pode significar paralisia braquial, sífilis congênita (pseudoparalisia de Parrot) ou fratura de clavícula ou úmero.
Desaparece aos 3-4 meses de idade. Sua forma completa consta de 3 componentes: abdução dos braços e
extensão dos antebraços sobre os braços, abertura das mãos, choro. Desaparece entre 4 e 6 meses.
 Sucção: o RN normal apresenta sucção reflexa como resposta a qualquer objeto que lhe toque os lábios.
 Preensão Palmo-Plantar: obtém-se por estimulação da palma das mãos ou planta dos pés com um objeto ou o
próprio dedo. Entretanto quando o bebê está com a 6 a 8 meses, a preensão já é considerada voluntária e não
reflexa.
 Marcha Reflexa: sustentando-se o RN sob as axilas em posição supina, encosta-se um dos pés do RN sobre o
plano. Este contato vai desencadear uma flexão do outro membro inferior, que se adianta e vai tocar o plano à
frente, desencadeando uma sucessão de movimentos que simula a deambulação. Desaparece aos 2 meses.
 Fuga ou Asfixia: colocando-se o RN em decúbito ventral, de modo que as narinas fiquem obstruídas pelo
plano onde está deitado, o RN faz uma rotação da cabeça para respirar melhor.

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