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PUC-SP
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2011
Daniela Ramos de Queiroz
Dissertação de mestrado
apresentado ao Programa de
Estudos Pós-Graduados em
Fonoaudiologia sob a
orientação da Profa. Dra.
Léslie Piccolotto Ferreira da
Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, na
linha de pesquisa Voz:
avaliação e intervenção
fonoaudiológica.
SÃO PAULO
Dezembro 2011
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
________________________________________
________________________________________
À Marisa e Fernanda, minha mãe e irmã,
paixão pelo trabalho, pela postura sempre competente e por estar sempre tão
disponível.
qualificação do trabalho.
À Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva, por ser meu exemplo de
ombro amigo.
Aos docentes participantes desta pesquisa, por terem passado por todo o
Aos amigos queridos que entenderam meu momento de vida e torceram para
À Marisa, minha mãe, por compreender minhas ausências, por sempre vibrar
com cada conquista, por apoiar novos sonhos e me mostrar os caminhos que
ainda não consigo ver. E à Fernanda, minha irmã, por ser minha parceira,
Pelo seu amor, seu carinho e seus olhinhos verdes, dedico este trabalho à sua
luta.
RESUMO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2
2. OBJETIVO .............................................................................................................. 6
3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 7
4. MÉTODO............................................................................................................... 15
4.1 Descrição do banco de dados que subsidiou esta pesquisa ........................... 15
4.2 População do presente estudo......................................................................... 17
4.3 Instrumentos ................................................................................................... 18
4.4 Variáveis de estudo .......................................................................................... 19
4.5 Análise estatística ........................................................................................... 19
4.6 Preceitos Éticos ............................................................................................... 20
5. RESULTADOS ...................................................................................................... 21
5.1. Associação dos instrumentos.......................................................................... 22
6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 31
7. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 39
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 40
9. ANEXOS ............................................................................................................... 45
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1.
Número e porcentagem de professoras segundo características
sociodemográficas e de trabalho...................................................................... 22
Tabela 2.
Análise de associação do domínio orgânico do Índice de Desvantagem
Vocal (IDV) com os quatro grupos avaliados ................................................... 23
Tabela 3.
Análise de associação entre o domínio emocional do Índice de
Desvantagem Vocal (IDV) e os quatro grupos avaliados ................................. 25
Tabela 4.
Análise de associação do domínio funcional do Índice de Desvantagem
Vocal (IDV) com os quatro grupos avaliados ................................................... 27
Tabela 5.
Comparação das médias do escore do Índice de Desvantagem Vocal
(IDV) com os quatro grupos avaliados ............................................................. 28
Figura 1.
Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança do IDV, escores
parciais (IDVO, IDVE) segundo grupos ............................................................ 29
Figura 2.
Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança do IDV, escores
parciais (IDVF e IDVG) segundo grupos .......................................................... 30
Quadro 1.
Descrição dos quatro grupos de sujeitos, segundo resultado das
avaliações fonoaudiológica e otorrinolaringológica .......................................... 18
RESUMO
vocal. Para análise estatística dos resultados, foram utilizados os testes qui-
a-dia.
among them, teachers are the most searched. The completed self-referential
assess the association between the Vocal Handicap Index (VHI) in teachers
with and without voice disorder, diagnosed by means of perceptual auditory and
Results: For the CPV-P, the results show statistical significance for the data
=0.048). All areas of VHI showed significant results when comparing the mean
of each domain and focus group research. Conclusion: In this study, teachers
who had vocal disorder, diagnosed by the perceptual evaluation, and /or visual
anos e, dentre elas, os professores fazem parte do grupo mais pesquisado. Tal fato
se deve por essa ser a categoria profissional com maior ocorrência de distúrbios
vocais, tanto em pesquisas nacionais (Neto, 2008) quanto internacionais (Roy e col,
suas queixas pode explicar também a facilidade com que eles se tornam sujeitos de
das pesquisas realizadas pela Fonoaudiologia no Brasil nos últimos quinze anos tem
associam a ocorrência desses sintomas tais sintomas a fatores de risco que podem
desses sintomas.
Vocal do Professor (CPV-P) tem sido adequado para levantar e descrever dados
Likert e tem sido utilizado para investigar as condições de produção vocal não
2
Outro instrumento utilizado nas pesquisas é o Índice de Desvantagem Vocal
(IDV), que tem como objetivo conhecer a percepção do sujeito quanto ao distúrbio
também com respostas em escala Likert, sendo 10 referentes a cada um dos três
resultante de uma deficiência”. Pesquisas considerando esses termos têm sido cada
cotidiano.
vocais. Para essa avaliação o profissional faz uso de equipamento especifico como
voz como frequência fundamental, medidas de ruído, shimmer, jitter, entre outros.
(Oliveira, 2004).
3
Nemr e col. (2005) e Nunes e col. (2009) afirmam que, caso apenas uma das
avaliações profissionais seja realizada, o paciente pode ser subavaliado, uma vez
que alguns casos de distúrbios vocais são facilmente detectados pela avaliação
alteração vocal e consideram suas vozes como adequadas, fato que pode levar à
dedicação quase exclusiva, fato que tem gerado desgastes diversos. Infra-estrutura
4
Todas essas características levam a um sentimento de insatisfação com a
profissão, gerando conflitos entre o trabalho idealizado por eles e as atividades que
eles têm autonomia para concretizar. Certamente todos esses fatores interferem na
entender esse contexto para que possa planejar ações efetivas, na direção de
5
2. OBJETIVO
6
3. REVISÃO DE LITERATURA
Nesta revisão, optou-se por apresentar alguns estudos que utilizaram como
O instrumento Voice Handicap Index – VHI, proposto por Jacobson e col (1997)
foi traduzido para o português brasileiro e validado por Behlau e col (2009). Trata-se
relação à sua alteração vocal, fato que possibilita adicionar parâmetros subjetivos à
de uma amostra variada de pacientes com distúrbios vocais para que pudesse ter
Sua versão original continha 85 perguntas que, após revisão cuidadosa, foram
reduzidas a 30, com respostas em escala Likert de cinco pontos (nunca, quase
dia-a-dia.
dependendo do uso vocal que o mesmo faz em seu dia-a-dia. Köhle e col. (2006)
comentaram que o impacto causado pela alteração vocal no cotidiano de uma dona
7
interpessoal, enquanto para um profissional da voz, as limitações vão além, e podem
fatores causais, cada um tendo sua contribuição para a alteração na qualidade vocal
bem definido.
Zraick e col (2006) analisaram 20 adultos (média de idade = 69,15 anos) com
8
demonstraram concordância em relação aos três domínios do questionário IDV
(físico, funcional e emocional), sendo que o domínio físico foi indicado por ambos os
pressão subglótica, tempo máximo de fonação, jitter e grau do distúrbio vocal. Foram
os dados de perfil pessoal coletados, mas o domínio físico não apresentou relação
com esses últimos. Os autores concluíram que, dessa maneira, o questionário IDV e
analisados em conjunto.
relação com a qualidade de vida apresentada por sujeitos com distúrbios vocais.
(IDV) e o Voice Related Quality of Life Measure (V-RQOL), por meio de análise de
prontuários médicos de 140 pacientes com queixas vocais que foram submetidos à
entre as médias dos escores do IDV nesse grupo, mas afirmaram que ambos os
9
questionários apresentaram forte relação entre si, trazendo importantes
tiveram resultados significantes entre si. Além disso, o escore do IDV foi maior que
falta de devida atenção dada ao problema vocal por parte desses sujeitos ainda em
formação profissional.
identificar lesões e alterações vocais nos sujeitos estudados, as queixas devem ser
10
suficientes para que se inicie uma atuação de maneira direta e preventiva com esses
distúrbios vocais.
Outro estudo, este de natureza longitudinal, foi realizado por Meulenbroek e col
afirmaram que os estudantes que apresentaram um alto impacto vocal após dois
habilidades comunicativas.
meio do IDV. Bovo e col (2006) estudaram por três meses 264 professoras da pré-
da voz. O grupo controle foi formado por 20 professoras com similaridade de idade,
11
período de avaliação, os participantes demonstraram melhora em aspectos como
população docente.
e o impacto social dos distúrbios vocais por meio do IDV. Os autores estudaram um
demonstraram que o escore total do IDV no grupo das professoras foi cinco vezes
mais alto do que no grupo controle (p<0,001). Além disso, a análise estatística
questionário.
docente. A autora cita que os professores nem sempre conseguem escolher o local
salários geram sobrecarga de trabalho para compor a receita mensal, fazendo com
12
os alunos, relação que poderia servir como apoio emocional entre docentes em
situações de adversidade.
vocal, por meio do questionário IDV e outro específico para verificar questões de
escore total (IDV≥75%) tiveram escore total baixo no outro questionário em relação
aos aspectos confronto ativo e lidar com os problemas (p=0,001) e busca por apoio
estresse, dado demonstrado pelo fato de que alguns itens do IRE apresentaram
13
questões a respeito do uso vocal de docentes em atividade diária ou ainda em
formação profissional.
14
4. MÉTODO
estudo caso-controle”.
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O estudo foi pareado por
escola para garantir que as professoras estivessem expostas aos mesmos aspectos
docente, além das que estavam ausentes desta atividade por licença médica,
afastamento ou readaptação funcional, uma vez que o uso vocal desses casos é
A seleção dos sujeitos foi composta por duas etapas: a primeira contou com
lecionava foi contatada para que fosse selecionada, aleatoriamente, outra professora
15
do ambiente físico como ruído, poeira, umidade, bem como ao contexto de trabalho
auditiva, foi realizada coleta de amostras de fala realizada por três fonoaudiólogas
com isolamento acústico, foi realizada gravação de duas emissões da vogal /a/ e
(Sound Forge 8,0, Sony), diretamente em computador portátil (Aspire 3680, Acer),
Foi utilizada a escala GRBASI, conforme proposta por Dejonckere col. (1996),
16
sempre às sextas-feiras, com duração média de 15 minutos, logo após a coleta de
respectivamente como com alteração, quando essa foi julgada moderada (grau 2) ou
intensa (grau 3), e sem alteração, quando normal (grau 0 ) ou leve (grau 1); e pelo
profissionais
perceptivo-visual;
17
Quadro 1. Descrição dos quatro grupos de sujeitos, segundo resultado das
avaliações fonoaudiológica e otorrinolaringológica.
Alteração Alteração
Alteração
Sem alteração perceptivo- perceptivo-
perceptivo-visual
auditiva auditiva e visual
- Sem alteração na - Com alteração na - Sem alteração na - Com alteração na
avaliação avaliação avaliação avaliação
fonoaudiológica fonoaudiológica fonoaudiológica fonoaudiológica
perceptivo-auditiva perceptivo-auditiva perceptivo-auditiva perceptivo-auditiva
da voz; da voz; da voz; da voz;
4.3 Instrumentos
Professor (CPV-P Anexo 4), que subsidiou a caracterização dos sujeitos, e o Índice
18
Índice de Desvantagem Vocal - IDV
Nesta pesquisa, foi utilizada a versão brasileira do IDV, validada por BEHLAU e
Likert de cinco pontos (nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre),
O cálculo do escore final foi feito segundo orientação dos autores, ou seja,
Características sociodemográficas
Características do trabalho
separadamente.
todos, a saber: índice 0,93 para IDV Geral (IDVG); 0,93 para IDV Emocional (IDVE);
0,91 para IDV Físico (IDVF) e 0,94 para IDV Orgânico (IDVO).
19
Foi feita a associação entre as características sociodemográficas e de trabalho e
cada um dos grupos estudados, por meio do teste qui-quadrado. Para a comparação
das médias dos domínios do IDV com cada um dos grupos, foi utilizado o teste
A pesquisa que forneceu o banco de dados para esta pesquisa foi aprovada
173/07, Anexo 1), e do Hospital do Servidor Público Municipal (nº 101/07, Anexo 2).
20
5. RESULTADOS
quatro grupos, a saber: idade, estado civil, escolaridade, número de escolas, tempo
observa que, no mesmo grupo, mais de 50% das professoras têm 16 ou mais anos
de profissão.
21
Tabela 1. Número e porcentagem de professoras segundo características
sociodemográficas e de trabalho.
Alteração
Alteração Alteração
Sem perceptivo-
características perceptivo- perceptivo-
alteração auditiva e valor p
sociodemográficas auditiva visual
(n=105) visual ( )
2
e de trabalho (n=27) (n=55)
(n=167)
n % n % n % n %
Idade
20-29 anos 15 14,3 4 14,8 10 18,2 21 12,6 0,236
30-39 anos 38 36,2 9 33,3 24 43,6 50 29,9
40-49 anos 33 31,4 10 37,0 16 29,1 77 46,1
50-65 anos 19 18,1 4 14,8 5 9,1 19 11,4
Estado Civil
solteira 27 25,7 10 37,0 16 29,1 49 29,3 0,317
casada 62 59,0 11 40,7 35 63,6 100 59,9
separada/viúva 16 15,2 6 22,2 4 7,3 18 10,8
Escolaridade
até superior incomp 4 3,8 1 3,7 8 14,5 13 7,8 0,082
superior completo 101 96,2 26 96,3 47 85,5 154 92,2
Número de
escolas 1 67 63,8 14 51,9 33 60,0 73 43,7 0,008
>1 38 36,2 13 48,1 22 40,0 94 56,3
Tempo de
profissão ≤ 10 anos 33 31,7 9 33,3 25 45,5 40 24,0 0,048
11-15 anos 23 22,1 7 25,9 13 23,6 29 17,4
16-20 anos 29 27,9 5 18,5 12 21,8 62 37,1
≥21anos 19 18,3 6 22,2 5 9,1 36 21,6
Vínculo
professora titular 101 96,2 26 96,3 54 98,2 158 94,6 0,074
professora
4 3,8 1 3,7 1 1,8 9 5,4
substituta
Horas aula
por semana ≤ 10 h 14 13,3 2 7,4 7 12,7 29 17,4 0,674
11-20 h 16 15,2 3 11,1 10 18,2 22 13,2
21-30 h 32 30,5 6 22,2 13 23,6 31 18,6
31-40 h 24 22,9 9 33,3 13 23,6 48 28,7
≥41 horas 19 18,1 7 25,9 12 21,8 37 22,2
questões desse domínio. As perguntas O2, O10, O17, O18, O20, O26 apresentaram
22
Apenas as questões O4 e O21 (“Minha voz varia ao longo do dia” e “Minha voz é
frequência “sempre/quase sempre”, nos três grupos com algum tipo de alteração
23
A Tabela 3 apresenta a análise de cada pergunta do domínio emocional do
domínio (“As pessoas parecem se irritar com a minha voz”, “Fico constrangido
quando as pessoas me pedem para repetir o que falei” e “Tenho vergonha do meu
outras perguntas analisadas, mais de 60% das respostas foram registradas nas
24
Tabela 3. Análise de associação entre o domínio emocional do Índice de
Desvantagem Vocal (IDV) e os quatro grupos avaliados.
Alteração
Alteração Alteração
Sem perceptivo-
perceptivo- perceptivo-
IDV - Domínio Emocional alteração auditiva e total valor p
auditiva visual
( )
(n=105) visual 2
(n=354) (n=27) (n=55)
(n=167)
nº % nº % nº % nº % nº %
pergunta E7: Fico tenso quando falo com os outros por causa da minha voz
nunca/quase nunca/às vezes 102 97,1 25 92,6 52 94,5 138 82,6 317 89,5 0,001
sempre/quase sempre 3 2,9 2 7,4 3 5,5 29 17,4 37 10,5
pergunta E9: As pessoas parecem se irritar com a minha voz
nunca/quase nunca/às vezes 104 99,0 25 92,6 54 98,2 157 94,0 340 96,0 0,121
sempre/quase sempre 1 1,0 2 7,4 1 1,8 10 6,0 14 4,0
pergunta E15: Acho que as pessoas não entendem o meu problema de voz
nunca/quase nunca/às vezes 100 95,2 20 74,1 49 89,1 142 85,0 311 87,9 0,009
sempre/quase sempre 5 4,8 7 25,9 6 10,9 25 15,0 43 12,1
pergunta E23: Meu problema de voz me chateia
nunca/quase nunca/às vezes 89 84,8 12 44,4 39 70,9 84 50,3 224 63,3 <0,001
sempre/quase sempre 16 15,2 15 55,6 16 29,1 83 49,7 130 36,7
pergunta E24: Fiquei menos expansivo por causa do meu problema de voz
nunca/quase nunca/às vezes 100 95,2 22 81,5 48 87,3 136 81,4 306 86,4 0,011
sempre/quase sempre 5 4,8 5 18,5 7 12,7 31 18,6 48 13,6
pergunta E25: Minha voz faz com que eu me sinta em desvantagem
nunca/quase nunca/às vezes 100 95,2 21 77,8 46 83,6 132 79,0 299 84,5 0,003
sempre/quase sempre 5 4,8 6 22,2 9 16,4 35 21,0 55 15,5
pergunta E27: Fico irritado quando as pessoas me pedem para repetir o que falei
nunca/quase nunca/às vezes 99 94,3 21 77,8 51 92,7 144 86,2 315 89,0 0,036
sempre/quase sempre 6 5,7 6 22,2 4 7,3 23 13,8 39 11,0
pergunta E28: Fico constrangido quando as pessoas me pedem para repetir o que falei
nunca/quase nunca/às vezes 98 93,3 22 81,5 52 94,5 147 88,0 319 90,1 0,138
sempre/quase sempre 7 6,7 5 18,5 3 5,5 20 12,0 35 9,9
pergunta E29: Minha voz me faz sentir incompetente
nunca/quase nunca/às vezes 103 98,1 24 88,9 52 94,5 149 89,2 328 92,7 0,040
sempre/quase sempre 2 1,9 3 11,1 3 5,5 18 10,8 26 7,3
pergunta E30: Tenho vergonha do meu problema de voz
nunca/quase nunca/às vezes 102 97,1 24 88,9 51 92,7 151 90,4 328 92,7 0,179
sempre/quase sempre 3 2,9 3 11,1 4 7,3 16 9,6 26 7,3
25
A Tabela 4 apresenta a análise de cada pergunta do domínio funcional do
questionário IDV com cada um dos grupos estudados. Cinco questões não
tendência a evitar grupos de pessoas por causa da minha voz”, “Falo menos com
amigos, vizinhos e parentes por causa da minha voz”, “As pessoas pedem para eu
repetir o que falo quando conversamos pessoalmente”, “Meu problema de voz limita
minha vida social e pessoal” e “Eu me sinto excluído nas conversas por causa da
significativa.
26
Tabela 4. Análise de associação do domínio funcional do Índice de Desvantagem
Vocal (IDV) com os quatro grupos avaliados.
Alteração
Alteração Alteração
Sem perceptivo-
perceptivo- perceptivo-
alteração auditiva e total valor p
IDV - Domínio Físico (n=354) auditiva visual
( )
(n=105) visual 2
(n=27) (n=55)
(n=167)
nº % nº % nº % nº % nº %
pergunta F1: As pessoas têm dificuldade em me ouvir por causa da minha voz
nunca/quase nunca/às vezes 101 96,2 24 88,9 51 92,7 143 85,3 319 90,1 0,035
sempre/quase sempre 4 3,8 3 11,1 4 7,3 24 14,4 35 9,9
pergunta F3: As pessoas têm dificuldade de me entender em lugares barulhentos
nunca/quase nunca/às vezes 84 80,0 18 66,7 40 72,7 97 58,1 239 67,5 0,002
sempre/quase sempre 21 20,0 9 33,3 15 27,3 70 41,9 115 32,5
pergunta F5: Minha família tem dificuldade em me ouvir quando os chamo de outro cômodo da casa
nunca/quase nunca/às vezes 99 94,3 21 77,8 47 85,5 129 77,2 296 83,6 0,002
sempre/quase sempre 6 5,7 6 22,2 8 14,5 38 22,8 58 16,4
pergunta F6: Uso menos o telefone do que eu gostaria
nunca/quase nunca/às vezes 96 91,4 23 85,2 49 89,1 130 77,8 298 84,2 0,017
sempre/quase sempre 9 8,6 4 14,8 6 10,9 37 22,2 56 15,8
pergunta F8: Tenho tendência a evitar grupos de pessoas por causa da minha voz
nunca/quase nunca/às vezes 102 97,1 26 96,3 52 94,5 155 92,8 335 94,6 0,469
sempre/quase sempre 3 2,9 1 3,7 3 5,5 12 7,2 19 5,4
pergunta F11: Falo menos com amigos, vizinhos e parentes por causa da minha voz
nunca/quase nunca/às vezes 102 97,1 25 92,6 55 100,0 154 92,2 336 94,9 0,077
sempre/quase sempre 3 2,9 2 7,4 0 0,0 13 7,8 18 5,1
pergunta F12: As pessoas pedem para eu repetir o que falo quando conversamos pessoalmente
nunca/quase nunca/às vezes 100 95,2 23 85,2 51 92,7 147 88,0 321 90,7 0,157
sempre/quase sempre 5 4,8 4 14,8 4 7,3 20 12,0 33 9,3
pergunta F16: Meu problema de voz limita minha vida social e pessoal
nunca/quase nunca/às vezes 103 98,1 25 92,6 53 96,4 152 91,0 333 94,1 0,091
sempre/quase sempre 2 1,9 2 7,4 2 3,6 15 9,0 21 5,9
pergunta F19: Eu me sinto excluído nas conversas por causa da minha voz
nunca/quase nunca/às vezes 105 100,0 26 96,3 55 100,0 160 95,8 346 97,7 0,079
sempre/quase sempre 0 0,0 1 3,7 0 0,0 7 4,2 8 2,3
pergunta F22: Meu problema de voz me causa prejuízos econômicos
nunca/quase nunca/às vezes 103 98,1 20 74,1 51 92,7 147 88,0 321 90,7 0,001
sempre/quase sempre 2 1,9 7 25,9 4 7,3 20 12,0 33 9,3
27
A Tabela 5 compara as médias do escore total do IDV, segundo os grupos.
Figura 1.
28
Figura 1. Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança do IDV, escores
parciais (IDVO, IDVE) segundo grupos.
29
Figura 2. Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança do IDV, escores
parciais (IDVF e IDVG) segundo grupos.
30
6. DISCUSSÃO
cotidiana.
escola (ao ser diagnosticada uma professora com distúrbio de voz, outra sem tal
vocais encontrada pelos autores foi de quatro novos casos a cada 1000
professores por ano. Além deste estudo, Simões e Latorre (2006) indicou 80%
estudadas.
o impacto que esse problema gera na rotina de trabalho e de vida dos docentes,
31
Kasama e col. (2007) reforçaram a importância deste tipo de investigação e
terapêutico.
de trabalho.
32
Nemr e col. (2005) citaram que a avaliação perceptivo-auditiva da voz teve
indicaram que os sujeitos que apresentaram alteração vocal constatada nas duas
de voz corrobora o estudo de Araújo (2008), que sugere que o tempo prolongado
33
A variável idade das docentes no presente estudo não apresentou diferença
docência.
distúrbios vocais.
vocal na vida diária desses sujeitos, dado que, no questionário original, pode ser
comprados, com destaque para duas perguntas que obtiveram mais de 60% das
34
vocal: “Minha voz é pior no final do dia” e “Minha voz varia ao longo do dia”. Tal
fato demonstra que a mesma queixa está presente tanto no docente com
visual e tal fato sugere que problemas de ordem orgânica tem participação direta
dos docentes.
fisicamente pelo indivíduo. Esse fato pode ser exemplificado pela pergunta E23:
“Meu problema de voz me chateia” que apresentou quase 50% das respostas
35
e frequência, por exemplo. No presente estudo, na análise das dez questões, em
que duas questões desse domínio (F3 “As pessoas têm dificuldade em me
sala de aula e na escola, e fora da sala de aula (49%). Giannini (2010) conclui
dos docentes incapacitados de trabalhar por conta das alterações vocais quando
profissionais.
atividades rotineiras.
orgânico, dado também registrado por Tutya (2011) em pesquisa realizada com
36
estudo no IDV Geral, respectivamente 14 e 18. Os autores identificaram maior
rouquidão, irritações laríngeas e piora na qualidade vocal pela manhã, dados que
sujeitos.
Na leitura das médias dos três domínios, é possível destacar que o grupo
afetada dentre todas as profissões que utilizam a voz como instrumento principal
37
programas de prevenção caso as condições fossem viabilizadas pelas
38
7. CONCLUSÃO
39
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
722
5. Ceballos AGC, Carvalho FM, Araújo TM, Reis EJFB. Auditory vocal analysis
and factors associated with voice disorders among teachers. Rev Bras
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16. Köhle J, Nemr K, Leite GCA, Santos AO, Lehn CN, Chedid HM. Ação de
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17. Latorre MRDO. A saúde do professor da rede pública de São Paulo: fatores
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18. Latorre MRDO. A saúde do professor da rede pública de São Paulo: fatores
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38. Tutya AS, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Comparação dos escores dos
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41. Zraick RI, Risner BY, Smith-Olinde L, Gregg BA, Johnson FL, McWeeny EK.
494
44
ANEXOS
45
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Programa de Estudos Pós Graduados em Fonoaudiologia
Autorização
Eu, Susana Pimentel Pinto Giannini, autora da tese intitulada “Distúrbio de voz
relacionado ao trabalho docente: um estudo caso-controle”, orientada pela Profa.
Dra. Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre e co-orientado pela Profa. Dra. Leslie
Piccolotto Ferreira, apresentada ao Departamento de Epidemiologia da Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, autorizo a mestranda Daniela
Ramos de Queiroz, autora do projeto intitulado “Associação entre o índice de
desvantagem vocal em docentes com e sem distúrbio vocal”, orientado pela Profa.
Dra. Leslie Piccolotto Ferreira, que será apresentado ao Programa de Pós-
graduação em Distúrbios da Comunicação, a fazer uso do banco de dados gerado
em minha tese de doutorado para sua dissertação de mestrado exclusivamente para
___________________________
Assinatura do pesquisador
______________
Data
46
ANEXO 1
47
ANEXO 2
48
ANEXO 3
49
50
51
52
53
54
55
ANEXO 4
Instruções: “As afirmações abaixo são usadas por muitas pessoas para descrever suas vozes e o efeito
de suas vozes na vida. Circule a resposta que indica o quanto você compartilha da mesma
experiência”.
0 = Nunca
1 = Quase nunca
2 = Às vezes
3 = Quase sempre
4 = Sempre
F1. As pessoas têm dificuldade em me ouvir por causa da minha voz 01234
O2. Fico sem ar quando falo 01234
F3. As pessoas têm dificuldade de me entender em lugares barulhentos 01234
O4. Minha voz varia ao longo do dia 01234
F5. Minha família tem dificuldade em me ouvir quando os chamo de outro cômodo da 01234
casa
F6. Uso menos o telefone do que eu gostaria 01234
E7. Fico tenso quando falo com os outros por causa da minha voz 01234
F8. Tenho tendência a evitar grupos de pessoas por causa da minha voz 01234
E9. As pessoas parecem se irritar com a minha voz 01234
O10. As pessoas perguntam: “O que você tem na voz?” 01234
F11. Falo menos com amigos, vizinhos e parentes por causa da minha voz 01234
F12. As pessoas pedem para eu repetir o que falo quando conversamos pessoalmente 01234
O13. Minha voz parece rouca e seca 01234
O14. Sinto que tenho que fazer força para a minha voz sair 01234
E15. Acho que as pessoas não entendem o meu problema de voz 01234
F16. Meu problema de voz limita minha vida social e pessoal 01234
O17. Não consigo prever quando minha voz vai sair clara 01234
O18. Tento mudar minha voz para que ela saia diferente 01234
F19. Eu me sinto excluído nas conversas por causa da minha voz 01234
O20. Faço muito esforço para falar 01234
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O21. Minha voz é pior no final do dia 01234
F22. Meu problema de voz me causa prejuízos econômicos 01234
E23. Meu problema de voz me chateia 01234
E24. Fiquei menos expansivo por causa do meu problema de voz 01234
E25. Minha voz faz com que eu me sinta em desvantagem 01234
O26. Minha voz falha no meio da fala 01234
E27. Fico irritado quando as pessoas me pedem para repetir o que falei 01234
E28. Fico constrangido quando as pessoas me pedem para repetir o que falei 01234
E29. Minha voz me faz sentir incompetente 01234
E30. Tenho vergonha do meu problema de voz 01234
Observação: As letras que precedem cada número correspondem à subescala do protocolo, sendo:
E = emocional, F = funcional e O = orgânica.
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