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CURITIBA
2002
MARIA REGINA MACEDO ALVES
CURITIBA
2002
MARIA REGINA MACEDO ALVES
Banca Examinadora:
_____________________________________
Profª. Drª. Léslie Piccolotto Ferreira
Mestrado em Fonoaudiologia – PUC/SP
_____________________________________
Profª. Drª. Maria Inês Rebelo Gonçalves
Mestrado em Distúrbios da Comunicação – UTP
_____________________________________
Profª. Drª. Ana Paula Berberian da Silva
Mestrado em Distúrbios da Comunicação – UTP
Orientadora
Dedico este trabalho
À memória de meu pai, que nos deixou como herança o bem maior que possuo: a
união de nossa família.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter permitido que eu vivesse a experiência enriquecedora que foi o
mestrado.
Ao Victor Hugo, o amor da minha vida, com quem aprendi a ser filha, irmã, esposa,
amiga, mãe, profissional e mulher, enfim, a ser um ser humano melhor do que eu era
antes de ele fazer parte da minha vida.
Às minhas filhas, Mariana e Marina, que, cada uma com sua maneira própria de ser,
me completam e dão razão ao meu viver.
À Prof.ª Dr.ª Ana Paula Berberian da Silva, meu agradecimento especial pelo carinho,
cuidado e profundo respeito que me dedicou durante todo o caminho que percorremos,
e principalmente por me incentivar a fazer o melhor sempre.
À fonoaudióloga e amiga Cássia Menin Cabrini Junqueira, com quem pude dividir
sempre todas as angústias, alegrias, pequenos fracassos e as grandes vitórias desta
caminhada e da caminhada da vida.
À Dinha, meu braço direito, muito mais do que minha empregada, que me ajudou a
criar as meninas e contribuiu para que o fardo doméstico se tornasse leve.
5
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 8
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................................................. 12
3 PANORAMA DA PRODUÇÃO NACIONAL FONOAUDIOLÓGICA NA ÁREA DA
MOTRICIDADE ORAL............................................................................................................................ 15
4 A TEMÁTICA ABORDADA NA PRODUÇÃO NACIONAL NA ÁREA DA MOTRICIDADE
ORAL .......................................................................................................................................................... 25
5 REFERÊNCIAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS NORTEADORAS DA PRODUÇÃO
NACIONAL EM MOTRICIDADE ORAL.............................................................................................. 43
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 72
ANEXOS .............................................................................................................................................................. 80
APÊNDICES........................................................................................................................................................ 90
6
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
Fica evidente que as questões relativas à Motricidade Oral estão colocadas no centro
das preocupações da área fonoaudiológica, uma vez que, dentre os vários distúrbios da
comunicação que a mesma aborda teoricamente, problemas relativos à articulação e à
Motricidade Oral figuram em primeiro lugar nos temas das publicações realizadas por
fonoaudiólogos brasileiros, no período de 1969 a 1993 (FERREIRA; RUSSO, 1994).
O interesse por essa temática surgiu da compreensão da abrangência e do papel que ela
representa para a Fonoaudiologia, e se constituiu a partir de nossa trajetória
profissional no campo da Motricidade Oral.
9
Em 1987 e 1988, realizamos estágio no Hospital dos Defeitos da Face, em São Paulo.
O programa era destinado ao atendimento de indivíduos portadores de fissuras
labiopalatinas, anomalias craniofaciais e síndromes associadas. Naquele período, nos
deparamos com a escassez da bibliografia nacional na área, tendo em vista nossas
referências teóricas serem, em sua grande maioria, estrangeiras.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste estudo, optamos por realizar a análise da produção adotando como fontes de
pesquisa livros, capítulos de livros e periódicos. A análise das fontes foi realizada a
partir dos seguintes critérios: distribuição da produção por décadas, temas abordados
com maior recorrência, incidência de autores nacionais e estrangeiros citados e
principais tendências teóricas veiculadas.
Além dos títulos acima mencionados, foram incluídos outros dois periódicos, por
apresentarem publicações com periodicidade anual, sendo portanto, classificados como
tais, a saber: Tópicos em Fonoaudiologia, organizado pelo CEFAC e publicado pela
editora Lovise, com início em de 1994 e encerrado em 1998, em São Paulo, e o
13
Na primeira parte, realizamos uma análise acerca das primeiras publicações nacionais
na área da Motricidade Oral e da distribuição dos diferentes tipos da produção editada
no período delimitado em nosso estudo. Realizamos, ainda, o levantamento da
produção dos fonoaudiólogos brasileiros em Motricidade Oral, por tipo de produção.
Para tal análise, optamos por selecionar os autores que apresentaram no mínimo duas
produções,exceção feita a Padovan que consta na Tabela 3 – Produção dos Autores
Fonoaudiólogos Brasileiros em Motricidade Oral por Tipo de Produção, 1970-2000”,
com uma única produção, por ser autora de uma obra que marcou o início da literatura
específica na área e que se tornou referência nacional, fato evidenciado pelo número
de vezes em que a autora aparece citada na produção pesquisada.
Na segunda parte, realizamos o levantamento e análise dos temas que aparecem com
maior e menor freqüência nos diferentes tipos de produção em Motricidade Oral de
autoria dos fonoaudiólogos brasileiros. Os temas foram agrupados nas seguintes
categorias:
- Entrevista/Avaliação/Anamnese/Diagnóstico;
- Anatomia/Fisiologia;
- Tratamento/Exercícios,
- Etiologia,
14
- Histórico,
- Prevenção,
- Atuação interdisciplinar.
tipo de perfil a Fonoaudiologia apresenta através dos livros publicados por seus
profissionais”, concluindo com a seguinte indagação: “será que nós, fonoaudiólogos,
estamos a par de toda a produção de nossos colegas?” (FERREIRA; RUSSO, 1994,
p.1).
A partir de nosso estudo, pudemos constatar que a produção total levantada no campo
18
Apesar de Ferreira e Russo (1998, p. 64) chamarem a atenção para o fato de que o
acervo composto por dissertações de mestrado e teses de doutorado fica,
“infelizmente, na maioria das vezes”, restrito “à biblioteca das instituições onde esses
trabalhos foram defendidos, inviabilizando o acesso à maioria dos profissionais da
área”, entendemos que tais produções geram condições de produção de artigos, livros e
comunicações em anais de encontros científicos. Consideramos que tais publicações
contribuem, de forma significativa, para a sistematização de uma prática de troca e de
veiculação do conhecimento produzido pela área.
1
Descrição e periodicidade das publicações está inserida no Procedimento Metodológico.
22
2
É importante ressaltar que incluímos Padovan em nossa Tabela porque apesar de a autora ter publicado apenas uma obra, a
mesma aparece como uma das mais citadas evidenciando a sua repercussão e representatividade. Tal situação ficou
evidenciada na Parte 3, quando apresentamos na Tabela 6, os autores nacionais mais citados na literatura pesquisada.
23
Conforme podemos constatar, Marchesan e Bianchini, duas das autoras com maior
número de produções, mantêm vínculo com o curso de especialização em Motricidade
Oral do CEFAC. Da mesma forma, Felício, que figura entre as três autoras com maior
produção, coordena e leciona no curso de Fonoaudiologia da Universidade de Ribeirão
Preto - São Paulo, além de ser docente do mestrado em Odontopediatria da Faculdade
de Odontologia de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo.
Antes de iniciarmos a análise específica em torno dos temas que surgiram com maior e
menor recorrência, consideramos importante discutir a forma como conhecimentos de
áreas afins participam da constituição da Fonoaudiologia e, mais especificamente,
como interferem nas produções voltadas à área da Motricidade Oral. A decisão de
realizarmos esta análise introdutória deve-se à percepção de que existe nas produções
pesquisadas uma tendência predominante de relação entre a Fonoaudiologia e outros
campos do conhecimento, donde decorrem as seguintes questões:
1. Como os temas vêm sendo discutidos e priorizados na produção do conhecimento
fonoaudiológico na área da Motricidade Oral?
2. De que forma conhecimentos de áreas afins têm contribuído e participado da
constituição do saber fonoaudiológico em Motricidade Oral?
As questões acima nos remetem a trabalhos formulados por Figueredo Neto (1988),
Cordeiro (1992), Teixeira (1993), Berberian (1995), Medeiros (1995), Meira (1996),
Lacerda, Panhoca e Chun (1998), tendo em vista o fato de esses trabalhos conterem
elementos que nos possibilitam compreender como a área da Motricidade Oral tem-se
relacionado com diferentes campos do saber. Tais autoras discutem como a Medicina,
a Psicologia e a Educação influíram e continuam exercendo influência na constituição
dos diferentes campos da Fonoaudiologia.
26
Essa discussão está permeada por questões que abrangem desde a identidade da
Fonoaudiologia como área técnica paramédica ou como clínica da linguagem, até a
legitimidade em compor seus conhecimentos a partir de contribuições de outras áreas –
tradicionalmente a Medicina, a Lingüística e a Psicologia.
Teixeira (1993) chama atenção para o fato de que, apesar do reconhecimento de que a
Fonoaudiologia agrega conhecimentos de ciências sistematizadas, existe um
movimento formado por fonoaudiólogos em direção à constituição e legitimação de
pressupostos teóricos específicos.
Cunha (1986), Paladino (1991), Cordeiro (1992), Teixeira (1993), Berberian (1995),
Medeiros (1995), Carrasco (1999) e Felice (2000), não consideram positivo ou
negativo em si esse fato, mas nos propõem analisar os problemas decorrentes do tipo
de relação denominado “empréstimos” ou “colagens”, que vem tradicionalmente
caracterizando a vinculação entre a Fonoaudiologia e áreas afins.
Teixeira (1993, p. 16) nos alerta para um dos possíveis desdobramentos decorrentes
desse tipo de relação ao considerar que um método clínico próprio “só poderá ser
elaborado pelos fonoaudiólogos com todos os empréstimos que possam contribuir,
mas que não caracterizem a subordinação dessa área a outras”.
Além disso, Teixeira (1993, p. 4) nos leva refletir que a estreita vinculação que a
Fonoaudiologia estabelece com as áreas médica e odontológica, especialmente no
campo que envolve a produção voltada à Motricidade Oral, não se deve “ao acaso”. A
28
autora expõe com clareza que a maior ou menor concentração dos temas reflete a
identidade dos grupos envolvidos com as produções fonoaudiológicas.
Da mesma forma, Bianchini relata que se formou em 1981 e iniciou sua formação
complementar junto à Odontologia, realizando cursos na área até 1987 e iniciando seu
trabalho em Motricidade Oral devido à grande demanda de pacientes com problemas
de Motricidade Oral encaminhados pelos dentistas.
Altmann (1994) conta que concluiu a graduação em 1980 e fez estágios em vários
hospitais na França, atuando exclusivamente com pacientes com alterações
craniofaciais, e posteriormente, outro em New York, no Center for Craniofacial
Disorders, em fissuras labiopalatinas, estágios esses realizados com profissionais da
área médica.
Narazaki (2000) informa ainda que a formação complementar dessas autoras se deu a
partir de conhecimentos advindos da Medicina e da Odontologia.
3
Na parte Intitulada “Panorama da produção nacional fonoaudiológica e na área da Motricidade Oral” realizamos análise das
principais referências que aparecem na literatura, identificando as fonoaudiólogas brasileiras mais citadas.
29
Evidenciando tal tendência, Marchesan (1998, p. 10) esclarece que o livro de sua
autoria Uma visão compreensiva das práticas fonoaudiológicas: a influência da
alimentação no crescimento e desenvolvimento craniofacial e nas alterações
miofuncionais foi o “resultado de reflexões sobre a prática fonoaudiológica. Busquei
compreender essa prática relacionada à Motricidade Oral, e também à Odontologia”.
TABELA 4 – TEMAS MAIS ABORDADOS POR TIPO DE PRODUÇÃO DOS FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS,
1970 - 20004
TEMA Livros Capítulos de livros Periódicos Separatas Total
Entrevista/Anamnese/
Avaliação/ 12 12 50 1 75
/Diagnóstico
Anatomia/Fisiologia 7 24 14 1 46
Tratamento/Exercícios 13 15 17 1 46
Etiologia 3 2 1 6
Histórico 1 1 2
Prevenção 2 1 4 7
Atuação
3 3 6
interdisciplinar
Total 40
54 (28,72%) 89 (47,34%) 5 (2,66%) 188
(21,28%)
4
Agrupamos numa mesma categoria diferentes temas por entender que os mesmos tratam de procedimentos equivalentes.
30
Os trabalhos de Ferraz (1983, 1997) enfatizam que a anamnese tem como objetivo
investigar os fatores etiológicos, aspectos relativos ao histórico pré-natal, natal e pós-
natal, o desenvolvimento motor, neurolingüístico, hábitos orais, saúde, amamentação,
alimentação, aspectos da personalidade e perfil psicológico. Em González e Lopes
(2000, p. 54-55), a entrevista inicial prioriza informações sobre aleitamento,
alimentação, saúde, dentição, hábitos e sono. Podemos verificar que esses aspectos
referem-se aos primeiros anos de vida do paciente e são relacionados a crianças.
Segundo as autoras, realizou-se “a entrevista inicial com os pais e sempre na presença
do paciente”.
do paciente.
Cabe ressaltar que poucos autores apresentam protocolos de avaliação e/ou anamnese,
e os que o fazem não informam a fonte, conforme podemos encontrar em Junqueira
(1992), Neiva e Wertzner (1996), Franco (1998), Souza e Wertzner (1998), Ferreira
(1999), Thomé, Meneguetti, Oliveira e Anelli (1999/2000) e Felício (2000).
Esse tema surge na literatura pesquisada nas décadas de 1970 e 1980, nos trabalhos de
Padovan (1976) e Ferraz (1983), que descrevem as estruturas anatômicas da língua,
dos lábios, do palato duro e do mole, da mandíbula, da musculatura facial, dos dentes,
das arcadas dentárias, da faringe, do esôfago, da epiglote e dos músculos supra-
hióides. Os trabalhos mencionados acima discutem também o papel que essas
estruturas desempenham na deglutição, e a fisiologia da deglutição normal e atípica.
Podemos, ainda, observar que Canongia (1989) dedicou 4 capítulos em seu livro para
descrever a anatomia e fisiologia dos órgãos responsáveis pelas funções da respiração,
sucção, mastigação e deglutição.
Foi a partir dos trabalhos de Bianchini (1998) e Marchesan (1993) e González e Lopes
(2000) que os aspectos anatômicos e fisiológicos passaram a incorporar as noções de
crescimento e desenvolvimento craniofacial e a correlação de forma e função, na
classificação e funcionamento do sistema estomatognático.
35
Cabe aqui uma reflexão sobre a forma como o tema anatomia/ fisiologia vem sendo
abordado na produção em Motricidade Oral. De acordo com a análise realizada na
introdução deste trabalho, entendemos que a Medicina e a Odontologia desempenham
papel importante na constituição da área da Motricidade Oral. Essas áreas, que têm nos
aspectos relativos à anatomia e fisiologia um dos seus fundamentos, são responsáveis
pela produção, sistematização e difusão de conhecimentos acerca de tal tema,
legitimando, dessa forma, a apropriação dos mesmos por parte da Fonoaudiologia.
Entendemos que a área da Motricidade Oral não perde sua autonomia ao adotar
conhecimentos sistematizados por outras áreas, mas, ao utilizá-los desprovidos de uma
visão própria, corre o risco de estabelecer uma relação de subordinação com as áreas
médica e odontológica, bem como renegar a segundo plano dimensões para além da
orgânica, que também influenciam na configuração dos aspectos que compõem a
Motricidade Oral.
4.3 TRATAMENTO/EXERCÍCIOS
tratamento.
Uma vez analisados os temas que surgem com acentuada recorrência, passamos a
analisar aqueles que foram pouco explorados na produção pesquisada, uma vez que
também são reveladores de como vem sendo constituído o saber que fundamenta o
campo da Motricidade Oral.
4.4 INTERDISCIPLINARIDADE
No artigo de Mitri e Marchesan (1987, p. 75-79), as autoras têm por objetivo “mostrar
como o trabalho e o conhecimento conjunto das áreas, Ortodontia e Fonoaudiologia,
podem ajudar os profissionais a levarem o indivíduo a estabelecer a adequação de suas
funções neurovegetativas, diminuindo as recidivas, obtendo-se assim melhor resultado,
tanto no âmbito fonoaudiológico como no ortodôntico”. Concluem afirmando que “o
sucesso de um tratamento não necessariamente dependerá do trabalho em conjunto,
mas sim do conhecimento e senso crítico de cada profissional em saber quando e como
necessitaria da intervenção de áreas correlatas para melhores resultados finais”.
4.5 ETIOLOGIA
Da mesma forma, Ferraz (1983, 1997) considera como causas da maloclusão, além dos
hábitos deletérios citados acima, a hereditariedade, fatores desconhecidos na fase
embrionária, traumas, doenças, a utilização de objetos extracorpóreos, tais como
mamadeira , ainda o hábito de morder objetos.
4.6 PREVENÇÃO
Embora cada vez mais a prevenção esteja conquistando espaço nas discussões relativas
à saúde coletiva, o mesmo parece não estar acontecendo no campo da Motricidade
Oral, principalmente no que se refere à produção literária sobre o tema.
O aleitamento materno foi descrito por Junqueira (1997), Nóbile (1997, 1998),
Andrade e Garcia (1998), Cattoni, Neiva, Zackiewicz e Andrade (1998) como fator
importante de prevenção, nutrição e promoção do pleno crescimento e do
desenvolvimento da saúde física e psicológica da criança. As autoras descrevem ainda
a importância do conhecimento dos hábitos orais inadequados e a forma de tratá-los
para prevenir as alterações das habilidades miofuncionais orais e das funções
neurovegetativas.
4.7 HISTÓRICO
5
ANGLE, E. H. Malocclusion of the teeth. Philadelphia: S. S. White, 1907.
6
ROGERS, A. P. Exercises for the development of the muscles of the face, with a view to increasing their
functional activity. Dent. Cosmos, 1918.
7
ROGERS, A. P. Swallowing patterns of a normal population sample compared to those patients from an
orthodontic practice. Int. J. Orthod., 1918b.
8
LISCHER, B. E. Principles and methods of Orthodontics. Philadelphia: Lea and Febiger, 1912.
9
TRUESDELL, B.; TRUESDELL, F. B. Deglutition: with special reference to normal function and the
diagnosis, analysis and correction of anormalities. Angle Orthod., Appleton, 1937.
44
194610; Ballard, 1948a11, 1948b12, 195113; Strang, 194914 (apud HANSON; BARRETT,
1995) todos dentistas, preocupados com as constantes recidivas de maloclusões após a
conclusão do tratamento ortodôntico. Esses autores iniciaram uma série de estudos a
respeito da influência que as forças musculares e os maus hábitos orais causavam na
dentição.
10
RIX, R. E. Deglutition and the teeth. Dent. Rec. [S.l.], p 66 – 103, 1946.
11
BALLARD, C. F. The upper respiratory musculature and Orthodontics. Dent. Rec., 1948.
12
BALLARD, C. F. Some bases for aetiology and diagnosis in Orthodontics. Br Soc. Study Orthod. Soc.,
Trans., 1948b.
13
BALLARD, C. F. The facial musculature and anomalies of the dentoalveolar structures. Eur. Orthod. Soc.
Trans., 1951.
14
STRANG, R. H. W. The fallacy of denture expansion as a treatment procedure. Angle Orthod., Appleton,
1949.
15
STRAUB, W. J. Malfunction of the tongue. part I. The abnormal swallowing habit: its cause, effects, and
results in relation to orthodontic treatament and speech therapy. Am. J. Orthod., 404 - 424, 1960.
45
TABELA 5 - AUTORES INTERNACIONAIS MAIS CITADOS PELOS FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS POR TIPO
DE PRODUÇÃO
16
STRAUB, W. J. The etiology of the perverted swalloing habit. Am. j. Orthod., 37, 603, 1951.
17
STRAUB, W. J. Malfunction of the tongue. part II. The abnormal swallowing habit: its cause, effects, and
results in relation to orthodontic treatament and speech therapy. Am. J. Orthod., 596 - 617, 1961.
18
STRAUB, W. J. Malfunction of the tongue. part III. The abnormal swallowing habit: its cause, effects, and
results in relation to orthodontic treatament and speech therapy. Am. J. Orthod., 486 - 513, 1962
19
O livro de autoria da Hanson e Barrett (1988) foi traduzido para a língua portuguesa em 1995.
46
Continuação da Tabela 5
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Artigos em
Autor/Tipo Livros Capítulos de livros Separatas Total
periódicos
Muller 1 1 4 6
Ricketts 5 1 6
Subtelny 1 5 6
Tallgren 3 3 6
Angle 2 3 5
Breinholt 1 4 5
Carlsson 2 1 2 5
Cohen 1 4 5
Enlow 5 5
Fletcher 1 1 3 5
Harrington 1 4 5
Logemann 1 4 5
Moss 3 2 5
Pierce 1 4 5
Rogers 3 1 1 5
Andrianopoulos 1 3 4
Astendig 1 3 4
Costen 1 2 1 4
Ehrlich 1 2 1 4
Gisel 1 3 4
Harris 4 4
Larsson 1 3 4
Leech 2 1 1 4
Ramfjord 2 2 4
Rix 1 1 1 1 4
Solberg 2 2 4
Andersen 1 2 3
Ash 2 1 3
Bell 2 1 3
Cauhépé 1 1 1 3
Dawson 2 1 3
Gelb 2 1 3
Jankelson 2 1 3
Lund 2 1 3
Mason 1 2 3
McNeil 2 1 3
Neifert 1 2 3
Netssel 3 3
Posselt 1 2 3
Psaumé 3 3
Rath 3 3
Schimith 3 3
Sheppard 3 3
Totais 114 48 181 9 352
47
Dois dos autores mais citados pelos fonoaudiólogos brasileiros, Hanson e Barrett, são
fonoaudiólogos, e suas obras abordam os seguintes temas: deglutição atípica e
distúrbios correlatos; fala; bases dentárias; conceitos e procedimentos ortodônticos;
aspectos de anatomia relevantes para o miologista orofacial; fisiologia aplicada;
etiologias; diagnóstico e prognóstico; métodos e filosofia de tratamento (nos quais se
baseia o terapeuta); tratamento recomendado; sucção e outros hábitos orais e assuntos
profissionais.
O terceiro autor mais citado, Moyers, é ortodontista, cujas obras foram publicadas na
área odontológica, e nas quais são abordados os seguintes temas: introdução ao estudo
e à prática da Ortodontia; conceitos básicos de crescimento e desenvolvimento;
crescimento facial pré-natal; crescimento do esqueleto craniofacial; maturação da
musculatura bucofacial; desenvolvimento dos dentes e da oclusão; etiologia da
maloclusão; exame ortodôntico, classificação e terminologia da maloclusão, análise da
musculatura bucofacial; análise dos dentes e da oclusão; análise do esqueleto
craniofacial; biomecânica dos movimentos dentários; planejamento do tratamento
ortodôntico; tratamento e problemas clínicos; papel da Ortodontia na Odontologia, e
técnicas, materiais e instrumentos.
O quarto autor, Straub, também ortodontista, discute em suas obras os seguintes temas:
etiologia do hábito de deglutição pervertida; má-função da língua; hábitos anormais de
deglutição – causa, efeitos e resultados em relação ao tratamento ortodôntico e
fonoaudiológico.
Podemos constatar que três dos autores internacionais mais citados na produção
pesquisada, embora sua formação acadêmica seja em Fonoaudiologia, apresentam em
suas obras, além de assuntos pertinentes à Motricidade Oral, conceitos e princípios
próprios da Odontologia e Ortodontia.
Dois dos autores mais citados são dentistas, sendo suas obras basicamente centrados
em assuntos pertinentes à Odontologia.
Outro aspecto que chama a atenção é o fato de a década de 1960 ser considerada o
marco que impulsionou o campo da Motricidade Oral na América do Norte e de
paralelamente no Brasil esse período ser considerado para a Fonoaudiologia como o
“período em que se institucionalizou a criação dos primeiros cursos universitários
voltados para a formação de seus profissionais” (BERBERIAN, 1995, p. 9).
TABELA 6 - AUTORES NACIONAIS MAIS CITADOS PELOS FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS POR TIPO DE
PRODUÇÃO
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Capítulos de
Autor/Tipo Livros Periódicos Separatas Total
livros
Marchesan 2 2 45 49
Altmann 4 36 40
Bianchini 1 6 23 30
Felício 5 2 19 26
Padovan 2 3 11 16
49
Continuação da Tabela 6
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Capítulos de
Autor/Tipo Livros Periódicos Separatas Total
livros
Junqueira 4 10 14
Douglas 1 1 11 13
Lino 2 11 13
Gomes 1 11 12
Krakauer 12 12
Molina 4 1 5 10
Silva 3 7 10
Wertzner 4 6 10
Canongia 3 6 9
Ferreira 2 1 6 9
Köhler, N. 9 9
Proença 3 1 5 9
Tomé 2 7 9
Andrade 1 7 8
Aragão 1 7 8
Petrelli 2 6 8
Araújo 1 6 7
Behlau 1 6 7
Camargo 1 6 7
Feres 1 6 7
Ferraz 1 1 5 7
Galvão 1 6 7
Lopes 5 2 7
Moresca 1 6 7
Rodrigues 2 1 4 7
Beuttenmüller, G. 6 6
Limongi 2 4 6
Santos Junior 4 2 6
Vitti 6 6
Carvalho 4 1 5
Correia 1 4 5
Costa 5 5
Guedes 2 1 2 5
Hungria 5 5
Marchiori 5 5
Mocellin 5 5
Vaidergorn 5 5
Vieira 1 4 5
Almeida 4 4
Campiotto 4 4
D' Agostino 4 4
Medeiros 1 3 4
Oliveira 2 2 4
Rocha 1 3 4
50
Continuação da Tabela 6
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Capítulos de
Autor/Tipo Livros Periódicos Separatas Total
livros
Sá Filho 1 3 4
Saboya 1 1 2 4
Silvério 1 3 4
Anelli 1 2 3
Baptista 3 3
Barros 3 3
Braga 1 2 3
Farret 1 2 3
Hersan 3 3
Jabur 3 3
Laan 3 3
Machado 1 2 3
Moura 1 2 3
Paiva 1 2 3
Panhoca 1 2 3
Pereira 1 2 3
Psillakis 1 2 3
Rezende 2 1 3
Simões 1 2 3
Souza 3 3
Tessitore 3 3
Tomasi 3 3
Vaz 2 1 3
Xavier 3 3
Yavas 1 2 3
Total 95 27 (4,84%) 436 (78,14%) 558
(17,02%)
Conforme podemos notar, Marchesan figura entre as autoras mais citadas, com 49
citações referentes a 10 produções (média de 4,9 citações por produção), Altmann com
40 citações e 3 produções (média de 13,33), Bianchini com 30 citações e 11 produções
(média de 2,73), Felício com 26 citações e 6 produções (média de 4,33).
Além dessas autoras, que aparecem entre as que mais publicaram e foram citadas,
destacamos a representatividade no panorama das produções na área da Motricidade
Oral de Padovan, que foi citada 16 vezes (média de 6,29) nas publicações levantadas
em nosso estudo com apenas uma produção.
51
Podemos verificar em nosso estudo que, desde o início da década de 1970, período em
que as publicações nacionais acerca das alterações da Motricidade Oral começaram a
aparecer no Brasil, vários autores internacionais e nacionais destacam-se na literatura,
bem como a contribuição dos conhecimentos por eles formulados, os quais embasam a
produção nacional.
Em Souza e Wertzner (1998), a definição da deglutição atípica foi descrita por Hanson
(1976) como sendo o contato da parte anterior ou lateral da língua com mais da metade
dos incisivos superiores ou inferiores ou a projeção de língua entre eles, no repouso e
na deglutição de líquidos, saliva ou sólido.
Da mesma forma, Cunha, Felício e Bataglion (1999), citando Padovan (1976), que
relaciona à deglutição atípica as seguintes características: língua posicionada entre os
arcos dentários ou rebordos alveolares, lábios contraídos ou abertos devido à
incompetência dos músculos orbiculares, presença de escoamento de líquido e
formação de bolhas de ar, participação dos músculos faciais, mentalis e algumas vezes
dos músculos cervicais com movimentos associados de pescoço.
Casanova (2000, p. 47), citando Altmann (1990), define a deglutição atípica “como
qualquer desvio do padrão normal adulto de deglutição. É caracterizada pelo
posicionamento da língua contra a superfície lingual dos dentes incisivos e caninos ou
a protrusão lingual entre as arcadas dentárias durante o repouso e a deglutição”.
Ríspoli e Bacha (1997/1998) propõem que na avaliação dos casos com queixa de
deglutição atípica ou adaptada seja observada a sugestão de Marchesan e Junqueira
(1997) quanto aos aspectos relacionados a idade, período da dentição, oclusão, postura
corporal, tônus, hábitos orais, outras funções orais ou possíveis comportamentos
imitativos.
Pereira, Silva e Cechella (1998) relatam que a avaliação da deglutição atípica proposta
por Straub (1960) deve ser realizada por meio da observação direta da saliva e líquidos
e da palpação da musculatura perioral e masseter. Deve-se observar se a língua
permanece, ou não, contida entre os arcos dentais com sua ponta na papila palatina, se
há contração da musculatura perioral e do músculo masseter. O autor considera a
deglutição atípica a não-ocorrência de pelo menos dois dos padrões acima citados a
partir dos 4 anos de idade.
Entretanto, Areias, Vieira, M. e Vieira, R. (1996) relatam que vários autores seguem a
sugestão de Straub (1962), quanto ao fato de os pais e crianças compreenderem os
objetivos do tratamento a respeito da adequação das funções de sucção, mastigação,
55
Nesse sentido, Bianchini (2000, p. 29), ao citar Mitri e Marchesan (1987), acredita que
“o importante seria cada profissional saber quando e como a intervenção de áreas
correlatas contribuiria para melhores resultados finais”.
Felício (1999), ao referir o uso da grade palatina como recurso terapêutico para evitar
a projeção da língua e fechar a mordida aberta, cita a posição de Hanson e Barrett
(1995), ao referirem que muitas vezes a grade pode ocupar o espaço intraoral, fazendo
com que a língua assuma uma posição projetada, e que ao descer sobre o dorso da
língua empurra os dentes para a frente, mantendo-os mais afastados do que o normal.
Casanova (2000), citando Marchesan (1994), relata que a eliminação dos hábitos de
sucção em crianças que apresentam mordida aberta e dentição decídua pode fechar a
mordida, desde que não exista mordida cruzada ou em topo.
Nos trabalhos de Tomé, Farret, Jurach (1996, p. 101) e Parizzi e Villar (1999), os
autores alertam que, antes de tentar o controle ou eliminação de qualquer hábito
deletério, Moyers (1979) sugere que “é importante ter em mente o papel da
musculatura bucal no desenvolvimento da maloclusão e os mecanismos dos hábitos na
etiologia desta”.
57
Da mesma forma, Tomé, Farret e Jurach (1996) chamam a atenção para a posição de
Moyers (1979) quanto à possibilidade de autocorreção de algumas maloclusões com a
eliminação precoce dos hábitos de sucção, desde que o padrão esquelético seja normal.
Entendendo que o trabalho mioterápico para as alterações da Motricidade Oral tem por
objetivo o restabelecimento das funções desempenhadas pelo sistema estomatognático
e que a articulação temporomandibular faz parte desse sistema, acreditamos ser
pertinente destacar as contribuições dos autores mais citados na literatura nacional
acerca dessa área, que tem conquistado, nos últimos anos, destaque na Fonoaudiologia.
que esses indivíduos usam, tendo em vista em geral esses pacientes apresentarem
dificuldades em relação à mastigação e deglutição, preferindo alimentos mais moles e
úmidos.
Da mesma forma, Oda, Arnaez e Anelli (1999, 2000), citando Felício (1993), relatam
que a modificação da consistência do alimento, para uma dieta mais macia, evita a
sobrecarga das estruturas orofaciais em paciente com queixa de alteração
temporomandibular.
De acordo com Medeiros (1992), os hábitos orais deletérios ou viciosos vêm sendo
estudados por vários autores há muitos anos, destacando-se entre eles Moyers (1979),
Hanson e Barrett (1995). Tais autores afirmam que, desde a lactância até a fase adulta,
a boca é uma zona de prazer e uma fonte para aliviar a ansiedade. A estimulação dessa
região pelo dedo, língua, chupeta ou mamadeira pode transformar-se em hábito oral
vicioso.
A etiologia das desordens da Motricidade Oral, para Ferraz (1997), Souza e Wertzner
(1998), segundo Straub (1951, 1960), Padovan (1976), Altmann (1990) e Felício
(1994), está associada às seguintes ocorrências: alterações de vias aéreas superiores
(hipertrofia de amígdalas e adenóides, alergias, desvio de septo, respiração bucal, etc.),
hábitos alimentares inadequados na infância (amamentação, aleitamento com
mamadeira com o furo grande e bico longo, alimentação pastosa por tempo
prolongado, etc.), hábitos inadequados de sucção ou qualquer outro hábito oral e
fatores simbióticos (pressão atípica da língua associada à respiração bucal), freio
lingual anormal, perdas precoces dos dentes, diastemas anteriores, avitaminoses,
características genéticas de face e de cavidade oral, desequilíbrios do controle nervoso,
macroglossia, anquiloglossia, tendências neuróticas, problemas psicológicos.
Soncini e Dornelles (2000) citam os autores Hanson e Barrett (1995), referindo que as
causas dos hábitos orais nocivos podem ser de natureza fisiológica, emocional ou
aprendida, e que surgem na maioria das vezes no período da amamentação ou na
primeira infância.
60
Segundo relatos em Neiva, Wertzner (1996), Ferraz (1997), Marchesan (1998), Souza
e Wertzner (1998), os autores Straub (1951, 1960), Hanson, Barnard e Case (1969)
defendem a posição de que a amamentação artificial, o uso de bicos inapropriados,
bem como o tamanho do furo do bico da mamadeira, podem levar ao mau
posicionamento da língua e à deglutição atípica, às alterações anatômicas na região
orofacial, às alterações de postura de lábios, podendo, ainda, causar mordida aberta
anterior e/ou posterior.
Soncini, Dornelles (2000) e Bianchini (1998) relatam que os hábitos orais deletérios
podem comprometer a estabilidade neuromuscular do sistema estomatognático, e os
hábitos deletérios de morder podem apresentar uma diminuição em sua coordenação,
levando a uma sintomatologia dolorosa devido ao hiperfuncionamento, fatores esses
que contribuem para as alterações musculares e de ATM.
Junqueira, ao citar Padovan (1976), relata que a postura inadequada dos órgãos
61
Por outro lado, Marchesan (1998), Andrade e Garcia (1998), ao fazerem referência aos
trabalhos de Segóvia (1977) e Altmann (1990), relatam que o déficit sensório motor
oral, para boa parte das crianças, pode ser considerado um dos agentes responsáveis
por uma série de patologias ortodônticas e fonoaudiológicas. Entretanto, Segóvia
(1988) coloca em dúvida o uso de mamadeiras comuns como causa de maloclusão.
Quanto à época mais indicada para o aumento gradativo da consistência dos alimentos,
Nagem (1999), citando Altmann, Vaz, Paula e Khoury (1992), refere que deve ser por
volta do quinto mês de vida, quando começa a haver a dissociação dos movimentos de
língua e mandíbula.
62
Bernardes (1999) relata que o atendimento precoce e a orientação aos pais como
prevenção da respiração bucal são sugestões feitas por Altmann (1993).
Os autores Cattoni, Neiva, Zackiewicz e Andrade (1998) sugerem ainda ser o pediatra
o profissional que pode ajudar na orientação e incentivo ao aleitamento materno e na
introdução adequada dos alimentos, colaborando dessa maneira para a prevenção das
alterações miofuncionais, conforme orientações de Altmann (1990).
Areias, Vieira (1996) relatam que a posição da língua em repouso, de acordo com
Hanson e Barrett (1974), pode encontrar-se entre os dentes; na papila palatina; tocando
nas superfícies linguais dos incisivos superiores ou tocando nas superfícies linguais
dos incisivos inferiores.
A postura normal dos órgãos fonoarticulatórios foi descrita por Felício (1994),
conforme citação de Padovan (1976), sugerindo que a língua esteja contida na
cavidade oral, sugada contra o palato, com a ponta na região das papilas palatinas e as
bordas tocando os molares.
Junqueira (1997), ao citar Padovan (1976), descreve que a postura adequada dos
órgãos fonoarticulatórios deve ser: lábios com contato suave, o lábio inferior cobrindo
os incisivos superiores em mais ou menos dois milímetros, a ponta da língua na papila
63
Para os autores Meurer, Veiga e Capp (1998, p. 29), citando Altmann (1992), “a
permanência da língua no espaço intrabucal depende da manutenção da passagem
aérea oronasofaríngea e do nível de maturação oromiofuncional atingido até os 4
anos”.
Nesse sentido, Ríspoli, Bacha (1997/1998), ao citarem Marchesan (1994), relatam que
o equilíbrio adequado do tronco e da cabeça é fator importante para que a língua se
mantenha bem-posicionada, promovendo o crescimento ósseo facial adequado.
Neiva e Wertzner (1996) relatam que as crianças que sempre deglutiram de forma
inadequada e não mantêm a língua contra o palato desenvolvem uma atresia no palato
que as impede de manter a língua posicionada adequadamente, segundo Straub (1961).
Da mesma forma, Casanova (2000, p. 46) relata que, segundo Marchesan (1994),
“língua mal posicionada dentro da boca pode causar modelagem incorreta dos arcos
dentários”.
A controvérsia, entretanto, surge a partir das posições das autoras nacionais Padovan
(1976) e Marchesan (1993), ao questionarem os estudos realizados pelos autores
internacionais Moyers (1984) e Segovia (1980) quanto à postura normal de língua após
o nascimento.
5.7.1 Respiração
Ferreira (1999) relata ainda que Marchesan (1994) e Bianchini (1993) observaram que
os indivíduos que apresentam o padrão facial dolicofacial ou face longa quase sempre
são respiradores bucais.
Para Köhler, Köhler e Köhler (1995), citando Hanson e Barrett (1988), concordam que
as alergias tendem a promover a respiração bucal e posições inadequadas de repouso
lingual na cavidade oral.
5.7.2 Mastigação
No trabalho de Meurer, Veiga e Capp (1998), que trata dos hábitos mastigatórios, os
autores relatam que as modificações estruturais (posições dentárias, palato duro, língua
e a presença de tecidos linfóides) podem contribuir para alterações no padrão
mastigatório adequado, referido por Hanson, Barrett (1995) e Marchesan (1993).
Relatam, ainda, que a mastigação de alimentos sólidos e secos auxilia no desgaste
natural dos dentes, evitando as maloclusões, conforme citação de Marchesan (1993) e
67
Felício (1994).
Quanto ao aspecto mastigatório, Bianchini (1998) afirma que os indivíduos com face
curta apresentam mais vigor mastigatório, ao contrário daqueles com face longa, que
apresentam menor força de mordida Bianchini (1993).
Pereira, Silva e Cechella (1998) referem que a mastigação unilateral fortalece mais um
lado da musculatura do que o outro, segundo Marchesan (1993).
Por outro lado, Soncini e Dornelles (2000), citando Moyers (1991), afirmam que o
crescimento craniofacial também pode estar comprometido em indivíduos que
apresentam problemas de mastigação.
O trabalho de mastigação foi abordado por Franco (1998), o qual destaca a posição de
Marchesan (1994), ao referir que a prática clínica em Motricidade Oral atualmente
tem-se preocupado com as funções da respiração e mastigação, funções essas que
estimulam o crescimento facial adequado e, de acordo com Bianchini (1993), um
68
Destacando a opinião dos autores acima citados, quanto ao papel desempenhado pela
mastigação, há unanimidade quanto ao padrão correto ser bilateral alternado.
Concordam ainda que a consistência alimentar adequada pode evitar as maloclusões e
relatam ainda que modificações estruturais podem ser responsáveis por alterações no
padrão mastigatório correto, bem como alterações no padrão mastigatório, decorrentes
de alimentação inadequada, podem provocar problemas dentários.
5.7.3 Fala
Tal situação esta evidenciada nos trabalhos de Felício (1994), Marchesan (1998),
Tomé, Guedes, Silva, Cechella (1998), Pereira, Silva e Cechella (1998),
fundamentados nos trabalhos de Straub (1960), Hanson, Cohen (1973), Barrett,
Hanson (1974, 1995), Moyers (1987), Segóvia (1988) e Altmann (1993), sugerindo
que o mau uso dos músculos durante a deglutição atípica levaria a deformações
dentofaciais e desvio na fonação principalmente dos fonemas /t/, /d/, /n/, /l/, /s/ e /z/.
Com isso, concorda Marchesan (1998), citando Barrett e Hanson (1978), ao relatarem
que os mesmos músculos usados durante a fala, envolvendo funções normais ou
anormais, influenciam na posição dos dentes ou outra estrutura oral. Já para Segóvia
(1988), a pronúncia incorreta do fonema /s/ pode estar relacionada a uma lesão
orgânica, anomalia das arcadas dentárias ou mau posicionamento dos dentes.
69
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Da mesma forma que este estudo tornou possível chegar às conclusões acima
mencionadas, as análises realizadas suscitaram questionamentos que consideramos
71
Finalizando, é importante ressaltar que este estudo não tem a pretensão de esgotar o
assunto; portanto, muitas questões estão ainda a responder, possibilitando novas
pesquisas, reflexões e recortes além dos até aqui apresentados.
72
REFERÊNCIAS
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proposta de terapia funcional dos órgãos fonoarticulatórios. Pró-Fono Revista de
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Paulo, v.1, n. 2, p.18 – 25, 1999.
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ano 5, n. 8, p.12-13, nov./dez. 2000.
HANSON, M. L.; COHEN, M. S. Effects of form and function on swallowing and developing
dentition. Am. J. Orthod., Philadelphia. 1973
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NAGEM, T. M. Chupeta e mamadeira: quem quer, a criança ou seus pais? Revista CEFAC,
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SONCINI, F.; DORNELLES, S. Ocorrência de hábitos orais nocivos em crianças com 4 anos
de idade, de creches públicas no município de Porto Alegre (RS, Brasil). Pró-Fono Revista
de Atualização Científica, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 103 – 108, set. 2000.
STRAUB, W.J. Malfunction of the tongue. part I. Tha abnormal swalloing habit: its cause,
effects, and results in relation to orthodontic treatment and speech therapy. Am. J. Orthod.,
404 – 424, 1960
ANEXOS
81
SEPARATAS
LIVROS
CAPÍTULOS DE LIVROS
SOARES, L.S. D.; ARAÚJO, R. B. Distúrbios da comunicação oral. In: ____. Práticas em
Fonoaudiologia. São Paulo: Enelivros, 1994. p. 1 – 21.
ARTIGOS EM PERIÓDICOS
AREIAS, R. L. F. C.; VIEIRA, M. M.; VIEIRA, R. M. Placa corretiva postural orofacial: uma
proposta de terapia funcional dos órgãos fonoarticulatórios. Pró-Fono Revista de
Atualização Científica, São Paulo, v. 8, n.1, p. 51 – 56, mar. 1996.
84
BERNARDES, F. F. Respiração bucal: o que os pais sabem a respeito? Revista CEFAC, São
Paulo, v.1, n. 2, p. 18 – 25, 1999.
NAGEM, T. M. Chupeta e mamadeira: quem quer, a criança ou seus pais? Revista CEFAC,
São Paulo, v.1, n. 2, p. 48 – 55, 1999.
PANHOCA, I.; SILVÉRIO, K. C. A.; BORIN, M. B. F.; FERES, S. B.; FUSCH, V. M.;
RAMOS, E. C. Análise das funções neurovegetativas em sujeitos portadores de desordem
craniomandibular. Tópicos em Fonoaudiologia, São Paulo, v. 4, p. 339 – 354, 1997/ 1998.
RAMIREZ, D.; SALVAT, R. P. Uma proposta de modificação nas placas de contenção com
auxílio fonoaudiológico. Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia, Curitiba, ano 1, n. 4, p. 85 –
87, jul./set. 2000.
88
SONCINI, F.; DORNELLES, S. Ocorrência de hábitos orais nocivos em crianças com 4 anos
de idade, de creches públicas no município de Porto Alegre (RS, Brasil). Pró-Fono Revista
de Atualização Científica, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 103 – 108, set. 2000.
SOUZA, C. B. Dislalia e alterações funcionais orofaciais. Revista CEFAC, São Paulo, v.1, n.
2, p. 92 – 95, 1999.
SOUZA, D. R.; SALVAT, R. P. Uma proposta de modificação nas placas de contenção com
auxílio fonoaudiológico. Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia, Curitiba, n. 4, p. 84 – 87,
jul./set. 2000.
APÊNDICES
91
APÊNDICE I
PRODUÇÃO DOS AUTORES FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS POR
TIPO DE PRODUÇÃO
Continuação da Tabela 7
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Autor/Tipo Livros Capítulos de Livros Periódicos Separatas Total
Borlolai 1 1
Camargo 1 1
Campioto 1 1
Cardoso 1 1
Casanova 1 1
Cattoni 1 1
Coleta 1 1
Cunha 1 1
Dornelles 1 1
Faria de Paula 1 1
Feres 1 1
Figueiredo 1 1
Franco 1 1
Fusch 1 1
Garcia 1 1
Giellow 1 1
Gomes 1 1
Gonzáles 1 1
Guedes 1 1
Jabur 1 1
Jardini 1 1
Khoury 1 1
Köhler, N.R.W. 1 1
Kyrillos 1 1
Lacerda 1 1
Lima 1 1
Lutaif 1 1
Manicardi 1 1
Marques 1 1
Medeiros, C. F. 1 1
Medeiros, P. 1 1
Meneguetti 1 1
Morais 1 1
Moura 1 1
Nagem 1 1
Nascimento 1 1
Naufel 1 1
Nóbile 1 1
Oliveira 1 1
Padovan 1 1
Panhoca 1 1
Parizzi 1 1
Parlamim 1 1
Penteado 1 1
Pereira 1 1
Periotto 1 1
Picinato 1 1
Pontes 1 1
Proença 1 1
93
Continuação da Tabela 7
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Autor/Tipo Livros Capítulos de Livros Periódicos Separatas Total
Ramirez 1 1
Ranieri 1 1
Régnier 1 1
Ribeiro 1 1
Rispoli 1 1
Rossi 1 1
Salomão 1 1
Santos 1 1
Savat 1 1
Silvério 1 1
Soares 1 1
Sonsini 1 1
Suzuki 1 1
Tanigute 1 1
Tega 1 1
Thomé 1 1
Veiga 1 1
Villar 1 1
Zackiewicz 1 1
Zara 1 1
Total 13 23 141 1 178
94
APÊNDICE II
AUTORES INTERNACIONAIS MAIS CITADOS PELOS
FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS POR TIPO DE PRODUÇÃO
TABELA 8 - AUTORES INTERNACIONAIS MAIS CITADOS PELOS FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS POR TIPO
DE PRODUÇÃO
Continuação da Tabela 8
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Artigos em
Autor/Tipo Livros Capítulos de livros Separatas Total
periódicos
Leech 2 1 1 4
Ramfjord 2 2 4
Rix 1 1 1 1 4
Solberg 2 2 4
Andersen 1 2 3
Ash 2 1 3
Bell 2 1 3
Cauhépé 1 1 1 3
Dawson 2 1 3
Gelb 2 1 3
Jankelson 2 1 3
Lund 2 1 3
Mason 1 2 3
McNeil 2 1 3
Neifert 1 2 3
Netssel 3 3
Posselt 1 2 3
Psaumé 3 3
Rath 3 3
Schimith 3 3
Sheppard 3 3
Backlund 2 2
Blair 2 2
Bressolin 2 2
Chierici 2 2
Dodds 2 2
Dolan 2 2
Dolwick 2 2
Dubrull 2 2
Eishima 2 2
Feinberg 2 2
Fronkin 2 2
Gatehouse 2 2
Genon 2 2
Goffman 2 2
Goodfriend 2 2
Honorato 2 2
Jacobson 2 2
Kelman 2 2
Leanderson 2 2
Lewis 2 2
Lindblom 2 2
Massler 2 2
Neiburg 2 2
96
Continuação da Tabela 8
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Artigos em
Autor/Tipo Livros Capítulos de livros Separatas Total
periódicos
Nielsen 2 2
Pizarro 2 2
Rakosi 2 2
Shore 2 2
Smith 2 2
Spreng 2 2
Swinehart 2 2
Tathan 2 2
Turano 2 2
Vogel 2 2
Totais 124 56 229 9 418
97
APÊNDICE III
AUTORES NACIONAIS MAIS CITADOS PELOS FONOAUDIÓLOGOS
BRASILEIROS POR TIPO DE PRODUÇÃO
TABELA 9 - AUTORES NACIONAIS MAIS CITADOS PELOS FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS POR TIPO DE
PRODUÇÃO
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Capítulos Artigos em
Autor/Tipo Livros Separatas Total
de livros periódicos
Marchesan 2 2 45 49
Altmann 4 36 40
Bianchini 1 6 23 30
Felício 5 2 19 26
Padovan 2 3 11 16
Junqueira 4 10 14
Douglas 1 1 11 13
Lino 2 11 13
Gomes 1 11 12
Krakauer 12 12
Molina 4 1 5 10
Silva 3 7 10
Wertzner 4 6 10
Canongia 3 6 9
Ferreira 2 1 6 9
Köhler, N.R.W. 9 9
Proença 3 1 5 9
Tomé 2 7 9
Andrade 1 7 8
Aragão 1 7 8
Petrelli 2 6 8
Araújo 1 6 7
Behlau 1 6 7
Camargo 1 6 7
Feres 1 6 7
Ferraz 1 1 5 7
Galvão 1 6 7
Lopes 5 2 7
Moresca 1 6 7
Rodrigues 2 1 4 7
Beuttenmüller, G. 6 6
Limongi 2 4 6
Santos Júnior 4 2 6
Vitti 6 6
Carvalho 4 1 5
Correia 1 4 5
Costa 5 5
Guedes 2 1 2 5
98
Continuação da Tabela 9
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Capítulos Artigos em
Autor/Tipo Livros Separatas Total
de livros periódicos
Hungria 5 5
Marchiori 5 5
Mocellin 5 5
Vaidergorn 5 5
Vieira 1 4 5
Almeida 4 4
Campiotto 4 4
D' Agostino 4 4
Medeiros 1 3 4
Oliveira 2 2 4
Rocha 1 3 4
Sá Filho 1 3 4
Saboya 1 1 2 4
Silvério 1 3 4
Anelli 1 2 3
Baptista 3 3
Barros 3 3
Braga 1 2 3
Farret 1 2 3
Hersan 3 3
Jabur 3 3
Laan 3 3
Machado 1 2 3
Moura 1 2 3
Paiva 1 2 3
Panhoca 1 2 3
Pereira 1 2 3
Psillakis 1 2 3
Rezende 2 1 3
Simões 1 2 3
Souza 3 3
Tessitore 3 3
Tomasi 3 3
Vaz 2 1 3
Xavier 3 3
Yavas 1 2 3
Câmara 2 2
Cardim 2 2
Cerqueira Luz 2 2
Coelho 2 2
Guilherme 2 2
Gullo 2 2
Issler 2 2
Mongini 2 2
99
Continuação da Tabela 9
QUANTIDADE POR PRODUÇÃO
Capítulos Artigos em
Autor/Tipo Livros Separatas Total
de livros periódicos
Neiva 2 2
Paula 2 2
Peters 2 2
Salomão 2 2
Spinelli 2 2
Toledo 2 2
Totais 107 27 452 586