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1590/1982-0216/202022212719
Artigos de revisão
1
Universidade Federal de São Carlos – RESUMO
UFSCAR, São Carlos, São Paulo, Brasil.
Objetivo: analisar a produção científica nacional brasileira da Fonoaudiologia na interface com a Terapia
Ocupacional (TO), a partir de revisão integrativa da literatura.
Conflito de interesses: Inexistente
Métodos: foi realizada seleção dos artigos publicados nos periódicos nacionais do campo da TO:
Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional da UFSCar, Revista de Terapia Ocupacional da USP, Revista
Baiana da Terapia Ocupacional e Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, com emprego
dos descritores “fonoaudiologia, fonoaudiólogo e terapia fonoaudiológica”. Os artigos foram analisados
quantitativa e qualitativamente.
Resultados: foram selecionadas 10 publicações entre 2000 e 2017, com maior quantidade no ano de
2015. Os principais achados apontam para a área da linguagem como a mais prevalente, revelando cone-
xão entre Fonoaudiologia e TO. A Tecnologia Assistiva, particularmente com as crianças, constitui-se em
um campo comum entre as profissões, com a maior frequência de aparição.
Conclusão: a análise da produção científica demonstrou que a parceria entre a Fonoaudiologia e a TO
apareceu sob diferentes objetivos e públicos como intervenção precoce, ações na múltipla deficiência,
com a criança deficiente e família, com autistas em equoterapia, na inclusão escolar e em tecnologia
assistiva, este último com maior frequência. Tais achados possibilitaram reflexões sobre a interdisciplina-
ridade das duas profissões e campos de saberes.
Descritores: Interdisciplinaridade, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia; Disseminação de Informação
ABSTRACT
Objective: to analyze the national scientific production of Speech-Language Therapy in the interface with
Occupational Therapy (OT) based on an integrative literature review.
Methods: a selection of articles published in Brazilian journals in the field of Occupational Therapy:
Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional of UFSCar, Revista de Terapia Ocupacional of USP, Revista
Baiana da Terapia Ocupacional and Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional with the
descriptors “speech therapy, speech therapist and speech-language therapy”. The sample, consisting of
10 articles, was analyzed with quantitative and qualitative procedures.
Results: the search showed publications from 2000 to 2017, with the largest number of articles in 2015.
The main findings point to the language area as the most prevalent, revealing a connection between spe-
ech therapy and OT. Assistive Technology, particularly adopted with children, is a common field among
Recebido em: 30/07/2019 the professional areas studied, with the highest incidence in the articles.
Aceito em: 24/01/2020 Conclusion: the analysis of the scientific production showed that the partnership between Speech-
Endereço para correspondência:
Language Therapy and OT appeared under different objectives and the public, as early intervention,
Elisandra Santos Mendes Garcia actions in multiple disabilities, with the disabled child and their family, with autists in hippotherapy, in
Rua Américo Brasiliense, 1125, Apto 42/2, school inclusion and in assistive technology, the latter more frequently. These findings allowed reflections
Vila Ferroviária on the interdisciplinarity of both professions and fields of knowledge.
CEP: 14.802-340 – Araraquara, São Paulo,
Brasil
Keywords: Interdisciplinarity; Occupational Therapy; Speech, Language and Hearing Scienses;
E-mail: elisandrafono@yahoo.com.br Information Dissemination
1/12
2/12 | Garcia ESM, Martinez CMS, Figueiredo MO
no texto. Cabe destacar que a grande maioria dos Paulo”, porém não haviam as palavras de busca no
artigos foram excluídos, pois a palavra “fonoaudio- corpo do texto.
logia” aparecia pelo fato de muitos autores fazerem A Figura 1 apresenta a distribuição dos artigos
parte do departamento intitulado “Departamento de recuperados em função dos descritores utilizados nas
Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, buscas, nas referidas revistas.
Faculdade de Medicina FMUSP, Universidade de São
Total de artigo
Total de artigos que INCLUÍDOS por citar
Total de artigos EXCLUÍDOS.
APARECERAM na busca. as palavras-chave
no corpo do texto.
Fonoaudiologia 226 (90,7%) 221 (92,4%) 5 (50%)
Fonoaudiólogo(a) 20 (8,1%) 17 (7,1%) 3 (30%)
Terapia Fonoaudiológica 3 (1,2%) 1 (0,5%) 2 (20%)
Total 249 239 10 (100%)
Figura 1. Distribuição percentual dos artigos, de acordo com o aparecimento na busca x critérios de inclusão e exclusão para o estudo
Observa-se que a maioria dos artigos, 239 (96%), dos artigos na íntegra para identificação de conteúdo
recuperados com descritores, foram excluídos pois reincidentes e passíveis de comporem categorias
não haviam as palavras de busca no corpo do texto. temáticas. A análise de conteúdo possibilitou a elabo-
Assim, 10 artigos (4%) da amostra trouxeram pelo ração de duas categorias temáticas: “Objetivos e Bases
menos uma das palavras-chave no corpo do texto e Conceituais” e “Práxis: áreas de atuação, equipes de
trataram da Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional trabalho e público alvo”
concomitantemente.
Os dados quantitativos foram analisados por
REVISÃO DA LITERATURA
meio da estatística descritiva de frequência e média
de aparição nas revistas/periódicos e expressos em No cômputo da frequência dos artigos em função
tabelas e gráficos. Os dados qualitativos, ou seja, das revistas, a Revista de Terapia Ocupacional da USP
relativos aos objetivos dos estudos e das ações apresentou o maior número de artigos e a Revista
conjuntas entre a terapia ocupacional e a fonoau- Bahiana de Terapia Ocupacional não apresentou
diologia, foram analisados por meio da técnica de nenhum artigo que correspondesse com os critérios de
análise de conteúdo12 e seguindo uma das dimensões composição da amostra. A Figura 2 ilustra a frequência
descritas na literatura1: a dimensão de ação inter- de aparição dos artigos em cada veículo analisado.
ventiva. Para isso, foi realizada a leitura e releitura
Em relação à distribuição dos dez artigos no a três artigos por ano, sendo que em alguns anos não
período analisado observa-se uma variação entre um houve publicações.
ANO DE PUBLICAÇÃO
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
2000 2005 2011 2012 2015 2016 2017
Ano de Publicação
Figura 3. Distribuição dos artigos selecionados em função do ano de publicação
Praxis:
Objetivos e Bases Áreas de
N Autor(es) Título parceiros de Público alvo
Conceituais atuação
trabalho/
Narrar o processo de
Contribuições à intervenção precoce
clínica da Terapia oferecido por um programa
Peruzzolo D.
Ocupacional de extensão dos cursos - Terapeuta Linguagem e
L.; Oliveira L. Criança do sexo
128 na área da de Terapia Ocupacional e Ocupacional e estimulação
D., Filheiro M. e masculino.
intervenção Fonoaudiologia. Discutir os Fonoaudiólogo precoce
Souza A P. R.
precoce em equipe caminhos teórico-práticos
interdisciplinar. para a clínica com bebês e
para a terapia ocupacional.
Demonstrar a importância
da interdisciplinaridade
Terapia
na para a evolução do
Ocupacional e
processo cognitivo, Criança do Linguagem,
fonoaudiologia: - Terapeuta
Bruneta. R e linguístico e psicossocial sexo masculino Audiologia,
2 29
uma visão Ocupacional e
Ferreira, C.L da criança com múltipla com múltipla Estimulação
multidisciplinar Fonoaudiólogo
deficiência (paralisia deficiência Sensório-motora
na múltipla
cerebral e deficiência
deficiência
auditiva) por meio do
método BOBATH.
Crianças com
As alterações de
alterações de
Givigi, RCN; linguagem e seus
Analisar os efeitos de uma linguagem,
Mudo, BC; sentidos: efeitos
330 intervenção com crianças, Fonoaudiologia de idade entre Linguagem
Diógenes, BS e de um trabalho
suas famílias e escolas. 0 a 5 anos,
Santos, IMF. fonoaudiológico
suas famílias e
em rede
escolas
Percepção Descrever o histórico
do usuário de de uso da comunicação
Mulher de 26
comunicação suplementar alternativa de
Sant’Ann, MMM; - Terapia anos de idade Linguagem
suplementar e uma usuária, identificando
431 Deliberat. D e Ocupacional e diagnosticada e Tecnologia
alternativa e de a sua percepção e de seus
Rocha, ANDC. Fonoaudiologia com Paralisia Assistiva
seus interlocutores interlocutores sobre os
Cerebral
sobre o uso dos meios de comunicação
sistemas gráficos utilizados.
Avaliar se a introdução
da Tecnologia Assistiva Professores,
favorece a inclusão de terapeutas
A ação conjunta
alunos com paralisia ocupacionais,
dos profissionais - Terapia
Pelosi,MB e cerebral em quatro escolas fonoaudiólogas, Tecnologia
532 da saúde e da Ocupacional e
Nunes, LROP. regulares do município diretores, alunos Assistiva
educação na Fonoaudiologia
do Rio de Janeiro quando com paralisia
escola inclusiva
esta é mediada pela ação cerebral e seus
conjunta de profissionais da familiares
Saúde e Educação.
crianças autistas
Efeito da
Identificar o efeito da e não autistas
equoterapia no
equoterapia no desempenho participantes
desempenho - Terapia
Bender, DD e funcional de crianças e e não Desempenho
633 funcional de Ocupacional e
Guarany, NR. adolescentes com autismo participantes funcional
crianças e Fonoaudiologia
comparando praticantes e da equoterapia,
adolescentes com
não praticantes. além de sus
autismo
cuidadores.
Praxis:
Objetivos e Bases Áreas de
N Autor(es) Título parceiros de Público alvo
Conceituais atuação
trabalho/
Aplicação
do inventário Avaliar a eficiência da
de avaliação escala de habilidades
pediátrica de funcionais do instrumento Reabilitação
-Terapeuta Crianças de
Fonseca, JO; incapacidade PEDI como parâmetro de Habilidades
Ocupacional, ambos os sexos
734 Cordani,LK e (PEDI) com de evolução de crianças Motoras,
Fonoaudiólogo e com Paralisia
Oliveira, MC. crianças com paralisia cerebral Funcionais e de
Fisioterapeuta Cerebral
portadoras de tetraparesia espástica Linguagem.
paralisia cerebral inseridas em programa de
tetraparesia reabilitação.
espástica.
Caracterizar os alunos, os
Atuação do professores e o contexto
terapeuta escolar, operacionalizar
ocupacional no as etapas de confecção
contexto escolar: o de recursos da tecnologia Alunos com
-Terapia Tecnologia
Rocha, ANDC e uso da tecnologia assistiva para crianças Paralisia
8 35
Ocupacional e Assistiva e
Deliberat, D. assistiva para com paralisia cerebral no Cerebral e
Fonoaudiólogos. Linguagem
o aluno com contexto da Educação Professores.
paralisia cerebral Infantil, e acompanhar
na educação o desenvolvimento da
infantil linguagem e o uso da
prancha de comunicação.
Crianças com
idades de quatro
Um novo olhar Analisar os efeitos da
e oito anos, que
Givigi, RCN; sobre participação inclusão da família no Linguagem
apresentavam
936 Santos, AS e da família processo terapêutico de Fonoaudiologia e Aspectos
o quadro de
Givigi, GOR. no processo crianças com paralisia miofuncionais
paralisia cerebral
terapêutico cerebral.
em diferentes
tipos e graus
Identificar o conhecimento
de profissionais da
Concepção reabilitação atuantes em
-Terapeuta Crianças e
e utilização um serviço-escola quanto
Souza, BR; ocupacional, adultos com
da tecnologia à área e os recursos de Tecnologia
1037 Lourenço, GF e fonoaudiólogo, deficiência e/ou
assistiva por Tecnologia Assistiva, bem Assistiva
Calheiros, DS. fisioterapeutas e com mobilidade
profissionais da como saber se a busca ou
psicólogo. reduzida
área da saúde indicação desses recursos
estão presentes em suas
práticas clínicas cotidianas.
Figura 4. Categorias Temáticas dos estudos analisados
práticas e serviços com o objetivo de promover a funcio- e da comunicação expressiva (gestual, falada e/ou
nalidade e participação de pessoas com incapaci- escrita). É uma área da prática clínica, educacional e
dades visando autonomia, qualidade de vida e inclusão de pesquisa e, acima de tudo, um conjunto de proce-
social . Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA),
14
dimentos e processos que visam maximizar a comuni-
segundo a American Speech-Language-Hearing cação, complementando ou substituindo a fala e/ou a
Association (ASHA), destina-se a compensar e facilitar, escrita15. Preconiza-se que o fonoaudiólogo deve estar
permanentemente ou não, prejuízos e incapacidades atento e sintonizado às diretrizes (guidelines) sobre
dos sujeitos com graves distúrbios da compreensão CAA da American Speech-Language-Hearing
profissionais terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, Tal prática é exposta na literatura pelos profissionais
fisioterapeutas e psicólogos. da Educação junto aos da Fonoaudiologia24, mas de
Verificou-se também que grande parte dos autores acordo com os resultados, o mesmo não foi verificado
que apareceram na busca fazem parte de um depar- entre Fonoaudiólogos(as) e Terapeutas Ocupacionais
tamento que contém a palavra fonoaudiologia em pois não encontrou-se produções conjuntas nas
seu nome sendo escasso o número de publicações revistas do campo da terapia ocupacional, ainda que
que realmente tratam da Fonoaudiologia como muito provavelmente a colaboração entre eles ocorra,
ciência. Desta forma é possível afirmar que apesar de de forma rotineira em clínicas, universidades ou insti-
estarem atrelados ao mesmo departamento e área de tuições. Contudo, acredita-se que essa interação entre
atuação, não há muitos estudos envolvendo Terapia Fonoaudiólogo e Terapeuta Ocupacional, já vivenciada
Ocupacional e Fonoaudiologia de forma inter, trans ou na prática, agregaria valor ao trabalho conjunto e publi-
multidisciplinar. cações sobre o tema e poderiam criar novas perspec-
Estes dados revelam uma carência publicação de tivas, ações reflexivas conjuntas e colaborativas.
estudos que relacionam a Terapia Ocupacional e a Sabe-se que as causas de alterações de linguagem
Fonoaudiologia, mesmo tendo estas profissões na e de dificuldades de aprendizagem podem ser
prática atuado muitas vezes em conjunto por conta variadas, apesar de existirem muitos estudos indicando
das demandas da clientela. Assim, há a necessidade fatores neurológicos para tais problemas. Avanços
de se discutir as respectivas esferas de trabalho no na compreensão da neurobiologia dos processos de
que concerne aos objetos de estudo e atuação que desenvolvimento da linguagem e aprendizagem, certa-
são comuns, criando consenso entre as categorias e mente irão contribuir para uma melhoria na abordagem
vislumbrando publicações conjuntas e complemen- terapêutica desses pacientes. A sistemática da
tares para o fortalecimento de ambas as áreas. investigação em busca do diagnóstico preciso pode
A ênfase na ação interdisciplinar surge na área direcionar o profissional de saúde na escolha do melhor
da saúde no momento em que o modelo biomédico tratamento indicado para cada caso25. A estimulação
se torna insuficiente para responder as necessidades por meio de canto, conversa, brincadeiras e leitura
advindas da população as quais podem estar relacio- propicia a aquisição de habilidades que favorecem
nadas a fatores sociais e econômicos10,11. Percebe-se o desenvolvimento. Para que comece a ocorrer um
a necessidade de desconstruir a prática pautada no processo de comunicação, a criança deverá se sentir
corriqueiro e tarefeiro das formações e se propor motivada. Deverá existir o que se chama de intenção
conversas entre disciplinas que venham a se concre- comunicativa (por meio da fala serão conseguidos
tizar na prática e não apenas na aquisição de conhe- objetos de interesse da criança). Este aspecto surge
cimento4, indo além, criando estudos, pesquisas e pelo contato diário com as pessoas e pela estimulação
consequentes publicações que tornem ambas as áreas que essa interação propicia26, com isso, todos os
mais robustas. profissionais envolvidos na educação e reabilitação de
Ao buscar pela palavra-chave Fonoaudiólogo(a) crianças com deficiência são potenciais estimuladores
nas produções da Terapia Ocupacional, objetivou-se da linguagem ao executarem seu trabalho.
encontrar aspectos de colaboração entre os profis- Nesta direção, retoma-se a questão da interdis-
sionais da Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. ciplinaridade, enquanto um princípio que organiza o
A palavra “colaboração” pode ser definida, de conhecimento, tendo emergido com “o esgotamento
acordo com dicionário da Língua Portuguesa, como de um padrão de racionalidade construído sob o
“Ato ou efeito de colaborar; ajudar, auxiliar: trabalhar paradigma das ciências naturais e que conduziu a um
em colaboração”. Percebe-se que o conceito é amplo, modelo de ciência desvinculado de um conteúdo ético
contudo não há como negar que a colaboração, por e político”17.
excelência, é um processo social e de interação, que Atualmente, há uma busca pela recuperação
pode ser desencadeado por diversos motivos e de dos pontos de integração dos fenômenos na vida
diferentes formas6,22. Em alguns ambientes de trabalho social e superação do modelo científico marcado
e pesquisas, observa-se a modalidade “consultoria pela fragmentação. Desta forma, o conhecimento “é
colaborativa”23, cujo é um estilo de interação entre indiviso e a sua fragmentação não é disciplinar e sim
dois ou mais parceiros que trabalham em conjunto na temática: ‘os temas são galerias por onde os conhe-
tomada de decisões, em busca de um objetivo comum. cimentos progridem ao encontro uns dos outros”,
[...] o conhecimento avança à medida que o seu objeto ambas as áreas têm estado atuantes na reabilitação de
se amplia27. crianças com deficiência.
Em conformidade com um cenário mundial, de A área da Linguagem, dentre as áreas da
reorientação das políticas públicas em saúde, e Fonoaudiologia, foi a mais citada nas produções,
nacional, de resgate dos valores democráticos e sendo que muitas envolvendo a Tecnologia Assistiva.
construção da cidadania no país, a Fonoaudiologia Considera-se que pelo fato da TA ser uma área de
passa a rever as concepções e práticas que orientam conhecimento de caráter interdisciplinar, favoreceu
a construção de um novo lugar social para esse o achado da área fonoaudiológica da Linguagem em
profissional; um lugar onde a Fonoaudiologia esteja adição à ação terapêutica ocupacional. No campo da
compromissada com a transformação dessa realidade Terapia Ocupacional as intervenções acontecem na
desigual e excludente que se mostra no país. Implica reabilitação motora, no desempenho funcional e, em
saber fazer da comunicação e da linguagem na comum com a fonoaudiologia, na Tecnologia Assistiva.
prática cotidiana uma ação política concreta que O presente estudo, por se dedicar ao exame de
visa à produção de um saber social e culturalmente dados de periódicos nacionais exclusivamente do
comprometido com o partilhar de bens comuns e campo da terapia ocupacional, apresenta limitações.
com a intervenção e a transformação da realidade de Diante disso, sugere-se a continuidade de investi-
educação e saúde da população, que concorra para gações sobre esta temática em periódicos nacionais
a superação das desigualdades sociais e da exclusão, da fonoaudiologia e internacionais, tanto do campo
com melhoria da qualidade de vida e Promoção da da terapia ocupacional quanto da fonoaudiologia.
Saúde da população9. Na mesma vertente, a terapia Reafirma-se a importância da continuidade de investi-
ocupacional é um campo de conhecimento e inter- gações na medida em que o trabalho interdisciplinar
venção em saúde, em educação e na ação social, tem sido considerado como uma possibilidade de
que reúne tecnologias orientadas para a emancipação promover a atenção integral às pessoas com diferentes
e a autonomia de pessoas que, por razões ligadas a necessidades para uma vida digna em sociedade.
problemáticas específicas (físicas, sensoriais, psicoló- Somado a isto, acredita-se que o seguimento das
gicas, mentais e/ou sociais), apresentam, temporária pesquisas deste campo, possa promover o desenvolvi-
ou definitivamente, dificuldades de inserção e partici- mento do conhecimento relativo à práxis interventiva e
pação na vida social13. colaborativa entre as áreas.
CONCLUSÕES REFERÊNCIAS
O presente estudo, a partir da análise feita da 1. Minayo MCS. Interdisciplinaridade: uma questão
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