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Archives of Health, Curitiba, v.3, n.2, p. 412-416, special edition, mar., 2022.

ISSN 2675-4711

O papel do psicólogo na equipe multidisciplinar em instituições hospitalares

The role of the psychologist in the multidisciplinary team of hospital institutions


Recebimento dos originais: 31/01/2022
Aceitação para publicação: 28/02/2022

Hélio Luiz de Souza Costa


Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Santa Cruz-RN
Endereço: Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal - RN, CEP: 59078-970
E-mail: heliocosta.808@gmail.com

RESUMO
Este artigo é fruto de uma revisão bibliográfica que objetivou investigar as funções do psicólogo no hospital,
bem como compreender o papel deste profissional na composição da equipe multidisciplinar. Para tal,
foram realizadas pesquisas em bases científicas e acadêmicas considerando a leitura para discussão de
apenas cinco artigos. O estudo mostrou que o entendimento da função e formação desse profissional é
fundamental para um melhor atendimento na rede hospitalar.

Palavras-chave: equipe multidisciplinar, psicólogo, psicologia hospitalar.

ABSTRACT
This article is the result of a literature review that aimed to investigate the functions of the psychologist in
the hospital, as well as to understand the role of this professional in the composition of the multidisciplinary
team. For this purpose, scientific and academic databases were searched, considering the reading for
discussion of only five articles. The study showed that understanding the role and training of this
professional is essential for better care in the hospital network.

Keywords: multidisciplinary team, psychologist, hospital psychology.

1 INTRODUÇÃO
O trabalho multidisciplinar é formado por uma equipe de diferentes profissionais que vão possuir
habilidades técnicas distintas, bem como vivências e experiências diferentes entre si, tendo em comum o
mesmo objetivo ou busca pelo mesmo resultado. Os benefícios de ter uma equipe multidisciplinar são as
interações entre esses diferentes profissionais na expansão do conhecimento, na diversidade dos serviços e
habilidades técnicas para solucionar um problema, além disso, é possível potencializar ideias inovadoras e
suprir necessidades de pessoas com habilidades específicas na equipe assegurando a melhoria dos processos
de serviços de saúde.
Atualmente, é cada vez mais comum que o profissional da psicologia esteja inserido em uma equipe
multiprofissional, visto que essa concepção fragmentada e isolada do homem se encontra em desuso, pois
o homem hoje é concebido como um ser biopsicossocial permitindo assim a atuação multiprofissional do
psicólogo.

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No ambiente hospitalar, profissões emergentes e ciências como a psicologia têm ganhado


reconhecimento através de sua inserção nas equipes de saúde, porém a complexidade dessas instituições
em abrigar diversas especialidades proporciona nesses diversos profissionais a falta de compreensão quanto
às suas atribuições, impossibilitando o trabalho em equipe e requerendo clareza em suas habilidades e
competências.
Contudo, embora possuam uma atuação corriqueira, no que se refere a pesquisas que discutem as
atribuições do psicólogo no referido contexto, ainda há pouca literatura, de modo que no presente artigo
iremos focar na inserção desse profissional nas equipes plurais em instituições hospitalares.

2 OBJETIVO
Compreender o papel do psicólogo na equipe multidisciplinar em relação a hospitais gerais,
propondo uma reflexão a partir da fundamentação teórica e da pesquisa bibliográfica.

3 METODOLOGIA
Acerca da organização desse artigo, trata-se de uma pesquisa de estrutura qualitativa e exploratória,
de modo que as informações e seus procedimentos metodológicos empregados para cumprimento dos
objetivos propostos foram coletados por intermédio de uma revisão sistemática, que norteou a investigação
da literatura a partir da análise de artigos, dissertações e revistas científicas obtidas na base de dados, Pepsic,
SciELO e Portal Capes. Com a utilização de descritores para a pesquisa, como: equipe multidisciplinar,
psicologia, psicologia hospitalar, saúde coletiva, psicólogo, equipe multiprofissional. Utilizando como
recorte temporal os últimos 15 anos (2006 a 2021), nos idiomas português e inglês foram excluídos artigos
que não tinham ênfase em psicologia clínica hospitalar, foco em rede socioassistencial bem como e artigos
fora da delimitação dos anos, ao final, procedeu-se à análise então de 5 artigos. Ademais, para a discussão
dos resultados da pesquisa buscou uma melhor aproximação com a realidade social dessa categoria de
profissionais.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao se pensar em equipe de saúde multidisciplinar, Chiattone (2002) define como profissionais com
formação variada atuando em um mesmo ambiente. Corresponde a um grupo de trabalho, mas não
necessariamente eles planejam conjuntamente, de maneira que as trocas são informais e as ações são
independentes, assim muitos autores vão diferenciar a equipe multidisciplinar da interdisciplinar. Também
nos ajuda a compreender a definição de Tonetto e Gomes (2007) em que a interação interdisciplinar discute
a situação do paciente entre si com aspectos comuns às especialidades de cada profissional enquanto na
multidisciplinar essa discussão é independente.

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Compreendendo essas diferenças podemos pensar como esses grupos se organizam, de forma que a
equipe multidisciplinar forma um grupo de trabalho com ações fragmentada, trocas mínimas e
comunicações informais enquanto a equipe interdisciplinar forma um grupo colaborativo com atuação
articulada, trocas integradas, comunicações formais e informais. No entanto, foi observado na revisão
desses artigos que alguns autores buscam demarcar essa fronteira entre essas equipes, mas existem aqueles
que não sentem essa necessidade e mesclam as nomenclaturas.
É cada vez mais comum que o profissional da Psicologia esteja inserido em equipe
multiprofissional, entretanto, conforme ressaltam Saldanha, Rosa e Cruz (2013), ainda são poucas as
pesquisas que discutem essa atuação do psicólogo nas equipes multidisciplinares no âmbito hospitalar.
Atualmente, com a mudança de paradigma no que diz respeito ao conceito de saúde ser retratado meramente
pela ausência de doença para ser um estado de bem-estar físico, mental e social, essa reformulação cedeu
abertura para atuação não somente dos psicólogos, mas também de diversos outros profissionais.
Nos hospitais gerais a atividade do profissional da Psicologia não está limitada somente aos
cuidados com o paciente, mas também com uma tríade que é a família, a equipe e o próprio paciente. O
psicólogo tem grandes chances de garantir, criar e facilitar a comunicação efetiva e afetiva entre paciente,
família e equipe. De modo, que a família, aflita com a situação gerada pelo diagnóstico, também necessita
da atenção do psicólogo e deve ser agregada no trabalho com o paciente por ser uma das poucas motivações
que este tem para enfrentar o sofrimento. (ROMANO, 1999; ISMAEL, 2005; ANGERAMI-CAMON et
al., 2006). Segundo Santos e Vieira (2012) esse suporte se faz necessário tanto para óbito em possíveis vias
de perda, como para auxílio no tratamento, na compreensão da hospitalização e dos processos de
adoecimento.
Quanto aos aspectos que dificultam a articulação da integralização de saberes na perspectiva dos
psicólogos, segundo Tonetto e Gomes (2007) são o reducionismo profissional, o estabelecimento de
hierarquias e a falta de uma visão ampla de sua ciência. Alguns autores reforçam essa ideia, como ressalta
Reis (2016) ao afirmar que embora os psicólogos já tenham uma atuação reconhecida no âmbito hospitalar
nacional ainda é necessário ajustes na formação acadêmica desses futuros profissionais.
Portanto, entre tantas competências enunciadas pelos artigos, ficamos com a compreensão de
Saldanha, Rosa e Cruz (2013) que é atribuído ao psicólogo hospitalar a escuta, a mediação com a tríade, ir
além do sofrimento emocional entendendo o sofrimento orgânico como desencadeador desse e adaptar-se
ao contexto hospitalar.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo alcançou o objetivo a que se propôs, pois, a análise dos artigos ajudou na
compreensão sobre o papel dos profissionais da psicologia hospitalar, conhecendo suas atribuições e

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desafios, como também a estrutura da equipe e as divergências nas nomenclaturas multidisciplinar e


interdisciplinar. E assim, entender as implicações que esse profissional demanda aos usuários, a sua família
e a equipe. Além disso, expõe e incita a importância do aprofundamento dessa temática na formação em
psicologia como ciência e profissão para ofício na rede de saúde hospitalar.
Salientamos que a investigação tem como limitação o fato de ter focado apenas em um campo de
atuação ao invés de tantos outros em que o psicólogo se enquadra. Contudo, vale ressaltar que esse estudo
não pretende esgotar as possibilidades de análise sobre a temática do papel do psicólogo na equipe
multidisciplinar na área hospitalar, mas esclarecer que a integralização de saberes e a atuação dessas equipes
fornece informações importantes para elaborar estratégias de intervenção nessas instituições, a fim de
aperfeiçoar cada vez mais o atendimento aos usuários desses serviços.

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REFERÊNCIAS

ANGERAMI-CAMON, V. A.; TRUCHARTE, F. A. R.; KNIJNIK, R. B.; SEBASTIANI, R. W. Psicologia


hospitalar: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2006.
CHIATTONE, H. B. C. A Significação da Psicologia no Contexto Hospitalar. In: ANGERAMI-CAMON,
V. A. (Org.). Psicologia da Saúde: um novo significado para a prática clínica. 3. ed. São Paulo: Pioneira,
2002.
ISMAEL, S. M. C. A inserção do psicólogo no contexto hospitalar. In: ISMAEL, S. M. C. (Org.). A
prática da psicologia e sua interface com as doenças.1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
REIS, J.A.R.; MACHADO, M.A.R.; FERRARI, S.; SANTOS, N.O.; BENTES, A.Q.; LUCIA, M.C.S.
Prática e inserção do psicólogo em instituições hospitalares no Brasil: revisão e literatura. Psicologia
hospitalar, v. 14, n. 1, p. 2-26, 2066.
ROMANO, B. W. Princípios para a prática da psicologia clínica em hospitais. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 1999.
SALDANHA, S. V.; ROSA, A. B.; CRUZ, L. R. O Psicólogo Clínico e a equipe multidisciplinar no
Hospital Santa Cruz. Rev. SBPH, v. 16, n. 1, p. 185-198, 2013.
SANTOS, L. J.; VIEIRA, M. J. Atuação do psicólogo nos hospitais e nas maternidades do estado de
Sergipe. Ciência & Saúde Coletiva [online], v. 17, n. 5, p. 1191-1202, 2012.
TONETTO, A. M.; GOMES, W. B. A prática do psicólogo hospitalar em equipe multidisciplinar. Estud.
psicol. (Campinas), v. 24, n.1, p. 89-98, 2007.

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