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BACHARELADO EM PSICOLOGIA

RELATÓRIO DE PRÁTICA EM PSICOLOGIA HOSPITALAR

DANIELA SANTOS DE SANTANA


EDIENE SOUSA DA SILVA
JUCIMARA CABRAL DE SANTANA RAMOS
KÉCIA MOURA SANTOS
MARIA CHUANE RODRIGUES DOS SANTOS
MERY RUTE DOS SANTOS ALVES
MICHELE ANDRÉ DA SILVA
ROSICLEIA DA SILVA VIEIRA
STEFANNY OLIVEIRA MIRANDA
WELLINGTON REIS DA MATA

Texto dissertativo apresentado no curso de


Psicologia do Centro Universitário AGES, como
um dos pré-requisitos para obtenção da nota
PRÁTICA na disciplina de Psicologia Hospitalar
(Beatriz Reis).
Tuma: 3º, 4°, 5° e 7°.
Turno: Calendário

Estrutura e Critérios para a Avaliação do Relatório de Práticas Pontuação Pontuação Obtida


INTRODUÇÃO (1 lauda) 3,0

Deve abordar, de forma clara de sucinta, os seguintes aspectos:


- Objeto (o que pretende ser estudado?)
- Objetivos gerais e específicos (para que ser estudado?)
- Justificativa (porque deve ser estudado?)

Todo o texto deverá ser escrito em espaço 1,5 e ter suas páginas numeradas.
Deverá ser utilizada, no corpo do texto, letra tipo Times New Roman, tamanho
12.
METODOLOGIA (1 lauda) 1,0
Quais os caminhos percorridos para alcançar os resultados?
Todo o texto deverá ser escrito em espaço 1,5 e ter suas páginas numeradas.
Deverá ser utilizada, no corpo do texto, letra tipo Times New Roman, tamanho
12.
RESULTADOS E DISCUSSÃO (5 laudas) 4,0
Quais dados foram encontrados e qual a análise/interpretação deve ser
feita destes a partir dos estudos embasaram a construção do projeto?
As tabelas, figuras, gráficos etc. deverão estar inseridos nos seus respectivos
locais dentro do texto.

CONCLUSÕES (1 lauda) 2,0


- O que o trabalho mostrou?
- Quais as contribuições para a formação profissional dos alunos?
Total 10,00

Paripiranga/BA
Junho de 2019
1. INTRODUÇÃO

A prática em questão objetivou a pesquisa aprofundada a respeito da atuação dos


psicólogos nos diversos e distintos setores hospitalar. De acordo com Castro e Bornholdt (2004)
a psicologia da saúde desenvolve a atuação do psicólogo hospitalar e é designada como
psicologia da saúde em diversos setores, no entanto, essa definição não existe no Brasil como
especialização oficial estabelecida pelo CRP (Conselho Federal de Psicologia), ao contrário da
Psicologia Hospitalar que é tida como uma especialidade. No campo da Psicologia da Saúde o
termo “hospitalar” é inadequado pois tem como referência o local que determina as áreas de
atuação, e não prioriza ás atividades que são desenvolvidas. Sendo assim, é de suma
importância o estudo e a clareza a respeito dessa área.
O presente relatório tem como objetos de estudo os psicólogos atuando no contexto
hospitalar, com o objetivo de conhecer como se dá a prática desses profissionais nesse ambiente,
para além disso, conhecer o espaço do hospital, os objetivos e objetos de atuação, de que forma
se constrói essa prática, quais os desafios e as diferenças na atuação comparada a outros
contextos de intervenção da psicologia. De acordo com Alves et al. (2017), a psicologia
hospitalar se dá no segundo e terceiro nível da saúde a fim de promover humanização ao
contexto hospitalar, entendendo que esse é estigmatizado e apesar de ser nova e com poucos
marcos teóricos, a teoria se faz necessária para embasar a prática, dessa forma a entrevista
semiestruturada foi realizada com a psicóloga da saúde em contexto hospitalar: Juliana Silva
que através da sua experiência de atuação evidenciou como se dá essa construção de prática
que varia de ambiente e profissionais.
Esse trabalho se faz importante para todos os acadêmicos de psicologia, afinal se
conhecer a prática profissional por quem a vivencia de forma ética, moral e humana é algo
enriquecedor, além de que a atuação nesse campo institucional não é ofertada em todas as
academias, se fazendo essencial o aproveitamento desse momento para sanar as dúvidas,
compreender as possibilidades de intervenção nesse contexto, reafirmar preceitos da Psicologia
enquanto profissão como a compreensão da subjetividade dos sujeitos os fazendo significar,
comportar-se, pensar, escolher e sentir-se de forma única, isso infere diretamente na lida do
indivíduo com a doença, equipe multiprofissional, ambiente e família. Consoante Bruscato et
al. (2010), a prática dos psicólogos da saúde em contexto hospitalar se dá primordialmente com
tríade: paciente, família e equipe, a dinâmica das relações de cada fator, de todos juntos e a lida
com a situação vivenciada.
2. MÉTODO

A presente prática foi desempenhada com um Psicólogo Hospitalar, por meio de


entrevista semiestruturada com o intuito de melhor compreender o espaço de atuação do
psicólogo do psicólogo em contexto hospitalar. Inicialmente foi dada orientações para a
atividade prática, as quais o orientador forneceu um roteiro de procedimentos previstos, com
05 (cinco) etapas a serem desenvolvidas para melhor organizar e subdividir as tarefas e o
percurso para cada dupla do grupo pré-definido. Desse modo, iniciou-se com a elaboração de
perguntas por duplas, seguindo o contexto de cada tópico. Logo após, entramos em contato com
a Psicóloga e agendamos o dia para a realização da entrevista semiestruturada, que se deu de
forma online por meio da plataforma Zoom no dia 18/04/2020 com a psicóloga hospitalar
Juliana Soares da Silva, que atua no Instituto Nacional do Câncer (INCA) no Rio de Janeiro,
onde disponibilizou seu tempo a nos acolher e responder nossos questionamentos.
A duração dessa prática foi de 1h30min, a qual foi riquíssima em conhecimento a
despeito da metodologia aplicada cotidianamente na atuação do profissional de psicologia nessa
área. No decorrer do processo, foram utilizados materiais básicos, como: aparelho celular e/ou
notebook, acesso remoto através da plataforma Zoom, além de papel sulfite e caneta
esferográfica para anotar as respostas coletadas. A equipe composta por 10 pesquisadores, cada
um comprometido com seus respectivos compromissos e envolvidos com a prática, bem como,
com a entrevista semiestruturada e a análise das respostas coletadas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da entrevista realizada com a Psicóloga Juliana, pôde-se perceber que é


fundamental para o psicólogo hospitalar o conhecimento deste ambiente e da real função do
profissional de psicologia neste âmbito, para que a atuação não seja desenvolvida de forma
incoerente com a proposta ideal, dado que muitos profissionais por desconhecerem seu
verdadeiro papel acabam atuando sob o modelo clínico tradicional, o que se configura como
um problema recorrente que precisa ser superado, de acordo com Alves et al. (2017).
Partindo deste pressuposto, a entrevistada relatou que a atuação do psicólogo deve ser
adaptável, uma vez que o hospital possui uma gama de espaços, possibilidades e
especificidades. Em sua experiência, por exemplo, atuou nos setores de infectologia e
oncologia, com pacientes acometidos por HIV/AIDS e câncer. Nesses casos, que foram
apontados como diagnósticos mais recorrentes, a não-aceitação foi a questão trazida como fator
preponderante para o surgimento de ansiedade e depressão, que são as demandas mais atendidas
por ela, visto que o diagnóstico causa grande impacto psicológico tanto no sujeito quanto em
sua família, favorecendo a não-adesão ao tratamento ou a negação da doença que é bastante
comum em pacientes terminais, como confirma Domingues et al., (2013).
O paciente com câncer que é encaminhado para a unidade de cuidados paliativos, de
acordo com Juliana, tende a sofrer ainda mais devido a readaptação ao ambiente e a ruptura da
construção de vínculo com equipe da unidade anterior. A visão estigmatizada desta unidade
também é responsável por tornar o processo mais difícil, uma vez que representa para o sujeito
e família um lugar que remete a finitude. Bruscato et al. (2010), aponta que é papel do psicólogo
facilitar informações fidedignas ao sujeito sobre esta unidade a fim de promover uma visão
mais real do ambiente e possibilitar a construção de vínculo do paciente e família com a nova
equipe.
A presença da família, como apontado no discurso da convidada, é importante para
auxiliar o paciente tanto nessa readaptação quanto no processo de internação, entretanto ela
trouxe em sua fala que muitos profissionais sentem-se desconfortáveis e “avaliados” com a
presença de alguns familiares, que podem interferir em procedimentos, como na avaliação
psicológica, dado que, segundo Bruscato et al. (2010), muitos pacientes tendem a se sentirem
desconfortáveis ao tratar de determinados assuntos perante o familiar, desse modo, deve ser
uma decisão do avaliando a permanência ou não do familiar no leito durante a avaliação.
A avaliação do sujeito realizada a priori, por sua vez, configura a tarefa inicial do
psicólogo que posteriormente, caso necessário, irá realizar acompanhamento psicológico ou
não do paciente internado (Bruscato et al., 2010). Juliana destacou, que para a primeira
avaliação observa-se inicialmente se esta foi realizada por outro psicólogo, caso não tenha sido
efetivada o profissional irá realizá-la, focando questões como a existência de transtornos
mentais, diagnóstico, histórico de álcool e drogas, presença de estratégias de enfrentamento,
rede de suporte e etc. Geralmente, de acordo com os mesmos autores, para essa avaliação, o
paciente é encaminhado sob a requisição de outro profissional, como ocorre em ambulatório.
Segundo Juliana os casos mais graves se encontram no setor de enfermaria, que é onde
estão os pacientes mais debilitados. A psicóloga relatou então que vai até o paciente e realiza o
atendimento em seu leito, enquanto no setor ambulatorial o sujeito pode requisitar o
atendimento de maneira espontânea. Nesses atendimentos, assim como apontaram Saldanha,
Rosa e Cruz (2013), Juliana relatou que com os pacientes oncológicos o atendimento visa
oferecer apoio à necessidade do sujeito, seus medos, sentimento de culpa, emoções referentes
à família, expectativas em relação ao futuro, possibilidade de morte e etc.
O medo da morte, para a entrevistada, é uma questão comum em pacientes em estado
terminal, visto que a morte constitui-se ainda como um tabu na sociedade. Esta afirmou ainda
a presença de casos em que a família do indivíduo em situação de incurabilidade tende a
esconder essa informação do sujeito, o que ela apontou como “cerco do silêncio”, que
representa um problema a longo prazo para o indivíduo. Kovács (2005) aponta que por mais
que a morte esteja presente no cotidiano há uma conspiração do silêncio sobre o tema, em que
evita-se falar sobre, promovendo assim o sofrimento relacionado a esta, dado que não há uma
“educação para o morrer”. Portanto é imprescindível compreender as representações em torno
do ambiente, da morte e do morrer e trabalhá-las com o paciente e família (FERREIRA, LOPES
E MELO, 2011).
Em sua experiência a psicóloga hospitalar relatou que a doença atravessa não somente
a vida do paciente, mas da família também, que assim como o paciente é afetada pelo
diagnóstico e pela possibilidade de morte, fazendo-se necessária a preparação da família para o
prognóstico de incurabilidade, para que vivenciem um luto menos complicado. Para isso ela
afirmou que não utiliza protocolos específicos, dado que sua atuação embasa-se nas
possibilidades apresentadas, com os recursos que o sujeito possui, como por exemplo, a rede
de suporte, crenças, estratégias de enfrentamento, etc., em conjunto com o serviço social do
hospital. É importante que a família esteja preparada, pois esta oferece apoio emocional ao
sujeito, assim como auxilia o psicólogo na coleta de informações relevantes a respeito do
indivíduo (Bruscato et al., 2010).
Nesse momento, foi também tratado e questionado a respeito da identificação de práticas
que legitimam a Psicologia da Saúde em contexto hospitalar e estratégias de avaliação
psicológica de forma ética, sendo assim, sabe-se que o ambiente hospitalar traz para os
pacientes que estão ali vivenciando sentimentos de angústia, medo, tristeza. Com isso é
necessário que o psicólogo se faça presente nesse momento complexo que os mesmos estão
passando, trazendo novas possibilidades e maneiras para ajudar os pacientes atravessar esse
período.
De acordo com Miranda (2013), o psicólogo hospitalar tem como objetivo promover ao
paciente suporte psicológico, acolhendo suas dores e angústias e contribuindo para a
recuperação, pois o indivíduo que está hospitalizado, sofrendo mudanças abruptas na sua rotina,
consequentemente é possivelmente acometido por frustrações. Dessa forma, o psicólogo pode
promover aos pacientes atividades dinâmicas, recursos como uma sala de salão de beleza, do
qual também possam bordar, pintar, um lugar que possam interagir entre si, pois se sentem
confinados dentro do ambiente hospitalar, e com tais práticas possibilitam os mesmos a viverem
emocionalmente melhor.
A avaliação psicológica é uma prática exclusiva do profissional de psicologia, sendo ela
sigilosa necessita de privacidade. Foi trazido pela profissional que em uma situação como essa
é importante que o psicólogo se atente ao paciente, aos aspectos subjetivos, comportamentais e
ambientais, analisando se o mesmo está se sentindo confortável, caso não esteja, para então
direcioná-lo a outra sala para uma maior privacidade. Em conformidade com Pupulim e Sawada
(2012), a partir do momento que o sujeito adentra ao hospital a privacidade do mesmo é afetada,
porém é importante que os profissionais que ali atuam tenham a imprescindibilidade de aplicar
medidas que preservem a privacidade dos seus pacientes em ações de cuidados e avaliações.
De acordo com a fala da psicóloga Juliana, compreendeu-se a importância de se
trabalhar na interdisciplinaridade no contexto hospitalar, pois a partir do momento que se
entende que o sujeito ele é biopsicossocial e espiritual é importante buscar atender em toda sua
complexidade e integralidade, atuando junto com o outro a fim de ir além, construir uma prática
com a equipe e compreender a expressão da subjetividade de cada sujeito, acolhendo suas
crenças e ideais a fim de buscar o desenvolvimento da empatia, promovendo assim uma
humanização ao ambiente. Segundo Bruscato et al. (2010), a equipe interdisciplinar tem seus
conhecimentos formados e não formam uma junção e sim uma suplementação de saberes onde
um agrega o outro a fim de ser fiel ao modelo biopsicossocial de saúde e não ficar no seu
quadradinho como na multidisciplinaridade, pois se agrega conhecimento entendendo seus
limites e abrindo leques importantes.
Em relação a como os outros profissionais a acolhem, Juliana evidencia que é muito de
como se chega também, se apresentando, se disponibilizando, para estar atuando com eles,
buscando conhecê-los também, mas há profissionais que são receptivos e não. Ela ainda relata
que percebeu que no trabalho com a morte ou se trabalha com profissionais muito humanos ou
com profissionais de postura rígida, mais duros, fechados e agressivos, mas pelo contexto isso
é compreendido, cada um tem uma forma de lidar e suportar essas contingências. Ainda de
acordo com Juliana há falas de profissionais que preferem não criar vínculo com o paciente
trazendo que seria para não sofrer em caso de morte. Segundo Vieira e Waischunng (2018),
isso evidencia os mecanismos defesa criados pelos profissionais de saúde para se “blindarem”
dos sentimentos, uma consequência da morte ser um tabu na cultura ocidental.
A psicóloga entrevistada ainda afirma que sua experiência a mostrou que muitas
barreiras estão em médicos e enfermeiros, mas não é regra, depende do sujeito, sua lida e seu
manejo, porém é importante não levar para o pessoal e fazer o seu trabalho da melhor forma
naquele contexto, ajudar a equipe mesmo e muitas vezes não se é bem-vindo mesmo e é
necessário conviver com isso. Portanto, segundo Buscato et al. (2010), essa é uma das funções
do psicólogo da saúde atuando em contexto hospitalar, trabalhar em prol da fortificação dos
vínculos da equipe e família também. Para além disso, Juliana traz que a formação do psicólogo
é muito diferenciada, muitas vezes o profissional de psicologia vai ser porta-voz do paciente e
da família para a equipe de uma forma mais clara.
A entrevistada usa exemplos de situações que o paciente e a família já tentaram falar
com a equipe e não foram ouvido, não foram bem recebidos e o psicólogo vai mediar essa
relação e fortalecer o vínculo da tríade, mas essa não é uma fácil mediação, até há cursos de
profissionais da saúde para que essa comunicação possa se dar de uma forma melhor e mais
humana, afinal a maneira como o profissional da saúde comunica algo, marca a vida do outro,
soa como abandono quando o médico diz que não há nada a se fazer. A comunicação é uma das
coisas mais importantes na vida do ser humano e muitas vezes é uma grande dificuldade para
os profissionais atuantes nesse contexto. Juliana traz que existe um protocolo muito utilizado
nos cuidados paliativos, o Spikes. Para Cruz e Rieral (2016), ele orienta de forma simples de
como o profissional precisa se portar, preparar o ambiente para que o paciente e o familiar
receba uma notícia ruim, afinal também não é uma tarefa fácil para o profissional de saúde que
irá comunicá-la.
A psicóloga Juliana informa que o atendimento as famílias é ofertado, só não atende
quando eles não querem, mas sempre é feito ao menos um momento com o familiar ou aos
familiares, a fim de entender como se dá a dinâmica dessas relações. Os sofrimentos também
são apresentados: como a sobrecarga, dificuldade de entender o diagnóstico e nesses casos, se
há demanda, a psicóloga se disponibiliza (oferece ajuda, pois ele pode posteriormente buscar)
e os momentos de atendimento são mais frequentes também. De acordo com Bruscato et al.
(2010), o atendimento a família pode ser separado ou junto ao paciente, isso é decidido de
acordo com o caso. Esse momento do paciente junto a família as vezes é necessário pela
existência de conflitos. Juliana traz que é avaliado conforme o paciente e como é possível. Há
familiares que não querem sair, são bastante controladores e querem saber tudo, inclusive se
vai falar algo dele, às vezes, o paciente não se importa e ela também não, então ele acaba
ficando, mas se o paciente se sente desconfortável, pede para o familiar não ficar.
Consoante Bruscato et al. (2010), a psicóloga precisa estar em concordância com as
regras da instituição hospitalar que se está inserida. Juliana aponta que inclusive o Código de
Ética do Profissional Psicólogo (CEPP) fala sobre isso, mas as vezes é possível desenvolver
atividades novas e passar para a direção, aos chefes, não engessar a atuação. O contexto
hospitalar não limita as possibilidades, ao contrário, ele oferta uma constante reinvenção do
terapeuta, é desafiador. No ambulatório há um consultório, mas na enfermaria não, é uma
prática que está sendo construída, não se sabe de tudo, vão surgir situações inesperadas que vão
demandar tomadas de decisões importantes de como se vai lidar com elas. Mas a prática do
psicólogo não é limitada, ao contrário, se reinventa e se abre as possibilidades, respeitando o
sigilo. Entendendo que é um dos principais preceitos éticos que regem a psicologia enquanto
profissão e está previsto no Art. 9ª do CEPP, sendo possível fazer muita coisa nesse espaço.
Segundo Bruscato et al. (2010), o paciente pode sim recusar atendimento psicológico.
A psicóloga Juliana, porém relata que não significa que seja uma rejeição ao profissional, mas
por algum motivo ele não quer ser atendido e é necessário respeitar e se disponibilizar para o
paciente e familiar. Também não cruzar os braços, voltar ao paciente depois e sempre observá-
lo, mostrar a importância do atendimento psicológico, buscando outras formas de ajudar o
paciente, seja ofertando o atendimento aos familiares ou voltando em outro momento e
estabelecendo um diálogo com o mesmo.

4. CONCLUSÃO

Portanto, tendo em vista as discussões em sala juntamente com a perspectiva prática


acerca do trabalho do Psicólogo Hospitalar, foi possível concluir que é imprescindível a atuação
do psicólogo neste contexto, uma vez que o mesmo desempenha funções que agregam no
atendimento/suporte frente à realidade do paciente. Por isso, faz-se necessário ter o
entendimento a respeito dos papéis que o mesmo se propõe a realizar, visto que a atuação nesse
âmbito é caracterizada como contemporânea, fazendo com que muitas vezes desempenhem
exercícios que não estão inseridos nesta atuação.
Dessa forma, o psicólogo é um profissional que deve estar atento às diversas questões
que estão relacionadas ao paciente, familiares e equipes, pois muitas vezes é esse profissional
que faz mediações para facilitar o melhor entendimento e formação de vínculos dentro dessa
tríade. No entanto, vale ressaltar que a falta de compreensão e de informações validadas pode
impossibilitar a construção do vínculo com o paciente, bem como a confiabilidade dos outros
profissionais que já fazem parte desse contexto.
A avalição psicológica é uma pratica exclusiva do psicólogo, deixando claro também a
relevância desse instrumental para direcionar o modelo de tratamento que deve ser adotado a
cada indivíduo, levando sempre em consideração a história de vida e os aspectos da
subjetividade de cada um. Essa área de atuação tem crescido muito, mas mesmo assim, ainda
existe resistências por parte de alguns profissionais como também falta de conhecimento sobre
a importância do trabalho desse profissional no ambiente hospitalar.
A atuação do psicólogo no ambiente hospitalar com outros profissionais é
imprescindível, já que o trabalho em conjunto dos mesmos irá agregar e suplementar o apoio
ao paciente e a sua família, considerando que o sujeito não é apenas um ser biológico, mas
psicossocial e espiritual. Nesse contexto entende-se que o trabalho com outros profissionais
proporciona aos pacientes uma maior comunicação entre eles e a equipe medica, assim como
um ambiente mais tranquilo e que não cause no paciente medo ou desconforto. Outro ponto a
ser ressaltado é que no trabalho em equipe os profissionais vão conhecendo as áreas de cada
um e vendo a importância que a atuação daquele profissional tem no processo de reabilitação e
recuperação do paciente.
REFERÊNCIAS

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FERREIRA, A. P. Q.; LOPES, L. Q. F.; MELO, M. C. B. O papel do psicólogo na equipe de


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