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PROJETO FAMÍLIAS DE NAZARÉ

COMO SE INICIOU O PROJETO?

O projeto é desenvolvido por um grupo de voluntários que desejava ajudar de forma mais efetiva
e permanente crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade na cidade.

Os membros do grupo já colaboravam individualmente com os projetos desenvolvidos no


período de Natal (“cartinha do Papai Noel”, “Meu material Escolar”). Em 2021, tomou-se
conhecimento, por meio da professora do colégio local, da situação de um aluno que, devido à
extrema vulnerabilidade social da família, não estava tendo condições de acompanhar as aulas
online nem as demais tarefas escolares que envolviam o uso da internet, pois não conseguia
pagar a internet, além do telefone celular da família estar num estado muito ruim. Os voluntários
do projeto buscaram a doação de celular para a criança e se teve a ideia de financiar a internet
para essa família.

A partir dessa situação pontual, se percebeu que tal dificuldade não era apenas desse aluno, mas
era algo que poderia estar prejudicando o aprendizado de muitas crianças e adolescentes que,
sem aulas presenciais, estão dependendo das aulas online para garantir seu aprendizado. Devido
à impossibilidade de algumas famílias em arcar com custos de internet, muitas crianças só têm
tido acesso ao material impresso em papel que os pais pegam na escola, porém, sem assistir as
aulas online, o aprendizado fica muito comprometido, inclusive porque muitos pais têm baixa
escolaridade e, consequentemente, não têm condições de apoiar os filhos na execução das
tarefas.

Durante as discussões ficou evidente que, além dessa questão da falta de internet, muitas
famílias estavam em situação de grande dificuldade econômica, algumas, inclusive, sem
condições de prover alimentação adequada para os filhos – uma vez que muitos pais perderam
seus empregos ou fonte de renda devido às consequências da pandemia.

A partir da detecção dessa necessidade, idealizou-se o projeto de conseguir doadores estáveis


para garantir até o final de 2021 o provimento de internet e a oferta de uma Cesta de Alimentos
mensal para famílias selecionadas. As 30 famílias apoiadas são todas moradores de áreas
devulnerabilidade social da cidade, com filhos em diferentes escolas. Conforme diagnóstico da
situação de cada família e suas principais necessidades, algumas famílias recebem tanto cesta de
alimentos quanto internet, e outras apenas um dos benefícios.

Os alunos da Escola Municipal foram inseridos no projeto a partir de uma resposta proativa de
professores da escola, com o apoio da direção, que, a partir do pedido inicial da equipe do
projeto, se empenharam em identificar aqueles alunos que estavam com dificuldades para
acompanhar as aulas online devido à falta de acesso à internet ou que demonstravam estar em
situação de insegurança alimentar, buscaram maiores informações junto às famílias quanto às
dificuldades vivenciadas e repassaram tais informações, que foram encaminhadas ao projeto.

QUAL O OBJETIVO DO PROJETO?

Apoiar famílias, prioritariamente com crianças em idade escolar, que estejam em situação de
grave vulnerabilidade social, oportunizando a instalação de internet Wi Fi em suas residências
e/ou a entrega mensal, até dezembro de 2021, de cesta de alimentos.
A oferta de internet visa possibilitar que as crianças e adolescentes da família acompanhem as
aulas online e demais atividades remotas que estão sendo oferecidas pela escola durante a
pandemia de COVID-19.

A oferta mensal de cesta de alimentos visa possibilitar que famílias que estão em situação de
insegurança alimentar possam ter garantida a alimentação básica durante esse período de
pandemia, onde muitos dos pais perderam ou diminuíram sua fonte de renda.

EM QUE CONSISTE O PROJETO?

O projeto se baseia na lógica de “Famílias ajudando Famílias”, ou seja, famílias que estão em
melhores condições econômicas e que desejam partilhar um pouco do que têm com famílias que
estejam passando por necessidade, de modo a apoiá-las para que consigam prover condições
básicas de estudo e sobrevivência para seus filhos, especialmente nesse período de pandemia.

Para tanto, a equipe do projeto difundiu a proposta e buscou voluntários que se dispusessem a
financiar, até dezembro de 2021, internet WiFi e/ou Cestas de Alimentos mensais para uma ou
mais famílias.

OPERACIONALIZAÇÃO:

Para a operacionalização do projeto foi dada preferência a fornecedores locais, de modo a


também colaborar com a economia local e, com isso, ajudar na circulação de recursos e,
consequentemente, no desenvolvimento da comunidade.

INTERNET:

Foi realizada parceria com um microempreendedor local, que oferta serviços de internet, o qual
reduziu em 33% o valor mensal cobrado para cada ponto de internet instalado.

A equipe do projeto repassou os endereços e contatos das famílias onde deverá ser instalada a
internet, e, a partir da confirmação da instalação, repassa o valor mensal global diretamente para
o fornecedor.

CESTAS DE ALIMENTOS:

Foi realizada parceria com um pequeno mercado local. A partir das informações do mercado
acerca dos produtos disponíveis e respectivos preços, de modo a compatibilizar com o valor fixo
financiado pelos doadores, foi repassada ao mercado a lista de alimentos que comporão as
Cestas Mensais a serem distribuídas às famílias. Também foi repassada para o mercado lista
contendo os nomes, endereço e telefone das famílias que receberão as cestas.

Mensalmente, o mercado entregará na residência de cada família a respectiva cesta de


alimentos, e receberá o valor global das cestas, pagas diretamente pelo projeto. O mercado deve
fazer o registro fotográfico de cada entrega, pegar o recibo das famílias na respectiva Nota Fiscal,
que é entregue posteriormente à equipe do projeto. As famílias também recebem, previamente,
a informação quanto ao conteúdo que virá na cesta, de modo que possam conferir no ato do
recebimento.

Se priorizou a entrega por “delivery” diretamente na residência das famílias, após contato do
fornecedor com cada família para marcar o melhor horário da entrega, por se entender que tal
forma de entrega, além de facilitar o recebimento para as famílias – que não precisarão se
deslocar por longas distâncias para buscar os alimentos, evita expô-las ao constrangimento de
ficar em “filas para receber alimentos”, o que, além do constrangimento da situação em si,
exporia as famílias ao contágio por Covid 19, devido à inevitável aglomeração num só local e o
trânsito até o local de distribuição.

SUGESTÃO:

Esse tipo de iniciativa que conta com a participação da sociedade civil tem, apesar de sua
importância, um alcance limitado, devendo ser considerado como complementar a uma política
pública mais robusta, que possa ter um alcance mais amplo no município.

O projeto “Famílias de Nazaré” tem como um de seus pilares a promoção da segurança alimentar
de famílias fortemente impactadas pela crise decorrente da pandemia do Covid 19. Entende-se
que seria possível uma política pública articulada entre a Política de Educação e a Política de
Assistência Social, com desenho similar ao do projeto.

Nesse sentido, a partir de uma articulação prévia entre as duas Secretarias Municipais (de
Educação e de Assistência Social) poderiam ser desenvolvidos fluxos de comunicação entre as
escolas e os CRAS – Centros de Referência de Assitência Social, de modo que, ao identificar
situações de extrema vulnerabilidade social na família de algum aluno, os professores possam
enviar tais informações para uma pessoa da escola escolhida para ser o ponto de referência
dessa articulação com o CRAS. A família seria encaminhada para atendimento no CRAS, o qual
identificaria as principais necessidades, incluindo-a nos serviços e benefícios socioassistenciais
adequados – inclusive na oferta de benefícios eventuais (incluindo cestas básicas, quando for o
caso), além de ações de defesa de direitos e encaminhamentos para outros serviços
socioassistenciais e das demais políticas públicas, como saúde e habitação, de acordo com a
necessidade específica de cada família.

Para tanto, um bom caminho seria a identificação do CRAS que será referência para cada Escola
(levando em consideração a proximidade territorial e a área de abrangência de cada CRAS) e o
estabelecimento de estratégias de comunicação ágil entre as escolas e os CRAS, incluindo a
definição de profissionais de referência dessa articulação em cada escola e em cada CRAS, para
facilitar a interlocução e os encaminhamentos das famílias.

Além disso, outra sugestão também seria que os recursos destinados à alimentação escolar (que
não estão sendo utilizados durante o período em que as aulas presenciais estão suspensas)
fossem revertendo em Kits de alimentos in natura ou vales entregues às famílias, para que estas
adquiram alimentos para os filhos durante o período sem aula presencial devido à pandemia.
Sabemos que tais recursos são insuficientes para a aquisição de cestas de alimentos mais
robustas, porém acreditamos que os kits ou vales que forem distribuídos às famílias dos alunos,
mesmo não resolvendo totalmente a questão de insegurança alimentar das famílias, já reduziria
um pouco a gravidade da situação, contribuindo com as demais ações desenvolvidas em conjunto
com a Política de Assistência Social.

Em relação a ações visando proporcionar o acesso de todos os alunos à internet, de modo que
possam participar das atividades remotas que vêm sendo desenvolvidas pelas escolas no período
da pandemia - como aulas online, acesso a materiais e envio de atividades - cabe pensar em
alternativas possíveis no âmbito local, que podem envolver, dentre outras estratégias pensadas
pela Secretaria de Educação em parceria com o Conselho Municipal de Educação, a oferta aos
alunos matriculados de pacotes de dados mensais – sempre atrelados à participação do aluno
nas aulas online e ao cumprimento das tarefas propostas.

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