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RELATÓRIO DE ENQUADRAMENTO

Em Portugal, assiste-se a um aumento significativo da esperança média de vida


combinada com uma diminuição do número de nascimentos (Ces, 2022). E, por isso,
debilidades sociais como a falta de vagas em creches têm sido esquecidas.

Compreender o conceito de creche é entender que não se trata apenas de um espaço


assistido, para o cuidado de bebés e crianças de até 3 anos de idade, mas sim, da
primeira experiência educativa de um ser humano, que servirá de alicerce ao seu
posterior desenvolvimento (Sampaio Sara, 2021). Com vista a suprir a carência de vagas
estimada em 100 mil, em setembro de 2022, creches do setor social passaram a ser
gratuitas para todas as crianças nascidas a partir do dia 1 de setembro de 2021 (Gov,
2022 et al PCP, 2022). E, como forma de garantir a cobertura da rede quando não há
vagas no setor público, a gratuitidade das creches estendeu-se, em janeiro de 2023, ao
setor privado (Gov, 2022). Os beneficiários são crianças nascidas a partir do dia 1 de
setembro que pretendam frequentar creches públicas nos concelhos com falta de vagas e
crianças nascidas antes do dia 1 de setembro inclusas pelo 1º e 2º escalão de
rendimento. Contudo, devido ao alargamento gratuito do setor privado, o problema da
falta de vagas acentuou-se.

É cada vez mais difícil conseguir vaga numa creche, sobretudo se for gratuita. Para os
pais sem retaguarda familiar, que não têm onde deixar os filhos para voltar ao trabalho
depois de terminar a licença é ainda mais difícil dizer que a lista de espera é longa. O
Governo tem em marcha um plano apoiado pelo PRR para criar mais 20 mil vagas até
2026, mas não chega. Não haver creches públicas suficientes para suprir a carência de
milhares de crianças e das suas respetivas famílias, é negar um direito fundamental – o
direito à creche e à sua gratuitidade (PCP, 2022). Por essa razão, podemos afirmar que
ao garantirmos essa rede, poderíamos assistir a um aumento da taxa de natalidade, uma
vez que vários estudos demonstram que os portugueses têm menos filhos do que
gostariam devido a barreiras económicas, institucionais e sociais. Assistiríamos também,
a uma criação de novos postos de trabalho, bem como à diminuição do número de
desempregados e, consequente valorização dos salários (PCP, 2022), combatendo a
pobreza infantil e a desigualdade de participação das mulheres no mercado de trabalho.

Marta Cá nº 120185
Priscila Nunes nº 120212
Vasco Alves nº 120001
O custo das creches relaciona-se com duas opções erradas. Não incluir as creches no
sistema educativo, mas no campo da ação social e percecionar as creches como
assistência às famílias e não no quadro dos direitos da infância, o que contribui para
desresponsabilizar o Estado (BE, 2022). A frequência da creche deve ser universal, de
modo que as famílias disponham de serviços de alta qualidade a quem entregar os seus
filhos, serviços esses que devem estar geograficamente próximos da respetiva residência
ou local de trabalho. No mesmo sentido, o Ministério de Educação deve assumir
progressivamente uma responsabilização pela tutela da educação dos 0 aos 3 anos (BE,
2022), fase crucial no crescimento da criança, sendo fundamental que tenha um
atendimento de grande qualidade educativa para que se façam as operações cerebrais
necessárias ao seu desenvolvimento.

Por estas razões, aquilo que propomos é alterar a lei de bases do sistema educativo para
mudar a data de início da educação dos 3 para os 0 anos. A inclusão da primeira infância
no sistema educativo é a única forma de garantir uma rede pública de creches universal
e gratuita que cumpra os direitos das crianças e das famílias, promovendo a igualdade
de oportunidades, inclusão e coesão social. Para que a nossa proposta seja discutida na
Assembleia da República, visamos criar uma página nas redes sociais onde
divulgaremos o link para assinar a nossa petição pública.

Marta Cá nº 120185
Priscila Nunes nº 120212
Vasco Alves nº 120001
Referências bibliográficas

Partido Comunista Português (PCP). (2022, junho). Propõe a criação de uma rede
pública de creches como forma de garantir os direitos das crianças.
https://www.pcp.pt/propoe-criacao-de-uma-rede-publica-de-creches-como-forma-de-
garantir-direitos-das-criancas [consultado em 04/04/2023]

República Portuguesa. (2022, setembro). Gratuitidade das creches entra hoje em vigor.
https://www.portugal.gov.pt/pt/gc23/comunicacao/noticia?i=gratuitidade-das-creches-
entra-hoje-em-vigor [consultado em 04/04/2023]

Conselho Económico e Social (Ces). (2022). Natalidade em Portugal: uma questão


política, económica e social.
https://ces.pt/wp-content/uploads/2022/01/ces_parecer_natalidadeportugal.pdf
[consultado em 07/04/2023]

Sampaio, Sara. (2021, abril). Afinal qual é a diferença entre creche e jardim de
infância? https://edukar.pt/diferenca-entre-creche-e-jardim-de-infancia/ [consultado em
07/04/2023]

Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda (BE). (2022, junho). Rede pública de creches
para garantir o direito das crianças à educação e ao cuidado. Facebook.
https://www.facebook.com/watch/?ref=external&v=583021413187075 [consultado em
07/04/2023]

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