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“Apesar de não terem sido extinguidos, Conae e FNE perderam seu caráter
democrático e foram descaracterizados desde 2016, abrigando apenas grupos
da sociedade civil alinhados ao governo. Com isso, não houve diversidade de
pensamento e um debate crítico”, explica Santos. Por esse motivo, as
entidades acadêmicas e sindicais que foram excluídas criaram paralelamente a
Conferência Nacional Popular de Educação (Conape) e o Fórum Nacional
Popular de Educação.
“Além disso, o PNE tem uma urgência maior, até porque precisará lidar com
os impactos da pandemia da covid-19 na educação”, acrescenta. Para
Marques, as discussões devem focar em um novo plano que tenha qualidade,
habilidade em lidar com as dificuldades históricas do Brasil no campo da
educação e legitimidade.
“Outro ponto é que é mais difícil desprivatizar ou desmilitarizar uma escola que
já passou por esse processo. Assim, para 2023, é necessário evitar que novas
escolas sigam o mesmo caminho”, acrescenta.
Entre os impactos, Pinto aponta que foram fechadas 34 mil escolas rurais
entre 2007 e 2020, e houve o congelamento do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE), que não sofre aumento real desde 2010.
“Estados e municípios estão fechando as turmas de Educação de Jovens e
Adultos (EJA) para compensar queda de recursos do Fundeb”, lamenta.
Outro ponto é que o PNE estabelece pelo menos 7% do PIB para educação
de esforços da União, estados, DF e municípios. “Para isso é importante usar
fontes além da vinculação constitucional (royalties, dividendos das estatais,
operações de créditos) e estimular o crescimento econômico inclusivo, com
medidas que ampliem o emprego e que possuam forte impacto no consumo e
na receita tributária”, explica.
De acordo com Pinto, para a conta fechar, o governo federal deve ter um
papel mais ativo no financiamento da educação. “O atual sistema de
financiamento (Fundeb com VAAT) propicia cerca de R$ 500 mensais por
aluno para metade dos municípios brasileiros. O ideal seria o dobro. Para
isso é fundamental ampliar a complementação da União ao Fundeb para,
pelo menos, 1% do PIB. Estes dois itens deveriam ser prioridade no
orçamento do MEC”, defende.