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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA

ANÁLISE E DESCRIÇÃO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR – BNCC:


Seus impactos e contribuições na formação escolar

Uberlândia
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA

ANÁLISE E DESCRIÇÃO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR – BNCC:


Seus impactos e contribuições na formação escolar

Projeto de Pesquisa apresentado para Seleção do


Mestrado Acadêmico do Programa de Pós-graduação em
História – 2023-1. Linha de Pesquisa Práticas Culturais e
Relações de Poder, Edital Nº 2/2022 PPGHI/UFU.

ORIENTADORES PRETENDIDOS:

1. Prof. Dr. Deivy Ferreira Carneiro

2. Prof. Dr. Sérgio Paulo Morais

Uberlândia
2022

RESUMO:
1 INTRODUÇÃO

A educação no Brasil é tema de debates desde os tempos da colonização até os dias


atuais, diversas áreas do conhecimento se uniram para tratarem do assunto, passando de
geração em geração, e a partir das mais variadas discussões sobre qual o modelo de educação
seria o mais adequado e atrelado, as questões sociais de um país tão complexo quanto este, no
decorrer de muitos anos através de diversos embates e lutas, das mais variadas classes do
conhecimento, foi criada a Base Nacional Comum Curricular – BNCC.
Mas, o que seria essa sigla? Para que ela serve? Que benefícios ela traz para os
estudantes e professores? Será que a pauta da melhoria da educação se encerra com a criação
dessa BNCC? A partir da criação desta os problemas da educação no Brasil foram resolvidos?
Será que o que está descrito nela é realmente uma base comum a todas as crianças brasileiras?
O viés estabelecido por ela atende o interesse comum de todo os envolvidos?
Esses são questionamentos que surgem ao leitor, quando este se depara com o que a
BNCC traz em sua descrição, certamente todos os questionamentos acima elencados, não
terão respostas nesse texto, nem em outro que se trate da temática em questão. Pois, a sigla
BNCC, apenas significa as iniciais de um documento que traz normas e procedimentos que as
escolas e os professores, devem seguir, traz também metas que os governantes devem
assumir.
No entanto, no Brasil já possui um documento que é muito mais importante do que
uma base nacional comum de ensino aprendizagem, que é a Constituição Federal de 1988,
onde nela está descrito que a educação é direito de todos os cidadãos brasileiros, não
importando sua origem social, étnica, religiosa etc. E coloca como dever do Estado prover
uma educação de qualidade para todos, e o que ocorre no Brasil? Todos sabem dos problemas
que a Educação enfrenta em seu dia a dia, ou seja, se o documento, pode-se assim dizer, mais
importante de um país, na maioria de seus artigos não são respeitados, imagina a criação de
um outro documento que tem por base a CF de 88, irá fazer algo de diferente para a questão
da educação?
Por fim, pode-se dizer que a BNCC é apenas mais um instrumento criado, por pessoas,
que talvez, tenham as melhores das intenções quanto a estruturar e melhorar a educação no
Brasil, mas, já foi visto na história que documentos não bastam para resolver os problemas
socioeducacionais existentes no país.
2 JUSTIFICATIVA

O mundo vive em um modo de produção capitalista, onde foi instituída e é praticada


uma estratégia político-econômica neoliberal, essa é a realidade que assola todo o globo, e no
Brasil não é diferente. E as escolas estão presentes nessa conjuntura, que uma vez inserida
ficará subordinada, infelizmente, ao sistema capitalista, que verá nessas instituições uma
forma de ganho positivo para ele, tornando as escolas espaços de aprendizagem mecânica,
condicionando os jovens a se formarem em mão de obra qualificada e barata nos moldes de
sua produção.
Ao fazer uma breve análise da BNCC é evidente que seus objetivos passam por esse
viés de preparação da “molecada” para o mercado de trabalho, deixando de lado questões de
formações socioculturais, robotizando e os preparando para obedecerem a ordens sistemáticas
de determinados cargos/funções. Ou seja,

A formação escolar capitalista, aparentemente, possibilita a manutenção do poder da


classe dominante sobre a trabalhadora, a partir da formação desta para as exigências
do mundo do trabalho, mas a classe trabalhadora não recebe tal projeto educativo
sem resistências e apropriações próprias dos conteúdos do Ensino, o que torna a
escola dialética. A escola capitalista é um espaço de disputas entre as classes sociais,
pela hegemonia sobre o conhecimento, pois não alcança o total controle sobre o que
os indivíduos apreendem e o impacto deste no avanço da consciência crítica. Porém,
os arautos desse modelo de escolarização insistem em desenvolver dispositivos
legais de controle de gestores, professores, bem como das avaliações e do currículo.
(FILIPE, SILVA e COSTA, 2021, p. 784).

Partindo desse viés, e sabendo que a BNCC é uma política nacional curricular que se
constitui enquanto um documento normativo, que tem como premissas, selecionar e organizar
os conhecimentos a serem ensinados ao longo dos níveis e modalidades da Educação básica
no Brasil, cabe a discussão, sobre quais são os interesses atendidos, a partir dessas escolhas.
Pois, apesar desse documento definir estratégias e descrever conceitos, tais como as
competências apresentadas em seu texto, a BNCC não dispõe de dispositivos que favoreçam a
implantação de melhores condições de trabalho para os professores.

Na concepção dos entusiastas e formuladores da BNCC, a implantação do currículo


comum a todo território nacional corresponde a uma essencial medida para o alcance
da pretendida qualidade do ensino público, bem como para a superação das
desigualdades escolares que assolam o país, principalmente nos contexto sociais
mais vulneráveis. O Brasil será igual de ponta a ponta, assim destacou Mendonça
Filho, Ministro da Educação, ao referir-se sobre a Base. Considera-se, no discurso
desses, a definição de conteúdo idênticos a todos, uma estratégia para proporcionar
maior igualdade de oportunidades entre os estudantes. (PINTO e MELO, 2021, p.
10).

Contudo, nas palavras de Pinto e Melo (2021), apesar de todo esse entusiasmo, por
parte dos interlocutores da BNCC, definir padrões curriculares em nível nacional, e
desconsiderar as particularidades locais, seus valores e suas culturas, como também a
diversidade dos sujeitos e de suas formas de vivenciar as infâncias e juventudes, não ajuda em
nada pelo contrário, só reforça o desrespeito com as multiplicidades que envolvem não
somente a escola, mas a sociedade como um todo, retirando a possibilidade de uma formação
para o exercício da liberdade e da autonomia. Desse modo, evidencia-se que a definição da
Base não é capaz de superar as desigualdades escolares, ao contrário, tem grandes chances de
intensificá-las, visto que:

A BNCC, ao tratar de qualidade educacional, está interessada na melhoria dos


resultados das avaliações externas e, por sua vez, do Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB). As competências e habilidades preconizadas em seu texto
pouco correspondem à formação humana dos estudantes, de propiciá-los uma
educação crítica e significativa, e sim, ao estreitamento entre o que se ensina e o que
se avalia para, desse modo, melhorar o ranking do país no contexto internacional.
Ao analisar o texto da Base observa-se a definição de códigos para cada
competência e habilidade listada. Essa definição pode ser compreendida como
“adequação às estruturas de avaliação, ranqueamento e responsabilização”,
contribuindo para maior controle dos resultados dos estudantes e do trabalho do
professor. (PINTO e MELO, 2021, p. 11).

Em vista disso, entende-se que esse documento, além de ser um “um chicote moderno
na mão do feitor”, para os professores, não preconiza a capacidade real dos alunos, e sim as
notas por eles alcançadas, pois, dessa forma, terá números para apresentar aos órgãos
competentes e assim provarem que as iniciativas de criação dessa base estão colhendo os
frutos por eles almejados. Por eles quem? Ao mercado financeiro, ao mercado produtor de
subempregos, aos verdadeiros “donos da bola”.
Em sua conceituação inicial a BNCC traz o seguinte: “A Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver [..].”
(BRASIL, 2018, p, 07). Como pode ser visto, ela já inicia informando que se trata de um
documento que vai ditar normas e regras, depois continua que irá definir modelos de
aprendizagem essenciais que todos os alunos devem desenvolver. Será que todos os alunos
“DEVEM” desenvolver as mesmas habilidades? Será que todos têm as mesmas necessidades?
Quando se fala da BNCC é levantado diversas inquietações, tais como: os planos
políticos por trás das escolhas de formação de um currículo, questões sobre o que é proposto e
o que é realmente aplicado nas salas de aula ou em materiais didáticos, as influências e
consequências dessas definições.
Nesse sentido, vale pensar na função da história ao longo do tempo e principalmente
sua ação na educação brasileira. Isto é, ela se constitui a fim de formar uma identidade
nacional e uma mentalidade coletiva. Seja através da doutrinação ou de um “ensino crítico”
que não é dissociado do nacionalismo. Assim como as grades de ensino vão sendo propostas
de acordo com esses valores e desejos que estão associados a uma hegemonia epistemológica.
Então, o currículo proposto pela BNCC tem suas bases numa tradição política onde as
narrativas são escolhidas e dispostas cronologicamente centradas no capitalismo e no
eurocentrismo, isso porque a disciplina em âmbito escolar é tratada de forma acrítica, onde se
nega a história um lugar de disputa de poder de outros sujeitos e outras perspectivas.
Dessa forma, a educação brasileira vai estar marcada mais pelas dinâmicas de um
ensino voltado a formar cidadãos, assim como “profissionalizar” os jovens. No sentido de
construir brasileiros prontos para ingressarem sem questionamentos e outras opções no
mercado de trabalho. Porque, é feita num processo de preparação, onde o indivíduo tem um
destino e ele precisa se adaptar as dinâmicas capitalistas. Por onde é reforçado mecanismos de
manutenção de um sistema de classes. Por outro lado, isso ressalta que embora, as propostas
da BNCC, na teoria, se pautem na inclusão de novos sujeitos, de novas perspectivas, na
construção de criticidade dos alunos e no desenvolvimento de autonomia. Na prática não
caminha bem assim, pois a BNCC e o projeto político-econômico-social por trás dela se
transforma numa mão invisível que controla através da coerção e da coesão social dos alunos
e professores.
Nesse sentido, são necessárias a compreensão do professor sobre os efeitos
dessas políticas reformadoras e captar qual sua relação com a educação de
qualidade que se almeja. Portanto, é fundamental uma formação que
possibilite ao docente uma ação-reflexiva sobre sua prática, tendo em vista
que o papel do professor não é de mero transmissor de conteúdos
programados, mas um facilitador da construção desse conhecimento e a
partir das experiências dos alunos. Por consequência, outro desafio que se
posta ao professor em sala de aula é de ter um olhar mais cuidadoso sobre
seus alunos, na perspectiva de uma construção de saberes pautada na troca
de experiências entre os discentes e os conteúdos formatados por um
currículo. Isto porque, espera-se que os conhecimentos e práticas
pedagógicas sejam pensados e planejados em contextos concretos que
levem a uma maior autonomia e compromisso do professor com os
contextos socioculturais, onde a Escola se insere.” (TAMANINI,
NORONHA, 2019, p. 109).

Sendo assim, ao pensar nas propostas produzidas pelo documento, em questão, o


estudo de história vem sendo colocado em xeque, visto que ela como disciplina, se mostra
como necessária, pois com o seu ensino o jovem pode desenvolver uma leitura melhor e
maior do mundo em que ele habita. Isto é, os ajudam a compreenderem melhor as dinâmicas
por trás de sua realidade, do seu espaço, da sua nação, de sua classe. No entanto, na prática, a
BNCC parte de um ensino “euro centrado”, em que muitas lacunas são preenchidas de forma
vaga e superficial. Como por exemplo: a história das mulheres, dos indígenas, dos negros, que
ora é resumida a uma curiosidade de rodapé ou abordados de forma completamente
superficial.
3 OBJETIVO GERAL

Analisar criticamente todo o contexto que engloba a Base Nacional Comum Curricular
– Bncc.

3.1 Objetivos Específicos

Descrever as Leis que embasam teoricamente a BNCC;


Apresentar suas diretrizes e aplicações;
Demonstrar suas implicações na formação escolar;
Identificar quais os pontos deve ser melhorado;
Fornecer subsídios teóricos e práticos sobre as atuações dos professores pautados pela
BNCC.

4 FONTES E METODOLOGIA

5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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