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CONHECIMENTOS

ESPECÍFICOS
PREFEITURA DE PARAUAPEBAS - PA
CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
PROGRAMA:
BNCC: educação infantil e anos iniciais do ensino
fundamental; Teorias contemporâneas da educação:
natureza e definição; Jean Piaget e o construtivismo na
educação; Lev Vygotsky e o socioconstrutivismo na
educação; Paulo Freire e a Pedagogia do oprimido; A
educação básica no Brasil: concepções e finalidades.

MARCOS LEGAIS
BNCC: EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL. A Constituição Federativa do Brasil de 1988, em seu
Artigo 205, reconhece a educação como direito
fundamental compartilhado entre Estado, família e
sociedade.
A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E AS Para atender a tais finalidades no âmbito da educação
IMPLICAÇÕES PARA O CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO escolar, a Carta Constitucional, no Artigo 210, já
BÁSICA reconhece a necessidade de que sejam “fixados
conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um
maneira a assegurar formação básica comum e respeito
documento de caráter normativo que define o conjunto
aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que
(BRASIL, 1988).
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas
e modalidades da Educação Básica, de modo a que Com base nesses marcos constitucionais, a LDB, no Inciso
tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e IV de seu Artigo 9º, afirma que cabe à União estabelecer,
desenvolvimento, em conformidade com o que em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). Municípios, competências e diretrizes para a Educação
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que
Este documento normativo aplica-se exclusivamente à
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de
educação escolar, tal como a define o §1º do Artigo 1º da
modo a assegurar formação básica comum (BRASIL,
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei
1996; ênfase adicionada).
nº 9.394/1996), e está orientado pelos princípios éticos,
políticos e estéticos que visam à formação humana Nesse artigo, a LDB deixa claros dois conceitos decisivos
integral e à construção de uma sociedade justa, para todo o desenvolvimento da questão curricular no
democrática e inclusiva, como fundamentado nas Brasil.
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica O primeiro, já antecipado pela Constituição, estabelece
(DCN). a relação entre o que é básico-comum e o que é diverso
Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens em matéria curricular: as competências e diretrizes são
essenciais definidas na BNCC devem concorrer para comuns, os currículos são diversos.
assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez O segundo se refere ao foco do currículo. Ao dizer que os
competências gerais, que consubstanciam, no âmbito conteúdos curriculares estão a serviço do
pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento de competências, a LDB orienta a
desenvolvimento. definição das aprendizagens essenciais, e não apenas
Na BNCC, competência é definida como a mobilização de dos conteúdos mínimos a ser ensinados. Essas são duas
conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades noções fundantes da BNCC.
(práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e
valores para resolver demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo
do trabalho.

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A relação entre o que é básico-comum e o que é diverso Art. 36. §1º A organização das áreas de que trata o caput
é retomada no Artigo 26 da LDB, que determina que os e das respectivas competências e habilidades será feita
currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema
do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser de ensino (BRASIL, 2017; ênfases adicionadas).
complementada, em cada sistema de ensino e em cada
Trata-se, portanto, de maneiras diferentes e
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
intercambiáveis para designar algo comum, ou seja,
exigida pelas características regionais e locais da
aquilo que os estudantes devem aprender na Educação
sociedade, da cultura, da economia e dos educandos
Básica, o que inclui tanto os saberes quanto a capacidade
(BRASIL, 1996; ênfase adicionada).
de mobilizá-los e aplicá-los.
Essa orientação induziu à concepção do conhecimento
curricular contextualizado pela realidade local, social e
individual da escola e do seu alunado, que foi o norte das AS 10 COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
diretrizes curriculares traçadas pelo Conselho Nacional
de Educação (CNE) ao longo da década de 1990, bem
como de sua revisão nos anos 2000.
Em 2010, o CNE promulgou novas DCN, ampliando e
organizando o conceito de contextualização como “a
inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à
pluralidade e à diversidade cultural resgatando e
respeitando as várias manifestações de cada
comunidade”, conforme destaca o Parecer CNE/CEB nº
7/2010.
Em 2014, a Lei nº 13.005/20147 promulgou o Plano
Nacional de Educação (PNE), que reitera a necessidade
de estabelecer e implantar, mediante pactuação
interfederativa [União, Estados, Distrito Federal e
Municípios], diretrizes pedagógicas para a educação 1) Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente
básica e a base nacional comum dos currículos, com construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para entender e explicar a realidade, continuar
dos(as) alunos(as) para cada ano do Ensino Fundamental aprendendo e colaborar para a construção de uma
e Médio, respeitadas as diversidades regional, estadual e sociedade justa, democrática e inclusiva.
local (BRASIL, 2014). 2) Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à
Nesse sentido, consoante aos marcos legais anteriores, o abordagem própria das ciências, incluindo a
PNE afirma a importância de uma base nacional comum investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e
curricular para o Brasil, com o foco na aprendizagem a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar
como estratégia para fomentar a qualidade da Educação hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções
Básica em todas as etapas e modalidades (meta 7), (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos
referindo-se a direitos e objetivos de aprendizagem e das diferentes áreas.
desenvolvimento. 3) Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
Em 2017, com a alteração da LDB por força da Lei nº culturais, das locais às mundiais, e também participar de
13.415/2017, a legislação brasileira passa a utilizar, práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
concomitantemente, duas nomenclaturas para se referir 4) Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-
às finalidades da educação: motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora
e digital –, bem como conhecimentos das linguagens
artística, matemática e científica, para se expressar e
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá partilhar informações, experiências, ideias e
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, que levem ao entendimento mútuo.
nas seguintes áreas do conhecimento [...]

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5) Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de É esse também o enfoque adotado nas avaliações
informação e comunicação de forma crítica, significativa, internacionais da Organização para a Cooperação e
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o
escolares) para se comunicar, acessar e disseminar Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na
informações, produzir conhecimentos, resolver sigla em inglês), e da Organização das Nações Unidas
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla
pessoal e coletiva. em inglês), que instituiu o Laboratório Latino-americano
de Avaliação da Qualidade da Educação para a América
6) Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais
Latina (LLECE, na sigla em espanhol).
e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias do mundo do Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da pedagógicas devem estar orientadas para o
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, desenvolvimento de competências.
autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
Por meio da indicação clara do que os alunos devem
7) Argumentar com base em fatos, dados e informações “saber” (considerando a constituição de conhecimentos,
confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses
promovam os direitos humanos, a consciência conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para
socioambiental e o consumo responsável em âmbito resolver demandas complexas da vida cotidiana, do
local, regional e global, com posicionamento ético em pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a
relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. explicitação das competências oferece referências para
o fortalecimento de ações que assegurem as
8) Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
aprendizagens essenciais definidas na BNCC.
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e
autocrítica e capacidade para lidar com elas. inclusivo a questões centrais do processo educativo:
9) Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos • o que aprender,
e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o
• para que aprender,
respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e • como ensinar,
de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e • como promover redes de aprendizagem
potencialidades, sem preconceitos de qualquer colaborativa e
natureza.
• como avaliar o aprendizado.
10) Agir pessoal e coletivamente com autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o
determinação, tomando decisões com base em seu compromisso com a educação integral.
princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e Reconhece, assim, que a Educação Básica deve visar à
solidários. formação e ao desenvolvimento humano global, o que
implica compreender a complexidade e a não linearidade
desse desenvolvimento, rompendo com visões
FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS DA BNCC reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual
O conceito de competência, adotado pela BNCC, marca a (cognitiva) ou a dimensão afetiva.
discussão pedagógica e social das últimas décadas e pode Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e
ser inferido no texto da LDB, especialmente quando se integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto
estabelecem as finalidades gerais do Ensino – considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e
Fundamental e do Ensino Médio (Artigos 32 e 35). promover uma educação voltada ao seu acolhimento,
Além disso, desde as décadas finais do século XX e ao reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas
longo deste início do século XXI, o foco no singularidades e diversidades.
desenvolvimento de competências tem orientado a Além disso, a escola, como espaço de aprendizagem e de
maioria dos Estados e Municípios brasileiros e diferentes democracia inclusiva, deve se fortalecer na prática
países na construção de seus currículos. coercitiva de não discriminação, não preconceito e
respeito às diferenças e diversidades.

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No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos colaborativas em relação à gestão do ensino e da
entes federados, acentuada diversidade cultural e aprendizagem.
profundas desigualdades sociais, os sistemas e redes de
• selecionar e aplicar metodologias e estratégias
ensino devem construir currículos, e as escolas precisam
didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a
elaborar propostas pedagógicas que considerem as
ritmos diferenciados e a conteúdos complementares,
necessidades, as possibilidades e os interesses dos
se necessário, para trabalhar com as necessidades de
estudantes, assim como suas identidades linguísticas,
diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de
étnicas e culturais.
origem, suas comunidades, seus grupos de
Nesse processo, a BNCC desempenha papel socialização etc.
fundamental, pois explicita as aprendizagens essenciais
• conceber e pôr em prática situações e procedimentos
que todos os estudantes devem desenvolver e expressa,
para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens.
portanto, a igualdade educacional sobre a qual as
singularidades devem ser consideradas e atendidas. • construir e aplicar procedimentos de avaliação
formativa de processo ou de resultado que levem em
Essa igualdade deve valer também para as
conta os contextos e as condições de aprendizagem,
oportunidades de ingresso e permanência em uma
tomando tais registros como referência para
escola de Educação Básica, sem o que o direito de
melhorar o desempenho da escola, dos professores e
aprender não se concretiza.
dos alunos.
Diante desse quadro, as decisões curriculares e didático-
• selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos
pedagógicas das Secretarias de Educação, o
didáticos e tecnológicos para apoiar o processo de
planejamento do trabalho anual das instituições
ensinar e aprender.
escolares e as rotinas e os eventos do cotidiano escolar
devem levar em consideração a necessidade de • criar e disponibilizar materiais de orientação para os
superação dessas desigualdades. professores, bem como manter processos
permanentes de formação docente que possibilitem
Para isso, os sistemas e redes de ensino e as instituições
contínuo aperfeiçoamento dos processos de ensino e
escolares devem se planejar com um claro foco na
aprendizagem.
equidade, que pressupõe reconhecer que as
necessidades dos estudantes são diferentes. • manter processos contínuos de aprendizagem sobre
gestão pedagógica e curricular para os demais
A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de
educadores, no âmbito das escolas e sistemas de
princípios e valores que, como já mencionado, orientam
ensino.
a LDB e as DCN. Dessa maneira, reconhecem que a
educação tem um compromisso com a formação e o Legitimada pelo pacto interfederativo, nos termos da Lei
desenvolvimento humano global, em suas dimensões nº 13.005/2014, que promulgou o PNE, a BNCC depende
intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. do adequado funcionamento do regime de colaboração
para alcançar seus objetivos.
Além disso, BNCC e currículos têm papéis
complementares para assegurar as aprendizagens Sua formulação, sob coordenação do MEC, contou com
essenciais definidas para cada etapa da Educação Básica. a participação dos Estados do Distrito Federal e dos
Municípios, depois de ampla consulta à comunidade
Essas decisões, que resultam de um processo de
educacional e à sociedade, conforme consta da
envolvimento e participação das famílias e da
apresentação da BNCC.
comunidade, referem-se, entre outras ações, a:
A primeira tarefa de responsabilidade direta da União
• contextualizar os conteúdos dos componentes
será a revisão da formação inicial e continuada dos
curriculares, identificando estratégias para
professores para alinhá-las à BNCC.
apresentá-los, representá-los, exemplificá-los,
conectá-los e torná-los significativos, com base na Compete ainda à União, promover e coordenar ações e
realidade do lugar e do tempo nos quais as políticas em âmbito federal, estadual e municipal,
aprendizagens estão situadas. referentes à avaliação, à elaboração de materiais
pedagógicos e aos critérios para a oferta de
• decidir sobre formas de organização interdisciplinar
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento
dos componentes curriculares e fortalecer a
da educação.
competência pedagógica das equipes escolares para
adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e

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ESTRUTURA DA BNCC (ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL) CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS


O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e
com adultos que as crianças vão constituindo um modo
próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que
existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com
outros pontos de vista.
Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na
família, na instituição escolar, na coletividade),
constroem percepções e questionamentos sobre si e
sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente,
identificando-se como seres individuais e sociais.

DIREITO DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio
dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou
Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças,
grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do
ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito seu entorno, estabelecem relações, expressam-se,
em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o
Brincar cotidianamente de diversas formas, em outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se,
diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros progressivamente, conscientes dessa corporeidade.
(crianças e adultos), ampliando e diversificando seu Por meio das diferentes linguagens, como a música, a
acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se
imaginação, sua criatividade, suas experiências comunicam e se expressam no entrelaçamento entre
emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, corpo, emoção e linguagem.
cognitivas, sociais e relacionais.
Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes
Participar ativamente, com adultos e outras crianças, manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e
tanto do planejamento da gestão da escola e das universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita
atividades propostas pelo educador quanto da realização às crianças, por meio de experiências diversificadas,
das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das vivenciar diversas formas de expressão e linguagens,
brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem,
desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o
conhecimentos, decidindo e se posicionando. audiovisual, entre outras.
Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, Escuta, fala, pensamento e imaginação – Desde o
cores, palavras, emoções, transformações, nascimento, as crianças participam de situações
relacionamentos, histórias, objetos, elementos da comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais
natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes interagem.
sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes,
a escrita, a ciência e a tecnologia. As primeiras formas de interação do bebê são os
movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o
Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham
suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, sentido com a interpretação do outro.
hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por
meio de diferentes linguagens. Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações – As crianças vivem inseridas em
Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e espaços e tempos de diferentes dimensões, em um
cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de mundo constituído de fenômenos naturais e
seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se
de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e
vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.).
familiar e comunitário.

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MATEMÁTICA
O conhecimento matemático é necessário para todos os
alunos da Educação Básica, seja por sua grande aplicação
na sociedade contemporânea, seja pelas suas
potencialidades na formação de cidadãos críticos,
cientes de suas responsabilidades sociais.
A Matemática não se restringe apenas à quantificação de
fenômenos determinísticos – contagem, medição de
objetos, grandezas – e das técnicas de cálculo com os
números e com as grandezas, pois também estuda a
incerteza proveniente de fenômenos de caráter
ESTRUTURA DA BNCC (ETAPA DO ENSINO aleatório.
FUNDAMENTAL) No Ensino Fundamental, essa área, por meio da
articulação de seus diversos campos – Aritmética,
Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade –,
precisa garantir que os alunos relacionem observações
empíricas do mundo real a representações (tabelas,
figuras e esquemas) e associem essas representações a
uma atividade matemática (conceitos e propriedades),
fazendo induções e conjecturas.
Assim, espera-se que eles desenvolvam a capacidade de
identificar oportunidades de utilização da matemática
para resolver problemas, aplicando conceitos,
LINGAGENS procedimentos e resultados para obter soluções e
interpretá-las segundo os contextos das situações. A
Na BNCC, a área de Linguagens é composta pelos
dedução de algumas propriedades e a verificação de
seguintes componentes curriculares: Língua Portuguesa,
conjecturas, a partir de outras, podem ser estimuladas,
Arte, Educação Física e, no Ensino Fundamental – Anos
sobretudo ao final do Ensino Fundamental.
Finais, Língua Inglesa.
A finalidade é possibilitar aos estudantes participar de
práticas de linguagem diversificadas, que lhes permitam CIÊNCIAS DA NATUREZA
ampliar suas capacidades expressivas em manifestações Ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da
artísticas, corporais e linguísticas, como também seus Natureza tem um compromisso com o desenvolvimento
conhecimentos sobre essas linguagens, em continuidade do letramento científico, que envolve a capacidade de
às experiências vividas na Educação Infantil. compreender e interpretar o mundo (natural, social e
No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, os componentes tecnológico), mas também de transformá-lo com base
curriculares tematizam diversas práticas, considerando nos aportes teóricos e processuais das ciências.
especialmente aquelas relativas às culturas infantis Nessa perspectiva, a área de Ciências da Natureza, por
tradicionais e contemporâneas. Nesse conjunto de meio de um olhar articulado de diversos campos do
práticas, nos dois primeiros anos desse segmento, o saber, precisa assegurar aos alunos do Ensino
processo de alfabetização deve ser o foco da ação Fundamental o acesso à diversidade de conhecimentos
pedagógica. científicos produzidos ao longo da história, bem como a
Por sua vez, no Ensino Fundamental – Anos Finais, as aproximação gradativa aos principais processos, práticas
aprendizagens, nos componentes curriculares dessa e procedimentos da investigação científica.
área, ampliam as práticas de linguagem conquistadas no Ao contrário, pressupõe organizar as situações de
Ensino Fundamental – Anos Iniciais, incluindo a aprendizagem partindo de questões que sejam
aprendizagem de Língua Inglesa. Nesse segmento, a desafiadoras e, reconhecendo a diversidade cultural,
diversificação dos contextos permite o aprofundamento estimulem o interesse e a curiosidade científica dos
de práticas de linguagem artísticas, corporais e alunos e possibilitem definir problemas, levantar,
linguísticas que se constituem e constituem a vida social. analisar e representar resultados; comunicar conclusões
e propor intervenções.

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CIÊNCIAS HUMANAS Mais tarde, a Resolução CNE/CEB nº 04/2010 e a


Resolução CNE/CEB nº 07/2010 reconheceram o Ensino
A área de Ciências Humanas contribui para que os alunos
Religioso como uma das cinco áreas de conhecimento do
desenvolvam a cognição in situ, ou seja, sem prescindir
Ensino Fundamental de 09 (nove) anos, com quatro
da contextualização marcada pelas noções de tempo e
objetivos principais.
espaço, conceitos fundamentais da área. O raciocínio
espaço-temporal baseia-se na ideia de que o ser humano a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos
produz o espaço em que vive, apropriando-se dele em religiosos, culturais e estéticos, a partir das
determinada circunstância histórica. manifestações religiosas percebidas na realidade dos
educandos.
A capacidade de identificação dessa circunstância impõe-
se como condição para que o ser humano compreenda, b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade
interprete e avalie os significados das ações realizadas no de consciência e de crença, no constante propósito de
passado ou no presente, o que o torna responsável tanto promoção dos direitos humanos.
pelo saber produzido quanto pelo controle dos
c) Desenvolver competências e habilidades que
fenômenos naturais e históricos dos quais é agente.
contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas
Embora o tempo, o espaço e o movimento sejam e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade
categorias básicas na área de Ciências Humanas, não se de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo com a
pode deixar de valorizar também a crítica sistemática à Constituição Federal
ação humana, às relações sociais e de poder e,
d) Contribuir para que os educandos construam seus
especialmente, à produção de conhecimentos e saberes,
sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios
frutos de diferentes circunstâncias históricas e espaços
éticos e da cidadania.
geográficos.
Cabe ao Ensino Religioso tratar os conhecimentos
O ensino de Geografia e História, ao estimular os alunos
religiosos a partir de pressupostos éticos e científicos,
a desenvolver uma melhor compreensão do mundo, não
sem privilégio de nenhuma crença ou convicção. Isso
só favorece o desenvolvimento autônomo de cada
implica abordar esses conhecimentos com base nas
indivíduo, como também os torna aptos a uma
diversas culturas e tradições religiosas, sem
intervenção mais responsável no mundo em que vivem.
desconsiderar a existência de filosofias seculares de vida.
No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, é importante
valorizar e problematizar as vivências e experiências
individuais e familiares trazidas pelos alunos, por meio
do lúdico, de trocas, da escuta e de falas sensíveis, nos
diversos ambientes educativos (bibliotecas, pátio,
praças, parques, museus, arquivos, entre outros).
Na passagem para o Ensino Fundamental – Anos Finais,
os alunos vivenciam diversas mudanças biológicas,
psicológicas, sociais e emocionais. Eles ampliam suas
descobertas em relação a si próprios e às suas relações
com grupos sociais, tornando-se mais autônomos para
cuidar de si e do mundo ao seu redor.

ENSINO RELIGIOSO
A Constituição Federal de 1988 (artigo 210) e a LDB nº REFERÊNCIAS
9.394/1996 (artigo 33, alterado pela Lei nº 9.475/1997)
estabeleceram os princípios e os fundamentos que  BRASIL. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR.
devem alicerçar epistemologias e pedagogias do Ensino disponível EM:
Religioso, cuja função educacional, enquanto parte http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNC
integrante da formação básica do cidadão, é assegurar o C_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
respeito à diversidade cultural religiosa, sem
proselitismos.

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TEORIAS CONTEMPORÂNEAS DA EDUCAÇÃO: TEORIA DA EQUILIBRAÇÃO


NATUREZA E DEFINIÇÃO.
A obra de Piaget reuniu um grande número de conceitos
que são extremamente importantes para a devida
compreensão de sua Epistemologia Genética. Os
trabalhos iniciais de sua pesquisa levaram-no a formular
JEAN PIAGET a Teoria da Equilibração.
CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO
Desenvolvimento e crescimento mental, para Piaget, são EQUILIBRAÇÃO
devidos à atividade do sujeito que se defronta com o seu
O sujeito, ao entrar em contato com um objeto
meio e a inteligência, ou mais especificamente o
desconhecido, pode entrar em conflito com esse objeto,
desenvolvimento da inteligência é a condição para que
ou seja, no processo de assimilação, o que é novo, às
os seres humanos construam conhecimento sobre o
vezes, oferece certas resistências ao conhecimento e
meio.
para conhecer esse objeto o sujeito precisa modificar
Na sua concepção, é necessário defini-la como função e suas estruturas mentais e acomodá-las.
como estrutura.
E é a esse processo de busca do equilíbrio dessas
Enquanto função a inteligência deve ser vista como modificações que Piaget denominou equilibração.
adaptação, ou seja, os processos da inteligência tem
O desenvolvimento é, para Piaget, "em um certo sentido,
como finalidade a sobrevivência do sujeito no meio em
uma equilibração progressiva, uma passagem contínua
que está inserido, modificando-o se necessário for ou se
de um estado de menor equilíbrio a um estado de
modificando para melhor se adaptar a esse meio.
equilíbrio superior" (1976, p.123) e a equilibração é um
No referente à descrição, do ponto de vista estrutural, processo "que conduz de certos estados de equilíbrio
ela é uma organização de processos que está associada a aproximado a outros qualitativamente diferentes,
níveis de conhecimento. passando por múltiplos desequilíbrios e reequilibrações"
Quando a organização é complexa ela exige um nível de (1975, p. 9).
conhecimento mais complexo e quando se trata de uma É um processo dialético que envolve equilíbrio -
organização menos complexa a exigência é de um nível desequilíbrio - reequilíbrio, e é por esse motivo que ele
de conhecimento inferior. preferiu o termo equilibração, e não equilíbrio, que daria
E como a inteligência é uma organização, o a impressão de algo estável, justamente para sugerir a
desenvolvimento dela não se dá por acúmulos de ideia de algo móvel e dinâmico.
informações, mas sobretudo por uma reorganização Na concepção piagetiana, a inteligência deve ser vista
desta troca de inteligências, ou seja, crescer é uma forma como equilíbrio entre a assimilação e a acomodação e
de reorganizar a própria inteligência de forma a ter ele, às vezes, a representa como duas funções opostas
maiores possibilidades de assimilação. uma à outra, enquanto a assimilação é comandada pelo
No homem a ligação de determinados processos de sujeito cognoscente, a acomodação é endereçada às
aprendizagem com o desenvolvimento é atribuída exigências do ambiente. "A equilibração é necessária
também a outros fatores: "em parte, a fatores sociais; para conciliar os aportes da maturação, da experiência
em parte, a fatores cognitivos, que Piaget resumiu sob o dos objetos e da experiência social" (1976, p. 126).
nome de equilibração”, que em outras palavras seria a Na década de 1970, quando da publicação da segunda
tendência ao equilíbrio interno. "A formação de versão da teoria da equilibração, Piaget atribuiu o estado
capacidade em períodos sucessivos decorre, no caso de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação à
mais simples, do fato de competências adquiridas mais causalidade.
tarde pressuporem outras que lhes são anteriores“.
O foco de atenção do Centro Internacional de
Epistemologia Genética (CIEG) - sediado em Genebra e
que era presidido por ele, "mudara, a partir dos anos
1970 passou das estruturas lógicas - que monopolizaram
as temáticas desde sua fundação - para os problemas da
causalidade". Esse novo foco, levou Piaget e sua equipe
a "considerar o papel que desempenham os conteúdos e
as relações causais no desenvolvimento das estruturas."

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

A partir desses pontos, fica evidenciado que a teoria A acomodação é a origem do processo de aprendizagem.
construtivista do desenvolvimento cognitivo atribui Unindo os processos indissociáveis e antagônicos de
especial importância para as “inter-relações e assimilação e acomodação, pode-se concluir que
interdependências entre o sistema constituído pelas conhecer um objeto é assimilá-lo, mas como este objeto
operações lógico-matemáticas e o sistema de relações oferece certas resistências ao conhecimento é
causais cuja fonte é o material empírico”. necessário que a organização mental se modifique.
Segundo Piaget o desenvolvimento cognitivo se dá por Como as estruturas mentais são flexíveis e capazes de se
interações entre o sujeito e o objeto de conhecimento. transformar elas são utilizadas em variadas situações e
de maneiras diferentes. A acomodação é, resultado das
A equilibração acontece a partir da relação dialética
pressões exercidas pelo meio. Por esse motivo, o
entre o sujeito e o objeto através dos processos de 1)
conhecimento é sempre um processo de assimilação e
assimilação e 2) acomodação.
acomodação.

ASSIMILAÇÃO
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA
Piaget retira este conceito da biologia, "a assimilação
A grande preocupação da Epistemologia Genética é
constitui um processo comum à vida orgânica e à
explicar a ordem de sucessão em que as diferentes
atividade mental, portanto, uma noção comum à
capacidades cognitivas se constroem.
fisiologia e à psicologia" (1996, p. 47).
O fato da formação de capacidade cognitiva acontecer
Nos processos cognitivos - na relação sujeito/objeto,
em períodos sucessivos decorre, principalmente, de que
quando uma pessoa entra em contato com o objeto de
as competências que vão sendo adquiridas pelo sujeito
conhecimento ela retira desse objeto algumas
ao longo de sua vida, pressuporem outras que lhes são
informações e as retém, e são essas informações, e não
anteriores.
todas, e nem outras que são retidas porque existe uma
organização mental a partir de estruturas já existentes. Com essas afirmações, Piaget estava contestando, por
um lado tanto os behavioristas como os etologistas e por
Na assimilação cognitiva o objeto não é alterado por ser
outro tanto os empiristas como, em parte, os aprioristas.
assimilado pelas estruturas mentais, nem é convertido
em substância própria do organismo, mas apenas Piaget era contrário ao Behaviorismo por não acreditar
integrado no campo de aplicação dessas estruturas. que os processos de aprendizagem possam ser
pesquisados sob condições rigidamente controlados e
Assimilação significa interpretação, ou seja, ver o mundo
por esses pesquisadores acreditarem que se possa
não é simplesmente olhar o mundo, mas é interpretá-lo,
incutir na mente infantil, a qualquer tempo, o que quer
assimilá-lo, tornar seu alguns elementos do mundo,
que seja.
portanto isso implica necessariamente em assimilar
algumas informações e deixar outras de lado a cada Quanto aos defensores da Biologia do Comportamento,
relação existente entre o sujeito e o objeto. que se inspiravam no neodarwinismo, ele discordava de
que tanto todo conhecimento como todo
comportamento tem por suporte capacidades inatas.
ACOMODAÇÃO
A discordância em relação ao Empirismo se dava
Na interação com o meio as estruturas mentais, ou seja, principalmente por seus seguidores acreditarem que o
a organização que a pessoa tem para conhecer o mundo, conhecimento está fundado em parte numa espécie de
são capazes de se modificarem para atender e se cópia da realidade, por meio de representações e em
adequar às necessidades e singularidades do objeto, ou parte pelo entrelaçamento dessas representações por
seja, as estruturas mentais se amoldam a situações meio de associações.
mutantes e a esse processo, Piaget designou
A contestação, em partes, ao Apriorismo se deve ao fato
acomodação.
de que os aprioristas explicavam o conhecimento por
A acomodação é uma variação de comportamento e não meio do "empenho ativo do sujeito cognoscente e
uma mera reação a determinados estímulos, pois a atribuíam a este um aparelho categorial que apenas
capacidade de variação das estruturas mentais deixa torna possível a experiência, em vez de proceder, ele
claro que mesmo as mais simples reações não são próprio, da experiência".
processos simplesmente mecânicos.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

Considerando que a formação de capacidade cognitiva de busca sistemática dos objetos que não se encontram
aconteça em períodos sucessivos e procurando explicar ao alcance da sua visão.
essa sucessão, a Epistemologia Genética remonta a
O estágio sensório-motor se caracteriza essencialmente
gênese e mostra que não existem começos absolutos. O
pelas construções cognitivas de objeto permanente, de
problema dela é o do desenvolvimento dos
causalidade e de diferenciação entre meios e fins, bem
conhecimentos.
como com a construção de tempo e espaço que também
E como, nessa concepção, esse desenvolvimento não se dá nesses, aproximadamente 2 anos de vida, faz com
acontece de forma linear, mas através de saltos e que a criança consiga, em um primeiro momento, uma
rupturas, ela estabelece estágios de desenvolvimento. construção maior que é a objetividade do universo e da
construção do real, embora esse real construído seja
Cada um destes estágios representa justamente, uma
vivenciado apenas através das percepções e das ações.
lógica das estruturas mentais e que será superado
Essa objetividade e esse real serão reconstruídos, mais
radicalmente por um estágio superior que apresenta
tarde, no nível da linguagem.
uma outra lógica do conhecimento.
ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO
Por volta dos dois anos de idade a qualidade da
OS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DO
inteligência se modifica, ao contrário do primeiro estágio
CONHECIMENTO
onde agir e saber eram uma realidade só, na transição
Piaget e sua equipe distinguiram quatro grandes para o segundo eles se separam e dá-se o início do
estágios, e que segundo ele, os critérios para tal distinção "pensamento com linguagem, o jogo simbólico, a
não foram inventados a priori, mas descoberto por eles imitação diferenciada, a imagem mental e as outras
empiricamente. formas de função simbólica".
O primeiro destes estágios transcorre no âmbito da Segundo Piaget, neste segundo estágio, com a
motricidade; o segundo, na atividade representativa e o introdução ao mundo da linguagem, ao jogo simbólico e
terceiro e o quarto no pensamento operatório. as outras formas de função simbólica há um
Embora, nos dois últimos estágios o desenvolvimento desenvolvimento notável das estruturas mentais.
cognitivo transcorra no âmbito do pensamento Dois acontecimentos são visivelmente observáveis neste
operatório, a diferença entre eles é constatada pelo fato período.
de que no terceiro, o pensamento operatório ainda
O primeiro deles e bastante marcante é a introdução à
esteja ligado ao concreto, enquanto que no quarto, este
linguagem porque ela permite uma socialização da
mesmo pensamento tem ligação ao abstrato e formal.
inteligência e a aquisição da linguagem pressupõe duas
Os quatro estágios foram denominados de: sensório- capacidades cognitivas.
motor; pré-operatório; operatório concreto; e
A primeira, é que a criança "deve saber distinguir
operatório formal.
claramente entre signo e significado" e a segunda, é que
ESTÁGIO SENSÓRIO MOTOR "determinados signos sempre substituem o mesmo
Em linhas gerais este estágio é o período que antecede a objeto e também o próprio signo é uma espécie de
linguagem. Do nascimento a aproximadamente um ano objeto".
e meio - dois anos, a criança se encontra no estágio O segundo acontecimento presente neste estágio é a
sensório-motor. introdução ao mundo da moralidade, ou seja, nesta fase
O estágio sensório-motor é o período da "inteligência a criança entra no mundo dos valores, das regras, das
prática" porque é uma fase do desenvolvimento virtudes e das noções de certo e errado.
cognitivo onde a criança não usa a linguagem, emprega Este fato é importante porque não se pode falar em
apenas as suas ações e percepções, daí a razão da moral no estágio anterior. Piaget acredita que só por
denominação desse primeiro estágio, pois é a ação e a volta dos 4 anos de idade é que a criança penetra no
percepção que estimulam o desenvolvimento das mundo da moralidade, mas apesar de saber diferenciar
estruturas mentais. regras condicionadas pela natureza de normas morais ou
A construção da ideia de que o universo tem uma sociais, ela ainda não compreende o sentido de tais
objetividade própria começa por volta dos 9 meses de regras.
idade e entre os 12 a 18 meses aproximadamente o Piaget utilizou com frequência o termo egocentrismo
objeto se tornou permanente e dá lugar a uma conduta associado a este estágio.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

ESTÁGIO DAS OPERAÇÕES CONCRETAS No que tange a abstrações, Piaget dividiu-as em dois
Por volta dos 7-8 anos de idade aproximadamente, tipos: Abstração Empírica e Abstração Reflexiva. As
depois de ter passado por algumas fases de transição, a informações retiradas do objeto de conhecimento pelo
criança chega à constituição de uma lógica e de sujeito são abstrações empíricas; ao passo que, as
estruturas operatórias denominadas concretas. informações retiradas das ações do sujeito sobre o
objeto são abstrações reflexivas.
Neste nível, que é o dos primórdios de uma lógica
propriamente dita, as operações ainda não repousam E quanto à interiorização e exteriorização de
sobre proposições de enunciados verbais, mas sobre os conhecimentos Piaget, sustenta que esse duplo
próprios objetos" que as crianças "se limitam a movimento "iniciado com o nascimento acaba por
classificar, a seriar, a colocar em correspondência etc. assegurar essa harmonia paradoxal entre um
pensamento que se liberta, enfim, da ação material e de
De acordo com Piaget, a entrada da criança neste estágio um universo que engloba esta última, mas a supera de
"assinala um momento decisivo na construção dos todas as formas.
instrumentos do conhecimento". Ele afirma que "as
ações interiorizadas ou conceitualizadas com que o
sujeito" trabalhava até agora, "adquirem a categoria de EXERCÍCIO
operações“.
Com o termo operação, ele tem em mente a ação do
01. (2022 – REIS&REIAS/PREFEITURA DE POTIM-SP) Jean
sujeito, em outras palavras, operação é uma ação
Piaget, através de seus estudos e pesquisas constatou
interiorizada reversível e coordenada.
que a desenvoltura biológica é um procedimento
Como este é o estágio da inteligência operacional adaptável ao meio em que vive o indivíduo, sendo
concreta, refere aos primórdios da lógica, a criança faz dependente de sua maturação tanto quanto das
uso da capacidade das operações reversíveis apenas em condições que permeiam o meio. Desta forma, marque a
cima de objetos que ela possa manipular, de situações alternativa que NÃO está em consonância com os
que ela possa vivenciar ou de lembrar a vivencia, ainda estudos e teoria elaborada pelo pesquisador:
não existe, por assim dizer, a abstração.
a) Piaget também direciona seus estudos aos aspectos
E é justamente esse processo que caracteriza a do desenvolvimento moral, linguístico e afetivo
reversibilidade da ação interiorizada, ou seja, a criança estabelecendo uma ligação direta e indireta com o
age com a inteligência operacional e é "graças à desenvolvimento cognitivo.
reversibilidade, que a mente humana emancipa-se do
b) Piaget disserta a respeito do papel ativo da criança
espaço e tempo, isto é, ela pode percorrê-las em todas
mediante a construção do conhecimento, assim como a
as direções.
relevância da interação social para que essa construção
À reversibilidade deve também a capacidade de ocorra de modo saudável.
distinguir entre processos reversíveis e irreversíveis”.
c) Piaget aborda a manifestação concreta do
egocentrismo, sendo ela, uma característica do
ESTÁGIO OPERATÓRIO FORMAL pensamento da criança pequena, o que equivale à sua
insuficiência para fazer a diferenciação de perspectivas.
Por volta dos 11 - 12 anos de idade, a criança chega ao
mundo das operações formais. Estas novas operações d) Piaget esclareceu que o desenvolvimento cognitivo é
aparecem "pela generalização progressiva a partir das um procedimento estático sucessivo, sendo ele
precedentes” e a principal característica desta fase embasado nas fases em que a criança vai elaborando
consiste em poder realizar estas operações sobre suas estruturas cognitivas
hipóteses e não somente sobre objetos, ou seja, de agora
em diante, a criança pode versar sobre enunciados
GABARITO
verbais, isto é, sobre proposições.
Se por um lado este é o último estágio do 01. D
desenvolvimento cognitivo, por outro, a designação
"operações formais" indica que as pessoas, a partir deste REFERÊNCIAS
estágio, "não pensam apenas operatoriamente, mas
avançam mais e mais em direção a raciocínios formais e PÁDUA, Gelson Luiz Daldegan de. A EPISTEMOLOGIA
abstratos". GENÉTICA DE JEAN PIAGET.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA TEORIA De acordo com Wallon, afetividade são manifestações de


WALLONIANA: CONCEITOS DE CAMPOS FUNCIONAIS dimensões tanto psicológicas como biológicas. Onde as
manifestações psicológicas são representadas pelos
sentimentos e desejos, e as manifestações biológicas são
Na intenção de explicar o desenvolvimento cognitivo da representadas pelas emoções.
criança, Wallon criou o conceito de “campos funcionais”
Das manifestações afetivas, a emoção é a mais
que seriam categorias de atividades cognitivas
destacada por Wallon. Afirmando que estas “consistem
específicas.
essencialmente em sistemas de atitudes que
Como Campos/Conjuntos/Domínios funcionais, Prandini correspondem, cada uma, a uma determinada espécie
entende que “são constructos de que se lança mão para de situação”. É considerada uma manifestação afetiva de
analisar o homem como objeto de estudo, por meio do ordem biológica, que afeta diretamente os batimentos
agrupamento de funções em categorias, de acordo com cardíacos, a respiração e tônus muscular, ou seja, a
suas características predominantes” (PRANDINI, 2004, emoção imprime sua resposta na musculatura. Daí a
p.30). Na concepção de Wallon, existe quatro campos relação de mutualidade e complementaridade, feita por
funcionais: 1) movimento (ato motor ou motricidade), 2) Wallon, entre a emoção e o movimento.
afetividade, 3) inteligência e 4) pessoa (formação do eu).
3 Inteligência
Convém ressaltar que apesar de distinguir quatro
Segundo a teoria psicogenética de Wallon, o surgimento
campos funcionais, Wallon trabalha com a ideia de
da inteligência está vinculado tanto a fatores biológicos
integração funcional desses campos, afirmando que
como sociais. Daí a afirmação de que a gênese da
esses são complementares e atuam de forma totalizante.
inteligência é genética e organicamente social”. Os
Aliás, o autor é um dos poucos teóricos da época que
fatores biológicos referem-se às emoções que tem o
considera a criança em sua totalidade, pensando-a de
papel de estabelecer “uma relação imediata dos
uma forma holística.
indivíduos entre si”.
1 Movimento
Já os fatores sociais correspondem ao meio social que
Sendo um dos primeiros a se desenvolver, é o contribui significativamente com dois aspectos: o
movimento que dá apoio a evolução dos outros campos sistema de símbolos e a linguagem, ambos
funcionais. Está intimamente ligado às emoções, pois são desenvolvidos mutuamente aumentando o poder de
estes que mobilizam a afetividade em suas mais variadas abstração do indivíduo. Dessa forma, entende-se que "o
facetas. Segundo Wallon, o movimento é a tradução da ser humano é organicamente social e sua estrutura
vida psíquica, antes do surgimento da palavra. orgânica supõe a intervenção da cultura para se
O movimento possibilita às crianças situações que lhe atualizar".
proporcionarão aprendizado e é isso que fará a 4 Pessoa (Formação do eu )
individualização entre a criança e o meio, ou seja, o
A pessoa, na concepção walloniana, é um campo
movimento e as emoções, irão de forma complementar,
funcional ao mesmo tempo que se constitui dos outros
ajudar no processo de formação do eu, criando na
campos como afetividade, ato motor, e a inteligência.
criança um senso de particularização, de singularidade
entre ela e o ambiente que a cerca. Em um primeiro momento, as atividades cognitivas
infantis encontram-se não claramente distintas. Nesse
2 Afetividade
momento o bebe não se vê como um indivíduo singular
A afetividade é a fase mais primitiva do (diferenciado) ou seja, há uma indiferenciação do eu -
desenvolvimento, antecedendo a cognitividade. A outro e do eu – ambiente. O bebe confunde-se com o
afetividade, para Wallon, é entendida como um conjunto meio. Embora em Wallon haja essa indiferenciação, o
funcional que responde pelos estados de bem-estar e bebe não deixa de existir como ser social, pois este sabe
mal-estar quando o homem é atingido e afeta o mundo comunicar-se desde o seu nascimento, como forma de
que o rodeia. Podendo ser conceituada, também como sobrevivência. Na verdade, essa indiferenciação seria
todo o domínio das emoções, dos sentimentos das uma espécie de simbiose.
emoções, das experiências sensíveis e, principalmente,
A construção da personalidade acontece por volta do
da capacidade de entrar em contato com sensações,
primeiro ano pós-nascimento, e
referindo-se às vivências dos indivíduos e às formas de
expressão mais complexas e essencialmente humanas. acontece senão por intermédio do outro, que é
imprescindível para a ocorrência desse personalismo.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO NA ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO SEGUNDO HENRI


PERSPECTIVA WALLONIANA WALLON

Henri Wallon, tornou-se bem conhecido por meio de seu 1) IMPULSIVO-EMOCIONAL


trabalho científico a respeito da psicologia do
 0 a 2-3 meses: Estágio de impulsividade motriz pura.
desenvolvimento. Criou a teoria chamada “Psicogênese
Predomínio das reações puramente fisiológicas
da Pessoa Completa”. Nessa teoria, propunha o estudo
(espasmos, contrações, gritos);
da criança a partir de uma perspectiva holística,
insistindo no conhecimento da criança enquanto ser  3 a 9 meses: Estágio emocional. Aparição da mímica
completo, rompendo assim o dualismo cartesiano. (sorriso). Preponderância das expressões emocionais
como modo dominante das relações criança-
O desenvolvimento é visto, por Wallon, a partir de uma
ambiente.
Concepção Dialética, onde este é este assinalado por
conflitos, retrocessos, rupturas, em consequências das  9 a 12 meses: Começo de sistematização dos
modificações ambientais, constituindo um processo exercícios sensório-motores.
contínuo que ocorre através de uma sucessão não linear
2) SENSÓRIO MOTOR E PROJETIVO
de estágios.
 12 a 18 meses: Período sensório-motor.
No período inicial da vida, os três campos funcionais
Comportamento de orientação e investigação.
como afetividade, motricidade e inteligência, estão
Exploração do espaço circundante, ampliada mais
indissociavelmente integrados, formando um quarto
tarde pela locomoção. Inteligência das situações.
campo funcional, a formação da pessoa, muito embora
ainda imaturos. A despeito da imaturidade dessa  18 meses a 2-3 anos: Estágio projetivo. Imitação,
“tétrade”, a evolução desses campos está vinculada a simulacro, atividade simbólica. Aparição da
dois fatores: às relações sociais e a maturação orgânica inteligência representativa discursiva.
neurológica.
3) PERSONALISMO
Para explicar o desenvolvimento da pessoa, Wallon
Importante para a formação do caráter
(1998) fez uso de três princípios:
 3 anos: Crise de oposição. Independência progressiva
1) Lei da Alternância Funcional: Os aspectos afetivos e
do eu (emprego do “eu”). Atitude de recusa que
cognitivos e afetivos se alternam nos diferentes estágios
permite conquistar e salvaguardar a autonomia da
do desenvolvimento, de forma que em um estágio há a
pessoa.
predominância de aspectos afetivos (com orientação
centrípeta, voltada para a construção do eu) e no estágio  4 anos: Idade da graça. Sedução do outro, idade do
subsequente, a de aspectos cognitivos (com orientação narcisismo.
centrifuga, voltada para as relações externas a pessoa).
 5 a 6 anos: Representação de papéis. Imitação de
2) Lei da Preponderância Funcional: No decurso do personagens, esforço de substituição pessoal por
desenvolvimento humano ocorre a predominância de imitação.
um dos conjuntos funcionais (cognição, ato motor,
4) PENSAMENTO CATEGORIAL
afetividade) embora não signifique a ausência dos outros
componentes. Por exemplo, no primeiro estágio de  6 a 7 anos: Desmame afetivo, “idade da razão”, idade
desenvolvimento (estágio impulsivo) ocorre a escolar. Poder de autodisciplina mental (atenção).
prevalência da função motora. Brusca regressão do sincretismo.
3) Lei da Integração Funcional- Durante a sucessão dos  7 a 9 anos: Constituição da rede de categorias,
estágios de desenvolvimento do homem são agregadas dominadas por conteúdos concretos.
novas aquisições que se integram as conquistas  9 a 11 anos: Conhecimento operativo racional, função
passadas. Essas “experiências passadas não se perdem,
categorial.
permanecem latentes até que algumas situações as faça
ressurgir”.
De acordo com Wallon existem cinco etapas no
desenvolvimento humano.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

5) PREDOMINÂNCIA FUNCIONAL (PUBERDADE- motora do indivíduo, onde a partir desse conjunto se


ADOLESCÊNCIA) dará o seu desenvolvimento.
 Crise da puberdade. Retorno ao eu corporal e ao eu O papel da escola: Além das grandes contribuições para
psíquico (oposição). o entendimento das relações entre educando e
 Dobra do pensamento sobre si mesmo (preocupações educador, a obra de Wallon situa a escola como “meio
social” fundamental no desenvolvimento desses
teóricas, dúvida).
sujeitos, destacando o processo de humanização e da
 Tomada de consciência de si mesmo no tempo transformação recíproca do sujeito e do meio.
(inquietudes metafísicas, orientação de acordo com
Enfoque na motricidade: Wallon acredita que o ato
eleições e metas definidas). motor propriamente dito vai além de executar as ações
pensadas pelo sujeito. O ato motor também tem o papel
de garantir a expressão da afetividade, seja por gestos ou
AS CONTRIBUIÇÕES DE WALLON NO ÂMBITO expressões faciais. Destacando ainda que este apresenta
EDUCACIONAL significados diferentes de acordo com os estágios de
desenvolvimento, ou seja, quanto maior o domínio dos
signos culturais e aspectos cognitivos, traduzindo, assim
As contribuições de Wallon para as Ciências da Psicologia aprimorarão e qualificação motora.
e da Pedagogia são inegáveis. Suas ideias a respeito das
emoções, do ato motor, da cognitividade e da formação Nesse sentido, essa ênfase na motricidade oferece
da personalidade são passiveis de aplicação nos mais subsídios para uma educação globalizante e voltada para
diversos da Ciência. A respeito de suas contribuições, no interdisciplinaridade.
tocante a educação, apontaremos o que consideramos Visão política da educação – Pode-se dizer que a teoria
de destaque na obra de Wallon. de Henri Wallon também apresenta uma visão política
Compreensão da criança enquanto ser completo: A de uma educação mais justa para uma sociedade
teoria do desenvolvimento criada por Wallon está democrática, a partir dos princípios norteadores da
alicerçada nos fundamentos da “psicogênese da pessoa Justiça e Dignidade, valorizando ainda a cultura geral e
completa”. Essa concepção psicogenética pregada por defendendo a Escola Única (escola para todos,
Wallon afirma que a criança deve ser compreendida de independente de classe social, humanista, solidária).
forma completa, integral. Logo, deve ser percebida em
seus aspectos afetivos, biológicos e intelectuais. O
EXERCÍCIOS
entendimento da criança enquanto ser completo põe por
terra a clássica dicotomia corpo/mente pregada pelo
Dualismo cartesiano.
01. (2019 – UNESC/PREFEITURA DE MARACAJÁ-SC)
Ênfase na relação professor-aluno e valorização da Henry Wallon elaborou uma teoria sobre o
afetividade: Não é exagero afirmar que o componente desenvolvimento humano que destaca a importância da
afetivo ocupa lugar de destaque nos estudos de Wallon. integração do indivíduo ao meio social em que vive.
Aliás, Wallon foi pioneiro em considerar as emoções Segundo esse autor, o ser humano é tanto biológico
infantis para a sala de aula, além do corpo da criança. De como social. Considerando as ideias de Wallon, no
forma especial, as emoções, para Wallon, tem uma processo educacional, o professor deve:
função importantíssima no desenvolvimento da pessoa,
pois são por meio delas que o aluno exterioriza seus a) Desempenhar o papel de mediador, auxiliando no
desejos e suas vontades. Mas também pondera que desenvolvimento integral dos alunos
ainda são consideradas aquém do ideal no ensino b) Transmitir seus conteúdos, considerando o limite do
tradicional. potencial do aluno.
Nesse sentido, Wallon destaca o papel do professor c) Priorizar o desenvolvimento intelectual e cognitivo dos
como mediador e facilitador do processo de construção alunos.
da identidade da criança. Um docente afetivamente
d) Pautar sua prática pela manutenção da disciplina em
orientado terá a consciência de que seu papel não é
sala de aula.
somente atuar no espaço cognitivo, mas sim que suas
atitudes refletirão diretamente na dimensão afetiva e

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

02. (2019 – INSTITUTO AOCP/PREFEITURA DE RIBEIRÃO A TEORIA DE VYGOTSKY


PRETO-SP) De acordo com a Teoria Walloniana, é correto
Vygotsky trabalha com teses dentro de suas obras nas
afirmar que
quais são possíveis descrever como: à relação
a) Henri Wallon explica o desenvolvimento do indivíduo indivíduo/sociedade em que afirma que as
à luz do Positivismo. características humanas não estão presentes desde o
nascimento, nem são simplesmente resultados das
b) O desenvolvimento ocorre em processo linear.
pressões do meio externo.
c) A preponderância funcional é uma lei que rege o
Elas são resultados das relações homem e sociedade,
desenvolvimento do indivíduo
pois quando o homem transforma o meio na busca de
d) o primeiro momento da criança em seu atender suas necessidades básicas, ele transforma-se a si
desenvolvimento é a afetividade. mesmo.
e) Henri Wallon defende que a criança não é só corpo e A criança nasce apenas com as funções psicológicas
cérebro, é emoção, e, ao nascer, traz consigo todas as elementares e a partir do aprendizado da cultura, estas
aptidões. funções transformam-se em funções psicológicas
superiores, sendo estas o controle consciente do
GABARITO comportamento, a ação intencional e a liberdade do
01. A 02. C indivíduo em relação às características do momento e do
espaço presente.
O desenvolvimento do psiquismo humano é sempre
REFERÊNCIAS mediado pelo outro que indica, delimita e atribui
 DAUTRO, GRAZZIANY MOREIRA; LIMA, WELÂNIO significados à realidade.
GUEDES MAIAS DE. A TEORIA PSICOGENÉTICA DE Dessa forma membros imaturos da espécie humana vão
WALLON E SUA APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO. aos poucos se apropriando dos modos de
funcionamento psicológicos, comportamento e cultura.
A segunda refere-se à origem cultural das funções
psíquicas que se originam nas relações do indivíduo e seu
contexto social e cultural.
Isso mostra que a cultura é parte constitutiva da
LEV SEMIONOVITCH VYGOTSKY
natureza humana, pois o desenvolvimento mental
humano não é passivo, nem tão pouco independente do
desenvolvimento histórico e das formas sociais da vida.
CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento mental da criança é um processo
Vygotsky inicia suas teorias no final da revolução russa
contínuo de aquisições, desenvolvimento intelectual e
quando o país se torna socialista criando assim um
linguístico relacionado à fala interior e pensamento.
pensamento marxista, pois segundo Marx: “tudo é
Impondo estruturas superiores, ao saber de novos
histórico, fruto de um processo e, que são as mudanças
conceitos evita-se que a criança tenha que reestruturar
históricas na sociedade e na vida material que modificam
todos os conceitos que já possui.
a natureza humana em sua consciência e
comportamento”. Vygotsky tinha como objetivo constatar como as funções
psicológicas, tais como memória, a atenção, a percepção
Influenciado por estas ideias Vygotsky se dizia marxista e
e o pensamento aparecem primeiro na forma primária
desenvolveu sua teoria sobre funções psicológicas
para, posteriormente, aparecerem em formas
superiores, e como a linguagem e o pensamento estão
superiores.
fortemente conectados.
Assim é possível perceber a importante distinção
Tanto Vygotsky como Piaget compartilham de ideias
realizada entre as funções elementares (comuns aos
construtivistas onde a única aprendizagem significativa é
animais e aos humanos) e as funções psicológicas
aquela que ocorre através da interação entre sujeito,
superiores (especificamente vinculada aos humanos).
objetos e outros sujeitos.
A terceira tese refere-se á base biológica do
funcionamento psicológico o cérebro é o órgão principal

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

da atividade mental, sendo entendido como um sistema resultado de um trabalho interno do indivíduo. São ações
aberto, cuja estrutura e funcionamento são moldados ao com o objetivo de controlar e ou auxiliar o homem em
longo da história, podendo mudar sem que ajam algumas atividades que exigem memória e escolha,
transformações físicas no órgão. podendo ser feita por meio de anotações para não
esquecer um compromisso, dentre outras situações que
exigem um esforço psicológico.
A LINGUAGEM E A MEDIAÇÃO SIMBÓLICA
Por meio deles "o homem pode controlar
A quarta tese faz referencia à característica mediação voluntariamente sua atividade psicológica e ampliar sua
presente em toda a vida humana em que usamos capacidade de atenção, memória e o acúmulo de
técnicas e signos para fazermos mediação entre seres informações" (REGO, 2013, p. 52).
humanos e estes com o mundo.
Vygotsky considera a linguagem como um relevante
A linguagem é um signo mediador por excelência por isso instrumento mediador, sendo que é concedido como a
Vygotsky a confere um papel de destaque no processo de principal fonte de intercâmbio social, já que é por meio
pensamento. Sendo esta uma capacidade exclusiva da dela que o homem se utiliza para se comunicar com o
humanidade. Através da fala podemos organizar as outro (MARTINS, MOSER, 2012.).
atividades práticas e das funções psicológicas. As
A mesma foi construída ao longo da história, a partir da
pesquisas de Vygotsky foram realizadas com a criança na
necessidade de comunicação, tendo o papel de
fase em que começa a desenvolver a fala, pois se
estruturar os signos, sendo fundamental no
acreditava que a verdadeira essência do comportamento
desenvolvimento das funções psicológicas superiores
se dá a partir da mesma.
(REGO, 2013).
É na atividade prática, ou seja, na coletividade que a
Todavia, esse é um conceito bastante amplo, tanto é que
pessoa se aproveita da linguagem e dos objetos físicos
não se resume à criação de objetos facilitadores do
disponíveis em sua cultura, promovendo assim seu
trabalho humano, se refere implicitamente à construção
desenvolvimento, dando ênfase aos conhecimentos
do conhecimento no homem, pois no momento em que
histórico-cultural, conhecimentos produzidos e já
pensam meios facilitadores de trabalho, também
existentes em seu cotidiano.
sistematizam o saber e difunde informações,
A partir do conceito de trabalho em Marx, Vygotsky desenvolvendo assim ciência e tecnologia (SFORNI,
construiu sua fundamentação a respeito da Mediação 2008).
Simbólica, que se refere à ação por meio do auxílio de
Diferentemente dos animais, além de produzir meios
algum elemento intermediário em uma relação, sendo a
facilitadores, são capazes de preservar informações para
mesma essencial para o desenvolvimento das funções
as gerações futuras, possibilitando a continuidade do
psicológicas superiores, objetivando diferenciar o
crescimento tecnológico: O homem não se relaciona
homem dos animais (MARTINS, MOSER, 2012). Sendo
diretamente com o mundo, sua relação é mediada pelo
que para o desenvolvimento dessa mediação há dois
conhecimento objetivado pelas gerações precedentes,
elementos responsáveis, são eles os instrumentos e os
pelos instrumentos físicos ou simbólicos que se
signos.
interpõem entre o homem e os objetos e fenômenos.
Os instrumentos têm por objetivo fazer a mediação do
Do mesmo modo que os instrumentos físicos
homem com o trabalho, ao mesmo tempo em que
potencializam a ação material dos homens, os
provoca mudanças no ambiente externo, já que amplifica
instrumentos simbólicos (signos) potencializam sua ação
as chances de intervenção na natureza (REGO, 2013).
mental. (SFORNI, 2008).
Assim, em diversas ações do cotidiano o homem utiliza-
A mediação pode acontecer de forma não intencional, é
se de instrumentos, seja no trabalho manual, como
o que basicamente acontece com a criança no início de
cortar uma árvore por exemplo, sendo o instrumento
seu processo de fala, a mesma tem uma incrível
facilitador o machado, seja em trabalho intelectuais,
capacidade de observação, e não só isso, também reflete
como a utilização de computadores, canetas e etc. que
características próprias das pessoas de seu convívio.
foram se mostrando necessários ao longo do tempo, e
por isso foram criados, eles servem para facilitar o Então, suas primeiras palavras certamente serão
trabalho do homem. produzidas depois de ouvi-las de algum adulto. Desta
forma, em um ambiente não estimulador da oralidade, a
Os signos, em complemento, são semelhantes aos
criança terá certa dificuldade de reproduzi-la.
instrumentos, porém agora no campo psicológico, sendo

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

Rego (2013) faz referência às meninas lobas, duas Esta é a zona cooperativa do conhecimento. O mediador
crianças que sobreviveram em meio a lobos, e que ajuda a criança a concretizar o desenvolvimento que está
desenvolveram poucas características da espécie próximo, ou seja, ajuda a transformar o
humana, as mesmas não falavam, não sorriam e desenvolvimento potencial em desenvolvimento real.
caminhavam com os dois braços e as duas pernas, isso
O desenvolvimento e a aprendizagem estão inter-
demonstra que mesmo tendo capacidade biológica de
relacionados desde o momento do nascimento, o meio
desenvolver a fala e outras características, não foi
físico ou social influenciam no aprendizado das crianças
suficiente para que as mesmas evoluíssem, pois não
de modo que chegam as escolas com uma série de
havia a mediação com seres humanos.
conhecimentos adquiridos.
Na escola a criança desenvolverá outro tipo de
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM conhecimento. Assim se divide o conhecimento em dois
grupos: 1) aqueles adquiridos da experiência pessoal,
Vygotsky dá um lugar de destaque para as relações de
concreta e cotidiana em que são chamados de conceitos
desenvolvimento e aprendizagem dentro de suas obras.
cotidianos ou espontâneos em que são caracterizados
Para ele a criança inicia seu aprendizado muito antes de por observações, manipulações e vivências diretas da
chegar à escola, mas o aprendizado escolar vai introduzir criança. 2) Já os conceitos científicos adquiridos em sala
elementos novos no seu desenvolvimento. de aula se relacionam àqueles não diretamente
A aprendizagem é um processo contínuo e a educação é acessíveis à observação ou ação imediata da criança.
caracterizada por saltos qualitativos de um nível de A escola tem papel fundamental na formação dos
aprendizagem a outro, daí a importância das relações conceitos científicos, proporcionando à criança um
sociais. conhecimento sistemático de algo que não está
Dois tipos de desenvolvimento foram identificados: o associado a sua vivência direta principalmente na fase de
desenvolvimento real que se refere àquelas conquistas amadurecimento.
que já são consolidadas na criança, aquelas capacidades O brinquedo é um mundo imaginário onde a criança
ou funções que realiza sozinha sem auxilio de outro pode realizar seus desejos. O ato de brincar é uma
indivíduo. importante fonte de promoção de desenvolvimento,
Habitualmente costuma-se avaliar a criança somente sendo muito valorizado na zona proximal, neste caso em
neste nível, ou seja, somente o que ela já é capaz de especial as brincadeiras de ‘faz de conta’.
realizar. Sendo estas atividades utilizadas, em geral, na Educação
Já o desenvolvimento potencial se refere àquilo que a Infantil fase que as crianças aprendem a falar (após os
criança pode realizar com auxílio de outro indivíduo. três anos de idade), e são capazes de envolver-se em
Neste caso as experiências são muito importantes, pois uma situação imaginária. Através do imaginário a criança
ele aprende através do diálogo, colaboração, imitação... estabelece regras do cotidiano real.

A distância entre os dois níveis de desenvolvimentos


chamamos de zona de desenvolvimento proximal, o
período que a criança fica utilizando um ‘apoio’ até que
seja capaz de realizar determinada atividade sozinha.
Por isso Vigotsky afirma que “aquilo que é zona de
desenvolvimento proximal hoje será o nível de
desenvolvimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma
criança pode fazer com assistência hoje, ela será capaz
de fazer sozinha amanhã” (VIGOTSKY, 1984, p. 98).
O conceito de zona de desenvolvimento proximal é
muito importante para pesquisar o desenvolvimento e o
plano educacional infantil, porque este permite avaliar o
desenvolvimento individual. Aqui é possível elaborar
estratégias pedagógicas para que a criança possa evoluir
no aprendizado.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

EXERCÍCIO Para os defensores da teoria do inatismo, todas as


qualidades e capacidades básicas de conhecimento do
ser humano já estariam presentes na pessoa desde o seu
01. (2022 – NOSSO RUMO/PREFEITURA DE PORTO nascimento.
FERREIRA-SP) No que concerne às teorias de Vygotsky Estas qualidades seriam transmitidas através da
para a aprendizagem e construção do conhecimento, é hereditariedade, em outras palavras, são características
correto afirmar que Vygotsky repassadas de pais para filhos por meio da herança
a) defende que o conhecimento é construído em genética.
ambientes naturais de interação social e culturalmente Segundo o inatismo, a educação deveria servir apenas
estruturados para despertar a “essência” existente dentro de cada
b) acredita que, na perspectiva construtivista, sujeito e indivíduo. Os professores são aconselhados a não
objeto não interagem, o que resulta em um processo de interferirem muito no processo de aprendizado dos seus
reconstrução de estrutura cognitivas. alunos.
c) propõe que não há determinantes socioculturais na A partir daí, o sucesso ou fracasso depende
formação das estruturas comportamentais, que resultam exclusivamente do aluno, pois se este não consegue
apenas de aptidões naturais. absorver ou aprender determinado assunto ou ciência, a
justificativa estava na falta da sua capacidade genética
d) entende que o indivíduo é meramente um produto do
de aptidão ou desempenho para aquela matéria.
ambiente e um resultado de suas disposições internas.
A adesão ao inatismo é um dos pontos mais polêmicos
e) não vê o sujeito como um ser eminentemente social,
da linguística chomskyana. Apesar de seu passado
assim como o conhecimento não deve ser visto como um
glorioso e de ter sido professado por grandes filósofos
produto social.
como Platão e Descartes, o inatismo chega ao século XX
profundamente desacreditado. Podemos destacar três
motivos para tal descrédito.
GABARITO Em primeiro lugar, o entusiasmo provocado pelas
01. A conquistas da ciência experimental levam ao positivismo
e ao naturalismo que rejeitam terminantemente, por
motivos metodológicos, os fundamentos do inatismo.
REFERÊNCIAS
Em segundo lugar, a nova psicologia que se desenvolve a
 COELHO, LUANA; PISONI, SILENE. VYGOTSKY: SUA partir do cientificismo, o behaviorismo, se estabelece, na
TEORIA E A INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO. primeira metade do século, como uma teoria
hegemônica no estudo dos processos cognitivos,
desqualificando de forma taxativa as pretensões de
qualquer tratamento filosófico para tais questões.
Por fim, a reação ao behaviorismo vai ocorrer
principalmente em três frentes também avessas ao
TEORIA DA APRENDIZAGEM: INATISMO inatismo: a fenomenologia (principalmente no campo
filosófico), o construtivismo (em especial no campo da
psicologia) e o estruturalismo (no campo da linguística).
INATISMO: PLATÃO, DESCARTES E KANT
Nessa disputa, o único consenso entre os oponentes
É uma tendência racionalista que acredita que o sujeito acabou sendo a rejeição ao inatismo que passou a ser
já nasce sabendo; a inteligência seria um dom, já trazida visto cada vez mais como uma perspectiva
desde o momento do nascimento. epistemológica superada e indefensável.
Inatismo é uma ideologia filosófica que acredita ser o
conhecimento de um indivíduo uma característica inata,
ou seja, que nasce com ele.
Nesta teoria, a ideia do conhecimento desenvolvido a
partir das aprendizagens e experiências individuais de
cada pessoa é desacreditado.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

INATISMO PLATÔNICO Essas formas de compreender o inatismo (de Platão,


Plotino e Agostinho) tem como principal característica a
Platão foi um dos primeiros filósofos a defender o ideário
defesa de que o que é inato e o próprio conteúdo
em torno da teoria do inatismo. De acordo com o
conhecido.
inatismo platônico, “a alma precede o corpo”, ou seja,
todo o conhecimento já estava armazenado desde sua Na Idade Moderna, porém, opera-se uma mudança
concepção. substancial em relação a essa ideia, surgindo uma nova
concepção de inatismo. Nesse novo contexto, o que é
Ele aborda a teoria da reminiscência, na qual já nascemos
inato não é o conteúdo do conhecimento como um todo,
imbuídos da razão e de ideias verdadeiras e a Filosofia
mas apenas as ideias mais abstratas que servem de
ajuda a que nos recordemos delas. De acordo com
fundamento para a compreensão das demais.
Platão, conhecer é recordar a verdade que já existe em
nós mesmos. O inatismo moderno começa com Herbert de Cherburry
(1582- 1648), que em uma obra de 1624, De Veritate traz
INATISMO CARTESIANO
o inatismo para o nível da subjetividade.
O pensador racionalista René Descartes aborda a teoria
Se na perspectiva platônica tratava-se de ideias
do inatismo, desenvolvendo o conceito de inatismo
perfeitas, objetivamente existentes, cujo conhecimento
cartesiano.
estava em nós por já as termos divisado em alguma vida
Para ele, há três ideias dentro de nosso espírito: as ideias anterior, agora o inato refere-se à própria natureza do
adventícias, ou vindas de fora, derivadas de nossas indivíduo.
sensações e percepções; as ideias fictícias, logo, criadas
Se no ponto de vista defendido pelas filosofias de Plotino
por nossa mente; e as ideias inatas, aquelas que já
e de Santo Agostinho o inatismo se explicava pela ação
nascem com a gente e foram colocadas em nosso espírito
de um ser transcendente, agora trata-se de um conjunto
por Deus, por isso elas serão sempre verdadeiras.
de características imanentes ao próprio ser.
AS ORIGENS DO INATISMO
Segundo essa nova visão, há certos "princípios ou noções
O inatismo, genericamente falando, tem suas raízes na implantados na mente" que "levamos aos objetos a
mais remota antiguidade. Antes mesmo do surgimento partir de nós mesmos ... [como] dom direto da natureza,
da filosofia, as religiões reencarnacionistas já como mandamento do instinto natural" (CHOMSKY,
apresentavam versões mais ou menos elaboradas a 1969, p. 25).
respeito desse assunto.
INATISMO E AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Ao que parece, a filosofia começou a tratar deste tema
Ao assumir uma classe de alfabetização, o professor deve
com Pitágoras (séc. VI a.C.); porém sabe-se muito pouco
estar instrumentalizado com as teorias linguísticas, para
da filosofia pitagórica pelo fato de ela ter se organizado
que não ocorram equívocos na condução de seu
como uma seita iniciática e apenas uma parte dos
trabalho, daí porque é fundamental o conhecimento
ensinamentos de seu líder podia ser revelada ao público.
sobre o estado linguístico com o qual a criança chega à
Platão (séc. IV a.C.) é quem vai elaborar a versão escola e a importância de se partir de uma concepção
standard do inatismo na história do ocidente. Essa teórica de aquisição da linguagem.
versão-padrão ficou conhecida como "doutrina da
Historicamente, o behaviorismo predominou na
reminiscência" e mantem-se ainda, de alguma forma,
linguística e nas ciências em geral até a primeira metade
ligada à ideia de reencarnação.
do século XX. Esse modelo interpretava a linguagem
Uma versão um pouco diferente aparece nas filosofias de humana como resposta do organismo aos estímulos
Plotino e de Santo Agostinho, recusando a ideia da recebidos pelo meio que, quando repetidos, se
reencarnação. convertiam em hábitos e determinavam o
Plotino (séc. III d.C.) defende a existência de um intelecto comportamento linguístico do indivíduo (KENEDY, p.
cósmico, do qual emanaria o nosso próprio intelecto. A 127-128).
parte racional da nossa alma seria, então, alimentada e Em outras palavras, de acordo com os ambientalistas, a
iluminada continuamente de cima. aprendizagem linguística se dava mediante o trinômio
Em Santo Agostinho (séc. IV-V d.C.), a função desse “estímulo > resposta > reforço” (CEZARIO E
intelecto cósmico passa a ser atribuída a Deus e as MARTELOTTA, 2009, p.208).
verdades e os conceitos supremos são irradiados por Em 1957, Noam Chomsky, professor do Instituto de
Deus para o nosso espírito. Tecnologia de Massaschussets (MIT), ousou seguir o

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

contrafluxo do ambientalismo até então vigente e Segundo o modelo gerativista chomskyano, o meio seria
publicou o livro Estruturas sintáticas, no qual lançou as tão somente responsável por fornecer os dados
bases da linguística gerativista (KENEDDY, p.127). linguísticos necessários ao desenvolvimento da
linguagem (inputs) que, quando recebidos pelo
Com o gerativismo, as línguas deixam de ser
indivíduo, seriam organizados e decodificados conforme
interpretadas como um comportamento socialmente
uma gramática interna universal, transformando-se em
condicionado e passam a ser analisadas como uma
palavras ou dados de saída.
faculdade mental natural. A morada da linguagem passa
a ser a mente humana (KENEDY, 2009, p. 129). É necessário deixar claro que o input não se confunde
com mediação, já que não pressupõe a interação, do
Kenedy (2009, p. 128) relata que em 1959, o mesmo
mesmo modo que não pressupõe intencionalidade na
Chomsky apresentou uma resenha sobre a obra
voz do outro no sentido de ensinar as estruturas
Comportamento verbal, de B. F. Skinner, principal
linguísticas de sua língua para a criança.
teórico do behaviorismo, na qual critica a visão
comportamentalista de linguagem. A Aquisição da Linguagem se preocupa apenas com o
que Chomsky denomina língua I (interna). A língua–E
Já em Chomsky (1965), o linguista chama a atenção para
(externa), relacionada à performance, ao uso que o
o fato de um indivíduo humano sempre agir
falante faz nas situações de interação cotidianas, não é o
criativamente no uso da linguagem, isto é, a todo
objeto de estudos da teoria aquisicionista.
momento, os seres humanos estão construindo frases
novas e inéditas, ou seja, jamais ditas antes pelo próprio No tocante à língua-E, assume-se a perspectiva
falante que as produziu ou por qualquer outro indivíduo. interacionista para a aprendizagem da escrita.
Por isso, todos os falantes são criativos, desde os
A partir desse esclarecimentos, podemos identificar o
analfabetos até os autores dos clássicos da literatura, já
que é de fato possível de se atribuir à teoria chomskyana
que todos criam infinitamente frases novas, das mais
e o que dela podemos nos apropriar por entender ser de
simples e despretensiosas às mais elaboradas e eruditas
fundamental relevância para a compreensão do estágio
(KENEDY, 2009, p. 128).
linguístico inicial da criança, bem como entender de que
Chomsky defende que o ser humano é dotado de um forma ela chega à escola em termos de conhecimentos
mecanismo biológico inato para a aquisição da linguísticos.
linguagem, cujo funcionamento não dependia
Os estudos aquisicionistas têm mostrado evidências de
diretamente do meio, colocando, assim, em xeque a tese
que a criança que adentra pela primeira vez uma sala de
dos ambientalistas. Essa disposição inata para a
alfabetização já apresenta um conhecimento profundo e
competência linguística é o que ficou conhecido como
sólido acerca de sua língua materna.
faculdade da linguagem (KENEDY, 2009, p. 129).
Esses estudos atestam que a criança conhece o
Graças a esse conhecimento mental, inscrito na
funcionamento de sua língua, ainda que a escola ignore
gramática internalizada, somos capazes de adquirir
esse conhecimento.
qualquer língua humana.
CONCEPÇÕES INATISTAS
Nesse sentido, nenhum adulto ou mesmo criança que já
passou pelo período de aquisição da linguagem precisa Eventos que ocorrem após o nascimento não são
informar ao bebê que está adquirindo que as línguas essenciais para o desenvolvimento.
possuem uma estrutura em que contém Sujeito, Verbo, As capacidades, a personalidade, os valores, os hábitos,
Objeto; do mesmo modo que ninguém precisa ensinar a as crenças, a conduta de cada ser humano já se
criança que a sua língua apresenta sujeito na primeira encontram prontos no nascimento.
posição da sentença, conhecimentos que fazem parte do
mecanismo biológico do ser humano denominado pela O papel do ambiente, da educação e do ensino é tentar
linguística gerativa de “gramática universal”. interferir o mínimo possível no processo de
desenvolvimento espontâneo da pessoa.
A Gramática Universal (GU) possibilita que, salvo alguma
patologia, todo indivíduo seja capaz de adquirir uma Esta perspectiva enfatiza os fatores maturacionais e
língua. hereditários, ou seja, entende que o ser humano nasce
com potencialidades, dons e aptidões que serão
Qual língua será adquirida estará condicionada ao input desenvolvidos de acordo com o amadurecimento
fornecido pela cultura em que esse sujeito está inserido. biológico. Por isso, o nome inatismo – características que
nascem conosco.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

Essa tendência parte do princípio que o homem já nasce CRÍTICA


pronto, o que inclui a personalidade, os valores, os
Tal visão gerou uma ideia de ser humano que produziu
hábitos, as crenças, o pensamento, a emoção e a conduta
uma abordagem rígida, autoritária e, sobretudo,
social.
pessimista para a educação de crianças e adolescentes.
Nesse sentido, o ser humano não tem possibilidade de
Como o ser humano já nasceria “pronto”, poder-se-ia
mudança, não age efetivamente e nem recebe
apenas aprimorar um pouco aquilo que ele é ou,
interferências significativas do social.
inevitavelmente, viria a ser. Isso geraria enorme
Os primeiros conhecimentos produzidos na embriologia preconceitos enrijecendo o processo de
forneceram subsídios para as teorias inatistas. desenvolvimento.
Supunha-se que o desenvolvimento intrauterino ocorria
em um ambiente fisiológico relativamente constante e
EXERCÍCIOS
isolado de estimulações externas.
Na visão inatista, o homem já nasce pronto, pode-se
apenas aprimorar um pouco aquilo que ele é ou, 01. (2010 – CONSUPLAN/PREFEITURA DE RESENDE-RJ) O
inevitavelmente, virá a ser. conhecimento é um produto da atividade social que se
As teorias inatistas já estão presentes em Platão mas produz, se mantém e se difunde nos intercâmbios com
também nos teóricos modernos – notadamente entre os outros. O empirismo, o inatismo e o construtivismo
racionalistas dos séculos XVII e XVIII, especialmente foram posições dominantes e que influenciaram a
Descartes, Espinoza e Leibniz, entre outros. prática escolar na formação dos conhecimentos. De
acordo com estas concepções, NÃO é correto afirmar
Para o Inatismo todas as capacidades e qualidades do que:
homem já estão prontas quando ele nasce e que, no
decorrer de sua vida, vão somente amadurecendo. a) A atividade educacional na concepção do empirismo
consiste em transmitir conhecimentos ao aluno, que
Conforme essa concepção, o desenvolvimento do aprenderia e ficaria marcado por eles.
indivíduo acontece de modo natural, e suas habilidades
já são pré-estabelecidas pela herança genética e quase b) O inatismo afirma que nossa mente tem
não se modificam no decorrer da vida. conhecimentos a priori ou inatos, sem os quais seria
impossível conhecer.
INATISMO NA EDUCAÇÃO
c) O conhecimento, segundo o construtivismo, é o
Na educação essa concepção pode assim ser resultado da interação entre o sujeito e a realidade que
caracterizada: O conhecimento é pré-formado, e as o cerca. Ao agir sobre a realidade, o indivíduo constrói
estruturas mentais se atualizam na medida em que o ser propriedades desta, ao mesmo tempo em que
humano amadurece, vai reorganizando sua inteligência reorganiza sua própria mente.
pelas percepções que tem da realidade, vai se tornando
apto a realizar aprendizagens cada vez mais complexas. d) As posições empiristas tendem a enfatizar a influência
que os outros têm na formação do conhecimento, já que
A aprendizagem consiste no armazenamento das consideram que o conhecimento é uma cópia da
informações prontas, acabadas, através da memória. realidade e, portanto, é algo que vem de fora. As
O ensino consiste na transmissão do conhecimento, posições inatistas, pelo contrário, dão mais ênfase ao
através da exposição de conteúdos organizados de sujeito e menos às condições exteriores.
acordo com a lógica do professor ainda que sem e) Segundo a doutrina do inatismo, defendida por Jean
significado para os alunos. Piaget, quando nascemos, nossa mente é como um
A avaliação consiste em medir o quanto das informações quadro em branco, uma tábula rasa sobre a qual se vai
passadas foram retidas na memória pelos alunos. O grau escrevendo o resultado de nossas experiências que,
de aprendizagem mede-se pelo estoque de informações dessa forma, acumular-se-ão dentro de nós
acumuladas.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

02. (2003 – FUNDAÇÃO EUCLIDES DA CUNHA BEHAVIORISMO


(FEC)/PREFEITURA DE NITERÓI-RJ) Na tentativa de
compreender o desenvolvimento humano, diversas
teorias foram elaboradas a partir de certas concepções O condicionamento clássico, que mais tarde é chamado
do homem e do conhecimento. Dentre as principais de behaviorismo (termo que advém do inglês behavior),
correntes, pode-se destacar o inatismo, o tem seu início, propriamente dito, no século XX na obra
comportamentalismo e o interacionismo. De acordo com do psicólogo Russo Ivan Pavlov (1848-1936).
os pressupostos básicos desses referenciais teóricos, é Mais tarde o psicólogo norte-americano, John Watson
INCORRETO afirmar que: (1878-1958), traz essa concepção da Rússia introduzindo
a) o inatismo salienta a importância dos fatores na América, o que chamaria de behaviorismo.
endógenos; o comportamentalismo supervaloriza o Porém, após refinar os estudos de Pavlov e Watson, foi o
papel do ambiente; e o interacionismo destaca a psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner (1904-
importância das interações entre o ser humano e seu 1990) quem introduziu esse conceito no campo
mundo físico e social no processo de construção do educacional, é conhecido como behaviorismo radical de
conhecimento; Skinner, que teve grande popularidade no Brasil e nos
b) o inatismo está atrelado às noções de Estados Unidos.
desenvolvimento espontâneo, aptidão e prontidão; o A teoria do condicionamento, que foi uma das bases para
comportamentalismo fundamenta-se no empirismo; e o o behaviorismo, nasceu, então, dos estudos do psicólogo
interacionismo concebe o conhecimento como um Russo Pavlov, que constatou através de experimentos
processo de construção; com animais, mais precisamente com cachorros, que os
mesmos reagiam biologicamente a determinada
c) o inatismo salienta a importância dos fatores
situação, através de estímulos impostos.
endógenos; o comportamentalismo ressalta a influência
dos fatores exógenos; e o interacionismo destaca a Basicamente o teste feito foi o seguinte: Pavlov
importância das interações entre o ser humano e seu estudando as glândulas salivares dos cães, objeto de
mundo físico e social no processo de construção do seus estudos, observou que os animais começavam a
conhecimento; salivar depressa quando ele lhes apresentava comida,
porém ele observou que não necessariamente a comida
d) o inatismo salienta a importância dos fatores
fazia eles salivarem.
exógenos; o comportamentalismo fundamenta-se no
empirismo; e o interacionismo destaca a importância das No momento em que ele chegava ao laboratório, ele
interações entre o ser humano e seu mundo físico e percebeu que apenas o som de seus passos, chegando
social no processo de construção do conhecimento ao laboratório, provocava o mesmo efeito. A partir daí,
começou uma série de experimentos, onde conclui que
e) o inatismo está atrelado às noções de algumas respostas comportamentais eram reflexos
desenvolvimento espontâneo, aptidão e prontidão; o incondicionados, salivar quando via a comida (não
comportamentalismo supervaloriza o papel do aprendidos) e outros são reflexos condicionados
ambiente; e o interacionismo concebe o conhecimento (aprendidos), através de situações agradáveis ou
como um processo de construção. desagradáveis.
Para chegar a essa conclusão ele realizou o seguinte
GABARITO experimento: toda a vez que ele chegava ao laboratório
01. E 02.D dava comida para o cachorro, este salivava quando via a
comida, então ele tocava um sino junto.

REFERÊNCIAS No dia seguinte ele somente tocou o sino e o cão não


salivou, somente quando viu a comida salivou, então nos
 LIZI, Lucilene Lisboa de; TRINDADE, Alessandra Simões. dias que se seguiram ele tocava o sino e dava a comida
DO INATISMO AO INTERACIONISMO: A AQUISIÇÃO junto, isso por um período de dias.
DE LINGUAGEM E A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA Após este período, quando ele tocava o sino, o cão
ESCRITA INFLUENCIADA PELAS TIC. salivava mesmo sem ter visto a comida, condicionou o
 SELL, Sérgio. CHOMSKY E O INATISMO CARTESIANO. cão, ao som do sino, que iria ganhar comida, ou seja, a
reação do cachorro passou a ser condicionada ao tocar o
sino, mesmo não tendo comida, toda vez que tocava o
sino o cão salivava.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

O ESTUDO DO COMPORTAMENTO Comportamento, entendido como interação entre


indivíduo e ambiente, é a unidade básica de descrição e
Na Amárica, o termo Behaviorismo foi inaugurado pelo
o ponto de partida para uma ciência do comportamento.
americano John B. Watson, em artigo publicado em
1913, que apresentava o título "Psicologia: como os O ser humano começa a ser estudado a partir de sua
behavioristas a veem”. interação com o ambiente, sendo tomado como produto
e produtor dessa interação.
O termo inglês behavior significa “comportamento”; por
isso, para denominar essa tendência teórica, usamos o
termo Behaviorismo - além de Comportamentalismo,
A ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO
Teoria comportamental, Análise Experimental do
Comportamento e Análise do Comportamento. O mais importante dos behavioristas que sucederam
Watson foi B. F. Skinner (1904-1990).
Watson, postulando o comportamento como objeto da
Psicologia, dava a essa Ciência a consistência que os O Behaviorismo de Skinner, ficou conhecida por
psicólogos da época vinham buscando – um observável, Behaviorismo Radical, termo determinado pelo próprio
mensurável, cujos experimentos poderiam ser Skinner, em 1945, para designar uma filosofia da Ciência
reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. do Comportamento (que ele se propôs defender) por
meio da análise experimental do comportamento.
Os behavioristas foram os primeiros da Ciência do
Comportamento a se aproximar de propostas A base da corrente Skinneriana está na formulação do
explicativas dos termos psicológicos observando os comportamento operante.
critérios de objetividade. Para desenvolver esse conceito, retrocederemos um
Apesar de colocar o "comportamento" como objeto da pouco na história do Behaviorismo, introduzindo as
Psicologia, o Behaviorismo foi, desde Watson, noções de comportamento reflexo ou respondente, para
modificando o sentido desse termo. então chegarmos ao comportamento operante.
Hoje não se entende comportamento como uma ação O COMPORTAMENTO RESPONDENTE
isolada de um sujeito, mas como uma interação entre O comportamento reflexo ou respondente é o que
aquilo que o sujeito faz e o ambiente onde o seu "fazer" usualmente chamamos de "não voluntário" e inclui as
está inserido. Portanto, o Behaviorismo dedica-se ao respostas que são eliciadas (ou produzidas) por
estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, estímulos antecedentes do ambiente.
entre as ações do indivíduo (respostas) e o ambiente
(estimulações). Como exemplo, podemos citar a contração das pupilas
quando uma luz forte incide sobre os olhos, a salivação
Os psicólogos dessa abordagem chegaram aos termos de provocada por uma gota de limão colocada na ponta da
“resposta” e “estímulo” para se referirem àquilo que o língua, o arrepio da pele quando recebe um ar frio.
organismo faz e às variáveis ambientais que interagem
com o sujeito. Esses comportamentos reflexos ou respondentes são
interações estimulo-resposta (ambiente-sujeito)
Para explicar a adoção desses termos, duas razões incondicionadas, nas quais certos eventos ambientais
podem ser apontadas: uma (1) metodológica e outra (2) confiavelmente eliciam certas respostas do organismo
histórica. que independem de “aprendizagem”.
1) A razão metodológica deve-se ao fato de que os Mas interações desse tipo também podem ser
analistas experimentais do comportamento tomaram provocadas por estímulos que, originalmente, não
como modo preferencial de investigação o método eliciavam respostas em determinado organismo.
experimental e analítico. Quando tais estímulos são temporalmente pareados
Com isso, os experimentadores sentiram a necessidade com estímulos eliciadores, podem, em certas condições,
de dividir o objeto de estudo para efeito de investigação, eliciar respostas semelhantes as deles.
chegando às unidades de análise.
2) A razão histórica refere-se aos termos escolhidos e
popularizados, que foram mantidos posteriormente por
outros estudiosos do comportamento, devido ao seu uso
generalizado.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

A ESSAS NOVAS INTERAÇÕES CHAMAMOS TAMBÉM um mecanismo (camuflado) que lhe permitia obter uma
DE REFLEXOS, QUE AGORA SÃO CONDICIONADOS gotinha de água, encaminhada à caixa por meio de uma
DEVIDO A UMA HISTÓRIA DE PAREAMENTO, O QUAL pequena haste.
LEVOU O ORGANISMO A RESPONDER A ESTÍMULOS A
Que resposta esperava-se do ratinho? Que pressionasse
QUE ANTES NÃO RESPONDIA
a barra. Como isso ocorreu da primeira vez? Por acaso?
Para deixar isso mais claro, vamos a um exemplo:
NESSE CASO DE COMPORTAMENTO OPERANTE, O QUE
suponha que, em uma sala aquecida, sua mão direita seja
PROPICIA A APRENDIZAGEM DOS COMPORTAMENTOS
mergulhada em uma vasilha com agua gelada. A
É A AÇÃO DO ORGANISMO SOBRE O MEIO E O EFEITO
temperatura da mão cairá rapidamente devido ao
RESULTANTE – A SATISFAÇÃO DE UMA NECESSIDADE,
encolhimento ou constrição dos vasos sanguíneos,
OU SEJA, A APRENDIZAGEM ESTÁ NA RELAÇÃO ENTRE
caracterizando o comportamento como respondente.
UMA AÇÃO E SEU EFEITO.
Esse comportamento será acompanhado de uma
Esse comportamento operante pode ser representado
modificação semelhante, e mais facilmente mensurável,
da seguinte maneira: S R, em que S (do latim stimulus)
na mão esquerda, na qual a constrição vascular também
é o estímulo reforçador (a água) e R é a resposta
será induzida.
(pressionar a barra), que tanto interessa ao organismo; a
Suponha, agora, que a sua mão direita seja mergulhada seta significa “levar a”.
na água gelada certo número de vezes, em intervalos de
Esse estímulo reforçador é chamado de reforço. O termo
três ou quatro minutos, e que você ouça uma campainha
“estímulo” foi mantido da relação S–R do
pouco antes de cada imersão.
comportamento respondente para designar-lhe a
La pelo vigésimo pareamento do som da campainha com responsabilidade pela ação,
a água fria, a mudança de temperatura nas mãos poderá
apesar de ela ocorrer após a manifestação do
ser eliciada apenas pelo som, isto é, sem necessidade de
comportamento.
imergir uma das mãos na água.
O comportamento operante refere-se à interação
Nesse exemplo de condicionamento respondente, a
sujeito-ambiente. Nessa interação, chama-se de relação
queda da temperatura da mão, eliciada pela água fria, é
funcional a relação entre a ação do indivíduo (a emissão
uma resposta incondicionada, enquanto a queda da
da resposta) e as consequências.
temperatura, eliciada pelo som, é uma resposta
condicionada (aprendida) – a água é um estímulo É considerada funcional porque o organismo se
incondicionado, e o som, um estímulo condicionado. comporta (emitindo essa ou aquela resposta), ou seja,
sua ação produz uma alteração ambiental, consequência
No início dos anos 1930, na Universidade de Harvard
que, por sua vez, retroage sobre o sujeito, alterando a
(Estados Unidos), Skinner começou o estudo do
probabilidade futura de ocorrência.
comportamento operante pelo comportamento
respondente, que se tornara a unidade básica de análise, Assim, agimos sobre o mundo em função das
ou seja, o fundamento para a descrição das interações consequências criadas pela ação. As consequências da
indivíduo-ambiente. resposta são as variáveis de controle mais relevantes.
O desenvolvimento de seu trabalho levou-o a teorizar EVENTOS CONSEQUENTES – REFORÇAMENTO E
sobre outro tipo de relação do indivíduo e seu ambiente, PUNIÇÃO
a qual viria a ser a nova unidade de análise de sua ciência: Ações são mantidas, ou não, pelas consequências que
o comportamento operante. Esse tipo de produzem no meio ambiente.
comportamento caracteriza a maioria de nossas
interações com o ambiente. Essas consequências são denominadas reforçadoras
quando aumentam a frequência de emissão das
O COMPORTAMENTO OPERANTE respostas que as produziram e punidoras ou aversivas
O comportamento operante abrange um leque amplo de quando diminuem, mesmo que temporariamente, a
atividades humanas – dos comportamentos do bebê de frequência das respostas que as produziram.
balbuciar, de agarrar objetos e de olhar os enfeites do O reforço positivo é todo evento que aumenta a
berço aos mais sofisticados apresentados pelo adulto. probabilidade futura da resposta que o produz.
Um ratinho foi colocado na “Caixa de Skinner” – um
recipiente fechado no qual encontrava apenas uma
barra. Essa barra, ao ser pressionada por ele, acionava

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

O reforço negativo é todo evento que aumenta a Mas, se os rojões começam a pipocar e só depois
probabilidade futura da resposta que o remove ou apresento um comportamento para evitar o barulho que
atenua. incomoda, seja fechando a porta, indo embora ou
mesmo tapando os ouvidos, pode-se falar em fuga.
Assim, poderíamos voltar à nossa “Caixa de Skinner” que
Ambos reduzem ou evitam os estímulos aversivos, mas
oferecia uma gota de água ao ratinho sempre que ele
em processos diferentes.
encostasse na barra. Agora, ao ser colocado na caixa,
recebe choques do assoalho. Após várias tentativas de No caso da fuga, só há um estímulo aversivo
evitar os choques, o ratinho chega à barra e, ao incondicionado que, quando apresentado, será evitado
pressioná-la acidentalmente, os choques cessam. pelo comportamento de fuga. No segundo caso, não se
evita o estímulo aversivo, mas se foge dele depois de
Com isso, as respostas de pressão tenderão a aumentar
iniciado.
de frequência. Chama-se de reforço negativo ao
processo de fortalecimento dessa classe de respostas OUTROS PROCESSOS
(pressão à barra), isto é, a remoção de um estímulo
Assim, quando uma pessoa na qual estávamos
aversivo controla a emissão da resposta.
interessados deixa de nos olhar e passa a nos ignorar,
Alguns eventos tendem a ser reforçadores para toda uma nossas “investidas” tendem a desaparecer.
espécie, como, por exemplo, água, alimento e afeto.
A punição é outro procedimento importante que envolve
Esses são denominados reforços primários.
a consequência de uma resposta quando há a
Os reforços secundários, ao contrário, são aqueles que apresentação de um estímulo aversivo ou a remoção de
adquiriram a função quando pareados temporalmente um reforçador positivo presente.
com os primários.
Os dados de pesquisas mostram que a supressão do
Alguns desses reforçadores secundários quando comportamento punido só é definitiva se a punição for
emparelhados com muitos outros, tornam-se extremamente intensa, isso porque as razões que levam
reforçadores generalizados, como o dinheiro e a à ação – que se pune – não são alteradas com a punição.
aprovação social, que reforçam grande parte do
O trânsito é um excelente exemplo. Apesar das punições
repertório comportamental.
aplicadas à motoristas e pedestres na maior parte das
No reforçamento negativo, dois processos importantes infrações cometidas no trânsito, tais punições não os
merecem destaque: a esquiva e a fuga. tem motivados a um comportamento considerado para
o trânsito. Em vez de adotarem novos comportamentos,
A esquiva é um processo no qual os estímulos aversivos
tornaram-se especialistas na esquiva e na fuga.
condicionados e incondicionados estão separados por
um intervalo de tempo apreciável, permitindo que o CONTROLES DE ESTÍMULOS
indivíduo execute um comportamento que previna a
Têm sido polêmica a discussão sobre a natureza ou a
ocorrência ou reduza a magnitude do segundo estímulo.
extensão do controle que o ambiente exerce sobre nós,
Você, com certeza, sabe que o raio (primeiro estímulo) mas não há como negar que há algum controle. Assumir
precede à trovoada (segundo estímulo) que o a existência desse controle e estudá-lo permite maior
"motorzinho" usado pelo dentista precede à dor no entendimento dos meios pelos quais os estímulos agem.
dente.
Assim, quando a frequência ou a forma da resposta é
Esses estímulos são aversivos, mas os primeiros nos diferente sob estímulos diferentes, disse que o
possibilitam evitar ou reduzir a magnitude dos seguintes, comportamento está sob o controle de estímulos. Se o
ou seja, tampamos os ouvidos para evitarmos o estouro motorista para ou acelera o ônibus no cruzamento de
do trovão ou desviamos o rosto da broca usada pelo ruas onde há semáforo que ora está verde, ora
dentista. vermelho, sabemos que o comportamento de dirigir está
sob o controle de estímulos.
Outro processo semelhante é o de fuga. Nesse caso, o
comportamento reforçado é aquele que termina com um Dois importantes processos devem ser apresentados: a
aversivo já em andamento. A diferença é sutil. Se posso discriminação e a generalização.
colocar as mãos nos ouvidos para não escutar o estrondo
Diz-se que se desenvolveu uma discriminação de
do rojão, esse comportamento é de esquiva, pois estou
estímulos quando uma resposta se mantém na presença
evitando o segundo estímulo antes que ele aconteça.
de um estímulo, mas sofre certo grau de extinção na
presença de outro. Isto é, certo estímulo adquire a

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

possibilidade de ser conhecido como discriminativo da 02. (2019 – VUNESP/PREFEITURA DE ITAPEVI-SP) Uma
situação reforçadora. mãe ficou preocupada porque descobriu que seu filho
obteve notas baixas em suas avaliações na escola.
Assim, o nosso motorista de ônibus vai parar o veículo
Quando voltou para casa, combinou com o filho que, se
quando o semáforo estiver vermelho, ou melhor,
as suas notas melhorassem, ele seria dispensado da
esperamos que para ele o sinal vermelho tenha se
realização de suas tarefas domésticas. No bimestre
tornado um estímulo discriminativo para a emissão do
seguinte, as notas de seu filho aumentaram
comportamento de parar.
significativamente.
Na generalização de estímulos, um estímulo adquire
Segundo os princípios do condicionamento operante,
controle sobre uma resposta devido ao reforço na
essa mãe adotou a estratégia de
presença de um estímulo similar, mas diferente.
Frequentemente, a generalização depende de elementos a) extinção.
comuns a dois ou mais estímulos.
b) reforço positivo.
Poderíamos aqui brincar com as cores do semáforo: se
c) modelação.
fossem rosa e vermelho, correríamos o risco de os
motoristas acelerarem seus veículos no semáforo d) reforço negativo
vermelho, pois poderiam generalizar os estímulos. Mas e) reforço vicário.
isso não acontece com o verde e com o vermelho, que
são cores muito distintas e, além disso, estão situadas em
extremidades opostas do semáforo, o vermelho, na 03. (2018 – FEPESE/PREFEITURA DE CONCÓRDIA-SC)A
parte superior e o verde, na inferior, permitindo a respeito do behaviorismo, assinale a alternativa correta.
discriminação dos estímulos.
a) Buscou definir o fato ou fenômeno psicológico, de
modo concreto, a partir da noção de comportamento
EXERCÍCIOS (behavior)

01. (2019 – COTEC/PREFEITURA DE UNAI-MG) Leia o b) Sustentou-se em negar e refutar a fragmentação das
excerto abaixo e, em seguida, marque a alternativa que ações e processos humanos propugnada pela psicologia
contém o conceito descrito. científica do século XIX.

“Estímulo neutro que adquire a capacidade de agir como c) Recuperou para a Psicologia a importância da
um reforço, em geral por ser associado a um reforço afetividade nas relações e postulou o inconsciente como
primário ou estabelecido como um estímulo objeto de estudo.
discriminativo.” d) Originou-se da concepção de que a aprendizagem se
a) Reforço condicionado dá por um processo de associação das ideias – das mais
simples às mais complexas.
b) Reforço acidental.
e) Buscou compreender a consciência, em seus aspectos
c) Reforço automático. estruturais, com uso do método experimental de
d) Reforço conjugado. produção do conhecimento.

e) Reforço de contingência.
GABARITO
01. A 02. D 03. A

REFERÊNCIAS
 BOCK, ANA MERCÊS BAHIA BOCK; FURTADO, ODAIR;
TEIXEIRA, MARIA DE LOURDES TRASSI. PSICOLOGIAS:
UMA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PSICOLOGIA. 14.
ED. SÃO PAULO: SARAIVA, 2008.
 SILVA, JULIANE PAPROSQUI MARCHI DA. PSICOLOGIA
DA APRENDIZAGEM.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

PSICANÁLISE sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem,


como problemas científicos.
A investigação sistemática desses problemas levou Freud
A sexualidade das crianças é um tema difícil de ser
à criação da Psicanálise. O termo psicanálise é usado
abordado, pois apesar de Freud ter chocado a sociedade
para se referir a uma teoria, a um método de
vienense cem anos, ao propor a ideia de uma infância
investigação e a uma prática profissional. Enquanto
que se afastava da tradicional noção de pureza e de
teoria, caracteriza-se por um conjunto de
felicidade ímpar, trazendo à tona uma criança dotada de
conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento
afetos, desejo e conflitos, ainda hoje temos dificuldade
da vida psíquica. Freud publicou uma extensa obra
em aceitar a sexualidade infantil proposta pelo fundador
durante toda sua vida, relatando suas descobertas e
da psicanálise.
formulando leis gerais sobre a estrutura e o
Em nossa cultura denominada pós-moderna, as crianças funcionamento da psique humana.
se vestem como adultos, têm agenda de executivos e são
A Psicanálise, como método de investigação,
impelidas a adotar um modelo sexual que muitas vezes
caracterizou-se pelo método interpretativo, que busca o
ultrapassa sua compreensão. A delimitação entre o
significado oculto daquilo que é manifestado por meio
mundo adulto e o infantil é tênue e as crianças, muitas
de ações e palavras ou pelas produções imaginárias,
vezes, na ânsia de corresponder aos desejos, ainda que
como os sonhos os delírios, as associações livres, os atos
inconscientes, dos pais, procuram compensar suas
falhos.
frustrações, corresponder às suas expectativas,
apaziguar sua angústia, negando sua própria infância. A prática profissional refere-se à forma de tratamento –
a análise – que busca o autoconhecimento ou a cura, que
Ao escrever Sobre o narcisismo: uma introdução, em
ocorre por meio desse processo de investigação.
1914, Freud alerta para a face narcísica do amor
parental: procuramos resgatar, através dos nossos filhos, A GESTÃO DA PSICANÁLISE
a nossa infância perdida, nossos sonhos e ideais. Sua
Freud formou-se em Medicina na Universidade de Viena,
Majestade, o Bebê, nada mais é do que o bebê que
em 1881, e especializou-se em Psiquiatria. Trabalhou
outrora fomos ou que gostaríamos de ter sido.
algum tempo em um laboratório de Fisiologia e deu aulas
E se é fundamental este investimento dos pais em seu de Neuropatologia no instituto onde trabalhava. Por
filho para que este cresça e se desenvolva, por outro, um dificuldades financeiras, não pôde se dedicar
amor parental que desconsidere a singularidade da integralmente à vida acadêmica e de pesquisador.
criança e sua visão de mundo pode ter como resultado Começou, então, a clinicar, atendendo pessoas
“pequenos adultos”, precoces, mas desconfortáveis em acometidas de "problemas nervos”.
um papel que ultrapassa sua possibilidade emocional.
Obteve, ao final da residência médica, uma bolsa de
Não estamos desconsiderando os avanços enormes do estudo para Paris, onde trabalhou com Jean Charcot,
século XXI, que possibilitam às crianças uma ampla gama psiquiatra francês que tratava as histerias com hipnose.
de informação, acesso ao mundo e muitas formas
Em 1886 retornou a Viena e voltou a clinicar, e seu
criativas de relacionamento; no entanto, não corremos o
principal instrumento de trabalho na eliminação dos
risco de apagar a infância, ao valorizarmos somente
sintomas dos distúrbios nervosos passou a ser a sugestão
atribuições reconhecidas no mundo adulto, como
hipnótica.
competitividade, independência e uma sexualidade
precoce mas não infantil? Em Viena, o contato de Freud com Josef Breuer, médico
e cientista, também foi importante para a continuidade
As teorias científicas surgem influenciadas pelas
das investigações.
condições da vida social, nos aspectos econômicos,
políticos, culturais etc. Breuer denominou método catártico o tratamento que
possibilita a liberação dos afetos e emoções ligadas a
São produtos históricos criados por homens concretos,
acontecimentos traumáticos que não puderam ser
que vivem o seu tempo e contribuem ou alteram,
expressos na ocasião da vivência desagradável ou
radicalmente, o desenvolvimento do conhecimento.
dolorosa. Essa liberação de afetos leva à eliminação dos
Sigmund Freud (1856-1939) um médico vienense que sintomas.
alterou, radicalmente, o modo de pensar a psíquica.
Freud ousou colocar os "processos misteriosos" do
psiquismo, suas “regiões obscuras" isto é, as fantasias,

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

A DESCOBERTA DO INCOSCIENTE A DESCOBERTA DA SEXUALIDADE INFANTIL


O esquecido era sempre algo penoso para o indivíduo e Freud, em suas investigações na prática clínica sobre as
era exatamente por isso que havia sido esquecido, e o causas e o funcionamento das neuroses, descobriu que a
penoso não significava, necessariamente, sempre algo maioria dos pensamentos e desejos reprimidos referem-
ruim, mas podia se referir a algo bom que se perdera ou se à conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros
que fora intensamente desejado. anos de vida dos indivíduos isto é, na vida infantil
estavam as experiências de caráter traumático,
Quando Freud abandonou as perguntas no trabalho
reprimidas, que se configuravam como origem dos
terapêutico com os pacientes e os deixou das livre curso
sintomas atuais.
às suas ideias, observou que, muitas vezes, eles ficavam
embaraçados envergonhados com algumas ideias ou Confirmava-se, dessa forma, que as ocorrências desse
imagens que lhes ocorriam. período da vida deixam marcas profundas na
estruturação da pessoas.
A essa força psíquica que se opunha a tornar consciente,
a revelar um pensamento, Freud denominou resistência. As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida
E chamou de repressão o processo psíquico que visa psíquica, e é postulada a existência da sexualidade
encobrir, fazer desaparecer da consciência, uma ideia ou infantil. Essas afirmações tiveram profundas
representação insuportável e dolorosa que está na repercussões na sociedade puritana da época, pela
origem do sintoma. Esses conteúdos psíquicos concepção vigente da infância como "inocente". Os
“localizam-se” no inconsciente. principais aspectos dessas descoberta são:
TEORIA SOBRE A ESTRUTURA DO APARELHO PSIQUICO A função sexual existe desde o princípio da vida, logo
após o nascimento, e não a partir da puberdade como
Em 1900, no livro A Interpretação dos Sonhos, Freud
afirmavam as ideias dominantes.
apresenta a primeira concepção sobre a estrutura e o
funcionamento psíquicos. Essa teoria refere-se à O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e
existência de três sistemas ou instâncias psíquicas: complexo até chegar à sexualidade adulta, quando as
inconsciente, pré-consiente e consciente. funções de reprodução e de obtenção do prazer podem
estar associadas, tanto no homem como na mulher.
O inconsciente exprime o "conjunto dos conteúdos não
presentes no campo atual da consciência" (LAPLANCHE, Essa afirmação contrariava as ideias predominantes de
J. e PONTALI I.- B op. cit.). que o sexo estava associado, exclusivamente, à
reprodução.
É constituído por conteúdos reprimidos, que não tem
acesso aos sistemas pré-consciente/consciente, pela A libido, nas palavras de Freud é "a energia dos instintos
ação de censuras internas. sexuais e só deles" (FREUD, S., op. cit.).
Esses conteúdos podem ter sido conscientes, em algum
momento, e terem sido reprimidos, isto é, “foram” para
o inconsciente, ou podem ser genuinamente
inconscientes.
O inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido
por leis próprias de funcionamento. Por exemplo, é
atemporal, não existem as noções de passado e
presente.
O pré-consciente refere-se ao sistema em que
permanecem os conteúdos acessíveis à consciência. É
aquilo que não está na consciência nesse momento, mas
no momento seguinte pode estar.
O consciente é o sistema do aparelho psíquico que
recebe ao mesmo tempo as informações do mundo
exterior e as do mundo interior.
Na consciência, destaca-se o fenômeno da percepção,
principalmente a percepção do mundo exterior, a
atenção, o raciocínio.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

No decorrer dessas fases, sucedem-se vários processos e 4. Sintoma, na teoria psicanalítica, é uma produção –
ocorrências. Desses eventos, destaca-se o complexo de quer seja um comportamento quer seja um
Édipo, pois é em torno dele que ocorre a estruturação da pensamento – resultante de um conflito psíquico
vida psíquica do indivíduo. Acontece entre 3 e 5 anos, entre o desejo e os mecanismos de defesa.
durante a fase genital. No complexo de Édipo, a mãe é o
O sintoma, ao mesmo tempo em que sinaliza, busca
objeto do desejo do menino, e o pai é o rival que impede
encobrir um conflito, substituir a satisfação do desejo.
seu acesso ao objeto desejado. Ele procura então ser o
Ele é ou pode ser o ponto de partida da investigação
pai para "ter" a mãe, escolhendo-o como modelo de
psicanalítica na tentativa de descobrir os processos
comportamento passando a internalizar as regras e as
psíquicos encobertos que determinam a sua formação.
normas sociais representadas e impostas pela
Os sintomas de Ana O. eram a paralisia e os distúrbios do
autoridade paterna.
pensamento; hoje, o sintoma da colega da sala de aula é
ALGUNS CONCEITOS recusar-se a comer.
Antes de prosseguirmos um pouco mais com as SEGUNDA TEORIA DO APARELHO PSÍQUICO
descobertas fundamentais de Freud, é necessário
Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do Aparelho
esclarecer alguns conceitos que permitem compreender
Psíquico e introduz os conceitos de id, ego e superego
os dados e as informações colocadas até aqui, de um
para referir-se aos três sistemas da personalidade.
modo dinâmico e sem considerá-los processos
mecânicos e compartimentados. O id constitui o reservatório da energia psíquica onde se
"localizam" as pulsões: a de vida e a de morte. As
Além disso, esses aspectos também são postulações de
características atribuídas ao sistema inconsciente na
Freud, e seu conhecimento é fundamental para
primeira teoria, nesta teoria são atribuídas ao id, que é
compreender a continuidade do desenvolvimento de sua
regido pelo princípio do prazer.
teoria.
O ego é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as
1. No processo terapêutico e de postulação teórica,
exigências do id, as exigências da realidade e as "ordens”
Freud, inicialmente, entendia que todas as cenas
do superego. Procura “dar conta” dos interesses da
relatadas pelos pacientes tinham de fato ocorrido.
pessoa.
Posteriormente, descobriu que poderiam ter sido
imaginadas, mas com a mesma força e consequências É regido pelo princípio da realidade, que, com o princípio
de uma situação real. Aquilo que para o indivíduo do prazer, rege o funcionamento psíquico. É um
assume valor de realidade é a realidade psíquica. E é regulador, na medida em que altera o princípio do prazer
isso o que importa, mesmo que não corresponda a para buscar a satisfação, considerando as condições
realidade objetiva. objetivas da realidade. Nesse sentido, a busca do prazer
pode ser substituída pelo evitamento do desprazer. As
2. O funcionamento psíquico é concebido a partir de três
funções básicas do ego são: percepção, memória,
pontos de vista: o econômico (existe uma quantidade
sentimentos, pensamento.
de energia que “alimenta” os processos psíquicos), o
tópico(o aparelho psíquico é constituído de um O superego origina-se com o complexo de Édipo, a partir
número de sistemas que são diferenciados quanto a da internalização das proibições, dos limites e da
sua natureza e seu modo de funcionamento, o que autoridade. A moral, os ideais são funções do superego.
permite considerá-locomo “lugar” psíquico) e o O conteúdo do superego refere-se às vigências sociais e
dinâmico (no interior do psiquismo existem forças culturais.
que entram em conflito e estão permanentemente OS MECANISMOS DE DEFESA
ativas, das quais a origem e a pulsão).Compreender
os processos e os fenômenos psíquicos é considerar A percepção de um acontecimento, do mundo externo
os três pontos de vista simultaneamente. ou do mundo interno, pode ser algo muito
constrangedor; doloroso, desorganizador.
3. A pulsão refere-se a um estado de tensão que busca,
por meio de um objeto, a supressão desse estado. Para evitar esse desprazer, as pessoa “deforma" ou
Eros é a pulsão de vida e abrange as pulsões sexuais e suprime a realidade – deixa de registrar percepções
as de autoconservação. Tanatos é a pulsão de morte, externas, afasta determinados conteúdos psíquicos,
que pode ser autodestrutiva ou estar dirigida para interfere no pensamento.
fora e se manifestar como pulsão agressiva ou
destrutiva.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

São vários os mecanismos que pode usar para realizar por serem extremamente competitivos e não se dá conta
essa deformação da realidade, chamados de de que também o é, às vezes até mais que os colegas.
mecanismos de defesa. São processos inconscientes
realizados pelo ego, isto é, ocorrem independentemente
da vontade do indivíduo. Racionalização: o indivíduo constrói uma argumentação
intelectualmente convincente e aceitável, que justifica
Todos nós os utilizamos em nossa vida cotidiana, isto é,
os estados “deformados” da consciência. Isto é, uma
deformamos a realidade para nos defender de perigos
defesa que justifica as outras. Portanto, na
internos ou externos, reais ou imaginários.
racionalização, o ego coloca a razão a serviço do
O uso desses mecanismos não é em si, patológico, irracional e utiliza para isso material fornecido pela
contudo distorce a realidade, e só o seu desvendamento cultura ou mesmo pelo saber científico. Dois exemplos:
pode nos fazer superar essa falsa consciência, ou melhor, o pudor excessivo (formação reativa), justificado com
ver, realidade como ela é. argumentos morais; e as justificativas ideológicas para os
impulsos destrutivos que eclodem na guerra, no
preconceito e na defesa da pena de morte.
Recalque: o indivíduo "não vê”, "não ouve" o que ocorre.
Existe a supressão de uma parte da realidade.
DA CRIANÇA AO INFANTIL
Esse aspecto que não é percebido pelo indivíduo faz
parte de um todo e, ao ficar invisível, altera, deforma o Freud, em toda a sua obra, deu uma grande importância
sentido do todo. É como se, ao ler este parágrafo, uma à sexualidade infantil justamente por reconhecer ser
palavra ou uma das linhas não estivesse impressa e isso valor estruturante: as teorias sexuais infantis permitem
impedisse a compreensão da frase ou desse outro à criança interpretar o enigma de sua existência,
sentido para o que está escrito. construindo, através de sua fantasia, um lugar subjetivo
que lhe permite descolar-se da posição de alienação
Um exemplo é quando entendemos uma proibição como
original no discurso parental.
permissão porque não "ouvimos" o "não". O recalque, ao
suprimir a percepção do que está acontecendo, é o mais A noção de uma sexualidade infantil ampliada e
radical dos mecanismos de defesa. Os demais referem-se extragenital enfatiza também seu caráter relacional, ou
a deformações da realidade. seja, de como a constituição do sujeito se dá na relação
com seus outros fundamentais, desconstruindo
qualquer ideia de uma condição humana biológica,
Formação reativa: o ego procura afastar o desejo que vai instintiva e natural.
em determinada direção, e para isso o indivíduo adota
Ao contrário, a atualidade das teorias sexuais infantis
uma atitude oposta a esse desejo. Um bom exemplo são
propostas por Freud está na clínica com crianças, que
as atitudes exageradas – ternura excessiva,
atesta seu caráter irredutível: mesmo sendo
superproteção – que escondem o seu oposto, no caso,
bombardeada por um excesso de tecnologia e
um desejo agressivo intenso. Aquilo que aparece (a
informação, a criança desafia a razão lógica ao construir
atitude) visa esconder do próprio indivíduo suas
sua própria verdade em seu próprio tempo lógico, e não
verdadeiras motivações (o desejo), para preservá-lo de
cronológico.
uma descoberta acerca de si mesmo que poderia ser
bastante dolorosa. É o caso da mãe que superprotege o Neste sentido, ao enfatizar o fator infantil no adulto,
filho, do qual tem muita raiva porque atribui a ele muitas indicando como o adulto é moldado de ponta a ponta
de suas dificuldades pessoais. Para muitas dessas mães pelos conflitos, traumas e desejos da criança, Freud
pode ser aterrador admitir essa agressividade em relação ressalta o valor do infantil que é recalcado no adulto e
ao filho. que uma criança coloca em cena, com sua sexualidade.
O infantil em Freud se refere a dois planos: o plano da
constituição do sujeito através da construção das teorias
Projeção: é uma confluência de distorções do mundo sexuais infantis e da realidade psíquica da criança; e o
externo e interno. O indivíduo localiza (projeta) algo de infantil ,que se mantém como um núcleo inconsciente
si no mundo externo e não percebe aquilo que foi presente na criança e no adulto, relacionado não a um
projetado como algo seu que considera indesejável. É um tempo cronológico, mas a um tempo de retroação
mecanismo de uso frequente e observável na vida subjetiva.
cotidiana. Um exemplo é o jovem que critica os colegas

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

A sexualidade infantil confronta o adulto com sua própria Locke formula uma espécie de empirismo crítico. A
infância perdida, colocando-o diante de um impasse: epistemologia de John Locke admite que há apenas uma
reconhecê-la, podendo acompanhar as crianças em seu categoria inata no ser humano: a capacidade de
percurso subjetivo, ou negá-la, para não se deparar com depreender conhecimento com base nas experiências.
suas frustrações, conflitos e desejos infantis. Manter a Segundo Locke, as estruturas cartesianas erram, desde o
importância da concepção freudiana sobre a sexualidade início, ao separar o ser humano em duas categorias
infantil é reconhecer sua dimensão singular e distintas: corpo e alma. Segundo o filósofo, o ser humano
estruturante: singular por estar referida à construção da é composto por corpo e alma simultaneamente, sem
subjetividade a partir da representação psíquica da separações.
relação corpo a corpo com o outro; e estruturante por
E isso faz com que a alma impulsione o corpo a conhecer,
testemunhar as marcas relacionais que funcionam como
pois não há qualquer tipo de conhecimento racional
referentes para uma apropriação narrativa a posteriori.
inato.
Para Hume, as ideias não são inatas, mas derivam das
REFERÊNCIAS sensações e das percepções que o ser humano adquire.
As sensações e percepções são fruto de um conjunto de
 BOCK, Ana Mercês Bahia Bock; FURTADO, Odair;
vivências que adquirimos por meio dos sentidos. O que
TEIXEIRA, Maria De Lourdes Trassi. PSICOLOGIAS: determina o grau e a capacidade de conhecimento
Uma Introdução Ao Estudo De Psicologia. 14. Ed. São humano são o nível e a intensidade das experiências
Paulo: SARAIVA, 2008. adquiridas pelos sentidos.
Para Bacon (1997), o verdadeiro cientista da natureza
deveria fazer a acumulação sistemática de
conhecimentos, mas também descobrir um método que
permitisse o progresso do conhecimento, não apenas a
catalogação dos fatos de uma realidade supostamente
fixa, ou obediente a uma ordem divina, eterna e perfeita.
EMPIRISMO Nesse ponto, ele se destaca pois, apesar de não ter sido
o pioneiro a tratar do assunto, é através dele que o
pensamento empírico recebeu seu instrumento vital: o
O termo empirismo tem sua origem no grego empeiria, método científico ou o método experimental. Este que
que significa “experiência” sensorial, assim é fornece normas para a observação da natureza. O autor
considerado uma doutrina relativa à natureza do via a si mesmo como um inventor de um método que
conhecimento. lançaria uma luz sobre a natureza.
Hobbes retomou a teoria do conhecimento aristotélica O método ao qual faz-se referência, compreende a
para enumerar o conhecimento como o despertar de coleta de dados, sua cuidadosa interpretação, utilização
vários graus, a saber: a sensação, a percepção, a de experiências, para assim conhecer os segredos da
imaginação, a memória e a experiência. natureza por meio de observações sistemáticas.
A sensação é o primeiro despertar do conhecimento, que O empirismo defende que toda a nossa estrutura
fornece dados para a percepção. cognitiva é formada com base na experiência prática,
A percepção, por sua vez, ativa a imaginação (somente de modo que, quanto mais vastas, intensas e ricas as
imaginamos aquilo que podemos, de algum modo, nossas experiências, mais amplo e profundo torna-se o
conhecer na prática). Tudo isso fornece dados que nosso conhecimento.
podem ativar a memória, e o acúmulo de memória Aristóteles já defendia que o conhecimento advém da
constitui o conjunto de saberes denominado experiência, contrariando as teses platônicas, que eram
experiência. essencialmente inatistas.
Bacon é o primeiro grande teórico do método filosófico John Locke, um dos principais empiristas da
e científico da indução. O método indutivo afirma que o Modernidade, afirmou que o ser humano é uma tábula
conhecimento rigoroso é obtido pela repetição de rasa. A tábula era um instrumento romano de escrita,
experiências e pode ser controlado por meio da feito com cera. As pessoas escreviam na cera com uma
observação metódica do ser humano. espécie de estilete e, quando queriam apagar, bastava
raspar ou derreter esse material.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

Quando a tábula estava sem inscrições, era chamada de Não obstante, enquanto Descartes não iria muito longe
tábula rasa. Esta pode ser comparada a uma folha em além de suas idéias claras e distintas, caso não se valesse
branco. Isso significa que o ser humano nasce sem dos conhecimentos empíricos, também Bacon não
nenhum conhecimento e é preenchido de acordo com as avançaria sem a Matemática. O desenvolvimento
vivências que ele adquire. O empirismo moderno foi posterior da ciência provou que os dois caminhos se
defendido por filósofos como Thomas Hobbes, Francis complementam quando o cientista experimental
Bacon, John Locke e David Hume, o que pode classificá- formula suas hipóteses com o auxílio da matemática.
lo como, essencialmente, britânico. Portanto, propondo a observação isenta dos
A teoria empirista admite que existem ideias simples e preconceitos, afastando os ídolos, coletando dados e
ideias compostas. As ideias simples são formadas com interpretando-os, conduzindo experimentos para, como
base na experiência imediata que conhece objetos todo esse método, aprender segredos da natureza e
corriqueiros do mundo, como homem e cavalo. sistematizar o que nela parece desordenado, Bacon
Já as ideias complexas são junções de duas ou mais estava convicto que havia inventado um método.
ideias simples, perfazendo elementos compostos que Faltava-lhe, no entanto, a consciência crítica do
não existem na realidade, mas podem ser imaginados, empirismo, que foram aos poucos conquistando os seus
como o centauro, que é uma junção das ideias de homem sucessores, Loke e Hume.
e de cavalo. Sobre a linha do desenvolvimento do empirismo, seguir-
Entretanto, para o autor, o investigador na busca do se-á abordando Locke (1997) destacando os aspectos
conhecimento devia se libertar do que ele chamava das principais do seu pensamento. A origem da sua
fontes dos erros - os ídolos - que levam a noções falsas: fundamentação está no pensamento e não no ser. Para
Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto este autor, no nosso pensamento achavam-se apenas
humano e nele se acham implantados não somente o idéias (no sentido genérico das representações) que são
obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, excluídas por ele.
como, mesmo depois de seu pórtico logrado e Defendia que princípios formados pelas idéias, derivam
descerrado, poderão ressurgir como obstáculo à própria da experiência. Dessa forma, defendia que antes da
instauração das ciências, a não ser que os homens, já experiência o espírito é como uma folha em branco, uma
precavidos contra eles, se cuidem o mais que possam. “tabula rasa”. Com a afirmação de que “ao nascermos, a
E na sua obra revela quais os ídolos que o homem deve mente humana é como um papel em branco,
se libertar dizendo: “ São de quatro gêneros os ídolos que completamente desprovida de idéias”, surge então uma
bloqueiam a mente humana. Para melhor apresentá-los, indagação: de onde provém o vasto conjunto de idéias
lhes assinamos os nomes, a saber: Ídola Tribus, Ídola que existe na mente do homem?
Specus, Ídola Fori e Ídola Theatri.” O autor nos responde em uma só palavra: da
A ciência que despontava no seu século preocupava-se experiência, a qual resulta da observação dos dados
com o movimento, o que implicava em repensar os sensoriais, fundamentando todo o conhecimento
velhos sistemas. Por isso, a matemática ganha evidência existente nos homens.
e desenvolvimento como instrumento importante da Ainda sobre a experiência, vale ressaltar, que era
física, da astronomia e da química. dúplice, ou seja, externa e interna. A primeira realiza-se
Contudo, o pensamento defendido pelo autor, em através da sensação, e proporciona a representação dos
referência, tinha sua preocupação voltada para o objetos externos: cores, sons, odores, sabores, extensão,
estático, contrariando os postulados matemáticos. Dessa forma, movimento. A segunda realiza-se através da
forma, ao desconsiderar a razão, esqueceu-se de reflexão, que nos proporciona a representação das
enfatizar o papel da hipótese científica que depende da próprias operações exercidas pelo espírito sobre os
matemática porque é fruto de deduções cartesianas objetos da sensação, como: conhecer, crer, lembrar,
sobre o resultado dos experimentos. duvidar, querer.

No desempenho de tal arte, costumam imiscuir-se na De acordo com Locke, as idéias ou representações
natureza o físico, o matemático, o médico, o alquimista existentes no nosso pensamento, pois dividem-se em
e o mago. Todos eles, contudo – no presente estado das idéias simples e idéias complexas, que são uma
coisas – fazem-no com escasso empenho e parco combinação das primeiras. Perante as idéias simples -
sucesso. que constituem o material primitivo e fundamental do
conhecimento - o espírito é puramente passivo e num
segundo momento quando na formação das idéias

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

complexas, ele é ativo. Nestas últimas, a mais importante por nenhum raciocínio ou processo do entendimento,
é a substância: que nada mais seria que uma coleção dizemos sempre que essa propensão é efeito do
constante de idéias simples. costume [...].
O espírito é também ativo nas sínteses que são as idéias O costume é, pois, o grande guia de vida humana. É o
de relação, e nas análises que são as idéias gerais. Seu único princípio que torna útil nossa experiência e nos faz
pensamento julga também inaplicável à natureza a esperar, no futuro, uma série de eventos semelhantes
matemática - reconhecendo-lhe embora o caráter de ‘aqueles que apareceram no passado. Sem a influência
verdadeira ciência - isto é, não acredita na do costume, ignoraríamos completamente toda questão
físicomatemática, à maneira de Galileu. de fato que está fora do alcance dos dados imediatos da
Segundo Locke só a experiência inscreve conteúdos: memória e dos sentidos.
Admitamos pois que, na origem, a alma é como que uma Nunca poderíamos saber como ajustar os meios em
tábua rasa, sem quaisquer caracteres, vazia de idéia função dos fins, nem como empregar nossas faculdades.
alguma: como adquire idéias? Por que meio recebe essa Além dos hábitos e costumes, ele defende que as
imensa quantidade que a imaginação do homem, sempre conclusões indutivas são percepções repetidas que nos
ativa e ilimitada, lhe apresenta com uma variedade chegam da experiência sensorial. Salta-se para uma
quase infinita? Onde vai ela buscar todos esses materiais conclusão geral, da qual não tem-se experiência
que fundamentam os seus raciocínios e os seus sensorial e a certeza das proposições que se re lacionam
conhecimentos? Respondo com uma palavra: à com fatos não é, portanto, fundada sobre o princípio de
experiência. contradição.
É essa a base de to dos os nossos conhecimentos e é nela Os conteúdos do conhecimento eram para Hume,
que assenta a sua origem. As observações que fazemos matérias de fato. Mas não se reduziam a isso. Eram
no que se refere a objetos exteriores e sensíveis ou as também relações entre as ideias. Estas podiam ser
que dizem respeito às operações interiores da nossa mantidas como puros entes da razão e suas relações
alma, que nós apercebemos e sobre as quais refletimos, lógicas desdobravam -se em outras mediante inspeção
dão ao espírito os materiais dos seus pensamentos. São racional.
essas as duas fontes em que se baseiam todas as idéias Sua teoria, até esse ponto não era original. De certa
que, de um ponto de vista natural, possuímos ou forma ela já se encontrava em Locke. Mas, foi com o
podemos vir a possuir. desenvolvimento da doutrina da causalidade que
Dando segmento a esta reflexão, analisa -se o terceiro alcançou sua originalidade. Segundo a doutrina da
pensador da corrente empirista, Hume (1999). Ele foi causalidade, a relação de causa e efeito nunca podia ser
considerado como o responsável pelo empirismo“ total”, conhecida a priori, isto é, com o puro raciocínio, mas por
pois recorreu a um princípio de que se servirá experiência.
largamente em todas as suas análises: o hábito, ou seja, Porém, a experiência não ensinava mais que sobre os
quando descobrimos uma certa semelhança entre ideias fatos que experimentava-se no passado e nada dizia
que por outros aspectos são diferentes, empregamos um acerca dos fatos futuros. E dado que, mesmo depois de
único nome para indicar. feita a experiência, a conexão entre a causa e o efeito
Forma-se assim no homem o hábito de considerar unidas permanecia arbitrária, esta conexão não poderia ser
de alguma maneira entre si as ideias designadas por um tomada como fundamento em nenhuma previsão, em
único nome. Dessa forma, o próprio nome suscitará em nenhum raciocínio para o futuro.
nós não uma só daquelas ideias, nem todas, mas o hábito Pois, o curso da natureza podia mudar, os laços causais
que se tem de considerá-las juntas e, por conseguinte, do presente podiam não ser verificados no futuro. Desse
uma ou outra, segundo a ocasião. modo, a experiência dizia respeito sempre ao passado,
Dessa maneira, ele é um empirista, no sentido que a nunca ao futuro e de acordo com seu pensamento:
percepção repetida e habitual de uma determinada Embora o fato de que as idéias diferentes estejam
impressão ou fato no s leva a elaborar ideias sobre os conectadas seja tão evidente para não ser percebido
fenômenos naturais, através de generalizações pela observação, creio que nenhum filósofo tentou
indutivas. enumerar ou classificar todos os princípios de
Esse princípio é o costume ou o hábito. Visto que todas associação, assunto que, todavia, parece digno de
as vezes que a repetição de um ato ou de uma atenção. Para mim, apenas há três princípios de conexão
determinada operação produz uma propensão a renovar entre ideias, a saber: de semelhança, de contigüidade –
o mesmo ato ou a mesma operação, sem ser impelida no tempo e no espaço – e de causa ou efeito.

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É através do hábito, que leva a crer, por exemplos que o modo, os empiristas são levados a privilegiar a
sol se levantará como sempre se levantou. É o hábito que experiência em detrimento da razão.
faz prever os efeitos da água ou do fogo ou de qualquer Para os empiristas modernos a mente é como que uma
outro fato ou acontecimento natural ou humano. É o espécie de receptáculo no qual se gravam as
hábito que guia toda vida cotidiana, dando segurança de “impressões” do mundo externo. Apesar da existência
que o curso da natureza não muda, mas se mantém igual de diferentes abordagens sobre o mesmo assunto, há
e constante, donde é possível regular-se com vista para algo comum a todos esses pensadores, que é a tendência
o futuro. de proporcionar uma explicação genética do
O hábito, como o instinto dos animais, é um guia infalível conhecimento e a usar termos como “sensação”,
para a prática da vida. Assim, partindo do hábito e da “impressão”, “idéia”.
associação de idéias é que se fundamenta a doutrina da De um modo geral, o empirismo defende que todas as
causalidade. idéias são provenientes de percepções sensoriais (visão,
Exemplificando, espera-se sempre ver a água ferver audição, tato, paladar, olfato). Em outras palavras, ditas
quando esta aquece é porque, segundo o pensamento por Locke nada vem à mente sem ter passado pelos
em questão, o aquecimento e ebulição sempre estiveram sentidos.
associados em experiência e essa associação determinou
hábito no homem.
EXERCÍCIO
Assim, segundo o pensador, a conclusão indutiva, por
maior que seja o número de percepções repetidas, não
possui fundamento lógico. Será sempre um salto do 01. (2015 – IF-RS/IF-RS) “Os ídolos e noções falsas que
raciocínio impulsionado pela crença. ora ocupam o intelecto humano e nele se acham
Questionando a validade lógica do raciocínio indutivo, o implantados não somente o obstruem a ponto de ser
grande valor desse pensamento foi ter deixado um difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de seu
importante problema para os epistemologistas o qual se pórtico logrado e descerrado, poderão ressurgir como
constitui: é ou não possível partir-se de experiência obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser
particulares para chegar -se a conclusões gerais, que os homens, já precavidos contra eles, se cuidem o
representadas pelas leis científicas? mais que possam." (BACON, F. Novum organum. 2.ed.
São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 20-21.) .
O pensamento empirista aqui analisado, sustenta que a
repetição de um fato não nos permite concluir, em Na sequência desse texto, o filósofo apresenta os
termos lógicos, que ele continuaria a repetir-se da “gêneros" dos ídolos “que bloqueiam a mente humana"
mesma forma, indefinidamente. (BACON, 1979, p. 21). Das alternativas abaixo, qual NÃO
corresponde aos ídolos expostos por Francis Bacon nesse
Pode-se admitir que a experiência passada dá somente
referido texto?
uma informação direta e segura sobre determinados
objetos em determinados períodos do tempo, dos quais a) Ídolos da Tribo.
ela teve conhecimento. Todavia, é esta a principal b) Ídolos da Caverna.
questão sobre a qual gostaria de insistir: porque esta
experiência tem de ser entendida a tempos futuros e a c) Ídolos do Foro.
outros objetos que, pelo que sabemos, unicamente são d) Ídolos da Empiria
similares em sua aparência.
e) Ídolos do Teatro.
Assim, revela o seu ceticismo teórico e recomenda que
os cientistas apresentem suas teses como probabilidades
GABARITO
lógicas e não como certezas irrefutáveis. De fato, os
01. D
empiristas, para justificarem a sua posição, vão buscar os
argumentos às ciências experimentais, à evolução do
pensamento e do conhecimento humanos. Ou seja, se as REFERÊNCIAS
ideias fossem inatas, como pretendem os racionalistas,
como justificar a sua ausência nas crianças?  PORTUGAL, CADJA ARAUJO.DISCUSSÃO SOBRE
EMPIRISMO E RACIONALISMO NO PROBLEMA DA
Por outro lado, nas ciências experimentais o ORIGEM DO CONHECIMENTO.
conhecimento resulta da observação dos fatos, na qual a
experiência desempenha um papel fundamental. Deste

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE E O PROCESSO DE Nesse entendimento, a escola é vista por Freire como um
ENINO-APRENDIZAGEM lugar especial, por ser um espaço de relações e
representações sociais. Assim, ela assume seu papel
como uma contribuição importante na transformação
CONHECENDO A BASE DO PENSAMENTO DE PAULO social. E, para que esta escola possa ser o local de
FREIRE múltiplas oportunidades de aprendizagem, vários
Atualmente, a educação brasileira enfrenta uma série de elementos devem ser compreendidos dentro de sua
desafios, os quais apontam para a necessidade de uma totalidade, sejam os alunos, professores, equipe gestora
escola que ofereça uma educação de qualidade social. e a comunidade escolar. Cada um deve se assumir
Neste sentido, Barreto (1998) descreve que: Na visão de enquanto sujeito neste processo de construção do
Paulo Freire, o conhecimento é produto das relações conhecimento e formação da cidadania.
dos seres humanos entre si e com o mundo. Nessa perspectiva, o diálogo é a base da comunicação;
Mediante o exposto, percebemos que o conhecimento é portanto, nesta relação dialógica, o homem age como
construído por intermédio das relações entre homem e sujeito e se humaniza. Deste modo, o educador deve se
mundo e estes devem se reconhecer para poderem ser posicionar, criticamente, frente à realidade durante o
sujeitos de sua própria história. ato de ensinar. Barreto (1998, p. 68) esclarece que a
“competência científica necessária, indispensável ao ato
Nesta perspectiva, a escola precisa desenvolver uma de ensinar, jamais é entendida pelo professor
pedagogia que contemple um currículo significativo e progressista como algo neutro. Temos de nos indagar a
contextualizado, para que o ensino e a aprendizagem de favor de quem e de que se acha nossa competência
fato se efetivem pautados em uma proposta política científica e técnica”.
pedagógica que esteja alicerçada, criticamente, na
realidade social, política e histórica. Assim, ensinar, numa perspectiva dialética, não é uma
simples transmissão ou repasse de conhecimento pelo
Gadotti (2007, p. 50) apresenta Paulo Freire como “um professor ao estudante, mas sim, “Saber que ensinar não
defensor da escola pública que é a escola da maioria, das é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
periferias, dos cidadãos que só podem contar com ela. A para a sua própria produção ou construção” (FREIRE,
escola pública do futuro, numa visão cidadã freireana, 1996, p. 47).
tem por objetivo oferecer possibilidades concretas de
libertação para todos”.

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No que se refere à construção de conhecimento pelo


professor e estudante, Freire (1987) elucida que há duas
concepções de educação:
a) a educação bancária e
b) a educação problematizadora e libertadora.

Portanto, a educação para Freire (1987), deve ser


problematizadora e responder a essência do ser da
consciência, a sua intencionalidade. A educação
a) A educação bancária é a postura do educador como libertadora, problematizadora, desconsidera o ato de
sujeito do processo ensino/aprendizagem em depositar conhecimentos e valores aos educandos, ao
detrimento do saber do aluno; sendo que este é contrário, a educação bancária nega a dialogicidade
considerado um mero receptor de conteúdos e como essência da educação.
conhecimentos a serem depositados mecanicamente.
b) A educação problematizadora e libertadora é aquela
que rompe com os sistemas verticais característicos da
educação bancária e fundamenta-se na perspectiva do
diálogo. Deste modo, o educador não é mais apenas o
que educa, mas sim o que quando educa é educado
(FREIRE,1987).

Nessa concepção de educação bancária, o professor se


torna um mero depositador, cabendo aos alunos guardar
e arquivar os conhecimentos, se tornando alienados, o
que inviabiliza o poder criador e a criticidade dos Assim, “não podíamos compreender, numa sociedade
educandos, só tendo interesse aos opressores, para os dinamicamente em fase de transição, uma educação que
quais a educação se torna um instrumento de dominação levasse o homem as posições quietistas ao invés daquela
e alienação. que levasse à procura da verdade em comum, “ouvindo,
perguntando, investigando” (freire, 2002, p.98).

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Assim, “não podíamos compreender, numa sociedade


dinamicamente em fase de transição, uma educação que
levasse o homem as posições quietistas ao invés daquela
que levasse à procura da verdade em comum, “ouvindo,
perguntando, investigando” (FREIRE, 2002, p.98).
Nesta direção, é possível perceber que Freire
compreende “que ninguém educa ninguém, como Portanto, compete ao professor, desenvolver uma
tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se prática educativa pautada no diálogo, em que a
educam em comunhão, mediatizados pelo mundo. construção do conhecimento deve se dar numa relação,
Mediatizados pelos objetos cognoscíveis que, na prática em que o professor e o estudante reflitam sobre o objeto
“bancária”, são possuídos pelo educador que os descreve do conhecimento.
ou os deposita nos educandos passivos” (FREIRE, 1987,
p. 69). Ao considerar o diálogo como forma de caráter
democrático, Shor (1986, p. 66) ressalta que“[...] a
Para o citado autor, a educação problematizadora requer abertura do educador dialógico a sua própria
um professor e estudantes como seres cognocentes, pois reaprendizagem recobre o uso do diálogo de caráter
ambos constroem conhecimento durante o processo de democrático”. Ademais, Shor (1986) reafirma que a
ensino e buscam uma prática educativa democrática. educação dialógica enfatiza o desenvolvimento de
Freire (1995,p. 79) argumenta que “o papel do educador relações democráticas na escola e, portanto, na
progressista, é desafiar a curiosidade ingênua do sociedade.
educando para, com ele, partejar a criticidade”.
Portanto, cabe ao educador desafiar o educando a ParaFreire (1987) não há diálogo, se não houver um
discutir o conteúdo proposto no sentido social, profundo amor ao mundo e aos homens. O autor
ideológico e político. considera que o amor é diálogo, e este deve ser revestido
de humildade, pois deve abrir a contribuição ao outro. O
Barreto (1998) aponta que Paulo Freire foi o primeiro diálogo deve ocorrer numa relação horizontal, em que
educador a defender que não existe educação que seja sem diálogo não há educação. Esta busca por uma
politicamente neutra, a educação numa sociedade de relação dialógica deve ser iniciada na busca do conteúdo
classes serve a diferentes interesses. Assim, constata-se programático. Logo, “é na realidade mediatizadora, na
a necessidade de o professor assumir a politicidade do consciência que dela temos, educadores e povo, que
ato educativo “ensinar do ponto de vista progressista, iremos buscar o conteúdo programático da
não pode reduzir-se a um puro ensinar aos alunos a educação”(FREIRE, 1987,p.87)
aprender através de uma operação em que o objeto do
conhecimento fosse o ato mesmo de aprender” Esta busca por uma relação dialógica deve ser iniciada na
(BARRETO, 1998,p.69). busca do conteúdo programático. Logo, “é na realidade
mediatizadora, na consciência que dela temos,
educadores e povo, que iremos buscar o conteúdo
programático da educação”(FREIRE, 1987,p. 87).

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Para Freire (1996), é importante valorizar os diferentes


saberes, uma vez que eles [...] remetem a uma reflexão
contínua no exercício docente, evitando assim uma
postura mecanicista por parte do professor, ou seja, [...]
que o ensino não resume em transferir conhecimentos,
conteúdos nem formar, é ação pela qual um sujeito
criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e
acomodado. (FREIRE,1996, p. 23).
Nesse sentido, cabe ao professor, entender que ensinar
não é somente um repasse de conhecimentos pré-
estabelecidos convencionalmente, e sim assumir uma
postura de mediação entre o sujeito e o objeto do
conhecimento de forma dialógica. Portanto, compete ao
professor, conforme Freire (1996), desenvolver em seus
educandos a autonomia de ser e de saber, respeitando-
o como sujeito social e histórico.

Desse modo, na busca do conteúdo programático o


educador precisa promover o diálogo e este deve
promover uma educação como prática de liberdade.
Deve-se buscar, no universo temático do educando, os
temas de seu interesse, a partir do seu contexto social,
político e ideológico, orientar a sua visão de mundo e
extrair os temas geradores, portanto “é importante
reenfatizar que o “tema gerador” não se encontra nos
homens isolados da realidade, nem tampouco na Ainda, no entendimento de Freire (1996), “Ensinar exige
realidade separada dos homens. Só pode ser respeito aos saberes dos educandos”, em que os
compreendido nas relações homens-mundo.” (FREIRE, envolvidos no processo ensino aprendizagem respeitem
1987, p.56) os saberes socialmente construídos na prática
comunitária, sempre observando os conteúdos
curriculares, para que o educador possa partir do
PAULO FREIRE E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM
contexto e das experiências dos próprios educandos.
Os estudos sobre Paulo Freire mostram que, na condição
Neste sentido, Freire (1987) propõe a busca do conteúdo
de educador, o autor buscou construir uma prática
programático a partir das relações educador e educando,
educativa que pudesse desenvolver a autonomia de seus
mediatizados nas relações homem-mundo.
educandos inseridos na sociedade, na qual precisam
compreendê-la e transformá-la. Assim, não se pode Nesta perspectiva, a busca do conteúdo programático
entender o pensamento pedagógico de Paulo Freire deve ocorrer por meio do diálogo, na investigação do
descolado de um projeto social e político. universo temático do educando, extraindo assim os
temas geradores.
Considerando as ideais defendidas por Freire (1996), o
papel do educador e da escola precisa contemplar Assim, os temas geradores devem proporcionar uma
diversos saberes necessários à prática educativa, com o riqueza de discussão, permitindo assim a análise da sua
intuito de contribuir para a construção da escola e do constituição histórica, seu significado e sua pluralidade e
educando e, consequentemente, do ensino e da portanto contribuir para uma prática de educação
aprendizagem. libertadora.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

Neste sentido, é que a investigação do “tema gerador”, As etapas do método são:


que se encontra contido no “universo temático mínimo”
1ª Etapa: Investigação Temática: nessa etapa, o
(os temas geradores em interação) se realizada por meio
professor, com os alunos, busca o seu universo vocabular
de uma metodologia conscientizadora, além de nos
e também a comunidade onde vivem;
possibilitar sua apreensão, insere ou começa a inserir os
homens em uma forma crítica de pensarem seu mundo 2ª Etapa: Tematização: nesse momento, procuram-se os
(FREIRE, 1987, p.55). temas geradores e as palavras geradoras e se faz uma
seleção;
Portanto, compete ao educador/investigador
desenvolver a metodologia de Paulo Freire a buscados 3ª Etapa: Problematização: nessa etapa, é papel do
temas geradores e posteriormente as palavras geradoras professor desafiar o aluno a superar sua visão, que
considerando a realidade dos educandos como ponto de primeiramente é ingênua, e fazer com que ele passe a ter
partida do processo educativo, ou seja, uma metodologia uma visão crítica, ou seja, tenha uma postura consciente.
que superasse o modelo tradicional de educação, a qual Depois que é feita a investigação de conhecimento do
apenas o educador detém o conhecimento. que o aluno traz em sua “bagagem”, é importante
Assim, Paulo Freire defendia uma alfabetização em que lembrar que a seleção das palavras geradoras deve
o educador deixava de lado o saber pronto, para uma seguir alguns critérios:
educação pautada numa relação dialógica, centrada no a) Elas devem necessariamente estar inseridas no
pensar. (Barreto,1998). contexto social dos educandos.
Desse modo, para Barreto (1998) após o material b) Elas devem ter um teor pragmático, ou melhor, as
pesquisado, ou seja, o levantamento dos temas palavras devem abrigar uma pluralidade de engajamento
geradores, a escolha das palavras geradoras deveriam numa dada realidade social, cultural, política etc...
refletir situações existenciais da realidade e da própria
vida dos alfabetizandos e atender aos critérios, como a c) Elas devem ser selecionadas de maneira que sua
riqueza fonética, apresentar todas as dificuldades sequência englobe todos os fonemas da língua, para que
fonéticas e terem teor pragmático, permitindo sua com seu estudo sejam trabalhadas todas as dificuldades
contextualização social, política e cultural. fonéticas.

Assim, por meio do debate, do diálogo entre educador e


educandos, as palavras geradoras eram apresentadas em A seleção das palavras precisa ser em conjunto, mas cabe
fichas, sendo tematizadas e problematizadas, por meio ao professor fazer uma seleção gradual, em que os
de situações problemas, planejadas e conduzidas pelo fonemas possam ser trabalhados, e fazer o aluno
educador em uma relação dialógica e crítica. perceber a relação das letras e sílabas com o som que é
transmitido; fazer com que o educando registre as
palavras que vai aprendendo e desafiá-lo a construir
novas palavras e levar o aluno a compará-las com as que
ele já conhece, observando as semelhanças e as
diferenças entre elas.

Vejamos agora as fases de aplicação do método.


A aplicação é proposta em cinco fases:
1ª Fase: levantamento do universo vocabular dos grupos
com quem se trabalhará. Essa fase se constitui num
importante momento de pesquisa e conhecimento do
grupo, aproximando educador e educando numa seleção
Como é o Método Paulo Freire? mais informal e, portanto mais carregada de
sentimentos e emoções. É igualmente importante para o
O método tem três etapas ou momentos e cinco fases de contato mais aproximado com a linguagem, com os
aplicação. falares típicos do povo.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

2ª Fase: escolha das palavras selecionadas do universo O “Método Paulo Freire” contém três etapas ou
vocabular pesquisado. Como já afirmamos momentos que são essenciais para se construir o
anteriormente, esta escolha deverá ser feita sob os conhecimento sobre a realidade dos educandos e cinco
critérios: a) da riqueza fonética; b) das dificuldades; c) do fases em que o professor consegue trabalhar com essa
teor pragmático da palavra, ou seja, na pluralidade de realidade em sala de aula.
engajamento da palavra numa dada realidade social,
Como o próprio Paulo Freire afirma, sua metodologia
cultural, política etc...
não é um método de ensino, mas sim um método de
3ª Fase: criação de situações existenciais típicas do grupo conhecimento.
com quem se vai trabalhar. São situações desafiadoras,
E não podemos deixar de lembrar que o “Método Paulo
codificadas e carregadas de elementos que serão
Freire” continua até os nossos dias e está sempre
descodificados pelo grupo com a mediação do educador.
evoluindo entre os que trabalham com as ideias do
São situações locais que discutidas abrem perspectivas
educador.
para análise de problemas regionais e nacionais.
É importante enfatizar, também, que é preciso recriar
4ª Fase: elaboração de fichas-roteiro que auxiliem os
constantemente a prática educativa, ou seja, recriar o
coordenadores de debate no seu trabalho. São fichas que
método, pois cada grupo de alunos irá trazer novas
deverão servir como subsídios, mas sem uma prescrição
ideias, experiências, vivências e, consequentemente,
rígida a seguir.
novos conhecimentos.
5ª Fase: elaboração de fichas com a decomposição das
Outro aspecto descrito por Freire (1996), sobre o saber
famílias fonéticas correspondentes aos vocábulos
necessário à prática educativa, é a exigência de reflexão
geradores. Esse material poderá ser confeccionado na
crítica sobre a prática, sendo que:
forma de slides, stripp-filmes (fotogramas) ou cartazes.
a prática docente crítica, implicante do pensar certo,
envolve movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e
o pensar sobre o fazer. O saber que a prática docente
espontânea ou quase espontânea, “desarmada”,
indiscutivelmente produz é um saber ingênuo, um saber
de experiência feito, a que falta a rigorosidade metódica
que caracteriza a curiosidade epistemológica do sujeito.
Este não é o saber que a rigorosidade do pensar certo
procura (FREIRE, 1996, p. 38).
Portanto, no entendimento de Freire (1996), há uma
necessidade de reflexão crítica sobre a prática educativa,
e que esta precisa ser pautada na experiência dos
educandos e dos professores, para que estes se
assumam como seres históricos e sociais, que criticam,
que opinam, haja vista que a educação nunca deve ser
A proposta de metodologia abordada por Paulo Freire neutra e sim política; representando, assim, uma forma
para os Jovens e Adultos foi inovadora; além de não de transformação da realidade.
seguir um método mecânico, ele utilizou outros tipos de Para o desenvolvimento desta prática docente crítica, o
linguagens, mais especificamente, as linguagens autor afirma que o professor deve estar em formação
multimídia, com gravuras e materiais audiovisuais, que permanente, numa perspectiva crítica, pois“(...) o que
colaboram no desenvolvimento da aprendizagem. forma se forma e reforma ao formar e quem é formado
Apesar de Paulo Freire não gostar de utilizar a expressão forma-se e forma ao ser formado” (FREIRE, 1996, p.23).
“Método Paulo Freire”, ela passou a ser utilizada e a ser Para o autor, o educador deve assumir uma postura
uma referência na prática educativa e a expressão progressista, respeitando o saber do educando, sendo
acabou se fixando nos discursos de professores e necessário que o educador observe a realidade que está
estudiosos da área e, na realidade, passou a ser chamada inserido, incluindo, nos seus conteúdos programáticos, o
de método por seguir etapas e fases, que dão a ideia de seu contexto sociocultural e econômico numa
um caminho a ser seguido. perspectiva dialógica.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

A relação dialógica, no entendimento de Freire “reduzir sua prática docente ao puro ensino de
(1996),não anula o ato de ensinar, e sim converge na conteúdos[...]. Tão importante quanto o ensino de
ampliação de oportunidades de aprendizagens conteúdos é aminha consciência de classe.
construídas, dialeticamente, na relação professor aluno
A coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço”
e objeto de conhecimento, seja esta criança, jovem ou
(FREIRE, 1996, p.103). Isto é, no processo
adulto. Nesta perspectiva dialógica, o ato de ensinar
ensino/aprendizagem, é relevante que o professor não
exige respeito à autonomia e dignidade do ser do
fique limitado somente ao ensino de conteúdos, mas sim
educando; por isto, o professor precisa assumir uma
de despertar no alunado a consciência de classe, tão
postura democrática.
ressaltada pelos ideais freireanos.
Diante do exposto, o que se percebe é que a postura
A partir daí mostrou a necessidade de distinguir, na
progressista do professor requer que ele incentive o
pluralidade das culturas, as humanizadoras das
educando para ser o sujeito do processo educativo,
desumanizadoras, diante das quais não se pode ser
tornando-o crítico e autônomo. Portanto, o professor
tolerante. Para Marcuse (1970, p. 86-8), a autêntica
deve se posicionar na função de mediador do processo
tolerância é sempre libertadora da violência e da
ensino/aprendizagem, contribuindo com a construção
opressão. Ao contrário, a tolerância passiva é a atitude
efetiva do conhecimento.
de resignação diante da opressão e das desigualdades
Paulo Freire (1987) demonstra que o princípio sociais. A tolerância, nesse sentido, passa a ser sinônimo
fundamental da relação professor-aluno é o diálogo, por de omissão diante do sistema opressor e injusto. É uma
conseguinte a ausência deste critério leva a um falsa tolerância, bastante comum em sociedades
autoritarismo; negando, assim, a aprendizagem da marcadas por forte desigualdade social.
democracia e a transformação da sociedade. Esta relação
Freire (1991) descreve sobre o período que assumiu a
deve partir do reconhecimento das condições sociais,
gestão municipal em São Paulo, evidenciando a
culturais, econômicas dos alunos inseridos em suas
preocupação de que “mudar a cara da escola implica
comunidades.
também ouvir meninos e meninas, sociedades de bairro,
O pensamento freireano buscou compreender o homem pais, mães, diretoras de escolas, delegados de ensino,
e suas relações. Deste modo, preocupou-se em discutir a professores, supervisoras, comunidade científica
educação brasileira desde a década de 1960, pensando [...].Não se muda a cara da escola por uma vontade do
meios de torná-la melhor numa perspectiva libertadora secretário” (FREIRE,1991, p.95).
e progressista.
Com efeito, isso também implica que não se altera o ato
Nesse sentido, Saviani (2008) apresenta o legado e a de ensinar e de aprender pela simples vontade política,
contribuição de Paulo Freire na condição de educador partindo de decisões da classe dominante; antes, porém,
comprometido com os ideais de uma educação deve acatar e respeitar outras vozes: comunidade
libertadora e transformadora. As contribuições de Paulo escolar (aluno, pais, professor, coordenador, gestor) e
Freire preconizam saberes essenciais à prática educativa, comunidade local.
os quais devem fazer parte do cotidiano das escolas
Dentre tantas ações desenvolvidas por Freire (1991), é
brasileiras e incorporados pelos educadores.
imprescindível observar as suas convicções e
Para Freire (1996), o professor/educador deve-se pressupostos referentes à educação, destacando o
assumir-se como ser social, histórico, crítico e pensante, diálogo e a participação de todos os envolvidos no
capaz de transformar as relações escolares em espaços âmbito escolar e da administração, bem como a
de pleno exercício e vivência da autonomia e da preocupação com a formação permanente do professor.
cidadania. Desta forma, não há prática docente sem
Nas palavras de Gadotti (2007) É assim que entendo a
discente, e esta relação deve ser uma forma de
preocupação de Paulo Freire em apontar os saberes
“intervenção que além do conhecimento dos conteúdos,
necessários à prática educativa crítica. Ele é muito
bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o
exigente em relação a esse profissional insubstituível.
esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o
seu desmascaramento” (FREIRE, 1996, p. 98). Em Pedagogia da autonomia ele sustenta que, para ser
professor, é necessário: rigorosidade metódica,
À luz dos pressupostos freireanos, não há dúvidas de que
pesquisa, respeito aos saberes dos educandos,
a educação precisa compreender a sociedade e suas
criticidade, ética e estética, corporificar as palavras pelo
formas de organização política e social, afim de entender
exemplo, assumir riscos, aceitar o novo, rejeitar
o contexto das forças dominantes nela inserida e a
consciência de classe. Assim, o professor não deve

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

qualquer forma de discriminação, reflexão crítica sobre EXERCÍCIO


prática(...) (GADOTTI, 2007,p. 42).

01. (2020 – IBADE/PREFEITURA DE LINHARES-ES) Paulo


Freire, desde cedo, conheceu o fenômeno histórico das
contradições sociais no Brasil. Para ele, “a primeira
condição para que um ser humano possa assumir um ato
comprometido, está em ser capaz de agir e refletir.”
Por isso, a ação educativa só se torna consciente e
participativa, quando os excluídos sociais são capazes de
compreender a sua própria historicidade, a sua própria
identidade.
Para Paulo Freire, de nada vale sabe ler e escrever, se:
a) a realidade histórica de cada um permanecer
inalterada
b) o indivíduo não conseguir ter um bom emprego.
c) a pessoa não tiver também um preparo técnico.
d) o estudante não tiver para quem ler ou escrever.
e) o ser humano não realizar feitos realmente dignos.

02. (2019 – FGV/PREFEITURA DE ANGRA DOS REIS-RJ)

Para Gadotti (2007), corroborando com as ideias de


Freire(1996), o professor tem um papel fundamental e
relevante no processo ensino aprendizagem, que ensinar
não é meramente a transferência de conteúdos, e sim a
criação de possibilidades de apreensão por parte dos
educandos. Nesse contexto, o professor deve apoiar o
educando para que ele mesmo supere suas dificuldades,
na busca permanente pelo conhecimento, pautada nos
saberes necessários a sua prática educativa
É possível perceber que os estudos de Freire A imagem acima critica um certo modelo de ensino,
representam um marco importante na educação porque ele desrespeita a
brasileira, principalmente no que se refere ao processo
ensino/aprendizagem, cujo legado freireano contribuiu a) liberdade de religião.
incessante por uma educação mais ética, dialógica, b) hierarquia da escola.
democrática e justa; ademais, educar com esses critérios,
c) igualdade de gênero.
exige respeito, humildade, conhecimento e luta por
parte do professor. d) proporcionalidade racial.
e) diversidade de pensamento

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

03. (2019 – FUNDATEC/PREFEITURA DE SAPUCAI DO SUL- A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL: CONCEPÇÕES E


RS) Na pedagogia de Paulo Freire, os denominados FINALIDADES.
“temas geradores” são extraídos:
a) Da cultura universal.
b) Dos livros didáticos oficiais.
O termo regime de colaboração é usado para o trabalho
c) Da prática de vida dos educandos articulado, coordenado e institucionalizado entre entes
federados (União, estados, Distrito Federal e municípios)
d) Do Plano de Curso.
para garantir o direito à Educação Básica.
e) Pelo professor, de forma prévia.
Com ele, as esferas de governo tem responsabilidade
conjunta pelos estudantes daquele território e não
apenas por redes ou sistemas educacionais específicos.
GABARITO A atual estrutura e funcionamento da educação
01. A 02. E 03. C brasileira decorre da aprovação da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (Lei n.º 9.394/96), que, por sua vez,
vincula-se às diretrizes gerais da Constituição Federal de
REFERÊNCIAS 1988, bem como às respectivas Emendas Constitucionais
 MELO, Viviane Pereira da Silva. A CONTRIBUIÇÃO DE em vigor.
PAULO FREIRE No decorrer da exposição de cada um dos níveis e
 NO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM. DISPONÍVEL modalidades de ensino, será possível observar o caráter
EM: flexível da legislação educacional vigente, levando-se em
 http://www.aphonsiano.edu.br/novoportal/aphonci conta a autonomia conferida aos sistemas de ensino e às
encia/artigos/A%20CONTRIBUI%C3%87%C3%83O%2 suas respectivas redes.
0DE%20PAULO%20FREIRE%20C.pdf. ACESSO EM: 05.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA EDUCACIONAL
JUL. 2020.
Níveis e modalidades de ensino
De acordo com o art. 21 da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96), a educação escolar
compõe-se de:
I- Educação básica, formada pela educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio;
II- Educação superior.
A educação básica «tem por finalidade desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-
lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores» (art. 22). Ela pode ser oferecida no ensino
regular e nas modalidades de educação de jovens e
adultos, educação especial e educação profissional,
sendo que esta última pode ser também uma
www.lojadoconcurseiro.com.br modalidade da educação superior.
A educação infantil, primeira etapa da educação básica,
tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança até cinco anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação
da família e da comunidade» (art. 29). A educação
infantil é oferecida em creches, para crianças de zero a
três anos de idade, e pré-escolas, para crianças de quatro
a cinco anos.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

O ensino fundamental, cujo objetivo maior é a formação No que se refere às modalidades de ensino que
básica do cidadão, tem duração de nove anos e é permeiam os níveis anteriormente citados, tem-se:
obrigatório e gratuito na escola pública a partir dos seis Educação especial: oferecida, preferencialmente, na
anos de idade. A oferta do ensino fundamental deve ser rede regular de ensino, para educandos portadores de
gratuita também aos que a ele não tiveram acesso na necessidades especiais.
idade própria.
Educação de jovens e adultos: destinada àqueles que não
O ensino médio, etapa final da educação básica, objetiva tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
a consolidação e aprofundamento dos objetivos fundamental e médio na idade própria.
adquiridos no ensino fundamental.
Educação profissional: que, integrada às diferentes
Tem a duração mínima de três anos, com ingresso a formas de educação, ao trabalho, à ciência e à
partir dos quinze anos de idade. Embora atualmente a tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de
matrícula neste nível de ensino não seja obrigatória, a aptidões para a vida produtiva. É destinada ao aluno
Constituição Federal de 1988 determina a progressiva matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e
extensão da obrigatoriedade e gratuidade da sua oferta. superior, bem como ao trabalhador em geral, jovem ou
adulto (art. 39).
A Educação do Campo, construída num espaço de lutas
dos movimentos sociais e sindicais do campo, é traduzida
como uma “concepção político pedagógica, voltada para
dinamizar a ligação dos seres humanos com a produção
das condições de existência social, na relação com a terra
e o meio ambiente, incorporando os povos e o espaço da
floresta, da pecuária, das minas, da agricultura, os
pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos, quilombolas, indígenas
e extrativistas” (CNE/MEC, 2002).
Além dos níveis e modalidades de ensino apresentados,
no Brasil, devido à existência de comunidades indígenas
em algumas regiões, há a oferta de educação escolar
bilíngue e intercultural aos povos indígenas.
NÍVES E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E DE ENSINO Esta tem por objetivos:
I- proporcionar aos índios, suas comunidades e
EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO MODALIDADES povos, a recuperação de suas memórias históricas; a
BÁSICA ESCOLAR DE ENSINO reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização
de suas línguas e ciências;
EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO À II- garantir aos índios, suas comunidades e povos, o
INFANTIL INFANTIL DISTÂNCIA acesso às informações, conhecimentos técnicos e
científicos da sociedade nacional e demais sociedades
EDUCAÇÃO EDUCALÇÃO EDUCAÇÃO indígenas e não-índias. (art. 78).
FUNDAMENTAL FUNDAMENTAL ESPECIAL
Educação Quilombola: Essa modalidade legitimou-se
pelo processo histórico de luta e resistência dos povos
EDUCAÇÃO
ENSINO MÉDIO negros e quilombolas, seus valores civilizatórios afro-
PROFISSIONAL
brasileiros e a política de pertencimento étnico, político
e cultural.
EDUCAÇÃO
DE JOVENS E Destina-se ao atendimento educacional diferenciado das
ENSINO MÉDIO ADULTOS populações quilombolas rurais e urbanas e deve ser
ENSINO garantido pelo poder público e organizado em
SUPERIOR articulação com as comunidades quilombolas e os
EDUCAÇÃO movimentos sociais. Por escola quilombola entende-se
DO CAMPO somente aquela localizada em território quilombola.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

CALENDÁRIOS E HORÁRIOS ESCOLARES, GERAIS E POR Artigo 8° - A União, os Estados, o Distrito Federal e os
NÍVEL municípios organizarão, em regime de colaboração, os
respectivos sistemas de ensino.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional define
para a educação básica, nos níveis fundamental e médio, §1° - Caberá à União a coordenação da política nacional
a carga horária mínima anual de oitocentas horas, de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas
distribuídas por um mínimo de duzentos dias letivos de e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva
efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado em relação às demais instâncias educacionais.
para os exames finais; para a educação superior, o ano
§2° - Os sistemas de ensino terão liberdade de
letivo regular tem a duração de, no mínimo, duzentos
organização nos termos desta Lei. (BRASIL, 1996b).
dias de efetivo trabalho acadêmico, também excluído o
tempo destinado aos exames finais. O Art. 9° da LDB define as responsabilidades da União,
aqui entendida como governo central ou governo
Para o cumprimento da carga horária mínima, tanto na
federal:
educação básica como na educação superior, o ano letivo
escolar inicia-se em fevereiro e termina em dezembro, Artigo 9° - A União incumbir-se-á de:
com interrupção de uma ou duas semanas nos meses de  elaborar o Plano Nacional de Educação, em
julho e dezembro, para o recesso escolar, e durante o colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
mês de janeiro, para as férias escolares. municípios;
Essas definições são seguidas em todo o país, com
 organizar, manter e desenvolver os órgãos e
algumas modificações condicionadas às normas de cada
instituições oficiais do sistema federal de ensino e o
rede e/ou instituição escolar. No entanto, a legislação é
dos Territórios;
bastante flexível em termos de adequação do calendário
escolar às peculiaridades locais, inclusive climáticas e  prestar assistência técnica e financeira aos Estados,
econômicas. Sendo assim, algumas localidades iniciam ao Distrito Federal e aos municípios para o
suas atividades escolares em períodos diferenciados dos desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o
anteriormente descritos. atendimento prioritário à escolaridade obrigatória,
exercendo sua função redistributiva e supletiva;
Quanto aos horários escolares, a oferta do ensino é feita,
geralmente, nos três turnos: matutino, vespertino e  estabelecer, em colaboração com os Estados, o
noturno. Apesar de algumas variações em termos de Distrito Federal e os municípios;
horário escolar dentro da diversidade da educação
 estabelecer, em colaboração com os Estados, o
brasileira, tem-se, geralmente: período matutino, das 7h
Distrito Federal e os municípios;
às 12h; período vespertino, das 13h às 18h; período
noturno, das 19h às 23h.  coletar, analisar e disseminar informações sobre a
educação;
A LDB define que, para o ensino fundamental, seja
cumprida a jornada escolar de, pelo menos, quatro horas  assegurar processo nacional de avaliação do
de trabalho efetivo em sala de aula (art. 34); além disso, rendimento escolar no ensino fundamental, médio e
ela prevê a progressiva ampliação do período de superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
permanência do aluno na escola, à medida que se objetivando a definição de prioridades e a melhoria
concretize a universalização desse nível de ensino, e da qualidade do ensino;
determina que este seja, progressivamente, ministrado
 baixar normas gerais sobre cursos de graduação e
em tempo integral. Apesar de existirem escolas que já
pós-graduação;
adotem esta modalidade de jornada escolar, o seu
número ainda é bastante reduzido.  assegurar processo nacional de avaliação das
instituições de educação superior, com a cooperação
dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre
A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL NA LDB este nível de ensino;
O Art. 8° da LDB trata da organização geral dos sistemas  autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
de ensino pelas várias esferas administrativas, nos avaliar, respectivamente, os cursos das instituições
seguintes termos: de educação superior e os estabelecimentos do seu
sistema de ensino. (BRASIL, 1996b).

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

O Art. 10 da LDB define as responsabilidades dos Parágrafo único. Os municípios poderão optar, ainda,
Estados, nos seguintes termos: por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor
com ele um sistema único de educação básica. (BRASIL,
Artigo 10 - Os Estados incumbir-se-ão de:
1996b).
 organizar, manter e desenvolver os órgãos e
Artigo 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas
instituições oficiais dos seus sistemas de ensino;
as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão
 definir, com os municípios, formas de colaboração na a incumbência de:
oferta de ensino fundamental, as quais devem
 elaborar e executar sua proposta pedagógica;
assegurar a distribuição proporcional das
responsabilidades, de acordo com a população a ser  administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
atendida e os recursos financeiros disponíveis em financeiros;
cada uma dessas esferas do Poder Público;
 assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-
 elaborar e executar políticas e planos educacionais, aula estabelecidas;
em consonância com as diretrizes e planos nacionais
 velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada
de educação, integrando e coordenando as suas
docente;
ações e as dos seus municípios;
 prover meios para a recuperação dos alunos de
 autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
menor rendimento;
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
educação superior e os estabelecimentos do seu  articular-se com as famílias e a comunidade, criando
sistema de ensino; processos de integração da sociedade com a escola;
 baixar normas complementares para o seu sistema de  informar os pais e responsáveis sobre a frequência e
ensino; o rendimento dos alunos, bem como sobre a
execução de sua proposta pedagógica. (BRASIL,
 assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
1996b).
prioridade, o ensino médio.
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as
competências referentes aos Estados e municípios.  participar da elaboração da proposta pedagógica do
(BRASIL, 1996b). estabelecimento de ensino:
Art. 11 define as responsabilidades dos municípios nos  elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a
seguintes termos: proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
Artigo 11 - Os municípios incumbir-se-ão de:  zelar pela aprendizagem dos alunos;
 organizar, manter e desenvolver os órgãos e  velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada
instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, docente;
integrando-os às políticas e planos educacionais da
 ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos,
União e dos Estados;
além de participar integralmente dos períodos
 exercer ação redistributiva em relação às suas dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
escolas; desenvolvimento profissional;
 baixar normas complementares para o seu sistema de  colaborar com as atividades de articulação da escola
ensino; com as famílias e a comunidade. (BRASIL, 1996b).
 autorizar, credenciar e supervisionar os O Art. 14 da LDB delega aos sistemas a elaboração das
estabelecimentos do seu sistema de ensino. normas de gestão do ensino (de novo, só o público) na
educação básica, respeitando as peculiaridades desses
 oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas,
sistemas, mas definindo os princípios a serem
e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a
considerados:
atuação em outros níveis de ensino somente quando
estiverem atendidas plenamente as necessidades de Artigo 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas de
sua área de competência e com recursos acima dos gestão democrática do ensino público na educação
percentuais mínimos vinculados pela Constituição básica, de acordo com as peculiaridades e conforme os
Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. seguintes princípios:

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

 participação dos profissionais da educação na EXERCÍCIO


elaboração do projeto pedagógico da escola;
 participação das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996b). 01 (2019 - FUNDATEC/PREFEITURA DE SANTA ROSA-RS)
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Artigo 17 - Os sistemas de ensino dos Estados e do Nacional, o sistema federal de ensino compreende:
Distrito Federal compreendem:
I. As instituições de ensino mantidas pela União
 as instituições de ensino mantidas, respectivamente,
pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; II. As instituições de educação superior criadas e
 as instituições de educação superior mantidas pelo mantidas pela iniciativa pública.
Poder Público municipal; III. Os órgãos federais de educação
 as instituições de ensino fundamental e médio criadas Quais estão corretas?
e mantidas pela iniciativa privada;
a) Apenas I.
 os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
respectivamente. b) Apenas II.
Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de c) Apenas III.
educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa d) Apenas I e III
privada, integram seu sistema de ensino. (BRASIL, I996b).
e) I, II e III.
Art. 19 da LDB trata da classificação das instituições de
ensino em duas categorias de caráter administrativo,
desta forma: 02 (2018 - IF-TO/IF-TO) A respeito dos níveis da educação
Artigo 19 - As instituições de ensino dos diferentes níveis brasileira, e nos termos da legislação vigente, é possível
classificam-se nas seguintes categorias administrativas: afirmar que a Educação Básica compreende:
 públicas, assim entendidas as criadas ou a) Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio
incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder
Público; b) Ensino Médio e Educação Superior.

 privadas, assim entendidas as mantidas e c) Ensino Fundamental e Ensino Médio.


administradas por pessoas físicas ou jurídicas de d) Educação Infantil e Ensino Fundamental.
direito privado. (BRASIL, 1996b).
e) Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação
O Art. 20 da LDB define o enquadramento das Superior.
instituições privadas de ensino em quatro categorias, nos
seguintes termos:
Artigo 20 - As instituições privadas de ensino se
enquadrarão nas seguintes categorias: GABARITO
 particulares em sentido estrito, assim entendidas as 01. D 02. A
que são instituídas e mantidas por uma ou mais
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não
REFERÊNCIAS
apresentem as características dos incisos abaixo;
 comunitárias, assim entendidas as que são instituídas  LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de;
por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas,
pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2012.
professores e alunos que incluam na sua entidade  SISTEMA EDUCATIVO NACIONAL DE BRASIL.
mantenedora representantes da comunidade; DISPONÍVEL EM:
 confessionais, assim entendidas as que são instituídas file:///E:/estrutura%20do%20sistema%20educacion
por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais al.pdf. ACESSO EM: 11 MAR. 2020.
pessoas jurídicas que atendem a orientação
confessional e ideologia específicas e ao disposto no
inciso anterior:
 filantrópicas, na forma da lei. (BRASIL, 1996b).

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CONHECIMENTO ESPECÍFICO 02

www.lojadoconcurseiro.com.br

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