Você está na página 1de 19

CURRÍCULO

E DESAFIOS
CONTEMPORÂNEOS

Carlos Gustavo Lopes da Silva


A BNCC e a formação
do currículo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir a BNCC na política nacional.


 Explicar a estrutura da BNCC e sua relação com a formação dos currículos.
 Organizar as etapas de um currículo a partir da BNCC.

Introdução
A Constituição Federal de 1988 estabelece o direito à educação para
todos, assegurado como dever do Estado e da família, e determina que
sejam fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental a fim de
garantir uma formação básica comum, com respeito aos valores culturais
e artísticos de cada região e no Brasil como um todo (BRASIL, 1988).
Na Lei das Diretrizes Básicas (LDB), promulgada em 1996, foram esta-
belecidos conceitos básicos para a criação de currículos no Brasil, como
que as competências e diretrizes serão comuns e os currículos diversos.
Deixa claro, portanto, que os currículos precisam focar no desenvol-
vimento de competências, orientando a definição de aprendizagens
essenciais, além dos conteúdos mínimos (BRASIL, 1996). A partir disso,
em 2014, foi promulgado o Plano Nacional de Educação (PNE), no qual
se reitera a necessidade da efetivação de uma base nacional comum dos
currículos, respeitando as diversidades regionais, estaduais e locais. Assim,
após inúmeros debates nas esferas federal, estaduais e municipais, foi
homologada, em 2017, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a
educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).
Neste capítulo, você vai compreender a relação da BNCC com as
políticas nacionais de educação, bem como vai conhecer e analisar sua
estrutura e relação com o currículo. Além disso, vai ver como se pode
organizar as etapas de um currículo com base na BNCC.
2 A BNCC e a formação do currículo

1 Base Nacional Comum Curricular (BNCC)


na política nacional
A BNCC constitui um documento normativo que engloba o conjunto de apren-
dizagens essenciais necessárias para os alunos desenvolverem na jornada da
educação básica, de modo que tenham garantido seus direitos de aprendizagem
e desenvolvimento conforme preconiza o Plano Nacional de Educação (PNE)
(BRASIL, 2018).
A BNCC, enquanto documento normativo, é exclusivamente direcionada
para a educação escolar, seguindo a Lei das Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), de 1996, orientando-se por princípios éticos, políticos e
estéticos para a formação humana de modo integral e o desenvolvimento de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva (BRASIL, 1996).
A BNCC, desde sua promulgação em 2017, tornou-se referência nacional
para a formulação de currículos das escolas estaduais, do Distrito Federal e
dos municípios e passa a orientar qualquer proposta pedagógica direcionada
para as instituições escolares.
Como parte integrante da política nacional de educação, a BNCC orienta
a organização de inúmeras ações em todo o território nacional, como, por
exemplo, formação de professores, avaliação, criação de conteúdos escolares
para aprendizagem e definição de infraestruturas adequadas ao exercício das
atividades educacionais.
Um dos grandes objetivos da BNCC é a superação da fragmentação das
políticas educacionais, fortalecendo a colaboração entre as três esferas do
governo para melhoria na qualidade da educação.

 Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº. 9394 de 20 de dezembro de 1996):


regulariza e define a organização do sistema educacional brasileiro seguindo os preceitos
da Constituição Federal. É dentro da LDB que nascem as bases para a criação da BNCC.
 Base Nacional Comum Curricular: política de Estado para referência nacional na edu-
cação, define os objetivos de aprendizagem a serem atingidos pelos alunos e preconiza
as competências e habilidades que precisam ser adquiridas por meio do currículo.
 Currículo de ensino: constitui a jornada que se deve percorrer para implementar
e efetivar os objetivos da BNCC, adequando-se às múltiplas realidades e demandas
de cada local e região brasileira.
A BNCC e a formação do currículo 3

Na jornada da educação básica, é necessário que, no âmbito das aprendi-


zagens essenciais preconizadas pela BNCC, seja garantido o desenvolvimento
de dez competências gerais, que você confere a seguir.

As dez competências gerais da BNCC


Dentro dos preceitos da BNCC, o conceito de competência é definido como a
aquisição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores com o objetivo de
resolução de problemas complexos da vida cotidiana, no exercício da cidadania
e na vivência do mundo do trabalho (BRASIL, 2018).
Quando a BNCC define essas competências, deixa claro que a educação
tem a missão de construir valores e incitar ações para transformar a socie-
dade, buscando mais humanização, justiça e cuidados com o meio ambiente,
estando, portanto, alinhada com a Agenda 2030, da Organização das Nações
Unidas (ONU) (PLATAFORMA AGENDA 2030, c2020).

A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade que


busca fortalecer a paz universal (PLATAFORMA AGENDA 2030, c2020). O plano indica
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas para erradicar a
pobreza e promover vida digna para todos dentro dos limites do planeta. São objetivos e
metas claras para que todos os países adotem de acordo com suas próprias prioridades
e atuem no espírito de uma parceria global que orienta as escolhas necessárias para
melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro.
O quarto ODS tem como objetivo a educação de qualidade, com o qual deixa clara
a necessidade de assegurar a educação inclusiva e equitativa, bem como promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Conheça mais sobre a Agenda 2030 acessando o link a seguir.

https://qrgo.page.link/BxQ4T

O conceito de competência utilizado pela BNCC é resultado de uma dis-


cussão social e pedagógica feita nas últimas décadas e que aparece também
nas bases da LDB.
4 A BNCC e a formação do currículo

O desenvolvimento de competências tem-se feito presente na orientação dos


currículos desde o final do século XX até os dias atuais, marcando propostas
didático-pedagógicas dos estados e municípios do Brasil, assim como aparece
no enfoque das avaliações internacionais da Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o Programa Interna-
cional de Avaliação de Alunos (PISA), bem como da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que instituiu o
Laboratório Latino-Americano de Avaliação da Qualidade da Educação para
a América Latina (LLECE).
A BNCC indica que as decisões pedagógicas precisam estar orientadas
para o desenvolvimento de competências por meio da indicação clara do que
os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores) e do que devem “saber fazer” (mobilização
desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas
complexas da vida cotidiana) (BRASIL, 2018).
As competências gerais precisam ser trabalhadas em todo âmbito da edu-
cação básica, isto é, começando pela educação infantil, seguindo no ensino
fundamental e se propagando por todo o ensino médio.
No Quadro 1, a seguir, você pode ver um resumo das dez competências
gerais preconizadas pela BNCC.

Quadro 1. As dez competências gerais da BNCC

Competência Finalidade

Conhecimento Valorizar e utilizar os conhecimentos sobre


o mundo físico, social, cultural e digital.

Pensamento Exercitar a curiosidade intelectual e utilizar as


científico, crítico ciências com criticidade e criatividade.
e criativo

Repertório cultural Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais.

Comunicação Utilizar diferentes linguagens.

Cultura digital Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais


de forma crítica, significativa e ética.

Trabalho e Valorizar e apropriar-se de


projeto de vida conhecimentos e experiências.

(Continua)
A BNCC e a formação do currículo 5

(Continuação)

Quadro 1. As dez competências gerais da BNCC

Competência Finalidade

Argumentação Argumentar com base em fatos, dados


e informações confiáveis.

Autoconhecimento Conhecer-se, compreender-se na


e autocuidado diversidade humana e apreciar-se.

Empatia e Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução


cooperação de conflitos e a cooperação.

Responsabilidade Agir pessoal e coletivamente com autonomia,


e cidadania responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação.

Fonte: Adaptado de Brasil (2018).

As competências gerais da educação básica precisam articular-se na cons-


trução dos conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação
de atitudes e valores.

2 Estrutura da BNCC
A BNCC tem como um dos seus fundamentos e objetivos fomentar a educação
integral, isto é, desenvolver processos didáticos e pedagógicos que aproximem
as aprendizagens das necessidades e dos interesses dos alunos, bem como dos
desafios da sociedade contemporânea.
Nesse contexto, a BNCC sugere a superação da fragmentação disciplinar
do conhecimento, buscando uma visão mais interdisciplinar e colaborativa,
com aplicação na vida real, contextualizando todo o processo para dar sentido
ao aprendizado e proporcionar o protagonismo do estudante no que aprende
e constrói como projeto de vida (BRASIL, 2018).
A BNCC também tem como fundamentos a igualdade, a diversidade e a
equidade, com o que deixa claro que o Brasil tem uma diversidade enorme
cultural, social e econômica que influencia diretamente a educação. Por isso,
é necessária a igualdade de oportunidades para todos no que se refere ao
aprendizado e à permanência na escola, bem como pensar sempre na equidade,
pois as necessidades dos estudantes são diferentes.
6 A BNCC e a formação do currículo

Diante dessas bases fundamentais, é necessário conhecer como se estrutura


e se interliga todo o planejamento da BNCC para, então, compreender como
desenvolver currículos alinhados com as novas propostas didático-pedagógicas.
Na Figura 1, você pode ver como está estruturada a BNCC para a educação
básica.

Figura 1. Estrutura da BNCC.


Fonte: Brasil (2018, documento on-line).
A BNCC e a formação do currículo 7

A BNCC está estruturada para demonstrar as competências que os alunos


precisam desenvolver ao longo de toda a educação básica e a cada etapa da
escolaridade.
Na jornada da educação básica, os alunos devem desenvolver as dez com-
petências gerais, que pretendem assegurar, como resultado do seu processo de
aprendizagem e desenvolvimento, uma formação humana integral e que objetive
a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (BRASIL, 2018).

Educação infantil
Na primeira etapa da educação básica, devem ser garantidos seis Direitos de
Aprendizagem e Desenvolvimento com o objetivo que as crianças estejam
aptas para aprender e se: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e
conhecer-se.
Considerando os seis direitos de aprendizagem, a BNCC estabelece cinco
Campos de Experiências para o desenvolvimento e para a aprendizagem
das crianças:

 o eu, o outro e o nós;


 corpo, gestos e movimentos;
 traços, sons, cores e formas;
 escuta, fala, pensamento e imaginação;
 espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Em cada um dos campos de experiência, são definidos os objetivos de


aprendizagem e desenvolvimento organizados em três grupos de faixa etária:

 bebês: 0 a 1 ano e 6 meses;


 crianças bem pequenas: 1 ano e 7 meses até 3 anos e 11 meses;
 crianças pequenas: 4 anos a 5 anos e 11 meses.

Os campos de experiências são divididos nas três faixas etárias e um mesmo


campo de experiência tem seu objetivo diferente à medida que a criança evolui
na idade, nas faixas etárias. Por exemplo, o campo de experiências “traços,
sons, cores e formas” assume diferentes objetivos, como você verifica a seguir.

 Bebês (EI01TS01): explorar sons produzidos com o próprio corpo e


com objetos do ambiente.
8 A BNCC e a formação do currículo

 Crianças bem pequenas (EI02TS01): criar sons com materiais, objetos


e instrumentos musicais, para acompanhar diversos ritmos de música.
 Crianças pequenas (EI03TS01): utilizar sons produzidos por materiais,
objetos e instrumentos musicais durante brincadeiras de faz de conta,
encenações, criações musicais, festas.

O código alfanumérico existe na BNCC para organizar os conteúdos e se


refere a cada objetivo de aprendizagem e desenvolvimento (Figura 2).

Figura 2. Explicação da composição do Código alfanumérico da BNCC na Educação Infantil.


Fonte: Brasil (2018, documento on-line).

É importante lembrar que a numeração sequencial dos códigos alfanumé-


ricos não está ligada à ordem ou à hierarquia dentro dos objetivos de apren-
dizagem e desenvolvimento.

Ensino fundamental
O ensino fundamental está organizado em cinco áreas do conhecimento
para facilitar a comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes
componentes curriculares.
Cada área do conhecimento tem um papel na formação integral dos alunos
do ensino fundamental e que são divididos em duas etapas: anos iniciais
(1º ao 5º ano) e anos finais (6º ao 9º ano) — sendo respeitadas as especificidades
e demandas didático-pedagógicas para cada etapa.
A BNCC e a formação do currículo 9

Na Figura 3, você pode ver como são distribuídos os componentes curri-


culares do ensino fundamental nos anos iniciais e nos anos finais.

Figura 3. Componentes curriculares do ensino fundamental.


Fonte: Brasil (2018, documento on-line).

Cada área de conhecimento tem estabelecido as competências específi-


cas da área que devem ser desenvolvidas ao longo dos nove anos do ensino
fundamental e que compõem as dez competências gerais preconizadas nos
fundamentos da BNCC.
É importante perceber que, nas áreas que englobam mais de uma compo-
nente curricular, no caso das linguagens e ciências humanas, também ficam
definidas competências específicas do componente (língua portuguesa, arte,
educação física, língua inglesa, geografia e história), que devem ser desen-
volvidas pelos estudantes nessa etapa de escolarização.
Essas competências específicas fazem a articulação horizontal entre as
áreas e a articulação vertical entre as duas etapas do ensino fundamental,
anos iniciais e anos finais, possibilitando a continuidade das experiências e
a aprendizagem dos alunos.
Cada componente curricular apresenta um conjunto de habilidades rela-
cionadas aos objetos de conhecimento (conteúdos, conceitos e processos),
então reunidos em unidades temáticas.
10 A BNCC e a formação do currículo

Assim, as unidades temáticas reúnem um grupo de objetos de conheci-


mento para serem trabalhados ao longo do ensino fundamental, ligados aos
componentes curriculares e relacionados a um número variável de habilidades.
Na Figura 4, você pode ver um exemplo de como são organizadas as
unidades temáticas no ensino fundamental no caso do componente curricular
de ciências para o 1º ano.

Figura 4. Unidade temática de ciências do 1º ano do ensino fundamental.


Fonte: Brasil (2018, documento on-line).

As habilidades constituem as aprendizagens essenciais das quais os alu-


nos se apropriam nos diferentes contextos escolares. Essas habilidades são
descritas com uma determinada estrutura, na qual se utiliza um verbo para
designar os processos cognitivos envolvidos na habilidade; em seguida, é
citado o complemento, incluindo os objetos de conhecimento necessários
para o desenvolvimento da habilidade e, ainda, modificadores do verbo ou
complemento, o que aumenta a especificação da aprendizagem.
No caso da ciência, no 1º ano, na unidade temática “Vida e Evolução”, na
habilidade EF01CI02, temos o seguinte texto: “Localizar, nomear e representar
graficamente (por meio de desenhos) partes do corpo humano e explicar suas
funções” (BRASIL, 2018, documento on-line). Podemos ver o verbo (localizar,
nomear, representar), o complemento (por meio de desenhos) e ainda um
modificador (explicar suas funções). Os modificadores são uma ampliação da
A BNCC e a formação do currículo 11

habilidade para uma determinada situação ou faixa etária do aluno. Um ponto


importante nesse contexto é que essas habilidades não descrevem as ações ou
condutas esperadas do professor nem pressupõem abordagens ou metodologias,
pois isso fica no âmbito de cada currículo e dos projetos pedagógicos que vão
se adaptar a cada realidade da instituição escolar e dos alunos.
Assim como na educação infantil existe um código alfanumérico para
organizar os conteúdos, no ensino fundamental, cada habilidade é identificada
por um código alfanumérico (Figura 5).

Figura 5. Composição do código alfanumérico das habilidades no ensino fundamental.


Fonte: Brasil (2018, documento on-line).

Como vimos, cabe reforçar que a numeração sequencial identifica as habi-


lidades dos anos ou blocos não representa uma ordem ou hierarquia esperada
das aprendizagens.
Todo esse conjunto de agrupamentos de conteúdos e habilidades propostas
pela BNCC não é um modelo obrigatório para o design dos currículos, mas,
sim, o que se espera que os alunos aprendam ao longo do ensino fundamental,
sendo uma orientação comum a todo país para elaboração de seus currículos.
12 A BNCC e a formação do currículo

Ensino médio
O ensino médio está organizado em quatro áreas do conhecimento, seguindo
os preceitos da LDB (Figura 6).

Figura 6. Componentes curriculares do ensino médio.


Fonte: Adaptada de Brasil (2018, documento on-line).

É importante salientar que, após as discussões para implementação da


BNCC, e seguindo as normativas do Conselho Nacional de Educação, ficou
definido que a organização por áreas não exclui as disciplinas, mas aumenta
a relação entre as áreas e facilita sua contextualização para compreender e
intervir na realidade, o que requer um trabalho interdisciplinar e colaborativo
entre os professores para planejar e executar os planos de ensino.
As habilidades relacionadas a língua portuguesa e matemática, por nor-
mativa, devem ser oferecidas nos três anos do ensino médio.
As habilidades para o ensino médio são apresentadas na BNCC sem seriação
para que os sistemas de ensino e escolas tenham flexibilidade na construção
de seus currículos e propostas didático-pedagógicas.
Nessa perspectiva, cada área do conhecimento estabelece competências
específicas de área, tanto no que concerne à BNCC quanto aos itinerários
formativos das diferentes áreas.
Com o objetivo de garantir a continuidade do desenvolvimento de compe-
tências específicas de cada área, é relacionado um conjunto de habilidades que
representam as aprendizagens essenciais preconizadas pela BNCC, seguindo
a mesma estrutura adotada no ensino fundamental.
A BNCC e a formação do currículo 13

A divisão de disciplinas por área fica organizada como você confere a


seguir.

 Ciências da Natureza e suas Tecnologias: Biologia, Física e Química.


 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: História, Geografia, Sociologia
e Filosofia.
 Matemática e suas Tecnologias: Matemática.
 Linguagens e suas Tecnologias: Arte, Educação Física, Língua Inglesa
e Língua Portuguesa.

Uma única diferença do padrão, semelhante ao do ensino fundamental,


é que, além das competências específicas e suas habilidades para área “Lin-
guagem e suas Tecnologias”, ainda são definidas habilidades para língua
portuguesa.
Na Figura 7, você pode ver como está organizado o código alfanumérico
para o ensino médio.

Figura 7. Composição do código alfanumérico das habilidades do ensino médio.


Fonte: Brasil (2018, documento on-line).
14 A BNCC e a formação do currículo

Com base na explicação apresentada na Figura 7, podemos entender que


o Código EM13LGG103 se refere à terceira habilidade proposta na área de
“Linguagens e suas Tecnologias”, relacionada à competência específica 1, que
pode ser desenvolvida em qualquer ano do ensino médio.

3 Organização do currículo com base na BNCC


O currículo constitui um projeto seletivo de cultura, condicionado por questões
sociais, políticas e administrativas, que envolve todas as esferas da atividade
educacional e se torna realidade dentro das condições que estão configuradas
na escola e/ou instituição escolar (SACRISTÁN, 2017).
Nesse contexto, a BNCC preconiza o compromisso de que os currículos
se preocupem com a formação e com o desenvolvimento humano integral
nas dimensões intelectual, física, ética, moral e simbólica (BRASIL, 2018).
A BNCC e os currículos são complementares, pois as aprendizagens bá-
sicas de que os alunos precisam se apropriar são resultado das decisões que
constituem o currículo em ação.
Na construção dos currículos, a BNCC deixa claro que precisa haver ade-
quações com as realidades locais, considerando a autonomia das redes de
ensino e escolas, assim como ao contexto e à realidade de vida dos alunos.
Nessa perspectiva, alguns pontos são cruciais para a criação de currículos
alinhados com a BNCC, mas também nivelados nas realidades nas quais serão
implementados, como:

 contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares com base


na realidade local e no tempo de aprendizagem;
 organizar de forma interdisciplinar, dinâmica e colaborativa as estra-
tégias para ensino e aprendizagem;
 aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas;
 utilizar procedimentos para engajar e motivar os alunos nas aprendizagens;
 aplicar avalição formativa processual levando em conta o contexto de
aprendizagem, na busca por melhorias constantes da escola, equipe
escolar e alunos;
A BNCC e a formação do currículo 15

 selecionar e produzir recursos didáticos e tecnológicos para apoio na


aprendizagem;
 manter processos permanentes de formação de professores.

Para a implementação da BNCC dentro da questão curricular, é ne-


cessário respeitar e considerar todas as experiências curriculares que já
existem e tem sido praticadas nas últimas duas décadas para que se aprenda
com os erros e acertos, bem como se incorpore novas práticas que tiveram
bons resultados.

Uma necessidade prevista no âmbito da BNCC para os currículos é a abordagem de


temas atuais que afetam a vida humana tanto local quanto globalmente, de forma
transversal e integral. Os temas que se destacam como prioridade de trabalho de
forma contextualizada são:
 direitos da criança e do adolescente;
 educação para o trânsito;
 educação ambiental;
 educação alimentar e nutricional;
 processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso;
 educação dos direitos humanos;
 educação das relações étnico-raciais;
 ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena;
 educação em saúde;
 educação para o consumo;
 educação financeira e fiscal;
 trabalho, ciência e tecnologia;
 diversidade cultural.

Um dos grandes objetivos da BNCC, como vemos, é a superação da frag-


mentação das políticas educacionais, fortalecendo a colaboração entre as três
esferas do governo para a melhoria na qualidade da educação.
16 A BNCC e a formação do currículo

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União,


Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm. Acesso em: 6 fev. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 6 fev. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base.
Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_
EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 6 fev. 2020.
PLATAFORMA AGENDA 2030. Acelerando as transformações para a Agenda 2030 no
Brasil. c2020. Disponível em: http://www.agenda2030.org.br/. Acesso em: 6 fev. 2020.
SACRISTÁN, J. G. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017.

Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.

Você também pode gostar