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`I L E

IDANA` `
PREFÁCIO

Estou, nesta obra, apenas lhes dando algumas receitas e os sentidos dos
elementos usados no culto, os efeitos vibracionais de cada um, que muitas
gerações já utilizavam e conheciam bem, e que, por consequência dos tempos
mais modernos, acabaram se perdendo. É uma dádiva poder usar a culinária e
usufruir dessas vibrações tão positivas.

O conteúdo deste livro não esgota o assunto sobre cozinha de Òrìsà ou as


inúmeras possibilidades de oferendas aos deuses.

Todo tipo de receita descrita neste livro deve ser utilizada de forma a agregar
o culto. O uso da culinária com os elementos certos podem lhes trazer
resultados positivos diate dos deuses, pode produzir resultados muito
expressivos.

Esta pesquisa não anula qualquer outro estudo ou constatação sobre as


inúmeras possibilidades de receitas.

Este livro tem o propósito de estimular as pessoas na sua fé e espiritualidade


individual. Acima de tudo, tem a meta de ajudar as pessoas na compreensão
de que a cozinha de Òrìsà tem uma missão espiritual de contribuir para o
desenvolvimento da raça humana.
Vamos iniciar nossas receitas de Òrìsà agora que temos o entendimento
Consciencial a forma de transcende-la.

Primeiramente, precisamos saber que cozinhar é uma arte, uma forma de


expressão, uma maneira de amar e é uma das chaves que abrem todas as
portas para o sagrado no culto.

Proporciono a vocês uma das chaves que abre todas as portas, na verdade são
algumas chaves e culinária é uma delas.

Precisamos entender que a cozinha explica exatamente como funciona


O Òrìsà.

É algo realmente impressionante quando você pode fazer uso de elementos


sem depender de uma receita pronta ou duvidosa.

Trazer o pensamento de que uma pessoa, dentro de um culto pode e deve


manipular os elementos com clareza e segurança, é realmente algo que está
além do imaginável ainda hoje dentro das casas de culto, é
gratificante, com certeza absoluta.

E estou considerando que você pode obter através deste livro, suas próprias
ideias de como agradar seu Òrìsà uma vez conhecendo dos elementos,
principalmente sabendo distinguir a trindade Pupá, Dundun e Funfun.

1
Em seis mil anos de história, o culto sobrevive mas se adequando
simplesmente, as regras e leis naturais do ambiente onde se encontra, por
tanto, sabores e cores da culinária se modifica de local em local. Isso é muito
impressionante.

Para entender isso, é preciso quebrar tabus e crenças religiosas e


compreender que a divindade não é propriedade de uma cultura ou religião, e
sim ela está contida no universo.

Nestes primeiros capítulos trouxe a vocês um pouco de cada elemento e


falaremos ainda mais no decorrer desta obra que pulsa meu coração.

Somente um pedaço do que aprendi ao longo de quase vinte anos de


sacerdócio. São várias as possibilidades de receitas que temos disponíveis aos
nossos Òrìsà(s)

Nos próximos capítulos nós iremos falar de todos eles, para poder entender o
que é a cozinha de Òrìsà é preciso entender como que
tudo começou há muito tempo atrás.

É preciso fazer uma abstração e


imaginar o seguinte, no início tínhamos apenas o que plantávamos e
restritamente onde plantávamos, era muito pouco e escasso o que podíamos
ofertar aos deuses.

Agora imaginemos que, como se fosse um oceano, que as ondas chegam a


praia vão e vem, são inúmeras as possibilidades que chegam até vocês e reflui
e volta e reflui e volta e assim vai, isso é o poder da cozinha, é como que ao
acender do fogo, brincássemos de deuses e criássemos nossas próprias obras.

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EKÓ (ACAÇA)

500 gr de farinha de milho branco ou maizena.


1 Litro de água.
Folha de bananeira (assada)

MODO DE PREPARO
Dissolva a farinha ou maizena em água fria, leve ao fogo alto e mecha até que comece a
tomar consistência, abaixe o fogo e vá mexendo devagar até que fique como um mingau
consistente.

Enrole em folhas de bananeira.

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ÀKARÀ

500 g de feijão fradinho cru.


500 g de cebola.
Sal a gosto.
1 cebola pequena com casca.
500 ml de azeite de dendê.

MODO DE PREPARO

Coloque os feijões inteiros num processador de alimentos e bata por alguns segundos para
quebrar os grãos. Cuidado para não esmigalhar. Coloque os feijòes num recipiente e cubra
com água. Deixe de molho por no mínimo 12 horas. Agite os feijões com uma colher e com
uma peneirinha vá retirando todas as cascas que se desprendem dos feijões. Depois de
retirar bastante as cascas, lave os feijões sob a água corrente e continue retirando os
"olhinhos" e o restante das cascas.

Retire o máximo possível e reserve.Num processador, coloque os feijões e as cebolas. Bata


por 3 minutos, ou até obter uma pasta lisa e uniforme. Retire toda a pasta do processador e
coloque dentro de uma panela grande e funda. Com uma colher de pau, bata a massa do
acarajé até que a massa triplique de volume. Esse processo é bastante demorado mas é
importantíssimo para a fermentação.
Coloque o óleo, o azeite de dendê, e a cebola com casca numa panela média e leve ao fogo
alto para esquentar. Com duas colheres de sopa, modele os acarajés: encha uma das
colheres com a massa, passe de uma colher para a outra até que a massa fique com
formato de bolinho.

Coloque os bolinhos no óleo bem quente e frite por 3 minutos de um lado. Com uma
escumadeira, vire os bolinhos e deixe fritar até que fiquem dourados. Regule a temperatura
do óleo. Se for necessário, abaixe a chama do fogo para que o óleo não queime. Retire os
bolinhos com uma escumadeira e coloque sobre papel absorvente.

Podendo ser oferecido a Ìyámi sendo sua principal oferenda elaborada, também a todas as
divindades femininas.

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EKÚRU

Massa de Akarajé crua


Cebola ralada
Peixe desfiado
Azeite-de-Dendê
Atàré
Folha de bananeira (assada)

MODO DE PREPARO
Prepara a massa de feijão idêntica a do akarajé, acrescente atàré debulhada, cebola ralada,
peixe desfiado e dendê.

Coloque um pouco na folha de bananeira, embrulhando em forma de pirâmide.

Cozinhe em vapor.

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ABARÀ

Massa de Akarajé crua


Cebola ralada
Camarão seco
Azeite-de-Dendê
Atàré
Folha de bananeira (assada)

MODO DE PREPARO

Prepara a massa de feijão idêntica a do akarajé, acrescente atàré debulhada, cebola ralada,
camarão e dendê. Coloque um pouco na folha de bananeira, embrulhando em forma de
trouxinhas. Cozinhe em vapor.

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MANJAR

300 gr de maizena.
1 lt de leite.
200 gr de açúcar.
200 gr de coco ralado.
Mel.
1 coco seco.
Búzios.
Flores de Kalanchoe

MODO DE PREPARO

Junte o leite a maizena o açúcar e também o coco ralado. Mexa em fogo baixo devagar até adquirir
consistência. Coloque em um recipiente para desenformar de acordo ao formato que deseja.
Deixe esfriar. Desenforme, coloque um pedaço do coco seco, búzios e regue com mel ou melado
de cana. Este adun (doce) pode ser oferecido a Orí, Ìyemoja, Ajè, ibeji, Esù Odará e Nana.

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CANJICA BRANCA

1 kl de canjica branca cozida.


2 coco seco.
150 ml de leite de coco.
Óleo de coco.
Flores de kalanchoe.

MODO DE PREPARO

Lave a canjica antes de cozinhar, deixe por 40 minutos em presão. Retire e escorra em água
corrente.

Coloque em uma refratária. Quebre os côcos, coloque por cima regado com leite de coco e
óleo. Também as flores de kalachoe.

O ebo de Osálá assim conhecido, é uma receita que pode ser oferecida a todos os Òrìsà(s)
sem distinção.

Vale ressaltar que o milho é elemento de multiplicidade e não apaziguador como acreditam.

Parem de jogar canjica branca cozida no telhado achando que estão acalmando alguém ou
o ambiente.

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CANJICA BRANCA
PARA AJÈ

1 kl de canjica branca cozida.


8 bolas de algodão.
Mel.
100 gr de alpiste.
Folhas de brilhantina.
Conchas.
Buzios.

MODO DE PREPARO

Lave a canjica antes de cozinhar, deixe por 40 minutos em presão. Retire e escorra em água
corrente.

Misture a canjica e o alpiste. Coloque em uma refratária. Coloque as folhas de brilhantina,


as conchas e as bolas de algodão. Regue com mel. Ofereça a Ajè em uma segunda-feira.

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CANJICA BRANCA

1 kl de canjica branca cozida.


2 efuns.
Buzios inteiros.
Folha de obo.

MODO DE PREPARO
Lave a canjica antes de cozinhar, deixe por 40 minutos em presão.

Retire e escorra em água corrente.

Coloque em uma refratária.

Coloque as folhas de obó e por cima a canjica, os búzios inteiros e os efuns

Pode também ralar efun por cima de tudo.

Òrìsà Osálá, Obatanlá, Egungun, Òsóòguian, Nana.

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CANJICA BRANCA COM ALPISTE

UMA OUTRA FORMA DE OFERECER A AJÈ PORÉM


COM A LAMPARINA DE ÓLEO COCO.

1 kl de canjica branca cozida.


8 bolas de algodão.
Mel.
100 gr de alpiste.
Folhas de brilhantina.
Conchas.
Buzios.

MODO DE PREPARO

Lave a canjica antes de cozinhar, deixe por 40 minutos em presão. Retire e escorra em água
corrente. Misture a canjica e o alpiste. Coloque em uma refratária. Coloque as folhas de
brilhantina, as conchas e as bolas de algodão. Lamparina (Otumpá) Coloque uma pedrinha
para firmar o pavio de algodão e molhe com óleo de côco, acenda. Regue com mel.
Ofereça a Ajè em uma segunda-feira.

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CANJICA BRANCA.

1 kl de canjica branca cozida.


Folhas de abébé.
Buzios abertos.
Conchas em espiral.

MODO DE PREPARO
Lave a canjica antes de cozinhar, deixe por 40 minutos em presão.

Retire e escorra em água corrente.

Coloque em uma refratária.

Coloque as folhas de abébé por cima da canjica e os búzios abertos.

Pode também ralar efun por cima de tudo.

todos Òrìsàs

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CANJICA BRANCA.

MODO DE PREPARO

A mesma receita de canjica branca cozida para Osálá, porém com folhas da fortuna e casas
de igbin.

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OMOLOKUN ÀJÉ

1 kg de feijão fradinho.
4 cebolas grandes raladas.
Agua fervente.
16 ovos caipiras crus.
50g de noz-moscada ralada
500g de camarão.
Oleo de coco
Mel.
uma concha.

MODO DE PREPARO

Coloque 1 litro de água de poço ou mina fria no feijão e deixe descansar de um dia para o
outro.

Leve ao fogo até ferver e escorra.

Coloque as cebolas raladas na panela e mexa até secar, coloque o oleo de coco (deixe dar
uma refogada) e coloque todo o feijão ferventado (ao dente) acrescente a noz-moscada
ralada, abra a fava de atare (é importante não deixar cair no chão, é tabu pisar em atare) o
camarão e uma pitada de sal.

Mexa até que fique bem seco e temperado. Em uma vasilha de louça coloque o feijão e os 16
ovos crus, como na ilustração acima. Regue tudo com mel, melado de cana, em troca do
seu sucesso financeiro. Deposito aos pés de uma árvore frondosa e verdejante.

Òrìsà(s) Ajè e Òsún.

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AMÁLÁ DE AÍRA

1 kl de inhame.
Bastante folhas de cabaça.
Óleo de coco.
2 cebolas.
Efun.
16 acaça pequenos.
Sal.
1 gamela.

MODO DE PREPARO
Cozinhe o inhame e quebre-o em um pilão até formar uma pasta. Pique as folhas de cabaça
bem finas e refogue em cebola com óleo de coco, tempere com sal. Esparrame o inhame
pilado em uma gamela. Coloque o refogado de folhas de cabaça por cima e os 16 acaças.

Regue com óleo de coco.


Òrìsà Aíra.

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INHAME DE ÒSÓÒGUIAN

O inhame de Òsóòguian pode ser feito cozido e servido pilado.

Pode ser oferecido cru afim de que os brotos que vão se formar
indique crescimento na vida.

Este mesmo inhame pode ser oferecido a Orí.

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CLARAS PARA ÒSÓÒGUIAN

8 ovos.
Dendê
Índigo.

MODO DE PREPARO
Separe as claras da gema.

As gemas acrescentasse dendê e ofereça a Ìyámim.

Bata as claras em neve enquanto faz seus pedidos, salpique índigo e ofereça.

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AS GEMAS DE ÌYÁMMÌ
BATATA DOCE
PARA ÒSÚNMARÉ

500 gr. De batata doce.


Mel.
Búzios abertos.
Folhas de abebe.
Folhas da Costa.
Conchas.

MODO DE PREPARO
Cozinhe a batata doce, amasse com mel.

Modele de forma a se fazer o formato de uma serpente.

Coloque as folhas os búzios.

Òrìsà Òsúnmaré

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DA DIETA DOS CAÇADORES;
GRÃOS E FRUTAS

Os hábitos alimentares dos nossos antepassados no período paleolítico, entre 2,5 milhões e
10.000 anos atrás.

Antes de agricultura e indústria moderna, os seres humanos provavelmente viveram como


caçadores-coletores: Colhendo frutos de arbustos; desenterra do tubérculos, perseguindo
os mamíferos até o ponto de exaustão, processando carne, gordura e órgãos de animais
predadores maiores que eles mataram, e, eventualmente, aprendendo a pescar com linhas e
anzóis e caçando com lanças, redes, arcos e flechas.

Amendoim, lentilha, feijões, ervilhas e outras leguminosas estão dente do menu, nozes,
carne é consumida em grandes quantidades, muitas vezes cozidas em gordura animal de
qualquer espécie; os nossos ancestrais às vezes comiam frutas e muitas vezes devoravam
vegetais e mel.

A dieta tem sido uma parte importante da nossa evolução, como é para todas as espécies, e
nós herdamos muitas adaptações de nossos ancestrais.

Entender a nossa história evolutiva, insistindo que são biologicamente idênticos aos seres
humanos da idade de pedra, nos trás hoje o significado da culinária usada dentro das casas
de culto.

Em seu site, Sisson escreve que “enquanto o mundo mudou de inúmeras maneiras nos
últimos 10.000 anos (para melhor ou pior), o genoma humano mudou muito pouco e,
portanto, só se desenvolve em condições semelhantes.” Isso simplesmente não é verdade.

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Na verdade, esse raciocínio desconhece como a evolução funciona. Se os seres humanos e
outros organismos só poderiam prosperar em circunstâncias semelhantes às de seus
antecessores, a vida não teria durado muito tempo.

Não podemos viajar no tempo e reunir os nossos ancestrais em volta da fogueira, enquanto
se preparam para comer, contudo, cacos de cerâmica antiga e dentes fossilizados podem
nos dizer muita coisa.

Se compararmos as dietas dos chamados caçadores modernos, no entanto, vemos o quão


difícil é encontrar semelhanças significativas e extrair orientações dietéticas úteis de suas
diferentes vidas.
Qual tribo de caçadores que devemos imitar, exatamente? Como conciliar a dieta baseada
principalmente na carne de mamíferos marinhos, com a mais variada dieta de plantas e de
animais terrestres? Lançando diversas dietas caçadoras, teremos um vasto e amplo menu
dentro da culinária de Òrìsà.

Nossa espécie não foi projetada para subsistir com uma dieta única, ideal. O que é notável
sobre os seres humanos é a extraordinária variedade do que comemos, e consecutivamente
oferecemos aos nossos ancestrais.

Por tanto trago a vocês receitas baseadas em carmes, frutas, cereais, folhas e outros para
oferecer o que de melhor temos disponíveis hoje para ofertar aos nossos ancestrais Òrìsà(s)

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AMÁLÁ DE SÀNGÓ

1 kl de inhame.
Dendê.
Cebola.
Mel.
Nós moscada.
Gengibre.
Sal.
Frutas de diversas qualidades.
Carnes bovina; maçã de peito, cupim, costela, rabada

MODO DE PREPARO
Cozinhe o inhame, descasque e amasse. Unte a gamela ou casca de ajapá com o inhame
cozinho e amassado. Refogue a cebola batida com gengibre e noz-moscada. Cozinhe a
carne até o ponto de desfia-lá. Se a carne tiver ossos, eles devem ser separados e rezados
para Egungun. No refogado acrescente a carne desfiada, deixe cozinhar até secar a água.

Coloque o preparado na gamela untada com inhame e sirva. No caso de um Oro de galo a
Sàngó ou bode por exemplo o processo deve ser feito com os animais usados na ritualística.
O inhame neste caso pode ser também substituído por acaça.

Coloque as frutas em volta, osun, efun, índigo podem ser colocados, porém lembrem-se que
o índigo não pode ser consumido. Uma vez que se sabe que para essa oferenda devemos
“provala” antes de ofertar a esta divindade em específico.

Orogbo(s) também são oferecidos a Sàngó, porém não é tabu, mas Sàngó prefere orogbo ao
invés de obi.

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Sabemos que Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos
ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização dos órgãos
competentes é crime.

Um dos animais preferidos deste Òrìsà é o cágado ou tartaruga, também conhecido como
Ajapá (iorubá) entretanto no caso da devida permissão pelos órgãos competentes, após o
Oro (sacrifício) se procede como na ilustração acima.

Oferecendo os ossos a Egungun em cima da parte inferior do animal, untado com acaça

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PIPOCA OU DEBURÚ

Milho de pipoca.
Dendê.
1 coco seco.
Sal

MODO DE PREPARO

Fritasse a pipoca em dendê.

Quebra-se o coco em duas partes e depositasse dendê.

Òrìsà Obàlúwàiyé, Onilè, Esù, Ossain.

Muitos são os mitos envolvidos em relação a pipoca (milho aquecido) oferecido no culto.

Porém precisamos observar que o acaça é feito de milho, aquecido, os grãos torrados,
aquecidos. Portanto o milho está presente também na oferenda de todos os Òrìsà(s) e a
pipoca não é uma oferenda exclusiva de Obàlúwàiyé ou “””Omolu”””” como bem
entenderem.

Existe uma forma específica de se fazer o deburú (pipoca) onde se acrescenta areia
colocasse dentro de uma quartinha e expõe-se ao sol.

Porém, entretanto isto não é uma oferenda e sim um ebó para retirar doenças de pele de
um sujeito que está ou tem este problema.

Mas como sabemos que os papagaios imitam os piratas sem indagar, isto se replicou e
tornou-se no Brasil uma oferenda de “””Omolu”””

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OMOLOKUN

500g de feijão fradinho.


2 cebolas grandes raladas.
Água fervente.
16 ovos caipiras.
50g de noz-moscada ralada.
500g de camarão.
Azeite de dendê.
Mel.

MODO DE PREPARO
Coloque 1 litro de água fria no feijão e deixe descansar de um dia para o outro.

Leve ao fogo até ferver, dessa vez deixe cozinhar “ao dente”, e escorra.

Coloque as cebolas raladas na panela e mexa até secar, coloque o azeite de dendê (deixe
dar uma refogada) e coloque todo o feijão, acrescente a noz-moscada ralada o camarão e
sal.

Mexa até que fique bem seco e temperado.

Em uma vasilha coloque o feijão preparado e os ovos com a tampa da casca retirada.

Coloque um pouco de dendê dentro de cada ovo, também osun, efun e índigo.

Regue tudo com mel e ofereça a Òsún.

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OMOLOKUN

1 kg de feijão fradinho.
4 cebolas grandes raladas.
Água fervente.
16 ovos caipiras.
50g de noz-moscada ralada.
500g de camarão.
dendê.
Mel.
Melado de cana.
1 ou mais conchas do mar.
-Muitos búzios abertos

MODO DE PREPARO

Coloque dois litros de água de rio fria no feijão e deixe descansar de um dia para o outro.

Leve ao fogo até ferver e escorra.

Coloque as cebolas raladas na panela e mexa até secar, coloque o dendê (deixe dar uma
refogada) e coloque todo o feijão ferventado (ao dente) acrescente a noz-moscada ralada o
camarão e sal.

Mexa até que fique bem seco e temperado.

Em uma vasilha coloque o feijão fradinho refogado, as conchas os búzios e os ovos,


salpique bastante efun ralado com mel e melado de cana.

Òrìsà Òsún

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IPETÉ

1 kg de inhame.
100 ml de azeite de dendê.
Sal a gosto.
1 pimenta vermelha sem semente.
500 g de camarão seco dessalgado.
1 cebola média picada.

MODO DE PREPARO
Coloque o inhame para cozinhar na panela de pressão.

Após o inhame cozido amasse em ponto de purê.

Em outra panela frite a cebola no azeite até dourar, acrescente a pimenta vermelha picada
e o purê de inhame e metade do camarão seco.

Mexa até virar uma pasta.

Sirva na panela, em conchas ou folhas.

Òrìsà Òsún.

49
ADO
PAMONHA

8 espigas de milho verde.


2/3 de xícara (chá) de açúcar.
2xícaras (chá) de leite.
1 colher (sopa) de gordura vegetal.
1 colher (chá) de sal.
Açúcar e canela a gosto.

MODO DE PREPARO
Retire os grãos das espigas e bata em liquidificador;

Adicione o açúcar, o leite, a gordura vegetal, canela e o sal.

Bata até obter uma mistura homogênea;

Ferva as casas do milho.

Faça um recipiente com a casca do milho, acrescente a massa.

Cozinhe ao vapor.

Òrìsà Òsún.

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OGEDÈ

2 Banana
200g de Açúcar
Canela a gosto

MODO DE PREPARO
Corte duas bananas na horizontal.

Queime 200 gramas de açúcar e acrescente as bananas, salpique canela em pó e deixe


cozinhar por 1 minuto.

Òrìsà Iyewá.

53
ILÁ

Farinha de milho.
Quiabos.
Dendê.
Cebola.
Sal.

MODO DE PREPARO
Farinha de milho e quiabos, pisados em um pilão até obter uma pasta viscosa.

Refogue a cebola no dendê.

Adicione a pasta.

Cubra com quiabos inteiros ferventado. Acrescente bastante osun.

Òrìsà Oba.

55
ASÒSÒ

Milho.
Amendoim.
2 côcos secos.
Mel.

MODO DE PREPARO
Cozinhe o milho vermelho e o amendoim somente em água e deixe esfriar.

Escoe a água, coloque no alguidar, regue com bastante mel.

Quebre os côcos e os coloque por cima de tudo.

Òrìsà Òsóòtòkansóò (Odé)

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ABADO

Feijão fradinho.
Milho seco.
Camarão seco.
Cebola.
Coco seco.

MODO DE PREPARO
Torrar o feijão fradinho.

Cozinhar o milho e o feijão fradinho, e refoga-los com cebola, dendê e camarão seco.

Faz-se cones de folha de bananeira e sirva dentro, com fatias de coco seco.

Òrisá, todos os Olódés (caçadores)

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MILHO ASSADO

Òrìsà(s) todos os Olódés

61
EJÁ
PEIXE ASSADO

1 corvina.
Gengibre.
Alecrim.
Dendê.
Sal.
Camarão fresco.

MODO DE PREPARO
O peixe deve estar limpo, sem escamas e sem vísceras.

Logicamente voce já comprou assim.

Tempere-o com sal e dendê a seu


gosto.
Por dentro e por fora. Coloque o alecrim e gengibre.
Faça um molho de camarão miúdo (para molho) com alecrim.
Amarre com o barbante todo o peixe, para evitar que a barriga abra e caia os
temperos.

Enrole o peixe na folha de bananeira e leve-o a grelha. Deixe assando por uns 10 minutos,
virando o lado na metade do tempo.

Certifique-se que as brasas estejam com chamas baixas, mas com um bom calor.

Após esse período, retire a folha de bananeira e deixe grelando por mais uns 10 minutos.

Òrìsà Logun-Edé e Èsú.

63
ÌGBÌN

Cascas de caramujo.
Folhas da fortuna (abamodá.)
Gin.
Mel.

MODO DE PREPARO
Com o uso de um socador ou pilão, quebre as folhas até ficar
homogênea, junte o mel e o gin.

Coloque a pasta dentro das cascas de caramujo.

Òrìsà Ossain.

65
ISÚ

2 inhame.
Mel.
Dendê

MODO DE PREPARO
Asse os inhames, corte-os na horizontal.

Em duas partes passe mel e nas outras duas dendê.

Òrìsà Ògún.

67
OGUEDÈ

3 pencas de banana.
Mel.
8 ovos.
Dendê.
Osun.
Pimenta da Costa.
Ierosun.

MODO DE PREPARO
Tire a casca das bananas. Amasse com todos os ingredientes.

Sem o dendê pode ser oferecido a Ajè.

Òrìsà Èsú

69
EWÁ FUNFUN

1 kl de feijão branco.
Óleo de coco.
Búzios abertos.

MODO DE PREPARO
Cozinhe o feijão, faça uma pasta com óleo de coco, enrole, enfeite com búzios.

Òrìsà Okò

71
OGUEDÈ

Umbigo de bananeira.
Cebola.
Dendê.
Sal.

MODO DE PREPARO

Pegue o umbigo e tire as primeiras folhas, jogue fora pois são duras.
Corte o umbigo em rodelas bem finas.
Coloque tudo que cortou em uma panel com água e coloque no fogo para ferver.
Repita o procedimento anterior 1 vez, trocando a água para tirar o amargo, depois coloque
para escorrer.
Em seguida em uma panela coloque o dendê e quando fritar coloque o umbigo escorrido,
mexa e coloque o sal.
Tampe a panela e deixe cozinhar por uns 20 minutos.
Acrescente a cebola.
Deve cozinhar até ficar molinho.

Orisá Ibeji.

73
COCO SECO

500 gr de Camarâo.
Cebola.
Leite de coco.
Manjericão.
Sal.

MODO DE PREPARO
Refogue o camarão na cebola ralada, tempere com sal, as folhas de manjericão.

Sirva no coco.

Òrìsà Logun-Edé.

75
ABUKÓ

1 kl de costela de cabrito ou bode.


Alecrim.
Cebola.
Dendê.
Sal.

MODO DE PREPARO
Tempere a costela com a cebola ralada o gengibre e sal.

Faça um braseiro, passe dendê e vá virando de um lado para o outro.

Pode ser servido em cima do milho cozido se for para os Olódés.

Todos os Òrìsà(s) comem Eran (carne) de cabrito. Quando for um Òrìsà Funfun, substitua o
dendê por óleo de coco.

Está é a forma de preparo.

77
ÉLEDÉ FUN ÀJÉ

A porca deve ser preparada e todos devem comer e ofertar dinheiro.

Este dinheiro arrecadado será revertido a uma família ou entidades carente.

79
ERAN-ODÉ

1 kl de lagarto.
Cebola.
Gengibre.
Alecrim.
Sal.

MODO DE PREPARO
Tempere o lagarto com cebola ralada, gengibre, alecrim e sal.

Faça um braseiro, asse o lagarto virando de um lado para o outro.

Pode ser servido junto a grãos torrados e moídos, feijão fradinho, milho e amendoim.

Òrìsà Òsóòtòkansóò, Óxossi, Akuerà, Ibonà, Odé Ibò não existe, ibo significa floresta, todo
Odé (caçador) é da floresta.

81
COCO

Todos os Òrìsà(s) amam coco em suas oferendas, de Orunmilá-Ifá a Ìyámi.

Em Cuba existe um “jogo” oráculo, como substituição do obi.

Você pode servi-lo com mel para Òsún, com dendê para Èsú, com óleo de coco
para Obatanlá…..

83
O INÍCIO DA AGRICULTURA NO
MUNDO

Em algum momento, há cerca de 12 mil anos, os humanos começaram a plantar. A


agricultura foi inventada várias vezes ao longo da história humana e em diferentes partes
do mundo. Mas surgiu pela primeira vez – ou é o que os registros arqueológicos sustentam –
em uma região apelidada de Crescente Fértil, uma área banhada por rios no Oriente Médio.

Os primeiros grupos de agricultores tinham vantagens em relação a seus colegas que


caçavam e coletavam plantas.

Eles comiam melhor, se tornaram mais prósperos, numerosos e, graças a esse sucesso, a
ideia de cultivar o próprio alimento e criar animais para o abate se popularizou.

Mas essa é uma história antiga e cheia de lacunas. Há décadas, arqueólogos se embrenham
nos vestígios deixados por esses povos na tentativa de descobrir como a agricultura se
desenvolveu e se espalhou por aquela região do mundo, e, mais tarde, pelo resto da Ásia e
da Europa. Por anos, vigorou a teoria de que esse avanço no modo de viver fora obra de um
único grupo de pessoas que, à medida que migrava pelo Oriente Médio, levava consigo seus
conhecimentos e seus genes.

Técnicas recentes de análise genética permitiram aos cientistas espiar o DNA desses povos
antigos. E descobrir histórias ligeiramente diferentes e mais complicadas.

Com cerca de 10 mil anos, encontrados no sopé da Cordilheira Zagros, na fronteira com o
Iraque.

Justamente naquela região onde a agricultura começou. Burger analisou o genoma desses
primeiros fazendeiros e decidiu compará-lo ao DNA de um segundo grupo, os anatólios.

Os anatólios são os ancestrais dos fazendeiros europeus. Eles vêm de uma região no sul da
Turquia, a borda oposta do Crescente Fértil.

Se a teoria de que um só grupo criara a agricultura estivesse certa, essas duas populações
seriam geneticamente semelhantes – a população de Zagros, mais antiga, teria migrado até
o sul da Turquia e se estabelecido por lá. Burger se surpreendeu ao descobrir que não:
“Concluímos que os anatolico e as pessoas de Zagros formavam dois grupos distintos que
se separaram um do outro há cerca de 50 mil anos

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Pangeia (do grego Pan = todo, Gea = Terra), que significa “todas as terras”, ou “terras
unidas”, foi o nome dado ao supercontinente existente durante a Era Paleozóica , quando
todos os continentes existentes atualmente, estavam unidos em um único bloco
continental, cercado por um único oceano, o Pantalassa. Este supercontinente foi se
moldando até o final do Período Permiano (Era Paleozóica , quando teve início a sua
separação, a partir do Período Triássico

PANGÉIA

PANTALASSA

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ÒGÚN: O PRIMEIRO

Ògún foi o o primeiro ser criado pelas divindades em cima do mariwo (dendezeiro), assim
surgiram os primeiros vertebrados na terra.

A estrutura óssea humana é a primazia da nossa tecnologia. Primeiro permitiu a


verticalização da espécie que pode parar sobre duas pernas, liberar os braços e usar as
mãos, por onde permitiu o caminhar e o desbravar, mas primordialmente, deu estrutura e
sustentação para Orí.

Agora, Orí sustentada por um corpo seria capaz de desbravar o mundo que conhecemos e
se realizar.

Ògún foi quem forjou o ferro com ajuda de Òsún e assim criou ferramentas para a
agricultura, Orunmilá-Ifá indicou o ebó é assim ele o fez.
Um cântico dirá o seguinte;

TRADUÇÃO
Orisà bi Ogún onírè kò sí mó. Não existiria mais de uma divindade como Ogún.
Bí kò si Ögún. Sem Ogún não se tira o mato para plantar.
A ko roko.
Sem Ogún não se abre caminho.
A ko yènà.
Ogún lo ni okó. A enxada pertence a Ogún.
Ogún làgbède. Ogún é o ferreiro.
Ogún làgbè, aun naa ni jagun jagun. Ögún é agricultor e guerreiro.
Bi o si Ögún a ko jeun.
Sem Ogún não há COMIDA!!!!

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A partir deste cântico podemos perceber a importância de Ògún no Ilé Ìdáná, (cozinha) pois
sem a coragem de Ògún em desbravar o mundo antigo conhecido como pangeia,
adentrando a escuridão da antiga savana africana nada do que temos hoje no mundo
moderno existiria.

Imaginem um sujeito a cerca de 12 mil anos atrás, quando éramos apenas 6 mil pessoas no
mundo enfrentando os perigos de um ambiente inóspito, que naquela época atormentavam
o ser humano.
A caça poderia facilmente ser o próprio caçador… A história humana em registros
arqueológicos nos mostram que era quase impossível a sobrevivência da espécie humana
por razões óbvias, mas quando o ser humano encontra a divindade e em uma espécie de
acordo, ela a divindade decide ensinar a forja por exemplo criando assim armas para
sobrevivência da espécie.

Porém em troca, este lhe deveria oferecer parte de sua caça, de sua colheita, de sua
produção, de sua fertilidade, de sua felicidade como diz Èsú, no fim, oferecer sua gratidão.
E assim nasce a oferenda, o ebó como conhecemos hoje.

Ogún é aquele que permite o ser humano caminhar e ser como é, ele permitiu que
pudessemos nos defender e sobrepujar a natureza, ele permitiu que deixassemos de ser
reles nomades a própria sorte e se tornar agricultores, assim permitiu a vida humana se
fixar e prosperar.
Eu poderia tecer textos explicando a origem dos fatos e como nos ligamos a divindade, mas
até aqui eu acredito ter lhes explanado de forma simples o porquê da nossa cozinha de
Òrìsà, e a importancia de Ogún, seja na abertura de caminhos, seja nas ferramentas e
técnicas que permitem o cultivo, o próprio ferro que contem os alimentos e leva oxigenio
em nosso corpo ou mesmo nos utensilios da cozinha de Orisá.

Bem voltemos as nossas culinárias.

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FAROFA DE BANANA

1 kl de pancetta suína.
1 kl de banana.
1kl de farinha de mandioca crua lisa.
3 cebolas grandes.
Dendê.
Melado de cana.
Sal.

MODO DE PREPARO
Refogue a pancetta suína (barriga do porco) no dendê e cebola picada em rodelas.

Adicione a farinha e o sal, mecha até que fique bem solta.

Coloque as bananas picadas em rodelas e misture.

Regue tudo com melado de cana.

Òrìsà Èsú.

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OGÈDÈ AGBAGBA

banana da terra
azeite de dende

MODO DE PREPARO
Corte a banana da terra em rodelas e frite no azeite de dendê é uma das comidas preferidas
de Obàlúwàiyé, Egungun, Iewá e Esù.

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COCO SECO

2 coco seco.
Dendê.

MODO DE PREPARO
Quebre os côcos, e coloque dendê dentro.

Orunmilá-Ifá e Esù

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AMÁLÁ ÈSÚ

1 kl de inhame.
Dendê.
Cebola.
Mel.
Nós moscada.
Gengibre.
Sal.
Frutas de diversas qualidades.
Carnes bovina; maçã de peito, cupim, costela, rabada…

MODO DE PREPARO
Cozinhe o inhame, descasque e amasse. Unte a gamela ou casca de ajapá com o inhame
cozinho e amassado. Refogue a cebola batida com gengibre e noz-moscada. Cozinhe a
carne até o ponto de desfia-lá. Se a carne tiver ossos, eles devem ser separados e rezados
para Egungun.

No refogado acrescente a carne desfiada, deixe cozinhar até secar a água. Coloque o
preparado na gamela untada com inhame e sirva. No caso de um Oro de galo a Sàngó ou
bode por exemplo o processo deve ser feito com os animais usados na ritualística. O
inhame neste caso pode ser também substituído por acaça.

Coloque as frutas em volta, osun, efun, índigo podem ser colocados, porém lembrem-se que
o índigo não pode ser consumido. Uma vez que se sabe que para essa oferenda devemos
“provala” antes de ofertar a esta divindade em específico.

Este procedimento é o mesmo que para Sàngó, porém deixo claro aqui que toda oferenda
deve-se retirar a poção (parte) de Èsú, no caso do amá-la de ajapá em específico Esù
receberá também um Oro (sacrifício) onde um amálá será tão bem preparado quanto o de
Sàngó. Este é o caso onde toda regra tem sua exceção.

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ABERÉM

Canjica branca.
Açúcar e sal.
Folha de Bananeira.

MODO DE PREPARO
De véspera, deixe o milho de molho em água fria. No dia seguinte, cozinhe-o em uma panela
com pouco de água, 1 pitada de sal e outra de açúcar.

Quando o milho amolecer, bata-o no liquidificador, moa ou passe pelo processador.

Corte folhas de bananeira em tiras e passe-as na chama do fogão para amolecer.

Coloque 1 colher de sobremesa do minguau sobre cada tira, enrole e amarre as pontas
Mergulhe-os numa panela com água fervente e cozinhe por alguns minutos.

Òrìsà, Osálá, Òsóòguian. Ajè e Èsú.

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EKÓ
ACAÇA DE FUBÁ (MILHO VERMELHO)

500 gr de fubá.
1 Litro de água.
Folha de bananeira (assada)

MODO DE PREPARO
Dissolva o fubá em água fria, leve ao fogo alto e mecha até que comece a tomar
consistência, abaixe o fogo e vá mexendo devagar até que fique como um mingau
consistente.

Òrìsà Èsú Obàlúwàiyé Ossain.

Enrole em folhas de bananeira.

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IPESÉ ÌYÁMIM

500 gr. de feijão fradinho moído.


Cebola.
Óleo de dendê.
9 ovos vermelhos.
Sal.

MODO DE PREPARO
Proceda com o feijão fradinho moído e a cebola como para o acarajé.

Refogue no dendê quente mexendo até tomar consciência.

Tire a tampa dos ovos.

Regue com dendê e osun.

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IPESÉ ÌYÁMIM

1 kl de farinha de mandioca crua lisa.


Dendê.
Pimenta rosa.
Búzios.
17 ou 9 ovos.

MODO DE PREPARO
Misture a farinha ao dendê, posicione os ovos sem tampa.

Adicione a pimenta rosa e os búzios.

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GARI

500 gr de farinha de milho.


1 coco seco.
2 pencas de banana em rodelas.
1 cebola.
Búzios.
Mel.
Dendê.

MODO DE PREPARO
Refogue a cebola no azeite de dendê, acrescente sal e a farinha de milho.

Corte as bananas em rodelas.

Coloque a farofa em um recipiente, quebre o coco ao meio e encha as duas partes de


dendê.

Misture mel e os búzios a banana fatiada e coloque por cima de tudo.

Orunmilá-Ifá e Esù.

105
GARI

1 kl de farinha de mandioca crua lisa.


Dendê.
9 ovos.
1 pedaço de caco de louça. (Vide Master Sacerdotal.)

MODO DE PREPARO
Misture o dendê a farinha de mandioca crua lisa.

Posicione o Odú Osá-Meji e preencha com dendê.

Coloque os nove ovos em volta e o caco de louça.

Ìyámim Òsóòròngà.

107
PÃO DE INHAME

400 gr de inhame cozido, descascado


e amassado pilado até formar um purê.

Polvilho até dar liga.

Fermento biológico.

¼ xícara de azeite.

Sal.

Água para dar o ponto.

MODO DE PREPARO

Em uma tigela misture todos os ingredientes com as mãos.

Adicione água aos poucos até conseguir formar uma massa lisa, uniforme e bem fácil de
modelar.

Cuidado para não adicionar muita água, mas caso isso aconteça adicione mais um pouco de
polvilho para dar o ponto da massa.

Enrole a massa. Pré-aqueça o forno em temperatura média, unte uma assadeira com o óleo
de sua preferência e asse por aproximadamente 30 minutos ou até que esteja dourado.

Como já sabemos, inhame é o preferido de todos os Òrìsà(s) mas que tal oferecer um pão
de inhame a Osálá, Ògún, Òsún e Orunmilá-Ifá.

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Inhame, banana, milho, cebola, pimenta da Costa e azeite de dendê. Toda a África tem uma
unidade gastronômica. É claro que um toque de especiarias aqui, um gengibre ali trazem
diferenciações locais e nos faz mergulhar em um universo amplo, mas o uso de ervas
frescas, peixes, carnes de diversos sabores é sem dúvida uma abundância que temos em
nosso país que é tão plural em sua cultura e diversidade. Mas unânime mesmo é o azeite de
dendê. Em lugar nenhum do mundo, o azeite é tão saboroso entranhado na identidade e na
cultura africana aqui deixado a nós, a ponto de na mitologia dos Òrìsà(s) estar ligado a
fundamentação de um culto aos deuses. A deusa Oyá venceu a disputa com a morte
oferecendo acarás de dendê em nome de seu amor por Sàngó. A comida antiga também
tinha o poder de fixar o indivíduo a um lugar.

Conjugada com a gastronomia, a cachaça criada em situações adversas ganha o paladar do


Deus Èsú, o que mostra sua alegria a uma bebida que é considerada o doce mel “o mé”
como diziam os antigos. Fez tanto sucesso que abalou o consumo do vinho português no
Brasil, e por isso foi proibida pela Coroa diversas vezes. Numa dessas vezes, causou a
revolta da cachaça e então passou a ser oficialmente considerada nacionalmente. Na outra
criação do espírito africano a filosofia de Ifá conhecer é se alimentar como no banquete do
rei Sàngó.
A cozinha africana agregada ao Brasil é diversificada, saborosa, aromática, sensual e
vitalizada. Suas cores expressam a exuberância de nossa paisagem, sua austeridade
expressa uma arquitetura viva e colorida. O azul do mar e a potência do sol estão nos peixes
frescos com ervas e camarões, suas cores estão no miscigenado cromático de seu interior,
no sabor potente do caruru ou das receitas de vatapá e abará. Nomes de pratos exóticos
expressam receitas onde feijões, peixes, azeite de dendê e farinha se combinam para gerar
receitas frescas, aromáticas e solares que se harmonizam com uma culinária que nos é
presenteada e adaptada em nosso país, a que devemos os nossos ancestrais e os
honrarmos ao oferecer parte de tudo aquilo que comemos em nosso dia a dia como forma
de expressar a eterna gratidão pelo legado aqui deixado. E o que é a comida aos deuses se
não parte daquilo que nos alimentamos dia a dia!? Por tanto não menos importante trago a
vocês algumas delícias feitas com esses mesmos ingredientes, dedicados a eles aqui
conhecidos como “guardiões” “encantadas” e diversos pronomes que encontramos na
umbanda e candomblé.

111
DAS ENCANTADAS

112
E das nossas entidades de umbanda, representada por uma mulher sensual, independente e
dominadora, incorporada por um ou uma médium? Essas também recebem oferendas.
A “pombagira” surgiu no início do século 20, simbolizando uma mulher liberada da
submissão e do recato impostos do sexo feminino por uma sociedade machista e patriarcal.
Para mim, a entidade é especialista em amor e relacionamentos por ser encantada e ter a
magia do Trono do Desejo e estímulo. O nome pombagira é uma má interpretação do inkissi
(divindade angolana) Gongobila ou Ungila que por sua vez nascem as pombagiras por terem
esta denominação, parecida com o que seria Esú na nação de Angola. Eu particularmente
prefiro denominar estas entidades brasileiras ou não como encantadas ou guardiãs por
assim dizer, pois nascem na umbanda criada aqui no Brasil.
Outros sacerdotes porém, veem-na como mensageira dos orixás (personificações divinas
das forças da natureza), visão errônea ao meu ver, pois nada tem haver com os orixás do
panteão africano, tendo sido, em outras vidas, uma mulher sofrida que retorna para evoluir
ajudando os outros. Quando é incorporada, assume personalidades e nomes como Maria
Padilha, Sete Encruzilhadas, Rosa Caveira etc...
A pombagira é risonha e dá gargalhadas estridentes para afastar o mal e amedrontar os
espíritos obsessores, que buscam vingança. Gosta de beber, fumar e de se vestir bem e está
sempre com a mão na cintura, por vezes segurando a barra da saia ou jogando-a por cima
da perna, o que se confunde com vulgaridade e até mesmo libertinagem.
Os ingredientes da oferenda variam de acordo com a pombagira consultada e com o
objetivo: amoroso, profissional ou de cura. O mais comum é fazer a (farofa de dendê), com
bifes e cebolas. Também podem rolar frutas, bombons, velas, cigarros, rosas,e em alguns
casos, até sacrifício animal, dependendo da preferência da “pombagira.”
E aqui eu não poderia deixar de dá-los algumas receitas a essas entidades tão amadas por
tantos, e não esquecendo também os nossos guardiões, “exu-macho.”

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FAROFA DOCE PARA
AS ENCANTADAS

1 kl de farinha de mandioca crua lisa.


1/2 Lt de mel.
21 corações de galinha.
7 maçãs vermelhas e ou qualquer tipo de frutas de casca vermelha.

MODO DE PREPARO
Misture a farinha ao mel até que fique pastosa.
Leve os corações ao fogo com 100 gr de mel e deixe cozinhar.
Posicione tudo como na ilustração, regue com mel e ofereça a sua encantada predileta.

114
GARI ENCANTADA

1 kl de farinha de mandioca crua lisa.


Mel.
7 maçãs vermelhas.
Cravo.
Canela.
Laranja.
Pimenta rosa.

MODO DE PREPARO
Misture bastante mel a farinha de mandioca.

Acrescente as sete maçãs vermelhas o cravo a canela em pau, pimenta rosa e a laranja.

Todas as encantadas.

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GARI ENCANTADA

1 kl de farinha de mandioca crua lisa.


Mel.
17 acarajés.
Cravo.
Canela.
Laranja.
Pimenta rosa

MODO DE PREPARO
Misture bastante mel a farinha de mandioca.

Acrescente os dezessetes acarajés o cravo a canela em pau, pimenta rosa e a laranja.

Todas as encantadas.

118
GARI ENCANTADA

1 kl de farinha de mandioca crua lisa.


Mel.
7 maçãs vermelhas.
Cravo.
Canela.
Laranja.
Pimenta rosa.
Folhas de zamiokuca.
Pimenta dedo de moça.

MODO DE PREPARO
Misture bastante mel a farinha de mandioca.

Acrescente as sete maçãs vermelhas o cravo a canela em pau, pimenta rosa e a laranja. As
folhas de zamiokuca e a pimenta dedo de moça.

Todas as encantadas.

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FAROFA DE DENDÊ PARA
OS GUARDIÕES.
1 kl de farinha de milho em flocos.
1/2 Lt de dendê.
Bifes de porco.
Pimentas.

MODO DE PREPARO
Frite os bifes no dendê temperado com sal, use o mesmo para torrar a farinha.
Coloque em um recipiente e os bifes por cima como na ilustração.

Ofereça ao seu guardião de preferência

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PASTA DE FEIJÃO

1 kl de feijão fradinho.
3 cebolas raladas.
Dendê.
Osun (pó vermelho)
7 ovos.

MODO DE PREPARO
Prepare o feijão fradinho como para o acarajé.

Refogue a cebola em dendê e logo em seguida a massa de feijão fradinho.

Deixe cozinhar bastante, despeje em uma vasilha.

Regue com bastante dendê e pó de osun.

Encantadas.

124
FAROFA DE DENDÊ

1 kl de farinha de mandioca crua lisa.


7 maçãs.
Cravo.
Canela em pau.
Folhas de louro.
Osun (pó vermelho)
21 corações de galinha.
1/2 kl de açúcar refinado.
Mel.
Dendê.
1 vela de mel sete dias.

MODO DE PREPARO

Amasse os corações de galinha junto ao açúcar refinado fazendo uma pasta.

Coloque esse preparado no fundo do alguidar e por cima a farinha de mandioca crua lisa
misturada em dendê.

No centro coloque a vela de mel em volta as maçãs, folhas de louro e cravo a canela e pó de
osun.

Mais informações (vide Master Sacerdotal)

Todas as encantadas.

126
MOUSE DE MORANGO

1 Lata de leite condensado.


1 lata de creme de leite.
1 gelatina de morango.
Chocolate em pasta.
Morangos.

MODO DE PREPARO

Bata o leite condensado e o creme de leite.

Dissolva a gelatina em 100 ml de água quente.

Junte tudo, caso queira um sabor especial, bata morangos frescos.

Unte o recipiente com pasta de chocolate e coloque a mouse por cima.

Aqui pode-se acrescentar o pó dos deuses (vide Master Sacerdotal)

Deixe por 3 horas na geladeira.

Enfeite com morangos e bombons.

Todas as encantadas.

128
Quem nunca ouviu dizer “kosì ewé Kosì Òrìsà.”!? Sem folha não há Òrìsá.

Quando falamos da ação curativa, energética e ritualística das plantas, associamos essas
propriedades ao efeito das composições químicas, aos elementos e compostos que cada
uma contém, e que sem dúvida alguma, atuam sobre a nossa energia interna ou seja em
nosso organismo, exercendo variadas funções e de maneira externa nos processos aos
quais as utilizamos e empenhamos.

Uma das, se não há mais antiga medicina faz uso das folhas para remédios, cura dos males
da alma e do corpo, cientificamente muitos remédios derivam das folhas.

E em nossa cozinha de Òrìsà seu uso também é indispensável, além das propriedades
científicas e medicinais para curar seja o mal estar ou enfermidades, as folhas atuam no
nosso campo energético dinamizando energías espirituais com uso variados, seja para
descarrego, energização ou potencializar algumas situações.

Tanto para os humanos quanto para os Orisas e Irunmoles, elas possuem a capacidade se
doar ou receber energia. Materialmente aportam nutrientes, vitaminas, minerais que
sustentam os processos biológicos do nosso corpo. Bem como energéticamenge as folhas
doam protons (energía positiva de um atomo) e capturam e recebem eletrons (energia
negativa de um atomo), assim nós e eles recebemos e intercambiamos esta energía.

No entanto, o uso das folhas em nossa culinária pode ser apresentada com uma abordagem
totalmente diferente, que exalta o poder oculto das plantas, relacionado às propriedades
vibracionais, ou seja, a energia sutil contida nelas, mais que para ingestão.
Tudo que existe no mundo tem uma vibração energética própria. Tudo que é vivo
básicamente deriva dos mesmos compostos. Nós seres humanos e um monte de folhas
temos a mesma constituição, justamente é a organização destes compostos que conferem
as características e propriedades únicas de cada elemento.

Assim, as folhas terão cada uma sua propriedade e função específica dentro do rituais,
alimentação e também na culinária.

130
Por exemplo, como já expliquei o uso da banana, suas folhas além de serem úteis para
abrigar o alimento também terá correlação com sua energia de continuidade e
multiplicidade, podemos substituí-la por exemplo pela taioba, porém não terá a mesma
força energética da folha de bananeira, assim entendemos que por mais similaridade entre
os compostos, cada ser e/ou energia é única e aporta coisas específicas em acordo a sua
constituição bioenergética.

Estudar essas energias oferecidas em pratos aos deuses requer grande estudo e exigiria de
mim uma obra a parte apenas para falar das plantas sua utilização, propriedades
energéticas e demais funções.

Toda folha emite uma vibração eletromagnética que envolve a matéria, e nos auxilia dentro
do culto em coisas específicas.

Nos ajudam a manter o equilíbrio de Orí (cabeça) contra sentimentos que ocorrem no corpo
físico e que refletem seus efeitos causando doenças e vice-versa, despertam ou fixam
energías determinadas, por exemplo há folhas frías, quentes, para movimento ou para
apaziguar e etc...

E por falar em Orí (cabeça) também deixarei algumas receitas que devem ser consumidas
para melhoria do nosso estado mental, mas com o intuito de ingestão pois devemos
entender que oferenda a Orí (cabeça) não é apenas ritualísticas exteriores mas também o
que consumimos como alimento diário.

Lembremos, as propriedades espirituais e físicas estão relacionadas, então para extrair o


melhor de cada, devemos usá-las em todo seu potencial.

131
PARA ORÍ

CABEÇA

132
ABACATE

O abacate é rico em um tipo bom de gordura, as monoinsaturadas. Estas protegem as


artérias e contribuem para o fluxo sanguíneo, e o cérebro é um dos órgãos que mais
precisam de sangue em nosso organismo.

Além disso, ele é rico em outras substâncias benéficas, como a luteína, o selênio e as
vitaminas do complexo B.

Sendo assim, você pode comer a sua guacamole ou avocado toast (torradas de abacate)
agradando sua Orí é seu paladar.

133
ESPINAFRE

Esse vegetal tem luteína, que em algumas pesquisas é uma substância associada a uma
mente mais afiada. Além disso, contém ácido fólico, que protege as células do cérebro.
Contudo, se você não gosta muito de espinafre, há outras opções.
Os vegetais verde-escuros em geral — rúcula, couve e brócolis, são ricos em ácido fólico.
Eles ficam ótimos em sucos, mas também refogados ou cozidos no vapor (com o cuidado
de não os esquentar demais, para não perder as propriedades nutritivas).

Algumas panquecas de espinafre e peixe podem fazer bem a sua saúde mental.

135
PEIXES

Um peixinho grelhado deve fazer parte de qualquer dieta balanceada, já que é uma fonte de
proteína bastante saudável.

Porém, além disso, essa carne é rica em ômega-3, que faz bem para a conexão entre os
neurônios. Ela também tem ação anti-inflamatória, o que contribui para a regeneração das
células.

Além do salmão, outras opções são o atum, a sardinha e o arenque, na dúvida, é só


perguntar na peixaria quais são as espécies de água fria.

Prefira prepará-las com a pele, que é a parte com mais ômega-3, e sem cozinhar demais.

Recomendo o uso da sardinha por ter um baixo custo e de todos o que mais contém ômega
3.

137
OLEAGINOSAS

Na hora de fazer um lanchinho, no meio do dia, você pode recorrer às oleaginosas, como a
castanha-do-pará, nozes, amêndoas e pistache.

Elas são ricas em selênio, além de ter vitamina e gorduras boas. Essas substâncias
protegem o cérebro e atuam nas ondas cerebrais ligadas ao aprendizado.

Garanto que com o uso destes poucos alimentos mencionados por mim, sua Orí despertará
para uma vida saudável e garantirá o funcionamento de um corpo disposto. Ebó em
demasia faz mau! É necessário sim recorrermos a divindade caro leitor, mas é fundamental
que cuidemos de saúde mental para conduzir um culto onde a probabilidade de sucesso
será garantida.
É hora que despertemos para uma nova era onde os princípios culturais religiosos podem
muito bem conviver com a consciência de que somente fé sem esforço e ação é
disfuncional.
Rituais como o de Eborí onde as comidas são jogadas fora e pouco são consumidas por
quem está no seu processo ritualístico , de nada adiantaram se não forem realizados de
forma que o corpo e alma estejam de comum acordo.

139
QUINDIM

6 gemas
4 colheres (sopa) de leite de coco
1 colher (sopa) de manteiga
150g de coco ralado fresco
200g de açúcar
1 clara em neve

MODO DE PREPARO

Quebre as gemas e passe em uma peneira cuidadosamente sem mexer com a colher. Em
seguida adicione o leite de coco, a manteiga, o açúcar e mexa bem. Feito isso acrescente o
coco ralado e por último a clara em neve, misturando delicadamente até que a mistura
fique homogênea. Leve a massa do quindim a geladeira por 2 horas. Após esse tempo
coloque a massa em forminhas untadas com manteiga e açúcar cristal, e leve para assar
em uma assadeira com água bem quente (banho Maria), em forno médio, pré-aquecido, até
ficarem douradinhos. Tempo no forno: em média 1h. Desenforme os quindins ainda mornos.
Òrìsà Ibeji Òsún

141
OBI

TRADUÇÃO

Ni nję dì Obì o má jé ri o. Venha comer Obi encantado; Ele continua


Ni nję dì Obì! vencendo e observando você. Venha comer
Ni nję dì Obì Olo-bí ire. Obi encantado! Venha comer Obi encantado;
Ni nję dì Obì! Senhor dê nascimento à felicidade. Venha
Ni nję dì Obì Olo-bí ayò. comer Obi encantado! Venha comer Obi
Ni nję dì Obì! encantado; Senhor dê nascimento à alegria.
Ni nję dì Obì Olo-bí ayò. Venha comer Obi encantado! Venha comer
Ni nję dì Obì! Obi encantado; Senhor de nascimento à saúde
Ni nję dì Obì Olo-bí alãfia. e bem-estar. Venha comer Obi encantado!
Ni nję dì Obì! Venha comer Obi encantado; Senhor dê
Ni nję dì Obì Olo-bí àikú. nascimento à vida longa. Venha comer Obi
Ni nję dì Obì! encantado!

143
Além de ser conhecido como o fruto da boa sorte, obi é o oráculo original de
ifá e deve ser consultado para tudo, sem exceção. Sempre que uma oferenda é
ofertada o obi deve ser consultado para saber se a oferenda agrada aos
deuses, mas mais que isso, devo me responsabilizar em dizê-los que, além do
obi uma parte de tudo que é ofertado aos Òrìsà(s) primeiro é oferecido a Èsú,
pois sem que o senhor de ikorita meta receba sua parte nenhuma divindade
receberá sua oferenda. Se você realmente deseja agradar aos deuses lembre-
se Èsú é a boca que tudo come.

145
O Odu Oworin Meji, diz sobre o sacrifício que deve sr ingerido e se potencializa
pela boca, ou seja pela alimentação, assim sendo, o simples fato de comer
mais ou menos de alguma coisa pode nos ajudar ou atrapalhar em
determinados aspectos.

Alimentar as divindades é muito importante, para que se desloque energia que


serão manipuladas e vertidas por eles em nossa vida, más mais importante
ainda é saber que tudo que consumimos direta ou indiretamente gera
resultados físicos e espirituais em nossa vida.

Uma alimentação (tanto para as divindades, quanto para nós mesmos)


baseado no conhecimento bioenergético é de suma importancia, alimentar-se
também é um ebó.

É nessa dimensão grandiosa da compreensão dos elementos utilizados que


teremos um resultado positivo ao ofertarmos um dos pratos de nossa
culinária fazendo uso também das folhas.

Uma vez estudado tais elementos e a influência dos vegetais sobre a cozinha
de Òrìsà buscamos compreender como essa influência pode agir
positivamente em nossas vidas.

Por exemplo pôde-se fazer Omolókun(s) usando folhas para se obter


fertilidade e amor, fazer uso de folhas como a brilhantina e a zamiokuca para
prosperar, folhas de cabaça para ter multiplicidade nos negócios, folhas da
Costa (kalanchoe) ou folha da fortuna para acalmar e também prosperar, bem
como louro e até mesmo o uso de flores como as de orquídea, rosas e outras.

146
DOS ELEMENTOS

147
A culinária dentro do culto de Òrìsà no Brasil é fundada e reconhecida nos
ingredientes, nas receitas, e nos processos culturais que chegam de
diferentes povos e culturas do continente africano.

Essa culinária serve as sabedorias que foram acumuladas nos terreiros


difundidos, verdadeiros espaços de memórias e de experiências das
civilizações, Ioruba, Fon e Angola-Congo.

Muitas das nossas comidas do dia a dia e dos festejos populares estão nas
mesas sagradas dos terreiros, com isso muitos dos nossos hábitos
alimentares têm suas base no culto iorubá e nos costumes das comidas que
estão presentes nos mercados da África.

Tudo que chegava da África para o Brasil recebia a designação geral “da
costa”. Desse modo “da costa” passou a determinar os variados produtos que
chegavam da África, e foi também uma maneira, a partir do século XV, de
identificar as regiões que se reúnem no golfo do Benin, e em amplo território
de países como Benin, Nigéria, Togo, Gana; São Tomé e Príncipe; e, ainda, em
locais historicamente conhecidos como: Costa da malagueta, Costa dos
escravos, Costa do marfim, Costa do grão, Costa da Guiné; territórios onde o
inhame é uma espécie nativa.

148
INHAME

O inhame é uma raiz africana fundamental no sistema alimentar deste


continente, e está presente nas comidas do cotidiano, e nos festivais religiosos
que celebram as colheitas e marcam os aspectos simbólicos da fertilidade, da
vida, e dos deuses.

No Brasil, o inhame também é uma das bases da nossa alimentação, sendo


acompanhado de melado, de manteiga, usado em receitas como bobó de
camarão; ipeté, uma comida Ioruba feita com dendê, e faz parte do caruru de
quiabos.

Festas religiosas, como o pilão de Osálá, onde o inhame simboliza temas como
fertilidade, agricultura, alimentação, da história da criação do homem e do
mundo; trazem as muitas referências e significados desta raiz africana que
está integrada aos nossos paladares e a nossa cultura de matriz africana.

149
MILHO

O milho, proveniente das Américas, foi reverenciado nas civilizações pré-


colombianas e também eternizado em objetos arqueológicos que revelavam
rituais sagrados relacionados a esse alimento, principalmente na cultura dos
povos maias. Esses objetos, além de conterem desenhos do cereal,
representando fertilidade, apresentavam, em seu interior, grãos de milhos que
eram ofertados para os deuses do submundo.

De um lado os historiadores europeus viam o milho com maus olhos, como


causador de doenças, por outro, nos cultos brasileiros, foi “o alimento
escolhido para simbolizar a cura dos males associados à pele”, um protetor
dos corpos negros e indígenas, desprezados e discriminados como inferiores
aos brancos.

Mais tarde, a popularidade do cereal e as celebrações festivas e religiosas


associadas resultaram, hoje, em expressões e realizações em que arte é o elo
entre os povos indígenas e os afrodescendentes na busca do respeito à
formação de uma identidade brasileira que celebre, ao mesmo tempo, as
diferenças e as igualdades.

Nos cultos africanos no Brasil, os Òrìsà(s) são as forças da natureza que


cuidam do equilíbrio energético de seus filhos.

151
Assim, os povos oprimidos e escravizados puderam, em sua cultura,
reverenciar seus “santos”. Nos dias de oferenda, o grão de milho e a pipoca
sempre foram os protagonistas de cerimônias como a Sabejé, consagrada a
Obaluaiê e Omolu, onde existe o MITO destes orixás serem protagonistas de
enfermidades contagiosas e de pele, onde o milho atua como potência de
força, paz e cura. Esse milho, segundo o antropólogo Vagner Gonçalves da
Silva, exposto ao fogo para ser ingerido, transforma-se em uma pipoca macia,
semelhante a uma flor. Preparada para os Òrìsà(s)Omolu e Obaluaiê, ela é
chamada de “a flor do santo”. (Fonte;Bori Performance-Art e Buruburu, do
artista brasileiro Ayrson Heráclito)

Porém aqui vamos desmistificar essa crença de que o milho ou a pipoca sejam
elementos específicos desses Òrìsà(s) erroneamente elaborados no Brasil e
compreender que todo Òrìsà come milho, principalmente quando se tem a
compreensão de que a matéria prima do acaça que reuniu todas as divindades
é proveniente do milho.

152
FEIJÃO FRADINHO

Na África Subsaariana, o feijão-fradinho é um alimento básico altamente


valorizado por suas folhas, vagens verdes e sementes secas para consumo
humano, ou por seus grãos ricos em proteínas, que fornecem forragem de
qualidade para o gado.

A colheita de culturas alimentares tradicionais, como milheto, sorgo,


amendoim e variedades tardias de feijão-fradinho na forma de vagens secas,
geralmente ocorre entre outubro e dezembro. A possibilidade de colheita de
variedades de feijão-frade de ciclo curto, ou seja, de colheita precoce, é muito
importante porque fornece alimentos numa altura do ano em que os celeiros
estão quase vazios (época de escassez).

Aqui no Brasil o consumo do feijão fradinho é bem intenso no nordeste, na


Bahia, por exemplo, ele é a base do acarajé símbolo de Ìyámim Òsóòròngà e
dos Omolokun(s) de Òsún e suas inúmeras possibilidades de preparo.

154
DENDÊ

O dendezeiro tem sua origem na África, mais precisamente na costa do


Golfo de Guiné, parte litorânea
ocidental do continente africano.

Durante o período da colonização recente da África, os dendezeiros, parte


integrante da paisagem africana,
chamaram a atenção dos visitantes europeus.

Além disso, o azeite de dendê já era presente nos hábitos e na cultura


popular dos povos nativos naquela época.

Liturgicamente falando o dendê é usado na culinária das divindades e


Orisà(s) e está presente em grande parte de seus preparados.

Também usado em magias, lamparinas é um elemento apaziguador dentro


do culto, onde uma vez o seu uso tem
como função aplacar a "irá das divindades como Esú, Ìyámim Ösóoröngà e
outros.

O seu perfume exalado durante sua fervura enaltece as divindades por isso
dizemos o seguinte; "O Orixá também
vem pelo cheiro do dendê."
Também conhecido como epo-pupa (óleo vermelho) na língua iorubá.

156
MEL

Elaborado a partir do néctar das plantas, mel carrega inúmeras propriedades


medicinais, nutricionais e
cosméticas. Esse rico alimento possui ações antimicrobianas, probióticas,
antioxidantes e energéticas, além de vitaminas e minerais.

Liturgicamente falando o mel é um elemento extremamente quente em suas


propriedades, tendo como função principal acelerar o processo na magia,
ativar algo que esteja estagnado, encantar e trazer a energia de movimento
assim como o das abelhas que o produzem.

Uma vez tendo a compreensão dos elementos usados em nossas receitas


podemos ampliar o seu uso e ter a consciência correta de quando e como
usá-lo em nossos rituais.

158
PIMENTA DA COSTA

A atáàre pimenta da Costa, é um elemento bastante utilizado em inúmeros


rituais no culto.

Seu simbolismo provém da força que produz ao ser mastigada e também


pelo fato de ela dá força à palavra da pessoa que a mastiga, aumentando a
força da palavra, tanto para coisas positivas quanto para negativas, assim
como protege o corpo físico e espiritual da pessoa que a oferece.

É um elemento de predileção de todos os Òrìsà(s) ela estará presente em


tudo. Costuma-se espargir grãos de atáàre mastigados com gim nos pontos
cardeais para ter força e comando junto a Èsú (senhor da comunicação)
assim como se mastigar pimenta da Costa ao acordar sem escovar os
dentes, por exemplo, para acorda-lo dentro de si.

160
MELADO DE CANA

O melado é um xarope espesso produzido quando a cana-de-açúcar é


transformada em açúcar refinado para consumo.

O melado traz muitos benefícios à


saúde, e por isso pode ser considerado um suplemento alimentar.

É um alimento nutritivo, rico em minerais e que fornece energia para o


corpo.

Possui propriedades que melhoram a saúde em geral e nível de


condicionamento físico.

Liturgicamente falando o melado de cana é usado para adoçar, ao contrário


do mel que esquenta, tendo como função básica a de fortalecer uma
situação uma vez em que se sabe que vindo da cana de açúcar onde nem
mesmo o fogo consegue derruba-la, uma vez compreendido isto, podemos
usá-lo em rituais de defesa por exemplo, além de ativar e agradar Ésú, Òsún,
Ìyámim, Ìyá Ajè, Ossain e outros com esse elemento por eles tão apreciado.

162
QUIABO

De acordo com Alan Davidson, autor do livro “The Penguin Companion to


Food” considerada uma enciclopédia sobre comida, o quiabo tem origem
africana e possivelmente começou a ser cultivado na região da Etiópia.

Sua chegada às Américas tem íntima relação com o triste período do tráfico
negreiro.

Ao traficar as pessoas capturadas na África, o vegetal também foi trazido


para o “Novo Mundo”. Os primeiros registros do alimento em terras
brasileiras datam de século XVII.

Atualmente, é cultivado em diversas regiões do País, principalmente no


Sudeste.

Seu uso litúrgico se confunde em terras brasileiras onde é oferecido a


Sàngó, o quiabo é um elemento usado em ipesé (oferendas de Ìyámim
Òsóòròngà) por ela apreciado com o intuito de aplacar sua irá, o quiabo
também tem o poder de purificação, livrando o devoto de de ajé-ikú (feitos
de morte) é também um elemento apreciado por todos os Òrìsà(s) femininos
de Òsún a Ìyemoja. Aqui podemos ter a conclusão de que o quiabo ativa o
sagrado feminino.

164
BANANA

A banana auxilia no bom humor e na disposição. A fruta contém um


aminoácido chamado Trypotophan, que colabora na redução do estresse.

Ademais, os açúcares do alimento ajudam a restabelecer a energia do corpo


e da mente, proporcionando uma sensação de ânimo e vitalidade.

Contudo, o que muitas pessoas não sabem é que a banana também é


composta por propriedades místicas que podem ser utilizadas para
diferentes finalidades. Por exemplo, a energia da fruta é ideal para o
fortalecimento dos laços emocionais entre as pessoas, usadas em rituais de
relacionamentos, para unir duas pessoas.

Em reuniões de negócios também é possível usar esse elemento para criar


um ambiente mais amigável e agradável para todos, aconselho deixar pencas
de bananas em casa, para atrair clientes e fechar bons negócios.

Outra energia que é relacionada com a fruta é da prosperidade,


especialmente a financeira. Até mesmo as folhas da banana são utilizadas
em rituais do culto diversos fins, para atrair a sorte e a materialização de
bens.

Além disso, há pessoas que aproveitam as propriedade afrodisíacas da fruta


para a realização de rituais de amor, como já dito a cima.

Mas, entre todos os poderes da banana, o que ganha destaque é o espiritual.

166
A energia da espiritualidade é associada com o ciclo de vida da banana.
Quando a planta cresce e desenvolve os seus frutos, ela morre para oferecer
os seus próprios nutrientes para os descendentes, por tanto nos liga a
ancestralidade.

Essa atitude é uma demonstração de fases da vida; é preciso absorver os


ensinamentos de uma pessoa mais sábia para garantir o seu próprio
desenvolvimento. Depois, no futuro, você poderá contribuir na evolução de
outra pessoa.

Esse pensamento transmite a ideia de conexão entre os seres vivos. Como


todos estão conectados, as boas energias que um indivíduo recebe podem
ser aproveitadas pelo contexto geral.

A banana é grandiosamente apreciada por Èsú, Ìyámim Òsóòròngà, Òsún, Orí,


todos os Òrìsà (s) caçadores, ibejie é a iguaria preferida de Ìyá-Ajè Salunga a
própria riqueza na terra.

167
SAL

A palavra sal vem do grego “hals” e “halos”, que tanto significa sal como
mar. Da mesma raiz se deriva a palavra “halita”, dada ao Cloreto de Sódio
encontrado em depósitos naturais, que é o sal gema. Platão falava que “o sal
era uma substância cara aos deuses”.

Antigamente sacerdotes usavam o sal para afastar os demônios. No Egito


antigo, o sal foi considerado um produto sagrado e era oferecido aos deuses.
Os romanos consideravam o sal um símbolo de sabedoria, e por isso
usavam-no num ritual aos recém-nascidos, derramavam sal sobre eles para
que nunca faltasse a sabedoria.

Gregos e romanos para agradar os deuses do lar, faziam sacrifícios de


animais. Era comum por sal na cabeça do animal sacrificado, para purificar a
casa.

Os árabes citam recomendações de Maomé para: "começar pelo sal e


terminar com o sal; porque o sal cura numerosos males". No Marrocos
coloca-se sal nos lugares escuros para espantar os maus espíritos.

169
No Havaí, a pessoa que volta de um funeral joga sal sobre ela mesma, para
afastar maus espíritos não venham com ela do enterro. Os japoneses têm o
costume de deitar sal na soleira da porta de suas casas depois de alguém
não desejado ou negativo ter saído.

O sal é um potente elemento no culto iorubá por trazer vários aspectos a ele
relacionados, mas para melhor compreensão basta entender que o sal é um
elemento que conserva, ativa o sabor do alimento, por tanto à de se ter a
consciência do seu uso pois se diz; se está bem, ponha bastante sal para
conservar, mas se tudo vai mau, tire o sal…

Tendo essa ciência, sabemos agora que se, a casa está prospera e todos
estão bem, use bastante sal e tempere bem seus alimentos, se não, é melhor
suspendê-lo.

Por este motivo que muitos devotos tomam banho de sal grosso e
continuam estagnados, pois o sal irá conservar aquilo que já existe.

170
ÒSUN

Seu Objetivo é transmitir o poder do fogo dentro da espiritualidade, também


nos proteger e nos livrar de feitiços.

É extraído da seiva da árvore Baphia nitida e Peterocarpus Osun. Ambas


Leguminosae Papilionoideae. Osún representa e simboliza o clã Pupá,
(vermelho) o sangue e o fogo.

É comumente utilizado em ebós mas também na culinária dos Òrìsà(s)

Utilizado em banhos e rituais iniciáticos.

172
ÌNDIGO

O índigo ou waji representa a cor Dundu (preta.) Existem diversas espécies


que podem ser utilizadas para a produção de corantes azuis como a Isatis
tinctoria ,Indigofera tinctoria e o Lonchucarpus cyanescens.

As duas primeiras não seriam utilizadas para a produção do waji tradicional,


sendo apenas usadas para a confecção do anil (usado para tingir jeans, por
exemplo). O verdadeiro waji seria, portanto, retirado do processo de
fermentação das folhas doLonchucarpus sp. que é conhecido pelo nome de
índigo africano ou índigo iorubá.

O processo de fabricação desse corante era complexo e exigia grande


perícia, sendo cercado de prescrições e proibições.

Era tão importante que os tinteiros iorubas cultuavam uma divindade


específica, dentro do culto de Ìyámim Òsóòròngà.

Os tecidos tingidos de índigo significava riqueza, abundância e fertilidade.

Índigo é uma cor que simboliza a intuição e a compreensão, atua purificando


o sangue e tem um efeito anestésico e coagulante.

É representada pelo chakra frontal, localizado no centro da testa e que


controla o sistema nervoso, por este motivo usado em rito iniciático no culto
de Òrìsà.

Dentro da culinária pode ser usado para as divindades Èsú, Ìyámim


Òsóòròngà, Ìyemoja, Òsún, Sàngó, todos os Olodés (caçadores) com intuito
de purificar e expandir a vibração.

174
EFUN

Elemento extremamente importante é derivado do clã funfum (Òrìsà(s) dos


primórdios).

O efun simboliza a criação, o dia, por isso, quando em pó, seja soprado ou
friccionado seco é utilizado com o objetivo de expandir, vitalizar, iluminar,
clarear, despertar, avivar e também acalmar.

Será utilizado em todas as receitas onde estarão presentes as divindades


advindas da cor branca, Obatanlá, Osálá, Òsóòguian, Ìyá-Ajè, mas também
poderá ser usado para apaziguar as divindades dos clãs Pupá é Dudu.

176
OVO

O ovo, por sua vez, é um símbolo de vida e renascimento. Povos da


Antiguidade, como os romanos, propagavam a ideia de que o Universo teria a
sugestiva forma oval. Na Idade Média, houve quem acreditasse que o mundo
teria surgido dentro da casca de um ovo.

Muitas são as indagações sobre os ovos colocados nos


omolokun's de Osún, ipesé de Ìyámim, pois bem, os ovos crus tem a função
de propiciar a prosperidade e a fertilidade, logo cozidos restauram a saúde
ou a mantém, ovos de galinha d'Angola são excelentes para se livrar de
situações de extremo perigo, já os de pata nos livra de "ajés" feitiços, os de
pássaros como codornas e outros tem a função de manter os adeptos do
Asé em perfeita armonia e unidos para o mesmo.

178
GYN

O gin surge na Holanda em meados do século XVII. O seu local de nascimento


acaba sendo estratégico para sua entrada no Reino Unido, onde se
disseminou na primeira metade do século XVIII, quando Guilherme III, Príncipe
de Orange, conquistou o trono inglês.

A base de seu apoio político estava, entre outros, nos agricultores que
produziam principalmente grãos, e viam o preço da saca despencar com o
excesso de oferta do produto. Em busca de uma solução para fomentar o
consumo de grãos e ampliar a margem de lucro dos produtores, o novo rei
edita um ato para o encorajamento da produção de destilados a partir dessa
matéria prima. Mas porquê fazemos uso do gin em rituais?

Zimbro é o fruto (baga) de árvores do gênero Juniperus, da família dos


ciprestes, primos dos pinheiros, originárias do Hemisfério Norte. Ele, o
zimbro, é o UNICO INGREDIENTE OBRIGATÓRIO EM QUALQUER GIN, esse
fruto contém alquímicos que fazem com que nossas palavras ou Asé (força
vital) se fixe onde quer que estejamos usando nosso ofo (força da palavra)
para obtenção das graças desejadas no momento de um ebó, ipesé, magias e
outros.

180
A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA

Ela pode ser de mina, poço, rio, cachoeira, lago e chuva, porém é necessário
estar atento as fazes da lua em seu reconhecimento.

As águas colhidas das fases da lua são de extrema importância nos rituais
por sua capacidade de auxiliar e potencializar as forças ali manipuladas.

Água colhida na lua minguante é indicada para limpeza e purificação. Já a


água colhida na lua crescente é utilizada com o objetivo de auxílio no
crescimento de cargos no trabalho, em processos seletivos e em provas de
concurso.

Já as de lua cheia estão relacionadas à abundância e ao amor. Por fim, a


água colhida na lua nova serve para renovação de diversos aspectos da vida.

182
NOTAS FINAIS

O ilè Ìdáná foi apoiado no fato de que a culinária possui uma vibração sutil que
pode ser utilizada como uma fonte poderosa de energia que, por sua vez, atua
diretamente na alma dos seres. Também utiliza a força do pensamento e
intenção para potencializar essa energia sutil contida no alimento. Essa
constatação reforça a ideia de que os elementos usados armazenam, em
forma de energia, a intenção dos pensamentos, emoções e sentimentos que
estão envolvidos, podendo ser positivos e negativos.

Um grande estudo foi realizado para a publicação do ilè Ìdáná. A base dessa
pesquisa foi a utilização de elementos potencializados, principalmente, pelo
poder da intenção positiva dirigida na preparação dos compostos. Mas a
pergunta que fica é: o que aconteceria com uma simples oferenda que foi
submetida a uma atmosfera de pensamentos, sentimentos e emoções?

Certamente, impregnaria essa frequência densa de energia no composto,


promovendo resultados incríveis. Não são só as oferendas que armazenam
essa energia oriunda dos pensamentos, sentimentos e emoções. Tudo em
nossa volta sofre influência e absorve o que está sendo propagado, seja
positivo ou negativo. Roupas, ambientes, objetos, plantas, cristais, água... Tudo
isso armazena um tipo de vibração que se usada de forma correta pode curar
os males da alma ou expressar nossa gratidão aos deuses.
Já passou da hora de as pessoas perceberem que é necessário a
independência dentro do culto e aprender sobre como cuidar de seus Òrìsà(s).

Desejo êxito em suas oferendas, que eu tenha de verdade contribuído para um


culto limpo e íntegro. Que Òsún dona de mim, ilumine todos vocês. Que seu
coração possa pulsar na mesma sintonia da cozinha de Òrìsà.
Ìyá Linda T’Osún

183
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

O conteúdo gerado aqui é de conhecimento pessoal e de pesquisas feita por


uma longa caminhada sacerdotal, mistura e alquimia de elementos. as
imagens aqui dispostas são de acervo pessoa e muito poucas encontradas
facilmente no (Google/Pinterest).
O Ílè ìdànà é um livro de receitas para a cozinha de orisà, não podendo ser
reproduzidas sem autorização com base na LEI Nº 9.610, DE 19 DE
FEVEREIRO DE 1998.
Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras
providências. Art. 1º Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob
esta denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos.

184
IYÁ LINDA T'ÒSÚN
É Ìyáloorisa, terapeuta
comportamental, professora de
neurolinguística e escritora do
culto a Òrìsà. Seu sacerdócio se
deu início em 1997 em Uberlândia
Minas Gerais. Sua dedicação ao
estudo do mundo místico, oculto,
energético e sua aplicação na
vida prática se dá no Centro
Cultural Òsúngbemi onde preside
sua função sacerdotal.

@iyalinda_oxun

+55 34 9653-6286

contato@lindadavila.com

lkt.bio/iyalindatosun

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