Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(Organizadora)
AWO ÀWÒ
O Mistério das
Cores Naturais
1ª Edição
Seropédica – RJ
2021
Diagramação
Anna Gomes
Revisão Ortográfica
Larissa Onasis Monteiro Magalhães
Vagner Felix da Silva
Ilustração da Capa
Uéliton Gomes da Paixão Lopes
Ilustrações do Miolo
Francielle da Silva Pimenta
1ª Edição
6
Ao Prof. Ramofly (UFRRJ) pela disponibilidade, pelo afeto e
pelas valorosas contribuições indicadas no prefácio.
7
Agradeço aos amigos e amigas, Mestres e Mestras populares
por compartilhar seus sorrisos, suas considerações e seus sa-
beres.
8
9
sumário
11 Prefácio
17 Apresentação
25 CAPÍTULO 1
Cada traço, um significado: As tintas
naturais em seu contexto histórico e
seus usos entre os Indígenas e as
Comunidades-Terreiro
47 CAPÍTULO 2
Tintas Naturais: Cultura
e Arquitetura Africana
65 CAPÍTULO 3
Caçadores, Ferreiros e Abridores de
caminhos decoloniais
85 CAPÍTULO 4
Geotinta, Educação, Território e Cultura
111 CAPÍTULO 5
Terra, Tambores e Tintas: Tradição e
reinvenção nas práticas pedagógicas
135 CAPÍTULO 6
Os vegetais, seus potenciais e as tintas
naturais: A práxis educativa no contexto
socioambiental e cultural no Jardim da
Instituição
157 Anexos
12
estreita relação com o mistério das cores naturais e a forma-
ção docente. Não tenho dúvidas que este livro contribuirá
para o enfrentamento dos conservadorismos e autoritarismos
presentes em nossa sociedade, revelando utopias concretas de
educadores e educandos, boa parte deles, vinculados à Licen-
ciatura em Educação do Campo na UFRRJ – Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro.
13
formadores deste BRASIL. Cada capítulo, a seguir, neste li-
vro é testemunho da vitalidade democrática.
14
Deborah, numa estreita relação entre sonhos, responsa-
bilidade e ética, não poupou esforços na construção dos per-
cursos, valorizando a ousadia e interligando questões locais
e globais. Este livro rompe com o bombardeio de notícias
e informações selecionadas, distorcidas, acríticas e vendidas
como mercadorias que “fazem cabeças” e opiniões públicas. A
organizadora foi extremamente rigorosa no exercício cotidia-
no de entranhar-se em problemas vivos, correndo riscos e
projetando possibilidades. Lidar com tais experiências, aber-
tas e incompletas, acerca dos processos educativos populares
contribui para formação crítica de educadores/as e os movi-
mentos sociais, enaltecendo os debates acerca da educação
popular.
15
movimentos sociais, crítica e organicamente vinculada às lu-
tas por uma sociedade mais livre e menos desigual. O convite
que me foi feito pela Educadora Popular Deborah Terezinha
Conceição para prefaciar este livro: Awo Àwò: O Mistério
das Cores Naturais, me emocionou profundamente, espe-
cialmente, pelo prazer da leitura dos seis capítulos e a opor-
tunidade de confessar aos futuros leitores que uma relação
acadêmica entre educadores, educandos e movimentos sociais
pode estreitar relações de carinho, respeito e amizade sincera.
Tenho apostado ao longo da minha vida, dos meus familiares
e amigos, na possibilidade concreta de fazer com que nossas
palavras e ações voem longe, abrindo portas de uma vida mais
saudável para toda a humanidade. Tenho certeza de que esta
obra será uma herança muito bonita para todos os sujeitos,
individuais e coletivos, que, direta e indiretamente, contribu-
íram com este trabalho.
Junho de 2021.
Ramofly Bicalho
Docente na UFRRJ –
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
16
apresentação
19
e sociedades que não se sintam ou estejam igualmente repre-
sentadas pela raça, classe e sociedade dominantes.
20
Para isso, é necessário que estejamos abertos e atentos
aos movimentos e processos pedagógicos que produzam no-
vos significados para a educação, isto é, uma educação base-
ada nas pedagogias de libertação, da valorização e da huma-
nização dos sujeitos. Uma educação que ultrapasse os muros
da escola admitindo a existência de outras pedagogias e que
reconheça, de forma sutil e comprometida, as subjetividades
dos sujeitos, dos territórios, das comunidades e das culturas
presentes em toda extensão do território brasileiro.
21
Ao abordar esses enredos, o livro ainda se apresenta como
um possível material a ser utilizado para contemplar a deter-
minação da Lei Nº 10.639/2003 e da Lei Nº 11.645/2008
que estipula o ensino dos diversos aspectos da história e da
cultura que caracterizam a formação da população brasileira,
a partir dos grupos étnicos formados por negros e indígenas,
tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta
dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra
e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da so-
ciedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas
social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil
no âmbito de todo o currículo escolar da Rede de Ensino
Nacional.
22
terreiros e, principalmente, um caminho que possibilite aos
sujeitos que enxerguem e reconheçam o mundo através das
suas próprias lentes. Afinal, não existe a possibilidade de
uma nova educação, isto é, uma educação emancipadora, se
ainda continuarmos lendo com as lentes focadas nos saberes
coloniais.
Ótima leitura!
23
Referência
24
CAPÍTULO 1
Cada traço, um
significado:
As tintas naturais
em seu contexto
histórico e seus usos
entre os indígenas
e as comunidades-
terreiro
Deborah Terezinha Conceição
BREVE HISTÓRICO
28
rupestres aconteceram no século XIX na caverna de Altamira
localizada na Espanha, e em seguida na gruta Lascaux, na
França, no ano de 1940, em que foram utilizados óxidos de
ferro amarelo, vermelho e preto, carvão de madeira, ossos
queimados e caulim para obtenção de pigmentos (ALVA-
RENGA, 2006).
29
originais do local que mesmo com o passar do tempo, manti-
veram suas cores vivas e originais da época.
30
sabe-se também que os elementos naturais da fauna e da
flora foram e ainda são utilizados para colorir e ornamentar
corpos, utensílios domésticos, armas de guerra etc. A partir da
relação estabelecida entre o ser humano e as tintas naturais,
dá-se início a associação simbólica das cores. Nela a emoção
e o valor se associam e, assim, a expressão ganha significado,
ao mesmo tempo que o símbolo ganha tonalidade afetiva.
(VOGEL; MELO; BARROS, 2012, p.97)
31
sua espiritualidade e seu senso de coletividade, visto que, ge-
ralmente essa prática é realizada em momentos exclusivos de
celebrações, guerras, processos iniciáticos e rituais.
32
como um mundo em escala reduzida que servirá de suporte
para reavivar e potencializar os saberes e as memórias, trans-
formando-os em performances que darão vida às práticas re-
ligiosas e culturais desses povos e comunidades.
33
do Curso de Licenciatura em Educação do Campo e bolsista
do Programa de Ensino Tutorial – Pet Etnodesenvolvimento
e Educação Diferenciada, ambos instituídos na Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, a indígena Noemia Martins
Campos – Korê Canela, originária da etnia Canela - Aldeia
Tapyraka, nos relata aspectos sobre a tradição e as técnicas
necessárias no que diz respeito a confecção e aplicação das
tintas naturais em sua aldeia.
34
e você tira ela da árvore (no dia do meu casamento a
gente saiu pra tirar essa tinta de pau-de-leite). É uma
árvore que você corta um pouco do tronco dela e vai
tirando o leite, você machuca aquela árvore e tira um
pouco de leite, aí depois você vai pra outra árvore
igual àquela e tira mais um pouco de leite, aí depois
vai pra outra árvore e tira mais um pouquinho, é assim
que a gente faz pra pegar essa tinta. Aí depois a gente
mistura no carvão moído e depois você pinta a pessoa.
Depois disso, a gente pega um tronco queimado aí tira
o carvão e aperta na mão e passa em cima da pintura
feita no corpo da pessoa, isso aí é pra ficar mais preto.
Aí a pessoa espera de trinta minutos a uma hora, depois
disso ela toma banho aí vai sair só o excesso do carvão
o resto fica na cola da tinta de pau-de-leite. Essa tinta
de pau-de-leite sai muito rápido ela dura tipo três dias
agora a tinta de jenipapo ela demora muito pra sair.
Se você não toma muito banho, por exemplo, pessoas
que tomam um banho só por dia a pintura dura até 15
dias no corpo, pessoas que tomam banho toda hora,
igual é o caso aqui na aldeia, que toda hora a gente
banha porque é um calor insuportável e porque as
pessoas aqui já se acostumaram também, então a tinta
dura menos, uma semana. As tintas que a gente usa
são essas. (Depoimento Korê Canela cedido a autora.
Maranhão, 28 de abril 2021)
35
Figura 1. Korê na Aldeia Canela colhendo o material na árvore pau-de-leite e
retirando a semente do urucum para o preparo das tintas naturais. Foto: Korê
Canela, 2020.
36
Sobre a presença preponderante e a relação direta do
ser feminino com as tintas naturais, em seus estudos sobre
o caráter agentivo da pintura corporal Canela, Rolande nos
afirma que a “pintura é uma atividade feminina, cabendo às
mulheres pintarem seus maridos e apenas os filhos solteiros”.
(p.54, 2013)
37
íris, representado pelo orixá Oxumarê 2, nas vestimentas, nos
laços que envolvem os tambores, nas diversas tonalidades
apresentadas pelos banhos e pelos vegetais utilizados,
nos ornamentos que enfeitam os salões nos dias de festa
etc. Porém, é mais especificamente no processo iniciático
realizado pelas comunidades-terreiro que as tintas naturais
vão aparecer de forma preponderante demonstrando sua
eficácia e intencionalidade, servindo como alimento espiritual
e proteção contra forças que possam investir esforços no
sentido de desestruturar o equilíbrio necessário na vida dos/
as que vão compor a egbé.
38
“a sua eficácia enquanto substâncias ativas, se inscrevem e
infundem no seu corpo” influenciando de forma positiva o
destino do/a iniciado/a. (VOGEL; MELO; BARROS, 2012,
p.103)
39
(sangue vermelho) que faz parte do awo (segredos do
culto); e o Wáji, outro elemento vegetal, o aró que
também é utilizado para tinturas. (OLIVEIRA, 2012,
p. 41)
40
A galinha d’angola, associada ao mito acima, está pre-
sente também em tantos outros mitos compartilhados nas co-
munidades-terreiro de matriz africana, isto porque, sua pre-
sença e suas cores são fundamentos essenciais para questões
emblemáticas, como a iniciação da vida no axé.
41
presentes ao viajante sem suspeitar de quem se trata-
va, pela simples disposição de mostrar-se gentil para
com quem quer que lhe aparecesse em sua viagem. O
Senhor da Criação ficou encantado. Nunca tinha vis-
to ninguém tão obsequioso. Resolveu, então, conce-
der ao sacuê a graça especial de possuir todas as cores.
(VOGEL; MELO; BARROS, 2012, p.98)
42
“A ie ie ô, a ie ie ô, ai ie ie ô
Emakualê Oxum, erê
Sambokorô, sombokorô ô ô
Na cultura afro-brasileira assim surgiu
Seus costumes, raça, crenças nos uniu
Bicho feito que espanta a morte
Povo de santo a primeira Iaô
Catulou, raspou, pintou
Canto, dança e esplendor
Oferenda para os orixás
Saravá, que a sorte quero mais”
43
seu processo iniciático e acompanhando-o em seu desenvol-
vimento existencial até o momento de se apresentar como ali-
mento em seu axexê 9. Conferindo, desse modo, o resguardo e
o andamento das religiões e da cultura afro-brasileira no país.
44
Referências
45
VOGEL, Arno; MELLO, Marco Antônio da Silva; BARROS, José
Flávio Pessoa de. A galinha d’angola: iniciação e identidade na cul-
tura afro-brasileira. Rio de Janeiro: Pallas, 2012.
46
CAPÍTULO 2
Tintas Naturais:
Cultura e
arquitetura
africana
49
Abiola Akande Yayi
FONTES CÓSMICAS E
TERRESTRES DAS CORES
50
dão a impressão de estar distantes da fonte, tudo no nosso
entorno se resume a moléculas oriundas da mesma. A Kate
Nesbitt escreve:
51
Sendo assim, a arquitetura no Brasil e no mundo oci-
dental de forma geral não é exemplo do paradigma filosófico
europeu e sua lógica hostil e de objetificação da natureza. O
mesmo paradigma tem uma influência sobre a nossa forma
de compreender a nossa própria história e a história do co-
nhecimento como um todo. A visão eurocêntrica, dominante
no mundo atual, principalmente no mundo ocidental e, por-
tanto, no Brasil, pega suas raízes na negação ou até na detur-
pação da história e da cultura africana que é a raiz de toda a
humanidade. As mentiras contadas para justificar o imperia-
lismo europeu invertem os papéis tentando construir a ideia
segundo a qual, os filhos seriam mais evoluídos do que os
pais. Em outras palavras, o mundo está, por causa da Europa
colonial e escravagista, completamente amnésico, limitando
a história do conhecimento no tempo, com a sua invenção de
um suposto milagre grego.
52
CORES, CULTURA E PAISAGEM
53
Há um princípio importante a ser notado para o nosso
desenvolvimento, e este se descreve facilmente a partir da ge-
ometria fractal. O que está no macro, está no micro, ou seja,
para entender determinadas realidades do mundo, é preciso
observar as manifestações macroscópicas, microscópicas ou
as duas ao mesmo tempo. Ou seja, se o arco-íris aparece tão
grande aos nossos olhos, não é para ser bonito apenas, é para
que ao nos extasiar em frente a este fenômeno, a gente perceba
que as cores fundamentais de toda a criação estão sendo apre-
sentadas para nós. Outro exemplo: o trovão. Ele não aparece
apenas para nos impressionar, é para que entendamos que ele
é uma das energias fundamentais (energia eletromagnética)
que fazem a dinâmica da vida acontecer. Ou seja, quando os
nossos ancestrais yoruba falam de Oxumarê, ou de Xangô por
exemplo, não estão falando de “deuses” no sentido ocidental
da coisa, mas de manifestações que remetem à essência da
vida e de tudo que existe. O mesmo se aplica a todos os orixás
na cultura yoruba. No entanto, já que o nosso foco não é a
espiritualidade e sim as cores, as tintas na cultura e na arqui-
tetura, o objetivo aqui é apenas destacar a origem da cor no
cosmos visto a partir da gênese africana.
54
uma edificação para Ogum por exemplo tendo como cor
predominante o vermelho, no entanto para Xangô seria
lógico. Trata-se apenas de um exemplo reducionista para
evidenciar a simbologia das cores na arquitetura. Na realidade
as coisas são mais complexas já que estamos falando de uma
visão sistêmica.
55
muito de usar a cor vermelha por exemplo e o conhecimento
do meu odu me levou a evitar o uso desta cor na minha ves-
timenta, com isso pude perceber uma mudança positiva nas
minhas relações sociais. Ou seja, nem sempre nossos gostos,
nem sempre o que nós queremos é o que nós precisamos de
fato. E é o que necessitamos que nos mantém em equilíbrio.
Figura 2. Arco Iris. Wilhan José Gomes, Fevereiro 2013. Fonte: <https://
pixabay.com/fr/photos/arc-en-ciel-nature-afrique-509500/>.
56
dormir. Não poder enxergar as coisas com clareza no obscuro
nos deixa mais inseguros para fazer determinadas atividades.
Isto significa que associamos determinadas cores naturalmen-
te a certos fenômenos que ocorrem na nossa vida, o preto
por exemplo, nos remete à profundidade, ao oculto e assim
por diante. Podemos fazer várias leituras de como a paisagem
definida por cores nos influencia.
57
artificialidade dos produtos industriais podendo ser exporta-
dos aos quatro cantos do planeta esvaziou progressivamente
os materiais utilizados da sua ligação com o ecossistema. E
no meio deste processo, as tintas também se artificializaram,
tornando-se, cada vez mais, elementos apenas estéticos den-
tro de um quadro que nega as simbólicas locais.
58
As tintas naturais existem no mundo vegetal e mineral.
Nas sociedades tradicionais africanas continuam sendo uti-
lizadas até hoje, sendo não apenas elementos estéticos, mas
também inseridos num pacote maior de sentidos. A nossa
saúde é um todo. Não dá para falarmos em saúde mental
separado da saúde física e espiritual. É preciso para com-
preender a importância da utilização das tintas naturais na
arquitetura, mas também nas diversas outras artes, partir de
uma visão holística que envolve a tinta na sua configuração
social e também ecossistêmica.
59
abundância em determinados ecossistemas, utilizar esses ele-
mentos naturais nos poupa o transporte em longas distâncias
de tintas. Isto é, reduzir os custos de mobilidade que não se
limitam a uma questão financeira, mas também no aspecto
da poluição ambiental já que nossos transportes modernos
são fontes importantes de poluição. Além disso as indústrias
de produção dessas tintas não tendo que manusear produtos
químicos nocivos e muito sensíveis precisariam de muito me-
nos energia para suas atividades. Além disso tudo, favorece o
desenvolvimento econômico local, preservando os empregos
existentes e até criando novos.
60
estar no entorno imediato da construção. Além disso, cada
sociedade desenvolve sua cultura a partir das suas relações
com o seu ecossistema e a simbologia das cores, o significado
dos pigmentos extraídos de tal ou tal outro lugar tem impor-
tância para as sociedades que veem nessas relações, sentidos
que enriquecem sua visão de mundo.
SÍNTESE
61
no mundo material, mostrando que os pigmentos que cons-
tituem as tintas que utilizamos na arquitetura, nas artes, são
componentes de minérios e vegetais com o intuito de estabe-
lecer uma ponte entre natureza e cultura. A arquitetura sendo
cultura e estudiosa da cultura, deve se inspirar nestas liga-
ções, respeitando as simbologias, e integrando essas relações
na forma como utiliza as tintas que vão além de uma questão
funcional e estética
62
Referência
63
CAPÍTULO 3
Caçadores,
Ferreiros e
abridores de
caminhos
decoloniais
Vagner Felix da Silva
Luiz Fernandes de Oliveira
68
NADO-TORRES, 2007, p. 131). A colonialidade sobrevive
até hoje “nos manuais de aprendizagem, nos critérios para os
trabalhos acadêmicos, na cultura, no senso comum, na au-
toimagem dos povos, nas aspirações dos sujeitos, e em tantos
outros aspectos de nossa experiência moderna”. (idem).
69
co ou pedagógico. Isto é, a operação teórica que, por meio da
tradição de pensamento e pensadores ocidentais, privilegiou
a afirmação de estes serem os únicos legítimos para a produ-
ção de conhecimentos e como os únicos com capacidade de
acesso à universalidade e à verdade.
70
aos subalternizados pela modernidade europeia e pensa a partir
da ideia de uma prática política contraposta à geopolítica he-
gemônica monocultural e monorracional, pois trata-se de visi-
bilizar, enfrentar e transformar as estruturas e instituições que
têm, como horizonte de suas práticas e relações sociais, a lógica
epistêmica ocidental, a racialização do mundo e a manutenção
da colonialidade.
71
contribuíram para reorganização e resistência de suas práticas
ancestrais. Sendo assim, as Comunidades Tradicionais de Ter-
reiro, apresentam-se como espaços-territórios fundamentais
desse processo de reestruturação. Logo, toda comunidade-
-terreiro, configura-se como um entre-lugar de expansão da
sociabilidade, da reconstrução das identidades fragmentadas
pelos processos da diáspora, da criação do ambiente familiar
e da manutenção da vida.
72
níveis de sua existência, tornando-os assim, “corpos terreiros”
(JUNIOR, 2018): símbolos vivos e descendente dessa cultura.
73
tamentos, itans4, entre outros símbolos, instituem processos
de ensino-aprendizagem que desaguam numa outra forma de
ler e está no mundo, visando a reorganização e preservação
das identidades coletivas, sociais, culturais e éticas, através da
oralidade.
4 Lendas
74
da admiração e da imitação com seus mais velhos. Como uma
espécie de teia que visa a continuidade das tradições, cabe-
-lhes orientar, conforme vivenciaram, os seus mais novos.
75
num espaço de terreiro e não encontrarem ali um livro físico
em que contenha as normas e uma espécie de sumário a res-
peito daquele espaço. De fato, as tradições afro-brasileiras,
não têm seus ritos e condutas realizadas através dos livros –
ao menos não de maneiras visíveis -, mas nem por esse motivo
eles deixam de existir. É a memória que registra todos os co-
nhecimentos adquiridos ao longo dos anos numa casa de axé8
e depois traduzem-se por meio da oralidade, ativando outras
memórias e dando continuidade à preservação da tradição.
76
Quando compreendemos essa inversão ao cânone
imposto pela educação formal de herança jesuítica, passamos
a entender que os símbolos possuem gramáticas próprias. Por
meio deles histórias são contadas, lições aprendidas, conversas
são embricadas e a lousa e o giz não existem nem lhes fazem
falta. São eles os encarregados em guardar e transmitir
mensagens e os ensinamentos que norteiam a vida coletiva do
terreiro. Dessa maneira, temos:
77
É durante o período da iniciação que o fazer pedagó-
gico está mais intenso na vida do indivíduo. Todos são res-
ponsáveis pelos cuidados e pelos ensinamentos daquele novo
membro. Dentro dos espaços sagrados acontecem cerimonias
não somete de cunho religioso, mas verdadeiros ensinamen-
tos que vão acompanhar a vida do iniciado até o fim. É co-
mum ouvir o povo de terreiro dizer que durante a iniciação,
o sujeito nasce novamente. Esse nascer de novo, ao nosso
entendimento, é uma metáfora para dizer que o sujeito terá
a necessidade de (re)aprender tudo. Não mais seguindo os
ensinamentos imposto pela sociedade forjada no pensamento
euro-cristão, mas aprenderá, através da observação atenta, os
saberes ancestrais que nortearão sua existência a partir daque-
le instante.
78
Entendemos este jeito de ensinar como um modelo de
educação oportuna e desveladora, porque cada ensina-
mento corresponde a um desejo ou algo a ser desve-
lado pela necessidade de aprender para ser o que se é
sendo. Educar na vida. Esta é a essência de uma forma
de transmissão da sabedoria como patrimônio cultural
e religioso. É o que dá significado à vida cotidiana. No
terreiro, pela feitura nascemos inseridos na sua coti-
dianidade. (MACHADO, p. 41-42)
79
na sua vida e compreende que seu corpo é parte constituinte
daquele lugar e daquela história, antes, durante e depois das
cerimonias. Os adeptos ganham disciplina e responsabilidade
por meio do seu corpo em comunhão com seus deuses.
80
“(...) eles que muitas vezes expressaram o que a palavra não
podia dizer e contaram as histórias que os livros não poderiam
contar e as línguas não poderiam exprimir”. (SIMAS, RUFI-
NO, 2018, p. 58). Essa exposição nos atina para o processo
gramatical que os atabaques realizam na vida dos adeptos.
Os tocadores de tambor devem saber, apenas pela audição,
diferenciar um ritmo do outro. Afinal, cada toque revela um
ensinamento e é preciso estar atento para aprendê-lo, ou seja,
há uma técnica de leitura que se realiza sem a utilização do
lápis e do papel, ela se efetua no entrelaço da disponibilidade
do ser e na mestria da observação e execução. Isso cria afetos
que não serão desfeitos com o tempo. Quem aprende dessa
cartilha é capaz de ensinar mesmo não sabendo ler.
81
como ferreiros essas memórias e reconstruindo suas vidas na
perspectiva de abrirem novos caminhos existenciais, com Axé
e sabedorias outras.
82
Referências
83
publication/221670153_A_educacao_no_cotidiano_de_um_
terreiro_do_Tambor_de_Mina_na_Amazonia_por_uma_episte-
mologia_dos_saberes_cotidianos. Acesso em 20 Abril 2021
84
CAPÍTULO 4
Geotinta, educação,
território e cultura
Fabiana de Carvalho Dias Araújo
Ana Beatriz Duarte da Cruz
Francielle da Silva Pimenta
88
primeiras tintas a ser usada pelo ser humano; valorização do
solo; educação ambiental; tinta mais sustentável para pintu-
ras de casas; arte entre outros. Alguns, inclusive, apresentam
a geotinta como uma inovação tecnológica e sustentável. Po-
rém, essa inovação não surge nos dias atuais, mas sim há mui-
to tempo, quando usada pelos seres humanos como forma
de registrar seus hábitos culturais, ilustrando cenas de caça,
rituais místicos e acontecimentos marcantes.
89
A GEOTINTA E O QUILOMBO SANTA RITA DO
BRACUÍ1
90
O território surge, na tradicional geografia política,
como o espaço concreto em si (com seus atributos
naturais e socialmente construídos) que é apropriado
e ocupado por um grupo social. A ocupação do
território é vista como algo gerador de raízes e de
identidade: um grupo não pode mais ser compreendido
sem o seu território, no sentido de que a identidade
sociocultural das pessoas estaria inarredavelmente
ligada aos atributos do espaço concreto (natureza,
patrimônio arquitetônico, paisagem). (WILLERS et
al., 2010, p.74).
91
tos sobre o território, sua cultura e formas de educação, uma
questão latente ficou como principal para ser pensada: afinal,
como poderiam unir suas experiências com as artes?
92
vive, como forma de homenagear o avô, fez um quadro (Fi-
gura 1) no qual representou o sr. José Adriano da Silva com
a geotinta feita da terra do quintal dele. Reverenciando sua
história, como um homem negro agricultor e quilombola,
recontou assim as narrativas de muitos que vivem na comu-
nidade, representando suas trajetórias de luta e resistência.
93
Figura 1. Retrato do senhor José Adriano da Silva, griô do Quilombo Santa
Rita do Bracuí. Angra dos Reis-RJ. 2021. Autora: Francielle da S. Pimenta.
(Imagem cedida por Fabiana de Carvalho Dias Araújo).
94
das, pois assim como a geotinta carrega em si esses conheci-
mentos que são passados entre as gerações, outros movimen-
tos como o jongo também desempenham o mesmo papel de
enfrentamento.
95
Leite (2014) nos diz sobre como a cultura é formadora
do homem e de seu meio, sendo indissociável das nossas
relações e vida:
96
tidade dos povos, não os aprisionando nas relações de poder
hierárquicas e coloniais:
97
melhorar sua qualidade de vida”. Por isso, a reconexão com o
nosso lugar também se faz necessária.
98
o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e
o Instituto Federal Fluminense - Bom Jesus do Itabapoana,
foi criado o curso de Formação Inicial e Continuada de For-
madores para Educação do Campo em Assentamentos da Re-
forma Agrária e Comunidades Rurais, que envolveu onze as-
sentamentos e um acampamento da Reforma Agrária, sendo
eles: Chico Mendes, Francisco Julião e Paz na Terra, no mu-
nicípio de Cardoso Moreira; Tipity e Zumbi dos Palmares,
em São Francisco do Itabapoana; Floresta de Belém e Nova
Esperança do Aré, em Itaperuna; Osvaldo de Oliveira e Ed-
son Nogueira, em Macaé; Dandara dos Palmares, Ilha Gran-
de e Che Guevara, em Campos dos Goytacazes. Esse projeto
surge através do Programa Nacional de Educação na Reforma
Agrária4 (PRONERA), sendo formadas doze turmas.
99
outras petianas, pesquisas referentes aos territórios que se-
riam alcançados pelo projeto. A UFRRJ, junto a outras Insti-
tuições de Ensino Superior é uma das colaboradoras da equi-
pe pedagógica do projeto e, por intermédio dos contatos que
estávamos construindo enquanto coletivo com o Laboratório
de Geografia do CTUR (LABGEO) e o PET, tínhamos como
partida o auxílio às atividades que seriam ofertadas durante
os encontros.
100
Em nossa segunda viagem, a educadora Fabiana de Car-
valho Dias Araújo, docente da UFRRJ e uma das integrantes
da equipe pedagógica, nos fez a proposta de uma oficina a
partir da experimentação da geotinta. Logo, ainda em nossa
passagem pelo acampamento, solicitamos permissão para que
pudéssemos coletar um pouco da terra que se encontrava nos
arredores do terreno.
101
Figura 3. Oficina de geotinta durante o curso de Formação Inicial e Continu-
ada de Formadores para Educação do Campo em Assentamentos da Reforma
Agrária e Comunidades Rurais. Bom Jesus de Itabapoana-RJ. 2019. Imagens
cedidas por Robledo Mendes da Silva. (Imagens cedidas por Francielle da S.
Pimenta).
102
Mediante este acontecimento, atentei-me a buscar uma
pertença que, talvez, faltasse como o que hoje reconheço como
parte marcante em mim. Afinal, onde estavam os vínculos
que me interligavam junto ao meu lugar?
103
algum tempo, penso em como as nossas histórias, de pessoas
periféricas, estão intrinsecamente interligadas com o lugar de
onde partimos. A questão é que de maneira abrupta ou silen-
ciosa as relações que construímos com o território nos são ex-
propriadas ou se perdem em atos despercebidos do cotidiano.
Segundo Krenak:
104
de contribuir para uma educação emancipadora, na qual os
indivíduos sejam donos de suas próprias indagações e verda-
des, de suas próprias histórias, como nos sugere Paulo Freire.
105
estar ligado às raízes, mas também me apresentou novas for-
mas de transformar a vida e a realidade dos sujeitos.
CONSIDERAÇÕES
107
Referências
108
COSTA, Iany Elizabeth da. A contribuição do pensamento frei-
riano no processo de empoderamento da juventude da Comunidade
Quilombola de Paratibe, João Pessoa – PB: uma análise da experi-
ência do projeto social Paratibe em Ação. Interação, Goiânia, v.
42, n. 2, p. 500-518, maio/ago. 2017. Disponível em: file:///C:/
Users/SAMSUNG/Downloads/44016-Texto%20do%20arti-
go-210638-1-10-20171207.pdf. Acesso em: 15/12/2020.
109
______. PDS Osvaldo de Oliveira (RJ) resiste à ameaça de despejo com
solidariedade. 8 de julho de 2020b. Disponível em: <https://mst.
org.br/2020/07/08/pds-osvaldo-de-oliveira-rj-resiste-a-ameaca-de-
-despejo-com-solidariedade/>. Acesso em: 29 de abril de 2021.
110
CAPÍTULO 5
Terra, tambores
e tintas:
Tradição e
reinvenção nas
práticas pedagógicas
Deborah Terezinha Conceição
Roberta Lobo
INTRODUÇÃO
117
O passado de uma sociedade escravocrata, colonialis-
ta e racista deixa marcas no sujeito de ontem e de hoje. As
classes populares no Brasil são, em sua maioria, descendentes
de africanos escravizados, homens pobres livres e agregados
de famílias rurais autoritárias, como bem nos situou Sérgio
Buarque de Holanda em Raízes do Brasil. A cultura política
do homem cordial, a dinâmica social da adaptação das rela-
ções conflituosas, expressas em Casa Grande & Senzala de
Gilberto Freire ou mesmo o mundo sem culpa da Dialética da
Malandragem de Antônio Cândido, não nos deixam esquecer
as marcas profundas da violência como fundamento da socie-
dade brasileira.
118
Se a chibata é grito de morte, o tambor é discurso
de vida. Eles, os tambores rituais, possuem gramáticas
próprias: contam histórias, conversam com as mulhe-
res, homens e crianças, modelam condutas e ampliam
os horizontes do mundo. Foram eles que muitas vezes
expressaram o que a palavra não podia dizer e conta-
ram as histórias que os livros não poderiam contar e as
línguas não poderiam exprimir. (SIMAS, 2018, p. 58)
120
nam os músicos de xicarangomos. A iniciação deman-
da tempo, recolhimento e consagração. O termo alabê
deriva de alagbe – o dono da cabaça; runtó deriva da
língua fongbé, dos vocábulos houn (tambor) e tó (pai),
formando o sentido de pai do tambor; já xicarangomo
vem do quicongo nsika (tocador) + ngoma (tambor) =
o tocador de tambor. (...) Nas tradições jeje e keto, os
tambores são tocados com baquetas feitas de pedaços
de galhos de goiabeira, chamadas aguidavis. O rumpi
e o lé são tocados com dois aguidavis. O rum é tocado
com uma única baqueta, maior e mais grossa que as
outras. No candomblé de angola, os três atabaques são
percutidos com as mãos, sem o recurso das baquetas.
(SIMAS, 2018, p.59)
121
e inventaram o que hoje identificamos como música popular
brasileira.
122
uma existência sem medo e sem ansiedade, manifestação da
própria liberdade. Jogar e Exibir a vida no lugar de trabalhar
com sofreguidão, submetido ao onipotente reino da necessi-
dade. (Marcuse, 1981).
123
SOBRE A OFICINA TERRA, TAMBORES E TINTAS
124
da autoestima dos envolvidos, além de proporcionar alter-
nativa de renda, como a conservação e valorização do solo
(CAPECHE, 2010).
125
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
128
Figura 2. Oficina Terra, Tambores e Tintas – Escola da Terra. Foto:
Roberta Lobo, 2019.
129
apresentação dos/as participantes juntamente com a apresen-
tação das propostas pedagógicas da oficina, e o segundo mo-
mento destinado à confecção da geotinta e a confecção dos
tambores a partir de materiais recicláveis demonstrando aos
integrantes, de forma prática, o potencial pedagógico dessa
atividade a partir do seu caráter multidisciplinar.
130
dado e manejo com o solo para a retirada do material a ser
utilizado nas tintas, visam orientar os participantes sobre as
vantagens de conservação e preservação do meio ambiente.
CONCLUSÃO
132
Referências
133
CAPÍTULO 6
Os vegetais, seus
potenciais e as
tintas naturais:
A práxis educativa
no contexto
socioambiental e
cultural no Jardim da
Instituição
Deborah Terezinha Conceição
138
te tem de suportar estas intervenções. Este fato vem
gerando problemas locais, assim como uma perigosa
intensificação dos problemas socioambientais em es-
cala global, pela magnitude da capacidade produtiva
e sua pressão extrativa sobre os recursos naturais, exa-
cerbação do consumo e os descartes inadequados desse
processo. (GUIMARÃES, 2012, p.15)
140
Diante dos fatos, é possível compreender então que,
no Brasil, a educação, os valores sociais e o meio ambiente
quando estimulados pela lógica capitalista, muitas vezes, vão
apresentar modelos simplificadores que vão ignorar as reali-
dades locais e as subjetividades dos sujeitos, atuando apenas
em prol da manutenção de uma sociedade industrial capita-
lista, como nos revela Guimarães ao mencionar a prática do
ensino da Educação Ambiental nas escolas quando alinhados
ao pensamento liberal.
141
dimensionam a vida através da diversidade, das circularidades
culturais, da oralidade e dos saberes tradicionais.
142
Assim, as espécies mencionadas a seguir, vão se
apresentar em seu contexto prático-dinâmico, ou seja, serão
relacionadas aos vínculos medicinal, alimentício, científico,
artístico, usos comuns etc. Demonstrando, dessa maneira,
como os espaços verdes e o território que habitamos podem nos
fornecer e representar saúde, cura, pertencimento, cultura e
pedagogias outras para além de suas potências paisagísticas e/
ou mercadológicas ao qual estão incessantemente vinculados.
143
RELAÇÃO DAS ESPÉCIES VEGETAIS
145
Parte utilizada para extração da cor: pó do fruto
Uso medicinal: contra gripes e hemorroidas (3)
Uso alimentício: de sua polpa fresca prepara-se o suco e o
sorvete e a partir das sementes obtém-se o cacau, produto
comercial utilizado para a fabricação do chocolate (2)
Outros usos: -
Ocorrência: nativa da região amazônica (9)
146
Parte utilizada para extração da cor: casca do tronco
Uso medicinal: no uso oral é antidiabética, adstringente,
antidiarreica, depurativa, tônica e antiasmática e no uso
externo é antisséptico, anti-inflamatório em feridas e úlceras
na boca e afecções na garganta (2)
Uso alimentício: consumo da polpa in natura ou no preparo
de doces, sucos, sorvetes e a castanha também pode ser
consumida após processamento (2)
Outros usos: -
Ocorrência: campos e dunas da costa norte do Brasil, espe-
cialmente nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará (2)
147
Uso alimentício: -
Outros usos: a madeira é considerada de ótima qualidade
para confecção de mobiliário de luxo (2)
Ocorrência: nativa da região Amazônica até o Brasil Central
(2)
148
Ocorrência: do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul na flo-
resta pluvial Atlântica, e pode ser encontrada por todo país de
forma espontânea (7)
149
Nome científico: Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.)
Mattos
Família Botânica: Bignoniaceae
Nome popular: Ipê Amarelo
Parte utilizada para extração da cor: madeira
Uso medicinal: -
Uso alimentício: flores comestíveis para consumo cru e ou-
tras formas de preparo (5)
Outros usos: árvore ornamental também usada com frequên-
cia na arborização urbana e em reflorestamento (1)
Ocorrência: ampla distribuição no Brasil (8)
150
Uso medicinal: infusão das folhas é utilizada contra diabetes
(1)
Uso alimentício: os frutos são utilizados na fabricação de
geleias, sucos, vinagre ou vinho (1)
Outros usos: ornamental e como quebra-vento (6)
Ocorrência: nativa da Índia e do Sri Lanka, introduzida no
Brasil desde os tempos coloniais, tornando-se subespontânea
em várias partes do país (9)
151
Uso alimentício: os frutos são consumidos in natura e pode-
-se fazer sucos ou vitaminas (4)
Outros usos: -
Ocorrência: nativa da Índia e Myanmar e trazida ao Brasil
no século XVI, onde é uma das frutíferas mais plantadas nas
regiões tropicais do país (9)
152
Nome científico: Paubrasilia echinata (Lam.) Gagnon,
H.C.Lima & G.P.Lewis
Família Botânica: Fabaceae
Nome popular: Pau-Brasil
Parte utilizada para extração da cor: casca e madeira
Uso medicinal: -
Uso alimentício: -
Outros usos: árvore ornamental e a madeira é utilizada na
confecção de arcos de violino (1)
Ocorrência: do Ceará ao Rio de Janeiro na floresta pluvial
atlântica e muito frequentemente encontrado no Sul da Bahia
(7)
153
Nome científico: Bixa orellana L.
Família Botânica: Bixaceae
Nome popular: Urucum
Parte utilizada para extração da cor: semente
Uso medicinal: medicação estomáquica, tonificante do apa-
relho gastrointestinal, antidiarreica, antifebril, bem como para
palpitações do coração, crises de asma, coqueluche e gripe (2)
Uso alimentício: usado como corante de alimentos (2)
Outros usos: proteção contra insetos e queimaduras por ex-
posição ao sol (2)
Ocorrência: nativa da América tropical, incluindo a ocorrên-
cia na região amazônica até a Bahia (2) (7)
154
Referências
155
LORENZI, H.; SOUSA, H. M.; TORRES, A. V.; BACHER, L. B.
Árvores Exóticas no Brasil: Madeireiras, ornamentais e aromáticas.
Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2003. (6)
156
Anexos
APOSTILA - PREPARO DAS TINTAS NATURAIS
Extração
Obtenção
Aglutinantes
160
• Baba de Cacto
• Látex
Materiais:
80 gramas de linhaça;
1 litro de água.
Modo de Preparo:
Conservantes e Fixadores
• Limão
• Vinagre
• Jenipapo
• Cola branca
• Cola caseira
• Sal grosso
Durabilidade
• Tintas vegetais
162
São mais resistentes não desbotam facilmente, mesmo
quando expostas ao sol, e não apresentam problemas em
sua conservação, desde que feita de forma correta.
163
Toxicidade
164
Tabela 1. Cores e elementos vegetais e minerais.
166
OFICINA DE GEOTINTA: MATERIAIS, PREPARO E
APLICAÇÃO
Materiais
1. Solo (barro/argila) 3;
2. Pilão para triturar o solo;
3. Peneira ou voil (tecido);
4. Recipiente para armazenar o pigmento;
5. Aglutinante – Cola Branca diluída em água (1 medida
de água para uma medida de cola) ou qualquer aglu-
tinante natural;
6. Água.
Preparo
167
Dica: Caso deseje a tinta com um efeito de aquarela, adi-
cione mais água a tinta que já está pronta, até obter o re-
sultado esperado. Mas, se a intenção for de obter uma tin-
ta mais pastosa, basta acrescentar mais terra e aglutinante
à tinta que já foi preparada, até obter sucesso na textura
desejada.
168
SOBRE AS/OS PARTICIPANTES
E-mail: abiola.yayi.arq@gmail.com
E-mail: duarteanabeatriz@hotmail.com
169
uma fintech localizada no Instituto Gênesis (PUC – RIO).
Foi bolsista da extensão Projeto Pipa UFRJ (Projeto Infância
e Poluentes Ambientais), responsável por criar e desenvolver
a identidade visual dos materiais didáticos impressos. Partici-
pou também da equipe de competição UFRJ Nautilus como
coordenadora na área de Marketing, além de ter colaborado
no Jornal Popular Clima de Perifa em 2020.
Portfólio: behance.net/sebastans
170
alimentício, medicinal, popular e religioso de 73 espécies ve-
getais contidas nos Jardins da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro.
E-mail: deborahvinhal1@gmail.com
E-mail: prof.fabiana.araujo@gmail.com
171
Francielle da Silva Pimenta (autora e ilustradora - miolo
do livro) – Graduanda do curso de Licenciatura em Edu-
cação da Campo da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ). Artista Negra, Jongueira e Quilombola do
Quilombo de Santa Rita do Bracuí, localizado em Angra dos
Reis – RJ. Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET),
sendo membra do grupo PET Etnodesenvolvimento e Edu-
cação Diferenciada.
E-mail: franciellepimenta32@gmail.com
E-mail: larissaonasis@gmail.com
E-mail: axeluiz@gmail.com
172
Matheus de Souza de Oliveira (identificador de espécies) –
Graduando no curso de Agronomia da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Atua como estagiário da
Coordenação de Logística Sustentável (Colosus) onde realiza
projetos de gestão de resíduos sólidos no Campus da UFR-
RJ. Foi membro do Grupo de Agricultura Ecológica (GAE)
onde participou da autogestão e de atividades de extensão de
cunho agroecológico e permacultural.
E-mail: matheusoliveira.uno@gmail.com
E-mail: roberta.lobo@gmail.com
E-mail: paixao.gomes.ueliton@gmail.com
173
Vagner Felix da Silva (autor e revisor) – Umbandista, filho
de Obaluayê. Graduado em Letras pela UNIABEU. Especia-
lista em Literaturas Portuguesa e Africanas de Língua Portu-
guesa pela UFRJ. Graduando em Licenciatura em Educação
do Campo na UFRRJ e bolsista do grupo PET – Etnode-
senvolvimento e Educação Diferenciada da UFRRJ, Campus
Seropédica.
E-mail: vagfe88@gmail.com
174