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OLUGBAJE

O BANQUETE DO REI
Depois de executada a 1a parte do cerimonial

de abertura, segue a continuação.

... O banquete do rei

O ritmo da Avamunha reúne a todos, e na

mesma ordem da seqüência anterior que os

dançarinos, em número de vinte e um,

dirigem-se a esse novo lugar, no exterior.

Sobre as cabeças, os alguidares cheios de


iguarias, visto que o Olubajé é uma grande

produção, distribuição e consumo do que se

alimentam os orixás.

Diante do cortejo, Yaloshundê. Atrás dela,

uma filha de Oyá carrega algumas esteiras.

Logo a seguir, uma outra traz, na louça de

barro as folhas de “ewe-lará”. Uma terceira

filha sustenta em sua cabeça um pote de argila


contendo o “aluá“ a bebida sagrada. Vinte e

um tipos de comida geralmente são oferecidos,

sete no mínimo.

Um novo cântico de ritmo lento começa a ser

ouvido. Ele marca o início do grande banquete

do rei e vai se prolongar por muito tempo até o

seu final.

Aráayé a je nbo_Olúbàje a je nbo


Aráayé a je nbo_Olúbàje a je nbo_Aráayé

Povo da terra vamos comer e adorá-lo, o

senhor aceitou comer. Povo da terra vamos

comer e adorá-lo o senhor aceitou comer.

As esteiras são desenroladas e sobre elas é

colocado um tecido branco e imaculado. Um

após outro, os alguidares e potes são colocados


sobre a toalha e formam sobre o chão a grande

mesa.

Yaloshundê incumbe a três dos mais velhos

iniciados a servir, sobre as folhas de mamona,

utilizados como pratos, um pouco de cada

alimento contido nos recipientes.

Ela mesma se encarrega de oferecer os

primeiros aos convidados mais importantes,


aconselhando a todos a não ficarem imóveis,

mas a dançar ou se mover sem parar e comer

com as mãos.

A música continua. Ao lado e a um canto da

“mesa” uma grande bacia esta preparada para

receber os restos que devem ali ser depositado.

As folhas que servem de prato devem ser

fechadas, juntamente com os restos de comida


não consumidos, e passadas ao longo do corpo,

as mãos não devem ser lavadas... Elas serão

limpas ao serem esfregadas nos braços, pernas

ou cabeça para que o Axé se impregne na pele.

Yaloshundê, assegurando-se de que cada um

foi servido, dirige-se até um convidado de

grande importância de outra comunidade,

exortando-o a cantar as preces de Obaluaiê.


È é é ajeniníiyá, ajeniníiyá__Àgò

Ajeniníiyá__Máà kà lo, ajeniníiyá, Ajínsùn

aráaye, ó ló ìjeniníiyá

E wa ká ló__Sápada aráaye, ló

Ìjeniníiyá_E wa ká ló_Ìjeniníiyá aráaye


A vós punidor, te pedimos licença, não nos

leve embora.

Ele pode castigar e levar-nos embora, mandar-

nos embora de volta para o outro mundo (o

dos mortos).

Pode castigar e levar-nos embora.


Todos se ajoelham e um cântico em solo é

ouvido de forma melodiosa e respondido pela

audiência três vezes.

Fora a voz humana, somente o Agogô, marca

os intervalos entre cada estrofe. A prece

continua...
Opeèré má dó péré__Ó bèré ké se __Má dó há,

má dó pèré_Ó bèré ké se__Opeèré má dó

péré__Má dó há, má dó pèré

Operé (Pássaro) não ficará só. Ele começará a

gritar. Partilhara sua comida, não ficará só.

Somente Operé não ficara só. Ele proclamará a

todos. Ele ficará e gritará, e não ficará só.


Don hòn há__Don hòn há é à, Empé. Don hòn

há__Don hòn há é à , Empé.

Os de Empé usarão barreiras contra feitiços, se

tornarão visíveis e dividirão as suas comidas.

Opèré má dó péré__Dó sú, màá dó é

Dó sú, màá dó, Dó sú, màá dó__Dó sú, màá má

n’gbé_Ayò kégbe hún hún __Ayò kégbe hún

hún
Operé não ficará só, ficará cansado, ficará

bem, ficará cansado e será ajudado contente

gritara, sim, sim.

Todos batem palmas pausadamente – paó –

saudando Obaluaiê. Com voz forte e cheia de

entusiasmo, esta frase melodiosa ecoa. Os

participantes se levantam e cantam:

Omolú Kíí bèrú já__Kòlòbó se a je nbo


Kòlòbó se a je nbo__Kòlòbó se a je

nbo__Aráayé.

Omolu não teme a briga.

Em sua pequena cabaça traz axé e feitiço.

Vamos comer cultuando-o, Omolu não teme a

briga. Em sua pequena cabaça traz axé.

Dançam em volta da mesa até que a música

termine. Novamente a Avamunha se instala.


Toda a louça, a toalha, a esteira, a bacia com

os restos são retirados do local e a antiga roda

sai em fila indiana, portando os recipientes

sobre os ombros, os quais serão depositados

na casa de Obaluaiê e na manha seguinte

serão despachados.

Yaloshundê anuncia em voz baixa e alguém

trás um grande cesto de pipocas que é


depositado aos seus pés. Com um gesto

delicado ela toma um punhado de Duburu

lançando sobre os convidados caindo como

chuva. Um novo intervalo permite que os

atabaques retornem aos seus lugares de

origem.

...A dança do rei


O Adjarim quebra o silencio, Yaloshundê à

frente do cortejo entoa um novo cântico como

súplica marcado ao tom do agogô.

Ágò n’ilé, n’ilé __ N’ilé ma dàgó. Sápadà, A jí

nsún __ Ma dàgó. Ágò n’ilé ágò.

Permissão (licença) para entrar na casa.

Licença Sapata _ Ajinsun, permissão, Para

entrar na casa, licença.


A estrofe é repetida até que todo o cortejo

esteja presente no interior do barracão.

A cada vez, o nome litúrgico de Sapatá é

substituído saudando: Ajinsun – Omolu –

Onilé – Obaluaê - Jagun - Azuane e outros

num total de 16.

Um solo surge respondido em uníssono pelo

público com entusiasmo:


Ó gbélé ìko, sàlàrè __ Sálà rè lórí

Ó gbélé ìko, Ó gbélé ìko - Sálà rè lórí

Ele vive em casa de palha que é o seu Alá, que

cobre a sua cabeça, vive em casa de palha _ o

Alá que cobre a sua cabeça.

Três golpes fortes no Run fazem cessar a

melodia de maneira abrupta; é o remate, que


se ouve para que um outro canto possa se

elevar:

Olórí ìjeníiyà a padê __ Olorí pa Olórí ìjeníiyà

a padê __ Olorí pa

O Senhor que mata, o Senhor que castiga vem

ao nosso encontro.

O canto repetido varias vezes fala daquele que

castiga e pune os infratores. O refrão a seguir,


fala da proteção àqueles que sabem bem

receber:

Jó alé ijó __ é Jó alé ijó __ é Jó alé ijó Àfaradà a lê

Njé ó ngbèlé

Dance em nossa casa,

Dance, dance, dance em nossa casa. Dando

força e energia à nossa casa. Dançando ele dá

proteção a casa.
Um quarto e quinto cânticos falam da

tradição e da constante peregrinação do Rei

conquistador. O povo de santo sempre fala dos

respeitos que se deve aos andarilhos, pobres e

pedintes, dizendo que “são os afilhados de

Obaluaiê ou até ele mesmo disfarçado” para

observar os seus. E o último, dos campos


daqueles que cultivam a terra, do lavrador que

pede a Onilé fartura para seu povo.

Àká ki fàbò wíwà _ Àká ki fàbò wíwà _ Wáá

kalé, wáá Kalé sé awo oro __ Kalé sé awo orò

Wáá kalé, wáá __ Kalé sé awo orò

Celeiro para onde retorna a existência, que

possa você ter celeiro para onde retorna a

existência. Longa vida para cultuar as


tradições, e que possa você ter longa vida para

cultuar as tradições.

Ò kíní gbé fáárà farotì __ Ò kíní gbé fáárà

àfaradà Oní pópó oníyè __ Kíní ìyìyá wa

ìfaradá

Ele é aquele que pode aproximar-se e dar

apoio com sua proximidade.


Senhor das estradas e dos campos, Senhor da

boa memória, que pode nos dar força para

resistirmos à dor.

Ò ní a ló ìjeníìyà __ Ajàgun tó ló _ Ìjeníìyà

olúwàié __ Táálá bé okùnrin _ O táálá bé

okùnrin _ _Wa ki ló kun _ Táálá bé okùnrin __

Abénilorí ìbé _ Rí ó ní je olúwàié __ Táálá bé

okùnrin.
Ele pode fazer secar a cabeça do homem, levá-

lo embora e esculpir a cabeça do homem. Ele

pode fazer definhar, matar a cabeça do

homem.

É o executor que decapita, o guerreiro que

pode castigar.

O senhor da terra, o guerreiro que pode punir.


O cântico suplica ao Deus, cujo rosto oculto

inspira temor e medo, porem todos sabem que

padeceu enfermo, sofreu o flagelo do

abandono e, por isso mesmo, ampara e protege

os desafortunados.

Wúlò ní wulò __ A nilè gbèlé ibé kò __ Wúlò ní

wulò __ A nilè gbèlé ibé kò.


Ele é importante e necessário para nós da

terra, dá proteção à casa não permita que

nossas cabeças tombem (pelas mãos do

inimigo).

O aspecto punitivo do Orixá é expresso em

outra cantiga, assim como seu poder criador.


Omolú tó ló kum eron ènìòn _ E ló e ló e kum

Omolú tó ló kum eron ènìòn _ E ló e ló e kum

Omolú tó ló kum eron ènìòn _ E ló e ló e kum

Omolu é aquele que pode, esculpir na carne

das pessoas. Omolu é aquele que pode esculpir

na carne das pessoas.


Os Sábios sacerdotes, diante de Onilé (Senhor

da terra) se dizem pequenos: a modéstia, no

entanto, é só aparência diante dos poderosos.

As cantigas falam disso. Onilè wà àwa lèsé

òrisá _ Opé ire onílè wà a lèsé òrisá Opé ire __

E kòlòbó e kòlòbó sín sín sín _ Kòlòbó __ E

kòlòbó e kòlòbó sín sín sín _ Kòlòbó


O Senhor da terra está entre nós que

cultuamos orixá. Agradecemos felizes pelo

Senhor da terra estar entre nós que cultuamos

orixá. Agradecemos felizes. Em sua pequena

cabaça traz remédios para livrar-nos das

doenças.

Omolú pè olóre a àwúre e Kú àbó Omolú pè

olóre a àwúre e Kú àbó


Omolu te pedimos Senhor da boa sorte, que

use seus remédios (sortilégios) para nos trazer

boa sorte. Seja bem-vindo!

Jé a npenpe e ló gbé wàiyé _ Tó ní gbón mi _ Je

a npenpe _ Omolú wàiyé (Obalúwaiyé) Tó ní

gbón mi.
Ó Senhor que tem boa memória e pode tornar-

se inteligente. Pois eu sou insignificante

(pequenino)

É ele que pode dar proteção ao nosso mundo.

È ele que pode dar inteligência, eu sou

pequenino.

Rei, Senhor da terra, torne-me inteligente.


Um último canto precede o balé dos outros

orixás presentes á festa. Em algumas casas de

santo de tradição nagô, ele antecede o

banquete.

Os adeptos entram no barracão dançando. Á

frente do cortejo uma filha de Iansã tem sobre

sua cabeça um balaio ornado com grandes

laços. Dentro um “assentamento“ de Obaluaiê


recoberto de pipocas que são distribuídas aos

presentes. Em troca, quando podem oferecem

pequenas quantias em dinheiro.

Kóró nló awo, kóró nló awo _ sé ó gbèje Kóró

nló awo, kóró nló awo _ sé ó gbèje

Ele vai embora, embora da cerimônia, embora

do culto. Ele aceitou comer.


Este canto anuncia que Onilé – Senhor da

terra aceitou as homenagens partilhando com

todos, povo e Orixás, as oferendas.

A saudação dos convivas...

È hora da família mítica de Obaluaiê. Vem

dançar Oxumarê, seu irmão, o arco-íris; depois

Nanã, a sua mãe; em seguida Iemanjá, sua mãe

adotiva e finalmente Iansã, “aquela que


acalmou seu sofrimento na infância.

Oxumarê, que se encontrava sentado

placidamente, ao ouvir os primeiros acordes

do seu “Orô”. Isto é, da cantiga que fala de sua

história. Curvando-se em uma saudação,

todos ouvem seu assobio alto e melodioso,

anunciando sua satisfação.


A dança compassada deixa que todos possam

admirar as roupas do Deus Serpente.

Òsùmàrè _ Wàlé lé mo rí, Òsùmàrè_Lé lé mo rí

ó ràbàtà _ Lé lé mo rí Òsùmàrè

Ele está sobre a casa. Eu vi, ele é imenso. Ele

está sobre a casa, é Oxumarê. Oxumaré está

sobre a casa. Eu vi Oxumaré.


Um novo cântico, no mesmo ritmo, se ouve...

O texto fala do àkoró, isto é, do Senhor do

àkoró – espécie de chapéu ou turbante que

usam os poderosos em suas apresentações.

Aláàkòró lé èmi ô _ Aláàkòró lé ìwo Aláàkòró

lé èmi ô _ Aláàkòró lé ìwo


O Senhor do àkoró esta sobre mim. O Senhor

do àkoró esta sobre mim. O Senhor do àkoró

sobre você.

Òsùmàré ó ta kéré _ Ta kéré ó ta kéré

Òsùmàré ó ta kéré _ Ta kéré ó ta kéré

O Deus do arco-íris movimenta-se

rapidamente. Para diante, adiante, adiante.


O Orixá dança por mais alguns minutos e,

curvando-se em todas as direções, saúda os

quatro cantos do mundo e a todos os

presentes, retirando-se em seguida, pois virá a

seguir a corte das iyábas.

Os acordes dos atabaques, reverenciam “a

mais velha das iyábas” a venerável Nanã.

Yaloshundé dirige-se até ela, que


placidamente aguardava seu momento de

saudar Obaluaiê...

E o cântico começa...

Òdí Nàná ni ewá _ Léwà lèwá e Òdí Nàná ni

ewá _ Léwà lèwá e

A outra face (outro lado) de Nanã é bonita. A

outra face de Nanã é bonita.


Os versos da música sacra dizem que a

“Venerável Anciã“ tem a outra face bela,

deixando supor que existe uma que deve ser

respeitada, pois Nanã está intimamente ligada

ao culto dos “egungun“ isto é, os espíritos dos

ancestrais do povo-de-santo. A vinda do “Ibirí“

– cetro daquela que é “a mais velha das

deusas” é providenciado.
Nàná ayò _ Àwa ló bímon ayó alóko Nàná ayò

_ Àwa ló bímon ayó alóko

Nanã Olocó, aquela que tem poderes para

chamar um parente morto. Alegria do

nascimento de filhos. Faça-nos felizes; nós

poderemos tomar outra direção para termos a

Nanã Olocó, faça-nos felizes.

Ò iyá wa ore _ Ò ní aijalò


Ò iyá wa ore _ Ò ní aijalòòde

Ela é nossa mãe e amiga. Ela é a Senhora da

alta sociedade. Ao som dos atabaques,

majestosamente ela cumprimenta a todos na

sua despedida; os presentes respeitosamente a

saúdam e reverenciam: Sálù bà Nàná... Sálù bà

Nàná...

...Outra mãe está para chegar...


È a vez de Iemanjá, a quem se pede proteção,

filhos saudáveis, parto tranqüilo, beleza e

prosperidade. Suas vestes regiamente ricas em

tons claros fazem dela uma das mais belas das

Iyábas. Os cânticos falarão de seus atributos,

os mesmos que seus adeptos em todo o Brasil

desejam e suplica á deusa das águas.


As quatro cantigas que se seguem falam disso:

Yemonja àwa _ Ààbò a yó

Yemonja Àwa _ ààbò a yó

Iemanjá protege-nos e nos enche de satisfação.

È Iemanjá, estamos protegidos e nossa

satisfação é completa. Ìyààgbà ó dé iré sé __ A

kíì e Yemonja
A koko pè ilé gbè a ó yó __ Odò ó fi a sà _ Wè rè

A velha mãe chegou fazendo-nos felizes, nos

cumprimentamos Iemanjá. A primeira que

chamamos para abençoar nossa casa e dar

satisfação. Escolhemos seu rio para nos

banharmos, pois o rio que escolhemos é o rio

que ela usa para seu banho.


A sà wè lé ó _ Odò fi ó

A sà Wé lé ó _ A sà Wè lé ó

Nós escolhemos nos banharmos em nossa

casa. Ela costuma escolher banhar-se no seu

rio.

Ìyá kòròba __ Kòròba ní sabá Ìyá kòròba __

Kòròba ní sabá
Mãe que enfeita os cabelos dividindo-os no

meio da cabeça, ela tem o hábito de enfeitar os

cabelos dividindo-os no meio da cabeça.

A dança de Iemanjá é solene e altiva. Ora

parece um minueto, onde uma dama graciosa

caminha, ora simula um mergulho em águas

imaginárias e profundas. Todos repetem suas

saudações em tom alto de admiração:


= Odò Ìyá - ah! A mãe dos rios!

= Èérú Ìyá - Mãe das espumas das águas!

Ao cessar o toque dos atabaques ela despede-

se de todos os presentes, curvando-se de

maneira graciosa; e assim é ela mesma,

sozinha que se dirige para o quarto–de–santo.

O silencio no barracão e interrompido...


Oiá “Senhora dos raios, das tempestades, mãe

de todos os ancestrais egunguns” está

chegando. Quando começam as cantigas de

Oiá, um frenesi percorre o barracão e o ritmo

rápido de suas músicas contagia a todos. E

assim começa seu grande bailado, numa


coreografia com as mãos espalmadas para

frente e para o alto evocando os ventos que

antecedem as tempestades.

Oya balè e Láárí ó _ Oya balè Oya balè e Láárí

ó _ Oya balè Àdá máà d f à́ rá _ gè ngbélé Oya

balè e Láárí ó

Oiá tocou a terra, ela é importante. Oiá tocou

a terra, Oiá tocou a terra. Ela é de alto valor,


Oiá tocou a terra. Que sua espada não chegue

até nós, e nem use seus raios para cortar a casa

onde vivemos.

Ó ní lábá-lábá - Ó lábá ó Ó ní lábá-lábá - Ó

lábá ó Olúafééfé... sorí Omon

Ela (Oiá) é uma borboleta ela é uma

borboleta. Dona dos ventos que sopram sobre

seus filhos.
Os textos da Deusa guerreira, falam que ela é a

senhora dos ventos e alguns até afirmam ela

também é bela e delicada como uma

borboleta.

= Epa He yi Oyá – Salve Oiá! A assistência

exclama...E o silencio se faz.

...Celebrando a criação
Vestido de branco, segurando um longo cajado

e indiferente a toda agitação do barracão está

Oxalufã “o Senhor da Criação“. Amparado, é

delicadamente erguido de sua cadeira; a

passos curtos e lentos é conduzido até a

orquestra que aguarda pacientemente sua

caminhada até que chegue mais próximo, para

então executar o seu ritmo Igbi. Ao seu lado,


Oxaguiã, seu filho guerreiro, e como ele,

também "Pai da Criação". Amparado pelo

guerreiro, o mais velho encurvado começa a

dançar, e todos exultam...

= Epa babá - Respeitos ao pai! = Epa babá! -

Respeitos ao pai!

Èyin rí àwa ìgbàgbó wa okòn

Èyin rí àwa, ìgbàgbó wa okòn


Ètùtù sé ipadé siré, Kò rú lé, kò rú lê_Bàbá Ifá

E sìn sé ipàde siré, Kò rú lé, kò rú lê_Bàbá Ifá

Vós vedes a nós e a crença em nossos corações.

Façais com que haja concórdia em nossa

reunião de xirê (dançar e brincar para orixás)

Que não causeis confusão na casa, Pai Ifá.

Cultuaremos-vos em nossas reuniões de xirê,

não causeis confusão em nossa casa, Pai Ifá.


Sem cessar a dança e no mesmo ritmo, é

saudado, agora, Ajalá, o grande oleiro,

construtor das cabeças dos homens: Àjàlá mo

rí mo rí mo yo Álá forí kòn, E àgó fi rí mi.

Ajalá fez o meu ori (minha cabeça) me

germinou e fez crescer, Alá que segura e

mantém a minha cabeça.


Bée orí kò kíì Ajalá Bàbá òkè kí a mò rè Kíì

Àjàlá bée orí kò

Assim não há ori (cabeça) que não saúde

Ajalá.

O Pai que está no topo, nós o conhecemos e

saudamos. Ajalá, não há ori que não o faça.

Um último cântico é executado para saudar os

orixás funfun – donos do branco, da “pureza”


como dizem outros, é em especial, a

homenagem a Oxaguiã - sempre louvado no

alvorecer, nas preces feitas aos ancestrais.

Ojó mò tyìn odó aláyé ojó Ojó bí walé ojó

Ojó mò tyìn odó aláyé ojó A bo wa Bàbá ó

Chefe do dia que entende o dia e tem pilão. O

que nasce em nossa casa, vamos cultuar o

nosso pai.
Neste dia - o da festa – apesar das

homenagens feitas a todos no xirê, dois Orixás

estão ausentes:

= Xangô o irmão rival do homenageado.

= Ogum, de quem o povo-de-santo diz ter com

ele “uma disputa” muito antiga com referencia

a faca.
A luta dos que veneram os Orixás não pode

cessar, lentamente os convidados se retiram...

O dia já amanhece na casa de Ialoshundê...

Chegou ao fim a celebração do... OLUBAJE... O

banquete do rei...

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OLUBAJÉ
OLUBAJÉ É UM RITUAL PARA OBALUAIÊ

E SOMENTE É FEITO EM CASAS DE

CANDOMBLÉ.

OLUBAJÉ É UMA PALAVRA IORUBANA E

QUE SIGNIFICA OLÚ: AQUELE QUE; BA:

ACEITA; JE: COMER.


MOSTRAREI ALGUMAS CANTIGAS QUE

SÃO TOCADAS NESTE RITUAL

JUNTAMENTE COM SUAS TRADUÇÕES.

1 E E IJENYA IJENYA AGO IJENYA MA

KALO IJENYA AJI SUN ARAYE OLO IJENYA

E WA KALO SAPADA ARAYE LO IJENYA

WA KALO IJENYA ARAYE


TRADUÇÃO: A VÓS PUNIDOR TE

PEDIMOS LICENÇA PUNIDOR NÃO NOS

LEVE EMBORA. ELE PODE CASTIGAR E

LEVAR-NOS EMBORA, MANDAR-NOS

EMBORA DE VOLTA, CORRENDO PARA O

MUNDO PODE CASTIGAR E LEVAR-NOS

EMBORA CASTIGAR OS HUMANOS


2 OMOLU KI BERU JA KOLOBOXE AJE NBO

KOLOBOXE AJE NBO KOLOBOXE AJE NBO

ARAYE

TRADUÇÃO: OMOLU NÃO TEME A BRIGA

EM SUA PEQUENA CABAÇA TRAZ AXE E

FEITIÇO VAMOS COMER CULTUANDO-O

EM SUA PEQUENA CABAÇA TRAZ AXE E


FEITIÇO VAMOS COMER CULTUANDO-O,

TODOS JUNTOS

3 ARAYE AJE NBO OLUBAJÉ AJE NBO

ARAYE AJE NBO OLUBAJÉ AJE NBO

TRADUÇÃO: POVO DA TERRA VAMOS

COMER E ADORA-LO, O SENHOR

ACEITOU COMER POVO DA TERRA,


VAMOS COMER E ADORA-LO, O SENHOR

ACEITOU COMER.

O REI VEM DANÇAR:

1 AGO NILE NILE NILE MA DAGO SAPADA

AJI SUN MA DAGO AGO NILE AGO

TRADUÇÃO: PERMISSÃO PARA ENTRAR

NA CASA LICENÇA SAPATA AJINSUN


PERMISSÃO PARA ENTRAR NA CASA

LICENÇA.

2 O BELE IKO XALARE XALA RE LORI O

BELE IKO BELE IKO XALA RE LORI

TRADUÇÃO: ELE VIVE EM CASA DE

PALHA QUE E O SEU ALA QUE COBRE A

SUA CABEÇA VIVE EM CASA DE PALHA O

ALA QUE COBRE A SUA CABEÇA


3 OLORI IJENYA PADE OLORI PA OLORI

IJENYA PADE O OLORI PA

TRADUÇÃO: O SENHOR QUE MATA O

SENHOR QUE CASTIGA VEM AO NOSSO

ENCONTRO O SENHOR QUE MATA O

SENHOR QUE CASTIGA VEM AO NOSSO

ENCONTRO
4 JÓ ALÉ IJÓ É JÓ ALÉ IJÓ É ALÉ IJÓ

AFARADA A LÉ NJÓ Ó BELE

TRADUÇÃO: DANCE EM NOSSA CASA

DANCE DANCE EM NOSSA CASA DANCE

DANCE DANCE DANDO FORÇA E NERGIA

A NOSSA CASA DANÇANDO ELE DA

PROTEÇÃO A CASA
5 AKA KI FABO WIWA AKA KI FABO

WIWA WAA KALE WAA KALE XE AWO

ORO WAA KALE WAA KALE XE AWO ORO

TRADUÇÃO: CELEIRO PARAONDE

RETORNA A EXISTENCIA, QUE POSSA

VOCÊ TER CELEIRO PARA ONDE

RETORNA A EXISTÊNCIA, LONGA VIDA

PARA CULTUAR AS TRADIÇÕES, QUE


POSSA VOCÊ TER LONGA VIDA PARA

CULTUAR AS TRADIÇÕES.

6 OMOLU TO LO KUM ERON ENION E LO

E LO E KUM OMOLU TO LO KUM ERON

ENION E LO E LO E KUM OMOLU TO LO

KUM ERON ENION OMOLU TO LO KUM

ERON ENION TRADUÇÃO: OMOLU É

AQUELE QUE PODE ESCULPIR NA CARNE


DAS PESSOAS, OMOLU É AQUELE QUE

PODE ESCULPIR NA CARNE DAS PESSOAS

ELE PODE ELE PODE E ELE ESCULPE ELE

PODE ELE PODE E ELE ESCULPE

7 ONILE WA AWA LESE ORIXA OPE IRE

ONILE WA A LESE ORIXA OPE IRE E

KOLOBO E KOLOBO SIN SIN SIN SIN


KOLOBO E KOLOBO E KOLOBO SIN SIN

SIN SIN KOLOBO

TRADUÇÃO: O SENHOR DA TERRA ESTÁ

ENTRE NÓS QUE CULTUAMOS ORIXÁ

AGRADECEMOS FELIZES PELO SENHOR

DA TERRA ESTAR ENTRE NÓS QUE

CULTUAMOS ORIXÁ AGRADECEMOS

FELIZES. EM SUA PEQUENA CABAÇA ELE


TRAZ REMÉDIOS PARA LIVRAR-NOS DAS

DOENÇAS.

8 JE A PENPE E LO BE WAIYE TO NI BON

MI JE A PENPE OMOLU WAIYE TO NI BON

MI Ó TRADUÇÃO: SENHOR QUE TEM BOA

MEMÓRIA E PODE TORNAR-ME

INTELIGENTE POIS EU SOU

INSIGNIFICANTE ELE QUEM PODE DAR


PROTEÇÃO AO NOSSO MUN ELE QUEM

PODE DR INTELIGÊNCIA EU SOU

PEQUENO REI SENHOR DA TERRA

TORNE-ME INTELIGENTE.

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Olubajé

Diz uma lenda que Xangô, um Rei muito

vaidoso, deu uma grande festa em seu palácio


e convidou todos os orixás, menos Obaluae,

pois suas características de pobre e de doente

assustavam o rei do trovão. No meio do

grande cerimonial todos os outros orixás

começaram a dar falta do Orixá Rei da Terra e

começaram a indagar o porquê de sua

ausência, até que um deles descobriu de que

ele não havia sido convidado, todos se


revoltaram e abandonaram a festa indo a casa

de Obaluae pedir desculpas, Obaluae se

recusava a perdoar àquela ofensa até que

chegou a um acordo, daria uma vez por ano

uma festa em que todos os orixás seriam

reverenciados e este ofereceria comida a todos

com tanto que Xangô comesse aos seus pés e


ele nos pés de Xangô, nascia assim a cerimônia

do olubajé.

Porém muitas outras vão a desencontro com

essa lenda, pois narram outros motivos o

porquê que Xangô e Ogum não se

manifestariam no Olubajé.

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Olubajé

No dia 16 de Agosto festeja-se Obaluaiê com o

olubajé Olu - Senhor

Ba - Aceita

Jé - comer junto

É o banquete dedicado a Obaluaiê, que

comparece todo paramentado.


Esta festa é obrigatória para os terreiros em

que o pai de santo é feito para Obaluaiê. No

olubajé, são esperados, principalmente, Nanã

e Oxumarê, orixás da terra.

Acontece na cabana de Obaluaiê, que é feita de

ikó, de frente para o peji. Sobre decisas são

servidas comidas preparadas pelas iabás,

normalmente 21 tipos de comidas, no mínimo.


Estas comidas são apresentadas ao Orixá por

sambas em dança ritualística e depois se faz o

oriki para Obaluaiê. Os presentes são

convidados a participares do ajeum. Não

comparecem ao Olubajé, nem Ogum nem

Xangô. Ogum, explica a lenda, dominava a

arte de trabalhar o ferro e Obaluaiê a ele não

se submeteu nem para fazer o seu ajé.


Havia uma rivalidade territorial entre Xangô e

Obaluaiê. Conta-nos a lenda que Xangô, rei de

Oyó, deu um banquete para o qual não

convidou Obaluaiê por ciúmes de sua esposa

Iansã. Desde então, Xangô não comparece ao

olubajé.

Existe outra lenda que confirma a não

participação de Xangô. Conta que Xangô, rei


de Oyó, por achar a aparência de Obaluaiê

estranha, pobre e doente, não o convida para

sua festa. Todos os orixás presentes, sentindo

falta de Obaluaiê partem para sua cabana para

pedirem desculpas. Obaluaiê então aceita as

desculpas com uma exigência, que Xangô

passe a comer nos seus pés e este aos pés de

Xangô.
Sua dança ritualística - o Opanijé que significa

- ele mata e come.

O Opanijé tem um ritmo lento e é marcado

por pequenas pausas. O orixá dança

representando suas lendas e seu sofrimento.

Aponta para o céu e a Terra, mostrando seus

domínios. Representa o momento da morte e

o corpo sem vida. Representa seus tremores de


febre, aponta suas chagas. Com seu xaxará

dança, normalmente com um de seus pés,

captando os eguns e as energias negativas,

livrando os presentes dos males físicos e

espirituais, normalmente tirando um de seus

pés do chão.

=====================================

================== PS: No olubaje, a


comida de Xangô sai da roda e vai ser colocada

no Tempo.

Olubajé (A comida do rei da terra)

O olubajé é a festa anual em homenagem a

Obaluaiê, onde as comidas são servidas na

folha de mamona. Rememorando um itan

(mito) onde todos os Orixás para se acertarem

com Obaluaiê, por motivos de ter sido


chacoteado numa festividade feita por Xangô

por sua maneira de dançar.

Nessa festividade, todos os Orixás participam

com exceção de Xangô e principalmente

Osanyin, Oxumarê, Nanã e Yewá, que são de

sua família. Oyá tem papel importante por ser

ela que ajuda no ritual de limpeza e trazer


para o barracão de festas a esteira, sobre a qual

serão colocadas as comidas.

Olubajé é ritual especifico para o orixá

Obaluaiê, indispensável nos terreiros de

candomblé, no sentido de prolongar a vida e

trazer saúde a todos os filhos e participantes

do axé. No encerramento deste rito é oferecido

no mínimo nove iguarias da culinária afro-


brasileira chamada de comida ritual

pertinente a vários Orixás, simbolizando a

Vida, sobre uma folha chamada "Ewe Ilará"

conhecida popularmente como mamona

assassina, "altamente venenosa" simbolizando

a Morte (iku).

Obaluae em ioruba Obàlúwàiyé é traduzido

por (rei e senhor da terra), Oba (rei) aiyê


(terra), Obaluaiyê, Obaluaê, Xapanã, Omolu,

são alguns dos nomes como é conhecido esse

Orixá africano. Os orixás Nanã (cujo emblema

é o Ibiri) e seus filhos Obaluaiê (cujo emblema

é o Xarará) e Oxumare (cujo emblema é uma

cobra) pertencem ao Panteão da Terra.

Nomes
Obàluáyê "Rei senhor da Terra", Omulu "Filho

do Senhor", Sakpata "Dono da Terra" são os

nomes dados a Sànpònná (um título ligado a

grande calor o sol – também é conhecido

como (Babá Igbona = pai da quentura) deus

da varíola e das doenças contagiosas, é ligado

simbolicamente ao mundo dos mortos. Outra

corrente os define como: Obàluáyê: Obá – ilu -


aiye; Rei, dono, senhor; da vida; na terra;

Omulu; Omo-ilu; Rei, dono, senhor; da vida

Dança

Sua dança o Opanijé (cuja tradução é: ele mata

qualquer um e come), dança curvado para

frente, como que atormentado por dores, e

imitam seu sofrimento, coceiras e tremores de

febre.
Emblemas

Tem como emblema o Xaxará (Sàsàrà),

espécie de cetro de mão, feito de nervuras da

palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e

contas, em que ele capta das casas e das

pessoas as energias negativas, bem como

"varre" as doenças, impurezas e males

sobrenaturais. Esta representação nos mostra


sua ligação a terra. Na Nigéria os Owo

Érindínlogun adoram Obàluáyê e usam, no

punho esquerdo, uma tira de Igbosu (pano

africano) onde são costurados cauris esó

(búzios).

Vestimenta

A vestimenta é feita de ìko, é uma fibra de

ráfia extraída do Igí-Ògòrò, a palha da costa ,


elemento de grande significado ritualístico,

principalmente em ritos ligados a morte e o

sobrenatural, sua presença indica que algo

deve ficar oculto. É composta de duas partes o

"Filá" e o "Azé", a primeira parte, a de cima

que cobre a cabeça é uma espécie de capuz

trançado de palha-da-costa, acrescido de

palhas em toda sua volta, que passam da


cintura, o Azé, seu asó-ìko (roupa de palha) é

uma saia de palha da costa que vai até os pés

em alguns casos, em outros, acima dos joelhos,

por baixo desta saia vai um Xokotô, espécie de

calça, também chamado "cauçulú", em que

oculta o mistério da morte e do renascimento.

Nesta vestimenta acompanha algumas

cabaças penduradas, onde supostamente


carrega seus remédios. Ao vestir-se com ìko e

cauris, revela sua importância e ligação com a

morte (iku). A palha da costa é mais

encontrada no norte do Brasil.

Festa

A festa anual é o Olubajé (Comida do rei

senhor). São feitas e distribuídas no mínimo

nove iguarias da culinária afro brasileira


(comida ritual), seus "filhos" devidamente

"incorporados" e paramentados oferecem aos

convidados e assistentes, em folhas de

mamona ilará ou bananeira (aguede), no

sentido de prolongar a vida e trazer saúde .

Tido como filho de Nanã, no Brasil, sua

origem, forma, nome e culto na África é

bastante variado, de acordo com a região, essa


variação de nomes é de conformidade com a

região, Obàluáyê/Xapanã em Tapá (nupê)

chegando ao território Mahi ao norte do

Daomé; Sapata é sua versão fon, trazido pelos

nagôs na cidade de Savalu, Benin. Em alguns

lugares se misturam, em outros são deuses

distintos, confundido até com Nànà Buruku;

Omulu em ketu e Abeokuta.


Seu parentesco com Oxumare e Iroko é

observado em Ketu (vindo de Aise segundo

uns e Adja Popo segundo outros), onde pode

se ver uma lança (oko Omulu) cravada na

terra, esculpida em madeira onde figuram

esses três personagens superpostas, também

em Fita próximo de Pahougnan, território

Mahi, onde o rei Oba Sereju, recebera o fetiche


Moru, três fetiches ao mesmo tempo Moru

(Omulu), Dan (Oxumare) e seu filho Loko

(Iroko).

Sete folhas mais usadas para Obaluaiê

Afomon

Ewê réré

Atorinã

Ewê lará Ewê odan Afon Tamandé


Omulu é um orixá africano cultuado nas

religiões afro-brasileiras que o tem como o

Senhor da Morte, uma vez que é o responsável

pela passagem dos espíritos do plano material

para o espiritual.

Candomblé

Muitas vezes confundido com o Orixá

Obaluaiê, tanto que, no Brasil, muitas casas de


santo cultuam Obaluaiê e Omulu como um só

orixá, Omulu é, no entanto, um orixá que se

aproxima de Obaluaiê, mas possui uma

identidade própria.

Mas assim como Omulu pode trazer a doença,

ele também a leva. Os devotos lhe atribuem

curas milagrosas, realizando oferendas de

pipocas, o deburu ou doburu, em sua


homenagem ou jogando-as sobre o doente

como descarrego.

Em algumas casas de santo, as pipocas são

estouradas em panelas com areia da praia

aquecida, lembrando a relação desse orixá,

chamado respeitosamente de Tatá Omulu,

com Iemanjá. Afinal, conta uma lenda que

Omulu, muito doente, foi curado à beira-mar


pela água salina, tendo Iemanjá o tomado

como filho adotivo. Por isso, também são

realizadas oferendas a Omulu nas areias das

praias do litoral brasileiro. Vestido com palha-

da-costa e com contas nas cores vermelha,

preta e branca, Omulu dança o opanijé, dança

ritual marcada pelo ritmo lento com pausas,

enquanto segura em suas mãos o xaxará,


instrumento ritual também feito de palha-da-

costa e recoberto de búzios. Em alguns

momentos da dança, Omulu espanta os eguns,

os espíritos dos mortos, com movimentos

rituais.

Omulu também possui relação com Iansã, em

especial Oyá Igbalé, qualidade de Iansã que


costuma dançar na ponta dos pés e direciona

os eguns para o reino de Omulu.

Junto a Nanã Buruquê e Oxumare, forma a

família de orixás dahomeana, costuma ser

reverenciado às segundas-feiras e sincretizado

com os santos católicos São Lázaro e São

Bento de Núrsia, patrono da boa morte.


Sakpata – é a denominação fon do Vodum do

panteão da terra. É o grande Ayi-vodun dos

Ewe-fon, por isso intitulado Ayinon (o dono

da terra). Considerado filho mais velho de

Mawu ele é enfim, o Rei do Mundo,

originariamente Vodum senhor da varíola e,

por extensão, de inúmeras enfermidades

contagiosas que deformam o corpo. Todo o


povo fon o teme enormemente e o cultua

fervorosamente e possui uma grande

quantidade de representações, cada uma

sendo um aspecto de doenças e infecções.

A tradição aponta a origem do culto de

Sakpatá na localidade de Kpeyin Vedji, um

enclave ioruba dentro do território mahi a

noroeste de Abomei. Desta dupla procedência


permanece a curiosidade de que Sakpatá é

considerado uma divindade ioruba ("nagô")

pelos fon e gun ("jêje") pelos iorubas.

Kohossú, cujo nome significa "Rei da Lama" é

o pai de todos os Sakpatás;

Nyohwe Ananú, dona da água parada que

mata de repente é a mãe, e são ambos filhos de

Nà Buùku.
Da Zodji, envia a disenteria e os vômitos,

considerado o mais velho de todos. Ele não

tem braços ou pernas e é carregado numa

padiola, mas tem o poder da invisibilidade e,

apesar do defeito físico, comanda todos os

Sakpatás.

Da Langan come a carne das pessoas ainda

vivas.
Da Sinji traz as inchações e tromboses.

Aglossuntó é responsável pelas feridas e

chagas que nunca cicatrizam.

Adohwan castiga perfurando os intestinos.

Avimadjé é o que leva as almas dos que

morreram punidos por Sakpatá.

Bossu-Zohon é o grande feiticeiro.


Alogbê possui cinco braços e é ligado aos

tohossú

Adan Tanyi é filho de Da Zodji, e traz a lepra.

Suvinengué um abutre com cabeça humana e

é filho de Da Langan.

Existem várias outras denominações:

Agbologbodji, Tonekpó, Gbazu, Ahossú

Ganhwa, Kpadadadaligbo (que é fêmea) etc.,


cujos nomes, atribuições e lugar dentro da

"família" variam de região para região.

Outra tradição conta que Sakpatá é uma

divindade dupla, tanto macho como fêmea. O

macho sendo Da Zodji e a fêmea sua irmã

Nyohwe Ananu, gêmeos nascidos do primeiro

parto da entidade andrógina Mawu-Lissá.


Sakpatá é cultuado em seus templos sob um

aspecto duplo. Possui o aspecto Jeholú ("Rei

das Jóias", que seriam as pústulas trazidas pela

varíola) que é tratado internamente e não

recebe sacrifícios de sangue diretamente, mas

é lustrado com uma mistura de sangue e

azeite de dendê e envolto por panos. O aspecto

Zun-holú ("Rei da Floresta") fica do lado de


fora, recebe os sacrifícios de sangue

diretamente sobre ele e é coberto por rodilhas

de ramos secos da palmeira de ráfia (Raffia

vinifera) palha-da-costa, e é um montículo

que pode ser mais alto do que um homem. Os

sacerdotes e fiéis o tratam como um ente vivo,

o reverenciam, abraça etc. Zun-holú de

tamanhos mais modestos podem ser vistos


diante dos hunkpame de outros voduns,

sobretudo nos de Heviossô.

A iniciação de Sakpatá entre os fon consiste

em duas partes. Na primeira e mais longa, os

neófitos permanecem no hunkpame vários

meses submetendo-se a disciplina rígida de

silêncios, jejuns, aprendizagem de cânticos e

danças rituais e nesta eles são chamados de


agamassi. No final desta fase, as famílias

juntam dinheiro para realizar um grande

ritual, no qual os neofitos morrem

simbolicamente e ficam escondidos por três

dias dos olhos de todos, e depois são trazidos

para fora enrolados em mortalhas e são

publicamente
“ressuscitados" pelo Aklunon (ministro do

culto). A partir daí eles recebem seus nomes

de iniciação e passam a ser chamados de

anagonu, por causa da acreditada origem nagô

do vodun; ou "Azonsi", que em francês se

escreve azonsu.

No antigo Reino do Daomé, o culto de Sakpatá

era olhado com suspeita, às vezes banido (e o


foi, definitivamente, de Abomei). Uma

vodunsi de Sakpatá não pode ser dada como

esposa para o rei, e havia sempre a suspeita

maior de que seus sacerdotes espalhavam

deliberadamente a doença para aumentar seu

poder. Mas outra questão importante neste

caso é o fato de que Sakpatá abertamente

desafia o poder real portando os títulos de


Ayinon e Jeholú, que são títulos que o rei

também possui.

Brasil

Na Diáspora, o culto de Sakpatá foi

usualmente misturado ao de sua versão

iorubá, Obaluaiê.

No Candomblé Jeje, ele é conhecido como

Azonsu ("O" Doença), grafado no Brasil como


"Azunsu" ou Ajunsun e Azonwanu (o que tem

o cheiro da doença), grafado no Brasil como

"Azoani" ou Azauani, sendo este segundo

nome também conhecido na Santeria cubana

como "Asojano".

Olubajé é um ritual sagrado comemorado

geralmente no mês de agosto, em homenagem

a Obaluayê que alguns fazem sincretismo com


São Roque e São Lazaro. Este ritual

antigamente tinha seu início sempre em

meados de julho, que era quando as

comunidades pertencentes ao candomblé

traziam o ibá (assentamento) de Obaluayê ou

Omolu de seu quarto de santo para o centro de

seu barracão, com suas vestes e paramentos,

para ser ali reverenciado por todos os adeptos


e visitantes da dita comunidade, e ao mesmo

tempo para que fossem depositados em seu

redor os donativos para conclusão de seus

festejos no mês de agosto. Estes donativos não

se resumiam em dinheiro, também eram

ofertados vinhos, azeites, mel, feijões, arroz,

farinha, fubá, camarão seco, inhames, batatas,

animais de duas e quatro patas, velas, enfim


tudo que fosse necessário para o preparo das

oferendas dedicadas aos orixás. Quando

faltavam entre sete ou quatorze dias para

festividade, dependendo da casa, para

conclusão deste preceito era preciso “pedir

esmola”, em nome do orixá, pois se acredita

que além de ser o Deus das Doenças, também

é o Deus dos Desvalidos. Para isso, eram


preparados tabuleiros: um com um

assentamento muito bem arrumado de

Obaluayê, que seria carregado por uma yawo

com mais de três de anos de feita, ou seja, uma

adosi, outro com pipoca, e um outro com

guloseimas como cocadas, fubá de amendoim,

de castanha, bolinhos, etc. Tudo pronto saía

do barracão uma comitiva sob a supervisão de


ou de ekedes, ou alabe, ou ogans, etc. Iam às

ruas não só pra esmolar como para trocar

pipocas e guloseimas por dinheiro e outros

materiais ofertado ao orixá. O dinheiro era

depositado no tabuleiro onde estava o

assentamento do orixá, que só poderia ser

contado no regresso ao barracão. Esta

comitiva nos dias que ficavam fora do seu


barracão de origem batia de porta em porta

pedindo donativo, abordavam as pessoas nas

ruas com muito respeito e agradeciam sempre

a atenção a eles dispensada, com a palavra:

“Olorunsan”, deus lhe pague. Um momento

importante desta peregrinação era quando

batiam na porta de um barracão. Neste

momento é que esta comitiva tinha que


mostrar a educação e os princípios recebidos

de seu barracão de origem. A começar por não

levantar a cabeça por nada, salvo as ekedes e

ogans responsáveis pela peregrinação. Ao

entrarem no barracão visitado já encontravam

uma esteira aonde iriam depositar seus

tabuleiros, e várias outras a sua volta aonde

iriam se sentar e bancos para os responsáveis


pela comitiva. Depois de algum tempo de

descanso os visitantes começavam a rezar os

seus àdúrás (suas rezas), ao terminar

tomavam bênçãos aos mais velhos e trocavam

de bênçãos entre si e com os outros que ali se

encontrassem. As filhas do barracão anfitrião

corriam para preparar uma comida para os

visitantes; se esta visita fosse ao cair da tarde,


elas se encarregariam de acomodá-los até o dia

seguinte. E durante a noite, algumas com

ordem do anfitrião se encarregavam de tomar

conhecimento sobre o que estivesse acabado

nos tabuleiros para repô-los, para que no dia

seguinte pudessem continuar sua

peregrinação com tranqüilidade. Ao

amanhecer então, após terem tomado um café


reforçado era chegada à hora de partir, então

todos se voltavam para o dono do barracão

visitado batiam paó e a benção. Um

responsável pelo cortejo dizia: “EREBE

OLORÚNSAN, BABA MIM, ADUPÉ”, Deus

lhe pague por tudo meu pai, obrigado. E

escutavam um alegre: OLÓRUN ÍBEWÓ SAN,

e Deus lhe paguem pela visita, e assim a


comitiva seguia em frente para completar sua

peregrinação. Quando retornavam ao seu

barracão de origem eram recebidos com festa

pelos seus superiores, irmãos e outros que

faziam parte de sua comunidade. Nesta

mesma noite ou na noite seguinte tinha início

à segunda parte do ritual com o sacrifício dos

animais oferecidos aos orixás. Para então


começar os festejos próprios do Olubajé. Para

falar de OLUBAJÉ é preciso me reportar ao

início do século XX até os meados dos anos

noventa, quando este ritual e suas oferendas

eram sinônimos de fé, amor e paz. Este era o

momento pelo qual às comunidades que

professavam o candomblé reuniam seus

adeptos e simpatizantes para festejar o deus


das doenças de pele, Obaluaiê. Momento este

que seria aproveitado para agradecer a ele a

proteção recebida contra todos os tipos de

doenças e também para pedir paz e saúde para

sua vida como para os seus. A comunidade e

seus simpatizantes se reuniam na maior união

e comunhão de fé para preparar os alimentos

para um abundante banquete que seria


oferecido a todos os presentes nos festejos em

homenagem a Obaluaiê. Este era um

momento de reflexão em busca de saúde, paz,

liberdade, compreensão e união. Ocasião de

extremo respeito, pois ali estavam também em

busca de milagres para alguns males que

estivesse a afligir, não só a si como para os

seus. Sabiam também que este era o momento


único no decorrer do ano que todos tinham

com exclusividade não só agradar e

reverenciar o Deus da peste e das doenças de

modo geral, como também cantarem seus

lamentos, dançarem, além de serem

agraciados com um rico repasto dedicado a

ele.

A PALAVRA OLUBAJÉ
Tive o privilégio de nascer e me criar dentro de

terreiros de candomblés não convencionais

escutando os dialetos tribais que eram ágrafos,

tonais e expressados em muito por elisão. O

yoruba não é um idioma e sim um dialeto com

muitas variações, dependendo da região que o

mesmo é falado, sendo assim, o muito que já

foi escrito deve-se aos colonizadores do


continente africano e sempre levando em

conta à gramática dos colonizadores. Fico

pasmo quando algumas pessoas intituladas de

zeladores de orixá dizem sobre o significado

da palavra olubajé. Para eles olubajé quer

dizer podridão. Agora peço que pensem nisso

e respondam a vocês mesmos: acreditam que

os escravos e seus descendentes iriam durante


cem anos fazerem peregrinações, esmolarem,

enfim todo tipo de sacrifício para reverenciar

os seus deuses com um banquete de alimento

podre ou de componentes para despachos e

limpeza de corpo? Pensem nisso! Ademola

Adesoji, em seu livro “Ifá-A Testemunha do

Destino e o Antigo Oráculo da Terra de

Yorubá”, escreve: bàjé = estragar. Dr. Eduardo


Fonseca Junior, grande mestre africanista e

historiador em seu “Dicionário-Yorubá

(Nagô) Português”, escreve: bàjé = corromper,

estragar (agora como corruptela afro-

brasileira); bájé = menstruação e bajé = comer

com alguém. Assim como outros escritores

fidedignos, nenhum coloca olubajé como

elemento de despacho como alguns acreditam


e fazem questão de passar para os incautos.

Então, vejamos: Bajé = convite para comer.

Olu = senhor, mestre, dono. OLUBAJÉ =

CONVITE PARA COMER COM O MESTRE.

Termo original: OLU BA NI JÉ = O MESTRE

NOS CONVIDA PARA COMER. Com a elisão

o I é derrubado, ficando apenas OLUBANJÉ =

COMENDO COM O MESTRE. Portanto, é um


absurdo o que alguns “babaloríxás, yálorixás”

que por total ignorância praticam e o que é

pior estimulam seus seguidores a

transformarem as oferendas dos orixás,

alimentos sagrados em elementos de

despachos como infelizmente assistimos nos

dias de hoje, vemos alguns “zeladores”, ekedes,

ogans, yawos, etc. no ritual de Obaluayê, de


Omolu receberem este mesmo alimento

sagrado envolvido na folha de mamona e em

vez de comerem um pouco que seja passarem

no corpo como se estivessem se

descarregando, ou ainda olharem para seus

“zeladores” com ar de deboche e depositarem

as mesmas no cesto das sobras. Meu Deus!

Essas pessoas não têm respeito nem a si


próprio nem a casa que está visitando, não

tem respeito ao culto que dizem praticar e

muito menos aos orixás! Ou são totalmente

ignorantes, ou então se fazem este ritual em

seu barracão as comidas são tão malfeitas, tão

mal temperadas, com total falta de higiene,

que se torna impossível de ser degustada,


servindo apenas de elemento de limpeza de

corpo, como vemos por aí.

UM MANÁ DOS DEUSES

OBALUAYÊ: deus da peste, da varíola, da

catapora, das doenças de pele, etc. Seu

banquete era e é composto de um tipo de

comida específicos para cada orixá, e de dois

ou três tipos especifico para ele, além disso, os


animais anteriormente sacrificados em sua

homenagem. Tudo deve ser preparado com

muito amor, carinho e respeito; tudo muito

bem cozido e condimentado, a base de:

camarão defumado, cebola, gengibre, noz

moscada, kioiô, gergelim, gemas de ovo, sal,

azeite doce, azeite de dendê, etc. O necessário

para que o seu banquete se torne não só o mais


saboroso possível, como também medicinal

pela ação de ervas, raízes e frutos contidos no

seu preparo. Enquanto as pessoas filhas de

yabás se desdobram no preparo das comidas,

um outro grupo colhe folhas de mamona as

lava e as enxuga para só então colocá-las em

um balaio para que nelas sejam servidas as

comidas.
DISTRIBUIÇÃO DOS ALIMENTOS

Este era e é um momento mágico, que todos

esperam, o qual tem início logo pós as

louvações com cânticos e danças de todos os

outros orixás. Neste instante começa o ritual

do OLUBAJÉ. Quando então, ao som dos

atabaques, vão saindo do quarto de santo onde

as oferendas estão arriadas e imantadas pela


energia dos orixás e pelos orins e àduras

(cânticos e rezas). Em primeiro lugar vem a

yalorixá ou babalorixá com seu adjá puxando

o cortejo; em segundo uma yabá carregando

uma ou duas esteiras, em terceiro um filho (a)

de santo carregando o balaio contendo as

folhas de mamona, e em seguidas, filhos e

filhas, ekedes, ogans, etc. trazendo sobre suas


cabeças as panelas, oberós ou bacias contendo

os alimentos, os quais devem ser depositados

sobre as esteiras estendidas no centro do

barracão, para serem distribuídas a todos

iniciados ou não. Após comerem o que

desejarem junta as pontas da folha que pode

estar totalmente vazia ou não e rodam em

torno da cabeça três vezes, para só então


depositarem dentro de outro balaio que já está

a disposição para este fim, pois tudo faz parte

das oferendas e logo no amanhecer do dia

seguinte irá ser entregue às águas ou as matas.

Outra fato importante, é que o cântico, tanto

da saída do quarto com os alimentos sobre a

cabeça, como enquanto se alimentam até o


final da distribuição dos mesmos quando se dá

por encerrado este ritual deve ser este:

E ajeun bó Olubajé ajeun bó

E, contração de èyi = isso, isto, este, esta. Ajeun

= comida, comer. Bó = alimentar, comer.

Olubanijé = Olubajé = convite para comer com

o mestre. Ajeun = comida, comer. Bó =

alimentar, comer.
Babalorixá Antônio D’Ogun

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