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ALUÁ OU ARUÁ

Postado 9 anos atrás / SUCOS

Esta semana nosso amigo Olavo teve bastante trabalho.


Ele é médico e de vez em quando confere nossa pressão.
A pressão do meu marido estava alta.
Resolvemos fazer uns exames e eu também,
além de algumas alterações, estou com anemia.
Alimentação natural, com legumes e verduras,
aqui em Manaus, é bem mais complicado.
Além dos preços altíssimos,
nem sempre encontramos produtos com fartura.
Conversa vai e vem, o Dr. Olavo nos sugeriu também
substituirmos refrigerantes por sucos naturais.
Ele sempre nos traz abacaxis bem docinhos e ontem
preparou para nós o suco da casca de abacaxi.
MODO DE FAZER:
Lave bem o abacaxi por fora e depois descasque normalmente
e vai colocando as cascas no liquidificador.

Bate tudo com gelo e açúcar, passe pela peneira e pronto!!!


Fica muito bom!
Eu provei e adorei!
Eu fiquei sabendo que esse suco da casca era mais conhecido, por aqui,
por ALUÁ.
Mas uma amiga nossa ligou, assim que eu fiz esta postagem e passou a
informação
que o  aluá é feito com a casca do abacaxi, mas é mais demorado.
Em geral, os índios descascam os abacaxis e deixam as cascas de molho na
água,
por mais ou menos de 2 a 3 dias, ao luar,
adicionam também cascas de gengibre, caldo de cana ou açúcar mascavo.
A bebida parece se transformar numa bebida alcoólica,
mas na realidade, devido ao tempo de preparo em exposição,
 ela fermenta e fica com esse efeito que os deixam tontos.
*****
 É uma bebida tradicional no Norte do Brasil e é feita de abacaxi ou de milho.
Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, esse nome pode ser uma
corruptela de “ao luar”, porque os escravos preparavam esse refresco à noite.
Pelas pesquisas que eu fiz, podemos afirmar que o aluá foi a coca-cola do
Primeiro Império aqui no Brasil. Por ser uma bebida muito refrescante, virou
mania tomar aluá na Corte de Dom Pedro I. Mas essa bebida chegou primeiro
na Amazônia, Ceará, Pernambuco, Paraíba e no Rio Grande do Norte.
Era uma bebida portuguesa, mas que sofreu alterações por aqui.
E era adoçada com rapadura.
O Aluá feito em Portugal era uma bebida adicionada de bagaceira,
que é a cachaça feita de uva e que muita gente conhece também como grapa.
Só que os índios da Amazônia também faziam um suco parecido, com abacaxi
e com teor alcoólico bem mais baixo, porque eles usavam o abacaxi
fermentado, que gerava uma pequena graduação alcoólica de 3%, metade da
de uma cerveja Pilsen.
Então o aluá brasileiro misturou o culto religioso dos africanos, a colonização
portuguesa e a culinária indígena. Portanto, temos aí, talvez a bebida
genuinamente brasileira ou, no mínimo, a mais tradicional feita por aqui.
Hoje em dia você não encontra aluá em todas as esquinas, mas nos festejos
religiosos ela é uma bebida tradicional. Na Umbanda e no candomblé, o aluá é
oferecido a Yemanjá.
Em Minas Gerais, ele ainda é servido nos rituais de fé da Igreja Católica,
geralmente nas irmandades e não pode ser vendido.
No Nordeste, o aluá é bebido em algumas cidades do sertão,
nas novenas, nas festas das padroeiras. Fonte: Blog Gourmet Brasília –
Rodrigo Leitão
E pela nossa querida wikipédia:
O aluá é uma bebida refrigerante de origem indígena, feita com a fermentação
de grãos de milho moídos. No Acre e no resto da Amazônia é comum se usar o
milho triturado ou a farinha de milho. Em outras regiões, como por exemplo em
Belém, se usam cascas de frutas como o abacaxi, raiz de gengibre (esmagada
ou ralada), açúcar ou caldo de cana e sumo de limão. Também chamada de
aruá.

Aluá: Bebida de Origem Indígena


O aluá é uma bebida refrigerante de origem indígena, feito com diferentes frutas e grãos
dependendo da região! Quando descobri que também dá pra fazer com as cascas do
abacaxi que nós geralmente jogamos fora, lógico que decidi fazer essa bebida e ver se o
gosto é bom mesmo.

No Acre e no resto da Amazônia é comum se usar o milho triturado ou a farinha de


milho. Em outras regiões, como por exemplo em Belém, se usam cascas de frutas como
o abacaxi, raiz de gengibre, também conhecido regionalmente por Mangarataia
(esmagada ou ralada), açúcar ou caldo de cana e sumo de limão. Também chamada de
aruá.

Em Manaus e arredores, utilizam-se as cascas de abacaxi (postas de molho na água, por


três dias, juntas às raizes de mangarataia (gengibre) e milho). Depois, adiciona-se
Açúcar, cravinho e erva-doce. Ferve-se e depois deixa-se esfriar e depois gelar. Pronto,
está feito o tradicional aluá indígena.

No estado do Ceará existe uma versão da bebida feita de pão branco seco, cravo da
índia, gengibre, erva doce e adoçado com rapadura preta. Adicionar os ingredientes num
pote de barro com água, pisar o cravo da índia, pisar o gengibre, e pisar o erva doce.
Tempo de maturação da bebida 3 dias. Em Minas Gerais, no sertão dos gerais, também
se consumia o aluá, cuja referencia aparece na obra de Guimarães Rosa (Ver o conto “A
estória de Lélio e Lina” , em “No Urubuquaquá, no Pinhém” (“Corpo de baile”). Outro
nome usado em Minas Gerais é Gasosa, geralmente feita de cascas de abacaxi.

Ingredientes
Cascas de abacaxi

Jarra com água filtrada

Gengibre a gosto (opcional)

Limão a gosto

Modo de fazer

1-) Coloque as cascas do abacaxi dentro de um jarra com água e deixe fermetar durante
3 ou 4 dias.

2-) Depois remova as cascas e coe.

3-) Adicione o açucar demerara ou agave. Você também pode colocar limão e gengibre
a gosto. Pronto!

Bon appettit!

Aluá é uma bebida fermentada, preparada com milho ou abacaxi, que


pode ser adoçada com rapadura ou açúcar mascavo.

Tanto a origem do produto quanto a etimologia da palavra geram


controversas, uma vez que existem preparações similares entre os
povos africanos e indígenas brasileiros, assim como no continente
europeu e asiático.

A África possuiu um vasto leque de bebidas fermentadas, que tem


como base cereais autóctones, seivas de palmeiras e frutas
fermentadas, mais tarde adaptadas aos novos produtos originais da
América, como o milho e o abacaxi.

É o caso da kissanga, bebida caseira tradicional do povo Ovimbundu,


no sul de Angola. Dependendo da região, o ingrediente básico da
kissanga pode variar, mas hoje, os mais comuns são o milho e o
abacaxi. Frequentemente vendida em locais públicos em Angola, esta
bebida tem sabor agradável e refrescante.

Os portugueses possivelmente conheciam algo próximo ao kvass, das


culturas bálticas e eslavas (Rússia, Ucrânica, Polânia, etc), onde a
fermentação induzida por um pedaço de pão de centeio ou outro
cereal em água, pode ser acrescida de especiarias, aromas e, em
algumas versões, beterraba. Esta influência pode ter sido a origem do
“aluá de pão”, presente até hoje no interior do Ceará.
Porém, é certo que também os indígenas brasileiros preparavam
bebidas fermentadas de milho, mandioca e frutas nativas, como o
abacaxi. As técnicas de fermentação variavam de acordo com as
regiões e ingredientes (induzidas a partir das enzimas da saliva, no
caso do caium de mandioca ou de milho, ou com leveduras
espontâneas, como no caso do pajuaru, caxiri e outros).

O Aluá no Brasil Colônia:

“O milho demorado n’água depois de três dias dá a esta um sabor acre, de


azedume, pela fermentação. Coa-se a água, adicionam-se pedaços de
rapadura e, diluída essa tem-se bebida agradável e refrigerante, pelo mesmo
processo se prepara o aluá da casca do abacaxi.” (Manuel Querino –
Costumes Africanos no Brasil).

O aluá ou aroá conquistou bastante popularidade em meados de


1800, não só entre as classes mais baixas, mas também entre as
mais abastadas. Com teor alcoólico geralmente baixo, a bebida era
consumida por crianças e adultos, vendida nas ruas durante as
celebrações religiosas e festejos.

Câmara Cascudo cita França Junior, cronista da época que,


escrevendo em novembro de 1881, dizia: “O pote de aluá saía para o
meio da rua, e o povo refrescava-se ao ar livre, a vintém por
cachaça”. Em 1897, Eloy de Souza reafirmava: “o aluá é bebida muito
comum no Rio de Janeiro de então. Vendiam-no em pequenos potes
de barro, muito limpos, à cabeça das negras velhas.”

O autor conta também que a bebida adquiriu status e ganhou fama na


Corte de D. Pedro I, durante o Primeiro Império brasileiro, onde
refresco foi consumido até surgirem, mais adiante, outros substitutos
mais modernos.

O aluá acompanhou a ocupação e colonização do Nordeste brasileiro,


em estados como Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande
do Norte. Nestas regiões, a preparação era prática comum durante as
celebrações católicas e juninas do mês de junho e julho, preparado
em ambiente doméstico e distribuído nas procissões e festejos.

O fermentado também está presente nos rituais e nos terreiros de


comunidades da religião afrodescendente no estado da Bahia, onde é
preparado e oferecido às divindades e aos participantes durante as
celebrações.

Da forma como o conhecemos hoje, o aluá é o resultado dessa


mistura e influência de diferentes culturas e de diferentes práticas
regionais. Sua preparação resiste com formas particulares em
algumas regiões brasileiras, mas especialmente no povoado de Morro
Vermelho, em Caeté, região metropolitana de Belo Horizonte – MG.

O Aluá de Morro Vermelho

Em Minas Gerais, a tradição do aluá é mantida viva no povoado de


Morro Vermelho, distrito de Caeté, a cerca de 50 km de Belo
Horizonte.

De acordo com o registro divulgado pelo Portal do Patrimônio


Imaterial de Minas Gerais, a manifestação cultural na região teve
início ainda no século XVII, a partir da influência de populações
africanas trazidas como escravos para o trabalho nas minas.

Estas comunidades realizavam rituais e danças ao sons de


instrumentos tradicionais e consumo de aluá, produzido a partir da
fermentação de frutas, restos de alimentos e rapadura, servido em
copos e tonéis de barro. A manifestação que ocorria em horários
noturnos, sob a luz da lua, pode ter sido a origem do nome aluá, de
“luar”.

Em Morro Vermelho, a bebida é consumida durante a Festa de Nossa


Senhora do Rosário, que ocorre anualmente no mês de outubro. Faz
parte das celebrações o “Cortejo do Aluá”, procissão com ampla
adesão popular, que percorre as ruas centrais do distrito, carregando
estandartes, cantando e tocando instrumentos como a zabumba e o
chique-chique.

O cortejo é concluído com a ingestão do Aluá, servido pelo “Juiz”


(membro escolhido a cada ano pela Irmandade de Nossa Senhora do
Rosário para financiar a bebida e distribuí-la aos participantes do
cortejo). A distribuição do Aluá é rigorosamente gratuita, e a bebida é
consumida por crianças e adultos.

Há relatos que registram o consumo de aluá em toda a região de


Caeté, mas a tradição se mantém preservada apenas no distrito de
Morro Vermelho, sob organização da Irmandade de Nossa Senhora
do Rosário.

Independente das variações regionais e diferentes ingredientes na


receita, esta bebida e suas variações fazem parte da cultura indígena
e popular brasileira, sobretudo aonde persiste a sua ligação com
festas e rituais tradicionais e cerimônias religiosas.
Valorizar o aluá é, ao mesmo tempo, garantir a manutenção de uma
tradição milenar indígena, o fortalecimento da cultura das populações
tradicionais, quilombolas, popular e nordestina e difundir uma bebida
saudável, saborosa e democrática.

Usos gastronômicos

Por se tratar de um fermentado caseiro, o aluá pode adquirir


consistência, sabor, acidez e aspectos diferentes, de acordo com os
ingredientes, a preparação e o tempo e intensidade da fermentação.

O característico sabor levemente ácido, fresco, que pode ir do seco


ao doce, do encorpado ao diluído, acompanha aromas de levedura,
de ácido lático, de fruta madura e fruta decomposta, de flor e de
cereal. A aparência é turva e a coloração mista entre o amarelo e o
marrom.

A bebida pode ser consumida sozinha, em diversas etapas do


processo de fermentação (mais ou menos tempo), adoçada ou não,
gelada ou a temperatura ambiente. Pode ser usada como base para
sucos, vitaminas, drinks e outros preparos. A segunda fermentação
pode ser induzida com adição de mel ou açúcar em garrafa tampada,
para produzir uma bebida gasosa, similar a uma cerveja lambic, uma
cidra ou um espumante natural.

Também é possível experimentar adicionando ervas, especiarias e


outros ingredientes durante a fermentação ou maturação da bebida,
para produzir sabores e combinações diferenciadas.

Indicação
Marcelo Aragão de Podestà

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