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Durante os primeiros cinco dias (5), o ritual procede seguindo exatamente esta
sequência:
B – Terminado de cantar o Padê, o egbé (axé) coloca-se em volta da cuia vazia, que
ocupa o centro da sala, deixando sempre uma passagem de saída para o exterior.
Neste momento, um dos sacerdotes, encarregados do ritual que se vai desenrolar,
no Ilé-Ikú e no recinto exterior onde estão os pertences do falecido, traz uma vela,
colocando-a ao lado da cuia e ascende.
C - Todos os que estão presentes, enrolam suas cabeças com torços brancos e com
um Ojá branco cobrindo-lhes cuidadosamente o corpo. No momento em que se
ascende a vela, supõe que o espírito do morto se encontre na sala representado
pela cuia. Um longo rito vai desenrolar-se, começando pela Iyalorixá responsável,
ou pela Iyá Kekerê, seguido em ordem Hierárquica por cada uma das sacerdotisas
de graus mais elevados, e finalmente por um grupo de dois a dois, de cada uma
das noviças. Cada uma saúda o exterior, a cuia, os presentes, e dança na volta da
cuia, passando por seu corpo e cabeça, uma moeda, delegando sua própria pessoa
ao morto, com cantigas apropriadas ao mesmo tempo despede-se do morto. A
primeira cantiga reverenciada pela Iyalorixá, é uma reverência a todos os axexê que,
como dissemos, são os primeiros ancestrais da criação, o começo e a origem do
universo, de uma linguagem, uma linhagem, de uma família, de um terreiro. A
venerável morta, a adosùn, que merece essa cerimônia e seu objeto, converter-se-á
também num axexê.
1 - Axexê, axexê o !
2 - Axexê o ku agbá o!
Axexê, axexê o!
Axexê, axexê o!
Tradução:
Segunda cantiga:
Tradução: Nascimento do nascimento que nos trouxe Odé Arolé, (Oxossi) nos
trouxe ao mundo.
Tradução:
Ele alcançou o tempo (de converter-se) no érù egbé (o carrego que representa o
egbé).
Não chore,filho. Oficiante do rito, não chore!
(isto quer dizer, falai alto, com justa razão, porque enterraram alguém venerável,
que foi para o orun).
No meio dele, parte-se o obi, e com seus seguimentos, consulta-se o oráculo sobre
a destinação de cada objeto pertencente ao morto, bem como seus assentos. Se
tratando de uma sacerdotisa de grau elevado, ou até mesmo o Babalorixá do
terreiro, às vezes acontece que o assento de seu orixá permaneça no terreiro para
ser adorado, com a condição de que o morto, consultado, esteja de acordo.
O resto ,que o morto não deixa para ninguém, é posto em volta do círculo assim
como as três vasilhas novas de barro, que descreveremos como o “assento do
egum da adusù”. Se essa adosù que partiu tiver um grau elevado, ou se for o caso
de ser o dirigente do terreiro, essas três vasilhas serão separadas para proceder,
mais tarde, a seu “assentamento” junto ao Ilê-Ibó-Iku. Caso contrário, que é a
maioria, as três vasilhas são colocadas envolta do circulo-ojubò. O sacerdote, que
“preside” a cerimônia, invoca o morto, batendo três vezes no solo com um Isán
novo, preparado com uma grossa tala de palmeira. Invoca-se para que ele venha
apanhar seu “carrego”, para que leve e se separe para sempre do Igbé e do terreiro.
O egbé forma uma roda, cantam para os orixás, um xirê, onde NÃO SE CANTA PRA
XANGÔ (ESTE ORIXÁ SÓ PODE SER LOUVADO APÓS O CARREGO, NO SÉTIMO
DIA), e no final cantam mais duas “rezas” despedindo-se do morto, e ao final
entoam:
Tradução: Oh! Morte, morte o levou consigo, ele partiu! Levantem-se! Dancem! Nós
o saudamos, Adeus!
**Sétimo dia:
A - No sétimo dia, é o dia do arremate, pela manhã é posta uma mesa, no centro
do barracão, onde todos os participantes vão compartilhar as refeições com o
falecido. É colocado um alguidar e louças para o morto, à cabeceira da mesa, seu
lugar destaque, onde lhe é servido as refeições. Embaixo da mesa, também ficam
vasilhas e alguidares, para despejo do que “sobra” das refeições, que
posteriormente farão parte do “carrego”. É servido ao morto e aos demais
participantes o café da manhã e o almoço, depois que termina o almoço junta-se
tudo o que sobrou e coloca-se no carrego, que está no Ilê-ibo-Iku,.
E - Após o “Xirê”, empreende-se uma limpeza ritual do terreiro, com folhas e amacis
especiais, afim de “VARRER” os passos do morto do terreiro. Todos os Ilês-Orixás,
deverão, ser “sacudidos”, bem como todas as quartinhas despachadas. Ser for o
axexê do fundador do terreiro, tudo deve ser lavado para retirada da “mão” ou axé;
Observação importante!
Curiosidades importantes
A – O ritmo do axexê:
B – Comidas do axexê:
Aqui serão descritas algumas comidas que fazem parte do ritual do axexê, porém,
como já foi dito, cada casa segue seus ensinamentos (fundamentos). Essas comidas
serão preparadas, em todos os dias da cerimônia, sendo depositadas ao lado da
cuia-emissária, no egbé, e posteriormente transferidas para o Ilê-ibó-Iku.
1 – Furá - São bolinhos, ou bolas de: Arroz, farinha de mandioca, Inhame, farinha de
milho e etc...
B – Furá de Inhame: O inhame deve ser bem cozido em água sem sal, depois pilado
em pilão, ou com a ponta de um garfo, em seguida sovado para obter uma massa
pastosa. Após, modelar os bolinhos arredondados com as mãos, depositado numa
tigela de barro ou louça branca, colocado também junto à cuia-emissária,no egbé.
Esta comida também pode ser oferecida à Oxaguian, Oxalufam, IYemanjá e,
também, entra em vários rituais como o Borí, assentamento de cabeça, apanam,
sassanha entre outros.
Nota final:
A importância do culto aos ancestrais, no meu ver, dá-se a partir da lembrança dos
“parentes” vivos, da família do santo; assim sendo devidamente cultuados e
reverenciados através do Axexê e, posteriormente (se permitido for), através do
“assento do Ibó”. Eles, os ancestrais, passam a fazer parte do nosso presente, isso
em quanto permanecerem vivos em nossas lembranças e corações, e não, apenas,
na desesperada “luxúria” de cultuar os mortos, como tenho visto muito por aqui.
Sendo assim, pelo que compreendo, o axé, que é integrado através do Ibó de um
ancestre, ou até mesmo através do Ilê-ibo-Iku, é o que irá manter em atividade a
engrenagem complexa do sistema e, através do ritual, propulsionará as
transformações sucessivas e o eterno renascimento. Ou seja, o culto aos ancestrais
é o que garantirá, dentre os membros de um egbé, a continuidade da vida, tanto
no Ayê (mundo material), quanto no Orùn (mundo ancestral)