Dormir na esteira representa o retorno ao princípio da vida, o reencontro com a
ancestralidade. Dormimos na esteira para ter contato com o elemento que nos deu a vida: a terra! Chamadas de decisa pelos Bantus (Candomblé de Angola), de enim pelos yorubás (Candomblé de Ketú) e de zocrépelo povo fon (Candomblé de Djedje), as esteiras são feitas de palha, um dos emblemas de Obaluaiyè. Para as obrigações usamos a esteira conhecida como nagô (nàgó), aquela bem fina, confeccionada com palha trançada. Um outro tipo de esteira, de palha grosseira, confeccionada com os fios horizontais amarrados com cordão, é mais utilizada, em algumas casas, nas funções diárias do Ìylè e Egungun. Objeto sagrado, muito importante para o povo do Candomblé, fazendo parte de quase todos os rituais como: Mesa de oferendas e comidas ritualísticas dos iniciados ou não. Mesa de ebós e comidas de Òrìsàs prontos. Amparo durante os Paós dos iniciados. Suporte para ervas, durante a Sassanha (sasanìyn) Cama do Ìyawò, onde por baixo dela são feitos os ERÓS(segredos)da feitura. Mesa, sendo base para comidas de ajeun do Ìyawò. Como mesa e cama no ritual BORI. Etc... A esteira quando a pessoa está recolhida, serve também como "mesa", porque neste local o Ìyawò fará suas refeições. Por todos esses detalhes, o Ìyawò precisa ter grande respeito por sua esteira, não devendo pisar nela e nem permitir que outros façam isso, principalmente calçados. Na esteira do Ìyawò nenhum estranho pode se sentar. Nossos mais velhos dizem que o "Ìyawò come e dorme na esteira" para que possa sentir-se parte mais integrante da natureza dos òrìsàs. Existe algumas considerações importantes sobre como manusear a esteira, dentre elas cito algumas: - Pessoas de òrìsà masculino carregam a esteira apoiada sobre o ombro direito. - Pessoas de òrìsà feminino carregam a esteira debaixo do braço. - Pessoas iniciadas, homens ou mulheres, de orixá masculino, não levantam a esteira do chão, somente os iniciados de òrìsà feminino.