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Apostila - Fundamentos de Ìyàwó

 
 A MAGIA DOS ORIXÁS –

FUNDAMENTOS DE
ÌYÀWÓ
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 www.amagiadosorixas.kit.net
 
 A MAGIA DOS ORIXÁS – FUNDAMENTOS DE ÌYÀWÓ
 A iniciação no Candomblé é um processo extremamente complexo elento,
além de ser um assunto com muitas restrições para ser
discutidopublicamente.Portanto, vamos nos ater às mais básicas informações,
deixando bastanteclaro que o descrito aqui não é uma regra geral, pois na
maioria dos casos, cadanação (segmento da religião), cada família (grupo de
pessoas ligadas através deum mesmo elo ancestral) e cada casa de Candomblé
(grupo pertencenteespecificamente a uma casa) tem rituais
específicos.Diversos são os caminhos (motivos) que levam uma pessoa a
seriniciada. É praticamente impossível relacionar todos caminhos, já que
elespodem ser diretamente proporcionais ao número de pessoas iniciadas até
hoje."Ou você chega aos Òrisá pelo amor, ou pela dor". Em outras palavras,há
pessoas que têm que ser iniciadas, outras o são simplesmente porque
assimquiseram e os Òrisá concordaram, ou seja, estas últimas poderiam
esperar otempo que os Òrisá julgassem necessário para serem iniciadas - o
que poderia significar uma vida inteira, mas preferiram fazê-lo simplesmente
porque amavam a religião.E se há um componente que é desejável para um
seguidor ser iniciado,este ingrediente é o amor, o qual teórica e
automaticamente conduz àdedicação. Assim como há muitas variações
associadas à própria palavra queidentifica a Religião dos Òrisá no Brasil -
Candomblé, há também diversos tiposde iniciação. Estes tipos classificam-se,
basicamente, em iniciação de adosù ede não adosù. Apenas para exemplificar,
há dois conhecidos exemplos de iniciados que podem ser classificados como
"não adosù": os Ogán (homens) e as Ëkëdi(mulheres), também chamadas
Ajòyè.Nestes dois casos, o(a) seguidor(a) é escolhido por um
Òrisámanifestado durante uma cerimônia de Candomblé e, após um dado
período, éconfirmado(a).Os iniciados "não adosù", ao contrário dos adosù,
não podem iniciar outras pessoas e têm suas obrigações/tarefas muito bem
delimitadas dentro do lado brasileiro da religião, que tem como filosofia o
princípio de que não é
 
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possível dar a ninguém aquilo que não recebemos, ou seja, aquilo que
nãotemos para dar.Um Ogán ou uma Ëkëdi também tem a opção de ser
iniciado na condiçãode adosù, permitindo que no futuro este Ogán ou Ëkëdi
venha a desempenhar afunção de Bàbálórìsà ou Ìyálórìsà, respectivamente.
Iniciação e confirmaçãosão conceitos totalmente distintos, uma vez que a
confirmação tem o objetivode transmitir um Oyè a um iniciado.Sem o objetivo
de negar a importância daqueles que não estãoclassificados como adosù,
vamos dedicar este tópico à exploração da iniciaçãodos adosù, uma vez que é
este o único caminho que pode elevar um seguidor àcondição de Ìyálórìsà ou
Bàbálórìsà - o mais alto cargo dentro da hierarquia deuma casa de
Candomblé.Tudo, exatamente tudo, dentro de uma casa de Candomblé deve
ser feitocom a autorização ou sob o comando da Ìyálórìsà ou Bàbálórìsà que,
como jámencionado, foi iniciado(a) na condição de adosù.Outro fator que
deve ser considerado é que, nos primórdios doCandomblé, um homem não
tinha o direito de ser iniciado na condição deadosù, somente como Ogán
(nesta concepção, "não adosù").Esta regra até hoje é seguida naquela que é
considerada a matriz dascasas de Candomblé - a Casa Branca do Engenho
Velho em Salvador.O tempo passou, a religião evoluiu e, por razões que fogem
ao escopodeste artigo, os homens começaram a ser iniciados como adosù.O
seguidor da Religião dos Òrisá - iniciado ou não, adosù ou não, pode edeve ser
considerado como Òrisá - palavra que deve ser dita com muito orgulhodiante
da sociedade por aqueles que seguem o Candomblé, tal qual fazem
osseguidores de outras religiões quando se classificam quanto à religião
quepraticam.
 
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 Após esta consideração, temos que classificar o Òrisá quanto à suacondição
dentro da religião - iniciado ou não iniciado. Até que ele seja iniciado,ele será
classificado como abíyán.Só para confirmar com outras palavras o que já
dissemos anteriormente,o abíyán poderá ficar uma vida inteira nesta condição
se assim os Òrisádesejarem.Por outro lado, se os Òrisá decidirem pela
iniciação, durante umCandomblé (neste contexto, a cerimônia pública) este
abíyán poderá "bolar nosanto" expressão que define como sendo a primeira
manifestação física doÒrisá, a qual tomamos a liberdade de acrescentar à
nossa definição inicial de"manifestação física que diz que o abiyan deve ser
iniciado o mais brevepossível". Após a definitiva decisão sobre a iniciação, a
Ìyálórìsà determinaráatravés do jogo quando o processo terá início.Definida a
data, que muito tem a ver com o Òrisá do futuro iniciado, comas
determinações do Òrisá dono da casa e outras tantas implicações, o
abíyànapresenta-se, pela última vez nesta condição em toda sua existência,
diante daÌyálórìsà. A partir deste momento, ele deu início a um processo que
durará SETEanos na esmagadora maioria das nações, famílias e casas.Uma
vez que Orí foi devidamente reverenciado, é hora de iniciar otratamento do
Òrisá ancestral da ìyàwó.Segundo a tradição Kétu, até 10 abÒrisá podem ser
iniciados emconjunto, o que nunca significa que o serão simultaneamente,
pois a iniciaçãoestá intimamente vinculada ao Òrisá de cada pessoa e somente
a Ìyálórìsàpoderá realizar a cerimônia principal.Com base nestes fatos,
entendemos que somente um abòrisá poderá seriniciado dentro de um mesmo
espaço de tempo.
 
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Por outro lado, as cerimônias preliminares e posteriores à iniciaçãopoderão
ser feitas de forma simultânea e, por isto, o período é normalmente
aproveitado para iniciar mais de uma pessoa. A este grupo de noviços damos o
nome de barco, sendo que cada membro, por ordem seqüencial (na maioria
dos casos, de acordo com a ordem ritual dos Òrisá ancestrais), recebe um dos
seguintes nomes:Dofono – Dofonitinho – Fomo – Fomutinho - Gamo –
Gamotinho – Vimo – Vimotinho – Domo – Domotinho O primeiro degrau é
passar pelo ritual de EBORÍ (oferenda à cabeça)sendo denominados a partir
dessa data como ABÍYÁN.O ABÍYÁN poderá ficar a vida inteira nesta
condição se o Òrìsà assim o desejar ou deverá ser iniciado imediatamente em
decorrência da manifestação física do Òrìsà, conhecida como "bolar no
santo". Através do jogo será previstos a data do início do processo,
determinado pelo Òrìsà do iniciado e pelo Òrìsà da casa, etc... . Esse processo
durará no mínimo sete anos. A iniciação é algo muito particular de cada Orixá,
por isto cada ìyàwó tem seus próprios rituais. Porém, o básico é feito em
todos. Este "básico" consiste na raspagem da cabeça e na abertura de incisões
(através de métodos compatíveis com cada Orixá) em diversas partes do corpo
da ìyàwó.Estas incisões (gbéré) têm o principal objetivo de inserir o àsè – um
preparado que determinará a ancestralidade da ìyàwó.Entre estas incisões
está a principal de todas - o Osù, que é feita ao alto da cabeça e que o iniciado
portará enquanto estiver no àiyé (espaço ocupado fisicamente pelos seres
viventes). A Ìyálàlàsë transfere e planta o àsë na noviça por intermédio de um
ciclo ritual que culmina quando, no centro da cabeça da ìyàwó, ela coloca e
consagra o Osù.
 
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Durante esta fase da iniciação, tudo é feito sob a luz de vela (quando oOrixá da
ìyàwó não exige outro tipo primitivo de iluminação), ao som decantigas
específicas para o momento e diante das poucas pessoas autorizadas pelo
Orixá.Feito isto, será dado início aos sacrifícios animais pedidos pelo Orixá
daìyàwó. Ao contrário do que se pensa, segundo a tradição Kétu, animais não
sãosacrificados sobre a ìyàwó, pois se acredita que o calor do sofrimento
causadopela morte do animal não deve atingir o iniciado.Há métodos
específicos e pessoas especialmente determinadas para quenão seja
estabelecido um elo entre o sofrimento físico do animal sacrificado e apessoa
diretamente envolvida no ritual, exceto no que diz respeito a alguns poucos
animais.Um a um, as ìyàwó são submetidas ao processo de iniciação, que pode
durar horas que parecem nunca acabar, dependendo do tamanho do barco -
grupo de iniciados. Apesar de já serem chamados de ìyàwó, ainda têm uma
dura fase de aprendizado pela frente: danças, rezas, comportamento diante
dos mais velhos,tudo sempre atrelado ao seu Orixá. Eles ainda serão
apresentados por sete vezes(queimar efun) àqueles da sua família que
estiverem interessados em conhecê-los.Dependendo do Orixá, durante estas
apresentações serão pintados com wàji (azul), òsún (vermelho) e ëfun
(branco) demonstrando sua ascendência e também para que as àjé (entidades
feiticeiras) não se aproveitem deles, não os persiga.Finalizados os
procedimentos internos de iniciação, é chegada a hora da cerimônia pública.
Aliás, todos grandes rituais do Candomblé culminam em cerimônias públicas,
que assumem o papel de confirmadoras do ocorrido, de preferência com a
participação de pessoas de outras casas e até mesmo outras famílias. A
presença de pessoas pertencentes a outras nações em uma saída de ìyàwó é
considerada uma grande honra e, normalmente, terão peso imensurável na
escolha da Ìyálórìsà para aquele que tirará o nome da ìyàwó
 
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Dependendo da casa, a cerimônia pública será precedida por novos rituais que
incluem novos sacrifícios. Há até mesmas casas/famílias que realizam o
ritual/sacrifício finais pouco antes da primeira apresentação pública.Mas,
hoje em dia, devido à grande especulação, ou os ìyàwó as em cobertos por um
tecido branco nesta primeira apresentação, ou já o fizeram na madrugada
anterior.O ápice da iniciação - que consiste na apresentação do Osù (objeto
ritualístico altamente sagrado) em público, é atingido de uma forma mais
discreta do que o era antigamente.Na atualidade, é mais difícil ver um Osù em
cerimônias públicas. De qualquer maneira, o final desta fase inicial será uma
cerimônia pública onde osìyàwó mostrarão por três vezes que nasceram para
uma nova vida, será o ÖjíOrúkö Ìyàwó.Na primeira vez, eles serão
apresentados vestidos de branco, com a pintura sagrada (Efun,Osun e Wají)
com o ìkódídë (pena ritualística, um dos símbolos da iniciação) amarrado na
cabeça por palha da costa.Na frente deles estará a Ojubona estendendo a ëní -
esteira, para queeles "batam pawó" para os locais sagrados da casa e
apresentem o dobále e o yìnká para o Babalorisá O Iyawo é retirado para o
Honkó e é feito o sacrifício da Etú no igbá do santo e sobre um prato onde será
besuntado com as penas e posto no ori do iyawo. O Babalorisa terá preparado
a gema de ovo com dendê lambuzará com a pena e porá na língua do iyawo
para que o santo libere a fala e dê o seu orunkó.Na segunda vez, as roupas
serão as mesmas, só vai se tirar a pintura da cabeça e do corpo e o Iyawo
entrará apenas com as penas sobre o ejé no Adosu.Nessa segunda saída é
que será escolhida dentre os convidados a pessoa quem vai tomar o nome do
Iyawo.Depois de tirado o nome, o Iyawo dança algumas cantigas de
fundamento da nação, e é posto para dentro
 
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Na terceira saída se apresentará com roupas e indumentárias do
Orisá,lembrando seus atributos e histórias, comemorando-se, assim, o novo
nascimento, através de danças e rituais.Passado o período do "Kele" - o colar
sagrado que foi colocado no pescoço da ìyàwó durante o processo de iniciação
e que não pode ser removido, exceto através de ritual específico - e que,
dependendo da casa ou família, deverá ser carregado por 12 semanas (três
meses), devendo ser respeitado evitando-se todos os prazeres mundanos, o
iyàwó, teoricamente, entra em seu ritmo social normal até o primeiro ano,
quando então cumprirá com novas obrigações chamadas de ödún kíni.Hoje
em dia, na tentativa de tornar o Kele objeto de respeito máximo,muitas casas
não deixam seus ìyàwó entrarem para a vida social portando o colar sagrado -
preferem tirá-lo do pescoço dos seus filhos antes que estes partam para a vida
moderna que os aguarda lá fora.Mas isto não significa que eles estarão livres
dos èwos ! Talvez eles sejam liberados para comer com talheres em um
almoço de negócios, mas isto poderá ser o máximo permitido, pois dormir no
chão sobre a ëní e as rezas antes das refeições que não sejam exigidas pela
vida profissional continuarão sendo algumas poucas das suas muitas
obrigações para com os Òrisá. Alguns èwos,dependendo do Òrisá, da casa, da
família, etc., não estarão limitados somente ao período do Kele, ou seja,
deverão ser respeitados por toda vida do iniciado.Como ensinado pela
Ojubona, enquanto eles forem ìyàwó, eles jamais poderão sentar no mesmo
nível que os irmãos mais velhos, nem olhar diretamente em seus olhos.É a
hierarquia intrínseca ao Candomblé (ou seria à cultura Yorúbà?) se
mostrando: um irmão mais novo não deve nunca ficar acima (fisicamente) de
um irmão mais velho. Ao contrário das demais culturas, o “olho nos olhos” só
funciona para pessoas do mesmo nível hierárquico, os que estão abaixo devem
sempre olhar para o chão.
 
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Esta educação inicial mostrará quem é a pessoa para o resto de sua vida
dentro da religião.Depois precisará cumprir com suas obrigações aos três anos
(ödún kýtà).Há casas onde também são cumpridas obrigações no quinto ano.
Finalmente, vem às obrigações que são a confirmação final da iniciação e que
são feitas aos sete anos (ödún Ijê), quando então a ìyàwó se tornará um
Egbome (mais velho)através de uma cerimônia pública, onde poderá receber o
conjunto de símbolos da maioridade, comumente chamado de Deká. A partir
daí, o Egbome, como é normalmente chamado, estará pronto para abrir sua
própria casa, caso este seja seu caminho (definido no momento da sua
concepção e revelado pelo jogo de búzios), dando origem à sua própria família
com base nos ensinamentos que adquiriu durante os sete anos da iniciação do
aprendizado inicial.Durante o referido período, é esperado que ele tenha sido
submetido aprovas, e estado presente em rituais suficientes para que esteja
habilitado a,pelo menos, interpretar corretamente as caídas dos búzios, pois
muito do que praticará de agora em diante, aprenderá à medida que os Òrisá
digam que ele precisa iniciar os abòrisá que cruzarem seu caminho. Aqueles
que não têm o "caminho" para assumirem a função de abrir em suas próprias
casas, continuarão atuando dentro daquela onde foram iniciados,podendo
receber cargos e/ou títulos (Oyè) que determinarão os seus papéis junto à sua
família (Ìdílé Òrìsà).Nesta condição, além das classificações já expostas,
passarão também a ser classificados como Oloyè.Receber um Oyè geralmente
implica sentar na cadeira (cadeira, trono indicava na África que o indivíduo
tinha alta posição social, assim como usar oeru-espanta mosca, o guarda-sol e
outros símbolos de prestígio e poder)
 
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 A orquestra do candomblé é constituída por atabaques, agogôs, cabaças e
chocalhos. Os atabaques são três, em tamanhos diferentes: rum (maior),
rumpi(médio) e lé (menor).Existe também o Agbé ou piano de cuia, o adjá e o
xeré, este ultimo só é usado em festas para Xangô.Os tocadores tem um chefe
denominado de alabê. Os atabaques são considerados essenciais para a
invocação dos deuses. A festa do candomblé tem início com a matança, que é o
sacrifício de animais para os orixás.Nesta cerimônia só tomam parte os fieis
do candomblé, não tendo acesso o publico. Ainda pela manhã roda-se o Padê
ou despacho de EXÚ, este é feito para que ele não atrapalhe a cerimônia e
tudo ocorra normalmente. Dá-se prosseguimento a festa, cantando sete
cantigas para cada orixá, afim de chamá-los. A Iyalorixá traz na mão um Adjá,
e sacode-o para cada orixá que "baixa",entra em transe mediúnico.Os orixás
vão baixando gradativamente e estando todos no barracão, são levados para o
Roncó (quarto de santo) onde são vestidos de acordo pelas ekedes ou Ogãs,
com trajes típicos do respectivo santo.Depois de prontos, a Iyalorixá inicia um
cântico convidando-os a entrarem no barracão e dançarem, todos os
assistentes ficam de pé, enquanto os santos- não mais as filhas- fazem sua
entrada triunfal, acolitados pelas ekedes munidas de alvas toalhas.Receber um
Oyè geralmente implica sentar na cadeira (cadeira, trono,representava na
África que o indivíduo tinha alta posição social, assim comousar o eru-espanta
mosca, o guarda-sol e outros símbolos de prestígio e poder). A confirmação é
o ato em que o pai-de-santo ou Òrisá senta o Oloyè nacadeira, para indicar
que ele agora tem status alto, posição elevada, etc. naqueleËgbé
(comunidade)". Ao abrir sua própria casa, a Ìyálórìsà não perde o vínculo com
a casaonde foi iniciada, podendo, inclusive, manter um Oyè recebido
previamente
 
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naquela casa, ou até ser confirmada para um Oyè naquela ou em outra
casaapós ter constituído sua própria família. Ao aceitar o Oyè, o Adóñù passa
a ter maior responsabilidade noterreiro. Caso não corresponda à altura, por
desmazelo ou incompetência,responderá, diretamente, ao Òrisá que o
designou.Os cargos são vitalícios.Pelo pouco que aqui foi exposto,
imaginamos que seja possível notar quea iniciação é um processo muito mais
complexo do que muitos imaginam e elanão tem o único objetivo de formar
Ìyálórìsà, pois um Ëgbé depende (e muito)de pessoas com os mais diversos
caminhos, todas de grande importância namanutenção não só da religião, mas
da imensa carga cultural trazida do oesteafricano pelos escravos para o Brasil
e que tanto influenciou a cultura do país.O AséEnergia mágica, universal
sagrada do orixá. Energia muito forte, mas quepor si só é neutra. Manipulada
e dirigida pelo homem através dos orixás e seuselementos símbolos.O
elemento mais precioso do Ilê é a força que assegura a existênciadinâmica. É
transmitido, deve ser mantido e desenvolvido, como toda forçapode aumentar
ou diminuir, essa variação está relacionada com a atividade econduta ritual. A
conduta está determinada pela escrupulosa observação dos deveres
eobrigações, de cada detentor de axé, para consigo, seu orixá e para com seu
ilê.O desenvolvimento do axé individual e do grupo impulsiona o axé de ilê."O
axé dos iniciados está ligado, e diretamente proporcional a suaconduta ritual -
relacionamento com seu orixá; sua comunidade; suasobrigações e seu
babalorixá”. A força do axé é contida e transmitida através de certos
elementos esubstâncias materiais, é transmitido aos seres e objetos, que
mantém e renovamos poderes de realização.
 
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O axé está contido numa grande variedade de elementos representativosdos
reinos: animal, vegetal e mineral, quer sejam da água - doce ou salgada -
daterra, floresta - mato ou espaço urbano -. Está contido nas substâncias
naturaise essenciais de cada um dos seres animados ou não, simples ou
complexos, quecompõem o universo.Os elementos portadores de axé podem
ser agrupados em três categorias:1) "sangue" vermelho2) "sangue" branco3)
"sangue" pretoO "sangue" vermelho compreende:a) do reino animal: o
sangue. b) do reino vegetal: o epô (óleo de dendê), osùn (pó vermelho), oiyn
(mel -sangue das flores), favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos
(obi,orobô), raízes...c) Do reino mineral: cobre, bronze, otás (pedras), areia,
barro, terra...O "sangue" branco:a) do reino animal: sêmem, saliva, emí
(hálito, sopro divino), plasma (emespecial do igbin - espécie de caracol -),
inan (velas) b) reino vegetal: favas (sementes), seiva, sumo, álcool, bebidas
brancasextraídas das palmeiras, yiérosùn (pó claro, extraído do iròsún) ori
(espécie demanteiga vegetal), vegetal, legumes, grãos, frutos, raízes...c) reino
mineral: sais, giz, prata, chumbo, otás (pedras), areia, barro, terra...O
"sangue" preto:a) do reino animal: cinzas de animais b) reino vegetal; sumo
escuro de certas plantas, o ilú (extraído do índigo) waji
 
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(pó azul), carvão vegetal, favas (sementes), vegetais, legumes, grãos,
frutos,raízes...c) Reino mineral: carvão, ferro, osun, otás (pedras), areia,
barro, terra.Existem lugares, sons, objetos e partes do corpo (dos animais
emespecial) impregnados de axé; o coração, fígado, pulmões, moela, rim,
pés,mãos, rabo, ossos, dente, marfim, órgãos genitais; as raízes, folhas, água
de rio,mar, chuva, lago, poço, cachoeira, orô (reza), adjá (espécie de sineta),
ilús(atabaques).Toda oferenda e ato ritualístico implica na transmissão e
revitalização doasé. Para que seja verdadeiramente ativo, deve provir da
combinação daqueleselementos que permitam uma realização
determinada.Receber asé significa, incorporar os elementos simbólicos
querepresentam os princípios vitais e essenciais de tudo o que existe.Trata-se
de incorporar o aiyé e o orún, o nosso mundo e o além, nosentido de outro
plano.O asé de um ilê é um poder de realização transmitido através de
umacombinação que contém representações materiais e simbólicas do
"branco","vermelho" e "preto", do aiyé e orún.O asé é uma energia que se
recebe, compartilha e distribui, através daprática ritual. É durante a iniciação
que o asé do ilê e dos orixás é "plantado" etransmitido aos iniciados. A
Iyálorixá é ao mesmo tempo iyálasé, zeladora dos ibás (assentos -
representação material do orixá na terra, local específico para receberem
suasoferendas, local que se entra em comunhão com os orixás), tudo
relacionadoaos orixás, zelar pela preservação do asé que manterá viva e ativa
a vida do ilê.
 
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Primeira etapa de feitura – ebós – 1 dia (domingo)Ebó de Èsù de Rua01 k
farinha de mesa01 Garrafa de Caninha da Roça01 Charuto01 Vidro de dendê
pequeno01 Folha de Comigo-Ninguém-Pode das grandes (se o iyawo for
homem folhamacho se for mulher folha fêmea)01 Vela branca01 Faca
virgem01 Frango magro pretoLeva se o Iyawo à meia noite numa
encruzilhada, deverá estar vestidocom uma roupa bem velha que não queira
mais, leve também um lençol branco.Chegando na encruzilhada faça um
saraye no iyawo com este frango,peça que ele cuspa no bico do galo, e diga ele
mesmo e quem estiver fazendo oebó para ele, ”EXÚ MAXÊ MI, OMÓ
ELOMIRAN NI OXÊ”, depois fale emnossa língua mesmo pedindo a Exu que
afaste as mazelas do filho, as doenças,os feitiços e etc...Faça um padê lá na
hora com farinha e dendê e deposite em cima dafolha de comigo-ninguém-
pode, acenda a vela ao lado e o charuto chame pelonome do EXÚ catiço que a
pessoa ou o Pai de Santo tenha devoção e entregueesta oferenda e os
inimigos.Prenda bem as asas com as patas do bicho e comece a copar com o
obé virgem em cima do padê, não separe o ori do corpo, apenas corte e
deixesangrar, ao terminar o sangue, deixe o frango com o corpo no chão e o
ori emcima do padê, não deixe de barriga pra cima. Abra o Oti e derrame em
volta de tudo fazendo um circulo e deixe agarrafa ali junto com o obé.O iyawo
tem as roupas rasgadas ali mesmo e volta enrolado no lençol branco.Saia e
não olhe para trás, volte por um caminho diferente do que foi.
 
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 Ao chegar na Roça alguém já deverá estar aguardando para despachar arua,
entra-se sem falar com ninguém e toma-se um banho de nega-mina,elevante,
folha de bananeira, mangueira, aroeira, peregun e funcho cozidos, dacabeça
aos pés.Tome um chá bem forte de erva cidreira com bastante açúcar,
deveráentão ir dormir, no barracão ainda, com um ojá no ori.OBS: A partir
deste dia não comer mais carne vermelha.EBÓS – 2 DIA (SEGUNDA) Ao
amanhecer ainda bem cedo, levar uma oferenda numa encruzilhada a Esu.01
Alguidar vitrificado07 Bifes grandes07 Frutas (maça, banana, mamão, uva
moscatel, manga, um fatia melancia,laranja).01 Vela branca½ K açúcar
cristal01 Pacote de frutas cristalizadas01 Charuto07 Folhas de mamona07
Acaçás brancosPonha o alguidar do lado direito da encruza, acenda a vela,
ponha os bifes grandes em circulo dentro deste alguidar com as pontinhas
para fora e oresto pra dentro do alguidar, despeje o açúcar, e por cima do
açúcar as frutascristalizadas e por cima das cristalizadas os 7 acaçás, as frutas
ficarão do ladode fora do alguidar em cima das folhas de mamona.Entregue a
ÈSÙ ODARÁ, pedindo Ire (sorte) e que você consiga realizartudo de bom e a
feitura seja de sucesso e muito êxito
 
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Pronuncie o seguinte:ÈSÙ ODARÁ  A BA NI ORANOLOPÀ ELEDUMÀRÈO
LAE LAEO SAN SOKOTOPE PEONIBODE ORUN A LA KALÚÈSÙ
IREOOOOOOOOOOEBÓS – 3 DIA (TERÇA)Já bem tarde da noite, porta do
cemitério.09 Legumes diferentes cortados bem pequenos09 Ekurus09
moedas correntes09 velas09 Galhos de amora com bastante folha09 Pedaços
de mourim branco com 1 metro cada01 Alguidar 04 pintado de brancoPasse o
alguidar pelo corpo da iyawo e deposite no chão, passe as velas eacenda em
volta do alguidar.Passe os legumes e ponha dentro do alguidar, passe os
ekurus e ponhaem cima dos legumes, passe as moedas jogue em cima do ebó,
batas os galhosquebre-os e jogue ao lado do ebó, limpe a pessoa toda com
mourim e rasguedeixando também ao lado do ebó.De as costas e não olhe
para trás.
 
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Chegando na roça tomar banho cozido com saco-saco, betis cheiroso,cana do
brejo.Em seguida um banho de AKOKO erva fresca quinada essa não é
cozida.Os dois banhos da cabeça aos pés.Passar um defumador de assafeti
bem forte no iyawo.Tomar um chá bem forte de colônia com açúcar, por ojá e
ir deitar.EBÓS – 4 DIA (QUARTA)  Ao anoitecer, preparar um ebó todo
branco.04 Acaçás04 Ekurus04 Aberens04 Bolas de canjica04 velas04 moedas
antigas04 Palmos de barbante sisal01 Alguidar de n. 404 Palmos da pessoa
em mourim branco01 bandeirinha branca a haste é feita de talo de
dendezeiroEste ebó é feito dentro da roça, em frente ao quarto do orisá para o
qualo iyawo será raspado, este ebó tem a finalidade de louvar os ancestrais
dapessoa que por ventura possam ter sido iniciado em outras vidas para
aqueleorisá. Ou seja, é um ebó Esà. (ancestral)Passa-se o barbante sisal na
pessoa inteirinha, enrole como se estivessefazendo uma rodilha e ponha no
fundo do alguidar.Comece então passando os ekurus e põe no alguidar, os
aberens, osacaçás e as bolas de canjica, passe as moedas e limpe a pessoa toda
com omourim, leve tudo isso para dentro de uma mata fechada.
 
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Chegando lá, forre o chão com o mourim que limpou o iyawo, ponha oalguidar
em cima, enfinque a bandeira no meio do ebó e acenda as 4 velas sóagora em
volta do alguidar. Entregue aos ESÀS DE fulano de tal, para que dêuma trégua
de vida para a pessoa e traga a prosperidade para o ilê aonde eleesta sendo
iniciado que o Babalorisá possa ter muito AXÉ para transmitir aoiyawo.Peça
por saúde e vida longa, emprego e sorte na vida.Quando as pessoas que foram
entregar voltarem da mata o iyawo entãotomará um banho bem forte de ABÔ
(digo daqueles bem curtidos). Ainda dormindo fora do ronco.Deverá ser dado
a ele para beber um chá que fixa o Orisá no ori doiniciado, que é tomado pelas
grandes casas de axé no Brasil, 16 folhas deURUCUM, 16 folhas de ALGODÃO
cozidas e bem adoçadas com bastanteaçúcar, é necessário que esteja bem
doce.De agora em diante a pessoa toma esse chá 2 vezes ao dia.Faz-se um
defumador de efirin (manjericão seco).PREPARANDO O RONCÓ PARA
RECEBER O IYAWÔ – 5 DIA (QUINTA)Lavar o ronco todo com água limpa e
sabão da costa, enxaguar comomieró de colônia e macaça (folhas de osun).Por
peregun e colônia espalhada pelos 4 cantos do roncó dentro
dequartinhões.Neste dia, ainda não foi preparada a esteira com as folhas, pois
esta só éfeita após o ebó de cachoeira e depois do bori
 
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6° DIA (SEXTA FEIRA) DESCANSO.Todos na roça estarão nos preparativos
das coisas da cachoeira demadrugada, de sexta para sábado.CACHOEIRA E
BORI – 7 DIA (SÁBADO)Pela madrugada de sexta para sábado segue para a
cachoeira o iyawo, oBabalorisá a Ojugbonã e outra pessoa.O iyawo vestido
com uma roupa de ração. Descalço. Levando umaquartinha com um pinto
amarrado por fio de palha da costa pendurado naquartinha.Chegando na
cachoeira, a Ojubona vai à frente e coloca primeiro aoferenda para Ossãe,
seguida da oferenda das Iyás, logo à frente a oferendapara Osoosi.Passa-se o
seguinte ebó no iyawo ainda na beira d’água, feijão brancocozido, canjica
cozida, fradinho cozido, pipocas, 11 acaçás, 11 ekurus e 11moedas e deixe tudo
cair na água, esse local será diferente o qual o Iyawo fará oOrô.O iyawo
acomoda-se numa pedra, acende velas para Osun nas pedras.Louva-se Osun e
Ossãe. Amarre o pintinho de leite pela pata direita com um fio longo de
palhada costa, a outra ponta da palha amarra-se na base da quartinha sem
água,acomoda-se no joelho direito segurando com a mão direita e a outra ele
estarásegurando uma copa de PEREGUM com 7 folhas apoiada no joelho
esquerdo.O babalorisá toca as costas e o peito do iyawo com a cabaça grande,
bataa cabaça contra a pedra, é dado início ao Apolo: O Babalorisá bate com o
Ovona testa do Iyàwó pegando-o de surpresa, imediatamente todos que estão
ali
 
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presentes banham o Iyawo com muita água da cachoeira, o Babalorisá pega
opintinho, molha, passa sabão da costa e esfrega-o no Iyawo todo até que
eleesteja desfalecido, retira o fio de palha da costa da base da quartinha e
joguetudo dentro da cabaça, o pintinho, o fio de palha da costa e o sabão da
costa, acabaça estará acomodada no colo do iyawo forrado com morim branco
pordentro.E dá início a Katulagem: tire dos pontos principais do Ori do
Iyawo:nuca, frente, lado esquerdo, lado direito e alto da cabeça e deposite
dentro dacabaça.Em seguida o babalorisá dá um banho de ajebó no Iyawo,
esfregando emseguida um acaçá e uma bacia de Ebó, seguido de um novo
banho. O Babalorisádá um Banho de Aluá, Wají, osun, efun e ervas do santo.O
Babalorisá corta a roupa do Iyawo pelas costas e dá para que aOjubonã
guarde. As bordas do morim são postas todas para entro da cabaçacobrindo
tudo que foi ali dentro.É enrolado um ojá no orí do Iyawo, este então encherá
a quartinha delecom água da cachoeira. Colocará na cabeça segurando com a
mão direita e namão esquerda a copa de peregun.O Iyawo será envolto com
lençol branco e posto uma coroa de mariwo nacabeça. Ao chegar à roça a rua é
despachada, para que o ajé não entre.Dá-se algo para que o iyawo coma, e
ponha para dormir, não se previne aele de nada que vai se fazer depois. A
noite é feito o Bori do Iyawo.O Bori de Iyawo é acompanhado de Galinha da
Angola(Etú), 2 frangos e1 pombo.O cone do ori da etú servirá para o Adosú do
Iyawo nos efuns. Ainda no Bori do Iyawo que é moldado o Ori deste, tira-se o
Odú do Iyawo.
 
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Pelo amanhecer antes de levantar o Bori, retira-se os axés do Ori doIyawo e
ponha o Ojá aberto entre as pernas dele que também estará aberta edobradas,
entregue os búzios nas mãos dele e pergunte o seguinte a ele:“ O que procuras,
o poder do Orixá ou o poder do Dinheiro?”Se a resposta for do Orixá, perfeito,
anote o Odú e faça sua Louvação, pedindotudo de bom para o Iyawo.Se ele
responder o poder do dinheiro, a única forma de tirar o Odúnovamente será
atar os búzios junto ao peito dele na matança do Orisá aolevantar com a
matança é desatado o ojá e deixam-se os búzios cair ao chãoanote então o
Odú.Pela madrugada de sábado para domingo levanta-se o BORI, lava-
senovamente a cabeça do iyawo com nova erva quinada composta apenas
decapeba e saião.Dá banho no iyawo já com sabão da costa e a erva fresca do
porrãodele.(com folhas do santo da pessoa).8 DIA (DOMINGO) 1° LAGBÉ E
PRIMEIRO EFUMPor volta das 15:30 faça a primeira raspagem do
Iyawo.Coloque kele, xaoro, ikan, mokan, umbigueira, ides e yans (fios
decontas). As cantigas para raspagem e por o Kele encontra-se em uma
daspaginas dessa apostila.Em seguida efun. O efun tem que ser realizado até
as 18 horas da tarde.O iyawo não deverá comer nada antes do efun, deverá
fazê-lo com fome.Ponha a roupa branca da primeira saída no iyawo, ponha ele
sentado no apoti,uma folha de peregun nas mãos, que foi tirada daquele
arbusto que trouxe dacachoeira, pinte ele todo com efun, ponha o ekodidé na
cabeça dele preso poruma palha da costa.Dê um pouco de água da quartinha
dele para ele beber. Tudo será feito àluz de velas no ronco, e a saída no
barracão também tudo apagado, só a luz de velas, Exu deverá ser despachado
antes.
 
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 Após o iyawo todo pronto com pintura e acessórios, realize a matança.O
primeiro efun será esse primeiro oro de matança.Reza para pintar com
efun:Baba efum oni jale Areo orisáBaba efum oni jale Areo orisáRepete-se
esta reza até o fim da pintura. Adoxa-se o iyawo cante:Kenken Osun omi so
oro A ina inaKenken osun omi so oro A ina inaTira o iyawo com as 3 cantigas
de iyawo, dê 3 voltas e retire ele do barracão com a cantiga de
retirada...Primeira cantiga:Omíroto kewà léki wá awoki wá jóOrò eniki wá
awoki wá awoki wá jóki wá awoki wá jó
 
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 A un gbèléSegunda cantiga:Orisá kota já gberé Àjá eni Àjá eni Àjá eni Àjá
eniOlorun t`o n ìseKojáàdeo Àjá eni Àjá eni Àjá eni Àjá eniTerceira
cantiga:Ikóòdíde adùpé iíyàwóÓférè jé ìkóòdíde Adùpé IíyàwóÓférè jéCanta
para o adosu do iyawo:Kenken Osun omi so oro A ina inaKenken osun omi so
oro A ina inaCante para a pintura do iyawo:Baba efum oni jale Areo orisá
 
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Baba efum oni jale Areo orisáSeguido da cantiga: Agogô ni fá um awoO
lério Agogô ni fá odaráO lérioSeguida da CantigaFará imóra OlúwoF´ara
imóra Araketu wureF´ara imóraCante umas 3 cantigas para aquele orisá e
coloque para dentro.Retirada do salão:Ìyàwó nibo l`ònàÌyàwó nibo
l`ònà. Awà nì jé je ìyàwóNibo l`ònàÌyàwó nibo l`ònàÌyàwó nibo l`ònà Awà nì
jé je ìyàwóNibo l`ònàPrimeiro Oro de copar os bichos. Antes de o iyawo sentar
no apoti devera ser posto um acaçá no apoti eum mourim branco por
cima, bacia para bater ejé com os temperos dentro e
 
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akasá, os bichos lavados, bandeja de axé preparada, obés, ojá para
o cabrito,obi e orobo, velas.Traz o iyawo para o salão, com roupa de ração,
e atacam amarrado aopeito, traz o bicho de 4 pés, com laço amarrado, o iyawo
bate pawó para o bichoe bate ori com ele fazendo pedidos, segurando nos
chifres.Faz ele dar pequeno 3 jinkas antes de sentar no apoti.O Babalorisá
então com adjá nas mãos louva o orisá do iyawo invocando-o, a ojubona cruza
o iyawo todo com água da quartinha.Com comidas do santo nas laterais (vide
apostila de qualidades efundamentos de cada orisá).O animal de 4 patas
depois de lavado as partes consideradas sujas éconduzido, puxado por uma
corda forte, a mesma que será enrolada no seufocinho entoando-se a
cantiga :Mo rúbóMo rúbó sèMo rúbóSeguidamente ofereça a folha de aroeira
ou goiabeira ao animalcantando:Eran orisàOrisà ko be reoEran orisàOrisà ko
be reoo Assim que o animal pegar a folha canta-se:O dì gainganO dì gan o
 
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O dì gainganO dì gan oPara saudar o animal tocando em sua cabeça ( significa
que o animal irámorrer ao invés da pessoa, uma espécie de troca) canta-
se: Ago bó ni je Alá foríkan Alá foríkan gbogbo o Ago bó ni je Alá foríkan Alá
foríkan àiyé Após retirada a corda será cortada em partes iguais canta-se:Dide
ko sa le ni dahomeKò sí ni dide okùn oLeve-o à direção da bacia que já estará
com 3 acaças dentro com águapronta para receber o ejé e canta-se copando o
bicho o seguinte:Èjè sorò soròÈjè bálè a kara ròÈjè sorò soròÈjè bálè a kara
rò Ao cair o sangue então canteÈjè soròÒrisà è pawo
 
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Èjè soròÒgún é pawoÈjè soròOrisà è pawoÈjè soròFalar o nome do orisà e
repetir... èjè soroÈjè balè pa ra larawèÈjè balè pa ra larawèNo momento da
separação do corpo do animal, é exaltada a sua condição deproteção que o ato
oferecerá ao iyawo, cantando:Ori a bòdíOgègé máa ni yí oOrí a bòdíOgègé
ajeO refrão final é modificado no momento exato em que a cabeca recebe
ocorte final e é puxada separando-aem definitivo do corpo:Ori a bòdíOgègé
máa ni yí oOrí a bòdíOgègé ta fà o !Louva-se Ogun o dono do obé:Biri biri
lokeOgun a lerioBiri biri lokeOgun ba rereNa hora da retirada da corda canta-
se :Kò si ni dide
 
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Òtún alágbèKò sí ni dideOkùn Após retirada a corda será cortada em partes
iguais canta-se:Dide ko sa le ni dahomeKò sí ni dide okùn o Após escorrido
todo o ejè e bem batido por uma pessoa de santo iyaba,pegue com uma meia
cabaça e jogue em cima do igbá, do ori do iyawo, em cimadas curas, e dê um
pouco para que ele tome.Entrega-se o orí do quadrúpede para que o orisà
segure com os dentes ee todos os bichos sacrificados nos braços do santo ele
se levanta e dança acantiga da morte:Erù awaTòrú àséTòrú àséErù awaTòrú
àséTòrú àséO santo deixa cair sobre o axé da casa os bichos que estavam nos
braçosdele retira-se o ori da boca do orisà e louva-se para aquele orisá
incorporado,todos dançam com ele. Após esta dança o orisà é recolhido para o
ronco onde deverá seracomodado na eni para que fique por um tempo com
aquele ejé em cima epenas pela qual foi coberto.Canta-se para a tiragem das
penas:
 
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Egan pò pòBo a ye yeEgan pò pòBo awoEgan pò pòBo a ye yeEgan pò pò bo
oPara se cortar as patas do quadrúpede bate-se primeiro com o obé nas
juntascantando: A sinsèSèsè ko maSè run A sinsèÈ sèsèKo ma sè runGalinha
d’angola:Kuen kuen kuenBaba bi a bi etuKuen kuen kuenBaba bi a bi oroKuen
kuen kuenBaba bi a bi etuKuen kuen kuenBaba bi a bi oma A galinha tendo
desfalecido canta-se:Eran gboboOrisa fé fé etuEran gboboOrisa fe fe etu o
 
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Tempera-se a matança.14° DIA – SABADO – DIA DO NOMENo 14° dia será o
nome do iyawo, faz-se necessário que ele esteja bemalimentado, bem
descansado e despreocupado, reza-se à tarde e ponha-o
paradormir.CANTIGAS E REZAS PARA CATULAR, RASPAR E FAZER
KURAS:RASPAR E FAZER KURA ( COM NAVALHA):Orisà lábéOrisà lábéTa
ni obé gbére reTa ni obé gbére re Awá siré ó koru lagbéPARA COLOCAR
KELE,XAORO,IKAN E MOKAN DE IYAWO.Tòtó lòróbéKele iyawo orisàTòtó
lòróbé xaoro iyawo orisà ( vai se repetindo a cantiga dizendo nome detudo que
se coloca no iyawo).PREPARANDO A ESTEIRA DO IYAWO
COM FOLHASMarcar com efum no chão os 5 pontos aonde colacará os axés
de eni.
 
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X XXX XPonha ali onde está marcado, milho de galinha
torrado,fradinhotorrado,ebô cozido,acaçá,efum,ossum,wají,obi ralado,orobo
ralado.Folhas da em será as folhas do orisá a ser iniciado no iyawo.Folhas que
deve ter embaixo de qualquer esteira independente de qualseja o orisá,
PEREGUM,OGBÓ,SAIÃO,ELEVANTE E ORIPEPE.Cante bastante para Ossãe
e reze, durante o processo de colocar as folhasem cima destes axés postos nas
marcas.Por final, salpique água ali em cima das folhas, cantando para Oxum.E
estenda a esteira forrando em seguida com lençol branco.Ficara uma
quartinha com peregum sempre a cabeceira do iyawo,juntocom uma vela e
uma quartinha.É importante lembrar que em alguns axés canta-se folhas
todos os dias,exceto sexta feira (vide apostila de SÀSÀNYÌN – O Cântico das
Folhas)URUPIN IYAWO – CARREGOHá quem faça o urupin antes do nome
do iyawo, eu prefiro fazer depoisque todos foram embora, só com as pessoas
da casa
 
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Pela madrugada, acorda-se o iyawo, leve-o para um outro cômodo , e vaise
levantando tudo que estiver desde o inicio da feitura e bori, e colocando
na bacia que que será despachado no mato ou mar ou cachoeira.Um alguidar
cabeça de boi estará arrumado com uma quartinha comágua no meio,7
colobos com comidas diferentes de orisá, ebo,pipoca,feijãopreto cozido
temperado,omolokun,acarajé,ekuru,acaçá.No fundo do alguidar areia de
praia. Apague todas as luzes ,ser tudo feito a luz de velas.O iyawo estará
vestido com a roupa que foi cortada pelas costas nacachoeira só que agora
essa roupa está costurada, o Babalorisá terá tirado okele,os acessórios todo do
corpo, ele é levado até a porta do barracão com essealguidar cabeça de boi na
cabeça, lá chegando ele deposita o alguidar no chão ea roupa é rasgada
novamente e jogada em cima do carrego , o iyawo corre paradentro do honkó
novamente, que já estará limpo sem nenhum vestígio dasfolhas e de tudo que
se encontrava antes.O iyawo não poderá sentar nem deitar enquanto as
pessoas que levaramo carrego não voltarem.Durante o processo de carrego
canta o seguinte:Erù pìErù danTa ni s’eboRe adaErù pi ooErù danTa ni s’bo
re Ada o o Após tomado banho é posto o kele e acessórios tudo de novo no
iyawo. AFESÚ
 
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 Ainda pela manhã cedo, arrumar as 7 folhas de mamona com os talos aolado,
7 costelas do cabrito separadas anteriormente, 7 acaças, 7 acarajés, 7 okas,7
pedaços de obi, 7 pedaços de orobo, 7 atarés, 7 penas dos bichos, um pouco
decada comida (omolokun,ebô,pipocas,eboyá,amalá, axoxó, fradinho
torrado,milho torrado, feijão preto torrado, padê de dendê, aluá de milho,
moscatel,água, omiekó , 1 cesto grande na porta do barracão com uma
quartinha ao ladoe 1 vela acesa.Cante o ritual de Sasanyín todo e passe depois
ao ritual de afexú.(Adquira a apostila Sasanyín – O Cântico das Folhas)Ponha
em cada folha um ingrediente desses enquanto vai se cantando :Ita owoIta
OmãIta rikuGboboGberun léTerminado de por todas as comidas nas folhas
parta o obi e o orobo edivida cada um em 7 pedaços e ponha nas folhas,
concluindo a divisão do obi eorobo sobre as comidas o Babalorisá vai
espargir omitorô (omiekó), aluá emoscatel sobre tudo, quando então dá-se
inicio ao ritual com o Iyawo, ele bemabaixado pega cada folha no chão
enquanto o ajudante do Babalorisá vai batendo com o atori de mamona nas
costas do Iyawo até que ele chegue naporta onde está o cesto e deposite ali a
trouxinha de mamona e o ajudante põe otalo referente aquela folha ali no
cesto também.O Iyawo retorna e pega a segunda folha, e vai se repetindo até a
última.Durante esse processo de pegar a folha o Babalorisá cantará o
seguinte:Oro afexúOdara koba lóOro afexú
 
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Odara koba lóQuando o cesto é então levado para a rua todos encostam-se na
parede ecantam:Ikú a be rere Iku a be rereOsi é da un ló ikú a be
rerePróximaÉ un aleÉ un ananSe sé komo um fo lóÉ un ale oÉ un ananSe sé
komo un fo ló o A vela é levada junto com o carrego, no retorno de quem levou
o carregoa água da quartinha é despachada no portão entoando-se esta
cantiga:Bérun léOmi lá óBérun léOmi lá óEbó da porta (Dando de comer aos
pés do Iyawo)No retorno do carrego do Afexu temos na Nação de Ketú o ebó
de Ogunque é feito na porta do Ilê Asé.Põe-se o Iyawo em pé na porta com o
pé direito fora do chão esticado afrente, põe no pé do iyawo um acaçá em
cima do dedão, no chão estará uminhame cará assado com 7 taliscas de
mariwo, feijão fradinho torrado um acaçaem cima do fradinho, um ebô, e
frutas diversas, copa-se um galo (ou D’angola
 
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em cima de Ogun do portão e escorre um pouco em cima do acaçá que está
nopé do iyawo e um pouco na canela dele, coloque um pouco de pena em cima
doejé do pé e canela, tempere com tudo que se tempera a matança, arruma-se
amatanca no Ogun do portão, somente penas, e manda preparar o axé
comurgência, pois o Iyawo ficará com a perna no ar até que volte o axé para
serentregue a Ogun. Durante todo esse ritual canta-se muito para
Ogun.Chegando o axé arria-se nos pés de Ogun, faz-se os pedidos para
oIyawo, bate pawó e então o Iyawo poderá por os pés no chão.1 pombo branco
é passado no Iyawo apresentado a Ogun e solto com vida pelo Iyawo pedindo
abertura de caminhos, paz, saúde, felicidade eprosperidade.O Iyawo é levado
a tomar um banho de folhas de saião, elevante efortuna quinados com wají e
efun.OBSERVE BEM ESTAS COLOCAÇÕESSempre ao terminar o Efum tira
toda a roupagem do iyawo, guarda afolha de peregum junto com o adoxu. No
final de todos os efuns e da saídasomará 7 folhas de peregun e 7
adoxusLimpa-se bem o iyawo com um pedaço de mourim especifico para
isso.Dê algo para ele comer, para que ele não ficar entediado conte todos
osdias algumas lendas sobre o orisá dele ou de outros também.Repete esse
ritual de efum durante os seis dias, o sétimo será a saída doiyawo, e só será
feita com a presença do publico.O sexto dia só pinta o iyawo dentro do ronco e
da as voltas no barracãosem cantar e sem atabaques..No sétimo dia a festa do
nome, faz se o despacho de ÈSÙ ou roda-se opadê ,seguido de xirê orixá
( vide apostila de Padê e CD de Siré
 
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Não esquecer de todos os dias as 5 da manha o banho de iyawo, seguidode
DENGUÉ (mingau feito de farinha de acaçá e abô) para comer inhame
ouacaçá. As sextas apenas peixe e canjica ou acaçá, arroz.O adosú é preparado
com aridã ralada,efum,ossum,wají,pó de preátorrado, pó de bagre
torrado,lelekun moído,bejerekun moído,obiralado,orobo,folha de ogbó,1 gema
de ovo,sabão da costa verdadeiroafricano,folha de capeba,banha de ori
vegetal,oripepe e o cone da Etú retiradono Bori. Ao pegar na navalha o Pai ou
a Mãe de Santo cantam e deve dizer o nomedo Orixá: As kuras fazem-se com
com navalha, e são feitas nos braços na alturaonde se colocam os contra-
eguns, nas costas na altura da omoplata e no peitona mesma altura, sendo
uma do lado direito e outra do lado esquerdo, na pernadireita e esquerda.É
com a finalidade de proteger o iniciado de alimentos preparados comfeitiços
que este possa a vir comer, enquanto que as kuras no corpo são marcasde
proteção, de fechamento a feitiços e a desgraças que possam vir a
ocorrerdurante vida do iniciado.Já os cortes na cabeça, simbolizam a sua
oferta voluntária ao seu Orixá; (...)Depois de feita as curas estas devem ser
tratadas com um preparo(...)que leva: cinza de
fogareiro,efum,ossum,wají,póde preá torrado,pó de bagretorrado,aridã moída

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