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CRISTO
CRUCIFICADO
C. H. SPURGEON
Traduzido do original em Inglês
Christ Crucified — Sermon Nº 2673
Metropolitan Tabernacle Pulpit — Volume 46
By C. H. Spurgeon

Via: SpurgeonGems.org
Adaptado a partir de The C. H. Spurgeon Collection, Version 1.0, Ages Software.

Tradução por William Teixeira


Revisão e Capa por Camila Almeida

1ª Edição: Junho de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com permissão de


Emmett O’Donnell em nome de SpurgeonGems.org, sob a licença Creative Commons Attribution-
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Cristo Crucificado
(Sermão Nº 2673)

Sermão destinado para ser lido no Dia do Senhor, 6 de maio de 1900.


Pregado por C. H. Spurgeon, em New Park Street Chapel, Southwark,
Na noite do Dia do Senhor, no início do ano de 1858.

“Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.
(1 Coríntios 2:2)

Corinto era situada no meio de um povo que admirava a eloquência e a sabedoria. Esta
epístola foi escrita na época de oradores e filósofos. O apóstolo Paulo era um homem de
profunda aprendizagem, ele tinha sido educado aos pés de Gamaliel, em toda a sabedoria
do Oriente. Estamos bastante certos de que ele era um homem de uma mente muito ampla,
pois, embora seus escritos fossem inspirados pelo Espírito Santo, ainda o Espírito Santo
escolheu como Seu instrumento um homem evidentemente possuidor de uma capacidade
para forte e vigorosamente pensar e argumentar e, quanto aos seus poderes de oratória,
eu acredito que, se ele tivesse escolhido cultivá-las, eles teriam sido de primeira ordem,
pois temos em algumas de suas Epístolas eloquência mais sublime do que jamais saíram
dos lábios de Cícero ou Demóstenes.

Existiria a tentação, na mente de qualquer homem comum, ao entrar em uma cidade como
Corinto, de dizer para si mesmo: “Vou me esforçar para me destacar em todas as graças
da oratória. Eu tenho um Evangelho abençoado para pregar que é digno dos maiores
talentos que podem ser consagrados a ele”. “Eu sou”, Paulo poderia ter dito para si mesmo,
“largamente dotado em matéria de eloquência. Agora devo esforçar-me para polir
cuidadosamente minhas frases e assim moldar o meu discurso de forma a me destacar
dentre todos os oradores que hoje atraem os Coríntios a ouvi-los. Isso eu posso fazer muito
louvavelmente, pois eu ainda terei em vista minha intenção de pregar Jesus Cristo; eu
pregarei a Jesus Cristo com tal fluxo da nobre linguagem que serei capaz de convencer os
meus ouvintes a considerarem o assunto”.

Mas o Apóstolo resolveu não fazer tal coisa. “Não”, ele disse, “antes de eu entrar pelas
portas de Corinto, esta é a minha firme determinação: se houver bem para ser feito lá, se
alguém for levado a crer em Cristo, o Messias, sua crença deve ser o resultado da audição
do Evangelho, não de minha eloquência! Nunca deve ser dito: “Oh, não admira que o
Cristianismo se espalha, veja que advogado habilidoso ele tem”. Em vez disso, deve-se
dizer, “Quão poderosa deve ser a graça de Deus que convenceu essas pessoas por tal

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pregação simples, e as fez conhecer o Senhor Jesus Cristo, por tal instrumentalidade
humilde como a do Apóstolo Paulo!’”. Ele resolveu colocar um freio em sua língua de fogo.
Ele determinou que seria lento no discurso no meio deles e, em vez de engrandecer a si
mesmo, ele engrandeceria o seu ofício e magnificaria a graça de Deus, negando-se a plena
utilização desses poderes que, tendo eles sido dedicados a Deus, como de fato eram, mas
que se tivessem sido plenamente empregados — como alguns têm feito — poderiam ter
conseguido para ele a reputação de ser o pregador mais eloquente sobre a face da terra!

Mais uma vez, ele poderia ter dito: “Estes filósofos são homens muito sábios. Se eu serei
um jogo para eles, eu devo ser muito sábio, também. Estes Coríntios são uma raça muito
nobre de pessoas que têm, há muito tempo, estado sob a tutela desses homens talentosos.
Tenho que falar como eles falam, em enigmas e com muitos sofismas. Eu devo estar
sempre propondo algum problema obscuro. Eu não preciso viver no tonel de Diógenes, mas
se eu tomar a sua lanterna, eu posso fazer alguma coisa com ela. Devo experimentar e
pedir emprestado um pouco de sua sabedoria. Eu tenho uma profunda filosofia para pregar
a essas pessoas inteligentes e se eu gostasse de pregar esta filosofia, eu faria em pedaços
todas as suas teorias sobre a ciência mental e moral. Eu descobri um segredo maravilhoso
e eu poderia ficar no meio do mercado e clamar, ‘Eureka, Eureka, eu o encontrei!’, mas eu
não cuido de construir o meu Evangelho sobre o fundamento da sabedoria humana. Não,
se forem levados a crer em Cristo, deve ser a partir do Evangelho simples sem adornos,
claramente pregado em linguagem rude. A fé de meus ouvintes, se eles são convertidos a
Deus, não se apoia em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”.

Vocês não podem ver, queridos amigos, que o Apóstolo tinha muitas boas razões para vir
a esta determinação? Quando um homem diz que ele está determinado a fazer uma certa
coisa, parece que ele sabia que era uma coisa difícil de fazer. Então, eu acho que deve ter
sido uma coisa difícil para o Apóstolo determinar manter este tema: “Jesus Cristo e este
crucificado”. Estou certo de que nove décimos dos ministros deste tempo presente não
teriam feito isso. Imagine Paulo atravessando as ruas de Corinto e ouvindo um filósofo
explicar a atual teoria da criação. Ele está dizendo ao povo algo sobre o mundo brotar de
certas coisas que existiam anteriormente e o Apóstolo Paulo pensa: “Eu poderia facilmente
corrigir os erros deste homem. Eu poderia dizer-lhe que o Senhor criou todas as coisas em
seis dias e descansou no sétimo, e mostrar-lhe no livro de Gênesis, o relato inspirado da
criação. Mas, não, ele diz para si mesmo: “Eu tenho uma mensagem mais importante do
que isso para anunciar”. Ainda assim, ele deve ter sentido como se ele tivesse gostado de
corrigi-lo, pois, você sabe, quando você ouve um homem dizer uma mentira grosseira, você
sente como se você desejasse ir e fazer uma batalha com ele. Mas, em vez disso, o
Apóstolo pensa somente: “Não é da minha conta retificar as pessoas quanto à sua teoria
da criação do mundo”. Tudo o que eu tenho que fazer é não saber nada, senão Jesus Cristo
e este crucificado”.

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Além disso, em Corinto, havia agora e então a certeza de haver uma luta política, e não
tenho dúvida de que o Apóstolo Paulo sentia por seu povo, os judeus, e ele teria gostado
de ver toda a sua parentela judaica tendo o privilégio da cidadania. Às vezes, os Coríntios
realizariam uma reunião pública em que eles apoiariam a opinião de que os judeus não
deveriam ter a cidadania em Corinto; o Apóstolo não poderia ter feito um discurso em uma
tal reunião? Se ele tivesse sido convidado a fazê-lo, ele teria dito: “Eu não sei nada sobre
esses assuntos! Tudo o que sei é Jesus Cristo e este crucificado”. Haviam, sem dúvida,
palestras políticas em Corinto, e um homem fazia uma palestra sobre este assunto, e outro
sobre aquele. Na verdade, todos os tipos de temas maravilhosos retirados dos poetas
antigos foram descantados mediante diferentes homens.

O Apóstolo Paulo não poderia assumir uma das palestras? Será que ele não diz, “Eu posso
jogar um pouco de Evangelho para ele e assim fazer algo de bom?”. Não, ele disse: “Eu
vim aqui como ministro de Cristo e nunca serei outra coisa, senão ministro de Cristo. Eu
nunca me dirigirei aos Coríntios em qualquer outro caráter além de embaixador de Cristo.
Pois uma coisa, unicamente, eu tenho determinado saber, e isso é Jesus Cristo e este
crucificado. Quisera Deus que todos os ministros desta época houvessem determinado
fazer o mesmo! Você, às vezes, não encontra um ministro que assume um papel de desta-
que em uma eleição, que pensa que seu negócio é ficar à frente na plataforma política da
nação? E nunca agitou você que ele estivesse fora de seu lugar, que era o seu negócio não
saber nada entre os homens, senão a Jesus Cristo e este crucificado? Não vemos, em cada
esquina das nossas ruas, um anúncio de palestra a ser feita sobre esse e aquele e aquele
outro assunto, por este ministro, e para isso, ele deixa seu púlpito, a fim que possa estar
habilitado para ministrar palestras sobre todos os tipos de assuntos? “Não”, Paulo diria: “se
eu não posso anunciar o Evangelho de Cristo legitimamente, pregando abertamente, não
vou fazê-lo, tendo um título absurdo para meu sermão! O Evangelho deve permanecer ou
cair em seus próprios méritos, e sem palavras persuasivas de sabedoria humana eu o
pregarei. Não deixe ninguém dizer-me: ‘Venha ministre advocacia para esta ou aquela
reforma’, e minha resposta seria: ‘Eu não sei nada sobre esse assunto, pois eu determinei
não saber nada entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado’”.

Como Albert Barnes diz muito bem: “Esta deve ser a resolução de todos os ministros do
Evangelho. Este é o seu negócio, e não ser um político, nem se envolver em contendas e
controvérsias dos homens, nem ser apenas um bom fazendeiro, ou erudito, nem se misturar
com o seu povo em círculos e prazeres festivos, nem ser um homem de gosto refinado e
filosofia ou distinguido principalmente pelo requinte dos costumes, nem ser um filósofo
profundo ou metafísico, mas fazer de Cristo crucificado o grande objeto de sua atenção e
buscar sempre e em toda parte torná-lo conhecido. Ele não deve estar em qualquer lugar
envergonhado da doutrina humilde de que Cristo foi crucificado. Nisto, ele deve gloriar-se!

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Embora o mundo possa ridicularizar, embora os filósofos zombem, embora os ricos e os
festeiros possam ridiculariza-lo, no entanto, este deve ser o grande objeto de interesse para
ele e em nenhum momento e em nenhuma sociedade, deverá envergonhar-se disso!”.

Não importa quais são os divertimentos da sociedade ao seu redor — que campos da
ciência, ou lucro, ou ambição, estejam abertos à sua frente — o ministro de Cristo deve
saber somente sobre Cristo, e este crucificado. Se ele cultiva a ciência, que seja a que ele
possa explicar e vindicar o Evangelho com mais sucesso. Se ele se torna de alguma manei-
ra familiarizado com as obras de arte e de bom gosto, que isto seja para que ele possa
mostrar com mais êxito àqueles que cultivam a beleza superior e excelência da cruz. Se
ele estuda os planos e os empregos dos homens, que seja para que ele possa encontrá-
los com mais sucesso nesses planos e falar mais efetivamente a eles do grande plano da
redenção! A pregação da cruz é o único tipo de pregação que será assistida com sucesso!
Aquela que tem em si muita consideração pela missão Divina, a dignidade, as obras, as
doutrinas da Pessoa e da expiação de Cristo será bem sucedida. “Assim foi no tempo dos
Apóstolos! Assim foi na Reforma! Assim foi nas missões dos Morávios! Assim tem sido em
todos os avivamentos da Religião! Há um poder sobre esse tipo de pregação que a filosofia
e a razão humana não possuem. “Cristo é grande ordenança de Deus” para a salvação do
mundo e encontramos os crimes e alivio das dores do mundo apenas na proporção em que
temos a cruz como designado para superar o primeiro e para derramar o bálsamo da
consolação no outro”. Quem dera que todos os ministros mantivessem este espírito, que
não fizessem nada fora do ofício do ministério, que, sendo uma vez ministro, fosse um
ministro para sempre e nunca seja um político, nunca seja um palestrante! Que, sendo uma
vez pregador, seja um pregador do santo Evangelho de Cristo, até que Cristo nos leve para
Si mesmo para que comecemos a cantar o novo cântico diante do Trono de Deus!

Agora, irmãos e irmãs, tenho realizado meu dever em dizer essas coisas. Se elas se apli-
cam a alguns dos ministros que vocês admiram, não posso ajudá-los. Aqui está o texto e o
que podemos aprender com ele, apenas isso: que o Apóstolo Paulo determinou fazer tudo
como um ministro de Cristo! E, meus queridos irmãos e irmãs, é seu dever fazer isso como
ouvintes. Como Cristãos, é o seu dever e privilégio não conhecer nada, senão Jesus Cristo
e este crucificado!

I. E em primeiro lugar, no que diz respeito ÀS DOUTRINAS QUE VOCÊ ACREDITA, eu


suplico: Não saiba de nada, senão de Jesus Cristo e este crucificado.

É dito a você por uma pessoa que tal-e-tal sistema de teologia é baseado nos princípios
mais sólidos da razão. É dito a você por um outro que as velhas doutrinas que você acredita

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não são consistentes com estes tempos avançados. Você irá agora e, em seguida, ser
satisfeito mediante jovens cavalheiros inteligentes que lhe dirão que ser o que é chamado
um Calvinista é estar a um longo caminho para trás dessa era progressista, “Por que você
sabe”, dizem eles, “que os pregadores intelectuais estão se levantando e que seria bom se
você se tornasse um pouco mais intelectual em matéria de pregação e audição”. Quando
tal observação como esta for feita para qualquer um de vocês, peço-lhes para darem esta
resposta: “Não sei de nada, senão de Jesus Cristo e este crucificado. Se você puder me
dizer mais sobre Cristo do que eu sei, eu agradecerei. Se você puder me instruir a respeito
de como eu posso me tornar mais semelhante a Cristo, como posso viver mais perto em
comunhão com Ele, como a minha fé nEle pode tornar-se mais forte e minha crença no Seu
santo Evangelho pode tornar-se mais firme, então eu te agradecerei. Mas se você não tem
nada para me dizer, exceto alguns conhecimentos intelectuais que você tem acumulado
com grandes dores, vou dizer-lhe que, embora possa ser uma coisa muito boa para você
pregar, e para outros que são intelectuais ouvirem, eu não pertenço à sua classe, nem
quero pertencer a ela; eu pertenço àquela seita da qual se fala contra em todos os lugares,
que busca, na maneira que os homens chamam de heresia, adorar ao Senhor Deus de
seus pais, crendo em tudo o que está escrito na Lei e nos Profetas. Eu pertenço a uma raça
de pessoas que acreditam que não é o orgulho do intelecto, nem a pompa de conhecimento
que pode sempre ensinar aos homens as coisas espirituais. Eu pertenço àqueles que
pensam que das bocas de bebês e crianças de peito Deus ordenou a força, e eu não
acredito no que sai da sua boca, Deus não ordenou nenhuma força nisto tudo! Eu pertenço
aos homens que gostam de sentar-se, com Maria, aos pés de Jesus, e receber apenas o
que Cristo disse, como Cristo disse isso, e porque Cristo disse isso. Não quero a verdade,
mas o que Ele diz ser a Verdade de Deus, e não há outro motivo para acreditar, senão que
Ele diz, e não há melhor prova de que é verdadeiro do que eu sinto e sei que é verdade
quando aplicado ao meu próprio coração”.

Agora, meu caro amigo, se você pode fazer isso, eu confiarei em você em qualquer lugar,
até mesmo entre os hereges mais sábios da época! Você pode ir para onde as falsas
doutrinas são abundantes, mas você nunca pegará a praga da heresia enquanto tiver este
conservante do ouro da verdade de Deus e puder dizer: “Não sei de nada, senão de Jesus
Cristo e este crucificado”. Quanto a mim, eu posso verdadeiramente dizer que Jesus Cristo
e este crucificado é a soma de todo o conhecimento para mim. Ele é o mais elevado
intelectualismo! Ele é a filosofia grandiosa a qual minha mente pode alcançar! Ele é o auge,
que sobe mais elevado do que as minhas aspirações mais altas, e mais profundo do que
esta grande verdade de Deus eu nunca desejo sondar! Jesus Cristo e este crucificado é a
soma total de tudo o que eu quero saber e de todas as doutrinas que eu professo e prego!

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II. Em seguida, isso deve ser exatamente o mesmo em SUA EXPERIÊNCIA. Irmãos e
irmãs, peço-vos, que na sua experiência, não saibam de nada, senão de Jesus Cristo e
este crucificado.

Você pode sair amanhã e não apenas para o mundo exterior, mas dentro da igreja, a igreja
nominal, e você encontrará uma classe de pessoas que toma você pelo ouvido e que o
convida para suas casas. E no momento em que você está lá, eles começam a falar com
você sobre as doutrinas do Evangelho. Eles não dizem nada sobre Jesus Cristo, porém
eles começam imediatamente a falar dos decretos eternos de Deus, da eleição e dos altos
mistérios do Pacto da Graça. Enquanto eles estão falando com você, você diz em seu
coração: “O que eles estão dizendo é verdade, mas há um defeito lamentável em tudo isso:
seu ensino é a verdade à parte de Cristo”. A consciência sussurra, “a eleição que eu
acredito é a eleição em Cristo. Estes homens não falam nada sobre isso, mas só de eleição.
A redenção que acredito tem sempre uma referência muito especial à cruz de Cristo. Estes
homens não mencionam Cristo, eles falam de redenção como uma transação comercial e
não dizem nada sobre Jesus. No que diz respeito à perseverança final, eu acredito em tudo
o que esses homens dizem, mas eu fui ensinado que os santos só perseveram em
consequência de sua relação com Cristo; estes homens não dizem nada sobre isso”. Este
ministro, dizem eles, não é sensato, e aquele outro ministro não é sensato; e permita-me
dizer-lhe que, se você chegar entre esta classe de pessoas, você aprenderá a lamentar o
dia em que você já olhou em seus rostos!

Se você deve entrar em contato com eles, peço-lhe para dizer-lhes: “Eu amo todas as
verdades que vocês sustentam, mas o meu amor por elas nunca pode dominar e substituir
o meu amor por Jesus Cristo, e este crucificado. E digo-lhes claramente, enquanto eu não
poderia sentar para ouvir doutrina errônea, eu não conseguiria, tão logo fazer isso como
sentar-me para ouvir doutrina verdadeira à parte do Senhor Jesus Cristo! Eu não poderia ir
para um lugar onde eu vi um homem vestido com roupas deslumbrantes, que fingia ser
Cristo, e não era. E, por outro lado, eu não poderia ir para um lugar onde eu vi as vestes
reais de Cristo, mas o Mestre, Ele mesmo, estava ausente; o que eu preciso não é o Seu
manto, preciso do Mestre, Ele próprio. E se você pregar para mim doutrina seca, sem Jesus
Cristo, eu digo-lhe que não atenderá a minha experiência, a minha experiência é apenas
esta: que, enquanto conhecer a minha eleição, eu nunca posso saber, a menos que eu
saiba da minha união com o Cordeiro. Digo-vos francamente que eu sei que sou redimido,
mas eu não posso suportar pensar em redenção, sem pensar no Salvador que me resgatou.
É a minha jactância perseverar até o fim, mas eu sei — de hora em hora me faço saber —
que a minha resistência depende de minha posição em Cristo. Eu devo ter essa verdade
pregada em conexão com a cruz de Cristo”.

Oh, não tenho nada a ver com essas pessoas, a menos que seja para defini-los bem, pois

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você encontrará que estão cheios de fel da amargura e o veneno de víbora está na sua
língua! Em vez de dar-lhe coisas sobre o qual sua alma pode se alimentar, eles farão você
cheio de todo o tipo de amargura, malícia e maledicência contra aqueles que verdadeira-
mente amam o Senhor Jesus, mas que diferem deles em algum pequeno assunto.

Você pode encontrar-se com outra classe de pessoas que irão levá-lo por outro ouvido, e
lhe dirão, “Nós também amamos as doutrinas de Cristo, mas acreditamos que os nossos
amigos do outro lado da estrada, estão errados. Eles não pregam bastante experiência”. E
você diz, “Bem, eu penso que eu estou entre as pessoas que vão me atender, agora”, e
você ouve o ministro insistindo que a experiência mais preciosa no mundo é a de saber a
sua própria corrupção, de sentir o mal do coração humano, que monturo imundo virou mais
e mais em toda a sua perniciosidade fedendo e exposto ao sol! E depois de ouvir o sermão,
que é cheio de humildade fingida, você se levanta de seu lugar mais orgulhoso do que
alguma vez foi em sua vida, determinando agora que começará a gloriar-se em muita coisa
que uma vez que você contou como escória! As coisas que você uma vez se envergonhava
de falar, agora você acha que deve ser a sua ostentação! Essa experiência profunda, que
foi a sua desgraça deverá agora se tornar a coroa da sua glória! Vocês falam aos queridos
irmãos e irmãs que embebem deste ponto de vista e eles lhe dizem para buscar em primeiro
lugar, não o Reino de Deus e a sua justiça, mas as coisas ocultas da prisão, a descoberta
da injustiça e impiedade da alma.

Ó meus caros amigos, se vocês desejam ter suas vidas feitas miseráveis! Se vocês qui-
serem ser conduzidos de volta para a escravidão do Egito. Se vocês quiserem ter a corda
de Faraó colocada em volta de seus pescoços, mais uma vez, tomem o próprio lema deles
como o seu lema. Mas se vocês desejam viver como eu acredito que Cristo gostaria que
vocês vivessem, eu lhes suplico que digam: “Não, não me faz bem, por vezes, ouvir o mau
coração, mas eu fiz uma determinação para não saber de nada, senão Jesus Cristo e este
crucificado, e você não me diga nada, senão sobre Ele”. Estes homens pregam um domingo
sobre o leproso, mas eles pregam, no domingo seguinte, sobre o leproso curado! Estes
homens contam tudo sobre o estado imundo do coração humano, mas dizem pouco ou
nada sobre esse rio que deve limpá-lo e purifica-lo! Eles dizem muito sobre a doença, mas
não muito sobre o Médico! E se você participar de seu ministério por muito tempo, você
será obrigado a dizer: “Entrarei em uma condição tão triste que serei tentado a imitar Judas
e sair e me enforcar! Então, bom dia para você, pois eu determinei não saber de nada na
minha experiência, senão sobre Jesus Cristo e este crucificado”.

Eu devo ser muito sincero em tentar avisá-lo sobre este assunto, pois há uma tendência
crescente, entre uma certa ordem de Cristãos professos, de criar algo na experiência ao
lado de Jesus Cristo e este crucificado. Diga-me que a sua experiência está toda envolvi-

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da com o Senhor Jesus Cristo, e eu me alegrarei nela. Quanto mais de Cristo há nela, mais
preciosa ela é. Diga-me que a sua experiência é cheia do conhecimento de suas próprias
corrupções, e eu respondo: “Se não há nela uma mistura de conhecimento de Cristo, e a
menos que o conhecimento de Cristo predomine em grande medida, a sua experiência é
de madeira, feno e palha e deve ser consumida, e você deve sofrer a perda”.

A propósito, deixe-me contar uma pequena história sobre O Peregrino, de Bunyan. Eu sou
um grande amante de John Bunyan, mas eu não acredito em sua infalibilidade. Em outro
dia encontrei-me com uma história sobre ele que eu acho muito boa. Havia um jovem em
Edimburgo que desejava ser missionário. Ele era um jovem sábio. Então ele pensou: “Se
eu for ser um missionário, não há necessidade de eu me transportar longe de casa. Posso
muito bem ser um missionário em Edimburgo”. Aqui há uma dica para algumas de vocês,
senhoras, que distribuem folhetos em seu distrito, mas nunca dão um à sua serva Maria.

Bem, este jovem começou e ele estava determinado a falar com a primeira pessoa que ele
encontrasse. Ele conheceu uma dessas pescadoras antigas — aqueles de nós que as viram
nunca podem esquecê-las — são mulheres extraordinárias, de fato! Assim, passando por
ela, disse: “Aqui está você, vindo junto com a sua carga em suas costas. Deixe-me
perguntar-lhe se você tem um fardo, um peso espiritual”. “O quê?”, perguntou ela, “Você
quer dizer o fardo do Peregrino de John Bunyan? Porque se você quer dizer isso, jovem,
eu me livrei dele há muitos anos, provavelmente antes de você nascer. Mas eu agi de uma
maneira melhor do que a do peregrino. O evangelista John Bunyan falou como um dos seus
párocos que não pregam o Evangelho, pois ele disse: ‘Mantenha a luz em seus olhos e
corra para a porta’. Ora, o homem vive! Aquele não era o lugar para ele correr! Ele deveria
ter dito: “Você vê cruz? Corra para lá imediatamente”; mas, em vez disso, ele enviou o
pobre peregrino para a porta primeiro, e ele foi para lá! Ele foi caindo no pântano e poderia
ter sido morto por ele”.

“Mas você não fez isso”, perguntou o jovem, “passou por qualquer Pântano do Desânimo?”.
“Sim, eu passei. Mas eu achei muito mais fácil passar com a minha carga fora do que com
ela nas minhas costas”. A velha mulher estava certa! John Bunyan colocou a libertação do
fardo muito longe após o início da peregrinação. Se ele queria mostrar o que acontece
geralmente, ele estava certo, mas se ele queria mostrar o que deveria ter acontecido, ele
estava errado. Não devemos dizer ao pecador: “Agora, pecador, se você será salvo, vá
para a piscina batismal, vá para a porta, vá à igreja, faça isto ou aquilo”. Não, a cruz deve
estar bem em frente à cancela do portão e devemos dizer ao pecador: “lance-se até lá e
você estará seguro. Mas você não está seguro até que você possa se livrar da sua carga e
deita-la ao pé da cruz e encontrar a paz em Jesus.

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III. Permitam-me concluir dizendo, irmãos e irmãs, que determinem, a partir desta hora, EM
SUA FÉ, que vocês não saberão de nada, senão Jesus e este crucificado.

Estou perfeitamente certo de que não tenho um grão de meu próprio mérito em que confiar
e não tanto quanto um átomo de força de uma criatura para confiar, mas muitas vezes eu
me encontro, durante os sete dias da semana, confiando no meu mérito próprio que não
existe, e, dependendo da minha força própria, que eu, ao mesmo tempo, confesso não exis-
tir absolutamente. Você e eu, muitas vezes chamamos o “Papa”, de o anticristo, mas nós
mesmos, muitas vezes, não desempenhamos o anticristo, também? O Papa define-se co-
mo o cabeça da Igreja, mas não podemos ir mais longe, nos colocando, por vezes, como
sendo nossos próprios salvadores? Nós não dizemos isso, a não ser em uma espécie de
voz mansa e delicada, como os murmúrios dos antigos feiticeiros. Não é uma mentira alta,
falada para fora, porque saberíamos, então, como respondê-la. “Mas agora”, sussurra o
Diabo, “Quão bem você fez isso!” E então começamos a confiar em nossas obras, e
Satanás diz: “Você orou tão bem ontem, você nunca será frio em suas orações novamente.
E você será tão forte na sua fé de modo que você nunca duvidará do seu Deus de novo”.

É o velho bezerro de ouro que está configurado mais uma vez, pois, apesar de ter sido
reduzido a pó, ele parece ter a arte de se reunir novamente! Depois de nos ter sido dito,
dez vezes mais, que não podemos ter qualquer mérito nosso, começamos a agir como se
tivéssemos! E o homem que diz, em sua doutrina, que todas as suas novas fontes estão
em Cristo, ainda pensa e age como se tivesse nascentes frescas de sua autoria; ele chora
como se toda a sua dependência estivesse sobre si mesmo e geme como se a sua salvação
dependesse de seus próprios méritos! Muitas vezes conversamos, em nossas próprias
almas, como se nós não tivéssemos crido no Evangelho em absoluto, mas esperamos ser
salvos por nossas próprias obras e por nossos próprios desempenhos de criatura. Oh, a
determinação mais forte é não saber nada, senão de Jesus Cristo e este crucificado!
Prouvera a Deus que eu mesmo pudesse fazer essa resolução e que todos vocês a
fizessem comigo!

Eu ouvi uma vez de um compatriota que estava pregando, um dia, e ele pregou muito bem
a primeira metade do seu sermão, mas no final ele inteiramente desviou-se e seu irmão lhe
disse: “Tom, eu posso te dizer por que você não pregou bem no final do seu sermão. Foi
porque você foi tão bem no início que o Diabo sussurrou: ‘Muito bem, Tom, você está
ficando muito bom’. E assim que o Diabo disse isto, você pensou: ‘Tom é um bom sujeito’,
e então o Senhor lhe deixou”. Feliz teria sido para Tom se pudesse ter determinado não
saber de nada, senão Jesus Cristo e este crucificado, e não ter conhecido Tom em absoluto!

Isso é o que eu desejo para mim mesmo saber, pois eu não sei nada, senão a partir do

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poder que vem do alto. Eu nunca poderei ser menos potente uma vez do que em outra e
eu posso gloriar-me na minha fraqueza, pois isto abre espaço para o poder de Cristo des-
cansar sobre mim:

“Eu me glorio na fraqueza,


Para que o poder do próprio Cristo possa descansar sobre mim:
Quando estou fraco, então é que sou forte,
A graça é o meu escudo, e Cristo a minha canção.”

Seria uma boa resolução para vocês, irmãos, e para mim mesmo, determinarmos não saber
nada sobre nós mesmos e nada sobre nossas próprias ações. Agora amigo João, comece
a não pensar nada sobre si mesmo e não saber nada, senão Jesus Cristo. Vamos, João vá
aonde Ele quer e não seja dependente da força de João, mas de Cristo. E você, Pedro, não
saiba absolutamente nada sobre Pedro, e não se vanglorie, “Ainda que todos se escandali-
zem, nunca, porém, eu” [Marcos 14:29]. Mas saiba que o Senhor Jesus de Pedro está
vivendo dentro de Pedro, e então você pode prosseguir confortavelmente.

Determine, Cristão, que, pela graça de Deus, deve ser o seu esforço manter o seu olho
simples, manter a sua fé fixa apenas no Senhor Jesus, sem qualquer adição de suas
próprias obras, ou a sua própria força, e determinar que você pode seguir em seu caminho
cheio de alegria, cantando sobre a cruz de Cristo como sua jactância, a sua glória e seu
tudo! Nos achegamos agora à mesa do nosso Mestre, e eu espero que esta será a nossa
determinação ali: não saber nada, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E que o Senhor
nos dê a Sua bênção! Amém.

***

Uma Exposição do Salmo 22, por C. H. Spurgeon

Salmo 22. Este Salmo é dirigido, “Para o músico-mor sobre Aijelete-Hás-Saar” — ou, como
a margem apresenta, “Posterior ao da manhã” — “Salmo de Davi”. Ele começa nas profun-
dezas da tristeza do Mestre, quando este grande e amargo clamor escapou de seus lábios:

1a. Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Cada palavra é enfática. “Deus
Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?”, “Todos os outros podem abandonar-Me, e
Eu não preciso estar perturbado com a ausência deles, mas “por que Me abandonaste?”,
“Por que Me desamparaste? “Eu entendo porque Tu Me abates, porque Eu sou o Pastor
predestinado para ser ferido pelo rebanho, mas “por que Me desamparaste?”, “Por que Tu
Me desamparaste? Seu Unigênito, Seu Filho Bem-amado, ‘por que Tu Me desamparaste?’”

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1b. Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido? “Por que eu
não inspiro o Seu amor, nenhum gozo de Tua Presença, nenhuns sussurros de Seu
coração? Eu fiquei sozinho, totalmente deixado, abandonado na cruz, deixado em Minha
mais terrível necessidade”. Os filhos adotados de Deus não costumam falar assim. Tal
lamento não tem muitas vezes vindo mesmo dos mártires da fé, pois, como regra geral,
eles tiveram a Deus com eles na hora da mais profunda agonia. Mas ali estava Aquele que
era muito maior do que eles, que teve que suportar o sofrimento ainda de onde foram
dispensados, o Único perfeito foi abandonado por Deus! Você sabe que era porque Ele
estava em nosso lugar que o Salvador teve essa preeminência no sofrimento e tristeza.

2. Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego.
Pense sobre que fardo foi sobre a alma do Bem-Amado oração não respondida. Você já
sentiu um fardo assim? Então, você não está sozinho nessa experiência, pois Aquele que
é infinitamente melhor do que você considerou sobre suas orações diárias e suas orações
noturnas que, momentaneamente, não foram atendidas.

3. Porém tu és santo, tu que habitas entre os louvores de Israel. Siga o exemplo do seu
Senhor, pobre alma perturbada. Não veja nenhuma falha em seu Deus, embora Ele te
desampare. Chame-O santo, mesmo que Ele deva deixá-lo. E quando Ele parecer não ouvir
suas orações, ainda assim não esqueça dos Seus louvores.

4-6. Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste. A ti clamaram e


escaparam; em ti confiaram, e não foram confundidos. Mas eu sou verme, e não
homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo. Pense em nosso Senhor Divino
assumindo assim o lugar mais baixo, tornando-se, por assim dizer, algo menos do que
homem, apenas este pequeno verme carmesim, que tem apenas uma vida feita de sangue.
Cristo compara-se a ele enquanto diz, “Eu sou um verme, e não homem”.

7-8. Todos os que me veem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabe-
ça, dizendo: Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer. Oh, estas
foram palavras cruéis e cortantes! Como uma navalha afiada, eles cortaram o coração de
nosso Divino Mestre, enquanto Ele ouvia os seus inimigos exultantes mesmo sobre sua fé,
como se tivesse chegado a nada, pois agora Jeová, Ele mesmo, O havia abandonado e O
deixou morrer sozinho sobre o madeiro!

9-10. Mas tu és o que me tiraste do ventre; fizeste-me confiar, estando aos seios de
minha mãe. Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de
minha mãe. Às vezes, também podemos derivar grande conforto dessa verdade de Deus,
a qual o nosso Salvador se refere aqui. Quando não podemos nos ajudar no menor grau, o

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Senhor preservou-nos, logo, não será que Ele mais uma vez nos ajudará quando estamos
no nosso pior? Você, que chegou à sua segunda infância pode refletir com gratidão e
esperança sobre a maneira como Deus cuidou de você em sua primeira infância. Naquela
ocasião, você certamente era totalmente dependente dEle, mas você se saiu bem e assim
você se sairá se cada sentido lhe faltar, se o poder do movimento lhe for tirado, e o poder
da visão, e o poder da audição, contudo o Senhor, Quem te abençoou, quando você havia
acabado de nascer, ainda preservará você até o fim. Você se lembra de como o Senhor
estabelece esta verdade em Isaías 46:4 “E até à velhice eu serei o mesmo, e ainda até às
cãs eu vos carregarei; eu vos fiz, e eu vos levarei, e eu vos trarei, e vos livrarei [Isaías
46:4]”. Nosso Salvador, tendo Se consolado, assim, prostrou-se em oração novamente.

11-12. Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem ajude.
Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam. Estes eram os Fari-
seus, os príncipes dos sacerdotes e os fortes soldados romanos que cercaram nosso
Salvador quando Ele estava na cruz.

13-14. Abriram contra mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge.
Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração
é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas. Você não pode ver o seu
Salvador pendurado no madeiro maldito, cada partícula dEle, por assim dizer, soltou de
Sua Pessoa pela febre alta em todo o seu Ser e a angústia e depressão profunda do Seu
espírito?

15a. A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar. Tal era
a intensidade de Sua angústia que a febre dentro dEle transformou sua boca em um forno
e Sua língua estava tão seca que mal podia se mexer.

15b. e me puseste no pó da morte. Como se todo o Seu corpo estivesse preparado para
voltar aos seus elementos primários. Ele sente em Si mesmo a sentença pronunciada sobre
o primeiro Adão, “Tu és pó, e ao pó tornarás”.

16a. Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou. Estas foram as


pessoas comuns, a plebe, a multidão que se aglomerava ao redor, latindo para Ele como
uma matilha de cães famintos.

16b. traspassaram-me as mãos e os pés. Esta pequena frase mostra que este Salmo
deve estar relacionado com o Senhor Jesus. Verdadeiramente Davi O vê na visão! Isso
aconteceu não a Davi, o ter suas mãos e pés perfurados, mas esta foi a porção do Mestre
e Senhor de Davi. Ele poderia, de fato, dizer: “Traspassaram minhas mãos e meus pés”.

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17. Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam. Ele está abatido
pelo Seu jejum e toda a agonia que Ele suportou. E seus ossos parecem romper Sua pele
devido à flagelação cruel a que tinha sido submetido.

18-19. Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa. Mas
tu, Senhor, não te alongues de mim. Força minha, apressa-te em socorrer-me. Ou
seja, El — nome que deu a Deus no primeiro verso — “Ó Minha Única Força”.

19-21. Mas tu, Senhor, não te alongues de mim. Força minha, apressa-te em socorrer-
me. Livra a minha alma da espada, e a minha predileta da força do cão. Salva-me da
boca do leão; sim, ouviste-me, das pontas dos bois selvagens. Já reparou no feixe de
luz brilhando através da escuridão: “Ouviste-Me”? Talvez tenha sido nesse momento que o
sol novamente resplandeceu, em qualquer caso, é claro que a luz perdida havia retornado
ao nosso Senhor sofredor, pois o resto deste solilóquio Divino está cheio de conforto e
confiança.

22a. Então declararei o teu nome aos meus irmãos. Seu primeiro pensamento, mesmo
em Sua agonia na cruz, estava sobre eles. E Ele parecia dizer: “Quando Eu tiver
ressuscitado dos mortos, vou dizer-lhes tudo sobre este tempo de provação. E através dos
séculos vindouros, direi ao Meu povo como Tu me ajudaste — o maior de todos os
sofredores — e isto vai ajudá-los, também. Permaneci por um tempo, e ainda assim eu não
estava, finalmente, abandonado. Eu chorei, ‘Lama sabactâni’, e ainda assim Eu triunfei,
mesmo assim, e assim será com eles. Eles devem fazer o que Eu fiz, confiar e vencer”.

22b. louvar-te-ei no meio da congregação. E você sabe que Ele o fez. Ele ficou no meio
do Seu povo e lhes disse o que Deus tinha feito! E, espiritualmente, Ele está no meio de
nós, neste momento, e Ele leva nossos cânticos de louvor ao Senhor.

23-24. Vós, que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, semente de Jacó, glorificai-o;
e temei-o todos vós, semente de Israel. Porque não desprezou nem abominou a
aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.
Que mudança de nota! Se os homens pudessem nos ouvir falar quando estamos nas
profundezas da tristeza, eles poderiam concluir que Deus nos havia abandonado. Mas
quando saímos, mais uma vez, quão rapidamente comemos nossas palavras e em quanto
tempo nós começamos a contar a bondade do Senhor! Então, nós nos levantamos com
alegre força, “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque a sua misericórdia dura para
sempre”.

25. O meu louvor será de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante

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os que o temem. Cristo ainda louva a Deus na grande congregação. No meu caminho para
o serviço desta noite, visitei para ver um dos nossos queridos irmãos, que está muito
doente, e eu fui muito refrescado com uma doce coisa que ele disse: “Quando todos
chegarmos ao Céu, vamos nos sentir muito em casa, pois, saiba, senhor, temos adorado
em uma grande congregação por todos estes anos”. E assim faremos. Há algo mais
emocionante e refrescante em ir com a multidão para guardar o santo dia, quantos mais,
melhor! Mas qual será a alegria no Céu, onde o número dos redimidos não pode ser
contado, e todos devem estar continuamente louvando a Deus? Esta foi uma das alegrias
que foram colocadas diante de Cristo, pela qual “Ele suportou a cruz, desprezando a
vergonha”.

26a. Os mansos comerão e se fartarão. Mesmo no tempo de Sua grande agonia, nosso
Senhor estava pensando em vocês às ocultas, Seus pequeninos que pensam de si mesmos
que nada valem. Cristo diz que Ele foi encontrar pão para vocês, porque Ele nos dá a Sua
carne a comer, essa carne que é carne, de fato.

26b. Louvarão ao Senhor os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente. Ele
morreu para que todos os que confiam nEle vivessem para sempre. Oh, quão docemente
Ele morre, com o pensamento de sua bem-aventurança eterna em Sua mente!

27. Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; e todas as


famílias das nações adorarão perante a tua face. Ele vê o resultado de Sua morte. Ele
contempla o fruto das dores de Sua alma e Seu coração se alegra dentro dEle!

28-30. Porque o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações. Todos os que na
terra são gordos comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão
perante ele; e nenhum poderá reter viva a sua alma. Uma semente o servirá; será
declarada ao Senhor a cada geração. Chegarão e anunciarão a sua justiça ao povo
que nascer, porquanto ele o fez. O Salmo realmente termina com quase o último grito de
nosso Senhor na cruz: “Está consumado”. Assim, todo o Salmo é uma janela através da
qual podemos ver o mais íntimo do coração de Cristo, quando Ele estava sendo moído na
cruz.

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitos
Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

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— Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está
4
encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
5
de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
6
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
7
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
8
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 10
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
11
se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
12 13
nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
14
por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
15
também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
16
Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
17
interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação
18
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas. Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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