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módulo
antropologia cultural
6
Autores do projeto
AUTOR DO MÓDULO
COORDENADORES DO CURSO
módulo
antropologia cultural
6
Equipe Editorial
Coordenação editorial: Mario Luiz Belcino Maciel
Sub-coordenação editorial: Bruno Ribeiro Braga
Impresso no Brasil
Ficha Catalográfica
6 ANTROPOLOGIA CULTURAL
7 INTRODUÇÃO
43 A DIVERSIDADE CULTURAL
• A diversidade de culturas.
Considerações finais.
IMPORTANTE
Os fatos das Ciências Sociais são, portanto, fenômenos
complexos, impossíveis de serem reproduzidos, mas que podem ser
observados e dos quais podemos participar: batismos, aniversários,
rituais de iniciação, bodas, trocas comerciais, proclamações de leis,
heresias, conflitos, perseguições, quebra de interdições, juízos,
funerais. Porém, aqui aparece outro problema além da reprodução
e observação do fenômeno, que é como observá-lo, implicando o
nosso próprio posicionamento social, história biográfica, educação,
interesses e preconceitos que não controlamos em nós mesmos.
CoNeCtANdo sABeres
Leia sobre o assunto em:
CARVALHO, José J. Metamorfoses das tradições performáticas
afro-brasileiras: de patrimônio cultural a indústria do entrete-
nimento. Em: Londres, Cecília (org.), Celebrações e saberes da
cultura popular: pesquisa, inventário, critica, perspectivas, pp. 65-
83. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.
Brasília: CNFCP, FuNARTE-IPHAN, 2004.
CoNeCtANdo sABeres
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sAIBA MAIs
O empirismo é normalmente utilizado se trata do método
científico tradicional, o qual defende que as teorias científicas 17
devem ser baseadas na observação do mundo, em vez do misticismo,
intuição ou fé.
CurIosIdAde
Minerva teria saído da cabeça de Zeus (Júpiter na mitologia
romana), já adulta, portando escudo, lança e armadura.
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IMPORTANTE
sAIBA MAIs
O crescimento do homem aconteceu, portanto, no contexto
de um ambiente cultural em desenvolvimento. Esse mesmo
ambiente deve ser entendido não apenas como uma mera extensão
externa do ser humano, uma ampliação artificial de capacidades
inatas já existentes, mas sim como um fator indispensável da
existência dessas próprias capacidades. Instrumentos, caça,
organização familiar e, posteriormente, arte, religião e certa
forma de conhecimento sobre a natureza ou “ciência” primitiva
moldaram o homem somaticamente, sendo, portanto, necessários
não só à sua sobrevivência, mas também à sua realização existencial.
“Sem o homem, não haveria formas de cultura; mas sem formas
de cultura não haveria o homem”, conclui Geertz. A cognição no
homem depende da existência de modelos simbólicos externos
à realidade, não podendo ser comparada à de nenhum macaco.
Emocionalmente, dá-se o mesmo. Sem a orientação das idéias
comumente aceitas, encontradas nos ritos, no mito e na arte, não
saberíamos, literalmente, como sentir. Tal como o próprio cérebro
anterior expandido, as idéias e emoções são, nos seres humanos,
artefatos culturais.
CoNeCtANdo sABeres
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IMportANte
Esse e outros argumentos levam Clifford Geertz e
outros antropólogos, na década de 1970, a uma redefinição
do conceito de cultura. Desde que formulado como objeto
científico na Grã-Bretanha, em 1871, pelo antropólogo Edward
Tylor, esse conceito passou por um longo percurso: “Cultura
é um todo complexo incluindo conhecimentos, crenças, arte,
moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou hábitos
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”.
IMportANte
A partir das contribuições de Clifford Geertz e David Schneider
a cultura passa a ser definida como “um sistema de símbolos e
significados”. Os símbolos (representações, imagens, danças,
gestuais, músicas, sons, objetos) e os significados atribuídos
aos mesmos são “fatos sociais”, compartilhados socialmente,
“constitutivos de um código dos membros de uma sociedade”.
Aliás, “a cultura orienta as idéias e emoções que se constituem,
portanto, em artefatos culturais”.
CoNeCtANdo sABeres
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25
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico.
Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
sAIBA MAIs
O homem passou a ser, assim, um animal inteiramente
dependente da cultura para a sua sobrevivência: “sem a cultura,
ele não seria mais que uma monstruosidade amorfa”, assevera
Geertz. Essa contribuição da Antropologia ao conhecimento é
exemplar de como ela se situa entre os estudiosos de Ciências
Sociais e os estudiosos de Ciências Biológicas. Os primeiros –
psicólogos, sociólogos, estudiosos de Ciências Políticas – tendem a
encarar a natureza animal do homem como sendo única, diferente
em “espécie” dos demais animais; para os segundos é uma
evidência do parentesco entre o homem e os chamados animais
Acontecimentos
IMportANte
O ser humano foi diferenciado dos demais animais por
duas propriedades notáveis: a linguagem ou possibilidade da
comunicação oral, e a capacidade de fabricação de instrumentos
capazes de tornar mais eficientes as disposições biológicas. Ambas
as possibilidades permitiram uma afirmativa mais ampla: o homem
é o único ser possuidor de cultura.
CoNeCtANdo sABeres
Leia sobre o assunto em:
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico.
Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
CoNteXtuALIZAÇÃo
Vejamos os exemplos que coloca Herskovits (1948: 95-96):
CoNeCtANdo sABeres
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CurIosIdAde
Em toda cultura há, porém, o tipo de personalidade do
rebelde, questão que nos permite considerar a distinção
entre o relativismo cultural e a relatividade da conduta individual.
Na sociedade humana, existem forças morais de integração social.
CoNeCtANdo sABeres
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sAIBA MAIs
Segundo Lombroso, pela análise de determinadas caracterís-
ticas somáticas seria possível antever aqueles indivíduos que
se voltariam para o crime.
38
CoNteXtuALIZAÇÃo
Não basta a natureza criar indivíduos altamente inteligentes,
isso ela o faz com freqüência, mas é necessário que coloque ao
alcance desses indivíduos o material que lhes permita exercer a
sua criatividade de uma maneira revolucionária. Santos Dumont 39
(1873-1932) não teria sido o inventor do avião se não tivesse
abandonado a sua pachorrenta Palmira, no final do século 19,
e se transferido em 1892 para Paris. Ali, teve acesso a todo o
conhecimento acumulado pela civilização ocidental. Em Palmira,
o seu cérebro privilegiado poderia talvez realizar outras
invenções, como por exemplo, um eixo
mais aperfeiçoado para carros de bois,
mas jamais teria tido a oportunidade de
proporcionar à humanidade a capacidade
da locomoção aérea. (LARAIA, 1986: 47-48).
sAIBA MAIs
Sobre os mitos e o estruturalismo:
41
CoNeCtANdo sABeres
Leia mais sobre o estruturalismo em:
CoNeCtANdo sABeres
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43
A DIVERSIDADE CULTURAL
CoNeCtANdo sABeres
Leia mais sobre antropologia cultural em:
IMportANte
A configuração cultural de uma sociedade remete a uma lógica
que se encontra, ao mesmo tempo, na especificidade das instituições
e na dos comportamentos dos indivíduos. Aliás, toda cultura
persegue um objetivo, desconhecido dos indivíduos. Isso porque
cada indivíduo possui em si mesmo todas as tendências, mas a
cultura à qual pertence realiza e favorece uma seleção em particular.
As instituições, em especial, as de transmissão cultural ou educativas
– famílias, escolas, ritos de iniciação –, procuram fazer com que
os indivíduos se conformem aos valores próprios de cada cultura,
ainda que esse objetivo não seja manifestado conscientemente.
CoNeCtANdo sABeres
Leia mais sobre antropologia cultural em:
BENEDICT, Ruth. Padrões de cultura [1932]. Lisboa: Edição
Livros do Brasil, s/d, nos Capítulos A ciência do costume,
48
pp.13-32; A diversidade de culturas, pp.33-70.
sociedades indígenas, religiões afro-brasileiras e
cultura em centros urbanos
CurIosIdAde
Os tupinambás como nação dominavam quase todo o
litoral brasileiro e possuíam uma língua comum, que
teve sua gramática organizada pelos jesuítas e passou a ser
conhecida como o tupi antigo.
sAIBA MAIs
Patrilinear e matrilinear são categorias de análise que
aludem a realidades muitos diferentes dos termos patriarcado
ou matriarcado. Estes se referem, respectivamente, à dominação
exclusiva pelos homens ou pelas mulheres, ordens ou regimes sociais
caracterizados pela preponderância e concentração da autoridade e
do poder. No caso de organizações sociais matrilineares, por exemplo,
muito comuns na áfrica negra, não se trata de matriarcado, em que
pese a autoridade não ser exercida pelo pai, pois ela é exercida e
centralizada pela importante figura masculina do irmão da mãe.
CurIosIdAde
A infância é uma fase do aprendizado social, e as
crianças são totalmente integradas na vida comunitária.
Não há lugar nem contexto onde uma criança indígena não
possa ser admitida, nem há recintos nem assuntos “impróprios
para menores”. Os brinquedos infantis são miniaturas dos
instrumentos dos adultos e raramente criações especiais como
bonecas ou jogos de armar. Poderíamos dizer mesmos que as
crianças são adultos em miniatura e não um segmento incapaz e
segredado da sociedade.
52
Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 —
Paris, 15 de novembro de 1917) é considerado
um dos pais da sociologia moderna. Durkheim
foi o fundador da escola francesa de sociologia,
posterior a Mafuso, que combinava a pesquisa
empírica com a teoria sociológica. É reconhecido
amplamente como um dos melhores teóricos do 53
conceito da coesão social.
sAIBA MAIs
As cosmologias indígenas operam como um verda-
deiro mapa simbólico do universo, estabelecendo o lugar,
a importância, os padrões de atuação e influência de cada
um de seus muitos componentes. É um código para o qual se
apela quando se quer entender ou explicar tanto o corriqueiro
como eventos inusitados, calamidades, infortúnios ou golpes
de sorte. A visão do mundo supre o indivíduo como uma
constante âncora que o mantém seguro a uma determinada
realidade social em face a vicissitudes sobre as quais ele não tem
controle: a morte, a doença, o insucesso. (RAMOS, 1988: 85-86).
Outra dimensão do sagrado, enquanto esfera potente
separada do profano, do cotidiano, é o sagrado
negativo, o poder de trazer o mal. Dois tipos de
fenômenos têm sido identificados e estudados pelos
antropólogos, diferenciando a chamada bruxaria da
feitiçaria. Na bruxaria é mobilizada uma força metafísica
inerente à pessoa que a tem, independente de ser ou
não ativada intencionalmente. um exemplo de bruxaria
bem conhecido é o fenômeno do mau-olhado. A
atuação dessa força pode ser voluntária quando um
bruxo a põe conscientemente a serviço de suas intenções.
Em outros casos, a atuação da força é involuntária, até
inconsciente e, freqüentemente, se manifesta por meio
de sonhos. A bruxaria é um fenômeno muito comum
em várias sociedades africanas e européias e foi trazida
por essas populações para o Novo Mundo. Ao contrário,
nas sociedades indígenas na América do Sul, a bruxaria
é um fenômeno raro, sendo a feitiçaria o fenômeno
mais comum. Neste, são manipulados objetos materiais
ou expressões verbais, dirigidas intencionalmente à
vítima, que pode ser um indivíduo, uma comunidade
de aldeia ou, até, uma região inteira.
CoNeCtANdo sABeres
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Essa perspectiva sobre a cultura terá uma contribuição
importante para o estudo das artes performáticas como o teatro,
a música e a dança. Se a cultura consiste em “como” as pessoas
pensam sobre o que elas fazem, o conceito correspondente seria
o “conceito de teatro”, em que a pesquisa é acerca de “como” as
pessoas pensam sobre o que elas fazem no mundo do teatro.
CurIosIdAde
Segundo o dicionário Houaiss de língua portuguesa
“semiótica” também pode ser entendido como o estudo dos
fenômenos culturais considerados como sistemas de significação,
tenham ou não a natureza de sistemas de comunicação (inclui,
assim, práticas sociais, comportamentos etc.).
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IMportANte
Antes de ir a campo, o pesquisador faz uma revisão o mais
exaustiva possível da bibliografia produzida a respeito do tema
de interesse no local, na região, no Brasil, no mundo, em livros e
publicações especializadas. Já isto é pesquisa, claro!!! O tripé de
campo é também aplicável à pesquisa teórica e bibliográfica!!! Ou,
no dizer de Geertz, lemos a cultura como um texto!!!
72
A REFLEXÃO SOBRE OS SÍMBOLOS E OS RITUAIS NA
ANTROPOLOGIA
sAIBA MAIs
Vejamos as características dessas reuniões segundo a reconstru-
ção de Richard Schechner:
IMportANte
O antropólogo e diretor teatral norte-americano Richard
Schechner afirma que o teatro não surge apenas com os gregos no
século V antes de Cristo, mas existe com muitíssima anterioridade: é uma
criação da espécie humana na sua evolução biopsíquica e cultural!
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As “erupções”, como modelo de performance, são assim
descritas por Schechner:
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IMportANte
Segundo analisa Turner (1980: 24-25),
IMportANte
Em suma, o ritual age na própria realidade social. As
condições da vida social, em meio ao ordenamento da sociedade
em grupos estruturados – sejam estes metades, clãs, castas, classes
sociais –, as divergências entre os princípios que organizam esses
grupos, a colaboração e a concorrência econômica, o cisma
dentro dos grupos e a oposição entre os grupos, isto é, o “drama
social”, como veremos no capítulo seguinte, constituem tudo
aquilo com o que se relaciona socialmente o simbolismo ritual.
sAIBA MAIs
Na áfrica Ocidental, o profundo interesse do escultor da
sociedade Iorubá (República da Nigéria) pela linha, e por formas
particulares de linhas, surge de uma sensibilidade característica
desse povo e não apenas de um prazer ligado às propriedades
formais da linha, aos problemas da técnica da escultura, nem de
alguma noção cultural generalizada e isolável como uma forma
de “estética nativa”. A questão fundamental é observar que na
formação dessa sensibilidade participa o conjunto da vida, como
sugere Geertz. Assim, os Iorubá associam a linha com a civilização
ou cultura em oposição à natureza: “nossa terra tem linhas sobre
sua face”. O historiador da arte africana Robert F. Thompson
esclarece que “civilização” na língua iorubá é ilàjú, que significa
“rosto sulcado por sinais”. O mesmo verbo que civiliza o rosto
com sinais de identidade, segundo as linhagens urbanas e rurais,
também civiliza a terra: Ó sá kéké, Ó sáko (Ele que traça as marcas,
Ele que desmata). Esse mesmo verbo serve também para designar
os caminhos e demarcações na mata. Lingüisticamente, o verbo
básico là, que indica cicatrizar, tem múltiplas associações com a
imposição do modelo humano sobre a desordem da natureza. A
preocupação do povo Iorubá pelas linhas responde, assim, a uma
sensibilidade particular desse povo, na qual os significados das
coisas são as cicatrizes que os homens traçam nelas.
Para o projeto da Antropologia da Arte, portanto,
estudar uma forma de arte significa:
IMPORTANTE
O projeto da Antropologia da Arte se afasta, assim, de duas
posições reducionistas: a idéia de que o poder estético se fundamenta
apenas nos prazeres da técnica artística; a idéia funcionalista que
considera as obras de arte apenas como complexos mecanismos
para definir as relações sociais, sustentar as normas e fortalecer os
valores sociais.
CoNeCtANdo sABeres
Leia sobre o assunto em:
sAIBA MAIs
sAIBA MAIs
Sobre o teatro como modelo inspirador nas Ciências Sociais:
CoNeCtANdo sABeres
Aproveite e conheça mais na obra de Goffman:
CoNeCtANdo sABeres
Esse interessante assunto também é visto em :
VAN GENNEP, Arnold. Os ritos de passagem.. Petrópolis: Vozes,
1978, no capítulo Classificação dos ritos, pp. 25-33.
sAIBA MAIs
Liminar Sentido de “terra de ninguém”, uma fase situada
Liminar:
DRAMA SOCIAL
1 2 3 4
Reintegração
Crises e intensificação
Ruptura Ação Remediadora
Cisão irremediável
AÇÃO REMEDIADORA
3. Processo Ritual
1. Processos Políticos (da 2. Processo Jurídico-Legal
(adivinhação, rituais de
deliberação à revolução e à (do arbítrio informal às
aflição, rituais profiláticos,
guerra) cortes formWais)
sacrifícios independentes)
PROCESSO RITUAL
1 2 3
PROCESSO RITuAL
Nas sociedades tecnologicamente mais simples
1 2 3
FASE DE SEPARAÇÃO FASE LIMINAR FASE DE REAGREGAÇÃO
FASE LIMINAR
TEATRO
1 2 3
CoNeCtANdo sABeres
Leia sobre o assunto em:
IMPORTANTE
Durante os “ritos de passagem”, os atores sociais se arriscam numa
representação reflvexiva de papéis e jogo simbólico de ruptura e
inversão de papéis com a ordem estabelecida na vida cotidiana. No
entanto, eles têm como perspectiva, segundo Turner, a resolução
dos conflitos a propósito da manutenção do status quo.
CoNeCtANdo sABeres
Leia sobre o assunto em::
sAIBA MAIs
O empreendimento interpretativo na Antropologia, segundo
Geertz, exige a leitura, “por sobre os ombros dos nativos”, do texto
cultural, “um manuscrito estranho e desbotado, cheio de elipses,
incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos”
(1978: 20). A cultura, do ponto de vista de Geertz, consiste em um
conjunto de textos cujas performances são distintos exemplares
variantes. Para apreender o significado do texto escolhido é
preciso, no mínimo, que o antropólogo vá do texto (a performance)
ao contexto (a realidade histórica e social), e do contexto ao
texto. O projeto da Antropologia, como uma leitura de textos
contraditórios e emendados, passa por esse processo de leituras
em um círculo hermenêutico, na busca de compreender essa “teia
de significados” do texto cultural que confere sentido às ações dos
próprios sujeitos que tecem essa teia.
As teorias da performance: das artes verbais à dança
e ao teatro na modernidade
CoNeCtANdo sABeres
Sobre o assunto leia em:
CoNeCtANdo sABeres
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CurIosIdAde
IMportANte
O processo de transporte consiste, pois, de uma experiência
temporária. Entretanto, pode também implicar uma mudança
de status permanente, experiência que Schechner denomina de
transformação. Refere-se a eventos performáticos que instituem um
novo papel ou condição de status para o performer na sociedade:
é o processo, por exemplo, que transforma o estudante de artes
cênicas em ator perante a platéia e seus pares. Depois desse evento
(ou série de eventos) performático, o sujeito não volta ao mundo
do cotidiano no mesmo status que antes, mas com um novo papel
social, ou um novo status.
CoNeCtANdo sABeres
Leia sobre o assunto em:
IMPORTANTE
O “comportamento restaurado” nada mais é do que um
98 “modelo” de comportamento: instrui o performer como deve ou
deveria atuar, isto é, desempenhar seu papel social seja num palco
teatral, numa igreja pentecostal ou no candomblé.
Como se constrói o comportamento restaurado? No
caso do teatro, temos uma oficina e uma idéia sobre
uma ou mais personagens (na música e na dança
seria quiçá um padrão de sons ou de movimentos,
ou ambos, por exemplo); para o teatro, o princípio
é simples: a pessoa pode agir como outra. Isso
porque “a pessoa social... é um papel ou conjunto
de papéis”. O processo social (religioso, político,
médico, educacional etc.) é transformado em teatro, 99
e o comportamento é simbolizado, isto é, fixado em
uma representação. Desde as potenciais idéias e da
exploração das características da personagem na
oficina – pode ser isto, pode ser aquilo –, é depois, no
ensaio, que se fixam essas características e cada nova
performance tem como referência as performances
anteriores, sua própria história. A representação
significa, em palavras de Schechner: “nunca pela
primeira vez”, ela é o “comportamento repetitivo”.
sAIBA MAIs
Agora perceba:
CoNeCtANdo sABeres
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100
Considerações finais
reFLeXÃo
Trata-se de comportamento restaurado, no qual são recupera-
dos eventos performáticos do passado, mas, qual passado? Aquele
no qual os grupos foram protagonistas de performances passadas
idealizadas, ou das imaginadas pelos atores no presente? Ou tudo
isso junto?
CoNeCtANdo sABeres
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108
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