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edufba
s a lva d o r , 2 0 0 8
isbn 978-85-232-0508-9
cdd - 306
Natália Ramos
15
B a hi a : c o l o niz a ç ã o e c ul t ur a s
Eneida Leal Cunha, Jéferson Bacelar
& Lizir A. Alves
67
P r o f e c i a s , s o nh o s p r e m o nit ó r i o s
e s in a i s n a c o n s t r u ç ã o i d e o l ó g i c a
d o s r e i s d a s du a s c a s a s d e Av i s
M a r i a J o s é F e r ro Ta v a re s
115
P o i é t i c a s A nt r o p o f á g i c a s :
R e f l e x õ e s s o b r e um a P e r s p e c t i v a B r a s il e ir a
p a r a a Cr ít i c a d e A r t e
Maria Cândida Ferreira de Almeida
145
G l o b a liz a ç ã o , p o lit i c a s s o c i a i s
e mul t i c ul t ur a li d a d e
Maria da Conceição Ramos
183
Te l e v i s ã o e p o lít i c a s c ul t ur a i s
n o B r a s il c o nt e mp o r â n e o
Antonio Albino Canelas Rubim
& Lindinalva Silva Oliveira Rubim
251
Homoerotismo nas telenovelas
d a r e d e g l o b o e a c ul t ur a
Leandro Colling
271
Cul t ur a e d e s e nvo l v im e nt o
— d a s a ú d e a o s dir e it o s hum a n o s
Natália Ramos
303
Cul t ur a e di f e r e n ç a :
a l g un s a p o nt a m e nt o s t e ó r i c o s (e p o lít i c o s)
Alexandre Barbalho
321
Cul t ur a O r g a niz a c i o n a l
Jorge Correia Jesuino
E n e i d a L e a l C u n h a *, J é f e r s o n B a c e l a r * *
& Lizir A. Alves***
*
Eneida Leal Cunha – Doutora em
Toma esta capitania o nome da Bahia por ter uma tão grande Literatura pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de
que por autonomásia e excelência se levanta com o nome co-
Janeiro, Professora Titular de
mum e apropriando-se a si se chama Bahia, e com razão, por- Literatura Brasileira da
Universidade Federal da Bahia,
que tem maior recôncavo, mais ilhas e rios dentro de si que Pesquisadora do CNPq, tem
quantas são descobertas em o mundo [...] Está esta baía em atuação nas áreas de Letras e de
Cultura, produção intelectual
treze graus e um terço, e tem em seu circuito a melhor terra do predominantemente sobre as
questões identitárias.
Brasil.
fr. vicente do salvador, história do brasil: 1500-1627. **
Jéferson Bacelar – Doutor em
Ciências Sociais pela Universidade
Federal da Bahia e Professor
Em 1501, Américo Vespúcio, piloto da expedição por- Adjunto da mesma instituição, tem
tuguesa para reconhecimento da terra onde a esquadra atuação na área de Antropologia
das Populações Afro-Brasileiras.
de Pedro Álvares Cabral aportara um ano antes, deu o
***
nome de Bahia de Todos os Santos ao porto natural, Lizir Arcanjo Alves – Doutora em
à baía ampla e segura que o acolhera. Em 29 de março Literatura pela Universidade
Federal da Bahia, Professora do
de 1549, vigorando ainda a primeira divisão adminis- Departamento de Letras da
trativa do Brasil, o regime de capitanias hereditárias, Universidade Católica de Salvador,
tem atuação na historiografia
desembarcou nessa mesma baía o fidalgo Tomé de literária e cultural.
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1 6 e n e i d a l e a l c u n h a , j é f e r s o n b a c e l a r & l i z i r a . a l v e s
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seis coisas, com as quais seus povoadores se fazem muito ricos [...]: a pri-
meira a lavoura do açúcar, a segunda a mercancia, a terceira o pau a que
chamam Brasil, a quarta os algodões e madeira, a quinta a lavoura de man-
timentos, a sexta e última a criação de gados. De todas essas coisas o prin-
cipal nervo e substância da riqueza da terra é a lavoura dos açucares (bosi,
1970, p. 28).
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o meu novo romance procura refletir a vida dos pretos da Bahia, poetas
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Referências
almeida, Alfredo Wagner Berno de. Jorge Amado Política e Li-
teratura: um estudo sobre a trajetória intelectual de Jorge Amado.
Rio de Janeiro: Campus, 1979.
alves, Ivia. Arco & Flexa. Salvador: Fundação Cultural do Estado
da Bahia, 1978.
azevedo, Thales de. A guerra aos párocos. Salvador: Empresa
Gráfica da Bahia, 1991.
bacelar, Jeferson. A hierarquia das raças-cor, trabalho e riqueza
após a Abolição em Salvador. Raça e Família. Estudos Cedhal, [São
Paulo], n. 9, 1997a.
bacelar, Jeferson. Os últimos africanos em Salvador. Exu, [Sal-
vador], n. 36, 1997b.
barbosa, Francisco Assis. Prefácio. peres, Fernando da Rocha.
Memória da Sé. Salvador: Macunaíma; Governo do Estado da
Bahia, 1974.
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6 4 e n e i d a l e a l c u n h a , j é f e r s o n b a c e l a r & l i z i r a . a l v e s
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M a r i a J o s é F e r ro Ta v a r e s *
Int rodução *
A dinastia de Avis foi fundada a partir de uma revolta Universidade Aberta.
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7 8 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
Mas, ante que entrasse ena batalha, conta a estoria que os seus que o alça-
rom por rey. E des entõ se chamou rey de Portugal. E, despois que os reys
forõ vencidos, como dissemos, el rey dom Affomso de Portugal, por me-
moria daquelle boo aqueecimento que lhe Deus dera, / pos no seu pen-
dom cinquo escudos por aquelles cinquo reys e poseos em cruz por re-
nembrança da cruz de Nosso Senhor Jhesu Christo. E pos em cada huum
escudo xxx dinheiros por memoria daquelles xxx dinheiros por que Ju-
das vendeo Jhesu Cristo. E desy tornousse pera sua terra muy honrrada-
mente e com grande vitória (crónica..., 1990, p. 224–225).
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8 0 m a r i a jo s é f e r r o tava r e s
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E nele está pendente o escudo que se diz ter pertencido ao primeiro rei
cristão de Portugal, que conseguiu pela primeira vez expulsar os sarrace-
nos deste reino e aí fazer adorar a Cristo Nosso Senhor. É voz corrente que
quando tal rei de Portugal atingiu o limite dos seus dias, este escudo, em-
bora estivesse a muita distância dele, pendente neste mosteiro, caiu por
terra, no qual foi um sinal da morte do rei [...] (livro..., 1977, p. 248, 250).
8 2 m a r i a jo s é f e r r o tava r e s
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pos sobre as armas bramquas que ele trazia huma cruz toda azul e polos
cimquoo reys que lhe Deos fizera vemçer departyo a cruz em cinquo es-
cudos e em cada hum escudo meteo trinta dinheyros a reveremçia da
morte e payxão de Noso Senhor Jhesu Christo, que foy vendido por xxx
dinheyros (crónica, 1998, p. 20–21).
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que o senhor lhe prometera a vitória mas o rei, inflamado pela fé, respon-
dera assim: ‘Eu creio firmemente que Vós sois o Filho de Deus e verdadei-
ro Salvador do Mundo; por isso não é preciso que a mim Vós mostreis. Ide,
mostrar-vos aos inimigos da nossa religião, para nós não sofrermos tama-
nhas desgraças e para êles acreditarem em Vós e conhecerem que, só com
a Vossa morte, o mundo vive e se salva’.
8 8 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 89
(...) Outro mundo nouo vimos,/ per nossa gente se achar,/ e o nosso
nauegar/ tam grande, que descobrimos / cinco mil leguas per mar./ E vi-
mos minas reaes/ douro, e doutros metaes/ no Reyno se descobrir;/ mais
que nunca vi saber / ingenho de officiaes (resende, 1970, p. 354, 362).
9 0 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
[...] Pois Marrocos,/ Que sempre fez mil biocos / Até destruir Hespanha,/
Sabei se se tornou aranha / Quando vio o demo em socos (vicente, 1970,
p. 126, 131-132).
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 91
9 2 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
Outro mundo encuberto/ vimos entam descobrir,/ que se tinha por in-
certo [...] (resende, 1970, p. 335, 343).
[...] Jentes novas, escondidas,/que nunqua foram sabidas,/ sam a nós tam
conheçydas / como qualquer natural.
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 93
Dizem que em Chipre foy visto/ muy grande numero disto,/ Roma, Milã,
outras partes./ Vimos nigromantes artes,/que remedam Antechristo.
9 4 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
e que assim o tinham por profecia que os frangues do cabo da terra viriam
pelo mar e se juntariam com os abexins e destruirão Judá e o Toro e Meca
e que sem mudar passaria a gente tanta que a desfariam e de mão em mão
dariam as pedras e as lançariam no mar Roxo e Meca ficaria campo raso e
que assim tomariam a grão cidade do Cairo, e que sobre isto haveria aí
grão diferença cuja seria e os frangues ficariam na grão cidade” e apossar-
se-iam, com os abexins, da “Casa Santa de Jerusalém (álvares, 1989, v. 2,
p. 36, 43).
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 95
9 6 m a r i a jo s é f e r r o tava r e s
[...] Neste dia do seu nascimento, sendo no tempo mais seco e mais quieto
de todo o anno, ouue em Lisboa huma taõ espantosa e taõ desacustumada
tempestade de chuuas, relampagos, trouões, e curiscos, que naõ auia me-
moria de homens que se lembrassem de outra semelhante, [...]e muytos
ouue que tiueraõ o sucesso desta tempestade, taõ noua, e taõ fora do seu
tempo ordinario, por hum felicissimo pronostico do imperio do principe
que nacera [...]. E no mesmo dia deste bautismo se acendeo fogo dentro
nos paços, […], porem foy atalhado com tanta pressa e diligencia, que de
todo se apagou sem dano. E deste sucesso ouue tambem alguns, que lan-
çaraõ maõ como do passado, pronosticando delle o grande resplandor
que deste principe entaõ nacido auia de suceder a este seu reyno.
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 97
9 8 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
Houvera de ser Portugal/ Todo universo mundo/ Pera Rei tão cordeal.
[...]E porque mui nomeado / Por todo o mundo sejais, / Herejes não con-
sintais, / Porque está Deos assanhado / Nos mostrão os temporaes
(vicente, 1970, p. 1302–1308)
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 99
[...]Cidade rica do santo/ Corpo do seu Rei primeiro,/ Qu’inda vimos com
espanto/ Ha tão pouco, todo inteiro/ Dos annos que podem tanto./ Rei a
quem Deos se mostrou,/ Rei que tantos Reis venceo,/ Rei que taes Reis
nos deixou, / O bom filho hi se lançou,/ Que tè Seuilha correo (ferreira,
1953, p. 193; miranda, 1994, p. 30).
Sua figura será / Hum Alexandre segundo,/ Que sem grifos subirá/ Onde
bem divisará / Todalas cousas do mundo.
1 0 0 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
Pidote, dios Señor inmortal,/ Que tengas la rueda que anda y desanda,/
Y ture mil años el gozo que anda /Por toda Castilla y en Portugal.
[...] Quando será que eu veja a clara história/Do nome Português por ti
entoada,/ Que vença da alta Roma a grã memória?/ [...]
Quanta arma, quanto sangue nos consume/O silêncio cruel! terror, e medo/
N’África ao Mouro, n’Ásia ao bravo Rume (ferreira, 1953, v. 2, p. 154–155).
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 101
Grã Rei, Senhor das Casas do Sol ambas, /[...]/ De Bárbaros espanto,
amor, e medo./ Luz clara dos infiéis; coluna firme / Da católica Fé; de ido-
latrias/Falsas destruidor; paz do teu Reino./ [...]/ Rei justo, Rei clemente,
Rei pacífico,/ Rei homem, Rei e pai, senhor, e amigo.
Português Império, que assim toma/ Senhorio por mar de tanta gente, /
Tanto bárbaro ensina, vence, e doma (ferreira, 1953, p. 33–35, 78).
1 0 2 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
Olha como este Mundo se mudou./ Quem cuidou que tão cedo volta
dera/ Esta roda inconstante? ah Reis que são?/ Também aquele Rei pó, e
sombra era./ Rei manso, Rei benigno, Rei Cristão,/ Ah quão depressa
desapareceu! (ferreira,1953, v. 2, p. 146–147).
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 103
[...] e acabado de comer que era jaa de noyte trouvera elle Joam Lopez
huum livro que parecia brevia em lingoagen o qual Livro tocava as vezes
em cousas da brivia e as vezes em outra cousa que elle nom entendia. E
que elle disera logo que lhe parecia aquelo grosa do thalamu e que aquelo
nom tinha autoridade nhuum porque nom estava na sagrada espritura e
que entom elle Joam lopez nom disera nada [...] (lipiner, 1996; tavares,
1991, p. 245–266).
1 0 4 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 105
1 0 6 m a r i a jo s é f e r r o tava r e s
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 107
1 0 8 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
Conclusão
Torna-se, por vezes, difícil destrinçar nos topoi poéticos, aqui-
lo que são meras figuras estilísticas daquilo que pode reflectir
uma corrente subterrânea do sentir nacional. Enquanto, no
reino vizinho, a poesia da corte utilizava imagens de cariz mi-
lenarista para identificar os soberanos, quer fossem os Reis Ca-
tólicos, quer o imperador Carlos i, em Portugal tal não era tão
evidente.
A consciência da decadência do reino, visível já com D. João
iii, erguia o espectro do anti-império e refugiava-se numa ida-
de de ouro que se esfumava. À decadência, juntava-se o medo
da falta de sucessão, tornando os sucessivos filhos de D. João
iii e de D. Catarina desejados, como o viria a ser também o
neto, filho do príncipe D. João e da princesa D. Joana, o futuro
D. Sebastião. No subconsciente colectivo, quer dos ideólogos
oficiais da corte, quer do povo, cristalizava-se uma quimera de
um império universal encabeçado por um rei português, im-
pério universal de paz, com o velho inimigo muçulmano der-
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 109
Referências
álvares, Pe. Francisco. Verdadeira informação sobre a Terra do
Preste João das Índias, eds. Alfa, Biblioteca da Expansão Portu-
guesa, 1989.
andrada, Francisco d’. Chronica do muyto alto e muyto pode-
roso rey destes reynos de Portugal Dom Joham o iii deste nome,
Coimbra, 1796.
andré, Carlos Ascenso. Um judeu no deserto. Diogo Pires e a me-
mória de Portugal, inic, Coimbra, 1992.
avelar, Ana Paula, Fernão Lopes de Castanheda, historiador dos
Portugueses na Índia ou cronista do governo de Nuno da Cunha?,
eds. Cosmos, col. História, Lisboa, 1997.
barros, João de, Crónica do imperador Clarimundo, eds. Sá da
Costa, Lisboa, 1953, vol. iii, pp. 105.
buescu, Ana Isabel, O milagre de Ourique e a história de Por-
tugal de Alexandre Herculano. Uma polémica Oitocentista, inic,
Lisboa, 1987.
1 1 0 m a r i a j o s é f e r r o t a v a r e s
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 111
1 1 2 m a r i a jo s é f e r r o tava r e s
p r o f e c i a s , s o n h o s p r e m o n i t ó r i o s e s i n a i s 113
*
Ao retomar a antropofagia, um tema mais que ale- Fapesb-Cult/ Instituto de Letras
(ile) – ufba.
górico da cultura brasileira e latino-americana, con-
siderei que poderia contribuir efetivamente para
1
o campo da crítica cultural avaliando como está se
Este artigo é resultado de uma
constituindo uma “poética antropofágica” no co- pesquisa desenvolvida junto ao Cult
e um ante-projeto apresentado com
nhecimento em artes visuais através de uma análi- este mesmo nome como um dos
se das produções teórico-críticas contemporâneas requisitos necessários para o
concurso de História, Teoria e
e como a antropofagia se processa enquanto uma Crítica de Arte, da ufrgs, em
novembro de 2006.
poiética das artes visuais. É tácito aqui, um mape-
amento dos usos abusados ou não, estabelecidos na
pesquisa sobre arte, vinculadas tanto à pós-gradua-
ção, quanto ao campo crítico e ao curatorial que dão
substância e permanência à “poética antropofágica”,
estabelecendo as possibilidades teórico-críticas que
têm demonstrado para o âmbito da pesquisa com ar-
tes visuais.
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p o ( i ) é t i c a s a n t r o p o f á g i c a s 117
1 1 8 m a r i a c â n d i d a f e r r e i r a d e a l m e i d a
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p o ( i ) é t i c a s a n t r o p o f á g i c a s 129
p o ( i ) é t i c a s a n t r o p o f á g i c a s 131
1 3 2 m a r i a c â n d i d a f e r r e i r a d e a l m e i d a
p o ( i ) é t i c a s a n t r o p o f á g i c a s 133
1 3 4 m a r i a c â n d i d a f e r r e i r a d e a l m e i d a
p o ( i ) é t i c a s a n t r o p o f á g i c a s 135
1 3 6 m a r i a c â n d i d a f e r r e i r a d e a l m e i d a
p o ( i ) é t i c a s a n t r o p o f á g i c a s 137
1 3 8 m a r i a c â n d i d a f e r r e i r a d e a l m e i d a
p o ( i ) é t i c a s a n t r o p o f á g i c a s 139
Referências
aguiar júnior, José Wenceslau Caminha. Histórias do Corpo,
corpos históricos: uma prática da Imagem crítica. 2001. Disserta-
1 4 0 m a r i a c â n d i d a f e r r e i r a d e a l m e i d a
p o ( i ) é t i c a s a n t r o p o f á g i c a s 141
1 4 2 m a r i a c â n d i d a f e r r e i r a d e a l m e i d a
p o ( i ) é t i c a s a n t r o p o f á g i c a s 143
Int rodução *
Assistimos ao extraordinário aumento das situações Professora da Faculdade de
Economia da Universidade do Porto
de “atipicidade” laboral, em larga medida resultan- Professora Convidada da
Universidade Aberta (Mestrado em
tes da globalização económica, tais como trabalho Relações Interculturais – Delegação
precário, desregulamentação dos direitos laborais, do Porto), Doutorada em Ciência
Económica, Especialidade em
tráfico clandestino de mão-de-obra (migrações ile- Recursos Humanos
gais), trabalho infantil, pobreza, desemprego e su- pela Universidade de Paris I –
Sorbonne.
bemprego. As áreas de pesquisa a que se tem
dedicado incluem a Economia dos
É de referir na inclusão social o papel da cidadania Recursos Humanos, Migrações
empresarial. As empresas, assumindo as suas res- Internacionais, Políticas Sociais,
Economia Portuguesa e Integração
ponsabilidades sociais e reconhecendo as necessida- Europeia.
Como consultora da ocde realizou
des e as prioridades dos intervenientes da sociedade, trabalhos para a Direcção da
avaliando as consequências das suas acções no plano Educação, do Emprego, do Trabalho
e dos Assuntos Sociais.
social, melhoram o bem estar da população, ao mes-
mo tempo que protegem os seus interesses.
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 145
1 4 6 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 147
1 4 8 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 149
1 5 0 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 151
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 153
1 5 4 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 155
1 5 6 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 157
1 5 8 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 159
1 6 0 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 161
1 6 2 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 163
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 165
1 6 6 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 167
país de nacionalidade nº %
1 6 8 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
países n.º %
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 169
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 171
1 7 2 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
taxa de indicador do
esperança de vida pib por pessoa
alfabetização desenvolvimento
à nascença (anos) (dólares ppc)
dos adultos (%) humano
Suiça 79.1 99.0 30.010 0.936
Reino-Unido 78.1 99.0 26.150 0.936
Luxemburgo 78.3 99.0 61.190 0.933
França 78.9 99.0 26.920 0.932
Alemanha 78.2 99.0 27.100 0.925
Espanha 79.2 97.7 21.460 0.922
Portugal 76.1 92.5 18.280 0.897
F. Russa 66.7 99.6 8.230 0.795
Roménia 70.5 97.3 6.560 0.778
Ukránia 69.5 99.6 4.870 0.777
Brasil 68.0 86.4 7.770 0.775
China 70.9 90.9 4.580 0.745
Cabo-Verde 70.0 75.7 5.000 0.717
Moldávia 68.8 99.0 1.470 0.681
S. T. e Príncipe 69.7 83.1 1.317 0.645
India 63.7 61.3 2.670 0.595
Paquistão 60.8 41.5 1.940 0.497
Angola 40.1 42.0 2.130 0.381
Moçambique 38.5 46.5 1.050 0.354
Guiné‑Bissau 45.2 39.6 710 0.350
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 173
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g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 177
1 7 8 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 179
1 8 0 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
g l o b a l i z a ç ã o , p o l i t i c a s s o c i a i s e m u l t i c u l t u r a l i d a d e 181
1 8 2 m a r i a d a c o n c e i ç ã o r a m o s
Int rodução *
Estudar as relações entre televisão e políticas cul- Antonio Albino Canelas Rubim é
professor da UFBA, docente do
turais no Brasil contemporâneo não é um trabalho Programa Multidisciplinar de Pós-
Graduação em Cultura e Sociedade,
fácil. Um complexo conjunto de fatores tem bloque-
coordenador do Centro de Estudos
ado a reflexão acerca desta conexão vital para uma Multidisciplinares em Cultura,
pesquisador do CNPq e presidente
compreensão mais sofisticada das dinâmicas atuais do Conselho Estadual de Cultura da
no País. O significado adquirido pela televisão para a Bahia.
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 183
1 8 4 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 185
Mutações na circunstância
cultural brasileira
Os anos 60 são eternamente lembrados como marco político
e cultural relevante na história brasileira e mundial, inclusive
neste ano em que comemorados os 40 anos dos acontecimen-
tos emblemáticos de 1968. Novamente temos que iniciar nos-
sa reflexão pela famosa década, pois ela configura a fronteira
entre dois momentos político-culturais imprescindíveis para
começar nosso itinerário. Trata-se de uma transição que ganha
densidade e eclode, como tantas outras manifestações, naque-
les agitados “anos rebeldes”. Estamos falando de algo pouco
investigado e debatido: a vertiginosa transmutação cultural
acontecida no Brasil: de uma cultura conformada através de um
circuito cultural escolar-universitário — restrito e excludente,
porém dominante — a cultura brasileira passa a ser hegemoni-
zada por um outro e novo circuito cultural, aquele ambientado
e constituído pelo sistema de mídias. Por óbvio, a transição de
uma cultura, dominada pelo circuito escolar-universitário para
outra hegemonizada pela cultura midiática não se consuma
nos anos 60. O processo se desdobra e se consolida no período
seguinte. A década de 60 emerge aqui como fronteira. Isto é,
momento síntese privilegiado de passagem que faz a interme-
diação entre dois movimentos cruciais da cultura nacional.
O circuito escolar-universitário, mesmo como as suas pro-
blemáticas e limitadas configurações, marca toda nossa tradi-
1 8 6 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 187
1 8 8 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 189
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 191
1 9 2 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 193
1 9 4 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
Fonte: hamburger (1998, p. 453), com base em dados dos Censos Demográficos de 1960, 1970, 1980 e 1991).
novos domicílios
1993 1996 atendidos
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 195
1 9 6 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 197
1 9 8 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 199
2 0 0 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 201
Te l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u ra i s n o B ra s i l
Uma das características mais marcantes das políticas culturais
no país tem sido a exclusão do tema da mídia. A televisão e a
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 203
2 0 4 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 205
2 0 6 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
por este horizonte, foi tentada, não sem dilemas, por exemplo,
no Ceará. 12
A situação configurada no início do Governo Lula, em es-
pecial, pela atuação do Ministério da Cultura, parece bastante
diversa. A articulação entre cultura e comunicação já aparece
assinalada no documento A imaginação a serviço do Brasil, es-
pécie de programa cultural de Lula (comissão..., 2002). A atu-
ação deliberada do Ministério trazendo a Ancine da Casa Civil
para sua responsabilidade e, em especial, a proposição de sua
transformação, não concretizada, em Agência Nacional do Ci-
nema e do Audiovisual (Ancinav), juntamente, com o conjunto
de argumentos — presentes em falas, discursos e documentos
— que buscam justificar tais atitudes, deixam vislumbrar uma
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 207
2 0 8 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 209
2 1 0 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
Referências
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vela no Brasil. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2002.
almeida, Gilberto. Política e Mídia na Bahia (com ênfase na tra-
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 211
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 213
2 1 4 a n t o n i o a l b i n o c a n e l a s r u b i m & l i n d i n a l v a s i l v a o l i v e i r a r u b i m
t e l e v i s ã o e p o l í t i c a s c u l t u r a i s n o b r a s i l c o n t e m p o r â n e o 215
Int rodução *
O género1 é uma das variáveis que mais influencia a Doutorada em Ciências da
Educação
organização da vida social. Logo desde os primeiros Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação
anos da infância, a sua importância sobrepõe-se à de
Universidade de Coimbra, Portugal.
outros factores, como a raça ou a idade, na determi-
1
nação de grande parte dos comportamentos indivi- Neste artigo respeitar-se-á a
duais. Associadas ao género tendem a aparecer, no proposta de Deaux (1985) para a
possível distinção entre ‘sexo’ e
entanto, certas crenças amplamente partilhadas, e ‘género’. Assim, a expressão ‘sexo’
será utilizada para mencionar e
com uma longa história, acerca de eventuais carac-
comparar os indivíduos com base
terísticas, quase inquestionáveis, dos homens e das na respectiva pertença a uma das
duas categorias demográficas
mulheres, pelo facto de em termos biológicos terem possíveis, em virtude das suas
nascido de sexo diferente. características biológicas: sexo
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 217
Enquadramento conceptual
Tendo sido utilizado pelo jornalista americano Lippman, em
1922, para dar conta do modo como os indivíduos reagiam a
pessoas de diferentes países e raças, o termo estereótipo, que
pretendia traduzir ‘as imagens da nossa mente’, foi, em segui-
da, adoptado pelos cientistas de várias áreas (Stangor, 2000).
Transformou-se, desde então, num dos construtos que mais
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 219
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 221
2 2 2 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 223
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 225
2 2 6 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 227
2 2 8 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
aspectos mais típicos do homem aspectos mais típicos da mulher aspectos não diferenciados
domínio afectivo
estados do ego
necessidades psicológicas
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 229
2 3 0 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
Afectuosa + Ambicioso
Bonita + Audacioso +
Carinhosa + Autoritário
Dependente - Aventureiro
Elegante + Corajoso +
Emotiva Desinibido +
Feminina Desorganizado -
Frágil - Dominador -
Maternal Empreendedor +
Meiga + Forte +
Romântica Independente +
Sensível + Machista
Sentimental Paternalista
Submissa - Rígido
Sério +
Superior
Viril
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 231
2 3 2 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 233
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 235
2 3 6 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 237
2 3 8 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 239
2 4 0 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 241
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 2 43
2 4 4 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 2 45
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Bussey, K. & Bandura, A. (1999). Social cognitive theory of gen-
2 4 6 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 2 47
e s t e r e ó t i p o s d e g é n e r o 249
2 5 0 c r i s t i n a m a r i a c o i m b r a v i e i r a
Leandro Colling*
*
Neste texto pretendemos tratar sobre como foi re- Professor adjunto da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia,
alizada a representação de gays e lésbicas nas tele- doutor em comunicação e cultura
contemporâneas pela Faculdade de
novelas exibidas pela Rede Globo. Dialogando com Comunicação da Universidade
alguns estudos gays, tentaremos demonstrar que a Federal da Bahia — Brasil.
Pesquisador associado do Centro
chamada “narrativa da revelação”, a partir da década de Estudos Multidisciplinares em
Cultura (cult).
de 1990, passou a fazer parte das novelas que conti-
nham personagens homossexuais. Detectamos ain- 1
Uma versão modificada deste texto,
da que, depois de uma fase em que os personagens que continha uma comparação com
a representação de gays e lésbicas
foram construídos com base em estereótipos e/ou nos seriados americanos Queer as
foram associados com a criminalidade, a emissora folk (Os assumidos), Will & Grace e
Six feet under (A sete palmos), foi
passou a também representar os personagens ho- apresentada no II Congresso da
Associação Brasileira de Estudos da
mossexuais dentro de um modelo que consideramos Homocultura, realizado de 16 a 19 de
heteronormativo. junho de 2004, em Brasília (df).
h o m o e r o t i s m o n a s t e l e n o v e l a s d a r e d e g l o b o e a c u l t u r a 251
Conceitos
Antes de tratar diretamente de nosso objeto de análise, é ne-
cessário destacar que os Estudos Gays e Lésbicos no Brasil
estão se multiplicando significativamente nos últimos anos.
Uma análise sobre a produção poderia ser interessante para
3
Lopes destaca os que pudéssemos ter, entre outras coisas, uma noção mais pre-
trabalhos realizados na cisa sobre quais as áreas do conhecimento que contribuíram
década de 1970, na
universidade, por Peter e/ou contribuem para o desenvolvimento dos estudos, quais
Fry, Edward MacRae,
Luiz Mott, Maria Luíza os autores, teorias e pesquisadores mais importantes. Nos
Heilborn, Carlos parece que, depois de um período em que historiadores e an-
Alberto Messender e
Richard Parker. Embora tropólogos foram os pioneiros e apresentaram a homossexu-
já na década de 1980,
incluiria neste grupo de
alidade “sob um outro ângulo, libertando-a definitivamente
pioneiros o trabalho de de preconceitos médicos, jurídicos e religiosos” (Lopes, 2001,
Nestor Perlonger. Fora
da universidade, Lopes p. 122), 3 atualmente, a área de Letras ganha destaque com as
destaca o trabalho de
João Silvério Trevisan,
análises sobre a homossexualidade na literatura brasileira ou
lançado em 1986. internacional.
2 5 2 l e a n d r o c o l l i n g
h o m o e r o t i s m o n a s t e l e n o v e l a s d a r e d e g l o b o e a c u l t u r a 253
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Perdas e ganhos
Após esta rápida revisão cronológica dos personagens homos-
sexuais nas telenovelas da Rede Globo, podemos concluir que
a emissora vem alternando personagens afetados e estereoti-
pados com personagens ditos “normais”, ou seja, que não apre-
sentam nenhum trejeito, vestimenta ou linguajar que possa
“denunciar” a sua orientação sexual. Nestas últimas situações
os autores mais apostam na narrativa da revelação, o que acaba,
às vezes, por inviabilizar um maior desenvolvimento das his-
tórias que os envolvem. Ao verificar as novelas em perspectiva
histórica, é fácil perceber o aumento da temática homossexual
em suas tramas. Neste momento, nos parece interessante per-
guntar: por que telenovelas aumentaram a presença de homos-
sexuais? As nossas vidas melhoram com estes programas? Até
que ponto? Representar gays e lésbicas dentro de um modelo
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Referências
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2 6 8 l e a n d r o c o l l i n g
h o m o e r o t i s m o n a s t e l e n o v e l a s d a r e d e g l o b o e a c u l t u r a 269
Int rodução
As realidades social, económica, cultural, política e
familiar estão organizadas como um todo articula-
do e como um sistema interactivo que influenciam a
saúde e a qualidade de vida das crianças, dos adultos
e das famílias. Com efeito, estas são influenciadas
pelas condições ecológicas, socioeconómicas, cul-
turais e políticas, pelas condições de vida da família,
nomeadamente, condições sociais, habitacionais,
escolarização e trabalho dos pais, particularmente
da mãe, densidade familiar, equipamentos sanitá-
rios, escolares e sociais.
c u l t u r a e d e s e n v o l v i m e n t o — d a s a ú d e a o s d i r e i t o s h u m a n o s 271
2 7 2 n a t á l i a r a m o s
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Considerações f inais
A saúde, a doença, os comportamentos e as modalida-
des de cuidados, de educação e de protecção, implicam
um conjunto indissociável de factores colectivos, indi-
2 9 4 n a t á l i a r a m o s
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2 9 6 n a t á l i a r a m o s
Bibliograf ia
Banque Mondiale (bm) (2000). Rapport sur le développement dans
le monde 2000-2001. Combattre la pauvreté. Paris: Ed. Eska.
Bartlett, S. et al.(1999). Cities for children: children´s rights, pover-
ty and urban management. London: Unicef/ Earthscan.
c u l t u r a e d e s e n v o l v i m e n t o — d a s a ú d e a o s d i r e i t o s h u m a n o s 297
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*
A discussão da e sobre a cultura no mundo contem- Doutor em Comunicação e Cultura
Contemporâneas pela ufba e
porâneo está perpassada por um vetor fundamental: professor dos ppgs em Políticas
a questão identitária. Da identidade global às micro- Públicas e Sociedade da uece e em
Comunicação da ufc. Publicou,
identidades juvenis, os aspectos culturais (etnias, re- entre outros, “Relações entre
Estado e cultura no Brasil” (1998),
ligiosidades, nacionalidades, modismos...) vão pau- “A modernização da cultura” (2005)
tando delimitações sociais e promovendo políticas. e “Textos nômades:Política, cultura
e mídia” (2008).
A identidade não deveria mais ser pensada e des-
ejada, na contemporaneidade, como uma unidade
coletiva e imutável que garante o pertencimento
cultural. Como propõe Stuart Hall, devemos tratar
as questões identitárias compreendendo que elas
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In the recent past, the dominant cultural identities have been circum-
3
No passado recente, as scribed by immoral patriarchal, imperial, jingoistic and xenophobic con-
identidades culturais straints. The political consequences have been principally a public sphere
dominantes têm sido
delimitadas por regulated by and for well-to-do White males in the name of freedom and
constrangimentos
patriarcais, imperiais,
democracy. The new cultural criticism exposes and explodes the exclu-
jingoístas e xenófobos. sions, blindnesses and silences of this past, calling from it radical libertar-
As conseqüências
políticas foram, ian and democratic projects that will create a better present and future
principalmente, uma
(west, 1995, p.170).3
esfera pública regulada
por e para prósperos
Homens brancos em
nome da liberdade e da As políticas culturais da diferença têm o poder de abalar o
democracia. A nova que antes eram os centros e as margens da sociedade. Em um
crítica cultural expõe e
explode as exclusões, país como o Brasil, com altos índices de concentração de ca-
cegueiras e silêncios
deste passado e chama
pital (econômico, cultural, social), os movimentos organiza-
dele projetos libertários dos em torno da música (hip-hop, samba, afro-reggae, funk,
e democráticos radicais
que criarão um manguebeat, carimbó) vêm descentrando a produção musi-
presente e um futuro
melhores. (Tradução do
cal brasileira e desestabilizando as autoridades legítimas do
autor) setor.
3 1 6 a l e x a n d r e b a r b a l h o
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lefebvre, Henri. Le manifeste différentialiste. Paris: puf, 1979.
3 1 8 alexandre barbalho
c u l t u r a e d i f e r e n ç a : a l g u n s a p o n t a m e n t o s t e ó r i c o s ( e p o l í t i c o s ) 319
Nível Organizacional
*
Numa obra recente — Un nouveau paradigme, Professor Jubilado do iscte, Lisboa
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 321
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 323
3 2 4 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 325
3 2 6 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 327
3 2 8 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 329
3 3 0 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
Individual
Retraimento Afinidade
Oposição Aliança
Negociação Fusão
Colectivo
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 331
3 3 2 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 333
Cultura Organizacional
Artefactos
Valores e
Recursos
Figura 2 – Relações entre diferentes níveis de cultura organizacional e cultura nacional. Fonte:
Deor e Laurent, 1989.
3 3 4 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 335
3 3 6 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 337
3 3 8 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 339
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 341
Distância ao poder 69 63 51
Individualismo 38 27 51
Masculinidade 49 31 51
3 4 2 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
* escala de 1 a 7.
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 3 43
3 4 4 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o
c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l 345
3 4 6 j o r g e c o r r e i a j e s u i n o