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(Organizador)
Zumbi-Dandara
dos Palmares
Desafios estruturais e
pedagógicos da educação
escolar quilombola para a
promoção da equidade
racial no Brasil do século 21
3. Antropologia e educação escolar quilombola:
um debate necessário
Alan Alves-Brito1
Paulo Sérgio da Silva
Matheus Nascimento
Iosvaldyr C. Bittencourt Junior
Prólogo
Parte considerável do texto que segue foi submetido no dia
31/05/2021 para compor o número 63 da revista Horizontes An-
tropológicos2, com temática Negritude e Relações Raciais. Para este
número temático, fomos informados de que a revista recebeu um
total de 56 artigos, dos quais 32 passaram na primeira etapa de
análise e seguiram para a avaliação às cegas por pares, entre eles
o presente texto, conforme mensagem recebida em 18/08/2021
dos editores. No dia 17/02/2022 fomos informados de que dos
32 textos que foram para a segunda fase, apenas 11 foram sele-
cionados para compor a Edição 63, sendo que o presente texto
não estava entre os finalistas. Segundo a mensagem recebida, o
critério de seleção foi embasado pelos pareceres de árbitros e dos
próprios editores da revista. Recebemos um longo parecer de 11
páginas. Dada a relevância da discussão, decidimos publicizar a
ideia principal do artigo como capítulo deste livro, para o qual
ele foi de fato inicialmente pensado. Nos pareceres do artigo, os
avaliadores levantaram questionamentos que serão, nessa atual
versão do texto, respondidos em forma de diálogo com o que foi
originalmente submetido ou, simplesmente, ampliando as expli-
1
Alan Alves-Brito e Matheus Nascimento são professores doutores no
Instituto de Física da UFRGS. Paulo Sérgio da Silva é doutor e professor
da educação básica na rede Municipal de Porto Alegre. Iosvaldyr Bitten-
court Júnior é doutor e membro do IACOREQ/RS.
2
O artigo original enviado a Horizontes Antropológicos foi submetido
por Alan Alves-Brito, Paulo Sérgio da Silva, Matheus Nascimento e Ios-
valdyr C. Bittencourt Junior.
3.1 Introdução
A Antropologia, como campo dinâmico e complexo, está entre
as ciências básicas que mais têm a ganhar com uma aproximação
mais profunda ao projeto de Educação Escolar Negra4 e Quilom-
3
Para Tim Ingold, “a antropologia é uma busca generosa, aberta, uma
investigação comparativa e ainda assim crítica sobre as condições e os
potenciais da vida humana no único mundo em que todos habitamos”
(INGOLD, 2020).
4
Educação escolar negra no sentido de que, epistemologicamente, a es-
cola é ainda um espaço “branco”, eurocêntrico, que não pratica de for-
ma orgânica a Lei 10.639/2003 — que prevê o estudo da História e da
Cultura Africana e Afro-Brasileira em todos os níveis da educação — e
as próprias Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
Quilombola. A expressão educação escolar negra é usada ao longo do
texto, como veremos, para também nos lembrar que os estudantes da
educação pública brasileira são, majoritariamente, negros, de forma que
a história e a cultura negra africana, por exemplo, precisam fazer parte
das experiência escolares desde muito cedo, e essas experiências pre-
cisam retratar as pessoas negras, seus legados e suas culturas de forma
positiva e não como tem sido historicamente no Brasil.
Negros não
frequentavam a
escola.
A Igreja Católica
só permitia
que brancos
estudassem.
Filhos de colonos
aprendiam a ler e
a escrever.
Reforma Couto
Ferraz de 1854:
regulamentação
dos ensinos
primário e
secundário foi
insignificante para
negros.
Decreto 7031-A
(1878): negros só
podem estudar à
noite.
Modelo Biológico –
EDUCAÇÃO como ASSIMILAÇÃO
20
Para as referências completas, sugerimos conferir Rocha (2011).
LDB de 1996
ainda tímida
nas questões
étnico-raciais.
Parâmetros
Curriculares
Nacionais.
Lei 10.639/2003
(negros)
Lei 11.645/2008
(negros+indíge-
nas)
EDUCAÇÃO como
TRANSFORMAÇÃO/LIBERTAÇÃO
(Diversidade/Campo Político de muitas possibilidades)
TRATAMENTO COMPREENSIVO E
INTERPRETATIVO DE SOCIEDADE
(TEORIAS DO CONFLITO)
3.7 Referências