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Palavras-chave:
Educação; Equidade social, Patrimônio cultural; Racismos.
Sessão temática: Educação Básica, Cultura e Currículos Escolares de/para Negros e Indígenas
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Introdução
Acreditando que a educação sem cultura não existe, aceitamos participar do
projeto Conhecendo Nossa História: da África ao Brasil, no ano de 2018 na cidade de
Delmiro Gouveia, alto sertão alagoano. Cientes das dificuldades de acesso e aceitação
por parte do poder público, procuramos incorporar ao projeto uma metodologia
participativa, desvinculada das muitas formações que foram realizadas na cidade pelos
órgãos competentes, desde a obrigatoriedade da inserção do estudo da África nos
currículos escolares.
Quando iniciamos a pesquisa, através da formação que foi por nós ministrada,
alguns gestores conheciam a nova versão da LDB, com a inclusão da Lei 10.639/03,
mas poucos compreendiam a complexidade da mesma. Alguns relataram que já
cumpriam a legislação, por inserir atividades relativas aos negros no mês de novembro.
Coube relembrar que o texto é bem mais amplo, quando expressa em seu segundo
parágrafo que o conteúdo programático deve incluir diversos aspectos da história e da
cultura que caracterizam a formação da sociedade brasileira.
Assim sendo, questionamos como pensar uma educação que trate da cultura
afrodiaspórica, considerando que, quem educa não foi levado a pensar no processo da
escravidão como ascendência? Como ser professor e professora sem se reconhecer ao
conhecer o quadro de desigualdade racial herdado? Como contribuir para minimizar os
casos de racismo?
O nosso objetivo com esse trabalho não é responder essas questões, mais ampliar
o campo de discussão acerca da necessidade de formação contínua dos educadores e
educadoras.
O trato da herança da colonialidade em contraponto com a herança africana
foram elucidados pelos docentes, em um primeiro momento de forma tímida, mas a
partir da proximidade com a história e cultura africana e afro-brasileira, os resultados
foram extremamente satisfatórios. Questões como o movimento negro libertador, o
racismo estrutural e a valorização da história e culturas africana e afro-brasileira
alcançaram um patamar que permitiu reformular os currículos conteúdos utilizados nas
escolas.
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Depoimento coletado em situação de entrevista, realizada com professores oriundos de comunidades quilombolas.
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Conceito desenvolvido pelo Prof. Doutor
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INCLUIR
1. Apresentação de organização pedagógica interdisciplinar e transdisciplinar, a partir de
projetos da (s) escola (s) ou de práticas em sala de aula, nas áreas do saber escolar, em
diferentes níveis e modalidades de ensino.
Conclusões
O papel do/a educador/a está incrustado na oralidade, independentemente da
formação acadêmica, pois alguns participantes do projeto declararam que mesmo após
iniciados nos estudos, a maior referência étnica era a família, onde a dor do “despertar”
foi fundamental para o crescimento pessoal e, profissional. Os agentes escolares,
porteiros e merendeiras fazem parte do cotidiano das crianças e contribuem
positivamente, ou não, para a quebra de paradigmas. Por esse motivo, esses agentes
também fizeram parte da segunda etapa da formação, com relatos muito significativos
por parte destes, de forma a contribuir para a construção do currículo anti racista no
ambiente escolar.
Referências
ASSUMPÇÃO, C. Educação e Pesquisa na Desconstrução do Racismo no Brasil:
desafios, resistências e avanços. In: LIMA, Emanuel; SANTOS, Fernanda;
NAKASHIMA, H. e TEDESCHI, L. (org.). Ensaios Sobre Racismos Pensamento de
Fronteira. Rio de Janeiro: Coletivo Ocareté. Balão Editorial, 2019.
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ORTNER, Sherry. Teoria na Antropologia desde os anos 60. In: Teoria na antropologia
desde os anos 60. Mana, v. 17, n.2, Rio de Janeiro, RJ: UFRJ, 2011.
SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de
saberes. In: SANTOS, B. S. & MENESES, M. P. (orgs.). Epistemologias do Sul.
Coimbra: Almedina/CES, 2009.
SILVA JÚNIOR, H. Debates atuais: cotas para negros nas universidades. In: ALBERTI,
V.; PEREIRA, A. A. (orgs.). Histórias do Movimento Negro: depoimentos ao CPDOC.
Rio de Janeiro: Pallas/CPDOC-FGV, 2007.
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Relato do aluno Cezar Manoel que dirige a escola Municipal José Correia dos Santos na zona rural do
município de Delmiro Gouveia.