Você está na página 1de 1

Acesse o Informe Social

2022 da Fundação Telefônica


Vivo e confira como
compromissos foram
transformados em ações!
Clique aqui!

16.11.2021

Cultura afro-brasileira: como


trabalhar em sala de aula?

A Lei nº 10.639 estabelece a inclusão e


obrigatoriedade do ensino da História e
Cultura afro-brasileira. Mas como abordar o
tema nas escolas?

#Educação#Educadores#ProFuturo

Quando falamos em Filosofia, principalmente no


contexto do Ensino Básico, as primeiras referências
que vêm à mente são as gregas: Sócrates, Platão e o
Mito da Caverna. A origem dos estudos é
constantemente creditada à Grécia e seus principais
pensadores, e o currículo escolar costuma se limitar
à visão eurocêntrica do tema. Nesse contexto, a
filosofia e a cultura afro-brasileira não costumam ser
levadas em conta.

O que pouco se comenta é que Tales de Mileto,


considerado o primeiro filósofo da tradição
ocidental, estudou no Egito. E a partir dos
conhecimentos adquiridos, desenvolveu parte dos
seus pensamentos, reforçando a contribuição
africana para o desenvolvimento da Humanidade.

De acordo com reportagem publicada pelo Jornal da


Universidade (UFRGS), ao longo dos séculos, a
cultura e a filosofia africana, tão ricas quanto as
demais, sofreu apagamentos e distorções em
detrimento de outras, que eram consideradas
superiores ou melhor desenvolvidas. Porém, é
possível notar, nos últimos anos, esforços para o
resgate e difusão da cultura e conhecimento de
origem africana principalmente no ambiente
educacional.

Sendo o Brasil o país com a maior população negra


fora da África, segundo informações do Laboratório
de Demografia e Estudos Populacionais da
Universidade Federal de Juiz de Fora, esse
movimento contribui para resgatar essa
ancestralidade dos descendentes de povos
africanos.

Saiba mais: Como a educação antirracista


pode ajudar a combater o racismo estrutural

Ancestralidade e
pertencimento
A escola é um espaço de diversidade e de
convivência de crianças e jovens de diferentes
origens. Para além dos estudos e conquista de
conhecimentos, é um local para a formação de
cidadãos. Logo, seu papel é crucial na superação de
preconceitos e na promoção de uma educação
antirracista.

Mas, para que isso ocorra, é necessária uma


mudança de comportamento em sala de aula. Lavini
Castro, mestre em Relações Étnico Raciais pelo
PPRE/CEFET-RJ e idealizadora da Rede de
Professores Antirracistas, afirma que não há mais
um ideal humano a ser seguido, mas a percepção da
diversidade histórico e cultural dos diferentes
grupos que compõem a sociedade.

“Estudantes negros e negras se sentem acolhidos,


percebem-se contribuidores da história e da
sociedade. E isso traz noção de pertencimento e
orgulho, principalmente quando evidenciamos
histórias de luta e resistência. Estudantes brancos e
brancas percebem-se como mais um grupo da
sociedade. Isso contribui para o empoderamento
dos primeiros e a quebra de um ideal humano para
os segundos. Afinal, todos passam a se sentir outros
na relação”, detalha.

A inclusão de pautas afirmativas no currículo escolar


e a ampliação do debate proporcionam aos alunos
reconhecimento de sua identidade, autoaceitação e
resgate cultural da sua ancestralidade.

“Esses alunos passam a se perceber, a reconhecer


sua negritude como característica estética, histórica
e cultural, passando a se aceitar. Principalmente
quando trabalhamos evidências positivas e
representatividade negativa e quando ensinamos
que o problema do racismo é estrutural,
institucional e até mesmo cotidiano. Pessoas negras
não têm culpa do racismo, mas são as vítimas dessa
estrutura”, constata Lavini.

Saiba mais: 11 conteúdos para crianças que


estimulam uma educação antirracista

Como abordar a cultura


afro-brasileira em sala de
aula?
Para uma abordagem contínua dos temas em sala
de aula, Lavini afirma que é possível ser feita por
meio de atividades cotidianas. Aulas dialógicas,
análise de textos jornalísticos e de dados
estatísticos que apresentem a temática das
relações raciais com ápice no mês de novembro,
quando se comemora o Dia da Consciência Negra.

A educadora ainda diz que atividades que levantam


discussões ajudam na introdução do assunto e no
engajamento dos alunos. O uso de recursos mais
visuais (exibição de imagens, filmes e
documentários) também é um artefato importante
na descolonização do olhar dos estudantes.

Confira exemplos elencados pela educadora, a


seguir.

• Contação de histórias africanas: trazer


histórias e livros para o cotidiano das crianças.

• Aulas dialógicas: levantar discussões sobre


as questões raciais históricas e
contemporâneas.
“Apresento imagens de cidades para meus
alunos e peço para que olhem os detalhes, os
cenários, e digam em qual continente elas
ficam. A maioria responde que é na Europa. E
quando vem à tona que todas as cidades
apresentadas no cartão postal são do
continente africano, eles ficam surpresos. E aí
eu começo uma discussão sobre o porquê de
termos uma visão tão estereotipada e
negativa sobre o continente africano”,
exemplifica Lavini.

• Análise de gráficos e textos jornalísticos:


é possível, por exemplo, analisar temas
relativos à situação da população negra
(questões sociais, educacionais etc.).

• Análise de discurso: textos que apresentam


a temática histórica e cultural africana ou
afro-brasileira.
“Uso o material de História Geral da África
(HGA) da Unesco procurando inserir o
conhecimento histórico e cultural dos povos
africanos na discussão em sala de aula. E
incentivando os estudantes a enxergarem
pelos olhos da cultura da qual aprendemos.”

• Discussão sobre identidade nacional:


promover debates que não apresentem os
elementos sociais negros e indígenas de
forma romântica, exótica e estereotipada. O
objetivo é mostrar que a identidade brasileira
é plural.

Roteiros de Estudo, Planos de Aula e mais


conteúdos sobre a cultura afro-brasileira:
explore os recursos do Escola Digital!

O Escola Digital é uma plataforma gratuita.


Oferece a professores, gestores e redes de
ensino mais de 30 mil recursos digitais de
aprendizagem, que proporcionam
interatividade, dinamismo e inovação nas
práticas pedagógicas.

Uma série de conteúdos sobre cultura afro-


brasileira e a temática antirracista está
disponível aos educadores na plataforma.
Clique aqui e acesse!

Ensino sobre História e


Cultura Afro-Brasileira: a
Lei nº 10.639 na prática
Desde o início de sua vigência, em 2003, o ensino
sobre História e Cultura Afro-Brasileira se tornou
obrigatório nos currículos dos Ensinos Fundamental
e Médio. A lei 10.639 especifica que deve ser
priorizado o estudo da história da África e dos
africanos. Além da luta dos negros no Brasil, a
cultura negra brasileira e o negro na formação da
sociedade nacional.

Porém, o ensino do tema ainda depende de


projetos, campanhas e iniciativas, muitas vezes
limitadas ao mês de novembro, devido ao Dia da
Consciência Negra.

Por outro lado, a lei aponta um esforço da educação


brasileira em valorizar devidamente a história e a
cultura afrodescendente e de povos nativos.
Buscando, nesse sentido, reparar os danos à sua
identidade e aos seus direitos. A inclusão desses
estudos amplia o foco dos currículos escolares para
a diversidade cultural, racial, social e econômica
brasileira.

“Acredito que todos nós, brasileiros, devemos


aprender sobre nossa história com a questão racial,
da Educação Básica até a formação universitária. Os
professores devem questionar currículos
eurocêntricos, criticar livros didáticos que não
abordem a diversidade histórica e cultural de nossa
sociedade. Devem evidenciar os silêncios e a
marginalização, porque pensar a educação
antirracista é pensar projetos mais amplos de
sociedade”, conclui.

Saiba mais: Cinco obras para ensinar história


afro-brasileira, segundo a lei 10.639/03

Publicação Escola para


Todos: promovendo
uma educação
antirracista
A publicação propõe uma jornada prática,
guiada por exemplos reais e adaptáveis à
realidade de cada educador. O intuito é que
toda ação antirracista seja também uma
intervenção no mundo e na vida dos
estudantes e promova resultados
promissores para a sociedade.

Clique aqui e baixe gratuitamente.

Rede de Professores Antirracistas

A professora Lavini promoveu, em 2020, o


curso “A Ferramenta do Professor Antirracista
– Lei 10639”, em que orientou e compartilhou
estratégias para professores promover a
educação antirracista em sala de aula.

Mais tarde, ao perceber o sucesso do curso,


ela criou a Rede de Professores Antirracistas:
um grupo de educadores interessados em
implementar a lei que estabelece a
obrigatoriedade do ensino da cultura e
história afro-brasileira em sala de aula.

Idealizada com Cássia Lopes, responsável pela


distribuição de conteúdo, a Rede atua nas
instituições de ensino públicas e privadas do
Estado do Rio de Janeiro, tendo como foco o
estudo sobre os aspectos da Lei 10639, do
Estatuto da Igualdade Racial e o
desenvolvimento de planos de aulas que as
contemplem.

Pela criação da Rede, em maio deste ano,


Lavini foi premiada na categoria Educação do
prêmio “Sim à Igualdade Racial”, do Instituto
Identidades do Brasil (ID_BR).

CONTATO

Fundação Telefônica Vivo


Av. Eng. Luís Carlos Berrini, 1.376
– 13° andar CEP: 04571-936 –
São Paulo- SP

NEWSLETTER

Receba nossa newsletter


!
REDES SOCIAIS

" # $ %

@ Fundação Telefônica Vivo | Política de Privacidade

| Termo de Uso
Cultura afro-brasileira: como
&
&

trabalhar em sala de aula?

Você também pode gostar