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RESUMO
INTRODUÇÃO
A capoeira é apresentada neste artigo como uma maneira atrativa de
envolver os alunos e levá-los a reconhecerem a importância da cultura
afrodescendente, além do mais, na essência de sua prática, os mestres de capoeira
preocupam-se em exaltar a etnicidade e as relações de afetividade, prezando pela
corporalidade, coletividade, sociabilidade e o companheirismo, questões importantes
dentro do contexto escolar. Assim, o trabalho com práticas de ensino voltadas para o
conhecimento da capoeira, bem como esporadicas apresentações e sucintas
atividades de prática desta, favoreceu no desenvolvimento e formação dos
educandos, levando a compreensão desta como constituinte da cultura nacional.
Todo o trabalho demonstrado neste artigo é resultado de uma pesquisa-
ação. Uma modalidade de pesquisa muito utilizada na área de educação e ensino,
onde os profissionais podem oportunizar sequências de atividades que envolvam
teoria e prática, podendo avaliar seu próprio desempenho dentro do processo de
ensino e aprendizagem, ou seja, observar a prática dentro do próprio processo de
investigação. Onde a sala de aula é o lugar que se pode atuar, intervir, estudar e
transformar realidades.
Assim, para uma melhor demonstração dos resultados dessa pesquisa-ação
e discussão de como foi desenvolvida e implementada no Colégio Estadual 29 de
abril, Guaratuba, Paraná, primeiramente serão exploradas as razões e justificativas
que levaram a construção do projeto de intervenção e em seguida a unidade
didática, atendo-se também em uma definição do que vem a ser a ―pesquisa-ação‖
através de subsídios teóricos, para por fim, apresentar e refletir-se sobre os
resultados significativos que foram alcançados ao longo dessa caminhada.
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A Lei 11. 645/março de 2008 instituiu algo que deveria ser naturalmente
reconhecido pela sociedade: em um contexto com 50% da população "afro", como
não trabalhar as heranças, as culturas dos diferentes africanos aqui escravizados?
Assim a Lei vem gerando resultados significativos, onde milhares de jovens
negros e brancos estão aprendendo sobre a cultura e a história afro-brasileira e
principalmente a conviver e respeitar as diferenças.
Mais especificamente observa-se que a Lei 10.639 de 09 de janeiro de
2003, sancionada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva alterou a Lei de Diretrizes
e Bases (LDB) e por sua vez foi alterada pela Lei 11.645/ março de 2008, a
diferença é que esta ultima inclui no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática ―História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena‖, pois a
questão do indígena também é importante na constituição da cultura brasileira.
Buscou-se com isso, resgatar a contribuição da raça negra nas áreas sócio /
econômico, política e cultural no cenário brasileiro. A lei propõe ainda, que os
calendários escolares incluam o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da
Consciência Negra”.
Salienta-se que a lei vem ganhando força. Um exemplo são os livros
didáticos, pois os que existiam omitiam a história negra e restringiam personagens
políticos apenas à figura de Zumbi.
Neste sentido, a inclusão do tema História e Cultura Afro-brasileira e
Africana nos currículos das escolas, já se tornou um direcionamento significativo,
para o reconhecimento da influência dessa cultura no Brasil. No entanto, somente a
inclusão não levará a nada, não basta a intenção estar no papel e ser trabalhada
apenas em datas especiais, ou semanas específicas para se refletir sobre tal cultura.
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Carmo), que quando criança foi apresentado à capoeira pelo Mestre Alípio (Macalé).
O tutor tentou ensiná-lo não apenas os golpes da capoeira, mas também as virtudes
da concentração e da justiça. A escolha pelo nome Besouro foi devido à
identificação que Manuel teve com o inseto. Ao crescer Besouro recebe a função de
defender seu povo, combatendo a opressão e o preconceito existente.
A atividade seguinte do filme, foi um debate, no qual muito alunos
participaram significativamente, direcionados perceberam as nuances entre a cultura
africana e a capoeira com seus princípios e valores.
Soares (1994, p. 311) afirma que ―a síntese cultural construída pelos africanos
no ambiente da escravidão citadina teve na capoeira um representante digno‖. A
convergência destes diferentes elementos na prática da capoeira demonstra seu
diferencial em relação a outras formas de lutas e danças.
Com base em Pires (1996, p. 63) a capoeira foi se desenvolvendo tanto nos
meios rurais como nos centro urbanos, ―os capoeiras assim organizados produziram
relações culturais próprias, demarcando uma tradição de grupos específicos,
cumprindo papel singular nas relações sociais, políticas e culturais na cidade do Rio
de janeiro da segunda metade do século XIX‖.
Bomfim (2003), explica que a capoeira desenvolveu-se e dividiu-se em
modalidades, dentre elas o autor cita A Capoeira Angola e a Capoeira Regional, que
são as que mais se destacam. Na sua distinção entre estas modalidades, o autor
verificou que a Capoeira Regional se transformou em esporte nacional e caminhou
para uma elitização que a fez perder relativamente sua etnicidade e tradição,
enquanto a Capoeira Angola manteve a tradição e sua história ancestral.
Neste sentido, os mestres angoleiros se preocupam em transmitir os
conhecimentos da capoeira em todas suas esferas (musical, de movimentação e
histórica) quanto uma filosofia de vida. Assim, as pessoas que praticam a Capoeira
Angola exaltam a etnicidade dessa modalidade e mantém relações de afetividade
entre si, além de se oporem à massificação crescente que caracteriza a
contemporaneidade. Eis porque o ensino da Capoeira Angola tem em suas bases o
―sentido de comunidade, na oralidade, no respeito e na reverência aos ancestrais,
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[...] é vergonhoso pensar que foi preciso existir uma lei para que a cultura
afro fosse vista com um pouco menos de discriminação, pois sabemos que
mesmo hoje após a existência dessa lei ainda existe discriminação e é mais
difícil aceitar que seres humanos no passado foram massacrados e
torturados. Agora cabe a nós historiadores entre outros ―arregaçar as
mangas‖ no intuito de repassar aos nossos educandos uma nova visão de
mundo em relação aos afros e os indígenas (PROFESSOR/GTR/2011).
Enfim, a Capoeira, é uma prática social constituída pela tradição cultural dos
negros no Brasil e tem na base de sua história a exclusão e as forças de superação.
Devido a esta ser respeitada e entendida como esporte, dança ou brincadeira, e
também resultar em trabalhos de ressocialização através de diversos órgãos,
entidades e projetos sociais, considera-se que foi um excelente meio para a
exploração da História e Cultura Afro-brasileira no Colégio Estadual 29 de Abril no
município de Guaratuba, Paraná e sobretudo, por ter estimulado nos educandos o
desenvolvimento da cultura física, mesmo que superficialmente através dos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Maria José Somerlate. Capoeira: a gramática do corpo e a dança das
palavras. Luso Brazilian Review, n. 42, v. 1., 2005.