Você está na página 1de 18

PRÁTICA PEDAGÓGICA PARA A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: FOCO EM

CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
RESUMO ANGE REGINA EBELING

AFRODESCENDENTES E SUA INFLUÊNCIA NA CULTURA


BRASILEIRA
Combatendo o racismo na Educação Básica

Se há mais de uma década o ensino da Ciências da Religião e da cultura afro-brasileira ocupa


um espaço a ser respeitado no currículo das escolas, isso se deve à luta do movimento negro
que vem defendendo a inclusão de temas sobre o reconhecimento da população negra como
um dos pilares fundamentais para a formação do Brasil. Impulsionado pela Lei 10.639, que, a
partir de 2003, não só tornou obrigatória a presença desse conteúdo em todas as instituições
de ensino, como fixou a permanência da comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra
no calendário escolar, tal iniciativa, embora represente conquistas e avanços, ainda esbarra em
obstáculos após dez anos. O Objetivo de estudo é compreender a importância do negro e suas
contribuições na cultura brasileira e combater o racismo dentro de nossas escolas. Este
trabalho de pesquisa trará uma reflexão sobre o preconceito étnico racial e quais mudanças
vem sendo feitas dentro do ambiente escolar. O texto inicia com uma introdução a seguir um
breve histórico sobre a cultura africana, trará alguns métodos a serem aplicados na escola
para trabalhar a valorização dos afrodescendentes e o respeito as diferenças, a pesquisa
realizado será de abordagem qualitativa, de cunho explorativo e no por fim traz resultados e
discussões acerca do tema proposto.

Palavras-chave: Cultura afro-brasileira; Respeito; Valorização;

1. INTRODUÇÃO

Durante todo o século XX e início do século XXI as lutas pela igualdade étnico-racial
e também pelo respeito à diversidade têm sido constantes. Todavia, o predomínio de atitudes
e convenções sociais discriminatórias, em todas as sociedades, ainda é uma realidade tão
persistente quanto naturalizada.
Esse trabalho acadêmico do Centro Universitário CIDADE VERDE tem como
objetivos compreender como os escravos africanos e seus descendentes crioulos e mestiços
influenciaram em profundidade a formação cultural do País, desde a época em que este era
América portuguesa. Raros serão os aspectos de nossa cultura que não tenham sido moldados
com a ajuda da mão e da inteligência africanas e afro-brasileiras.
Na religião, música, dança, alimentação, língua, temos a influência negra, apesar da
repressão que sofreram as suas manifestações culturais mais cotidianas. E ainda perceber a
existência do preconceito, do racismo e da discriminação em relação aos negros na sociedade
brasileira, conscientizando-se da necessidade de transformar esta realidade para que a Lei nº
10.639/03, seja aplicada de fato na rede escolar brasileira.
Para Rocha (2008, p.57):

Ao introduzir os conteúdos relativos à cultura afro brasileira e à historia da África, a Lei


10.638/03 desloca a perspectiva adotada, ate em tão, mas representação sobre o Brasil e
sobre a sua formação, transformado em conteúdo didático. Tradicionalmente, o ensino
brasileiro adota a formação brasileira como um desdobramento lógico e consequente da
historia europeia, ou seja, após rápida referencia às sociedades antigas, como a egípcia e a
mesopotâmica, os alunos eram levados a ver a sociedade ocidental, desde a conformação do
mundo Greco-romano, na Europa como a matriz cultural brasileira.

A Lei nº 10.639, de 2003, trata da obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Africana e


Afro-brasileira determina que a História da África seja tratada em perspectiva positiva, e que
possa fazer parte dos conteúdos . As marcas da cultura de raiz africana devem ser ressaltadas
particularmente em Arte, Literatura e História do Brasil. E mais, os professores precisam
valorizar a identidade negra e serem capacitados para desconstruir. Busca-se com esse estudo
entender melhor sobre o racismo e a discriminação, bem como entender a cultura africana e
afro-brasileira, podendo, assim, assimilar o conteúdo por meio da exposição de suas ideias e
compreender com maior facilidade o assunto. Temos por objetivo perceber a existência do
preconceito, do racismo e da discriminação em relação aos negros na sociedade brasileira,
conscientizando-se da necessidade de transformar esta realidade para que a Lei nº 10.639/03,
seja aplicada de fato na rede escolar brasileira.

CULTURA AFRICANA

Ao tecer uma análise sobre a História do Brasil, percebe-se a estreita relação entre a
exploração do território e a exploração que os portugueses exerceram sobre os índios e mais
tarde sobre a diáspora africana. “O número de africanos trazidos entre o século 16 e meados
do século 19 são estimados para mais de 11 milhões de homens, mulheres e crianças que
foram transportados para as Américas” (ALBUQUERQUE; FRAGA FILHO, 2006, p. 39).
No entanto, o tráfico e a escravidão dos povos negros não ocorreram sem recusa e repressão.
As resistências e lutas dos povos africanos ocorreram pelas mais variadas formas
(LOUREIRO, 2004).
Segundo Santos (2012) os povos africanos que vieram trabalhar nas lavouras,
engenhos e minas de extração de ouro trouxeram suas tradições, línguas, valores, deuses e
crenças mesmo sofrendo pressões por parte da Igreja e senhores de escravos encontraram
estratégias para aproximar suas divindades e reelaborar seus mitos e sistemas religiosos. Suas
crenças subsistiram por meio de batuques, que para os senhores de escravos eram
divertimentos necessários para manter a paz na senzala. O mesmo alega que houve algumas
mudanças nas últimas décadas, mas que ainda existem preconceitos que descaracterizam a
religião afrobrasileira, o que precisa ser desconstruído e banido.
Destaca-se nesse contexto a Lei 10.639/03) que obriga o ensino da História da África e
da Cultura Africana e afro-brasileira nas escolas públicas e privadas (SANTOS 2012). O autor
ainda destaca que a cultura africana é um conjunto de manifestações artísticas produzidas
pelos povos da África subsaariana ao longo da história. Suas músicas como os sambas
originários dos sambas angolanos e danças de umbigadas congolesas utilizando barris,
colheres e pedaços de madeira ou 11 chifres que faziam adaptações visto que os instrumentos
eram considerados caros á produção musical africana.

O ensino da história proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais tem como finalidade
viabilizar o desenvolvimento do pensamento crítico, ajuda o educando a dar sentido ao mundo
que o rodeia e as experiências pessoais, a ampliar, a imaginação, a sensibilidade, e a
capacidade reflexiva. Conhecendo outras culturas, o aluno poderá perceber a relatividade
dos valores que estão enraizados nos seus modos de pensar e agir, que pode criar um campo
de sentido para a valorização do que lhe é próprio e favorecer a riqueza e a diversidade da
imaginação humana (PCN, 2001, Vol. 6, p.19). O conhecimento é fundamental para
humanização de um povo, cabe a escola o papel de desempenhar sua função no processo de
disseminar a história, arte e cultura africana e afro-brasileira.
As culturas africanas tiveram grande influência na formação cultural brasileira e a
diversidade de origem dos africanos escravizados no Brasil reflete diretamente a variedade de
povos existentes na África.
A maior parte destas populações era de origem Bantos, Nagôs e Jejes, Hauçás e Malês.
Muitos são os aspectos culturais que sofreram influência africana no país, entretanto,
podemos destacar:
 O candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto aos orixás, da qual surge a
umbanda.
Fonte: https://www.estudopratico.com.br/religioes-afro-brasileiras-origem-caracteristicas-e-
curiosidades/

 Temperos e pratos típicos, como o vatapá, o caruru e o acarajé.

Fonte: https://negraemovimento.com.br/2018/11/29/cultura-negra-pratos-brasileiros-influencia-africana/

Na área musical, os ritmos africanos estão em quase todos os estilos brasileiros:


maxixe, samba, choro, bossa-nova.
Fonte: https://portaldozacarias.com.br/site/noticia/Ruas-de-Manaus-recebem-projecao-multimidia-para-
homenagear-cultura-afrodescendente/

Na dança, o samba é a expressão maior da cultura afro descendente. Os pulsantes sons


da África influenciaram muito a música popular brasileira. Os batuques, que no continente
fazem parte de cerimônias religiosas e festividades, deram origem ao maxixe, maracatu,
samba, choro e à aclamada bossa nova.
Fonte: http://www.palmares.gov.br/?page_id=34089

Junto ao berimbau da capoeira, também há outros instrumentos brasileiros com raiz


africana. A maioria é de percussão, como o tambor, atabaque, cuíca, afoxé, agogô, maracás,
marimba e alguns tipos de flauta.

Fonte:https://folhadolitoral.com.br/turismo/conheca-a-rota-das-tradicoes-e-cultura-africana-no-brasil/#

Muitas das chamadas artes tradicionais da África estão sendo ainda trabalhadas,
entalhadas e usadas dentro de contextos tradicionais. Mas, como em todos os períodos da arte,
importantes inovações também têm sido assimiladas, havendo uma coexistência dos estilos e
modos de expressão já estabelecidos com essas inovações que surgem. Confira algumas
fotografias de arte africana.

Fonte : htps://historiasdopovonegro.wordpress.com/talento/maos-negras/
Fonte: http://www.ehowenespanol.com/historia-mascaras-africanas-arcilla-sobre_355159/
Fonte: https://cultura.culturamix.com/regional/africa/cultura-africana

Segundo Vaz (2014), as relações entre o continente africano e o Brasil aconteceram


intensamente por mais de três séculos. Mas, por várias razões, com o fim do tráfico de
africanos, houve significativas mudanças na dinâmica desse vínculo.
Ainda que a história da chegada dos lusitanos tenha sido, durante anos, mal contada
nos diversos livros de história e nas salas de aulas, segundo o autor, havia estudos que se
ocupavam de apontar a importância da contribuição do africano na cultura brasileira. E, na
contemporaneidade, existe, por parte de alguns pesquisadores, um interesse de resgatar tal
discussão, consolidando algumas observações anteriores.
Sob o aspecto legal, somos orientados a incentivar os estudantes a:

[...] valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como


aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer
discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo,
de etnia ou outras características individuais e sociais [...] (PCN, p. 7).

No entanto mais importante do que a lei, deve-se criar situações que desvendem a
contribuição do povo africano para a cultura brasileira, a fim de que os estudantes, além de
compreenderem essa importância, disseminem essa verdade incontestável, repeitem e
aceitem-na.

A história da África é muito maior do que aquilo que foi ensinado por anos. Abaixo
mostra a fotografia de um livro que pretende explorar algumas dessas histórias, dando
especial atenção para as sociedades africanas que estiveram diretamente relacionadas à
história brasileira.
Fonte: foto da autora

RACISMO E DISCRIMINAÇÃO AFRODESCENDENTE

Na esfera do direito, a Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as formas


de Discriminação Racial, de 1966, em seu artigo 1º, conceitua discriminação como sendo:

Qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada em raça, cor descendência ou


origem nacional ou étnica que tenha o propósito ou o efeito de anular ou prejudicar
o reconhecimento, gozo ou exercício em pé de igualdade de direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em
qualquer outro domínio da vida pública.

Deve-se destacar que os termos discriminação e preconceito não se confundem, apesar


de que a discriminação tenha muitas vezes sua origem no simples preconceito. Ivair Augusto
Alves dos Santos (1996, p.17 ) afirma que o preconceito não pode ser tomado como sinônimo
de discriminação, pois esta é fruto daquele, ou seja, a discriminação pode ser provocada e
motivada por preconceito. Diz ainda que:

Discriminação é um conceito mais amplo e dinâmico do que o preconceito. Ambos


têm agentes diversos: a discriminação pode ser provocada por indivíduos e por
instituições e o preconceito, só pelo indivíduo. A discriminação possibilita que o
enfoque seja do agente discriminador para o objeto da discriminação. Enquanto o
preconceito é avaliado sob o ponto de vista do portador, a discriminação pode ser
analisada sob a óptica do receptor. SANTOS, Ivair Augusto Alves dos.
Discriminação: Uma Questão de Direitos Humanos. In 50 Anos Depois: Relações
Raciais e Grupos Socialmente Segregados. Brasília: Movimento Nacional de
Direitos Humanos, 1999).
Na década de 90 o Governo Brasileiro, durante o mandato de Fernando Henrique
Cardoso, reconheceu publicamente a existência do racismo no país, acatando parte das
reivindicações e confirmando antigo apontamento e constatação, tanto por parte do
Movimento Negro (MN) quanto de pesquisadores da área de Educação e Relações Étnico-
Raciais, que uma educação fundada em uma visão eurocêntrica do mundo perpetua a
discriminação racial e fere a auto-estima das pessoas que não se sentem contempladas e
portanto não encontram identificação no ambiente escolar.

A inclusão da temática da História e Cultura Africana e Afrodescendente é resultado


de um processo de reivindicações e lutas por parte do MN. Existem registros sobre as
discussões do MN no campo da educação com a temática étnico racial no ambiente escolar já
em 1948. Em 1954, Guiomar Mattos indicava em seus textos os problemas gerados com o
preconceito nos livros infantis.

A partir dos anos 70 o MN e o Movimento de Mulheres Negras (MMN) atuam de


maneira mais incisiva para tentar influenciar mudanças no âmbito do sistema educacional e
luta para incluir a história do negro no currículo escolar. Essa atuação culmina em 1995 com a
Marcha Zumbi dos Palmares, quando 30 mil pessoas foram para Brasília e entregaram um
documento pleiteando à presidência da República políticas para combater a desigualdade.

Mesmo após 130 anos do fim da escravidão, ainda não fizemos da Educação
um caminho para eliminar a desigualdade entre brancos e negros no Brasil. O acesso à
Educação de qualidade é um direito de todos os brasileiros mas, na prática, sabemos que
isso não acontece. Após 130 anos da abolição da escravidão no Brasil, a desigualdade
racial ainda persiste na nossa sociedade e, portanto, também dentro da escola pública.
Basta olhar os dados do Ensino Básico, onde se vê um cenário preocupante para a
juventude negra.
Segundo Nogueira (2006, p. 296);

No Brasil, a intensidade do preconceito varia em proporção direta aos traços


negróides, e tal preconceito não é incompatível com os mais fortes laços de amizade
ou com manifestações incontestáveis de solidariedade e simpatia. Os traços
negróides, especialmente numa pessoa por quem se tem amizade, simpatia ou
deferência, causam pesar, do mesmo modo por que o causaria um “defeito” físico.
(...)

O preconceito no Brasil segregaciona um determinado grupo, isso é acarretado por


uma ideologia que prega a supremacia de um povo, de uma raça, ou mesmo de uma cultura
sobre outras, expressando-se de diversas maneiras: em nível cultural, religioso, biológico. Na
concepção de valores, e em nível institucional, legalizado.

Nogueira aponta que no Brasil acontece uma forma velada de preconceito, no intuito
de vislumbrar um igualitarismo racial, onde acaba por assumir um “caráter de atentado contra
um valor social que conta com o consenso de quase toda a sociedade brasileira, sendo por isso
evitada”.Dentro dessa proposta de resgatar e valorizar os aspectos da cultura afrobrasileira e a
fricana, o autor COUTINHO (1996, p. 382) estabelece que:

O multiculturalismo que postulamos para o Brasil tem como ethos


democracia Multicultural, forma avançada da democracia racial, a qual
busca um maior equilíbrio de poder e riqueza entre etnias e culturas, aí
incluindo o direito e o respeito à diversidade cultural dos grupos humanos
em busca da cidadania.” Visitar a África, berço de nossos ancestrais
tornasse extremamente
relevante para se compreender estruturas sociais, culturais e religiosas de
outros povos, ou seja, reconhecer a alteridade com objetivo de romper a visão
eurocêntrica tão presente nos livros didáticos e nas práticas do professor.

Anterior à orientação dos PCN, a cultura afro era invisível nos currículos escolares, e
apenas era revisitada quanto elemento do folclore brasileiro, durante o mês de agosto. Porém,
essa utilização longe de valorizar a cultura daquele continente, salientava, não raro, aspectos
reducionistas que a marginalizava.

Quase metade dos homens negros, de 19 a 24 anos, não concluíram o ensino médio,
diz o IBGE. Entre mulheres negras, índice chega a ser de 33%. Para especialistas, abandono
escolar tem raízes sociais

Quase metade dos jovens negros, de 19 a 24 anos, não conseguiram concluir o ensino
médio. De acordo com dados do IBGE de 2018, enquanto o índice de evasão escolar chega a
ser de 44,2% entre os homens, um recorte de gênero e raça revela ainda que sobre as mulheres
negras, da mesma faixa etária, o abandono escolar é uma realidade para 33% das jovens. Ao
Seu Jornal, da TVT, especialistas analisam que a exclusão escolar, cuja a média geral já é alta,
ao atingir principalmente a população negra, revela raízes sociais. Evasão escolar é maior
entre jovens negros. ‘É a violência do racismo’
Fonte: http://sinprominas.org.br/noticias/evasao-escolar-e-maior-entre-jovens-negros-e-a-violencia-do-racismo/

2.2 ATITUDES SIMPLES PARA COMBATER O RACISMO NA ESCOLA

Compartilhar tradições culturais e pessoais e outras características que tornam os


indivíduos únicos. Abaixo algumas dicas eficazes para desenvolver o respeito a diversidade
cultural na escola, de forma a impedir problemas como o racismo no dia a dia:

 Leve diversidade cultural para a sala;

 Integre “adereços” multissensoriais em lições para aprofundar o aprendizado sobre


uma variedade de culturas;

 Uma coisa é aprender sobre países da África a partir de um livro de estudos sociais.
Outra é permitir que os alunos vejam, ouçam, sintam e conheçam itens interessantes,
como música, palavras e dialetos, contos populares, histórias pessoais de imigrantes,
instrumentos musicais, obras de arte, artesanato, alimentos, fotografias, tecidos e joias;

 Exponha os alunos a uma variedade de pessoas e ambientes. Quebrar barreiras começa


com conhecer pessoas e passar tempo com elas. Se a escola puder administrar uma
viagem de campo fora do local, experimente uma feira étnica ou um festival, uma
vizinhança ou um restaurante étnico. Antes, faça as crianças lerem ou pesquisarem
sobre as culturas que serão exploradas durante a viagem de campo;

 Levar oradores negros e que possam abordar o assunto delicadamente com as crianças
também pode ser uma opção. Peça aos alunos que preparem as perguntas com
antecedência;

 Até mesmo funcionários da escola e alunos podem atuar como palestrantes. Visitas a
museus locais também são ótimos lugares de aprendizagem;

 Artefatos, obras de arte e outros tesouros culturais são excelentes exemplos históricos
para os estudantes entenderem a importância de combater o racismo e a aprenderam o
valor da diversidade;

 Garanta que a aprendizagem cultural vá além das comemorações;

 Festas, comidas e artes negras são importantes, mas não deixe de se aprofundar no
assunto para ajudar as crianças a entenderem as experiências do dia a dia;

 Aproxime-os de personalidades históricas e eventos que marcaram sobre a luta racial


no Brasil e no mundo;

 Para os alunos maiores, discuta como etnia, religião, cultura, geografia e status
socioeconômico se cruzam, resultando em experiências de vida muito diferentes para
diferentes grupos de pesso;

 Implemente lições explícitas sobre racismo e resolução de conflitos;

 Ensine sobre justiça social;

 Ensine sobre o trabalho de organizações e movimentos que trabalham para promover a


tolerância e a compreensão em todo o mundo;

 Discuta opções de carreira que envolvam esse tipo de trabalho. Envolva as crianças
em todo o trabalho escolar e social da justiça social;

 Assim como o bullying, o racismo é um ato que é muito comum em ambientes


escolares e que pode ser combatido com um bom trabalho social;
 A imersão de todos os envolvidos, desde os pais e familiares aos funcionários da
escola e da comunidade local resulta em um belo trabalho de conscientização;

Fonte: https://tribunahoje.com/noticias/economia/2016/12/02/ibge-negros-sao-17-dos-mais-ricos-e-tres-quartos-
da-populacao-mais-pobre/

Essas sugestões levarão a novos olhares sociais, valorização da autoestima de crianças


negras, na escola e a reconhecer os comportamentos desiguais, os preconceitos e a enxergar
que as coisas podem ser diferentes. É um assunto difícil e que muitas vezes não é aprofundado
nas escola, mas que os pais e professores devem sempre se empenhar em levar até os seus
alunos.

METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos necessários à realização da pesquisa proposta partem


da abordagem qualitativa, permitindo descrever, analisar, objetivando compreender
efetivamente a importância do negro e suas contribuições na cultura brasileira e combater o
racismo dentro de nossas escolas, essa pesquisa aproximou o pesquisador na educação étnico-
racial, verificando a necessidade da reflexão e aprofundamento sobre essa temática.
Consideramos neste contexto que os negros lutaram e resistiram ao processo de escravização,
as suas lutas e formas de resistência foram transformando-se durante todo o período histórico
que culminou com a articulação de novos instrumentos de luta nos últimos anos, sendo
ressaltados avanços significativos em busca de reconhecimento e valorização de história e
cultura afro-brasileira, alcançando resultados nas articulações políticas que culminaram com
os encaminhamentos direcionados a educação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta pesquisa realizada para o curso de Formação Pedagógica em Ciêencias da


Religião do Centro Universitario CIDADE VERDE, percebemos que com muita dificuldade,
os negros africanos trazidos como escravos procuraram manter seus valores culturais e
preservar suas tradições culturais. Essa cultura dos africanos foi trazida para o Brasil há
muitos anos pelos escravos vindos de diversas regiões da África.
Com o passar do tempo, a população de descendência africana se expandiu e as
relações sociais entre os diferentes povos transformaram o país em um território mestiço e
rico em diversidade cultural. Assim, herdamos desse povo sua cultura, que se transformou e
se adaptou à convivência com outras esferas culturais, como a indígena e a europeia. Mesmo
com essa valiosa contribuição cultural se fez necessário a presença de uma Lei que reconhece
a importância desses povos respeitando seus costumes, crenças, religião e culturas como
cidadãos de deveres e direitos. Em janeiro de 2003 foi promulgada a Lei 10.639,
estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana em
todo ensino regular e mais especificamente a partir da séries iniciais do ensino fundamental.
É na educação que encontramos o instrumento primordial para fazer o resgate
desses povos até então esquecidos. Daqueles que foram trazidos de suas cidades de origem a
força para outros lugares, onde foram impostos a aceitar a forma de viver dos colonizadores,
uma vida de intensos trabalhados, maus tratos. Mas mesmo com tanto sofrimento e
discriminação isso não foi o suficiente para que eles esquecessem quem eram.

Neste contexto verificamos que é possível desenvolver um trabalho significativo


voltado para a temática, a história africana traz a cultura de um povo desvalorizado, diante
da sua contribuição nas artes plásticas, danças, literaturas,culinária, religião e bem como em
todas as suas manifestações culturais.

Portanto, a diversidade das culturas africanas é um conteúdo que deve ser estimulado
nas instituições de ensino como caminho para evitar conceitos homogeneizantes e redutores
afinal toda a formação cultural do Brasil é fusão de etnias que juntas criaram uma nação
específica, particular. Nesse sentido, não reconhecer, discriminar ou encobrir o aporte
africano na cultura brasileira é incorrer em um erro irreparável. Cabe à escola desmistificar a
visão eurocêntrica que a sociedade tem do africano e afrodescendente, revelando as razões do
preconceito e distinguindo os diversos traços culturais existentes na cultura brasileira.

São visíveis os avanços ocorridos devido às políticas que pretendem promover a


igualdade racial. Porém, ainda fica evidente a necessidade ampliação de medidas ao combate
à desigualdade. Além dos projetos já em vigor, o governo deve investir no ensino
fundamental público, no qual a maioria dos alunos é negra. As escolas e a mídia devem
conscientizar as pessoas sobre a igualdade entre as raças, a fim de promover a integração das
minorias à sociedade.

Propor uma educação voltada para a diversidade , desafia nos educadores a estar
atentos às diferenças econômicas, sociais e raciais e de buscar o domínio de um saber crítico
que permita interpretá-las.

Pensar em uma proposta educacional voltada a combater o racismo dentro das escolas,
será preciso rever o saber escolar e também investir na formação do educador, possibilitando-
lhe uma formação teórica diferenciada da eurocêntrica. A escola terá o dever de dialogar com
tais culturas e reconhecer o pluralismo cultural brasileiro.

Talvez pensar o multiculturalismo fosse um dos caminhos para combater os


preconceitos e discriminações ligados à etnia, ao gênero, às deficiências , à idade e à cultura,
constituindo assim uma nova ideologia para a sociedade, nas quais as marcas identitárias,
como cor da pele, modos de falar, diversidade religiosa, fazem a diferença em nossa
sociedade. A diferença para combater o preconceito terá avanços significativos pois a escola é
uma grande formadora de opinião.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR-6023. Informação e


documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ALBUQUERQUE, Wlamyra R.; FILHO, Walter Fraga. Uma história do negro no


Brasil. Salvador: Centro deEstudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares. p.
39, 2006.

BENJAMIN, Roberto. A África Está em Nós – Historia e cultura afro-brasileira. João


Pessoa: Editora Grafset, 2006.

BRASIL. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais – Documento Introdutório. Versão


Preliminar. Brasília: MEC/SEF, nov., 1995.

BRASIL. Lei n 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de


1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-
Brasileira", e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm>. Acesso em: 01/12/2019.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em: 30/11/2019.

COUTINHO, José Maria. Por uma educação multicultural: uma alternativa de


cidadania para o século XXI. Caxambú, MG, 1996.

FERRO, Marc. História das Colonizações. São Paulo: Companhia das letras, 1996 PAIXÃO,
Marcelo, CARVANI, Luiz M. (Orgs.). Relatório anual das desigualdades raciais no Brasil;
2007-2008. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.

https://www.geledes.org.br/conheca-atitudes-simples-para-combater-o-racismo-na-
escola/acessado em >> 30/11/2019<<.

https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-papel-escola-na-desconstrucao-racismo-
preconceito/acessado em >> 28/11/2019<<

LOUREIRO, Stefânie Arca Garrido. Identidade étnica em re-construção. A ressignificação


da identidade étnica de adolescentes negros em dinâmica de grupo, na perspectiva
existencial humanista. Belo Horizonte: O Lutador, 2004.

NOGUEIRA, Isildinha Baptista. Ninguém foge da própria história: entrevista. In: SILVA,
Maria Lucia; ALMUDI, Maria de Lourdes Araújo; REGINALDO, Fabiane da Silva. Os
efeitos psicossociais do racismo. São Paulo: Instituto Amma Psique e Negritude; Imprensa
Oficial, 2008.
ROCHA, L. M. da F anca. A Escola Normal na Província da Bahia. As Escolas
Normais no Brasil: do Império à R e pública. Campinas, SP : Editora Alínea, 2008.

SANTOS, André de Oliveira. Batuques e Samba: afirmações da identidade afro-


brasileira. In: FELINTO, Renata (Org.). Culturas Africanas e Afro-Brasileiras em sala de
aula: saberes para os professores, fazeres para os alunos. Belo Horizonte, MG: Fino
Traço, 2012.

Santos, Ivair Augusto Alves dos. Direitos humanos e as práticas de racismo / Ivair
Augusto Alves dos Santos [recurso eletrônico]. – Brasília : Câmara dos Deputados,
Edições Câmara, 1996.

Vaz, C. F. (2014). A representação social da África e dos africanos.


Dissertação demestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.

Você também pode gostar