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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO- PEDAGÓGICA TURMA PDE 2016

Título: O BRASIL E SUAS/NOSSAS AFRICANIDADES

Autora: EDNA COELHO BOLONHA


Disciplina: História

Escola De Implementação do Projeto e Colégio Estadual Humberto De Campos –


sua Localização: EFEM – Atalaia – Pr

Município da Escola Atalaia

Núcleo Regional De Educação Maringá

Professor Orientador Hudson Siqueira Amaro

Instituição De Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá - UEM

Relação Interdisciplinar Geografia , Arte

Resumo: Este trabalho tem por objetivo conhecer e


valorizar a história dos povos africanos e a
cultura afrodescendente e sua importância
na construção histórica e cultural do país. É
de fundamental relevância tratar sobre essa
temática e propor discussão e reflexão, pois
é preciso que os alunos conheçam,
veridicamente, a formação da cultura
brasileira e, consequentemente, com o
intuito de lutar contra o preconceito e o
racismo na sociedade brasileira. Visto que a
Cultura Afro-brasileira insere-se no
currículo escolar na forma de
reconhecimento das fortes e benéficas
influências que a cultura africana exerce
sobre a constituição da história, da cultura e
dos costumes, sendo um dos pilares
fundamentais para a formação do Brasil. As
ações propostas fundamentam-se em
estudo de literatura africana e práticas
artísticas que servirão de suportes didáticos
para a implementação e logo, assimilação
do conteúdo de história, a fim de
compreender a gênese da formação da
cultura afro-brasileira, assim como realizar
práticas educativas, conscientes de sua
função social, na qual, refletem sobre a
dimensão das relações humanas com
abordagens das relações étnico-raciais,
com o intuito de minimizar práticas
institucionais discriminatórias e
preconceituosas que acontecem dentro do
espaço escolar, fomentando um ensino
voltado para a diversidade racial, respeitada
e valorizada.

Palavras – Chave PDE; HISTÓRIA; BRASIL; NEGROS.


Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público: Alunos do 6º ano – Ensino Fundamental


INTRODUÇÃO

O ensino da disciplina de História abordando a Cultura Afro-brasileira insere-se no


currículo escolar na forma de reconhecimento das fortes e benéficas influências que a cultura
africana exerce sobre a constituição da história, da cultura e dos costumes, sendo um dos
pilares fundamentais para a formação do Brasil.
É legitimo ampliar esse tema na disciplina de História e colocar para discussão e
reflexão, visto que para tal reconhecimento é preciso que os alunos conheçam, veridicamente,
a formação da cultura brasileira e, consequentemente, com o intuito de lutar contra o
preconceito e o racismo na sociedade brasileira.
Por meio da Lei 10.639, de 2003, não só se tornou obrigatória a presença desse
conteúdo em todas as instituições de ensino, como fixou a permanência da comemoração do
Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. Sendo assim, compreender o
processo de formação da cultura Afro-brasileira é fundamental para a valorização da riqueza
da diversidade cultural em um país amplamente miscigenado.
Este estudo visa enfatizar a importância do porquê dos alunos estudarem História
considerada, muitas vezes, como um mero passado compreendendo a relevância da figura
do negro, assim como a História da África e a História afro-brasileira, visto que essa contem
enraizamentos que permeiam completamente a formação da nossa cultura hoje. Por meio
dessas abordagens das relações étnico-raciais, há ainda o intuito de minimizar, e até em longo
prazo, erradicar práticas institucionais discriminatórias e preconceituosas que
frequentemente, acontecem dentro do espaço escolar.
Dessa forma, essa proposta do ensino de história permeia pela ênfase na Arte e na
Literatura africana como recursos da metodologia adotada que se desenvolverá por meio de
unidades que abordam oficinas de estudo de literatura africana e práticas artísticas que
servirão de suportes didáticos para a implementação e logo, assimilação do conteúdo de
História, a fim de compreender a gênese da formação da cultura afro-brasileira, assim como
realizar práticas educativas, conscientes de sua função social, na qual, refletem sobre a
dimensão das relações humanas com um ensino voltado para a diversidade respeitada e
valorizada.
APRESENTAÇÃO

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou


por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam
aprender, e se elas podem aprender a odiar, podem ser ensinadas
a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano
do que o oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser
oculta, jamais extinta”.

(Nelson Mandela)

1. OBJETIVOS

1.1 OBJETIVO GERAL

 Conhecer e valorizar a história dos povos africanos e a cultura afrodescendente e sua


importância na construção histórica e cultural do país.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Traçar uma linha do tempo referente à chegada dos navios negreiros após o
descobrimento do Brasil;
 Identificar o trabalho escravo no Brasil e as diversas atividades econômicas desse
período;
 Apresentar o significado do “13 de maio” e das “leis de libertação”;
 Fazer uma pesquisa sobre as principais características da cultura afrodescendentes;
 Assistir o filme Xadrez das cores, para debater e identificar atitudes racistas e
preconceituosas no cotidiano;
 Desenvolver questionamentos acerca do preconceito étnico-racial que ocorre na escola
e na sociedade;
 Refletir sobre algumas composições musicais que expressam a cultura afro;
 Dramatizar casos reais de discriminação para reflexão em sala de aula;
 Analisar reportagens e imagens que aparecem na mídia e que demonstram atitudes de
preconceito/racismo;
 Produzir artefatos artísticos que visem a reflexão sobre a importância das influências
africanas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Brasil possui uma grande diversidade cultural, possuindo marcas desde a cultura
indígena, perpassando pela cultura dos portugueses que aqui chegaram para a colonização
desta terra recém descoberta, a dos povos africanos trazidos para trabalharem na condição
de escravos e de tantos outros povos que aqui foram chegando, quer seja com único fim da
exploração, ou para aqui encontrar uma nova possibilidade de vida. Na sua maioria, as
culturas aqui presentes sempre tiveram grande destaque.
Porém, outras como a indígena e a africana dependeram de legislação específica para
poderem ser destacadas dentro do currículo das escolas brasileiras, conforme Lei
10.639/2003, que reafirmou, a importância tanto do estudo da História da África e afro-
brasileira, como do dia 20 de novembro, dedicado à “Consciência Negra” dentro dos
calendários escolares da rede estadual de ensino. Anos depois, a Lei 11.645/2008, alterou a
legislação anterior, destacando que nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio,
públicos e privados, tornava- se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e
indígena. Como apontado na legislação:

Diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira,


a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a
luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e
o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social,
econômica e política, pertinentes à história do Brasil (BRASIL, 2008).

As políticas públicas brasileiras podem abrir caminhos para a construção de uma


história mais significativa, na qual índios e negros possam ser valorizados e ter assegurado o
respeito a diversidade cultural. Porém a luta continua, no sentido de fazer com que essas leis
sejam cumpridas, de forma que o conteúdo curricular tenha novas abordagens, pautadas no
conhecimento e na valorização da diversidade étnica e cultural do povo brasileiro.
Vale destacar que em relação à cultura africana, fica claro que a contribuição desses
povos à nossa cultura se faz presente na culinária, dança, religião, música e língua e
principalmente na arte. A formação da identidade cultural afro-brasileira advém dos escravos
que se originavam das diversas regiões do continente africano, a partir do tráfico negreiro,
quando milhares de pessoas são obrigadas a deixarem seu País de origem e são trazidos ao
Brasil para trabalharem na condição de escravos.
No espaço dos navios negreiros, os cativos eram acomodados, seminus, geralmente
acorrentados e algemados cuja alimentação era farinha e água, bastante precária em termos
de nutrientes. Perdia-se, portanto, aproximadamente um terço dos cativos durante uma
travessia de dois meses e meio a três meses. Conforme salienta Conrad (1985):

A alta mortalidade no mar era resultado de um largo diferencial entre a compra dos escravos na
África e seu preço de venda no Brasil. Certos custos de viagem, tais como o uso do navio e
despesas com a tripulação, eram inalteráveis qualquer que fosse a carga e as únicas despesas
adicionais resultantes do excesso de carga eram os gastos com os próprios escravos e um
acréscimo no custo da manutenção (p.63).

Vale ressaltar que o escravo africano era um elemento de suma importância no campo
econômico do período colonial sendo considerado "as mãos e os pés dos senhores de
engenho porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem
ter engenho corrente" (ANTONIL, 1982, p.89). Contudo, a contribuição africana no período
colonial foi muito além do campo econômico, uma vez que, os escravos souberem reviver
suas culturas de origem e recriarem novas práticas culturais através do contato com outras
culturas.
É importante salientar que não houve uma homogeneidade cultural praticada pelos
negros africanos, visto que imperava uma heterogeneidade favorecida pelas origens distintas
dos africanos, que apesar de oriundos do continente africano, geralmente os escravos
apresentavam uma prática cultural diferenciada em alguns aspectos devido à região que
pertenciam, pois, a África caracteriza-se em um continente dividido em países com línguas e
culturas diversas.
O continente africano é cheio de mistérios e curiosidades, com relevância para a
História da Humanidade, uma vez que de forma científica, o homem é oriundo da África. Para,
Ferreira (1997) fica evidente que as produções artísticas dos diversos povos africanos, são
das mais antigas do mundo, que se originam desde as pinturas rupestre produzidas
aproximadamente no primeiro milênio a.C. Esse tipo de arte possui características que lhes
são próprias. A obra aparece como um bem coletivo útil e sagrado, no qual está inserido o
cotidiano das pessoas que a produzem, onde o “belo” deve ser apreciado por todos e não por
um grupo seleto, como acontece na sociedade ocidental.
Apesar de toda essa riqueza, a arte africana esteve adormecida no interior das escolas
brasileiras, a figura do negro foi, por muitos anos, passada para os alunos como algo folclórico,
só lembrando no dia 13 de maio.
Ao refletir sobre esse marco na nossa história podemos considerar, segundo Fausto
(2002, p.35), que a: “A abolição da escravatura representou um avanço, mas também deixou
muitos problemas, porque não levou em conta a inclusão do negro, como cidadão, na
sociedade brasileira”. Cardoso (2010, p. 26) afirma ser: “o caráter multidimensional da herança
escravista para a sociedade capitalista um argumento, ainda que mais geral, sobre as
condições de reprodução da desigualdade social no Brasil”.
Foi no centenário da abolição, que essa data não foi comemorada, pois analisando os
fatos históricos percebe-se que o dia 13 de maio de 1988, em nada modificou a realidade dos
agora, homens livres, uma vez que o preconceito já se instalava no período pós escravatura.
De acordo com Gorender (1990), antes de submetê-lo a critérios analíticos, podemos
considerar este repúdio um julgamento contemporâneo do fato histórico. É o passado visto
pela consciência social da atualidade. Discriminação racial e pobreza dos dias de hoje se
constituíram em critérios historiográficos e conduziram a concluir que a abolição não se
realizou – mero engano, a Lei Áurea proclamou o que não houve. As comemorações oficiais
ficaram apagadas e depreciadas pelos protestos dos movimentos negros nas ruas.
Dentro desse contexto, torna-se necessário o resgate da história e da cultura negra,
que não interessa apenas aos alunos afrodescendentes, mas a todos que sentam nos bancos
escolares para conhecer a história do país e dentro dela, a veracidade dos fatos ocorridos, e
que ao aprender, possa-se dar visibilidade e sentimento de pertença. Sendo a escola espaço
próprio para tais discussões, não se pode fugir desse legado.
Por todo o processo de colonização e pela extensão territorial, o Brasil possui uma
grande diversificação cultural e por isso tem-se várias influências africanas dentro dos
aspectos artísticos como os já pontuados no texto e pouco conhecidas e estudadas por nossos
alunos, ou quando estudadas, servem como confecção de materiais nas aulas de Arte para
serem expostos no dia da Consciência Negra, sem que haja uma reflexão crítica e histórica
do que representa de fato o objeto, que para muitos alunos é algo apenas artesanal,
desconhecendo o valor histórico/cultural.
Para a conscientização é necessário perceber essa influência cultural dos africanos no
Brasil, observando-se que nas trocas culturais ocorridas há muito tempo durante o período
colonial brasileiro que contribuiu para a formação de uma cultura diversificada e bastante rica.
Assim, a arte africana chegou ao nosso país e esses elementos artísticos, foram se misturando
com os outros elementos já presentes nas culturas indígenas e portuguesas, para gerar novos
componentes de uma arte afro-brasileira.
A música brasileira teve grande influência dentro das artes plásticas, da dança e da
literatura que o Brasil e das diversas possibilidades de vários contatos com a cultura vinda da
África. Para Ramos e Tommasi (2009):

A música africana foi levada com os escravos a outros continentes e se espalhou


pelo mundo definitivamente após o período de escravidão e extrapolou fronteiras, criando
através da mistura com outros povos e culturas, estilos musicais e artísticos riquíssimos
em criatividade, espontaneidade e inovação. Como exemplo posso citar o jazz, o blues, o r’&’b,
o soul, o funk e o hip-hop nos Estados Unidos da América, o samba com suas várias vertentes
(NO BRASIL) [NOTA DA AUTORA] (p.2).

A origem das escolas de samba brasileiras se deu a partir dessa realidade, porém com
outra batida rítmicas a partir dessas festas africanas, simplesmente era o samba, para Lopes
(2005) a palavra samba é um verbo do vocabulário Angolano que significa, brincar ou se
divertir.
A capoeira está diretamente relacionada ao período de escravidão. Essa relação é
devido a capoeira ter sido desenvolvida por escravos como uma forma de luta contra a
opressão. Esse tipo de expressão cultural foi bastante criminalizada no início e alvo de
perseguição violenta.

A capoeira é um ritual de luta, dança e jogo que funciona como um sistema recreativo,
estético, ético e profissional. Mestres e aprendizes cultuam-na como um processo
libertário no qual o indivíduo aprende a se posicionar no centro de si mesmo e encontrar
seu espaço de mediação, ou seja, seu ponto de referência na roda do jogo e do mundo.
Para eles, a capoeira é a articulação de uma linguagem do corpo com os planos mental
e espiritual (BARBOSA, 2005, p. 78).
Sendo assim, a capoeira tem por base aspectos da cultura afrodescendente, sendo
uma expressão que evolve dança, musicalidade e religiosidade.
Para Oliveira (2003) quando os africanos de diversas partes da África chegam ao Brasil
na condição de escravos, eles trazem consigo toda uma ancestralidade que será expressa
nas mais variadas manifestações culturais e religiosas que são recriadas no cenário brasileiro.
Segundo o autor, na bagagem africana que vem para o Brasil não é a estrutura física das
instalações africanas, mas os valores e princípios africanos. São essas características da
cultura negra que é reconstruída no contexto brasileiro.

A partir do século XVIII, os negros e mestiços estiveram fortemente envolvidos nos


trabalhos artísticos, seja como aprendizes ou ajudantes na construção de monumentos
religiosos ou ainda em obras de artes de grande importância histórica. Muitos dos
expressivos nomes da arte nessa época são de origem afrodescendentes (FUNARI,
2011, p.11).

Muitos dos artistas dessa época eram negros, com forte influência na cultura brasileira.
Os monumentos que surgiam nessa época já podiam ser considerados como produção de
alguns negros desse período.
A arte africana teve vários momentos importante e por diferentes períodos artísticos
com marcas e impressões, como no Cubismo, no Surrealismo e em outros movimentos
artísticos modernos, foi com essa trajetória que:

O sistema das artes - pintura, escultura, cinema, vídeo, teatro, música e dança - não
pode ser mais descrito simplesmente em termos de estilos específicos e de espaços
físicos como os estúdios, as galerias e os museus. Hoje é também um discurso das
mídias, das ruas e de outras práticas e instituições, subjetivas ou comunitárias. Com
as performances, por exemplo, não podemos mais classificar as linguagens em seus
domínios de teatro, música, dança ou plásticas (RAMOS, 2009, p.11).

No mundo atual, a arte e as suas estéticas, tanto a africana como a do lado ocidental, de
forma criteriosa se encaixam e estabelecem diálogos que atravessam e impõem uma nova
cultura do ocidente refletida pela cultura artística africana.
Nos últimos anos essa a arte africana passou a fazer parte do processo de ensino junto
da matéria de Arte, é fato que a arte negra africana quase nunca aparecia dentro da História
da Arte tratando-a como um País africano, levando a um pensamento que:

No tocante a História da arte pode-se perceber que geralmente a arte africana não
aparece nos livros de História da Arte e quando aparece não lhe é contextualizada , lhe
são atribuídos adjetivos como “fetichista, primitiva, exótica” exceto a arte egípcia que
apesar do Egito ser um país do continente africano, os ocidentais durante muito tempo
o trataram como não África e quando começaram a tratar como um país africano, tentou
induzir um pensamento de que os povos egípcios eram superiores aos demais povos
africanos (BARROS, 2011, p.43).

Esse tipo de arte foi muito pouco valorizada durante muito tempo pela cultura ocidental.
Conforme Ferreira (1997), alguns estudiosos afirmam que as grandes construções de
reinados africanos não foram propriamente construídas pelos mesmos, mas sim por outros
povos, deixando-se influenciar por certas concepções que menosprezam a arte africana.
De forma geral há uma repressão do ocidente frente Ás atividades artísticas de origem
africana, bem como da sua representação cultural. Porém, na Europa há uma sensibilidade
maior sobre esses parâmetros da arte na África. A arte passa a ser renovada quanto à sua
estética artística que viam do oriente, a partir do séc. XIX onde alguns pintores principalmente
expressionistas percebem a importância das realizações artísticas africanas e assim iniciam
de algum modo a valorizar essa arte utilizando alguns traços dentro de suas pinturas.
(BARROS, 2011).
Segundo Sodré (2011) muitas dessas teorias criadas no século XIX, ainda permeiam o
pensamento ocidental na atualidade. Muitos historiadores de Arte ainda se deixam influenciar
por essas concepções de inferioridade da arte africana.
Mas, no decorrer do período histórico envolvendo a arte africana começa a dar sinais e
surgir um interesse sobre as linhas e a qualidade de combinação que são diferentes da
tradição grega e egípcia:

Não é à toa que um dos primeiros livros sérios sobre a escultura negra, escrito em 1928
– pouco depois dessa espécie de “renascença negra” na Europa – já assinalava com
bastante precisão que as principais razões do interesse da arte moderna por essas
tradições residiam no fato de que elas acentuam mais o desenho do que a representação
literal, apresentando efeitos de formas, qualidades de linha e superfície, combinações de
massa que são desconhecidas da tradição grega (BARROS, 2011, p.40).

Assim como os artistas, os estudiosos passaram a olhar a arte negra, com outros olhos,
por meio do que lhes chamava a atenção como por exemplo o lado exótico das peças que
estão presentes na cultura dos mesmo que produziam a arte africana.
Partindo do conhecimento físico do continente africano, dos países que compõe o
território, de como foram trazidos para servirem como escravos em terras brasileiras, suas
lutas e cultura que foram destacadas na implementação do projeto como a música, os objetos
e a capoeira. Compreendendo a história africana dentro do Brasil, será possível observar nas
características físicas dos descendentes a ancestralidade, objetivando o sentimento de
pertença, de marcas que compõem uma história de injustiças e lutas.

3. SEQUÊNCIA DIDÁTICA

As sequências didáticas apresentam-se como um conjunto de atividades ligadas entre


si, planejadas para ensinar um conteúdo, etapa por etapa. Organizadas de acordo com os
objetivos que o professor quer alcançar para a aprendizagem de seus alunos, elas envolvem
atividades de aprendizagem e de avaliação.

A criação de uma sequência de atividades deve permitir a transformação gradual das


capacidades iniciais dos alunos para que estes dominem um gênero e que devem ser
consideradas questões como as complexidades de tarefas, em função dos elementos
que excedem as capacidades iniciais dos alunos (DOLZ e SCHNEUWLY, 2004, p. 52).

O papel do professor é de grande relevância na elaboração do material didático, pois


ele deve considerar o contexto dos alunos, os conhecimentos prévios que trazem consigo,
bem como o levantamento de hipóteses e a sistematização dos conhecimentos.
Para Zabala (1998, p. 18) sequência didática é um conjunto de atividades ordenadas,
estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um
princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos.
O procedimento da sequência didática comporta quatro etapas: apresentação da
situação, a produção inicial, os módulos e a produção final. (DOLZ; NOVERRAZ E
SCHNEUWLY, 2004, p. 95-128).
O professor pode planejar etapas do trabalho com os alunos, de modo a explorar
diversos gêneros discursivos, ou seja, variadas linguagens e assim, utilizar de vários recursos
e estratégias de ação sequenciadas, a fim de contemplar todas as maneiras de aprender e
assimilar que os alunos podem se identificar melhor de forma mais lúdica e significativa.

4. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

O desenvolvimento da proposta ocorrerá no Colégio Estadual Humberto de Campos -


EFEM, com estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental. Para que ocorra a efetivação
satisfatória, é preciso lançar mão de estratégias de ensino, na qual insira o conhecimento
científico e teórico, porém de maneira lúdica e artística, por meio de uma diversidade de
gêneros, a fim de atingir todas as formas de aprender dos alunos.
Assim, todas as estratégias de ação estarão pautadas no plano de pesquisa do
professor e ocorrerão da seguinte forma:
 Investigação junto aos alunos sobre o que sabem e o que querem saber sobre o
preconceito racial;
 Linha do tempo referente a chegada dos navios negreiros após o descobrimento
do Brasil;
 Identificação do trabalho escravo no Brasil e as diversas atividades econômicas
desse período;
 Apresentação do significado do “13 de maio” e das “leis de libertação”;
 Pesquisa sobre as principais características da cultura afrodescendentes;
 Confecção de alguns objetos que fazem parte desse universo cultural;
 Filme Xadrez das cores, para debater e identificar atitudes racistas e
preconceituosas no cotidiano;
 Questionamentos acerca do preconceito étnico-racial que ocorre na escola e na
sociedade;
 Composições musicais que expressam a cultura afro;
 Dramatização de casos reais de discriminação para reflexão em sala de aula;
 Reportagens e imagens que aparecem na mídia e que demonstram atitudes de
preconceito/racismo.

As estratégias adotadas visam não apenas o trabalho com as diferentes linguagens,


mas, também, a oportunidade de se atrair o educando para uma prática de sala de aula na
qual seus conhecimentos (mesmo aqueles obtidos em circunstâncias prioritariamente ligadas
ao entretenimento) possam desempenhar um papel efetivo e o próprio educando possa obter
a satisfação de reconhecer suas ações como elementos modificadores de seu modo de pensar
e compreender sua própria história.
A unidade didática será desenvolvida por meio das aulas de História, perfazendo um
total de 32 aulas, sendo que cada unidade será trabalhada durante a semana, uma vez que
nos sextos anos, a carga horária semanal é de 3 aulas, pretende-se também a colaboração
das disciplinas de Geografia e Arte, abordando a temática interdisciplinarmente ao
desenvolvimento do projeto.
UNIDADE 1

ATIVIDADE ESCRITA PARA ATIVAR O CONHECIMENTO


PRÉVIO DOS ALUNOS

Esta primeira atividade ocorrerá por meio de troca de experiências entre os alunos e o
conhecimento que eles têm sobre o tema proposto.
Tema: Preconceito Racial.
Aplicação de questionário, a fim de fazer uma análise por meio de gráfico. Antes de ler
e refletir sobre o texto “A história e origem do preconceito racial” será aplicado o questionário
para fazer a tabulação gráfica do antes, para saber os conhecimentos prévios dos alunos e
compreender qual nível de apropriação do tema que os alunos possuem.

RODA DE CONVERSA
QUESTIONÁRIO: PRECONCEITO RACIAL

1-Sexo

( ) Masculino ( ) Feminino

2-Em relação ao preconceito racial. Ele existe?

( ) Sim.

( ) Não

3- Já sofreu algum tipo de preconceito racial?

( ) Sim

( ) Não
4- Já presenciou alguma atitude racista?

( ) Sim

( ) Não

5-Para você, há segregação racial na escola onde você estuda?

( ) Sim

( ) Não

6- Em relação ao ambiente escolar, você percebe diferenças no tratamento dado a


brancos e negros?

( ) Sim

( ) Não

7- A discussão em torno da questão racial é importante e deve ser tratada como


principal?

( ) Não, pois vivemos numa democracia racial;

( ) Sim, na medida em que afeta a vida de toda a sociedade brasileira e a


construção de sua identidade.

8- Existe algum tipo de preconceito na sua escola?

( ) Sim
( ) Não

9- Existe algum tipo de preconceito em sua sala de aula?

( ) Sim

( ) Não

10- O preconceito mais frequente na sua escola está relacionado a: LER AS


ALTERNATIVAS.

( ) Raça.

( ) Idade.

( ) Opção sexual.

( ) Opção religiosa.

( ) Classe Social.

( ) Outros. Quais?
__________________________________________________________________

11-Você já sofreu algum tipo de preconceito? Qual?

__________________________________________________________________
APROFUNDAMENTO TEÓRICO

A história e origem do Preconceito racial

Quando houve os primeiros contatos entre conquistadores portugueses e africanos, no


século XV, não houve atritos de origem racial. Os negros e outros povos da África entraram
em acordos comerciais com os europeus, que incluíam o comércio de escravos que, naquela
época, era uma forma de aumentar o número de trabalhadores numa sociedade e não uma
questão racial.
Acredita-se que o surgimento do racismo no Brasil começou no período colonial,
quando os portugueses chegaram aqui e tiveram dificuldades em escravizar os primeiros
habitantes que haviam em nossa região, os índios. Então usaram os negros para servirem de
escravos nos engenhos de cana-de-açúcar, vindos principalmente da região onde atualmente
se localizam Nigéria e Angola. Eles possuíam uma ideia errônea de que os negros e os índios
eram "raças" inferiores, mais fortes e resistentes e passaram a aplicar a discriminação com
base racial nas suas colônias, para assegurar determinados "direitos" aos colonos europeus.
Àqueles que não se submetiam era aplicado o genocídio, que exacerbava os sentimentos
racistas.
A Igreja Católica que nesse tempo detinha muito poder, não interviu contra a
escravidão, pelo contrário, acreditava que os trazendo da África para o Brasil seria mais fácil
cristianizá-los. A ideia do "sangue-puro" também provém desse tempo, em que os nobres de
pele pálida com as veias a mostra, se achavam superiores aos de pele escura. Eles
acreditavam que existiam seres somente para o trabalho e que eles não tinham alma nem
sentimentos.
Várias associações aos negros foram surgindo, e alguns negros acabaram aceitando e
se conformando com o destino que supostamente Deus tinha dado a eles. Essa era a
concepção que muitos tinham, pelo fato da Igreja e os brancos afirmarem isto. Os casos mais
extremos foram a confinação dos índios em reservas e a introdução de leis para instituir a
discriminação, como foram os casos das leis de Jim Crow, nos Estados Unidos da América, e
do apartheid na África do Sul.
http://grupo6brunojuliana.blogspot.com.br/p/qual-origem-do racismo.html. Acesso
em: 30/09/2016.
UNIDADE 2 – SENSIBILIZAÇÃO

Nesta oficina será trabalhado o Rap: Racismo é burrice, do cantor Gabriel, O Pensador,
com o objetivo de ouvir e refletir sobre o que a música fala do preconceito. O vídeo da música
possui imagens que poderão tornar as discussões iniciais mais significativas para os
educandos.

 Vídeo: Gabriel Pensador – Racismo é burrice.

<http://www.youtube.com/watch?v=_S-qCfMNQsM>.

 A partir da letra da música “Racismo é burrice” de Gabriel, O Pensador, responda as


questões abaixo:
a) Qual o problema social retratado nessa letra?
b) Segundo Gabriel - O pensador, por que racismo é burrice?
c) Por que o preconceito é uma herança cultural?
d) Para você, o preconceito pode ser transmitido de pai para filho? Justifique.
e) Muitas pessoas dizem que não têm preconceito. Você concorda com essa
afirmação?
f) Qual o pedido que Gabriel faz a todas as pessoas?
UNIDADE 3 – LINHA DO TEMPO

Nesta oficina será apresentada uma Linha do tempo, que demonstra fatos históricos
marcando a Chegada dos Navios Negreiros no Brasil, após o descobrimento. Antes de
construir a linha do tempo com os alunos, teremos como ponto de partida a observação e
análise dos mapas abaixo com o auxílio interpretativo do vídeo relacionando imagem e áudio,
pois eles contribuirão para que os alunos compreendam de forma mais clara e objetiva como
se deu essa trajetória.

Geografia do Brasil e da África

 https://www.google.com.br/search?q=Geografia+do+Brasil+e+da+%C3%81frica&client=firefoxb&biw
=1152&bih=703&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjK9c3z587PAhXJGZAKHVl_DwcQ_A
UIBygC#tbm=isch&q=PRINCIPAIS+ROTAS+DO+TRAFEGO+Geografia+do+Brasil+e+da+%C3%81fric
a&imgrc=M6kNzCtMEt4G9M%3ª
https://www.google.com.br/search?q=Geografia+do+Brasil+e+da+%C3%81frica&client=firefoxb&biw=11
52&bih=703&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjK9c3z587PAhXJGZAKl_DwcQ_AUIBygC#tb
m=isch&q=PRINCIPAIS+ROTAS+DO+TRAFEGO+Geografia+do+Brasil+e+da+%C3%81frica&imgrc=HX2b
GHTSVGin3M%3ª

 Observe os mapas “Principais rotas do tráfico e Linhas de tráfico de escravos África-


Brasil”.
 Realize a leitura do texto:

TRÁFICO NEGREIRO
Com a expansão marítima europeia, no século XV, e a conquista do Novo Mundo, os
europeus necessitaram de mão de obra para os seus empreendimentos nas novas terras
conquistadas (América). Primeiramente, escravizaram os indígenas, os nativos da América,
porém essa escravidão foi proibida pela Igreja Católica.
Dessa forma, os portugueses, proibidos de escravizar os povos indígenas, tiveram que
retornar ao continente africano e negociar a compra de escravos. A escravização de pessoas
era uma prática antiga na África, no entanto, com os europeus empreendendo a compra de
escravos naquele continente, o número de escravos aumentou.
Assim, no século XV, o tráfico negreiro, ou tráfico de escravos, assumiu enormes
proporções. Os Estados europeus instalaram feitorias e portos de abastecimento de escravos
no litoral africano. Nessas feitorias foram embarcados os escravos que vieram para as
colônias europeias na América nos navios chamados tumbeiros.
Uma vez embarcados nos navios negreiros (tumbeiros), os escravos, oriundos de
diferentes regiões e etnias africanas, eram tratados com extrema violência e recebiam pouca
alimentação. Geralmente, eram maltratados e castigados sem nenhum motivo aparente e
eram amontoados dentro dos navios tumbeiros em ambientes insalubres, propícios à
proliferação de doenças.
A travessia pelo oceano Atlântico constituía o início do sofrimento dos africanos
escravizados que se destinavam à América. A viagem da África para o Brasil durava de 30 a
45 dias, conforme o lugar de partida e o de chegada. Com a chegada ao Novo Mundo, os
navios negreiros eram conduzidos a diferentes portos e localidades na América, mas quase
sempre os escravos tinham um destino em comum: os mercados, onde eram comercializados
como mercadorias, rendendo altos lucros para os traficantes de escravos.
No entanto, a partir de novas pesquisas realizadas por historiadores, não foram somente
os europeus que organizaram o tráfico negreiro. Segundo o historiador Manolo Florentino
(1997), no Brasil, nos séculos XVIII e XIX, várias pessoas se especializaram e investiram na
compra de escravos na África. Muitos traficantes de escravos eram cariocas e mantinham as
embarcações que traziam os escravos para o Novo Mundo. Quase sempre, os traficantes de
escravos negociavam com os africanos com base no escambo, comercialização de
mercadorias como aguardente, armas de fogo, pólvora, tecidos, entre outros, em troca das
pessoas escravizadas. (FLORENTINO, 1997 apud JUNIOR, 2006).
A escravidão na América perdurou por quase quatro séculos e milhões de africanos vieram
escravizados para as terras do Novo Mundo. A proibição do tráfico negreiro ocorreu no Brasil
no ano de 1850, com a lei Eusébio de Queiroz.

Fonte: FLORENTINO, Manolo. Em costas negras. In: JUNIOR, Roberto Catelli. História. Texto e
Contexto. Volume único. Ensino Médio. São Paulo: Editora Scipione, 2006, p. 280 a 285.
 ANÁLISE DE IMAGENS:

 http://aulasonlinedehistoria.blogspot.com.br/2015/11/a-africa-e-o-trafico-de-
escravos.html
 http://mautexjrhistory.blogspot.com.br/2014/09/como-era-um-navio-negreiro-na-
epoca-da.html
 http://mautexjrhistory.blogspot.com.br/2014/09/como-era-um-navio-negreiro-na-
epoca-da.html

http://mautexjrhistory.blogspot.com.br/2014/09/como-era-um-navio-negreiro-na-
epoca-da.html
 Poema: O Navio Negreiro, de Castro Alves, narrado pelo ator Paulo Autran no vídeo:
 https://www.youtube.com/watch?v=BEaN4KdWWXM

QUESTÕES PARA DISCUTIR APÓS AS LEITURAS E ANÁLISES:

1. Como os grupos de africanos cativos encontram-se divididos no mapa?


2. Para quais regiões do Brasil cada grupo foi trazido?
3. Quais outras regiões da América receberam escravos? Estes pertenciam a qual (is)
grupo(s)?
4. Como se percebe a participação dos próprios africanos no tráfico de escravos?
5. De que maneira os prisioneiros são conduzidos/tratados ao entrarem no navio?
6. Como é o ambiente dentro do navio onde são acomodados os escravizados?
7. Que tipos de castigos são impostos aos africanos no navio?
8. Como os escravos são alimentados durante a viagem?
9. Por que será que, ao final, os escravos são bem tratados pelos mercadores?

LEITURA E DISCUSSÃO:

LINHA DO TEMPO

 Foi a partir de 1432 quando o navegador português Gil Eanes levou para Portugal a
primeira carga de escravos negros vindos da África que os portugueses começaram a
traficar os escravos com as Ilhas das Madeiras e em Porto-Santo. Mais adiante os
negros foram trazidos para o Brasil.
 1530 - Chegam ao Brasil os primeiros escravos africanos. Vendidos em escala crescente
por traficantes portugueses, eles tornam-se a grande massa trabalhadora na economia
colonial.
 1568 - É oficializada pelo Governador Geral de Salvador Correia de Sá o tráfico de
escravos negros. Cada senhor de engenho de açúcar fica autorizado a comprar até 120
escravos por ano.
 1590 - Começa a ser formado o quilombo dos Palmares na região do atual Estado de
Alagoas.
 1694- Após resistir a constantes ataques de 1687 a 1694, os quilombos dos Palmares é
destruído em fevereiro por tropas do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Zumbi
o último líder sobreviveu a destruição do quilombo.
 1695- Traído por um companheiro no dia 20 de novembro o principal símbolo da
resistência negra à escravidão foi capturado e morto e teve seu corpo esquartejado e sua
cabeça exposta para colocar medo nos outros escravos. (hoje, no dia 20 de novembro é
comemorada o Dia da Consciência Negra em todo Brasil) .
 1850- Lei Eusébio de Queirós que determinou o fim do tráfico de escravos para o Brasil.
Essa lei proibiu o desembarque de negros africanos nos portos brasileiros. Os últimos 200
escravos trazidos para o país desembarcaram em Pernambuco, em 1855.
 1871- Lei do Ventre Livre, no qual declarava livre os filhos das escravas nascidos a partir
da aprovação da lei, porém essa lei, teve pouco efeito prático, já que dava liberdade aos
filhos de escravos, mas os mantinha sob a tutela dos donos das mães até completarem 21
anos.
 1885- Lei dos Sexagenários, também chamada Lei Saraiva-Cotegipe, libertava os
escravos com mais de 65 anos. Essa lei também não ajudou quase nada, pois poucos
escravos conseguiam viver mais de 40 anos devido as condições de vida que levavam.
 1888- Em 13 de Maio a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que terminou com a
escravidão dos negros no Brasil. O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão
negra.
 http://www.sebastiaoe.dominiotemporario.com/doc/a%20escravidao%20na%20linha%20do
%20tempo.pdf

QUESTÕES SOBRE A LINHA DO TEMPO:

1) Em que data foi assinada abolição da escravatura?

2) Que nome levou esta lei?

3) Quem assinou esta lei?

4) Cite alguns movimentos abolicionistas que precederam a abolição da escravatura.

5) Que lei foi promulgada em 1.831? Ela foi obedecida?

6) Que lei foi assinada em 1.850?

7) Quando foi promulgada a Lei do Ventre Livre?

8) Explique o que era a Lei do Ventre Livre.

9) O que era a Lei dos Sexagenários? E quando ela foi assinada?

10) Produza um texto dissertativo, sobre a escravidão. O texto deve ter no mínimo 10
linhas.
UNIDADE 4 – 13 de maio X 20 de novembro

Reportagem: "Dia da Consciência Negra" retrata disputa pela memória histórica contra
13 de maio “Libertação dos escravos”.

 A partir da reportagem sugerir um debate entre dois grupos na turma, no qual


cada grupo irá criar argumentos e defender qual data seria a mais importante:

Preservar a memória é uma das formas de construir a história. É pela disputa dessa memória,
dessa história, que nos últimos 32 anos se comemora no dia 20 de novembro, o "Dia Nacional da
Consciência Negra". Nessa data, em 1695, foi assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo
dos Palmares, que se transformou em um grande ícone da resistência negra ao escravismo e da luta
pela liberdade. Para o historiador Flávio Gomes, do Departamento de História da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, a escolha do 20 de novembro foi muito mais do que uma simples oposição ao 13
de maio: "os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o país está marcado
por diferenças e discriminações raciais. Foi também uma luta pela visibilidade do problema. Isso não
é pouca coisa, pois o tema do racismo sempre foi negado, dentro e fora do Brasil. Como se não
existisse".
Há 32 anos, o poeta gaúcho Oliveira Silveira sugeria ao seu grupo que o 20 de novembro fosse
comemorado como o "Dia Nacional da Consciência Negra", pois era mais significativo para a
comunidade negra brasileira do que o 13 de maio. "Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome
sem pão", assim definia Silveira o "Dia da Abolição da Escravatura" em um de seus poemas. Em 1971
o 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez. A idéia se espalhou por outros movimentos sociais
de luta contra a discriminação racial e, no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional do
Movimento Negro Unificado.
A diversidade de formas de celebração do 20 de novembro permite ter uma dimensão de como
essa data tem propiciado congregar os mais diferentes grupos sociais. "Os adeptos das diferentes
religiões manifestam-se segundo a leitura de sua cultura, para dali tirar elementos de rejeição à
situação em que se encontra grande parte da população afro-descendente. Os acadêmicos e os
militantes celebram através dos instrumentos clássicos de divulgação de idéias: simpósios, palestras,
congressos e encontros; ou ainda a partir de feiras de artesanatos, livros, ou outras modalidades de
expressão cultural. Grande parte da população envolvida celebra com sambão, churrasco e muita
cerveja", conta o historiador Andrelino Campos, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Para a socióloga Antonia Garcia, doutoranda do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano
e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é importante que se conquiste o "Dia Nacional
da Consciência Negra" "como o dia nacional de todos os brasileiros e brasileiras que lutam por uma
sociedade de fato democrática, igualitária, unindo toda a classe trabalhadora num projeto de nação
que contemple a diversidade engendrada no nosso processo histórico".
Diferente do 20 de novembro o 13 de maio perdeu força em nossa sociedade devido a memória
histórica vencedora: a que atribuiu a abolição à atitude exclusiva da princesa Isabel, aparentemente
paternalista e generosa Isabel, analisa o historiador Flávio Gomes. Pesquisas recentes têm recuperado
a atuação de escravos, libertos, intelectuais e jornalistas negros e mestiços para o 13 de maio,
mostrando como este não se resumiu a um decreto, uma lei ou uma dádiva. Esses estudos também
têm resgatado o significado da data para milhares de escravos e descendentes, que festejaram na
ocasião.
São poucos os locais onde se mantêm comemorações no 13 de maio. No Vale do Paraíba, no estado
de São Paulo, o 13 de maio é dia de festa. "Não porque a princesa foi uma santa ou porque os
abolicionistas simpáticos foram fundamentais, mas porque a população negra reconhece que a
Abolição veio em decorrência de muita luta", diz Gomes. Albertina Vasconcelos, professora do
Departamento de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, também lembra que a data
é celebrada em vários centros de umbanda na Bahia como o dia do preto-velho e que moradores
antigos do Quilombo do Bananal, em Rio de Contas, Bahia, contam que seus pais e avós festejaram
o 13 de maio de 1888 com muitos fogos e festas.
Na opinião de Vasconcelos "é importante comemorar, não para contrapor uma data a outra, os
heróis brancos aos heróis negros, mas porque é necessário tomarmos consciência da história que está
nessas datas, que traz elementos da nossa identidade". Para a pesquisadora, assim seria possível
contribuir para desmistificar toda a construção ideológica produzida sobre o povo negro.

 http://www.comciencia.br/reportagens/negros/03.shtml
UNIDADE 5: FILME “O XADREZ DAS CORES”

 Nesta oficina será apresentado o filme Xadrez das cores, para que os alunos
possam assistir e refletir atitudes cotidianas, vivenciadas em nossa sociedade.
 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IbrY4p-nrdk. Acesso em 12 de
novembro de 2016

 Baseado no filme assistido faça uma reflexão e responda as seguintes questões:

1- Quais foram os temas abordados neste filme?


2- O que vocês sentiram diante do tratamento que a patroa dispensava à empregada?
3- Por que a patroa tratava a empregada daquela forma?
4- O que a patroa sentia diante do fato de ter uma empregada negra?
4- Como a empregada se sentia diante dos comentários e atitudes da patroa?
5- O que você achou da reação da empregada?
6- O que você faria se estivesse no lugar da empregada?
7- O que você considera positivo na atitude da empregada e da patroa?
8- Você entende que esses tipos de fatos ocorrem devido a cultura existente no Brasil herdada
desde o período da escravidão?
9- Você já vivenciou ou sabe de alguma situação semelhante a esta do filme ocorrida aqui em
nossa cidade?
10- Na sua opinião o que é preciso ser feito para ocorrer uma mudança na cultura do povo
brasileiro para acabar com discriminação racial?
UNIDADE 6 – SITUAÇÕES COTIDIANAS DE
PRECONCEITO RACIAL

ANÁLISE DE CHARGES

1- Dividir a turma em 4 equipes na qual cada equipe deverá apresentar a charge


abaixo e a reflexão que ela traz:

CHARGE 1 CHARGE 2
CHARGE 3 CHARGE 4
1 : https://www.google.com.br/search?q=charge+traficos+de+negros&client=firefox-
b&biw=1152&bih=703&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwi28e-
j_s7PAhXMgpAKHeoZA7AQsAQIGw#tbm=isch&q=charge+sobre+os++negros&imgdii=k-ESQ-
NLYy8AxM%3A%3Bk-ESQ-NLYy8AxM%3A%3B6vpX2HKrN6H5KM%3A&imgrc=k-ESQ-NLYy8AxM%3A.

2: https://www.google.com.br/search?q=charge+traficos+de+negros&client=firefox-
b&biw=1152&bih=703&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwi28e-
j_s7PAhXMgpAKHeoZA7AQsAQIGw#tbm=isch&q=charge+sobre+os++negros&imgrc=9gAbvqDTkUTdK
M%3A

3: https://www.google.com.br/search?q=charge+traficos+de+negros&client=firefox-
b&biw=1152&bih=703&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwi28e-
j_s7PAhXMgpAKHeoZA7AQsAQIGw#tbm=isch&q=charge+sobre+os++negros&imgrc=k-ESQ-
NLYy8AxM%3A

4: https://www.google.com.br/search?q=charge+traficos+de+negros&client=firefox-
b&biw=1152&bih=703&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwi28e-
j_s7PAhXMgpAKHeoZA7AQsAQIGw#tbm=isch&q=charge+sobre+os++negros&imgrc=jTyFUoHm0MZYT
M%3A
UNIDADE 7: A FIGURA DO NEGRO NA ARTE

Nesta oficina os alunos irão confeccionar alguns objetos que fazem parte da cultura
africana e depois colocarão em exposição na escola.

TEXTO HISTÓRICO INFORMATIVO:

Quando os negros vieram da África para o Brasil como escravos, atravessaram o


Oceano Atlântico numa viagem muito difícil. As crianças choravam assustadas, porque viam
a dor e o desespero dos adultos. As mães negras, então, para acalentar suas crianças,
rasgavam tiras de pano de suas saias e faziam bonecas com elas para as crianças brincarem.
Essas bonecas são chamadas de Abayomi. As Abayomi são pequenas bonecas pretas, feitas
de pano e sem costura alguma, apenas com nós ou tranças.
A boneca Abayomi valoriza a cultura africana e contribui para o reconhecimento da
cultura afro-brasileira, pois faz parte da herança cultural dos negros africanos para o Brasil. A
palavra Abayomi significa: encontro feliz, ou encontro precioso, aquele que traz felicidade e
alegria.
Quando você dá uma boneca Abayomi para alguém, esse gesto significa que você está
oferecendo o que você tem de melhor para essa pessoa.
A palavra Abayomi, do ioruba, significa aquele que traz felicidade e alegria. Quer dizer
encontro precioso: abay = encontro e omi = precioso.

 Vídeo sobre a produção da abayomi


 http://www.youtube.com/watch?v=HhMBKhuunZU

 Após a leitura do texto informativo sobre a origem da arte das abayomis assistir o vídeo
sobre a produção das abayomis ;
 Montagem da exposição no pátio da escola com as abayomis.
UNIDADE 8: HORA DO CONTO

 Nesta oficina os alunos irão conhecer um conto de origem africana, fazendo leitura e
discussão da narrativa.
 Realizar a contação do conto: kwanza - Os sete novelos por meio de slides para melhor
entendimento pela visualização de sua rica ilustração.

 LINK: http://pt.slideshare.net/Francismaire/os-sete-novelos
UNIDADE 9: Vídeo situações reais de preconceito

 Vídeos sobre preconceito e racismo para assistir e abrir discussão e


dramatização em grupos:

 LINK 1: Ninguém nasce racista: https://www.youtube.com/watch?v=kaWUyiMSrV0

 LINK 2: Preconceito racial no ambiente escolar:


https://www.youtube.com/watch?v=bEn-Rw4x8m4

 LINK 3: Tenho orgulho de ser negro:


https://www.youtube.com/watch?v=oYm71N-gFVQ

 LINK 4: Menina de 8 anos com argumentos incríveis sobre o preconceito:


https://www.youtube.com/watch?v=T0ONeWxwchE

 LINK 5: O preconceito cega: https://www.youtube.com/watch?v=aec-i7n6V48


UNIDADE 10: ABORDAGEM DA HISTÓRIA DO
NEGRO NA LITERATURA

 Apresentação em slides das literaturas que abordam o negro na história da humanidade;


 Os alunos irão observar a capa de cada obra literária e terão como sugestão de leitura
a história e a reflexão da figura do negro.
 A turma será dividida em grupos, nos quais cada grupo irá escolher uma literatura
apresentada e irão realizar a leitura e confeccionar um panô artístico como sugestão
para outra capa do livro escolhido.
 O panô poderá ser confeccionado com materiais diversificados como colagem de grãos,
pinturas etc.
 Montagem da exposição no pátio da escola com os panôs.

 Sugestão 1 Sugestão 2
 Sugestão 3 Sugestão 4

 Sugestão 5 Sugestão 6
UNIDADE 11: CONCURSO MEU PERSONAGEM
NEGRO

 Os alunos após todas as oficinas irão confeccionar um personagem negro e criar uma
história de superação de preconceito para esse personagem:

COMPOSÉ DO SEU PERSONAGEM NEGRO

Faça um breve resumo de sua história.

Qual o nome de seu personagem?

Quantos anos tem?

Dê características de sua personalidade.

Descreva sua vestimenta, com acessórios e etc.

Descreva o formato básico de corpo, pele, cabelos, barba, proporções


físicas, e etc.

 Expor para a escola as personagens criadas juntamente com sua história de superação
ao preconceito;
 Os jurados irão avaliar a criatividade e composição;
 Premiação do concurso.

Como fechamento do trabalho realizado, serão distribuídos os questionários


respondidos no início do projeto de implementação e os alunos poderão fazer uma auto
avaliação sobre o que mudou no conhecimento que tinham, a partir dos estudos realizados
REFERÊNCIAS

ANTONIL, A. J. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia: São Paulo: EDUSP,
1982.

BARBOSA, M. J. S. Capoeira: a gramática do corpo e a dança das palavras. Luso Brazilian


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95 brasileira (Estudos sobre o Museu Afro Brasil) SP; 2011.

BRASIL. Lei nº 10.639 de 09 de janeiro de 2003. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htm, acesso em 19 de dezembro de
2016.

BRASIL. Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm, acesso em 19 de
dezembro de 2016.

CARDOSO, A. Escravidão e Sociabilidade capitalista: Um ensaio sobre Inércia social. Le


Monde Diplomatique, ano 3, n.30, jan. 2010.

CONRAD, R. E. Tumbeiros: o tráfico escravista para o Brasil. [Trad. Elvira Sarapicos] São
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DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de


Letras, 2004

FAUSTO, B. História do Brasil. In: ___ Caderno da TV Escola. Brasília: MEC, 2002.

FERREIRA, L. G., As máscaras africanas e suas múltiplas faces, 1997. Fronteiras e


Reciprocidades – 19 a 23 de agosto de 2012.
FUNARI, M. S. Reconhecimento e divulgação da cultura africana e afro brasileira.
Universidade de São Paulo. Escola de comunicação e artes centro e estudos latino-
americanos sobre cultura e comunicação. São Paulo, 2011.

GORENDER, J. A escravidão reabilitada. SP: ática, 1990

LOPES, N. A presença africana na música popular brasileira. Universidade Federal de


Uberlândia, julho, 2005.

MONTEIRO, A. M. Os professores de História ainda são necessários? Nossa história,


São Paulo, ano 1, 2004.

OLIVEIRA, I. M. Preconceito e autoconceito: identidade e interação na sala de aula. São


Paulo: Papirus, 2003.

RAMOS, C. M. A. Arte Contemporânea Versus Arte Africana. Florianópolis 2008.

SODRÉ, J. Arte africana: uma brevíssima abordagem. Correio da Bahia, 2011.

TOMMASI, M; RAMOS, C.M.A. A influência das artes e da música africana no mundo,


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ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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