Ações Afirmativas e Relações Étnico-raciais no Brasil
Trabalho de pesquisa/extensão
DESCOLONIZANDO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM PROJETOS DE LEITURA
Nayara Cardoso de Oliveira, Mestranda no Programa de Pós Graduação Profissional
em História da África, Diáspora e dos Povos Indígenas – UFRB – Cachoeira – Bahia. e-mail: nayaracardoso.historia@gmail.com ¹ Gabriela Araújo de Santana Lisbôa, Mestranda no Programa de Pós Graduação em Educação – UESB. Vitória da Conquista ²
RESUMO:
Uma das práticas pedagógicas mais comuns nas Instituições de Ensino da
Rede Municipal de Ensino de Santo Estevão é a execução de Projetos Institucionais de Leitura, com dinâmicas diferenciadas e por muitas vezes ate inovadoras. Inserir crianças e adolescentes em um contexto intelectual é uma obrigação desenvolvida pelas escolas e um direito das crianças desde a mais tenra idade. Pensar nas leituras que estão sendo propostas causa um grande debate quando a tema é a inclusão das questões étnico-raciais e história da cultura do povo afro-brasileiro e indígena, naturalmente as escolhas dos literários para desenvolvimento desses projetos, são em sua grande maioria voltadas para autores clássicos, os quais possuem um teor imaginário voltado para as histórias de bosques encantados, contos de fadas com reis/rainhas, príncipes/princesas brancos, com cabelos lisos e longos, personagens que trazem uma história totalmente hegemônica, como se esse contexto fosse o principal fator para despertar o encantamento, interesse e prazer pela leitura dos alunos. A construção da identidade se desenvolve de forma continua, com total importância na infância, fazendo parte do processo de desenvolvimento de cada um, possibilitando a integração do ser humano no meio cultural e histórico. Entende-se que não existe uma conclusão para a construção da identidade iniciada na infância, pois ela vem se transformando constantemente, através do meio histórico e das relações pessoais, valorizando assim as crenças e valores de uma determinada cultura, sendo influenciadas pelos meios familiar e ambiente que vive. Analisar experiências de implementação da Lei 10.639/03 e da Lei e 11.645/2008 na Escola José de Jesus Rocha, localizada na zona rural, em conexão com os projetos de leitura dessa unidade, com a prática pedagógica e percepção de construção identitária, à luz das discussões teóricas na perspectiva de uma educação antirracista. A aprovação e implementação das Leis supracitadas dimensionam o ensino da História da África e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar, tornando obrigatório na educação básica, tem causado amplas discussões sobre a identidade da cultura afro-brasileira e indígena, como do combate à discriminação racial no espaço escolar em seus diferentes níveis de ensino. É pautado nesses termos que faz-se necessário analisar as possíveis conexões que vêm sendo estabelecidas entre inclusão da história afro-brasileira e indígena na escola e o papel exercido pela literatura enquanto ferramenta potencializadora deste processo. Ao propor uma intervenção pedagógica tem-se o reconhecimento da necessidade de formação continuada dos profissionais da educação para acompanhar as constantes mudanças ocorridas na educação formal. Porém, faz-se necessário reforçar que mais do que oferecer qualificação técnica e subsídios para a abordagem da temática, pode-se identificar como primordial sensibilizar os/as docentes para perceber a importância de estudar e se identificar com esses povos. Portanto, constatar que outras formas de pensar, viver e olhar o mundo são viáveis e, devem ser entendidas como possuidoras das mesmas características que as tornam tão válidas quanto as ocidentais. A perspectiva decolonial busca identificar os povos africanos e indígenas como sujeitos históricos ativos, que estão em constante luta reconhecimento dos seus direitos.
Palavras-chave: Lei 10.639/2003; Práticas Pedagógicas; Projeto de Leitura.