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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA - CAMPUS DE CAICÓ
ESPECIALIZAÇÃO EM HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA

LUZIA LEILA DE SOUZA MEDEIROS

O ESTUDO SOBRE O ENSINO DAS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS EM


ALGUMAS ESCOLAS DA CIDADE DE CAICÓ-RN

CAICÓ
2016
LUZIA LEILA DE SOUZA MEDEIROS

O ESTUDO SOBRE O ENSINO DAS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS EM


ALGUMAS ESCOLAS DA CIDADE DE CAICÓ-RN

Trabalho de Conclusão de Curso, na


modalidade Artigo, apresentado ao Curso
de Especialização em História e Cultura
Africana e Afro-Brasileira, da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Ensino Superior do
Seridó, Campus de Caicó, Departamento
de História, como requisito parcial para
obtenção do grau de Especialização, sob
orientação do Prof. Dr. José Pereira
Júnior.

CAICÓ
2016
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 05
2 EDUCAÇÃO RELIGIOSA NAS ESCOLAS.................................................. 07
2.1 A Lei 10.639/03 e sua efetividade no currículo escolar da Educação
Básica............................................................................................................... 10
2.2 Considerações iniciais da pesquisa........................................................... 12
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 14
REFERÊNCIAS................................................................................................ 15
4

O estudo sobre o ensino das religiões de matrizes africanas em algumas


escolas da Cidade de Caicó-RN

Luzia Leila de Souza Medeiros1


Dr. José Pereira Júnior - Orientador2

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma breve pesquisa em duas
escolas municipais da cidade de Caicó/RN, Escola Municipal Walfredo Gurgel e Auta
de Souza, ambas situadas na zona oeste da cidade. O trabalho busca ainda verificar
o grau de conhecimento entre professores e alunos das turmas de 4º e 5º ano das
referidas escolas acerca das religiões de matrizes africanas e como estão sendo
trabalhadas em sala de aula, especificamente na disciplina de ensino religioso, e se
essa temática está sendo inserida no cotidiano escolar já que a história da cultura
afro-brasileira estão amparadas pela lei 10.639/03.

PALAVRAS-CHAVE: Religião, Conhecimento, Ensino.

The study on teaching of religions of African arrays in some schools of the city
of Caicó-RN

ABSTRACT

The presente work has is to gift aims to conduct a brief survey in two public schools
in the city of Caicó/RN, municipal school Walfredo Gurgel and Auta de Souza, both
located in the west of the city. The work also seeks to verify the level of knowledge
among teachers and students of 4th and 5th year of such schools, about the religions
of African origin and how they are being worked on in the classroom, specifically in
religions education discipline, and this theme is being inserted into the school routine
as the history of African-Brazilian culture are supported by law 10.639/03.

WORDS-KEY: Religion, Knowledge, Education.

1
Graduanda em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)
2
Professor do DHC, CERES, UFRN. E-mail: tonyelibio@ufrnet.br
5

1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho é resultado de uma breve pesquisa realizada em sala de aula


com as turmas de 4º e 5º ano do ensino fundamental I nas referidas escolas
municipais: Walfredo Gurgel e Auta de Souza ambas no município de Caicó/RN.
O presente estudo tem por objetivo analisar o conhecimento desses alunos
acerca das religiões de matrizes africanas, como estão sendo trabalhadas em no
ambiente escolar. Bem como mostrar a importância de abordar essas religiões afim
de que os professores possam com esse tipo de discursão desconstruir conceitos
dado a essas religiões. Por meio de pesquisa e coleta de dados em campo como
questionários, investigaremos se há dificuldades entre professores e alunos ao tratar
sobre as religiões africanas e se há algum preconceito quando debatem sobre tal
assunto. De acordo com à constituição da República do Brasil e seu Art.5º ”É
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
suas liturgias.”
Ou seja, sabemos que vivemos em um país livre, e que podemos escolher
qual religião seguir. Mesmo assim uma série de problemas é perceptível nas escolas
públicas do nosso país, no que diz respeito ao ensino fundamental I, um desses
problemas é o ensino das religiões. Partindo desse pressuposto deu-se à escolha
dessa temática.
Ao vivenciarmos em sala de aula crianças discutindo suas religiosidades no
decorrer da aula, não a de ensino religioso. Onde esses alunos são católicos e
evangélicos, e não há registro de outras religiões entre essas crianças, ou se tem
não revelam por algum motivo. Como: medo do preconceito vindo de seus colegas
ou até mesmo do professor, e na maioria das vezes por não terem oportunidade de
falar sobre sua religião por falta de abordagem sobre tal assunto. Sabe-se que,
quase sempre não é dada importância ao ensino religioso, principalmente ao se
tratar das religiões de matrizes africanas, e muitas vezes essa aula chega a ser
substituída por outra disciplina achando-se que não há importância de se trabalhar
essa disciplina.
Educar é ensinar a compreender, experimentar e respeitar as diferenças. O
ensino e estudo responsável sobre religião devem ser multidisciplinares e
6

multiculturais, sem valorizar, por exemplo, certos padrões que a cultura Ocidental e
Burguesa coloca como universais e superiores. (SILVA, 2004, p.9)
Como tentativa e contribuição para a melhoria do ensino religioso nas
escolas públicas, desenvolvemos esse trabalho, analisando-se os aspectos
educacionais que se referem às religiões africanas em algumas escolas da cidade
de Caicó. Como também a maneira que esse conteúdo chega aos alunos.
7

2 EDUCAÇÃO RELIGIOSA NAS ESCOLAS

O ensino religioso no Brasil, ao longo da nossa história tem sido


caracterizado pelo binômio: Ensino de Religião e concessão do Estado. A partir do
processo constituinte de 1988, o ensino religioso vai efetivando sua construção
como disciplina escolar, a partir da escola e não de uma ou mais religiões. Assim, a
razão de ser do ensino religioso tem sua fundamentação na própria função da
escola: O conhecimento e o diálogo. A escola é o espaço de construção de
conhecimentos e, principalmente, de socialização dos conhecimentos historicamente
produzidos e acumulados. E como todo conhecimento humano é sempre patrimônio
da humanidade, o conhecimento religioso deve também estar disponível a todos que
a ele queiram ter acesso. Portanto, na escola o ensino religioso tem a função de
garantir a todos os educandos a possibilidade deles estabelecerem diálogo. E, como
o conhecimento religioso está no substrato cultural, o ensino religioso contribui para
a vida coletiva dos educandos, na perspectiva unificadora que a expressão religiosa
tem, de modo próprio e diversos, diante dos desafios e conflitos.
Durante muito tempo as religiões afro brasileiras sofreram perseguições por
parte de algumas instituições e grupos como , igreja, o estado e as classes
dominantes. Conceituar as religiões de matrizes africanas como seitas ou uma
engenharia demoníaca, associada a magia negra feitiçaria foi uma constante,
principalmente no século XIX e meados do XX. Nesse período, nota-se um estado
de expansão dessas religiões, onde o Brasil no seu processo de construção de uma
identidade negava ou sobrepujava a existência de elementos trazidos pelos negros
africanos escravizados, classe entendida como inferiores para os nacionalistas da
época que tentavam construir uma identidade “branca” para o Brasil. Reconhecer a
história africana como elemento importante e influente na formação histórica e
cultura Brasileira se constitui em algo recente. Até o inicio da década de 1960, a
história das organizações sociais e políticas de grande parte dos povos africanos,
assim como suas ricas e diversificadas práticas culturais, eram praticamente
desconhecidas.

Em nenhum período da história houve uma única religião em todo o mundo,


como também nunca foram dominantes as atitudes de tolerância no
passado da história das religiões. A associação entre estado e igreja é uma
8

dessas formas de intolerância, não deixando por isso mesmo, uma boa
lembrança. (SILVA. 2004, p.2)

Hoje não é diferente, ao trabalharmos a cultura africana em nossas escolas


ainda existem preconceitos por parte de alunos e até mesmo de alguns professores.
E se tratando das religiões de matrizes africanas se torna mais difícil, pois o ensino
religioso na rede pública ainda deixa muito a desejar. Trabalhar essa disciplina em
um país com grande diversidade cultural como o Brasil requer muito cuidado para
não entrarmos em conflitos com nossos alunos, principalmente com seus pais. De
acordo com o Art. 33 da lei de Diretrizes e Bases-LDB (no 9.394/1996), o ensino
religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão
e constitui disciplina de horários normais das escolas públicas de ensino
fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural do Brasil, vedadas
quaisquer formas de proselitismo.
Ou seja, mesmo com dificuldades em se tratando do ensino religioso nas
escolas públicas e como ministrar essa temática em sala de aula, devemos nos
esforçar para darmos o melhor aos nossos alunos sem que haja conflitos entre
professores, alunos e seu familiares. E agora ficou mais fácil debater tal assunto
com a aplicabilidade da lei 10.639/03 nas escolas do nosso país cujo seu objetivo
central é colaborar para que todos os sistemas de ensino cumpram as
determinações legais com vistas a enfrentar as diferentes formas de preconceito
racial, racismo e discriminação racial para garantir o direito de aprender a equidade
educacional a fim de promover uma sociedade justa e solidária.
Além do seu objetivo central, um dos seus específicos é Cumprir e
institucionalizar a implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana, conjunto formado pelos textos da Lei n° 10.639/03, Resolução
CNE/CP n° 01/2004, parecer CNE/CP n° 03/2004, e da Lei n° 11.645/08;.
No Brasil, as iniciativas para estabelecer uma educação plural perpassam
todo o século XX. Entre os vários exemplos, destaca-se nos anos de 1930, a Frente
Negra Brasileira, que elegeu como um de seus compromissos a luta por uma
educação que contemplasse a História da África e dos povos negros e combatesse
práticas discriminatórias sofridas pelas crianças no ambiente escolar. Houve vários
movimentos no país entre as décadas de 1940 à 1995, mas a Marcha Zumbi contra
9

o Racismo, pela Cidadania e a Vida, 1995, representou o momento de maior


aproximação e reivindicação com propostas de políticas públicas para a população
negra, inclusive com políticas educacionais, sugeridas para o governo federal.
Desse rico processo resulta a Lei nº 10.639/03, assinada pelo presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, em uma de suas primeiras ações à frente do
governo brasileiro, em 9 de janeiro de 2003, alterando a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) Lei nº 9.394/96 e tornando obrigatório o ensino da história
e da cultura africana e afro-brasileira. Com essa determinação, a educação no Brasil
só tem a ganhar, posto que incorpora ao seu cotidiano princípios de promoção da
igualdade racial.

O Tratamento inferiorizante a religião africana, bem como a toda sua


história, demanda de um movimento em que os responsáveis de construir
uma identidade nacional, buscavam como personagens principais os
membros da aristocracia rural brasileira, os quais se assemelhavam aos
civilizados europeus, cabendo aos negros, índios, pobres brancos e
mestiços um papel de coadjuvantes.(SÁ JUNIOR, 2011, p.48)

As religiões de matrizes africanas sofreram ou ainda sofrem na atualidade


perseguições que parecem demandar de uma falta de conhecimento ou de um
conceito negativo, que outrora foi introduzido no imaginário social como ”verdade” e
que a escola precisa desmistificar para atender a uma pluralidade religiosa existente
nesse espaço.
Na perspectiva de obter-se uma educação pluralista, que se fundamenta em
uma relação de respeito, tolerância e no reconhecimento da diversidade cultural,
abre um leque de possibilidades de discutirem-se questões sociais e pouco
“toleradas” pela sociedade, sendo as religiões afro-brasileiras uma delas. As
imagens negativas criadas sobre as religiões de base africana, como sendo uma
religião de diabos e demônios causaram medos e intolerância que acabaram
produzindo tabus e formas desrespeitosas ao falar dessas religiões.” Falar com
respeito não implica em aderi-las ou delas pactuar, apenas consiste em ser
democrático e pluralista respeitando todas as formas de valores religiosos presentes
na sociedade.”(CUNHA JUNIOR, 2009, p.97). Nesse sentido, a escola e a educação
familiar se tornam importante nesse processo. Diante da pluralidade religiosa que se
10

constitui o Brasil, o estado brasileiro se auto declara laico, livre. Liberdade ainda
incipiente nas palavras de Fonseca (2011, p.127).
O caminho entre igreja e estado não é tão livre como se poderia pensar e
que ainda persiste no Brasil, dentro da mentalidade da existência de um estado
laico, uma função histórica especialmente reservada ao catolicismo. As religiões
fazem parte da memória cultural e do desenvolvimento das sociedades. Os ensinos
das religiões não devem ser feitos para defesa de uma religião em detrimento de
outras, mas visando discutir como tema central os princípios, valores e diferenças de
cada uma, tendo em vista, sempre a compreensão do outro. A escola como espaço
democrático e diverso, por sua vez, não deve ter preferência por uma religião ou
outra e as abordagens sobre as religiões afro-brasileiras, devem seguir a direção do
esclarecimento sobre sua importância na cultura negra. Portanto, no momento em
que a escola atual tenta se colocar como um espaço democrático inclusivo e
respeitador das diferenças; “o respeito a todas as religiões é parte do dever da
escola de formar a sociedade para uma convivência pacifica e confortável a todos”
(CUNHA JUNIOR, 2009, p.103).
Conhecendo o lugar onde estamos e onde os outros estão em relação à fé e
as crenças, passamos a desenvolver um sentido de proporção no amplo campo das
religiões, religiosidades, experiências religiosas, onde todos ouvem e são ouvidos
com respeito. Consequentemente, a diversidade se faz riqueza e deve conduzir a
compreensão, admiração, respeito e atitudes pacificadoras.

2.1 A Lei 10.639/03 e sua efetividade no currículo escolar da Educação Básica

Em janeiro de 2016, completou treze anos a promulgação da Lei 10.639/03,


que tornou obrigatório o ensino de História da África, cultura africana e afro-brasileira
no currículo da educação básica. O caput dessa lei altera a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB). Cinco anos depois, a lei foi modificada e se transformou na Lei
11.645/08, incluindo a temática indígena.
A Lei 10.639/03 foi a primeira assinada pelo presidente Lula, logo após a sua
primeira eleição. Isso tem um significado simbólico: as mudanças prometidas com a
chegada de Lula e do PT ao governo se iniciaram com uma medida que era produto
da reivindicação do movimento negro.
11

Treze anos se passaram, e o cenário não é animador. Eis o que se percebe


em relação à aplicação dessa legislação:
a) Nos cursos superiores voltados para a licenciatura e de pedagogia
(portanto responsáveis pela formação de professores do ensino básico), há
resistência em implantar esses conteúdos nos seus currículos. Observa-se essa
dificuldade em maior grau nas grandes universidades, como a USP. Revela-se aí o
caráter eurocêntrico e racista hegemônico no pensamento acadêmico. O
eurocentrismo aparece com força nas áreas de História, Literatura e Artes.
Professores e pesquisadores que se aventuram em refletir e produzir cientificamente
nestes campos por fora da hegemonia europeizante são poucos e,
costumeiramente, marginalizados. Consequência disso: poucos profissionais da
educação formados para dar conta das exigências da legislação e também a
dificuldade de se criar uma massa intelectual crítica para pensar esses temas.
b) O sucateamento do ensino público no qual se concentra a maior parte do
corpo docente mais engajado politicamente coloca, muitas vezes, essa discussão
fora das prioridades da agenda política do movimento. Condição de trabalho,
salários defasados, falta de material de apoio, estrutura precária, violência, entre
outros, acabam ganhando prioridade nos movimentos sociais do campo da
Educação. Em geral, a luta pela Lei 10.639 acaba se restringindo a alguns docentes
que têm vinculações com o movimento antirracista.
c) O diagnóstico (correto) de que a dificuldade de aplicação da lei se deve,
entre outras coisas, à ausência da formação do professor para esse tema, mobilizou
várias organizações e até mesmo projetos empresariais tocados pelos militantes
antirracistas que propõem “cursos de qualificação e formação” dos mais variados
tipos e cargas horárias. Assim, o atendimento a uma demanda garantida em lei fica
na dependência de iniciativas e do voluntarismo de militantes, desobrigando o poder
público. Sintomático que em vários planos de Educação em nível municipal e
estadual – e até mesmo a primeira versão do Plano Nacional de Desenvolvimento
da Educação (PNDE), que distribuiu verbas federais para municípios melhorarem
suas estruturas educacionais – não se colocam ações necessárias dos poderes
públicos para a aplicação da lei.
A forma como ela vem sendo tratada – apenas como atendimento a uma
demanda específica do movimento negro – é problemática. É importante observar
que as Leis 10.639 e 11.645 alteram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e,
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portanto, representam modificações na normatividade da Educação nacional. Essa


alteração não se resume apenas a ser mais um mecanismo para combater a
intolerância no ambiente escolar, mas visa, sim, a formar futuros cidadãos com uma
consciência de que a sociedade brasileira é multiétnica, culturalmente diversa e que
foi formada sob a exploração brutal de africanos escravizados e a destruição de
experiências societárias originárias (indígenas) e civilizatórias (dos povos africanos).
Por essa razão, os conteúdos da lei valem tanto para as escolas públicas de
bairros periféricos, onde há grande presença de alunos negros e negras, como
também em escolas particulares de elite. Para tanto, é necessário redirecionar as
energias do movimento antirracista para que as políticas educacionais, tocadas
pelos órgãos públicos, façam cumprir a lei e atendam a todas as demandas
necessárias para tanto. Somente o voluntarismo de educadores negros e negras,
por mais louvável que seja, não será suficiente para tamanha tarefa.

2.2 Considerações iniciais da pesquisa

Esse trabalho resulta de uma breve pesquisa realizada nas escolas


municipais, Walfredo Gurgel e Auta de Souza, nas turmas de 4º e 5º ano, na cidade
de Caicó/RN. Os dados foram obtidos através da aplicação de um questionário a
professores e alunos de ambas as turmas, sendo que apenas 5 alunos de cada
turma responderam a essas questões, as quais consistiam em possibilidades de
respostas ao que concerne ao conhecimento/desconhecimento acerca das religiões
afro-brasileiras. O questionário continha as seguintes perguntas para o professor
entrevistado:

1º- Você conhece a lei 10.639/03 ?


2º- Você tem trabalhado as religiões de matrizes africanas em sala de aula?
3º- Qual a reação dos alunos a respeito dessa temática?
4º- Quais metodologias utilizou-se nessa aula?
5º- Ao buscar apoio pedagógico nessa área encontra alguma dificuldade?

Para os alunos entrevistados:


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1º- Qual sua religião?


2º- Quais as religiões de matrizes africanas você conhece?
3º- Na aula de ensino religioso o professor abordou as religiões afro-
brasileiras?
4º- É importante que o professor fale sobre as religiões africanas em sala de
aula?
5º- Você conhece a lei 10.639/03?

Nosso objetivo foi verificar o grau de conhecimento que essas turmas tinham
acerca das religiões afro-brasileiras e africanas, como as entendiam e até que ponto
as tolerava.
O principal problema encontrado foi a falta de conhecimento de professores
e alunos sobre o tema. O que nos leva a entender que os temas sobre a cultura afro-
brasileira e africana, especificamente as religiões, ainda não são abordados nas
escolas, embora esteja amparado pela lei 10.639/03.
Outra questão observada foi a falta de discussão sobre o tema por parte dos
professores. Isto explica desde o próprio desconhecimento dos docentes, a falta de
recursos e apoio das secretarias de educação em propor trabalhos voltados para
temática, até o próprio desinteresse do professor.
Quanto ao pertencimento religioso, dos 30 alunos que participaram da
pesquisa, dois não declarou pertencimento religioso, 26 declararam-se católicos e 2
protestantes. Observa-se que nenhum dos alunos se declarou adepto das religiões
de matrizes africanas, e que não às conhecem, a questão 3 todos disseram que o
professor ainda não tinha abordado esse tema, na 4 são a favor de sua abordagem
em sala de aula, e por última nenhum aluno conhece a lei 10.639/03.
Quanto aos professores, 6 responderam as perguntas, na 1 apenas um
conhece a lei, e todos ainda não trabalharam esse tema.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse artigo buscamos perceber o conhecimento dos alunos acerca das


religiões de matrizes africanas, bem como enaltecer a importância de sua
abordagem em sala de aula.
O método utilizado e o resultado da pesquisa apresentado aqui não tem uma
finalidade de representar as ideias de todos os alunos dessas escolas ou de toda a
cidade, esse método foi uma breve sondagem em termos de conhecimentos dos
alunos dessas turmas sobre as religiões afro brasileiras e as respostas
apresentadas torna-se um alerta aos que fazem parte na educação principalmente
para os docentes, à necessidade de discutir temas históricos que foram esquecidos
ou tratados de forma inferiorizante na construção de uma identidade nacional
brasileira, que através da luta dos movimentos negros fez surgir a lei 10.639/03.
Embora a lei tenha sido aprovada em 2003, a obrigatoriedade do ensino da
história da África e cultura afro descendente nas modalidades de nível fundamental
e médio nas escolas, ainda são recentes.
15

REFERÊNCIAS

BRASIL. Plano Nacional de implementação das Diretrizes Curriculares


Nacionais Para Educação das Relações Etnicorraciais e para o ensino de
História e Cultura Afrobrasileira e Africana. Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade w Inclusão. Brasilia - MEC,
SECADI, 2012.

_________. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. BRASIL. Art. 5º, Inciso VI, 1998.

CUNHA JUNIOR, Henrique. Candomblés: como abordar esta cultura na escola.


Revista Espaço Acadêmico – Nº 02, 2009.

FONSECA. Alexandre Brasil. Relações e Privilégios: Estado, Secularização e


Diversidade Religiosa no Brasil. Rio de Janeiro. Novos Diálogos. Editora, 2011.

SÁ JUNIOIR. Mário Teixeira de. Os discursos de controle sobre as práticas


religiosas afro-brasileiras na república (1889/1950). Revista brasileira de história
das religiões. Anpuh, ano lll, n. 9, 2011.

SILVA. Eliane Moura. Relação, diversidade e valores culturais: Conceitos


teóricos e a educação para a cidadania. Revista de Estudo das religiões. Nº 2,
2004.

SITE
www.acordacultura.org.br
16

ANEXOS
17

APÊNDICE 01- QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR

Escola Municipal Walfredo Gurgel e Auta de Souza


Questionário aplicado para os professores das turmas de 4º e 5º ano matutino e
vespertino
1º- Você conhece a lei 10.639/03 ?
2º- Você tem trabalhado as religiões de matrizes africanas em sala de aula?
3º- Qual a reação dos alunos a respeito dessa temática?
4º- Quais metodologias utilizou-se nessa aula?
5º- Ao buscar apoio pedagógico nessa área encontra alguma dificuldade?
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APÊNDICE 02- QUESTIONÁRIO DO ALUNO

Escola Municipal Walfredo Gurgel e Auta de Souza


Questionário aplicado para os alunos das turmas de 4º e 5º ano matutino e
vespertino
1º) Qual sua religião?
2º) Quais as religiões de matrizes africanas você conhece?
3º) Na aula de ensino religioso o professor abordou as religiões afro-brasileiras?
4º) É importante que o professor fale sobre as religiões africanas em sala de aula?
5º) Você conhece a lei 10.639/03?

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