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Proposta: B: A partir de sua leitura e sua vivência, que mudanças precisariam ser realizadas na
escola e na universidade para que sujeitos brancos fossem estimulados a pensar
complexamente sobre racismo?
Referências:
→ Essa postura advém da pouca/ausência de discussões atreladas a questões raciais nos meios
educacionais, da não abordagem e do não pensar o racismo de forma mais complexa nas
escolas.
→ Embora já exista a determinação da lei sobre história e cultura afro-brasileira nas escolas,
ainda é comum esses temas serem abordados apenas quando o foco é a invasão do Brasil pelos
portugueses e o período de escravidão, sob uma visão europeia.
→ Por isso, não basta apenas abordar história afro-brasileira na sala de aula, é preciso discutir
racismo estrutural e privilégios. Fazer da educação um meio de reconhecimento das
diversidades culturais e luta contra o racismo.
O Brasil é um país caracterizado pela sua diversidade étnico-racial, fruto de
um processo histórico construído através das relações inter-raciais. A questão é
que, mesmo contendo essa ampla diversidade, há ainda uma forte ideologia que
considera o domínio de uma raça em relação outra, baseada nos estereótipos de
inferioridade e superioridade racial. Essa ideologia de branquitude que propaga a
inexistência de privilégios e diferenças raciais, bem como a ideia de que toda a
população vive de forma harmoniosa, sem conflitos e com igualdade de
oportunidades, não passa de um mito, o qual esconde as disparidades sociais.
Sob essa perspectiva, Robin Diangelo (2008) em seu ensaio intitulado
Fragilidade Branca, abre espaço para a discussão acerca das definições de
branquitude. Segundo Robin, a expressão Branquitude, está relacionada à todas as
especificidades do racismo, a fim de categorizar a racialidade das pessoas brancas.
Esta definição de racismo, no entanto, vai de encontro à representação proposta na
educação regular ao se pensar em uma educação antirracista. A autora cita ainda
as definições de branquitude apresentadas por Frankenberg, as quais ele classifica
como sendo multidimensionais, ou seja, “um local de vantagem estrutural, de
privilégio racial” (1993 p. 1), ou ainda, “um conjunto de práticas culturais que são
geralmente invisíveis e anônimas” (1993, p.1). Assim, a Branquitude não está
relacionada somente a questões de cor de pele, mas também à distribuição
desigual de poder e recursos entre pessoas brancas e não-brancas.
Fica evidente, portanto, que pessoas brancas estão dispostas a apontar o
racismo como um problema. No entanto, quando se trata de privilégios, elas não
estão aptas a reconhecê-los, construindo, assim, uma postura profundamente
ignorante. Nesse viés, Robin Diangelo (2008) traz a questão da arrogância racial
presente no racismo ideológico. Segundo ela, pessoas brancas, por viverem em
ambientes racialmente isolados, acabam construindo imagens fortemente positivas
a respeito do que é ser branco, em oposição a imagens negativas quando se trata
de sujeitos não-brancos:
Um outro exemplo que pode ser citado aqui, é que as escolas, na maioria
das vezes, falam da história e cultura afro-brasileira somente na data da
Consciência Negra, no dia 20 de novembro, enquanto no restante do ano essa
problemática não é discutida, muito menos lembrada.
Embora já exista a determinação da lei sobre história e cultura afro-brasileira
nas escolas, ainda é comum esses temas serem abordados apenas quando o foco
é a invasão do Brasil pelos portugueses e o período de escravidão, sob uma visão
europeia. Nesse aspecto, houve a implementação da lei nº 10.639, de 9 de janeiro
de 2003, que alterou os artigos 26-A e 79-B da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura
Africana e Afro-Brasileira, passando a vigorar com as seguintes modificações:
Esta lei foi um grande marco histórico do Movimento Negro em todo o país,
em relação às políticas de ações afirmativas. Mais tarde, já no ano de 2008, foi
sancionada a lei 11.645/08 que estabeleceu a inclusão no currículo oficial da rede
de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena.
No entanto, conhecer e aprender sobre a história e cultura afro-brasileira não
é o suficiente no quesito da construção de uma educação antirracista, não adianta
mostrar somente a cultura desses povos, se não é discutido de fato o racismo
estrutural e privilégio branco nos meios educacionais.
Para que os processos pedagógicos alcancem os objetivos da referida lei é
necessário fazer da educação um meio de reconhecimento das diversidades
culturais e luta contra o racismo.