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UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA

ENSINO DE HISTÓRIA CULTURA AFRO-BRASILEIRA


Tutor: André Luiz Simões Pereira
Discente: Ana Patrícia Bezerra da Cruz

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E DA CULTURA


AFRO BRASILEIRA, AFRICANA E INDÍGENA NAS ESCOLAS.

NOERTEADO PELAS LEIS: 10.639/2003 e ATERADA PARA 11.645/2008

Humildes
2023
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E DA CULTURA
AFRO BRASILEIRA, AFRICANA E INDÍGENA NAS ESCOLAS.
NOERTEADO PELAS LEI: 10.639/2003 ATERADA PARA 11.645/2008

O ensino da Cultura Afro-brasileira nos transporta para o momento em que o


tráfico negreiro forçou milhões de africanos a virem à colônia portuguesa ou
Brasil Colonial, formando a maior concentração de africanos fora da África.
Mesmo após a assinatura da Abolição da escravatura no Brasil, assinada pela
Princesa Isabel A Lei Aurea, no dia 13 de maio de 1888, nos deparamos com a
árdua missão de trabalhar essas temáticas, evolvendo as veredas de um
sistema brutal, e também incorporar as culturas e multifaces do que se tornaria
o povo brasileiro.

Neste contexto a lei 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino da cultura e


história afro-brasileira nas escolas públicas e privadas, tendo como objetivo
resgatar junto aos estudantes dos ensinos fundamental e médio a contribuição
de africanos e afro-brasileiros nas mais diversas áreas. A obrigatoriedades do
“ensino de africanidades nas escolas” na Educação Básica modifica a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96),

O conceito [de afrodescendente] torna-se popular no bojo


de debates dos conceitos de negro e de afro-4brasileiro
no final do século XX, no entendimento de que esse novo
conceito pudesse abarcar os dois outros, marcando uma
nacionalidade, um território comum de todos aqueles que
se vinculam ao continente africano pela descendência na
diáspora. O conceito de afrodescendente é filho do
contexto da globalização e também de articulações e
negociações entre os descendentes de africanos nas
diversas partes do mundo (Secretaria Municipal de
Educação, 2008, p. 35).

Santos (2007) afirma que a Lei 10.639/03 foi responsável pela inclusão do
ensino da cultura afro-brasileira na grade curricular do ensino brasileiro,
fazendo com que os alunos se conscientizem quanto ao papel do negro na
história do Brasil, e consequentemente, para que a ideia construída ao longo
do tempo apresentando o negro como sub-raça, seja desconstruída para que
Cultura Afro-brasileira” na Rede de Ensino Nacional. A Lei 11.645/08, por sua
vez, agrega à lei 10.639 e, por conseguinte à Lei 9.394, a temática indígena.
Ambas foram formuladas a fim de promover uma educação e cultura
antirracistas para a consolidação de uma sociedade livre de preconceitos,
porém mesmo que sua proclamação já ultrapasse os 10 anos seu cumprimento
ainda é reduzido em grande parte da educação básica. E devido à luta dos
povos indígenas pelo reconhecimento de sua história, cultura e sua
participação na configuração étnica brasileira, deu-se a inclusão da temática
indígena na Lei nº 11. 645/08 onde estabelece a obrigatoriedade do ensino da
história e cultura indígena no ensino básico. A educação brasileira se viu diante
do difícil desafio de modificar sua matriz monocultura para considerar a riqueza
e a contribuição da diversidade indígena para a compreensão da cultura e
história nacional, objetivando o reconhecimento e valorização da diversidade
étnico-racial, histórias e culturas até então negligenciadas pela sociedade, e
resgatar as suas contribuições nas áreas social, econômica e política,
pertinentes à história do Brasil.

A LDB, que abriu a possibilidade de regionalização dos


currículos, descentralizando-os, tem sofrido alterações
para corrigir as distorções nos relatos e preencher as
omissões de acontecimentos da história e da geografia
do Brasil que geram visões de mundo preconceituosas.
Normalmente, os afrodescendentes e os indígenas
ficaram alijados da História do Brasil como personagens
ativos e atuantes na sociedade, porque em muitas
versões esses tipos ficaram à sombra do colonizador
europeu. Como a tríade da matriz indígena, africana e
europeia na base da formação da sociedade brasileira
(Pereira, 2010).

Para Pereira, os movimentos sociais serviram para intensificar a pressão na


sociedade civil, já que estão nessa causa desde a década de 1970, as
reivindicações por maior igualdade no contexto da luta contra o preconceito,
contra o racismo, pela extinção da dominação e exclusão e reconhecimento
dos direitos das minorias, indígenas e negros. Para o autor, há crescimento
incessante em favor da igualdade de benefícios para todos e por extinção do
preconceito racial enraizado na história da escravidão do negro no Brasil. Os
movimentos negros passaram a reivindicar de forma incisiva mudanças
estruturais nos currículos escolares de modo a repensar a forma como era
ensinada e aprendida a participação do negro na história do Brasil, porque:
historicamente a lei da proibição do tráfico negreiro em
1850 foi desrespeitada e o tráfico interno continuou de
forma relevante; a Lei do Ventre Livre não surtiu efeito
imediato, porque as crianças negras ficaram impedidas
de frequentar a escola, ficando alijadas da sociedade; a
lei que aboliu a escravatura não mudou a situação
econômica e social do negro, pois, o trabalho ficou
dificultado pela vinda de imigrantes europeus, que
reacenderam o preconceito e o cerceamento das
oportunidades da raça negra (Pereira, 2016).

Fica evidente que a lei aprovada é apenas uma parte importante de um


processo acompanhado por campanhas de conscientização do verdadeiro
papel do negro na sociedade. O peso da lei é suficiente para mudar toda uma
ideologia que perdura há anos, há séculos em nossa sociedade (Pereira,
2010). Essas duas Leis são um ato político de combate ao racismo, ao
estereótipo e ao preconceito, que evidenciam a diversidade dos grupos que
formam o povo brasileiro.

Segundo Oliva (2009), o reconhecimento à aprovação da “pluralidade do


patrimônio cultural brasileiro”, de acordo com o MEC (Brasil, 1997), ao criar os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), está entre os objetivos primordiais,
de modo que professores e alunos do Ensino Fundamental obtenham
conhecimento da cultura e da sociedade de outros povos e seus aspectos, para
que possam assumir uma postura de defesa, por meio do conhecimento
cultural.
A sociedade brasileira ainda segrega silenciosamente segundo noções raciais,
levando os afrodescendentes a negar a imagem do negro que lhes é
apresentada (subalterno, subserviente, carente) nas mídias, em geral e como
parte do próprio inconsciente coletivo. Como consequência, tem-se a alienação
e o alinhamento às tendências europeias e americanas. Essa automutilação
cultural acontece como produto da tentativa de libertação dos rótulos
arraigados e da angústia de se sentirem marginais sociais (Pereira, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho enfatiza a importância da Lei nº 10.639/03, que deu um
grande salto para a educação e um grande avanço na relação racial nas
escolas com informações sobre a relação de África e Brasil, onde o racismo e a
discriminação racial, ainda estão presentes no seio da nação brasileira desde o
período colonial. estes povos tiveram sua pratica negada, prejudicando a
população afrodescendente e indígena, mascarados pela ideologia da
democracia racial. Sabemos que apenas a publicação de uma lei não é
garantia de que será efetivamente aplicada.
Constata-se que a abordagem desse tema nas escolas ainda é muito
superficial devido à carência de estudos aprofundados sobre África; é
imprescindível que o tema em questão seja aplicado em todo o ciclo escolar,
para que essa visão de raça inferior que ainda perdura em alguns grupos
sociais seja eliminada nas escolas e na sociedade, e os professores bem
preparados em suas aulas venham dar sua contribuição para o fim da
discriminação racial nas escolas.
As Leis 10.639 e 11.645, venceram alguns obstáculos e foram sendo
implantadas nas escolas. O Plano Nacional de Educação 2014-2024, foi palco
de amplos debates entre diversos atores sociais e o poder público, e que serve
como esbouço para os avanços conquistados, ao orientar Estados e Municípios
a inclusão das referidas leis em seus Planos de Educação. Porém, para que
sejam efetivadas e tenham aplicabilidade faz-se necessário uma reflexão sobre
os conceitos como: racismo, raça, cidadania, liberdade de credo, identidade
étnico-racial, ancestralidade, oralidade étnico-racial, dentre outros, de forma a
possa dar sustentação às novas intervenções na área educacional. É de suma
importância profissionais da área de educação desprendidos de preconceito,
racismo, intolerância e conhecedores do tema e, principalmente, dispostos a
aprender e ensinar e que principalmente, haja material didático adequado,
tanto para os alunos, quanto para a formação dos professores.

REFERÊNCIAS
CARVALHO, Leandro. Lei 10.639/03 e o Ensino da história e cultura afro-
brasileira e africana – Disponível em:
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/lei-10639-03-
ensino-historia-cultura-afro-brasileira-africana.htm#:~:text=A%20Lei
%2010.639%2F03%2C%20que,na%20forma%C3%A7%C3%A3o%20da
%20sociedade%20brasileira.&text=brasileira%20e%20africana,O%20ensino
%20da%20hist%C3%B3ria%20e%20cultura%20afro%2Dbrasileira%20e
%20africana,tema%20da%20escravid%C3%A3o%20negra%20africana.
Acesso em: 10 nov. 2023.
MORAES. Emilson Macedo de. ROSA, Issac Gabriel Gayer Fialho da.
LOBATO, Rodrigo Batista - Trajetória do ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira na Educação Básica: uma vitória contra discursos coloniais e
raciais. - Disponível em:
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/3/trajetoria-do-ensino-de-
historia-e-cultura-afro-brasileira-na-educacao-basica-uma-vitoria-contra-
discursos-coloniais-e-raciais - Acesso em: 10 nov. 2023.
CAMPOS, Maria Natielly Soares. ARAUJO, Johny Santana de. A importância
do Ensino da cultura africana e afro-brasileira: um dever da família, da
escola e da sociedade - Disponível em:
https://www.snh2021.anpuh.org/resources/anais/8/snh2021/1628550757_ARQ
UIVO_fb19b9e1d0a593f2820e4be8a9713a20.pdf - Acesso em: 11 nov. 2023

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