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Jorge Jeremias Chamussola Beira Julho/2017

ISCED

Manual de Curso de Licenciatura em Direito

4º Ano

Disciplina: Justiça Constitucional


Código: ISCED41 – CJURCFE030

TOTAL HORAS/1o SEMSTRE: 115

CRÉDITOS (SNATCA): 5

Número de Temas: 7

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED).

JJ CHAMUSSOLA/17
Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED),


e contém reservados todos os Direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou
total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED).
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos
judiciais em vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


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Beira - Moçambique
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Cel: +258 823055839
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Website: www.isced.ac.mz

Agradecimentos

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância  Coordenação do Programa das


licenciaturas e o autor que elaborou o presente manual, Dr. Jorge Jeremias Chamussola
agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste
manual:

JJ CHAMUSSOLA/17
Pelo design e revisão final Prof. Dr. Horácio Emanuel N’Vunga e
Prof.Dr. Zacarias Medeiro
Financiamento e Logística SCA – Consultores; com especial destaque à
pessoa do Dr. Robert Filimon Cambine.

Elaborado Por:
Dr. Jorge Jeremias Chamussola, licenciado em Direito pela UEM.

JJ CHAMUSSOLA/17
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional i

Contents

Visão geral 1
Benvindo ao Módulo de Justiça Constitucional ............................................................... 1
Objectivos do Módulo ...................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 1
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2
Ícones de actividade .......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 6
Avaliação .......................................................................................................................... 6

TEMA – I: GARANTIA DA CONSTITUIÇÃO 9


UNIDADE Temática 1.1. Meios e institutos de defesa da Constituição .......................... 9
Introdução ......................................................................................................................... 9
1. A vinculação constitucional dos poderes públicos ................................................ 10
2 . Rigidez constitucional (os limites da revisão constitucional) ............................... 11
3. A fiscalização da constitucionalidade ................................................................... 15
4. A separação e interdependência dos órgãos de soberania ..................................... 15
Sumário ........................................................................................................................... 16
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 17
Exercícios........................................................................................................................ 18
UNIDADE Temática 1.2 Exercícios do Tema I ............................................................ 19
Bibliografia do Tema ...................................................................................................... 20

TEMA – II: CONSTITUIÇÃO E INCONSTITUCIONALIDADE 22


UNIDADE Temática 2.1. Constituição e Inconstitucionalidade .................................... 22
Introdução ....................................................................................................................... 22
I - Introdução .................................................................................................................. 23
II - A Constituição como acto jurídico ........................................................................... 24
1. Dimensões da Constituição ................................................................................... 24
2. Classificações materiais de Constituições ............................................................. 26
3. Normas material e formalmente constitucionais ................................................... 27
4. As fontes das normas e dos princípios constitucionais ......................................... 28
III - A fiscalização da constitucionalidade ..................................................................... 30
1. Sentido e Natureza................................................................................................. 30
2. Origem ................................................................................................................... 31
3. Tipos de Fiscalização ............................................................................................ 31
4. Os Vícios Geradores de Inconstitucionalidade ..................................................... 33
5. A Inconstitucionalidade Parcial............................................................................. 34
6. Objecto de Fiscalização de Constitucionalidade e da legalidade: actos normativos35
7. Actos Administrativos e Decisões Jurisdicionais .................................................. 36
8. Órgãos de Fiscalização da Constitucionalidade das Leis ...................................... 37
Sumário ........................................................................................................................... 38
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 39

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Exercícios........................................................................................................................ 40
UNIDADE Temática 2.2 Exercícios do Tema II ........................................................... 41
Bibliografia do Tema ...................................................................................................... 43

TEMA – III: OS SISTEMAS DE CONTROLO DA CONSTITUCIONALIDE 45


UNIDADE Temática 3.1. Os sistemas de controlo da Constitucionalidade .................. 45
Introdução ....................................................................................................................... 45
1. Os grandes modelos e sistemas típicos.................................................................. 45
2. Sistemas atípicos e mistos ..................................................................................... 50
Sumário ........................................................................................................................... 50
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 51
Exercícios........................................................................................................................ 52
UNIDADE Temática 3.2 Exercícios do Tema III ......................................................... 52
Bibliografia do Tema ...................................................................................................... 54

TEMA – VI: PROCESSOS DE FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE 55


UNIDADE Temática 4.1. Processos de Fiscalização da Constitucionalidade ............... 55
Introdução ....................................................................................................................... 55
I - Disposições processuais gerais sobre Processos de fiscalização da
constitucionalidade e da legalidade ................................................................................ 55
1. Registo e distribuição de processos ....................................................................... 55
II - Processos de fiscalização preventiva da constitucionalidade ................................... 57
III - Processo de fiscalização sucessiva .......................................................................... 60
IV – Processo de Fiscalização concreta da constitucionalidade e da legalidade ............ 63
Sumário ........................................................................................................................... 65
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 65
Exercícios........................................................................................................................ 66
UNIDADE Temática 4.2 Exercícios do Tema IV ......................................................... 67
Bibliografia do Tema ...................................................................................................... 68

TEMA – V: A FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE NA HISTÓRIA MOÇAMBICANA E O


ACTUAL REGIME 69
UNIDADE Temática 5.1. A Fiscalização da Constitucionalidade na história
Moçambicana e o Actual Regime ................................................................................... 69
Introdução ....................................................................................................................... 69
1. A criação do Conselho Constitucional pela Constituição de 1990 ............................. 69
2. A natureza jurídica do Conselho Constitucional na vigência da Constituição de 199070
3. Actual Posição e o Estatuto do Conselho Constitucional ........................................... 72
4. Balanço de Actividade do Conselho Constitucional ............................................. 75
Sumário ........................................................................................................................... 77
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 77
Exercícios........................................................................................................................ 78
UNIDADE Temática 5.2 Exercícios do Tema V .......................................................... 79
Bibliografia do Tema ...................................................................................................... 81

TEMA – VI: COMPETÊNCIA, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO CONSELHO


CONSTITUCIONAL 82

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UNIDADE Temática 6.1. Competência, Organização e Funcionamento do Conselho


Constitucional ................................................................................................................. 82
Introdução ....................................................................................................................... 82
I - Competências ............................................................................................................. 82
II - Composição e organização ....................................................................................... 83
1. Designação e estatuto dos Juízes ........................................................................... 83
2. Mandato ................................................................................................................. 84
3. Posse e juramento .................................................................................................. 85
4. Cessação de funções .............................................................................................. 86
5. Irresponsabilidade ................................................................................................. 86
6. Regime disciplinar ................................................................................................. 86
7. Responsabilidade civil e criminal.......................................................................... 87
8. Prisão preventiva ................................................................................................... 87
9. Intimação para comparência .................................................................................. 87
III – Incompatibilidades, impedimentos e suspeições .................................................... 87
1. Incompatibilidades ................................................................................................ 87
2. Impedimentos e suspeições ................................................................................... 88
1. Funcionamento e periodicidade das sessões ......................................................... 88
2. Quorum .................................................................................................................. 88
3. Forma de actos....................................................................................................... 88
4. Representação do Estado pelo Ministério Público ................................................ 89
Sumário ........................................................................................................................... 90
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 91
Exercícios........................................................................................................................ 92
UNIDADE Temática 5.2 Exercícios do Tema VI ......................................................... 92
Bibliografia do Tema ...................................................................................................... 94

TEMA – VII: OS EFEITOS DA DECISÃO DA INCONSTITUCIONALIDADE 95


UNIDADE Temática 7.1. Os efeitos da decisão da inconstitucionalidade .................... 95
Introdução ....................................................................................................................... 95
I - Os principais tipos de decisões de fiscalização de inconstitucionalidade .................. 95
II - Efeitos da decisão da inconstitucionalidade ............................................................. 96
1. Efeitos da decisão de inconstitucionalidade na fiscalização preventiva ............... 97
2. Efeitos da decisão de inconstitucionalidade na fiscalização sucessiva ................. 97
3. Efeitos da decisão de inconstitucionalidade na Fiscalização concreta ................ 101
4. Efeitos da decisão de inconstitucionalidade na fiscalização por omissão ........... 101
Sumário ......................................................................................................................... 102
Exercícios de Auto-Avaliação ...................................................................................... 103
Exercícios...................................................................................................................... 104
UNIDADE Temática 7.2 Exercícios do Tema VII ...................................................... 104
Bibliografia do Tema .................................................................................................... 106

EXERCÍCIOS FINAIS DO MÓDULO 107


Soluções de Exercícios Finais do Módulo .................................................................... 111

BIBLIOGRAFIA 114

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Visão geral

Benvindo ao Módulo de Justiça Constitucional

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Justiça Constitucional


deverás ser capaz de:

 Conhecer as garantias da Constituição;


 Conhecer a relação entre a Constituição a constitucionalidade;
 Conhecer os tipos de fiscalização no geral e os previstos no
ordenamento jurídico moçambicano;
 Conhecer o processualismo jurídico da fiscalização de
Objectivos inconstitucionalidade em Moçambique;
Específicos  Conhecer os diferentes sistemas de fiscalização de
inconstitucionalidade;
 Conhecer as competências, a organização e o funcionamento
do Concelho Constitucional;
 Conhecer os efeitos da decisão de inconstitucionalidade

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 4º ano do curso de


licenciatura em Direito. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores
que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa
disciplina, esses serão bem vindos, não sendo necessário para tal
se inscrever. Mas poderá adquirir o manual.

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 2

Como está estruturado este módulo

Este módulo de Justiça Constitucional, para estudantes do 4º ano


do curso Direito, à semelhança dos restantes do ISCED, está
estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como
componente de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por
um sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade
temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de
auto-avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os
exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros
exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades
práticas algumas incluído estudo de casos.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si,


num cantinho, mesmo o recôndito deste nosso vasto Moçambique
e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu
módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na
biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos
relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-
ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico
disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital
moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus
estudos.

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Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc. deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que
graças as suas observações, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa,
uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos
estudos, procedendo como se segue:

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1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou


as de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si:
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em
cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido


estudado durante um determinado período de tempo; Deve
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao
seguinte quando achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler


e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos
conteúdos de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos
das actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo,
criando interferência entre os conhecimento, perde sequência
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

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Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo,
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área
em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas
trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR),
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou administrativa.

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O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%


do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os Direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do Direito intelectual do(s) autor(es). Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos Direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja
uma avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária,
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 7

avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de


avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos Direitos do autor, entre outros. Os
objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 9

TEMA – I: GARANTIA DA CONSTITUIÇÃO


UNIDADE Temática 1.1. Meios e institutos de defesa da Constituição.
UNIDADE Temática 1.2. EXERCÍCIOS do tema

UNIDADE Temática 1.1. Meios e institutos de defesa da Constituição

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos gerais sobre os meios e institutos de defesa da
Constituição.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer os meios e institutos de defesa da Constituição;


Objectivos  Saber que os poderes públicos estão vinculados a Constituição;
 Saber a importância dos limites de revisão constitucional;
 Conhecer os órgãos de soberania e conhecer a importância do
princípio de separação e interdependência entre si.

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 10

1. A vinculação constitucional dos poderes públicos

A Constituição é a norma das normas, a lei fundamental do Estado, o


escalão normativo superior de um ordenamento jurídico. Daí resulta
uma pretensão de validade e de observância como norma superior
directamente vinculante em relação a todos os poderes públicos.

O juramento do presidente da República e dos outros membros de


órgãos público no acto da tomada de posse constitui manifestação de
tal vinculação.

Também constituem manifestação desta vinculação as sanções


constitucionais que atinge os titulares de órgãos de poder público pela
prática de actos de ilícitos ou pelo menos inconstitucionais e ilegais,
no exercício das suas funções.

Imagem da investidura e juramento de Filipe J. Nyussi, Presidente da


República

http://www.presidencia.gov.mz/index.php/noticias/933-presidente-
da-republica-filipe-jacinto-nyusi-na-tomada-de-posse-como-chefe-de-
estado, disponível em 21 de Agosto de 2017

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 11

2. Rigidez constitucional (os limites da revisão constitucional)

Fonte: http://www.larazon.com.do/images/2015/Junio/19-Junio/justicia.jpg,
disponível em 19 de Agosto de 2017

A rigidez constitucional consiste na força passiva libertada pelas


normas constitucionais, resultante do carácter especial e agravado do
correspondente processo de revisão, quando confrontado com o
procedimento legislativo ordinário.

Semelhante força passiva preclude a revogação das normas


constitucionais por outras normas que não sejam submetidas a uma

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 12

tramitação pautada por uma exigência idêntica.

Exigência que é corporizada num conjunto de limites antepostos à


vontade do legislador constitucional e que, numa Constituição
textualmente hiper-rígida como é o caso da Constituição de 2004,
revestem a natureza de limites temporais, formais, materiais e
circunstanciais.

Fonte: https://www.slideshare.net/DireitoNabuco/estado-constitucional,
disponível em 19 de Agosto de 2017

2.1. Iniciativa
As propostas de alteração da Constituição são da iniciativa de:
 Presidente da República; ou
 um terço, pelo menos, dos deputados da Assembleia da
República.

As propostas de alteração devem ser depositadas na Assembleia da


República até noventa dias antes do início do debate.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 12
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Imagens do PR e AR, os dois órgãos com iniciativa de revisão


constitucional

Fontes: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/internacional/mocambique-
igreja-catolica-espera-que-novo-presidente-consolide-a-paz-no-pais/ e
http://noticias.sapo.mz/info/artigo/1427054.html, disponíveis em 24 de
agosto de 2017.

2.2. Limites materiais


As leis de revisão constitucional têm de respeitar (art. 292 da CRM):
a) A independência, a soberania e a unidade do Estado;
b) A forma republicana de Governo;
c) A separação entre as confissões religiosas e o Estado;
d) Os direitos, liberdades e garantias fundamentais;
e) O sufrágio universal, directo, secreto, pessoal, igual e
periódico na designação dos titulares electivos dos órgãos de
soberania das províncias e do poder local;
f) O pluralismo de expressão e de organização política,
incluindo partidos políticos e o direito de oposição democrática;
g) A separação e interdependência dos órgãos de soberania;
h) A fiscalização da constitucionalidade;
i) A independência dos juizes;
j) A autonomia das autarquias locais;
k) Os direitos dos trabalhadores e das associações sindicais;

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 14

l) As normas que regem a nacionalidade, não podendo ser


alteradas para restringir ou retirar direitos de cidadania.

As alterações destas matérias são obrigatoriamente sujeitas a


referendo.

2.3. Limites temporais


Segundo o artigo 293 da CRM, a Constituição só pode ser revista cinco
anos depois da entrada em vigor da última lei de revisão, salvo
deliberação de assunção de poderes extraordinários de revisão,
aprovada por maioria de três quartos dos deputados da Assembleia da
República.

2.4. Limites circunstanciais


Na vigência do estado de sítio ou do estado de emergência não pode
ser aprovada qualquer alteração da Constituição.

Imagem de Estado de Sítio

http://www.cinemarden.com.br/2016/09/estado-de-sitio.html,
disponível em 25 de Agosto de 2017

2.5. Votação e forma


As alterações da Constituição são aprovadas por maioria de dois terços
dos deputados da Assembleia da República e são reunidas numa única
lei de revisão.

O Presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de


revisão.

2.6. O finalismo da rigidez constitucional

São fundamentalmente três, os fins de ordem garantistica, servidos


pela rigidez constitucional, a saber:

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 15

estabilização da Constituição, função integradora e compromissória e


garantia da hierarquia da mesma Lei Fundamental.

3. A fiscalização da constitucionalidade
A instituição da fiscalização da constitucionalidade das leis e demais
actos normativos do Estado constitui, nos modernos estados
constitucionais democrático, um dos mais relevantes instrumentos de
controlo do cumprimento e observância das normas constitucionais.
Ver-se-á, mais adiante, que a fiscalização da constitucionalidade tanto
é uma garantia de observância da Constituição, ao assegurar, de forma
positiva, a dinamização da sua força normativa, e, de forma negativa,
ao reagir através de sanções contra a sua violação, como uma garantia
preventiva, ao evitar a existência de acto normativos, formal e
substancialmente violadores das normas e princípios constitucionais.

4. A separação e interdependência dos órgãos de soberania


Embora não sejam tradicionalmente incluídos nos mecanismos de
defesa da Constituição, têm também carácter garantístico a ordenação
constitucional de funções e o esquema de controlos enterorgânicos e
intra-orgânicos dos órgãos de soberania. O princípio da separação e
interdependência dos órgãos de soberania tem, assim, uma função de
garantia da Constituição, pois os esquemas de responsabilidade e
controlo entre os vários órgãos transformam-se em relevantes
factores de observância da Constituição. Em Moçambique A separação
e interdependência dos órgãos de soberania está consagrado no artigo
134 da CRM nos seguintes termos:

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 16

São órgãos de soberania o Presidente da República, a Assembleia da


República, o Governo, os Tribunais e o Conselho Constitucional.

Sumário
Nesta unidade temática aprendemos que:

 A Constituição é a norma das normas, a lei fundamental do


Estado, o escalão normativo superior de um ordenamento
jurídico. Daí resulta uma pretensão de validade e de
observância como norma superior directamente vinculante em

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 16
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 17

relação a todos os poderes públicos.

 A rigidez constitucional consiste na força passiva libertada


pelas normas constitucionais, resultante do carácter especial e
agravado do correspondente processo de revisão, quando
confrontado com o procedimento legislativo ordinário.

 O princípio da separação e interdependência dos órgãos de


soberania tem, assim, uma função de garantia da Constituição,
pois os esquemas de responsabilidade e controlo entre os
vários órgãos transformam-se em relevantes factores de
observância da Constituição

Exercícios de Auto-Avaliação
1. A CRM prevê a separação e interdependência dos órgãos de
soberania.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

2. Quais são os órgãos de soberania:


a) Presidente da República, a Assembleia da República,
o Governo, o Presidente do Tribunal Supremo e o
Conselho Constitucional;
b) Presidente da República, a Assembleia da República,
o Governo, os Tribunais e o Conselho
Constitucional;
c) Presidente da República, a Assembleia da República,
o Governo, e os Tribunais;
d) Presidente da República, a Assembleia da República,
o Governo, os Tribunais e o Ministério Público.
Resposta: b) Presidente da República, a Assembleia da República, o
Governo, os Tribunais e o Conselho Constitucional

3. Os poderes públicos não estão sujeitos a vinculação


constitucional.
 Certo
 Errado
Resposta: Errado

4. A fiscalização da constitucionalidade das leis e demais actos


normativos do Estado constitui um dos mais relevantes
instrumentos de controlo do cumprimento e observância das
normas constitucionais.
 Certo
 Errado

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 17
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 18

Resposta: Certo

5. A Constituição garante a sua estabilidade e conservação contra


alterações aniquiladoras do seu núcleo essencial através de
cláusula de irrevisibilidade e de um processo agravado das leis
de revisão.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. A separação e interdependência dos órgãos de soberania não
são tradicionalmente incluídos nos mecanismos de defesa da
Constituição.
 Certo
 Errado

2. O princípio da separação e interdependência dos órgãos de


soberania tem, uma função de garantia da Constituição.
 Certo
 Errado

3. As propostas de alteração da Constituição são da iniciativa de:


a) Presidente da República;
b) um terço, pelo menos, dos deputados da Assembleia da
República.
c) Qualquer um dos citados acima
d) Nenhum dos citados acima

4. As propostas de alteração devem ser depositadas na


Assembleia da República até:

a) 10 dias antes do início do debate

b) Trinta dias antes do início do debate

c) Noventa dias antes do início do debate

d) Cem dias antes do início do debate

5. A revisão constitucional obedece o mesmo formalismo


processual da revisão de:

a) Lei

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 18
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 19

b) Decreto- Lei

c) Todos acima

d) Nenhum

Soluções: 1. Certo; 2. Certo; 3. c) qualquer um dos citados acima; 4.


c) Noventa dias antes do início do debate; 5. d) Nenhum

UNIDADE Temática 1.2 Exercícios do Tema I

1. As leis de revisão constitucional têm de respeitar a


independência, a soberania e a unidade do Estado.
 Certo
 Errado

2. As leis de revisão constitucional têm de respeitar a forma


republicana de Governo.
 Certo
 Errado

3. A separação entre as confissões religiosas e o Estado constituí


um limite temporal de revisão constitucional.
 Certo
 Errado

4. As leis de revisão constitucional têm de os direitos, liberdades


e garantias fundamentais. Este é um limite:
a) Material
b) Temporal
c) Formal
d) Procedimental

5. A alteração da matéria relativa a autonomia das autarquias


locais é obrigatoriamente sujeita a:
a) Referendo
b) Eleição
c) Nomeação
d) Nenhum deles

6. Em regra a Constituição só pode ser revista:


a) Um anos depois da entrada em vigor da última lei de
revisão
b) Cinco anos depois da entrada em vigor da última lei de
revisão

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 19
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 20

c) Dez anos depois da entrada em vigor da última lei de


revisão
d) A qualquer momento

7. Na vigência do estado de sítio ou do estado de emergência


pode ser aprovada qualquer alteração da Constituição.
 Certo
 Errado

8. As alterações da Constituição são aprovadas por:


a) Maioria de um terço dos deputados da Assembleia
da República
b) Maioria de dois terços dos deputados da
Assembleia da República
c) Maioria de um quarto deputados da Assembleia da
República
d) Nenhuma

9. O Presidente da República pode recusar a promulgação da lei


de revisão.
 Certo
 Errado

10. O do tribunal supremo é um órgão de soberania.

 Certo

 Errado

Solução: 1. Certo; 2. Certo; 3. Errado; 4. a) Material; 5. a)


Referendo; 6. b) Cinco anos depois da entrada em vigor da
última lei de revisão; 7. Errado; 8. b) Maioria de dois terços dos
deputados da Assembleia da República; 9. Errado. 10. Errado

Bibliografia do Tema

Canotilho, J. J. G. (2002) Direito Constitucional e Teoria da


Constituição. (6ª ed). Coimbra: Almedina;

Canotilho, J. J. G. e VITAL, M. (1991). Fundamentos da Constituição.


Coimbra: Coimbra;

De Morais; C. B. (2002). Justiça Constitucional, Tomo I – Garantia da

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 20
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 21

Constituição e Controlo da Constitucionalidade. Coimbra: Coimbra;

Filho, M. G. F. (2002), Curso de Justiça Constitucional, (28ª ed,


actualizada). São Paulo: Saraiva;

Miranda, J. (1991). Manual do Direito Constitucional, Tomo II,


Constituição e Inconstitucionalidade. (3ª ed. totalmente revista e
actualizada). Coimbra: Coimbra;

Constituição da República (CRM) de 2004;

Constituição da República (CRM) de 1990;

Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do Conselho


Constitucional).

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 21
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 22

TEMA – II: CONSTITUIÇÃO E INCONSTITUCIONALIDADE


UNIDADE Temática 2.1. Constituição e Inconstitucionalidade.
UNIDADE Temática 2.2. EXERCÍCIOS do tema

UNIDADE Temática 2.1. Constituição e Inconstitucionalidade

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos gerais sobre a relação entre Constituição e a
constitucionalidade.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber definir a Constituição como um acto jurídico;


 Conhecer as dimensões e classificações materiais da
Constituição;
Objectivos
 Conhecer as fontes das normas e princípios constitucionais;
 Conhecer a definição e origem da fiscalização de
inconstitucionalidade;
 Conhecer os tipos de fiscalização de inconstitucionalidade;
 Conhecer os vícios geradores de inconstitucionalidade;
 Conhecer o objecto de fiscalização de inconstitucionalidade em
Moçambique;
 Conhecer e dominar os actos normativos;
 Conhecer os tipos de órgão fiscalizadores de
inconstitucionalidade.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 22
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 23

Imagem da Constituição moçambicana de 2004

Fonte: https://interconexoeshumanas.wordpress.com/tag/maputo/,
disponível em 12 de Agosto de 2017

I - Introdução
Constitucionalidade e inconstitucionalidade designam conceitos de
relação: a relação que se estabelece entre uma coisa – a Constituição
– e outra coisa – um comportamento – que lhe está ou não conforme,
que cabe ou não no seu sentido, que tem nela ou não a sua base.

Assim declaradas, são conceitos que parecem surgir por dedução


imediata. De modo pré-surgido, resultam do confronto de uma norma
ou de um acto normativo com a Constituição, correspondem a
atributos que tal comportamento recebe em face de cada norma
constitucional.

Não se trata de relação de mero carácter lógico ou intelectivo. É


essencialmente uma relação de carácter normativo e valorativo,
embora implique sempre um momento de conhecimento. Não estão
em causa simplesmente a adequação de uma realidade a outra
realidade, de um quid a outro quid ou a desarmonia entre este e
aquele acto, mas o cumprimento ou não de certa norma jurídica.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 23
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 24

II - A Constituição como acto jurídico


Por Constituição entendemos, hoje, a lei suprema do Estado (Lei
Fundamental), que através do seu sistema de normas e princípios
jurídicos, estabelece a “estrutura básica” do Estado: reconhecendo um
conjunto de Direitos, liberdades e garantias dos cidadãos; e fixando as
atribuições, as competências e, por conseguinte, os limites de
actuação do poder político.

Esta afirmação pode ser desdobrada em três elementos essenciais: (a)


um elemento subjectivo; (b) um elemento formal; e (c) um elemento
material.

a) A Constituição (normalmente, plasmada num documento escrito) é,


em primeiro lugar, uma lei, uma fonte legislativa, um acto jurídico-
positivo. Nestes termos, é um acto jurídico intencional (elemento
subjectivo).

b) Utilizando a metáfora kelsiana, esta lei encontra-se no topo de uma


“estrutura escalonada” – a tal “pirâmide normativa”, ou seja, localiza-
se num lugar cimeiro na hierarquia das fontes. Por isso, em segundo
lugar, dizemos que a Constituição é dotada de supremacia máxima na
ordem jurídica estadual (elemento formal).

c) A Constituição estabelece, por fim, a “estrutura básica” do Estado,


ou a sua ordenação jurídico-política. Ou seja, a Constituição regula as
opções principais do Estado ao nível dos sistemas político, social e
económico, através da declaração de um conjunto de Direitos e
liberdades fundamentais e do respectivo modo de garantia; e da
organização do poder político segundo esquemas tendentes a torná-lo
um poder limitado e moderado (elemento material)

Concluindo, a Constituição é, antes de mais, um acto jurídico do poder


político (elemento subjectivo), dotado de supremacia máxima na
ordem jurídica estadual (elemento formal), que regula a organização
dos respectivos sistemas político, social e económico (elemento
material).

1. Dimensões da Constituição

 Na sua dimensão material, a Constituição tem por objecto o


estatuto jurídico do Estado, e expressa um determinado
conteúdo nas opções que transporta e determina. Nestes
termos, a Constituição material é composta pelo «conjunto de
normas jurídicas fundamentais que regem a estrutura, os fins e
as funções do Estado, a organização, a titularidade, o exercício
e o controlo do poder político do Estado, bem como as
respeitantes à fiscalização do acatamento das normas
enumeradas, em particular do
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 24
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 25

acatamento pelo próprio poder político do Estado.

 Na sua dimensão formal, a Constituição formal expressa a


ideia de que, sendo um acto legislativo, o mesmo ocupa uma
posição suprema no ordenamento jurídico positivo. Por isso,
quando falamos em Constituição em sentido formal (ou
Constituição formal), falamos no «conjunto de normas jurídicas
escritas, elaboradas por órgão dotado de poderes especiais
(assembleia constituinte), através de um processo específico»,
normalmente, diverso daquele que gera as leis ordinárias, e
que – porque ocupam um lugar cimeiro na hierarquia
normativa – condicionam ou exigem a conformidade dos
restantes actos dos poderes constituídos – não só das funções
política e legislativa (que englobam o poder de revisão
constitucional), como ainda das funções jurisdicional e
administrativa.

Esta superioridade hierárquico-formal no ordenamento


jurídico positivo do Estado a que pertence tem depois três
importantes concretizações: o princípio da constitucionalidade;
a desvalorização dos actos jurídico-públicos desconformes; a
responsabilidade pelos ilícitos constitucionais.

 Quando falamos em Constituição em sentido instrumental (ou


Constituição instrumental), falamos no «texto único em que se
compreendem as normas formalmente constitucionais». Ou
seja, o documento onde se inserem as normas constitucionais.
Normalmente, hoje em dia, à
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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 26

Constituição formal corresponde a Constituição instrumental.

2. Classificações materiais de Constituições


A pluralidade de conteúdos possíveis da Constituição ou de
Constituições materiais mostra-se passível de várias classificações:

a) De um ponto de vista da concordância das normas constitucionais


com a realidade do processo do poder ou, noutros termos, da
efectividade do texto constitucional na sua capacidade para limitar o
poder político, podemos distinguir entre Constituições normativas,
nominais e semânticas.

 Constituições normativas são textos que conseguem,


efectivamente, dominar a realidade constitucional, cumprindo
o objectivo que lhes foi assinalado pelo constitucionalismo, na
sua luta pela limitação do poder político.

 Constituições nominais, tendo embora essa finalidade, não


consegue todavia levá-la a cabo, porque não conseguem
adaptar as suas normas à dinâmica do processo político (por
via de mecanismos fácticos ou jurídicos que o impedem).

 Enquanto que as Constituições semânticas têm um papel de


mera formalização da situação do poder político existente, em
benefício dos detentores de facto desse poder. Ou seja,
perdem a finalidade de limitar o poder político encontrando-
se, inversamente ao seu serviço, no sentido de estabilizar e
eternizar a intervenção dos
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 26
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 27

dominadores de facto na comunidade

b) De um ponto de vista do confronto entre o seu carácter estático ou


dinâmico de conformação social, podemos distinguir entre
Constituições estatutárias ou orgânicas e Constituições programáticas.

Esta contraposição corresponde, de um ponto de vista histórico, à


passagem do Estado liberal – em que os textos constitucionais
assumem um carácter estático, de garantia de um certo status quo, no
contexto do liberalismo político e económico do séc. XIX Constituições
estatutárias ou orgânicas – para o Estado social – em que o Estado
passa a assumir como características essenciais próprias inovatórias,
«a relevância do bem-estar e da justiça social como fins do Estado» e
em que o texto constitucional assume, por isso, um carácter dinâmico,
com um desejo de intervenção económica e transformação social,
que se traduzem na consagração constitucional de novos conteúdos,
essencialmente ao nível dos Direitos económicos, sociais e culturais e
nas normas sobre aspectos da organização económica da sociedade,
que correspondem na sua consagração a uma nova escala de
objectivos e funções do Estado (Constituições programáticas)

c) De um ponto de vista da unidade ou da pluralidade dos princípios


materiais ou dos princípios enformadores da Constituição material,
podemos distinguir entre Constituições simples e Constituições
complexas ou compromissórias.

Em bom rigor, o conceito de Constituição simples é meramente


abstracto, já que nenhuma Constituição é inteiramente simples, todas
contém dois ou mais princípios que a priori poderão ou não ser
compagináveis. Uma Constituição compromissória permite a
coexistência de ideias e correntes antagónicas, que só podem subsistir
se os protagonistas institucionais aceitam um determinado fio
condutor, v.g., o princípio democrático nos Estados sociais de Direito.

d) Por fim, atendendo ao sector da Constituição que é objecto de


consideração, tendo em conta as múltiplas matérias em que a
Constituição pode ser dividida, podemos distinguir entre Constituições
sociais, económicas, políticas e garantísticas.

3. Normas material e formalmente constitucionais

Do confronto entre as acepções de Constituição material e de


Constituição formal resulta também uma diferenciação entre, por um
lado, as normas e os princípios materialmente constitucionais, que
serão todas as normas e princípios com dignidade constitucional; por
outro, as normas e os princípios formalmente constitucionais, que
serão, por seu turno, as normas e os princípios que têm forma e força
constitucional, de cariz supremo.

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 28

4. As fontes das normas e dos princípios constitucionais

Por razões de coerência e tendo em conta a observação da vida


jurídica, lei, costume e jurisprudência encontram-se presentes
também no Direito Constitucional. Nenhuma destas fontes, pode,
portanto, ser excluída.

Vejamos cada uma delas.

 A Constituição
A Constituição instrumental é a lei constitucional que codifica o Direito
Constitucional (a excepção conhecida é a experiência britânica, dotada
de uma Constituição material, assente no costume).

 O Direito Constitucional extravagante


Mas há normas e princípios constitucionais extravagantes à
Constituição (tanto originários como supervenientes, que não
integram a Constituição instrumental. O que nos permite distinguir
entre: (a) Direito Constitucional extravagante formal; e (b) Direito
Constitucional extravagante material.

a) Fazem parte do Direito Constitucional extravagante formal os actos


legislativos, pertinentes às matérias constitucionais que, apesar de se
situarem fora do texto chamado “Constituição” no seu sentido
instrumental, alcançam, por força da Constituição, o mesmo valor da
Constituição formal. São exemplo disso: a Declaração Universal dos
Direitos do Homem (DUDH) e a Carta Africana dos Direitos do Homem
e dos Povos (CADHP), para os quais se remete em matéria de
interpretação e integração do sistema constitucional dos Direitos
fundamentais (art.º 43.º da CRM, cfr. art.º 18.º/2 da CRM); e os
chamados Direitos fundamentais atípicos, oriundos de outras fontes
normativas não constitucionais (v.g., os Direitos da personalidade
reconhecidos no Código Civil), por força da “cláusula aberta de
Direitos fundamentais” (art.º 42.º da CRM).

b) Integram o Direito Constitucional extravagante material, os actos


normativos que completam e desenvolvem as opções traçadas ao
nível da Constituição formal e instrumental, e que têm apenas, neste
caso, um valor infra-constitucional. Exemplos são: o Regimento da
Assembleia da República; a Lei Orgânica do Conselho Constitucional;
as Leis Eleitorais; a Lei dos Partidos políticos.

 O Costume

É necessário começar por distinguir o costume constitucional das


regras de convivência e cortesia, frequentes na vida política. Assistir
em pé ou sentado à audição de uma mensagem presidencial não
revela a existência de um costume

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 28
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 29

constitucional. O costume baseia-se, sobretudo, nas regras de


organização e interligação dos órgãos do poder que estruturam o
regime político do Estado.

O costume constitucional, nasce de uma sucessão de precedentes.


Dois elementos são basicamente necessários: um elemento
psicológico e um elemento objectivo. O elemento psicológico reside
na consciência, para os dirigentes de que existe uma regra obrigatória
criada pelo costume. Mas o costume implica também um elemento de
uso: uma repetição que atesta a submissão e uma duração que
confirma a generalização. A repetição de actos idênticos constitui o
elemento objectivo do costume constitucional. A este elemento
objectivo se adiciona o elemento subjectivo suportado pela
necessidade do consentimento dos órgãos constitucionais e da opinião
pública. Deve impor-se o sentimento de que a prática é imperativa, e
conforme a uma regra constitucional obrigatória. É este sentimento de
obrigação jurídica que legitima a sua prática constitucional.

Mesmo uma Constituição escrita pode não ter previsto todos os


mecanismos de Direito Constitucional. Poderá ser necessário
interpretar, ou integrar determinadas regras, sem recorrer
sistematicamente ao processo de revisão constitucional. É neste
momento que o costume constitucional pode intervir. É certo que,
regra geral, os Estados não adoptam formalmente o seu
reconhecimento como fonte de Direito. No entanto, a maioria dos
constitucionalistas vêm nele um instrumento de formalização de
regras jurídicas.

O costume é, regra geral, um complemento de uma Constituição


escrita. Ele intervém frequentemente para os casos não previstos na

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 29
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 30

Constituição.

No entanto, o valor do costume constitucional é frágil por natureza.


Mesmo que vá, em algum caso, contra o texto constitucional, é
reversível a qualquer momento. Neste sentido, o costume não pode
abrogar uma regra constitucional. Tal seria fazer da violação de um
texto, uma forma de revisão constitucional. Limita-se por isso, em caso
de consenso entre a classe política, e em alguns casos da opinião
pública, a impor adaptações à Constituição. Direito precário, por
natureza, encontra-se estreitamente ligado à fortuna política dos
governos ou outros órgãos que o tentam, num dado momento pôr em
prática.

Ao contrário do Direito escrito, o costume constitucional não tem


aplicação directa em Direito positivo. Como regra, escapa à sindicância
dos tribunais. A sua força apenas existe na medida em que os
governantes sabem que não podem transgredir esta ou aquela regra
não escrita, sem cometer uma violação.

 A jurisprudência constitucional
A jurisprudência constitucional pode ser fonte de Direito
Constitucional, seja em moldes de costume, seja, eventualmente, a
título de decisão do tribunal a que a lei confira força obrigatória geral
(v. art.º 248.º da CRM).

III - A fiscalização da constitucionalidade

1. Sentido e Natureza
A fiscalização da constitucionalidade significa essencialmente uma
coisa: que a Constituição é a lei básica do país e que toda a ordem
jurídica deve ser conforme à ela. Ela é corolário da consideração da
Constituição como realidade normativa, isto é, como lei fundamental
da ordem jurídica.

A fiscalização da constitucionalidade traduz-se, assim, na garantia do


respeito pela hierarquia superior da Constituição. Ora, se a
Constituição é a norma suprema do país, logo, todas as demais normas
a devem respeitar.

Inconstitucionalidade é a desconformidade de normas


infraconstitucionais com normas constitucionais que lhes servem de
fundamento, sendo a ilegalidade a desconformidade de normas infra-
legais com normas legais.

Não cabem nos conceitos de inconstitucionalidade e de ilegalidade, as


situações tanto de contradições de

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 30
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 31

normas situadas no mesmo grau hierárquico como as de simples


obscuridade de normas jurídicas 2. As contradições endógenas de
normas constitucionais não se resolvem, por via da fiscalização da
constitucionalidade, sabido que esta visa o controlo da conformidade
de actos infraconstitucionais com as normas constitucionais.
Resolvem-se com recurso à aplicação do princípio hermenêutico da
concordância prática ou da harmonização, o que exige do intérprete e
aplicador da Constituição a coordenação e a combinação dos bens
jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício de uns em relação a
outros.

2. Origem
A fiscalização da constitucionalidade surgiu nos Estados Unidos, sob
uma Constituição que não o previa expressamente. Todavia, pôde
Marshall, em decisão célebre, deduzir de seu sistema esse controlo e
reconhecer pertencer ele ao judiciário, incumbido de aplicar a lei
contenciosamente.

No caso Marbury versus Madison, esse juíz demonstrou que, se a


Constituição americana era a base do Direito e imutável por meios
ordinários, as leis comuns que a contradissessem não eram
verdadeiramente leis, não eram Direitos. Assim essas leis seriam nulas,
não obrigando os particulares. Demonstrou mais que, cabendo ao
judiciário dizer o que é Direito, é a ele que compete indagar da
constitucionalidade de uma lei, de facto, se duas leis entrarem em
conflito, deve o juíz decidir qual aplicará. Ora, se uma lei entrar em
conflito com a Constituição, é ao juiz que caberá decidir se aplicará a
lei, violando a Constituição, ou, como é lógico, se aplicará a
Constituição, recusando a lei.

3. Tipos de Fiscalização
A fiscalização dos actos normativos violadores das normas e princípios
constitucionais reconduz-se à fiscalização da inconstitucionalidade por
acção que é a fiscalização típica exercida pelos órgãos de fiscalização.
Ao lado desta, existe a inconstitucionalidade por omissão, não muito
frequente no plano comparativo constitucional.

3.1. Fiscalização por Acção – pode ser fiscalização abstracta


ou fiscalização concreta.

 Fiscalização Abstracta – significa que a impugnação da


constitucionalidade da norma é feita independentemente
de qualquer litígio concreto. Visa sobretudo a defesa da
Constituição e do princípio da constitucionalidade através
da eliminação de actos normativos contrários à

2
Acórdão n.º 01/CC/2008, de 20 de Fevereiro
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 31
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 32

Constituição. A fiscalização abstracta pode fazer-se antes de


as normas entrarem em vigor – Fiscalização Preventiva -, ou
depois de as normas serem plenamente válidas e eficazes –
Fiscalização Sucessiva.

o Fiscalização Preventiva - como o nome indica é uma


fiscalização anterior a própria introdução das normas
na ordem jurídica, ou seja, tem por objecto normas
imperfeitas. É por natureza um controlo abstracto e,
no caso de juízo de inconstitucionalidade, as
respectivas normas não podem entrar na ordem
jurídica.

A fiscalização preventiva desempenha duas funções


bem distintas. Por um lado, impedir a entrada em
vigor de normas presumivelmente inconstitucionais,
evitando assim a produção de efeitos, por outro
lado, afastar ou diminuir as reservas que tenham
sido levantadas ou que presumivelmente viriam a ser
levantadas quanto à constitucionalidade do diploma
e que poderiam enfraquecer a sua legitimidade e,
até, a sua eficácia

o A fiscalização Sucessiva - Tem por objecto normas já


pertencentes à ordem jurídica e a sua função é
eliminá-las, ou pelo menos, afastar a sua aplicação.

 A fiscalização Concreta Difusa - traduz a consagração do


Direito (e dever) de fiscalização dos juízes relativamente a
normas a aplicar a um caso concreto.

Uma norma em desconformidade material, formal ou


procedimental com a Constituição é nula, devendo o juíz,
antes de decidir qualquer caso concreto de acordo com esta
norma, examinar se ela viola as normas e princípios da
Constituição.

3.2. Fiscalização por Omissão – destina-se a verificar a


inexistência de medidas legislativas necessárias para tornar
exequíveis certos preceitos constitucionais. Trata-se, pois, de
uma pretensão que assenta não na existência de normas
jurídicas inconstitucionais, mas na violação da lei constitucional
pelo silêncio legislativo.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 32
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 33

Representação de tipos de fiscalização de inconstitucionalidade

TIPOS DE FISCALIZAÇÃO REQUERENTES3 EFEITOS


Preventiva PR Veto
- PR
- Presidente da AR
Por Acção Abstracta Sucessiva - 1/3 de Deputados Força
- PM Obrigatória
- Provedor Justiça Geral
-2000 cidadãos 4

Não Aplicação
da Norma no
Concreta Juiz da causa Caso Concreto
Declaração da
Por Omissão _ 5 Omissão

4. Os Vícios Geradores de Inconstitucionalidade


A desconformidade dos actos normativos com o parâmetro
constitucional dá origem a inconstitucionalidade. A
inconstitucionalidade não é um vício do acto normativo: o que há são
vários vícios que dão lugar à inconstitucionalidade 6. A doutrina
costuma distinguir entre vícios formais, vícios materiais e vícios
procedimentais.
Vícios formais - incidem sobre o acto normativo como tal,
independentemente do seu conteúdo e tendo em conta apenas à
forma da sua exteriorização; na hipótese de inconstitucionalidade
formal, viciado é o acto, nos seus pressupostos, no seu procedimento
de formação, na sua forma final;

3
Vigora o princípio do pedido segundo o qual processo só se inicia sob o impulso das
entidades às quais é constitucionalmente reconhecida legitimidade processual
activa. Todavia este princípio de pedido, que na ordem civil anda associado ao
princípio do dispositivo, não significa a recondução constitucional a um simples
«processo de partes». Algumas das consequências deste principio são
expressamente rejeitadas, como por exemplo, a desistência (artigo 50 da lei n.º
6/2006).

4
A Constituição moçambicana é uma das poucas constituições do mundo a
consagrar a possibilidade de os particulares requererem a fiscalização não obstante a
fasquia extremamente alta de peticionantes. Foi uma das inovações da CRM-2004
que também alargou o elenco das entidades com legitimidade a 1/3 de deputados e
ao Provedor de Justiça.

5 A doutrina ensina que nos países onde que este tipo de fiscalização é consagrada a
legitimidade têm sido conferida ao PR e ao Provedor de Justiça.
6
Canotilho, J. J. G. e VITAL, M. (1991). Fundamentos da Constituição. Coimbra:
Coimbra, 1991 pág. 264;

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 33
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 34

Vícios materiais - respeitam ao conteúdo do acto, derivado do


contraste existente entre os princípios incorporados no acto e as
normas ou princípios da Constituição, no caso de inconstitucionalidade
material, substancial ou doutrinária (como também se chama) viciadas
são as disposições ou normas singularmente consideradas;

Vícios de procedimento - autonomizados pela doutrina mais recente


(mas englobados nos vícios formais pela doutrina clássica) são os que
dizem respeito ao procedimento de formação, juridicamente regulado,
dos actos normativos.

Os vícios formais são, consequentemente vícios do acto, os vícios


materiais são vícios das disposições ou das normas constantes do acto;
os vícios de procedimento são vícios relativos ao complexo de actos
necessários para a produção final do acto normativo. Daqui se conclui
que, havendo um vício formal em regra fica afectado o texto
constitucional na sua integralidade, pois o acto é considerado
formalmente como uma unidade; nas hipóteses de vícios materiais, só
se consideram viciadas as normas, podendo continuar válidas as
restantes normas constantes do acto que não se considerem afectadas
de irregularidade constitucional.

5. A Inconstitucionalidade Parcial
Nem sempre a contradição entre o acto normativo e o parâmetro
constitucional é uma contradição total. Poderá acontecer que só uma
norma ou algumas normas constantes dos actos normativos estejam
em desconformidade com as normas superiores da Constituição.
Nestes casos, a semelhança do que

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 34
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 35

acontece com a nulidade parcial dos negócios jurídicos em Direito


privado e com a nulidade parcial dos administrativos, a
inconstitucionalidade de uma norma não conduz automaticamente à
declaração da nulidade das restantes normas (incomunicação da
nulidade). Fala-se aqui de nulidade parcial dos actos normativos.
Haverá casos, porém, em que a nulidade parcial implicará a nulidade
total. A nulidade parcial implicará a nulidade total quando, em
consequência da declaração de inconstitucionalidade de uma norma,
se reconheça que as normas restantes, conformes a Constituição,
deixam de ter qualquer significado autónomo (critério da
dependência). Além disso, haverá uma nulidade total quando o
preceito inconstitucional fazia parte de uma regulamentação global à
qual emprestava sentido e justificação. Não são de afastar as
hipóteses de inconstitucionalidade limitada a um determinado lapso
de tempo.

6. Objecto de Fiscalização de Constitucionalidade e da


legalidade: actos normativos
O artigo 241 da Constituição define o Conselho Constitucional (CC)
como órgão de soberania, ao qual compete especialmente administrar
a justiça em matérias de natureza jurídico constitucional. Pareceria,
em princípio, caber ao CC o conhecimento de todas matérias ligadas a
violação da Constituição.

Contudo, o artigo 241 limita-se a definir a natureza deste órgão de


soberania, e, em termos genéricos, a sua área de competência em
razão da matéria, não sendo legítimo, ainda que a sua letra pudesse,
erradamente, induzir a tal, dele derivar directamente atribuições ou
competências específicas.

Com efeito, é no artigo, 244 que se definem especificamente as


competências do Conselho Constitucional, estabelecendo na alínea a)
do seu n. º 1, a de apreciar e declarar a inconstitucionalidade das leis
e a ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado.

Esta disposição delimita, no que diz respeito à fiscalização de


constitucionalidade, o poder de cognição do CC, referindo
expressamente as leis e aos actos normativos dos órgãos do Estado.

Os actos normativos estão consagrados constitucionalmente no


artigo143 da CRM-2004 nos termos que passamos a citar:

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 35
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 36

O supracitado artigo não é de definição e limitação dos actos


normativos, mas sim de mera enunciação (não taxativa) de actos
normativos porquanto deixa de fora os decretos presidenciais, actos
normativos do Presidente da República, que são constitucionalmente
consagrados como actos normativos pela 1ª parte do artigo 158, assim
como os regulamentos e posturas municipais emanados das
autarquias locais (art. 278 CRM e art. 11 da lei 2/97) e os assentos
(arts 225/2 CRM) e 39/2 da lei 24/2007 de 20 de Agosto). Portanto
apesar do artigo fazer menção de alguns actos normativos que
emanam de alguns órgãos do Estado, os mesmos não se resumem
apenas naqueles, mas sim estende-se o seu âmbito de abrangência a
todos os restantes actos normativos que emanam dos órgãos de
Estado tanto a nível central como local.

7. Actos Administrativos e Decisões Jurisdicionais


Das considerações antecedentes verifica-se a exclusão da fiscalização
da constitucionalidade, de actos jurídicos públicos não reentrantes no
conceito de acto normativo. Referimo-nos, sobretudo à categoria de
actos administrativos e a categoria das decisões jurisdicionais. A não
inclusão destes actos no leque dos candidatos positivos enquadráveis
na categoria jurídico constitucional de norma ou acto normativo não
significa a impossibilidade de tais actos violarem directamente a
Constituição. Pelo contrário, são frequentes os casos de
inconstitucionalidade provocados por actos individuais e concretos da
administração e, embora menos vulgares, podem também ocorrer
infracções de normas constitucionais produzidas directamente por
actos jurisdicionais. No entanto a teoria clássica da garantia da
Constituição preocupava-se apenas com os atentados à Constituição
emergentes de actos legislativos

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 36
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 37

criadores de Direito mas parecia deixar em relativa tranquilidade, sob


o ponto de vista de fiscalização da constitucionalidade, quer os actos
de publicação do Direito praticados pelo executivo quer os actos de
realização praticados pelo judiciário. As eventuais agressões a
Constituição produzidas pelos actos administrativos – actos
administrativos inconstitucionais – ou eram remediadas através de
instrumentos de controlo não jurisdicionais (tutela administrativa,
controlo parlamentar, responsabilidade da administração) ou eram
atacadas perante as jurisdições ordinárias ou administrativas de
acordo com as regras processuais e a doutrina dos vícios dos actos
administrativos. Esta relativa “tolerância” em relação a actos
administrativos inconstitucionais radicava na ideia de os actos
aplicativos do Direito deixarem imperturbada a unidade da ordem
jurídica em virtude de não transportarem qualquer conteúdo
normativo. O acto administrativo afirmava-se como um “acto -
referente” sujeito a um controlo judicial autónomo, diverso do
controlo da constitucionalidade dos actos normativos. Esta doutrina
permanece válida nas suas dimensões principais e encontra amplo
apoio no critério da normatividade presente em muitas decisões do
tribunal constitucional. Todavia, o radical divórcio entre acto
administrativo e inconstitucionalidade não deixa de suscitar algumas
questões. Em primeiro lugar, são pouco claras as relações entre uma
lei inconstitucional e um acto administrativo aplicador da mesma, e,
por conseguinte ilegal. A lei inconstitucional, é uma lei ferida de
nulidade ou invalidade absoluta enquanto o acto administrativo ilegal
aplicativo dessa lei pode ser meramente anulável (anulabilidade). Daí
as relações de tensão entre a declaração de inconstitucionalidade de
uma lei com, susceptíveis, inclusive, de se transformarem em actos
administrativos feridos de mera invalidade relativa (anulabilidade),
susceptíveis inclusive, de se transformarem em actos
contenciosamente inimpugnáveis. Em segundo lugar, a propósito dos
Direitos, liberdades e garantias, a aplicabilidade directa destes Direitos
fundamentais confere-lhes operatividade prática perante os órgãos da
administração. A administração, através dos actos administrativos,
pode agredir os Direitos fundamentais e restringir até ao núcleo
essencial dos Direitos, liberdades e garantias. Nestes casos justificar-
se-ia a criação de uma acção constitucional de defesa, para de uma
forma segura e célere, o particular reagir contra actos administrativos
inconstitucionais lesivos do núcleo essencial de Direitos, liberdades e
garantia e Direitos de natureza análoga.

8. Órgãos de Fiscalização da Constitucionalidade das Leis


A fiscalização da constitucionalidade das leis pode ser feita por órgão
político ou por um órgão jurisdicional. Em qualquer dos casos pode a
fiscalização ser confiada a um órgão comum ou a um especial

Órgão político comum é o próprio órgão legislativo: segundo a


doutrina francesa clássica só o

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 37
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 38

parlamento, como representante da nação soberana, pode


pronunciar-se sobre a validade de uma lei visto esta ser a da vontade
geral7.

O órgão político especial é aquele que, embora pela sua composição e


funções seja político, todavia recebe a missão especial de examinar a
constitucionalidade das leis e de anular as que considerem
inconstitucionais como sucedia com o senado Conservador instituído
pela Constituição francesa do ano VIII e com o senado do 2.º Império8.

A criação de um órgão político funda-se principalmente na alegação de


que a interpretação da Constituição deve ser reservada a órgãos com
sensibilidade política, porque a Constituição, mais do que uma simples
lei, é um plano de vida cujo sentido não permanece estático e nem
pode ser hieraticamente considerado. Ademais o controlo judiciário
atentaria contra o princípio da separação de poderes, já que daria aos
juízes o poder de anular as decisões do legislativo e do executivo. Na
verdade a experiência tem mostrado que esse controlo é ineficaz. De
facto, esses órgãos, onde previstos, têm apreciado as questões a eles
submetidos pelo critério de conveniência do que pela sua
concordância com a Constituição. Assim estes órgãos vêm a ser
redundantes, pois se tornam outro legislativo, ou outro órgão
governamental.

Órgão jurisdicional especial é um tribunal criado com o propósito de


conhecer das decisões relativas à constitucionalidade das leis (tribunal
constitucional na Áustria, na República Italiana e na Alemanha);

Órgão jurisdicional comum é qualquer tribunal ordinário da ordem


judicial (sistema norte americano e português)

Em Moçambique, Grécia, França, Bélgica existem órgãos com


bastantes semelhanças com os Tribunais Constitucionais.

Sumário
Nesta unidade temática aprendemos que:

 Constitucionalidade e inconstitucionalidade designam


conceitos de relação: a relação que se estabelece entre uma
coisa – a Constituição – e outra coisa – um comportamento –

7
Caetano, M. (1992), Manual de Ciência Política e Justiça Constitucional, Tomo I. (6ª
ed, reimpressão). Coimbra: Almedina, 1992 pág. 346
8
Caetano, M. (1992), Manual de Ciência Política e Justiça Constitucional, Tomo I. (6ª
ed, reimpressão). Coimbra: Almedina, 1992, pág. 346
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 38
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 39

que lhe está ou não conforme, que cabe ou não no seu sentido,
que tem nela ou não a sua base.

 A fiscalização da constitucionalidade significa essencialmente


uma coisa: que a Constituição é a lei básica do país e que toda
a ordem jurídica deve ser conforme à ela. A fiscalização da
constitucionalidade traduz-se, assim, na garantia do respeito
pela hierarquia superior da Constituição

 Não cabem nos conceitos de inconstitucionalidade e de


ilegalidade, as situações tanto de contradições de normas
situadas no mesmo grau hierárquico como as de simples
obscuridade de normas jurídicas.

 A fiscalização da constitucionalidade surgiu nos Estados


Unidos, sob uma Constituição que não o previa expressamente.
Todavia, pôde Marshall, em decisão célebre, deduzir de seu
sistema esse controlo

 A fiscalização da constitucionalidade das leis pode ser feita por


órgão político ou por um órgão jurisdicional. Em qualquer dos
casos pode a fiscalização ser confiada a um órgão comum ou a
um especial.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. A fiscalização da constitucionalidade traduz-se na garantia do
respeito pela hierarquia superior da Constituição.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

2. Não cabem nos conceitos de inconstitucionalidade e de


ilegalidade, as situações tanto de contradições de normas
situadas no mesmo grau hierárquico como as de simples
obscuridade de normas jurídicas.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

3. Inconstitucionalidade é:
a) Desconformidade de normas infraconstitucionais
com normas constitucionais que lhes servem de
fundamento;
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 39
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 40

b) Desconformidade de normas infralegais com


normas legais;
c) Todos;
d) Nenhum.
Resposta: a) Desconformidade de normas infraconstitucionais com
normas constitucionais que lhes servem de fundamento

4. O tipo de fiscalização que se destina a verificar a inexistência


de medidas legislativas necessárias para tornar exequíveis
certos preceitos constitucionais, designa-se por:
a) Fiscalização concreta
b) Fiscalização abstracta
c) Fiscalização por omissão
d) Fiscalização por acção
Resposta: c) Fiscalização por acção

5. A fiscalização que consagra o Direito (e dever) de fiscalização


dos juízes relativamente a normas a aplicar a um caso
concreto, designa-se por:
a) Fiscalização concreta difusa
b) Fiscalização abstracta sucessiva
c) Fiscalização por omissão
d) Fiscalização preventiva
Resposta: a) Fiscalização concreta difusa

Exercícios
1. Ilegalidade é:
a) Desconformidade de normas infraconstitucionais com
normas constitucionais que lhes servem de
fundamento;
b) Desconformidade de normas infralegais com normas
legais;
c) Todos;
d) Nenhum

2. A fiscalização por omissão assenta não na existência de normas


jurídicas inconstitucionais, mas na violação da lei constitucional
pelo silêncio legislativo.
 Certo
 Errado

3. As Constituições que têm um papel de mera formalização da


situação do poder político existente, em benefício dos
detentores de facto desse poder, designa-se por:

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 40
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 41

a) Normativas
b) Nominais
c) Semânticas
d) Nenhuma

4. A Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH) é uma


fonte das normas e princípios constitucionais
 Certo
 Errado

5. A fiscalização da constitucionalidade surgiu em:


a) Moçambique
b) EUA
c) Reino Unido
d) Portugal

Soluções: 1. b) Desconformidade de normas infralegais com normas


legais; 2. Certo; 3. c) Semânticas; 4. Certo; 5. b) EUA

UNIDADE Temática 2.2 Exercícios do Tema II


1. As constituições cujos textos que conseguem, efectivamente,
dominar a realidade constitucional, cumprindo o objectivo que
lhes foi assinalado pelo constitucionalismo, na sua luta pela
limitação do poder político, designa-se por:

a) Normativas

b) Nominais

c) Semânticas

d) Nenhum

2. A Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos (CADHP)


é uma fonte das normas e princípios constitucionais.

 Certo

 Errado

3. A jurisprudência constitucional não pode ser fonte de Direito


Constitucional.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 41
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 42

 Certo

 Errado

4. O costume pode abrogar uma regra constitucional.

 Certo

 Errado

5. A fiscalização da constitucionalidade surgiu sob uma


Constituição que:

a) A previa expressamente

b) Não a previa expressamente

c) Não a remetia para outro diploma

d) A remetia para outros diplomas

6. A fiscalização que tem por objecto normas já pertencentes à


ordem jurídica e a sua função é eliminá-las, ou pelo menos,
afastar a sua aplicação, designa-se por:

a) Preventiva

b) Sucessiva abstracta

c) Concreta difusa

d) Nenhum

7. Os vícios que incidem sobre o acto normativo como tal,


independentemente do seu conteúdo e tendo em conta
apenas à forma da sua exteriorização, designa-se por:

a) Vícios materiais

b) Vícios procedementais

c) Vícios formais

d) Vícios de procedimento

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 42
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 43

8. Os actos legislativos são:

a) as leis

b) Os decretos leis

c) Todos os indicados acima

d) Nenhum deles

9. Os actos regulamentares do Governo revestem a forma de:

a) Decreto

b) Decreto Presidencial

c) Aviso

d) Nenhum

10. Os decretos leis são actos legislativos, aprovados pelo conselho


de ministro, mediante autorização da AR.

 Certo

 Errado

Soluções: 1. a) Normativas; 2. Certo; 3. Errado; 4. Errado; 5. b) Não a


previa expressamente; 6. b) Sucessiva abstracta; 7. c) Vícios
procedimentais; 8. c) Todos os indicados acima; 9. a) Decreto; 10.
Certo.

Bibliografia do Tema
Caetano, M. (1992), Manual de Ciência Política e Justiça
Constitucional, Tomo I. (6ª ed, reimpressão). Coimbra: Almedina

Canotilho, J. J. G. (2002) Direito Constitucional e Teoria da


Constituição. (6ª ed). Coimbra: Almedina;

Canotilho, J. J. G. e VITAL, M. (1991). Fundamentos da Constituição.


Coimbra: Coimbra;

De Morais; C. B. (2002). Justiça Constitucional, Tomo I – Garantia da


Constituição e Controlo da Constitucionalidade. Coimbra: Coimbra;

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 43
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 44

Filho, M. G. F. (2002), Curso de Justiça Constitucional, (28ª ed,


actualizada). São Paulo: Saraiva;

Gouveia, J. B. (2011). Manual de Direito Constitucional, volume II. (4ª


Ed. revista e actualizada); Lisboa: Almedina;

Miranda, J. (1991). Manual do Direito Constitucional, Tomo II,


Constituição e Inconstitucionalidade. (3ª ed. totalmente revista e
actualizada). Coimbra: Coimbra;

Constituição da República (CRM) de 2004;

Constituição da República (CRM) de 1990;

Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do Conselho


Constitucional).

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 44
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 45

TEMA – III: OS SISTEMAS DE CONTROLO DA


CONSTITUCIONALIDE
UNIDADE Temática 3.1. Os sistemas de Controlo da
Constitucionalidade.
UNIDADE Temática 3.2. EXERCÍCIOS do tema

UNIDADE Temática 3.1. Os sistemas de controlo da


Constitucionalidade

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos gerais sobre os sistemas de controlo da
constitucionalidade

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer os grandes sistemas ou modelos típicos de


Objectivos fiscalização da constitucionalidade;
 Saber da possibilidade de existência de modelos atípicos;
 Saber distinguir os modelos político do judicial e do misto;
 Conhecer as particularidades de cada sistema ou modelo;
 Conhecer as vantagens e desvantagem de cada sistema.

1. Os grandes modelos e sistemas típicos


A observação histórico-comparativa revela três grandes modelos ou
sistemas típicos de fiscalização da constitucionalidade.

São esses modelos:

a) O modelo de fiscalização política, dito habitualmente de tipo


francês (por ligado aos dogmas do constitucionalismo francês –
e, portanto, europeu – dos séculos XVIII e XIX, embora tenha
tido também aplicação em sistemas de índole de todo em todo
contrastante, como os marxistas-leninistas);

b) O modelo de fiscalização judicial (judicial review) nascido nos


Estados Unidos em 1803;

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 45
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 46

c) O modelo de fiscalização jurisdicional concentrada em


Tribunal Constitucional ou de matriz austríaca (por ter por
paradigma o tribunal instituído pela Constituição Austríaca de
1920) sob influência de KELSEN).

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/5597334/, disponível em 12 de Agosto de


2017

1.1. Modelo político

No modelo político, deve subdistinguir-se entre:

a) Fiscalização pelo próprio Parlamento, pelo órgão legislativo


qua tale – é o que se encontra, primeiro, em quase todos os
países europeus no século XIX e, depois, no constitucionalismo
marxista-leninista do século XX e em alguns novos Estados do
Terceiro Mundo sob influência deste ou com
constitucionalismo embrionário.
b) Fiscalização por órgão politico especialmente constituído para
o efeito, seja ligado ao Parlamento (Comité Constitucional
francês de 1946 a 1958, Comissão Constitucional romena de
1965 a 1989, Comité de Supervisão Constitucional criado na
União Soviética em 1989), seja dele independente ou órgão a
se (juria constitucional de Sieyes, Senado Conservador
napoleónico, Conselho Constitucional francês de 1958).

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 46
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 47

Em diferentes sistemas constitucionais, com concentração de poderes


no Chefe do Estado – desde a monarquia constitucional com poder
moderador (na linha de BENJAMIM CONSTANT) e a monarquia
limitada aos sistemas de governo representativo simples – entende-se
que lhe cabe a garantia da Constituição.

Também, no primeiro após-guerra, ao mesmo tempo que surgia o


modelo jurisdicional concentrado de tribunal Constitucional – tendo
KELSEN por principal teórico – houve quem preconizasse a atribuição
ao Chefe do Estado (na Alemanha de Weimar, ao Presidente de
“Reich”) da função de “guardião da Constituição” – foi a tese de
SCHMITT; e a controvérsia ficaria célebre.

Uma forma constitucional como esta não entra, porém, no modelo


político de fiscalização de tipo francês, até porque a garantia da
Constituição pelo Chefe do Estado não consiste propriamente na
garantia da constitucionalidade norma a norma, mas sim na defesa
global do regime, dos seus fundamentos ou do equilíbrio entre os
respectivos órgãos de poder.

1.2. Modelo judicialista

Imagem dos EUA

Fonte: https://wordsofleisure.files.wordpress.com/2013/07/mapa-eua-
google.png?w=660&h=487, disponível em 25 de Agosto de 2017

O modelo judicialista baseia-se no poder normal do juiz de recusar a


aplicação de leis inconstitucionais aos litígios que tenha de dirimir.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 47
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 48

No seu estado puro de fiscalização difusa, concreta, incidental e, em


princípio, por via de excepção, surgiu e desenvolveu-se por costume
constitucional nos Estados Unidos e foi adoptado – por osmose ou não
- em vários momentos, em diversos países: além da Grécia, da
Noruega e de Portugal, em países anglo-americanos, na Dinamarca, na
Roménia (nas primeiras décadas do século XX), na Alemanha de
Weimar, no Japão desde 1946, na Itália entre 1948 e 1956.

Em alguns casos, a adaptação ou o funcionamento do sistema levou à


concentração em supremos tribunais, através de recurso obrigatório
ou de outras formas, com reserva ou primado de apreciação da
inconstitucionalidade: alguns países do Commonwealth e da América
Latina, Irlanda, Filipinas.

1.3 Modelo de Tribunal Constitucional

Imagem de tribunal constitucional

Fonte: https://www.publico.pt/2017/03/05/politica/noticia/tribunal-
constitucional-tem-dez-pedidos-de-fiscalizacao-sucessiva-em-analise-
1764116, disponível em 31 de agosto de 2017

O modelo de Tribunal Constitucional dir-se-ia prima facie agregar


elementos do modelo político e elementos do modelo judicialista, por
o Tribunal ostentar características de órgão jurisdicional, mas não ser
um tribunal como os outros – antes de mais, pela sua composição e
pelo modo de recrutamento dos juízes.

Mais correcto afigura-se – quer a nível de conceitos, quer a nível de


experiencia – defini-lo como um tertium genusm entender que se
tratar de um tribunal em que se esgota uma ordem de jurisdição

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 48
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 49

diferente tanto da dos tribunais judiciais como da dos tribunais


administrativos, de um tribunal como competência especializada no
campo do Direito constitucional.

Pensando inicialmente para exercer fiscalização abstracta, principal e


por via de acção, a breve trecho (desde 1929, na Áustria e, pouco
depois, noutras Constituições) passou a intervir na fiscalização
concreta, mediante a subida obrigatória de incidentes de
inconstitucionalidade provenientes de quaisquer tribunais (firmando-
se, pois, uma comunicação entre eles).

1.4. Vantagem e desvantagens de cada um dos modelos

São bem conhecidos e quase clássicos os argumentos favoráveis e


contrários à fiscalização judicial difusa e à fiscalização concentrada.

Em abono da primeira, diz-se que só ela confere aos tribunais a sua


plena dignidade de órgãos de soberania, responsabilizados no
cumprimento da Constituição; que, com ela, a questão de
inconstitucionalidade se põe naturalmente como questão jurídica, e
não politica (pois jura movit cúria); que ela permite a maior eficácia
possível da garantia da Constituição, já que, sem haver que guardar
pela decisão de qualquer órgão central, o tribunal que julga no caso
concreto deixa de aplicar a lei inconstitucional.

Contra a fiscalização difusa invocam-se a possibilidade de desarmonia


de julgados, com o consequente risco de desvalorização dos
julgamentos de inconstitucionalidade e da própria Constituição; e a
diluição do poder de controlo pelas centenas de tribunais existentes,
com consequente risco de não acatamento das decisões pelos órgãos
políticos, legislativos e administrativos.

Em favor da fiscalização concentrada apontam-se a certeza do direito,


mormente quando haja eficácia geral das decisões sobre
inconstitucionalidade; o aprofundamento das questões, ligado às
especialidades da interpretação constitucional, com a consequente
formação de uma jurisprudência enriquecedora do conteúdo da
Constituição; a sensibilidade às implicações políticas ou comunitárias
globais dos problemas; o realçar da autoridade do órgão fiscalizador a
par dos órgãos legislativos e de governo (o que significa que, se a
concentração diminui a posição de cada um dos restantes tribunais,
em contrapartida reforça a dos tribunais no seu conjunto, do Poder
Judicial ou do tribunal de concentração no confronto dos demais
órgãos de soberania).

Contra a fiscalização concentrada alegam-se o perigo de um exagerado


poder do órgão fiscalizador ou a sua vulnerabilidade às pressões
vindas dos órgãos com poder efectivo no Estado; a rigidez do

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 49
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 50

funcionamento do sistema, os riscos de cristalização jurisprudencial e,


muitas vezes, a sua desproporção frente às necessidades de decisão
jurídica a satisfazer; o acabar por se subtrair, na prática, a
Constituição, a sua interpretação e os seus valores aos tribunais
judiciais.

Pode supor-se que estes argumentos – de política constitucional – se


neutralizam reciprocamente. Em última analise, porém, por reais que
sejam os méritos os deméritos que apresentem, fiscalização difusa e
fiscalização concentrada hão-de valer mais ou menos consoante os
sistemas jurídico-políticos em que venham a ser integradas e
aplicadas.

A lição do Direito comparado é muito clara:

a) Que a fiscalização jurisdicional difusa só adquire total autenticidade


e efectividade em sistemas judicialistas como os anglo-saxónicos (com
forte autoridade social dos juízes, consciência de constitucionalidade
na comunidade jurídica e mecanismos de harmonização de julgados),
ao passo que o tribunal constitucional se mostra mais idóneo para
levar a cabo a fiscalização nos sistemas continentais;

b) Que a fiscalização difusa pode existir com diferentes sistemas


políticos (pelo menos, teoricamente) e é sempre uma salvaguarda
potencial da constitucionalidade, mas que a fiscalização concentrada
apenas tem sentido num sistema de divisão do poder político, do qual
vem a ser uma das peças mais relevantes.

2. Sistemas atípicos e mistos


Além dos modelos típicos de fiscalização, existem ou tem existido
sistemas atípicos (como será, quando muito, o sistema de Defensor da
Constituição), bem como sistemas mistos, intermédios e complexos,
ora como divisão, ora com concorrência de competências.

Sumário
Nesta unidade temática aprendemos que:

 A observação histórico-comparativa revela três grandes


modelos ou sistemas típicos de fiscalização da
constitucionalidade.

 O modelo judicialista baseia-se no poder normal do juiz de


recusar a aplicação de leis inconstitucionais aos litígios que
tenha de dirimir.

 O modelo de Tribunal Constitucional agrega elementos do


modelo político e elementos

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 50
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 51

do modelo judicialista, por o Tribunal ostentar características


de órgão jurisdicional, mas não ser um tribunal como os outros
– antes de mais, pela sua composição e pelo modo de
recrutamento dos juízes.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. A fiscalização exercida por órgãos da natureza política designa-
se por:
a) Sistema de fiscalização político
b) Sistema de Fiscalização jurisdicional
c) Sistema de fiscalização misto
d) Nenhum
Resposta: a) Sistema de fiscalização político

2. Na França segue-se o sistema de fiscalização jurisdicional.


 Certo
 Errado
Resposta: Errado

3. O modelo de fiscalização judicial nasceu:


a) 1803
b) 1900
c) 1945
d) 1990
Resposta: a) 1803

4. O modelo que se baseia no poder normal do juiz de recusar a


aplicação de leis inconstitucionais aos litígios que tenha de
dirimir, designa-se por:
a) Político
b) Judicialista
c) Misto
d) Nenhum
Resposta: b) Judicialista

5. A fiscalização judicial confere aos tribunais a sua plena


dignidade de órgãos de soberania, responsabilizados no
cumprimento da Constituição;
 Certo
 Errado
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 51
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 52

Resposta: Certo

Exercícios
1. A fiscalização exercida por órgãos da natureza jurisdicional
designa-se por:
a) Sistema de fiscalização político
b) Sistema de fiscalização jurisdicional
c) Sistema de fiscalização misto
d) Nenhum

2. O Brasil segue o sistema de fiscalização político


 Certo
 Errado

3. Nos países onde vigora o em simultâneo o sistema de


fiscalização político e sistema de fiscalização jurisdicional diz-se
que seguem o sistema misto.
 Certo
 Errado

4. A Suíça segue o sistema de fiscalização:


a) Político
b) Jurisdicional
c) Misto
d) Nenhum

5. No modelo político a fiscalização pode ser feita por um órgão


político especialmente constituído para o efeito.

 Certo

 Errado

Soluções: 1. b) Sistema de fiscalização jurisdicional; 2. Errado; 3.


Certo; 4. c) Misto; 5. Certo

UNIDADE Temática 3.2 Exercícios do Tema III

1. Modelos de fiscalização de inconstitucionalidade também


podem se chamar de sistemas de fiscalização
inconstitucionalidade.

 Certo

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 52
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 53

 Errado

2. A observação histórico-comparativa revela:

a) Dois grandes modelos ou sistemas típicos de fiscalização da


constitucionalidade.

b) Três grandes modelos ou sistemas típicos de fiscalização da


constitucionalidade.

c) Quatro grandes modelos ou sistemas típicos de fiscalização


da constitucionalidade.

d) Cinco grandes modelos ou sistemas típicos de fiscalização


da constitucionalidade.

3. O modelo de fiscalização política é do tipo francês

 Certo

 Errado

4. O modelo de fiscalização judicial também é conhecido por


judicial review.

 Certo

 Errado

5. O modelo de fiscalização judicial nasceu

a) Estados Unidos da América

b) Rússia

c) França

d) Moçambique

6. No modelo político a fiscalização não pode ser feita pelo


próprio parlamento.

 Certo

 Errado

7. Contra a fiscalização difusa invocam-se a possibilidade de


desarmonia de julgados, com o consequente risco de
desvalorização dos julgamentos de inconstitucionalidade e da

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 53
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 54

própria Constituição.

 Certo

 Errado

8. Em favor da fiscalização concentrada apontam-se a certeza do


direito, mormente quando haja eficácia geral das decisões
sobre inconstitucionalidade.

 Certo

 Errado

9. Além dos modelos típicos de fiscalização, existem ou tem


existido sistemas atípicos.

 Certo

 Errado

10. Os sistemas atípicos podem se chamar de mistos, intermédios


ou complexos,

Solução: 1.Certo; 2. b) Três grandes modelos ou sistemas típicos de


fiscalização da constitucionalidade; 3. Certo; 4. Certo; 5. a) Estados
Unidos da América; 6. Errado; 7. Certo; 8. Certo; 9. Certo; 10. Certo

Bibliografia do Tema
Caetano, M. (1992), Manual de Ciência Política e Justiça
Constitucional, Tomo I. (6ª ed, reimpressão). Coimbra: Almedina

De Morais; C. B. (2002). Justiça Constitucional, Tomo I – Garantia da


Constituição e Controlo da Constitucionalidade. Coimbra: Coimbra;

Miranda, J. (1991). Manual do Direito Constitucional, Tomo II,


Constituição e Inconstitucionalidade. (3ª ed. totalmente revista e
actualizada). Coimbra: Coimbra;

Constituição da República (CRM) de 2004;

Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do Conselho


Constitucional).

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 54
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 55

TEMA – VI: PROCESSOS DE FISCALIZAÇÃO DA


CONSTITUCIONALIDADE
UNIDADE Temática 4.1. Processos de Fiscalização da
Constitucionalidade.
UNIDADE Temática 4.2. EXERCÍCIOS do tema

UNIDADE Temática 4.1. Processos de Fiscalização da


Constitucionalidade

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos gerais sobre o processualismo jurídico no âmbito da
fiscalização de inconstitucionalidade

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as disposições gerais sobre processos de fiscalização


Objectivos de incostitucionaliadade;
 Conhecer o processo de fiscalização de fiscalização preventiva
de inconstitucionalidade;
 Conhecer o processo de fiscalização sucessiva de
inconstitucionalidade;
 Conhecer o processualismo jurídico da fiscalização concreta de
inconstitucionalidade.

I - Disposições processuais gerais sobre Processos de fiscalização da


constitucionalidade e da legalidade

1. Registo e distribuição de processos

Os processos que dão entrada no Conselho Constitucional são


submetidos a despacho do Presidente no prazo de vinte e quatro
horas o qual termina, se for o caso, o seu registo e actuação que tem
lugar em igual prazo. À distribuição de processos são aplicáveis as

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 55
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 56

normas do Código de Processo Civil.

1.1. Recebimento e admissão


O pedido de apreciação da constitucionalidade ou da legalidade dos
actos normativos dos órgãos do Estado é dirigido ao Presidente do
Conselho Constitucional e deve especificar, além das normas cuja
apreciação se requer, as normas ou princípios constitucionais violados.

No caso de falta, insuficiência ou manifesta obscuridade, o Presidente


notifica o autor do pedido para suprir as deficiências, após o que o
autos lhes são novamente conclusos para decidir sobre a sua
admissão. A decisão do Presidente que admite o pedido não afasta a
possibilidade de o Conselho Constitucional vir, a rejeitar, em
definitivo.

1.2. Não admissão do pedido


O pedido não deve ser admitido quando formulado por pessoa ou
entidade sem legitimidade ou quando as deficiências que apresentar
não tiverem sido supridas. Se o Presidente entender que o pedido não
deve ser admitido, submete os autos ao plenário ao Conselho
Constitucional, mandando simultaneamente entregar as cópias do
requerimento aos restantes juízes Conselheiros. A decisão que não
admita o pedido é notificada à entidade requerente.

1.3. Desistência do pedido


Preceitua o artigo 50 que não é admitida a desistência do pedido

1.4. Audição do autor da norma


Admitido o pedido, o Presidente notifica o órgão de que tiver
emanado a norma impugnada para, querendo, se pronunciar sobre ele
no prazo de vinte dias ou, sendo o caso de fiscalização preventiva, no
prazo de cinco dias.

1.5. Poder de cognição


O Conselho Constitucional só pode declarar a inconstitucionalidade ou
a ilegalidade de normas cuja apreciação tenha sido requerida, mas
pode fazê-lo com fundamento em violação de normas ou princípios
constitucionais diversos daqueles cuja violação foi invocada.

1.6. Registo de Acórdãos


Dos Acórdãos do Conselho Constitucional em que se declare a
inconstitucionalidade ou ilegalidade de uma norma é lavrado o registo
em livro próprio e guardada a cópia, autenticada pelo secretário, no
arquivo do Conselho Constitucional.

2. Espécie de processos
Para efeitos de distribuição existem as seguintes espécies de

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 56
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 57

processos em matéria de fiscalização de inconstitucionalidade:


a) Processos de fiscalização preventiva da constitucionalidade e
da legalidade;
b) Processos de fiscalização sucessiva da constitucionalidade de
da legalidade;
c) Acções e recursos;

II - Processos de fiscalização preventiva da constitucionalidade

1. Verificação preventiva da constitucionalidade


O Presidente da República pode requerer ao Conselho Constitucional a
apreciação preventiva da constitucionalidade de qualquer diploma
que lhe tenha sido enviado para promulgação.

A apreciação preventiva da constitucionalidade deve ser requerida no


prazo de trinta dias a contar da recepção do diploma para
promulgação. Requerida a apreciação da constitucionalidade,
interrompe-se o prazo da promulgação.

Caso o Conselho Constitucional se pronuncie pela inexistência da


inconstitucionalidade, o novo prazo de promulgação começa a correr a
partir do conhecimento pelo Presidente da República do acórdão do
Conselho Constitucional.

Se o Conselho Constitucional se pronunciar pela inconstitucionalidade,


o Presidente da República veta e devolve o diploma à Assembleia da
República.

2. Supressão de deficiências
É de cinco dias o prazo para o autor do pedido suprir deficiências,
quando notificado.

3. Admissão do pedido
Admitido o pedido, o Presidente do Conselho Constitucional notifica o
órgão autor da norma para, querendo, se pronunciar no prazo de
cinco dias.

4. Distribuição
A distribuição é feita no prazo de um dia após o despacho de admissão
do pedido. O processo é imediatamente concluso ao relator, o qual
tem o prazo de dez dias para elaborar o projecto de acórdão, devendo,
para o efeito, ser-lhe comunicada, logo que recebida, a resposta do
órgão de que emanou o diploma. Uma vez distribuído o processo, são
entregues cópias do pedido aos restantes Juízes Conselheiros, do
mesmo modo se procede com resposta e o projecto de acórdão.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 57
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 58

Imagem de Manuel Franque relator do processo


10/CC/2009 Fiscalização Preventiva da Constitucionalidade

Fonte: http://www.cconstitucional.org.mz/O-Conselho/Juizes, disponível em


26 de agosto de 2017

5. Decisão
Entregue o projecto de acórdão pelo relator, o processo é concluso ao
Presidente do Conselho Constitucional, para inscrição em tabela na
sessão a realizar no prazo de dois dias, e são distribuídas cópias do
projecto de acórdão por todos os Juízes Conselheiros. Concluída a
discussão, o processo é concluso ao relator para elaboração do
acórdão, ou, no caso de ficar vencido, ao Juíz Conselheiro que o
substituir, devendo ser adoptado pelo plenário no prazo de cinco dias.

6. Notificação da decisão
O presidente do Conselho Constitucional, após deliberação do
plenário, notifica, de imediato, o Presidente da República, do acórdão
proferido quanto à existência ou inexistência de inconstitucionalidade.

7. Fiscalização da constitucionalidade e da legalidade dos


referendos

7.1. Sujeição
Após a publicação da deliberação da Assembleia da República
propondo a convocação de referendo, se o Presidente da República
pretender usar da competência referida na alínea c) do artigo 159 da
Constituição, submete ao Conselho Constitucional o texto do decreto
Presidencial ordenando a realização do referendo, acompanhado de
cópia da deliberação da Assembleia da República, para que o Conselho
Constitucional proceda a verificação prévia da sua constitucionalidade
(artigo 76).

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 58
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 59

Imagem de refendo

Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/brasil/historico-das-consultas-
populares-realizadas-no-brasil/ disponível em 26 de Agosto

7.2. Prazo para apreciação


O Conselho Constitucional procede à fiscalização da
constitucionalidade e da legalidade do referendo no prazo de vinte
dias, o qual pode ser encurtado, até um mínimo de dez dias, por
solicitação do Presidente da República por motivo de urgência.

7.3. Admissão do pedido


É de um dia o prazo do Presidente do Conselho Constitucional para
admitir o pedido, verificar qualquer irregularidade processual e
convidar o Presidente da República para a suprir.

7.4. Distribuição
A distribuição é feita no prazo de um dia, constado a partir da data da
admissão do pedido pelo Presidente do Conselho Constitucional.

O processo é imediatamente concluso ao relator, para no prazo de


cinco dias, elaborar uma proposta de acórdão contendo o enunciado
das questões sobre as quais o Conselho Constitucional se deve
pronunciar, bem como, a proposta de solução com indicação sumária
dos respectivos fundamentos, cabendo à Secretaria a remessa da
resposta do órgão de que emanou o diploma, logo que recebida.

Distribuido o processo, são entregues cópias do pedido a todos os


Juízes Conselheiros, do mesmo modo se procede com a resposta e a
proposta do acórdão, logo que recebidos pela Secretaria.

7.5. Formação do acórdão


Com a entrega ao Presidente do Conselho Constitucional da proposta
de acórdão, é para este concluso o respectivo processo para o
inscrever na ordem do dia da sessão plenária a realizar no prazo de
oito dias. Concluída a discussão e tomada a decisão pelo Conselho

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 59
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 60

Constitucional, é o processo cuncluso ao relator ou, no caso de este


ficar vencido, ao juíz Conselheiro que deva substituí-lo para
elaboração do acórdão. O acórdão em que o Conselho Constitucional
se pronuncie pela inconstitucionalidade em processo de fiscalização
preventiva impede, a título definitivo, a respectiva decretação, salvo
nos casos em que haja nova formulação de proposta referendária por
parte da Assembleia da República.

III - Processo de fiscalização sucessiva

1. Solicitação de apreciação de inconstitucionalidade


O Conselho Constitucional aprecia e declara, com força obrigatória
geral, a inconstitucionalidade das leis e a ilegalidade dos demais actos
normativos dos órgãos do Estado, em qualquer momento da sua
vigência (artigo 60).

Podem solicitar ao Conselho Constitucional a declaração de


inconstitucionalidade das leis ou da ilegalidade dos actos normativos
dos órgãos do Estado:
a) O Presidente da República;
b) O Presidente da Assembleia da República;
c) Um terço, pelo menos, dos Deputados da Assembleia da
República;
d) O Primeiro-Ministro;
e) O Procurador-Geral da República;
f) O Provedor da justiça;
g) Dois mil cidadãos.

Imagem de José Abudo, Provedor de justiça

Fonte: http://www.tvm.co.mz/index.php/2016-04-18-15-41-
53/item/611-provedor-de-justica-fala-a-ar-de-casos-de-flagrantes-
violacoes-dos-direitos-humanos-nas-prisoes-mocambicanas;
disponível em 26 de Agosto de 2017
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 60
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 61

2. Solicitação dos deputados ou dos cidadãos


Quando o pedido de declaração da inconstitucionalidade ou de
ilegalidade seja submetido por deputados, nos termos da alínea c) do
nº 2 do artigo 60, deve ser instruído nos seguintes termos:
a) Requerimento subscrito por, pelo menos, um terço dos
deputados da Assembleia da República;
b) Designação de mandatário, com indicação de domicílio para
efeitos de notificação.

Quando o pedido seja submetido por cidadãos, nos termos da alínea


g) do nº 2 do artigo 60, deve ser instruído nos seguintes termos:
a) Requerimento subscrito por dois mil cidadãos;
b) Reconhecimento de assinaturas e certificação da qualidade
de cidadãos nacionais subscritores;
c) Designação de mandatário, com indicação de domicílio para
efeitos de notificação.

3. Prazos
Os pedidos de declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade,
podem ser apresentados a todo o tempo.

Recebido o pedido, o Presidente do Conselho Constitucional usa da


faculdade prevista no nº 2 do artigo 48, ou decide a sua admissão, no
prazo de cinco dias. O autor, sem caso disso, é notificado para, no
prazo de dez dias, suprir deficiências do pedido.

4. Debate preliminar e distribuição


Junto a resposta do órgão de que emanou a norma, ou decorrido o
prazo fixado para o efeito sem que esta haja sido recebida, é entregue,
no prazo de quinze dias, cópia dos autos a cada um dos Juízes
Conselheiros, acompanhada de um memorando onde são formuladas
pelo Presidente do Conselho Constitucional as questões prévias e as
de fundo a que o Conselho Constitucional tem que responder, bem
como de quaisquer elementos documentais reputados de interesse.

Decorridos, pelo menos, vinte dias, sobre a entrega do memorando, o


mesmo é submetido ao debate e fixada a orientação do Conselho
Constitucional.

O processo é distribuído a um relator designado por sorteio ou, se o


Conselho Constitucional assim o entender, pelo seu Presidente (artigo
63/3).

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 61
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 62

Imagem de Ozias Ponja, relator de


Processo n.° 01/CC/2015 Fiscalização Sucessiva da Constitucionalidade

http://www.cconstitucional.org.mz/O-Conselho/Juizes, disponível em 26 de
Agosto de 2017

5. Pedido com objecto idêntico


Admitido um pedido, quaisquer outros com objecto idêntico que
venham a ser igualmente admitidos são incorporados no processo
respeitante ao primeiro. O órgão de que emanou a norma é notificado
da apresentação dos pedidos subsequentes, mas o Presidente do
Conselho Constitucional ou o relator pode dispensar a sua audição,
sempre que a julgue necessária. Entendendo que não pode ser
dispensada nova audição, é concedido para o efeito o prazo de quinze
dias ou prorrogado por dez dias o prazo inicial, se ainda não estiver
esgotado.

6. Formação do acórdão
Concluso o processo ao relator, é por este elaborado no prazo de
quarenta dias um projecto de acórdão de harmonia com a orientação
fixada pelo Conselho Constitucional.

A Secretaria distribui por todos os Juízes Conselheiros cópias do


projecto do acórdão e conclui o processo ao Presidente do Conselho
Constitucional, para inscrição em tabela na sessão do Conselho
Constitucional que se realiza decorridos, pelo menos, vinte dias, sobre
a distribuição das cópias.

Quando ponderosas razões o justifiquem, pode o Presidente do


Conselho Constitucional, ouvido o Conselho Constitucional, encurtar
até metade os prazos referidos acima.

Havendo solicitação fundamentada do requerente na apreciação


prioritária, o Presidente do Conselho Constitucional, ouvido o
Conselho Constitucional, decide sobre a atribuição de prioridade à
apreciação e decisão do processo.
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 62
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 63

IV – Processo de Fiscalização concreta da constitucionalidade


e da legalidade

http://www.fd.ulisboa.pt/events/curso-de-pos-graduacao-fiscalizacao-
concreta-da-constitucionalidade/ disponível em 26 de Agosto de 2017

1. Recursos
Devem ser remetidos obrigatoriamente para o Conselho
Constitucional, os acórdãos e as decisões com fundamento na
inconstitucionalidade, quando:
a) Se recuse a aplicação de qualquer norma com base na sua
inconstitucionalidade;
b) O Procurador-Geral da República ou o Ministério Público
solicite a apreciação abstrata da inconstitucionalidade ou da
ilegalidade de qualquer norma, cuja aplicação tenha sido recusada,
com justificação de inconstitucionalidade ou ilegalidade, por decisão
judicial insusceptível de recurso.

2. Remessa
Para os efeitos previstos no artigo anterior, proferida a decisão
judicial, o juíz da causa remete oficiosamente os autos, de imediato,
ao Conselho Constitucional, com efeitos suspensivos.

3. Distribuição
Autuado pela Secretaria e registado no competente livro, o processo é
distribuído no prazo de cinco dias.

Uma vez distribuído o processo, são entregues cópias de autos aos


restantes Juízes Conselheiros.

O processo é imediatamente concluso ao relator o qual tem prazo de


trinta dias para elaborar o projecto de acórdão. O relator notifica, se o
entender necessárias, as partes para produzirem, querendo, alegações
no prazo de oito dias.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 63
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 64

Imagem de Mateus Saize, relator de


Processo nº 8/CC/2013 Fiscalização Concreta da Constitucionalidade

Fonte: http://www.cconstitucional.org.mz/O-Conselho/Juizes,
disponível em 26 de Agosto de 2017

4. Julgamento do recurso
Entregue o projecto do acórdão pelo relator, o processo é concluso ao
Presidente do Conselho Constitucional, para inscrição em tabela na
sessão a realizar no prazo de trinta dias e são distribuídas cópias do
projecto do acórdão a todos os Juízes Conselheiros.

Concluída a discussão, o processo é concluso ao relator para


elaboração do acórdão, ou, no caso de ficar vencido, ao juíz
conselheiro que o substitui, devendo ser adoptado pelo Conselho
Constitucional no prazo de dez dias.

Nos processos urgentes e naqueles em que estiverem em causa


direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, os prazos estabelecidos
nos números anteriores são reduzidos a metade, devendo o relator
conferir prioridade a tais processos.

5. Âmbito do recurso
A apreciação das decisões judiciais pelo Conselho Constitucional é
restrita à questão da inconstitucionalidade suscitada.

6. Apreciação abstrata da constitucionalidade ou da legalidade)


Todas as decisões judiciais insusceptíveis de recurso em que tenha
sido recusada a aplicação da norma com justificação de
inconstitucionalidade ou ilegalidade são notificadas, conforme os
casos, o Procurador-Geral da República ou o Ministério Público que
pode solicitar, a todo o tempo, a apreciação abstrata da
constitucionalidade ou da legalidade.

7. Baixa dos autos


Todos os recursos apreciados em sede da fiscalização concreta de
constitucionalidade baixam ao
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 64
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 65

tribunal donde provieram, ficando uma cópia do acórdão no arquivo


do Conselho Constitucional.

Sumário
O pedido de apreciação da constitucionalidade ou da legalidade dos
actos normativos dos órgãos do Estado é dirigido ao Presidente do
Conselho Constitucional e deve especificar, além das normas cuja
apreciação se requer, as normas ou princípios constitucionais violados.

Admitido o pedido, o Presidente notifica o órgão de que tiver


emanado a norma impugnada para, querendo, se pronunciar sobre ele
no prazo de vinte dias ou, sendo o caso de fiscalização preventiva, no
prazo de cinco dias.

O Conselho Constitucional só pode declarar a inconstitucionalidade ou


a ilegalidade de normas cuja apreciação tenha sido requerida, mas
pode fazê-lo com fundamento em violação de normas ou princípios
constitucionais diversos daqueles cuja violação foi invocada.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. À distribuição de processos de processos de fiscalização de
inconstitucionalidade são aplicáveis as normas do Código de
Processo Civil.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

2. O pedido de apreciação da constitucionalidade ou da


legalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado é
dirigido ao:
a) Presidente do Conselho Constitucional
b) Conselho Constitucional
c) Secretário do Conselho Constitucional
d) Presidente da República
Resposta: Presidente do Conselho Constitucional

3. O pedido de apreciação da constitucionalidade ou da


legalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado deve
especificar:
a) As normas cuja apreciação se requer;
b) As normas ou princípios constitucionais violados
c) As normas cuja apreciação se requer e as normas ou
princípios constitucionais violados
d) Nenhum

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 65
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 66

Resposta: As normas cuja apreciação se requer e as normas ou


princípios constitucionais violados.

4. No caso de falta, insuficiência ou manifesta obscuridade do


pedido, o Presidente notifica o autor do pedido para suprir as
deficiências
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

5. O Presidente da República pode requerer ao Conselho


Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade
de qualquer diploma que lhe tenha sido enviado para
promulgação.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. A decisão do Presidente que admite o pedido afasta a
possibilidade de o Conselho Constitucional vir, a rejeitar, em
definitivo.
 Certo
 Errado

2. O pedido não deve ser admitido quando formulado por pessoa


ou entidade sem legitimidade ou quando as deficiências que
apresentar não tiverem sido supridas
 Certo
 Errado

3. Se o Conselho Constitucional se pronunciar pela


inconstitucionalidade, o Presidente da República veta e
devolve o diploma à Assembleia da República.
 Certo
 Errado

4. Na fiscalização preventiva o prazo para o autor do pedido


suprir as deficiências e de:
a) 5 dias
b) 10 dias
c) 15 dias
d) 30 dias
5. Na Fiscalização preventiva admitido o pedido, o Presidente do
Conselho Constitucional notifica o órgão autor da norma para,

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 66
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 67

querendo, se pronunciar no prazo de:


a) Cinco dias
b) Dez dias
c) Quinze dias
d) Trinta dias.

Soluções: 1. Errado; 2. Certo; 3. Certo; 4. 5 dias; 5. Cinco dias

UNIDADE Temática 4.2 Exercícios do Tema IV

1. Em sede fiscalização de inconstitucionalidade não é admitida a


desistência do pedido.
 Certo
 Errado

2. Requerida a apreciação da constitucionalidade, interrompe-se


o prazo da promulgação da lei.
 Certo
 Errado

3. Para elaborar o projecto de acórdão na fiscalização preventiva


o relator, tem o prazo de:
a) Cinco
b) Dez dias
c) Quinze dias
d) Trinta dias

4. O Conselho Constitucional procede à fiscalização da


constitucionalidade e da legalidade do referendo no prazo de:
a) Cinco dias
b) Dez dias
c) Quinze dias
d) Vinte dias

5. O Presidente da República não pode solicitar ao Conselho


Constitucional a declaração de inconstitucionalidade das leis ou
da ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado.
 Certo
 Errado

6. O Presidente do Tribunal Supremo pode solicitar ao Conselho


Constitucional a declaração de inconstitucionalidade das leis ou
da ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado
 Certo
 Errado

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 67
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 68

7. O Primeiro-ministro pode solicitar ao Conselho Constitucional a


declaração de inconstitucionalidade das leis ou da ilegalidade
dos actos normativos dos órgãos do Estado.
 Certo
 Errado

8. Os pedidos de declaração de inconstitucionalidade ou de


ilegalidade sucessiva, podem ser apresentados no prazo de:
a) 30 dias
b) 60 dias
c) 1 ano
d) A todo o tempo

9. Todas as decisões judiciais insusceptíveis de recurso em que


tenha sido recusada a aplicação da norma com justificação de
inconstitucionalidade ou ilegalidade são notificadas, conforme
os casos, o Procurador-Geral da República ou o Ministério
Público que pode solicitar, a apreciação abstrata da
constitucionalidade ou da legalidade no prazo de:
a) 30 dias
b) 60 dias
c) 1 ano
d) A todo o tempo

10. Todos os recursos apreciados em sede da fiscalização concreta


de constitucionalidade baixam ao tribunal donde provieram,
ficando uma cópia do acórdão no arquivo do Conselho
Constitucional.
 Certo
 Errado

Soluções: 1. Certo; 2. Certo; 3. b) Dez dias; 4. d) Vinte dias; 5. Errado;


6. Errado; 7. Certo; 8. d) A todo o tempo; 9. d) A todo o tempo; 10.
Certo

Bibliografia do Tema
Constituição da República (CRM) de 2004

Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do Conselho


Constitucional)

Código do Processo Civil

http://www.cconstitucional.org.mz, disponível em 26 de agosto de


2017

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 69

TEMA – V: A FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE NA


HISTÓRIA MOÇAMBICANA E O ACTUAL REGIME
UNIDADE Temática 5.1. A Fiscalização da Constitucionalidade na
História Moçambicana e o Actual Regime.
UNIDADE Temática 5.2. EXERCÍCIOS do tema

UNIDADE Temática 5.1. A Fiscalização da Constitucionalidade na


história Moçambicana e o Actual Regime

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos gerais sobre a evolução histórica da fiscalização da
constitucionalidade em Moçambique.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a evolução histórica da fiscalização da


Objectivos constitucionalidade em Moçambique;
 Conhecer o historial da criação do Conselho Constitucional;
 Conhecer a natureza jurídica do Conselho Constitucional na
vigência da CRM de 1990
 Conhecer a actual posição e estatuto do Conselho
Constitucional.

1. A criação do Conselho Constitucional pela Constituição de


1990
A Constituição de 1975 não previa um órgão de especializado na
justiça constitucional, nem mecanismos específicos de fiscalização da
constitucionalidade. Coube à Constituição de 1990 instituir o Conselho
Constitucional, integrado no conjunto dos órgãos de soberania (artigo
109), e então definido como “o órgão de competência especializada
no domínio das questões jurídicas constitucionais” (artigo 180).

Para além do poder de apreciar e declarar a inconstitucionalidade e a


ilegalidade dos actos legislativos e normativos dos órgãos do Estado
[artigo 181, n.º 1 alínea a)], que é geralmente, apanágio dos órgãos
especializados na justiça

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 69
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 70

constitucional, a Constituição de 1990 atribuiu ao Conselho


Constitucional os poderes de dirimir conflitos de competência entre os
órgãos de soberania e de pronunciar-se sobre a legalidade dos
referendos [artigo 181, n.º 1, alíneas a) e b)].

Mas o legislador constitucional de 1990 optou por auto conter-se na


regulação do Conselho Constitucional, visto que, em acréscimo à
definição e fixação das respectivas competências principais, limitou-se
a regular o modo de designação do Presidente do órgão, deferindo a
sua nomeação ao Presidente da República, no exercício da sua função
de Chefe do Estado [art. 120, alínea g)], nomeação carecida da
ratificação da Assembleia da República [art. 135, n.º 2, alínea f)].
Ademais, estabeleceu os princípios de irrecorribilidade e de
publicidade das deliberações do órgão (art. 182) e indicou as
entidades com legitimidade para desencadear os processos de
fiscalização de inconstitucionalidade ou de ilegalidade. Enfim, remeteu
para a lei ordinária a fixação da composição, organização,
funcionamento e do processo de fiscalização e controlo da
constitucionalidade e legalidade dos actos normativos e das demais
competências do Conselho Constitucional (artigo 184).

A primeira Lei Orgânica do Conselho Constitucional, a Lei n.º 9/2003,


de 22 de Outubro, consagrou o quadro legal necessário para a
instalação do órgão e o exercício das respectivas funções, cujo início
ocorreu ainda em Novembro de 2003, terminando, deste modo, o
longo período em que essas funções eram exercidas pelo Tribunal
Supremo, ao abrigo da disposição transitória do artigo 208 da
Constituição.

2. A natureza jurídica do Conselho Constitucional na vigência


da Constituição de 1990
Na vigência da Constituição de 1990 suscitavam-se dúvidas quanto à
natureza jurídica do Conselho Constitucional, e a controvérsia
consistia em saber se este devia ser considerado como órgão de
natureza política ou, pelo contrário, de natureza jurisdicional.

Mais do que em teoria, este questionamento tem relevância prática,


pois a sua resposta, num ou noutro sentido, acarreta consequências
jurídicas importantes, nomeadamente, para a aferição do estatuto de
independência do Conselho Constitucional e dos respectivos
membros.

Com efeito, os órgãos políticos caracterizam-se por serem activos,


exercem a função política de acordo com critérios igualmente
políticos, e gozam de uma larga margem de discricionariedade na sua
actuação. Diferentemente, os órgãos jurisdicionais são reactivos,
integram necessariamente juízes independentes que exercem a
função jurisdicional em obediência a critérios jurídicos e vinculados ao

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 70
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 71

dever de obedecer exclusivamente a lei.

A questão posta não encontrava resposta inequívoca nem no


enunciado do artigo 180 da Constituição, disposição que, como já foi
referido, definia o Conselho Constitucional como “um órgão de
competência especializada no domínio das questões
jurídicoconstitucionais”, nem na compreensão do conjunto das suas
competências. A Lei Orgânica de 2003 resolveu o problema, mas
trouxe alguns subsídios importantes ao debate, desde logo ao atribuir
à Assembleia da República a competência para designar cinco
“membros do Conselho Constitucional”, segundo o critério da
representação proporcional, cabendo aos designados cooptar um
membro (art. 7).

Nestes termos, o legislador ordinário complementou o regime de


composição do Conselho Constitucional, tendo em conta a já referida
regra de nomeação do respectivo Presidente pelo Chefe do Estado,
carecida de ratificação da Assembleia da República.

Para certas correntes de opinião, a intervenção decisiva de órgãos


políticos na designação da maioria dos membros do Conselho
Constitucional reforçou o entendimento de que este é um órgão
político. Porém, o fundamento alegado não podia ser plausível face a
outros elementos que se podiam extrair da Lei Orgânica,
designadamente a exigência de que a designação dos membros do
órgão recaísse sobre cidadãos no mínimo licenciados em direito ou
juízes de direito, que, cumulativamente, tivessem exercido uma
profissão jurídica, no mínimo, durante cinco anos ininterruptos (art. 8).

Ademais, a Lei Orgânica configurou o estatuto dos membros do


Conselho Constitucional em termos muito semelhantes aos dos juízes
dos tribunais, estabelecendo garantias de independência,
inamovibilidade e irresponsabilidade salvo nos termos e limites em
que são responsabilizados os juízes dos tribunais judiciais (artigos 11,
12 e 13), e tornou extensivo aos membros do Conselho Constitucional,
com as necessárias adaptações, as normas que regulam a efectivação
da responsabilidade civil e criminal dos Juízes Conselheiros do Tribunal
Supremo, bem como as normas relativas à respectiva prisão
preventiva (art. 15).

Ainda relacionado com as garantias de independência, a Lei Orgânica


de 2003 estabeleceu a exclusividade do poder disciplinar do Conselho
Constitucional sobre os seus membros, mandando aplicar a estes o
regime disciplinar estabelecido na lei para os magistrados judiciais
(art. 14), e tornando igualmente aplicável aos mesmos membros o
regime de impedimentos e suspeições dos juízes dos tribunais judiciais
(artigo 18).

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 71
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 72

A reforçar este conjunto de garantias, e como contrapeso da


intervenção de órgãos políticos na sua designação, a Lei Orgânica
determinou que os membros do Conselho Constitucional não podiam
exercer quaisquer funções em órgãos de partidos e de associações
políticas, ou funções com eles conexos, nem desenvolver actividades
políco-patidárias de carácter público. Determinou também que o
estatuto decorrente da filiação em partido ou associação política, por
parte dos membros do Conselho Constitucional, ficava suspenso
durante o exercício do cargo (artigo 17).

Todas estas providências do legislador ordinário no sentido de


acautelar a independência dos membros do Conselho Constitucional
no exercício das suas funções e, sobretudo, as reiteradas remissões
para regimes próprios do estatuto dos magistrados judiciais tornavam
cada vez mais insustentável a tese da natureza política do Conselho
Constitucional.

Ainda mais, era inevitável extrair-se, tanto da Constituição como da Lei


Orgânica, a conclusão de que o Conselho Constitucional era um órgão
reactivo, porquanto a sua actuação devia subordinar-se ao princípio
do pedido, ou seja, dependia exclusivamente do impulso de certas
entidades dotadas de legitimidade processual activa (artigo 183 da
Constituição e artigos 57, 63, n.º 1, 76, n.º 1 e 78, n.º 1).

Embora a Lei não fizesse referência explícita ao dever dos membros do


Conselho Constitucional respeitar exclusivamente a lei, o exercício de
qualquer das competências atribuídas ao Conselho Constitucional
estava vinculado a critérios jurídicos e a regras processuais de carácter
imperativo, detalhadas no Título IV (Processo) da Lei Orgânica (artigos
36 a 79), e que não apontavam para alguma margem de
discricionariedade. Do exposto resulta que, em face da Constituição de
1990 e da Lei n.º 3/2003, de 22 de Outubro, mostrava-se
completamente inadequado qualificar o Conselho Constitucional como
um órgão político, com base no único fundamento de que na
designação da maioria dos seus membros intervêm órgãos políticos.

Aliás, à luz da Constituição de 1990, o modo de designação do


Presidente do Conselho Constitucional era tão idêntico ao da
designação do Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Supremo e do
Presidente do Tribunal Administrativo [artigos 120, alínea g) e 135,
alínea f)] e os Juízes profissionais do Tribunal Supremo eram
nomeados pelo Presidente da República, ouvido o Conselho Superior
da Magistratura Judicial (artigo 170, n.º 2).

3. Actual Posição e o Estatuto do Conselho Constitucional


Na Constituição de 2004, o Conselho Constitucional continua a
integrar o sistema dos órgãos de
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 72
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 73

soberania, que compreende, igualmente, o Presidente da República, a


Assembleia da República, o Governo e os Tribunais. Não obstante, a
sua definição aparece de forma diferente, tendo passado de simples
“...órgão de competência especializada no domínio das questões
jurídico-constitucionais” para “...órgão de soberania, ao qual compete
especialmente administrar a justiça em matérias de natureza
jurídicoconstitucional” (art. 241, n.º 1).

Na nova definição sobressai um elemento incontornável para


determinação da natureza jurídica do Conselho Constitucional. Trata-
se da expressão “administrar a justiça” que, desde logo, aponta para a
sua qualificação como órgão integrante do sistema de administração
da justiça, ou seja, órgão da função jurisdicional.

Partindo do pressuposto de que, no Estado de Direito, o princípio da


separação dos poderes demanda a reserva da função jurisdicional para
os tribunais, podemos facilmente chegar à conclusão de que o
Conselho Constitucional é uma espécie de tribunal, que se distingue
essencialmente dos outros tribunais previstos na Constituição em
virtude da especialização da sua competência em razão da matéria,
pois administra, especialmente, a justiça constitucional, isto é, exerce
a jurisdição em matérias de natureza jurídico-constitucional.

A Constituição de 2004 regula algumas das matérias pertinentes ao


Conselho Constitucional, que antes haviam sido relegadas para o plano
da legislação ordinária, desde logo a composição do órgão, o modo e
os requisitos de designação dos seus membros.

No âmbito da composição do órgão é sintomático o afastamento pelo


legislador constitucional da expressão “membros”, que na Lei Orgânica
de 2003 designava os integrantes do Conselho Constitucional,
introduzindo em sua substituição a designação de “Juízes
Conselheiros” (artigo 242), denominação constitucional comummente
atribuída aos juízes dos tribunais superiores em Moçambique (artigos
226 e 229).

A nova Constituição mantém o modo de designação do Presidente do


Conselho Constitucional – nomeação pelo Presidente da República, no
exercício das suas funções de Chefe do Estado, e ratificação pela
Assembleia da República [artigos 159, alínea g), 179, n.º 2, alínea h) e
242, n.º 1, alínea a)] –, constitucionaliza, igualmente, a designação de
cinco Juízes Conselheiros, pela Assembleia da República segundo o
critério da representação proporcional [artigo 242, n.º 1, alínea b)] e
introduz, no lugar da cooptação, a indicação de um Juiz Conselheiro
pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial [artigo 242, n.º 1,
alínea c)].

Em relação aos requisitos para a designação dos Juízes Conselheiros, a


Constituição de 2004 operou uma

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ligeira alteração face à Lei Orgânica de 2003. Enquanto esta exigia


como requisitos ser cidadão moçambicano, no pleno gozo dos seus
direitos civis e políticos, no mínimo licenciado em Direito ou juiz de
Direito e, ainda, ter exercido uma profissão jurídica, pelo menos,
durante oito anos ininterruptos (artigo 8), a Constituição actual exige
que a designação recaia sobre quem tenha pelo menos dez anos de
experiência profissional na magistratura ou em qualquer actividade
forense ou de docência em Direito (artigo 242, n.º 3).

A designação dos Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional é,


conforme a Constituição, para um mandato de cinco anos e é
renovável (artigo 242, n.º 2); diferentemente da Lei Orgânica de 2003
que admitia a renovação do mandato apenas uma vez (artigo 9), a
Constituição não impõe limitação a essa renovação.

As garantias de independência, inamovibilidade, imparcialidade e


irresponsabilidade dos Juízes, bem como o regime de
incompatibilidades, que já eram consagrados pela Lei Orgânica de
2003, passaram também a ter assento na nova Constituição (artigos
242, n.º 2 e 243).

As competências do Conselho Constitucional foram alargadas pela


nova Constituição (artigo 244), acrescentando às que a Constituição
anterior já consagrava.

Além disso, a Constituição de 2004 atribui ao Conselho Constitucional,


nos termos do artigo 247, a competência de apreciar, em sede de
fiscalização concreta, os acórdãos e outras decisões dos tribunais
sobre questões de inconstitucionalidade, nos casos de recusa da
aplicação de qualquer norma com base na sua inconstitucionalidade,
ou quando o Procurador-Geral da República ou o Ministério Público
solicite a apreciação abstracta da constitucionalidade ou da legalidade
de qualquer norma, cuja aplicação tenha sido recusada, com
justificação de inconstitucionalidade ou ilegalidade, por decisão
judicial insusceptível de recurso.

Resulta da disposição supracitada que o Conselho Constitucional é o


órgão superior da jurisdição constitucional em Moçambique,
porquanto detém o poder de apreciar, em última instância, as
decisões, em matéria de inconstitucionalidade, de quaisquer tribunais,
incluindo o Tribunal Supremo e o Tribunal Administrativo, podendo
decidir a sua anulação com efeitos vinculativos e definitivos.

É importante também referir que as decisões do Conselho


Constitucional passaram de meras “deliberações” para “acórdãos”
(artigo 248), designação própria das decisões dos tribunais colegiais.

A entrada em vigor da Constituição de 2004 acarretou a necessidade


de adequação do quadro legal

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 74
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 75

regulador do Conselho Constitucional, e neste contexto foi aprovada


uma nova Lei Orgânica, a Lei n.º 6/2006, de 2 de Agosto.

Em relação ao estatuto dos Juízes Conselheiros do Conselho


Constitucional, a nova Lei Orgânica complementa a Constituição,
concretizando as normas pertinentes às garantias de independência,
inamovibilidade, imparcialidade e irresponsabilidade dos Juízes (artigo
11 e seguintes), em termos semelhantes aos da Lei Orgânica de 2003.

Merece igualmente destaque a manutenção, pela Lei Orgânica de


2006, da proibição do exercício de actividades políticas pelos Juízes
Conselheiros do Conselho Constitucional durante o período do
desempenho do seu mandato, implicando também a suspensão do
estatuto decorrente da filiação em partidos ou associações políticas
(artigo 15).

4. Balanço de Actividade do Conselho Constitucional


Em 2008 o CC emitiu um balanço das suas actividades no período
compreendido entre 2003 e 2008 (Setembro)9. Com base nas
informações de fiscalização de constitucionalidade e de legalidade
contidas no referido balanço resumidamente apresenta-se o quadro
abaixo com a informação até Dezembro de 2008.

Representação de actividades de fiscalização desenvolvidas pelo CC


de 2003 à 2008 (Dezembro)

ANO Total por

TIPO INICITIVA 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Requerente


Fiscalização
Preventiva PR 1 2 1 4
1/3
DEPUTADOS 1 6 5 12
Fiscalização
Sucessiva PGR 1 1
2000
CIDADÃOS 1 1
Fiscalização JUÍZ
Concreta (Recurso) 1 1
Total por
ano 1 0 0 1 10 7 19

9
O referido balanço pode ser visto em
http://www.cconstitucional.org.mz/UserFiles/File/Tsave/relatorio/BALANcO%20DE
%20ACTVDADES%202008.pdf
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 75
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 76

As mesmas actividades podem ser apresentadas graficamente da


seguinte maneira:

Gráfico de actividades de fiscalização desenvolvidas pelo CC de 2003


à 2008 (Dezembro)

No mesmo balanço o CC assinala alguns aspectos pertinentes :

 A partir de 2007 verifica-se uma grande demanda ao CC em


matéria de fiscalização da constitucionalidade e da legalidade;

 A maioria dos pedidos de fiscalização da constitucionalidade e


da legalidade provieram de um terço de deputados da AR, da
bancada minoritária (oposição). Assim, a possibilidade de se
manter ou aumentar esta fonte de submissões, dependerá, no
futuro, na composição que a AR irá ter na sequência de futuros
pleitos eleitorais;

 Parece prevalecer ainda uma certa cultura de passividade ou


um pouco de dinamismo em solicitar a intervenção do CC,
pelas instituições que têm especiais responsabilidades de
controlo da legalidade;

 As decisões do CC, mesmo as que pudessem suscitar análises


críticas foram respeitadas e observadas, e que se criou em
torno deste órgão um clima de credibilidade que importa
reforçar e ampliar.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 76
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 77

Sumário
O órgão fiscalizador da constitucionalidade e da legalidade em
Moçambique é o Conselho Constitucional (CC). Constitucionalmente
consagrado no título XI artigos 241 e seguintes da Constituição da
República (CRM) de 2004 e nas leis n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei
orgânica do Conselho Constitucional) e n.º 5/2008 de 09 de Julho (lei
que faz uma alteração pontual da lei 6/2006, de 02 de Agosto).

Apesar da designação analisadas as competências (art. 241/1 e 244


CRM e o estatuto dos juízes conselheiros (art. 242/2 CRM), O Conselho
Constitucional é um órgão jurisdicional especial. É um tribunal
constitucional.

Iniciou o seu funcionamento efectivo em finais de 2003, após a


aprovação da sua Lei Orgânica, a lei n.º 9/2003 de 22 de Outubro,
facto que ocorreu treze anos depois da sua consagração constitucional
como órgão de soberania.

Aquando da entrada em funções do Conselho Constitucional


suscitaram-se dúvidas sobre a pertinência da criação deste órgão, com
a principal competência dirigida a fiscalização e controlo de
constitucionalidade e de legalidade, tendo em conta que no período
subsequente a aprovação da Constituição de 1990 e durante os trezes
anos em que as competências do CC estiveram cometidas ao Tribunal
Supremo, somente um único pedido de fiscalização (preventiva) de
constitucionalidade dera entrada no venerando tribunal

Actualmente, com o alargamento pelo n.º 02 do artigo 245 da


Constituição de 2004 do elenco das entidades com legitimidade para
solicitar a declaração de inconstitucionalidade das leis ou de
ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado quando em
confronto com o artigo 183 da Constituição de 1990, e da criação de
um órgão especializado para administrar a justiça em matérias de
natureza jurídico –constitucional, e o processo de desenvolvimento e
aprofundamento da cultura democrática em Moçambique há um
incremento de pedidos de fiscalização de apreciação e declaração de
inconstitucionalidade e de legalidade.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. O Conselho Constitucional foi consagrado órgão de
soberania em:
a) 1975
b) 1980
c) 1990
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 77
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 78

d) 2004
Resposta: c) 1990

2. Durante os trezes anos em que as competências do CC


estiveram cometidas ao Tribunal Supremo, foram solicitados:
a) Um pedido de fiscalização de constitucionalidade
b) Dois pedidos de fiscalização de constitucionalidade
c) Três pedidos de fiscalização de constitucionalidade
d) Quatro pedidos de fiscalização de constitucionalidade
Resposta: a) Um pedido de fiscalização de constitucionalidade

3. Os juízes conselheiros do CC são designados por mandato de:


a) Três anos, renovável.
b) Quatro anos, renovável.
c) Cinco anos, renovável.
d) Dez anos, renovável.
Resposta: c) São designados por um mandato de cinco anos,
renovável.

4. A partir de 2007 verifica-se uma grande demanda ao CC em


matéria de fiscalização da constitucionalidade e da legalidade
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

5. A Constituição de 1975 não previa um órgão de especializado


na justiça constitucional, nem mecanismos específicos de
fiscalização da constitucionalidade.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. As competências do CC já estiveram cometidas ao Tribunal
Supremo.
 Certo
 Errado

2. O Conselho constitucional não é um órgão de soberania


 Certo
 Errado

3. Coube à Constituição de 1990 instituir o Conselho


Constitucional, integrado no conjunto dos órgãos de soberania.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 78
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 79

4. Os órgãos políticos caracterizam-se por serem activos, exercem


a função política de acordo com critérios igualmente políticos,
e gozam de uma larga margem de discricionariedade na sua
actuação.

 Certo

 Errado

5. A Constituição de 2004 regula algumas das matérias


pertinentes ao Conselho Constitucional, que antes haviam sido
relegadas para o plano da legislação ordinária.

 Certo

 Errado

Soluções: 1. Certo; 2. Errado; 3. Certo; 4. Certo; 5. Certo

UNIDADE Temática 5.2 Exercícios do Tema V


1. A designação do Presidente do CC, é feita pelo Presidente da
República, no exercício da sua função de:

a) Chefe do Estado

b) Chefe do governo

c) Chefe das Forças armadas

d) Nenhuma

2. A primeira Lei Orgânica do Conselho Constitucional, foi:

a) Lei n.º 9/2003, de 22 de Outubro

b) Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto


c) Lei n.º 5/2008 de 09 de Julho
d) Nenhuma

3. Na vigência da Constituição de 1990 suscitavam-se dúvidas


quanto à natureza jurídica do Conselho Constitucional, e a
controvérsia consistia em saber se este devia ser considerado
como órgão de natureza política ou, pelo contrário, de
natureza jurisdicional.

 Certo

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 79
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 80

 Errado

4. Os órgãos jurisdicionais são reactivos, integram


necessariamente juízes independentes que exercem a função
jurisdicional em obediência a critérios jurídicos e vinculados ao
dever de obedecer exclusivamente a lei.

 Certo

 Errado

5. A Lei Orgânica do CC de 2003 designava os integrantes do


Conselho Constitucional, por:

a) integrantes

b) Membros

c) Juízes conselheiros

d) Nenhum

6. A nova Constituição (2004) não mantém o modo de designação


do Presidente do Conselho Constitucional.

 Certo

 Errado

7. A nova Constituição (2004) introduz, no lugar da cooptação, a


indicação de um Juiz Conselheiro pelo Conselho Superior da
Magistratura Judicial.

 Certo

 Errado

8. Pela constituição de 2004 as competências do Conselho


Constitucional foram:

a) Alargadas

b) Restritas

c) Mantidas

d) Diminuídas

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 80
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 81

9. Conselho Constitucional é o órgão superior da jurisdição


constitucional em Moçambique.

 Certo

 Errado

10. A entrada em vigor da Constituição de 2004 acarretou a


necessidade de adequação do quadro legal regulador do
Conselho Constitucional, e neste contexto foi aprovada uma
nova Lei Orgânica:

a) A Lei n.º 6/2006, de 2 de Agosto.

b) A Lei n.º 5/2008 de 09 de Julho

c) A Lei n. º 9/2003 de 22 de Outubro


d) Nenhuma

Solução: 1. a) Chefe do Estado; 2. a) Lei n.º 9/2003, de 22 de


Outubro; 3. Certo; 4. Certo; 5.b) Membros; 6. Errado; 7. Certo; 8. a)
Alargadas; 9. Certo; 10. a) A Lei n.º 6/2006, de 2 de Agosto

Bibliografia do Tema
http://www.venice.coe.int/WCCJ/Rio/Papers/MOZ_Conselho_Constit
utional_por.pdf. , acessado em 30 de Junho de 2017

http://www.cconstitucional.org.mz, disponível em 26 de Agosto de


2017

Constituição da República (CRM) de 2004

Constituição da República (CRM) de 1990

Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do Conselho


Constitucional)

Lei n.º 5/2008 de 09 de Julho (lei orgânica do Conselho Constitucional


que faz uma alteração pontual da lei 6/2006, de 02 de Agosto).

Lei n. º 9/2003 de 22 de Outubro (lei orgânica do Conselho


Constitucional revogada)

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 81
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 82

TEMA – VI: COMPETÊNCIA, ORGANIZAÇÃO E


FUNCIONAMENTO DO CONSELHO CONSTITUCIONAL
UNIDADE Temática 6.1. Competência, organização e funcionamento
do Conselho Constitucional
UNIDADE Temática 6.2. EXERCÍCIOS do tema

UNIDADE Temática 6.1. Competência, Organização e


Funcionamento do Conselho Constitucional

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos gerais sobre a competência, organização e
funcionamento do Conselho Constitucional.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as competências do Conselho Constitucional;


 Conhecer a organização do Conselho Constitucional;
 Conhecer o funcionamento do Conselho Constitucional.
Objectivos

Imagens do edifício do Conselho Constitucional

Fonte: http://www.cconstitucional.org.mz/, disponível em 28 de Agosto de


2017

I - Competências
Compete ao Conselho Constitucional:
a) Apreciar e declarar a inconstitucionalidade das leis e a
legalidade dos actos normativos do Estado;

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 82
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 83

b) Dirimir os conflitos de competências entre os órgãos de


soberania;
c) Verificar previamente a constitucionalidade dos
referendos.

Compete ainda ao Conselho Constitucional:


a) Verificar os requisitos legais exigidos para as candidaturas a
Presidente da República;
b) Declarar a incapacidade permanente do Presidente da
República;
c) Verificar a morte e a perda de mandato do Presidente da
República;
d) Apreciar em última instância, os recursos e as reclamações
eleitorais, validar e proclamar os resultados eleitorais nos
termos da lei;
e) Decidir, em última instância, a legalidade da constituição dos
partidos políticos e suas coligações, bem como apreciar a
legalidade das suas denominações, siglas, símbolos e ordenar a
respectiva extinção nos termos da Constituição e da lei;
f) Julgar as acções de impugnação de eleições e de
deliberações dos órgãos dos partidos políticos;
g) Julgar as acções que tenham por objecto o contencioso
relativo ao mandato dos deputados;
h) Julgar as acções que tenham por objecto as
incompatibilidades previstas na Constituição e na lei.

Compete também ao Conselho Constitucional receber e fiscalizar, nos


termos da lei, as declarações sobre incompatibilidades, património e
rendimentos dos dirigentes superiores do Estado e titulares de cargos
governativos

II - Composição e organização

1. Designação e estatuto dos Juízes


O Conselho Constitucional é composto por sete Juízes Conselheiros,
designados nos seguintes termos:
a) Um Juiz Conselheiro nomeado pelo Presidente da República
e ratificado pela Assembleia da República que é o Presidente
do Conselho Constitucional;
b) Cinco Juízes Conselheiros designados pela Assembleia da
República segundo o critério da representação proporcional;
c) Um Juiz Conselheiro designado pelo Conselho Superior de
Magistratura Judicial.

Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional, à data da sua


designação, devem ter idade igual ou superior a trinta e cinco anos, ter
pelo menos dez anos de experiência profissional na magistratura ou

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 83
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 84

em qualquer actividade forense ou de docência em Direito.

Imagens de Rui Baltazar Alves (1º Pressidente do CC), Luís António


Mondlane e Hermenegildo Gamito (actual Presidente do CC)

Fonte: http://www.cconstitucional.org.mz/O-Conselho/Juizes; disponível em


28 de Agosto de 2017

2. Mandato
Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional são designados
para um mandato de cinco anos, renovável e gozam de garantia de
independência, inamovibilidade, imparcialidade e irresponsabilidade
(artigo 8/1).

Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional mantêm-se em


funções até à tomada de posse dos novos Juízes Conselheiros que lhes
vão suceder, posse essa que não pode ocorrer antes do termo dos
mandatos cessantes.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 84
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 85

3. Posse e juramento

Imagem de tomada de posse de alguns juizes conselheiros do CC

Fonte: http://www.presidencia.gov.mz/index.php/noticias/837-presidente-
guebuza-confere-posse-dos-juizes-conselheiros-do-conselho-constitucional-
e-do-tribunal-administrativo, disponível em 28 de Agosto de 2017.

Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional tomam posse


perante o Presidente da República. No acto de posse os Juízes
Conselheiros do Conselho Constitucional prestam o seguinte
juramento:
Juro por minha honra cumprir a Constituição da República e demais
leis, desempenhar lealmente as funções que me são confiadas.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 85
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 86

4. Cessação de funções
As funções dos Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional cessam
antes do termo do mandato quando se verifique qualquer das
situações seguintes:
a) Morte ou incapacidade permanente;
b) Renúncia;
c) Aceitação de lugar ou prática de acto legalmente
incompatível com o exercício das suas funções;
d) Demissão ou aposentação compulsiva, em consequência de
processo disciplinar ou criminal.

A renúncia do Presidente do Conselho Constitucional é apresentada,


por escrito, ao Presidente da República e não depende de aceitação. A
Referida cessação é objecto de declaração que o Presidente do
Conselho Constitucional faz publicar no Boletim da República.

A renúncia dos demais Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional


é declarada, por escrito, ao Presidente do Conselho Constitucional,
não dependendo de aceitação.

Imagem de Luís A. Mondlane, segundo Presidente do Conselho


Constitucional desempenhou funções de 2009-2011. Cessou por
renúncia

http://opais.sapo.mz/index.php/politica/63-politica/12954-luis-
mondlane-decidiu-sair-pelo-seu-proprio-pe.html, disponível em 28 de
agosto de 2017

5. Irresponsabilidade
Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional não são
responsabilizados pelas suas decisões, excepto nos casos
especialmente previstos na lei (artigo 12).

6. Regime disciplinar
Compete exclusivamente ao Conselho Constitucional o exercício do
poder disciplinar sobre os Juízes Conselheiros, ainda que a acção
disciplinar respeite a actos praticados no exercício de outras funções,

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 86
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 87

pertencendo-lhe, designadamente, o poder de instaurar o processo


disciplinar, nomear o respectivo instrutor de entre os seus membros,
deliberar sobre a eventual suspensão preventiva e julgar
definitivamente.

7. Responsabilidade civil e criminal


São aplicáveis aos Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional, com
as necessárias adaptações, as normas que regulam a efectivação da
responsabilidade civil e criminal dos Juízes Conselheiros do Tribunal
Supremo, bem como as normas relativas à respectiva prisão
preventiva.

8. Prisão preventiva
Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional não podem ser
presos ou detidos sem culpa formada, salvo em flagrante delito e se
ao crime couber pena de prisão maior. Em caso de prisão, o Juiz
Conselheiro deverá ser imediatamente apresentado ao juiz
competente (art. 21)

9. Intimação para comparência


Os Juízes Conselheiros não podem ser intimados para comparecer ou
prestar declarações perante qualquer autoridade, sem prévio
consentimento co Conselho Constitucional. O pedido da entidade
solicitante deverá ser dirigido por escrito e devidamente
fundamentado.

III – Incompatibilidades, impedimentos e suspeições

1. Incompatibilidades
Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional, em exercício, não
podem desempenhar quaisquer outras funções públicas ou privadas,
excepto a actividade de docente e a de investigação jurídica, de
criação, divulgação e publicação científica, literária, artística e técnica,
mediante prévia autorização do respectivo órgão.

É vedado aos Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional o


exercício de cargos políticos e de militância activa em partidos
políticos e associações políticas, bem como a proferição pública de
declarações de carácter político. Durante o período de desempenho
do cargo, fica suspenso o estatuto decorrente da filiação em partidos
ou associações políticas.

Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional não podem exercer


advocacia, a não ser em causa própria, do seu cônjuge, ascendente ou
descendente.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 87
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 88

2. Impedimentos e suspeições
1. É aplicável aos Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional o
regime de impedimentos e suspeições em processo penal. A Filiação
em partido ou associação política não constitui fundamento de
suspeição. A verificação do impedimento e a apreciação da suspeição
competem ao Conselho Constitucional.

IV – Funcionamento

Imagem do Conselho Constitucional

http://jornaldomingo.co.mz/index.php/politica/2788-conselho-
constitucional-valida-resultados-eleitorais, disponível em 28 de agosto de
2017

1. Funcionamento e periodicidade das sessões


O Conselho Constitucional funciona em sessões plenárias. O Plenário
reúne-se, ordinariamente, sempre que o seu Presidente o convocar,
por iniciativa própria ou a requerimento de, pelo menos, um terço dos
Juízes Conselheiros em efectividade de funções.

2. Quorum
O Conselho Constitucional só pode reunir-se estando presente, pelo
menos dois terços dos seus membros em actividades de funções,
incluindo o Presidente ou o seu substituto.

3. Forma de actos
As decisões do Conselho Constitucional assumem a forma de Acórdãos
ou de Deliberações.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 88
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 89

Assumem obrigatoriamente a forma de Acórdãos todas as decisões do


Conselho Constitucional proferidas no exercício das competências
referidas nos números 1 e 2 do artigo 6, bem como o julgamento dos
recursos mencionados no artigo 247 da Constituição. As demais
decisões do Conselho Constitucional revestem a forma de Deliberação.

Os Acórdãos e Deliberações do Conselho Constitucional são tomados


por consenso. Na falta de consenso, os Acórdãos e Deliberações são
tomados pela pluralidade de votos dos Juízes Conselheiros presentes.
Cada Juiz Conselheiro dispõe de um voto, e o Presidente dispõe de
voto de qualidade. Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional
têm o direito de lavrar voto vencido (artigo 33).

3.1. Irrecorribilidade e obrigatoriedade dos acórdãos

Segundo o artigo 248 da CRM os acórdãos do Conselho Constitucional


são de cumprimento obrigatório para todos os cidadãos, instituições e
demais pessoas jurídicas, não são passíveis de recurso e prevalecem
sobre outras decisões.

Em caso de incumprimento dos acórdãos referidos no presente artigo,


o infractor incorre no cometimento de crime de desobediência, se
crime mais grave não couber.

Os acórdãos do Conselho Constitucional são publicados no Boletim da


República.

4. Representação do Estado pelo Ministério Público


Quando a lei determinar que o Estado ou outras entidades devam ser

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 89
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 90

representados pelo Ministério Público junto do Conselho


Constitucional, tal representação cabe ao Procurador-Geral da
República, o qual pode ser substituído pelo Vice-Procurador Geral da
República nas suas ausências e impedimentos (artigo 34).

Imagem Procurador-Geral da República, Beatriz Buchilli

Fonte: http://www.folhademaputo.co.mz/pt/noticias/nacional/buchilli-
apela-a-uniao-de-esforcos-no-combate-ao-crime-organizado/, disponível em
23 de Agosto de 2017

Sumário
Nesta unidade temática aprendemos que:

 Compete ao Conselho Constitucional apreciar e declarar a


inconstitucionalidade das leis e a legalidade dos actos
normativos do Estado;

 Compete ainda ao Conselho Constitucional Verificar


previamente a constitucionalidade dos referendos.

 O Conselho Constitucional é composto por sete Juízes


Conselheiros, designados nos termos da lei e da Constituição.

 Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional, à data da


sua designação, devem ter idade igual ou superior a trinta e
cinco anos, ter pelo menos dez anos de experiência profissional
na magistratura ou em qualquer actividade forense ou de
docência em Direito.

 Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional, em


exercício, não podem desempenhar quaisquer outras funções
públicas ou privadas, excepto a
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 90
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 91

actividade de docente e a de investigação jurídica, de criação,


divulgação e publicação científica, literária, artística e técnica,
mediante prévia autorização do respectivo órgão.

 As decisões do Conselho Constitucional assumem a forma de


Acórdãos ou de Deliberações.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. Compete ao Conselho Constitucional apreciar e declarar a
inconstitucionalidade das leis e a legalidade dos actos
normativos do Estado.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

2. O Conselho Constitucional é composto por:


a) Três Juízes Conselheiros
b) Cinco Juízes Conselheiros
c) Sete Juízes Conselheiros
d) Dez Juízes Conselheiros
Resposta: c) Sete Juízes Conselheiros

3. Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional, à data da


sua designação, devem ter idade igual ou superior a trinta e
cinco anos, ter pelo menos dez anos de experiência profissional
na magistratura ou em qualquer actividade forense ou de
docência em Direito.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

4. A renúncia do Presidente do Conselho Constitucional é


apresentada, por escrito, ao Presidente da República e:
a) Depende da aceitação
b) Não depende de aceitação
c) Depende dos casos
d) Todos estão certos.
Resposta: a) Não depende de aceitação

5. A renúncia dos demais Juízes Conselheiros do Conselho


Constitucional é declarada, por escrito, ao:
a) Presidente da República
b) Presidente do Conselho Constitucional,
c) Presidente da Assembleia da República
d) Ninguém
Resposta: b) Presidente do Conselho Constitucional

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 91
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 92

Exercícios
1. Compete ao Conselho Constitucional verificar previamente a
constitucionalidade dos referendos.
 Certo
 Errado

2. De entres os 7 juízes conselheiros, a Assembleia da República


designa.
a) Dois
b) Três
c) Cinco
d) Sete

3. Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional não podem


ser presos ou detidos sem culpa formada, salvo em flagrante
delito e se ao crime couber pena de prisão maior.
 Certo
 Errado

4. Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional não podem


exercer advocacia, a não ser em causa:
a) Própria,
b) Do seu cônjuge,
c) Do seu ascendente ou descendente
d) Todas acima

5. O Conselho Constitucional funciona em sessões plenárias.


 Certo
 Errado

Soluções: 1. Certo; 2. c) Cinco; 3. Certo; 4. d) Todas acima; 5.Certo

UNIDADE Temática 5.2 Exercícios do Tema VI

1. De entres os 7 juízes conselheiros, o Conselho superior de


Magistratura Judicial designa.
a) Um
b) Três
c) Cinco
d) Sete

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 92
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 93

2. Os Juízes Conselheiros não podem ser intimados para


comparecer ou prestar declarações perante qualquer
autoridade, sem prévio consentimento co Conselho
Constitucional.
 Certo
 Errado

3. Em regra os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional,


em exercício, não podem desempenhar quaisquer outras
funções:
a) Públicas
b) Privadas
c) Públicas ou privadas
d) A lei nada diz

4. O Juiz Conselheiro pode exercer a actividade de docente e a de


investigação jurídica, de criação, divulgação e publicação
científica, literária, artística e técnica:
a) Mediante prévia autorização do CC.
b) Sem autorização do CC
c) Depende dos casos
d) Dependo do juiz

5. O Plenário reúne-se, ordinariamente, sempre que o seu


Presidente o convocar, por:
a) Iniciativa própria
b) a requerimento de, pelo menos, um terço dos Juízes
Conselheiros em efectividade de funções.
c) Iniciativa própria ou a requerimento de, pelo menos,
um terço dos Juízes Conselheiros em efectividade de
funções.
d) Nenhuma

6. O Conselho Constitucional só pode reunir-se estando presente,


pelo menos:
a) Um quarto dos seus membros em actividades de
funções, incluindo o Presidente ou o seu substituto.
b) Um quinto dos seus membros em actividades de
funções, incluindo o Presidente ou o seu substituto.
c) Um terços dos seus membros em actividades de
funções, incluindo o Presidente ou o seu substituto.
d) Dois terços dos seus membros em actividades de
funções, incluindo o Presidente ou o seu substituto.

7. As decisões do Conselho Constitucional assumem a forma de:


a) Acórdãos
b) Deliberações
c) Acórdãos ou de Deliberações.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 93
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 94

d) Nenhum

8. Os Acórdãos e Deliberações do Conselho Constitucional são


tomados por consenso. Na falta de consenso, os Acórdãos e
Deliberações são tomados pela pluralidade de votos dos Juízes
Conselheiros presentes.
 Certo
 Errado

9. Cada Juiz Conselheiro dispõe de um voto, e o Presidente não


dispõe de voto de qualidade.
 Certo
 Errado

10. Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional têm o


direito de lavrar voto vencido
 Certo
 Errado

Soluções: 1. a) Um; 2. Certo; 3. c) Públicas ou privadas; 4. a)


Mediante autorização do CC; 5. c) niciativa própria ou a requerimento
de, pelo menos, um terço dos Juízes Conselheiros em efectividade de
funções; 6. d) dois terços dos seus membros em actividades de
funções, incluindo o Presidente ou o seu substituto; 7. c) Acórdãos ou
Deliberações; 8. Certo; 9. Errado; 10. Certo.

Bibliografia do Tema

Canotilho, J. J. G. (2002) Direito Constitucional e Teoria da


Constituição. (6ª ed). Coimbra: Almedina;

Miranda, J. (2000). Manual de Justiça Constitucional, Tomo II, a


Constituição. (4ªed). Coimbra: Coimbra;

Constituição da República (CRM) de 2004;

Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do Conselho


Constitucional);

Lei n.º 5/2008 de 09 de Julho (lei orgânica do Conselho Constitucional


que faz uma alteração pontual da lei 6/2006, de 02 de Agosto);

http://www.cconstitucional.org.mz, disponível em 01 de Julho de 2017

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 94
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 95

TEMA – VII: OS EFEITOS DA DECISÃO DA


INCONSTITUCIONALIDADE
UNIDADE Temática 7.1. Os efeitos da decisão da inconstitucionalidade
UNIDADE Temática 7.2. EXERCÍCIOS do tema

UNIDADE Temática 7.1. Os efeitos da decisão da


inconstitucionalidade

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos gerais sobre os efeitos da decisão de
inconstitucionalidade

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer os principais tipos de decisões de fiscalização da


Objectivos inconstitucionalidade;
 Conhecer os efeitos da decisão de inconstitucionalidade na
fiscalização preventiva;
 Conhecer os efeitos da decisão de inconstitucionalidade na
fiscalização sucessiva;
 Conhecer os efeitos da decisão de inconstitucionalidade na
fiscalização concreta;
 Conhecer os efeitos da decisão de inconstitucionalidade na
fiscalização por omissão no direito comparado.

I - Os principais tipos de decisões de fiscalização de


inconstitucionalidade
Os processos de fiscalização terminam ou com decisões positivas, de
acolhimento ou de provimento, ou com decisões negativas, de
rejeição ou de não provimento. Naqueles, o Conselho Constitucional
conclui pela existência de inconstitucionalidade, acolhe
favoravelmente o pedido, dá-lhe provimento; nestas, o CC não conclui
pela existência de inconstitucionalidade, rejeita o pedido, não lhe dá
provimento.

Às quatro modalidades de fiscalização e aos respectivos processos


correspondem também tipos
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 95
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 96

fundamentais diferenciados de decisões positivas:

a) Julgamento de uma norma como inconstitucional, na


fiscalização concreta (art. 247 da CRM);
b) Pronúncia pela inconstitucionalidade, na fiscalização
preventiva (art. 246/5 da Constituição);
c) Declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória
geral (art. 245/1 da CRM);
d) Verificação da existência de inconstitucionalidade por omissão
(Não está prevista no ordenamento jurídico moçambicano).

Decisões intermédias podem ser consideradas:

a) Na fiscalização concreta, a interpretação conforme à


Constituição, visto que, no caso de o juízo de
constitucionalidade ou de legalidade sobre a norma se fundar
em determinada interpretação, a norma deverá ser aplicada
com tal interpretação no processo em causa (art. 80, nº 3 da lei
orgânica, citado);
b) Na fiscalização abstracta, a declaração de inconstitucionalidade
com restrição de efeitos (arts. 282, nº 4, da Constituição).

II - Efeitos da decisão da inconstitucionalidade


As quatro modalidades de fiscalização e aos respectivos processos
correspondem também tipos fundamentais diferenciados de efeitos.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 96
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 97

1. Efeitos da decisão de inconstitucionalidade na fiscalização


preventiva
Se o Conselho Constitucional se pronunciar pela inconstitucionalidade,
o Presidente da República veta e devolve o diploma à Assembleia da
República.

Imagens do Presidente da República e da Assembleia da República

Fontes: http://www.presidencia.gov.mz/index.php/noticias/934-presidente-
filipe-nyusi-na-tomada-de-posse-como-chefe-de-estado e
http://noticias.sapo.mz/info/artigo/1427054.html, disponíveis em 24 de
Agosto de 2017

2. Efeitos da decisão de inconstitucionalidade na fiscalização


sucessiva

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 97
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 98

2.1. A declaração de inconstitucionalidade com força


obrigatória geral

A força obrigatória geral traduz-se em vinculatividade para todas as


entidades públicas e privadas. A declaração vincula:

a) O legislador e os demais órgãos normativos, os quais não


podem:
 Retornar ou voltar a publicar a norma
inconstitucional;
 Tratando-se apenas de inconstitucionalidade
orgânica e formal, retoma-la sem afastar os vícios
que a inquinem;
 Convalidar, por via legislativa, actos administrativos
praticados à sombra de lei declarada
inconstitucional;
b) Os órgãos governamentais, os quais não a podem mais adoptar
como critério de referência;
c) Os órgãos administrativos, os tribunais em geral e o próprio
Conselho Constitucional, os quais não podem mais aplicar a
norma declarada inconstitucional;
d) Os particulares, os quais não a podem mais invocar nos seus
actos jurídico-privados ou em tribunal.

São regras comuns:

a) A retroactividade da decisão e, portanto, o seu carácter


declarativo de nulidade da norma inconstitucional ou ilegal;

b) Como limite à retroactividade, a ressalva, em princípio, dos


casos julgados;

c) Como limite, por seu turno, à ressalva dos casos julgados, a


decisão em contrário do Conselho Constitucional quando a
norma respeitar a matéria penal, disciplinar ou de ilícito de
mera ordenação social e for de contrário menos favorável ao
arguido;

d) A possibilidade, em certas circunstâncias, de fixação dos efeitos


da inconstitucionalidade ou da ilegalidade pelo Conselho
Constitucional com alcance mais restrito do que o alcance
previsto em geral pela Constituição.

São regras específicas da declaração de inconstitucionalidade ou


ilegalidade originária:

a) A produção de efeitos da declaração desde a entrada em vigor


da norma declarada inconstitucional ou ilegal;

b) A repristinação da norma que a norma declarada

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 98
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 99

inconstitucional ou ilegal haja eventualmente revogado.

São regras específicas da declaração de inconstitucionalidade ou


ilegalidade superveniente:

a) A produção de efeitos da declaração desde a entrada em vigor


da nova norma constitucional ou legal;

b) A ausência de repristinação.

2.1.1. Retroactividade da declaração e repristinação

A declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade produz efeitos


retroactivamente, ex tunc, e não apenas efeitos a contar da data da
própria declaração ou ex nunc.

Assim sucede por dois motivos essenciais: por a Constituição (ou a lei)
como fundamento de validade, como base da força intrínseca da
norma em causa, dever prevalecer incondicionalmente desde o
momento em que esta é emitida ou em que ocorre a contradição ou
desconformidade, e não apenas desde o instante o instante em que a
contradição é reconhecida; por a mera eficácia futura da declaração
poder acarretar diferenças de tratamento das pessoas e dos casos sob
o império do mesmo princípio ou preceito constitucional, uns sujeitos
ao seu comando e outros (os considerados antes da declaração de
inconstitucionalidade ou de ilegalidade) subordinados, ao cabo e ao
resto, ao sentido da norma inconstitucional ou ilegal, ao sentido de
uma norma juridicamente inválida.

Pela própria natureza das coisas, a declaração de inconstitucionalidade


(ou de ilegalidade) produz efeitos em momentos diversos consoante
se trate de inconstitucionalidade originária ou de
inconstitucionalidade superveniente e apenas implica repristinação no
primeiro e não no segundo caso.

Se existe, antes, a norma constitucional e, a seguir, surge uma norma


que lhe é desconforme, esta não pode ter a virtualidade de realizar a
função a que se pretende destinada; inválida desde a origem, vem a
ser declarada invalida (inconstitucional) também desde a origem; e,
porque nenhuma capacidade de modificação da ordem jurídica possui,
tão-pouco poderia ter validamente revogado uma norma precedente
sobre a mesma matéria, pelo que a declaração da sua
inconstitucionalidade importa ainda o renascimento ou restauração
dessa norma.

Se, pelo contrário, existe, primeiro, a norma de direito originário e, de


seguida, emerge uma nova norma constitucional que dispõe em
sentido discrepante, há que distinguir duas fases: até à entrada em
vigor desta nova norma – fase em que
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 99
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 100

a norma de direito ordinário era, por hipótese, válida e eficaz; e


depois, quando a norma de direito ordinário fica desprovida de
fundamento de validade, inválida. Por conseguinte, a declaração de
inconstitucionalidade vem reportar-se a este momento e, porque não
atinge o momento de criação da norma, não pode afectar o efeito
revogatório que tenha determinado; donde, não haver repristinação.

2.1.2. Ressalva dos casos julgados

Porque inerente à função jurisdicional a definição do direito, uma vez


transitada em julgado a decisão de um tribunal que, acaso, tenha
aplicado certa norma jurídica não pode ela ser postergada por
posterior declaração de inconstitucionalidade dessa norma pelo
Conselho Constitucional.

O fundamento da regra não se encontra, porém, ou não se encontra


só num princípio de separação de poderes. Decorre também de um
princípio material – a exigência de segurança jurídica. A estabilidade
do direito tornado certo pela sentença insusceptível de recurso
ordinário é, igualmente, a dos direitos e interesses que declara.

2.1.3. A ressalva dos casos julgados e o tratamento mais


favorável em Direito Penal

A par do princípio a legalidade, o Direito Penal acolhe o princípio do


tratamento legislativo temporalmente mais favorável: são ambos
manifestações da mesma ideia de segurança (ou de segurança e
justiça) e de salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias
individuais frente ao poder punitivo do Estado.

Não é ressalvado o caso julgado quando a norma declarada


inconstitucional ou ilegal respeitar a matéria penal – ou a matéria
disciplinar ou de ilícito de mera ordenação social – e for de conteúdo
menos favorável ao arguido, ou seja, quando da sua declaração de
inconstitucionalidade ou de ilegalidade resultar uma redução da pena
ou de sanção ou uma exclusão, isenção ou limitação da
responsabilidade.

Não obstante a regra não funciona automaticamente. Tem de haver


uma decisão do Conselho Constitucional, embora não se trate de uma
faculdade, mas sim de uma obrigação: tem de haver uma revogação
expressa dos casos julgados constantes da declaração de
inconstitucionalidade.

2.1.4. A fixação dos efeitos pelo Conselho Constitucional

A fixação dos efeitos da inconstitucional destina-se a adequa-las às

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 100


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 101

situações da vida, a ponderar o seu alcance e a mitigar uma excessiva


rigidez que pudesse comportar; destina-se a evitar que, para fugir a
consequências demasiado gravosas da declaração, o Conselho
Constitucional viesse a não decidir pela ocorrência de
inconstitucionalidade; é uma válvula de segurança da própria
finalidade e da efectividade do sistema de fiscalização.

3. Efeitos da decisão de inconstitucionalidade na Fiscalização


concreta
A decisão do recurso faz caso julgado no processo quanto a questão
da inconstitucionalidade suscitada (artigo 73, alínea c).

Se o Conselho Constitucional der provimento ao recurso, ainda que só


parcialmente, os autos baixam ao tribunal de onde provieram, para
reformar a decisão em conformidade com o julgamento sobre a
questão da inconstitucionalidade.

No caso de o juízo de constitucionalidade sobre a norma a que a


decisão recorrida tiver recusado aplicação se fundar em determinada
interpretação da mesma norma, esta deve ser aplicada com tal
interpretação no processo em causa;

4. Efeitos da decisão de inconstitucionalidade na fiscalização por


omissão
A modalidade de fiscalização por omissão não está prevista no
ordenamento jurídico moçambicano.

No Direito comparado, designadamente o ordenamento jurídico


português esta modalidade está prevista nos termos seguintes:

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 101


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 102

Ao descobrir a inexistência de medidas legislativas indispensáveis para


exequibilidade de uma norma constitucional, o Tribunal Constitucional
deve limitar-se a atestar o descumprimento da Constituição em razão
da omissão quanto a tais medidas, sem tomar nenhuma providência
suplementar, mesmo em se tratando de omissão relativa à tutela de
direitos fundamentais.

Os efeitos de tal reconhecimento se limitarem no dever do tribunal de


notificar o órgão legiferante competente a respeito da omissão para
que este possa suprir da lacuna. Isto se aplicará quando a competência
para sanar displicência normativa atacada seja da Assembleia da
República ou das Assembleias Legislativas das regiões autônomas.
Desta forma, a decisão que constata a existência de um caso de
inconstitucionalidade por omissão não possui eficácia jurídica concreta
e é incapaz de gerar por si mesma qualquer tipo de alteração na
ordem jurídica.

Tal limitação, que se fundamenta no princípio da separação de


poderes entre os órgãos de soberania, nos leva a conclusão de que a
competência desempenhada pelo Tribunal Constitucional na matéria
em questão tem natureza, quanto a sua possibilidade de alcance,
puramente declarativa. Não obstante a falta de carácter vinculativo
dos pronunciamentos do Tribunal Constitucional nessa matéria, eles
constituem relevantes apelos à iniciativa do órgão competente para
conferir exequibilidade à Constituição.

Sumário
Nesta unidade temática aprendemos que:

 Os processos de fiscalização terminam ou com decisões


positivas, de acolhimento ou de provimento, ou com decisões
negativas, de rejeição ou de não provimento. Naqueles, o
Conselho Constitucional conclui pela existência de
inconstitucionalidade, acolhe favoravelmente o pedido, dá-lhe
provimento; nestas, o Tribunal não conclui pela existência de
inconstitucionalidade, rejeita o pedido, não lhe dá provimento.

 Se o Conselho Constitucional se pronunciar pela


inconstitucionalidade, o Presidente da República veta e
devolve o diploma à Assembleia da República.

 A força obrigatória geral traduz-se em vinculatividade para


todas as entidades públicas e privadas.

 A decisão do recurso faz caso julgado no processo quanto a

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 102


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 103

questão da inconstitucionalidade suscitada

Exercícios de Auto-Avaliação
1. Nas decisões em que o CC acolhe favoravelmente o pedido, diz
que houve:
a) Designação
b) Rejeição
c) Provimento
d) Nomeação
Resposta: c) Provimento

2. O legislador e os demais órgãos normativos podem retornar ou


voltar a publicar a norma inconstitucional.
 Certo
 Errado
Resposta: Errado

3. A força obrigatória geral traduz-se em vinculatividade para


todas as entidades:
a) Públicas
b) Privadas
c) Todas acima
d) Nenhuma
Resposta: c) Todas Acima

4. Implica a repristinação da norma a declaração de


inconstitucionalidade (ou de ilegalidade)
a) Originária
b) Superveniente
c) Ambas
d) Nenhuma
Resposta: a) Originária

5. No caso de o juízo de constitucionalidade sobre a norma a que


a decisão recorrida tiver recusado aplicação se fundar em
determinada interpretação da mesma norma, esta deve ser
aplicada com tal interpretação no processo em causa.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 103


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 104

Exercícios
1. A decisão pela inconstitucionalidade, na fiscalização
preventiva, designa-se por:
a) Pronúncia,
b) Julgamento
c) Verificação
d) Existência

2. O legislador não convalidar, por via legislativa, actos


administrativos praticados à sombra de lei declarada
inconstitucional.
 Certo
 Errado

3. Em princípio à retroactividade tem como limite os casos


julgados
 certo
 Errado

4. Em nenhum caso pode o Conselho Constitucional, fixar os


efeitos da inconstitucionalidade ou da ilegalidade com alcance
mais restritivo.
 Certo
 Errado

5. Se o Conselho Constitucional se pronunciar pela


inconstitucionalidade, devolve o diploma a:
a) Assembleia da República
b) Presidente da Republica
c) Procuradoria da Republica
d) Governo

Soluções: 1. a) Pronúncia; 2. Certo; 3. Certo; 4. Errado; 5. Presidente


da República.

UNIDADE Temática 7.2 Exercícios do Tema VII

1. Quando o CC não conclui pela existência de


inconstitucionalidade, diz-se que deu provimento.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 104


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 105

2. A decisão pela inconstitucionalidade, na fiscalização concreta,


designa-se por:
a) Pronúncia,
b) Julgamento
c) Verificação
d) Existência

3. A declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade om


força obrigatória geral produz efeitos:
a) Ex tunc
b) Ex nunc
c) Todos
d) Nenhuns

4. A declaração de inconstitucionalidade (ou de ilegalidade)


produz efeitos em momentos diversos consoante se trate de
inconstitucionalidade originária ou de inconstitucionalidade
superveniente.

 Certo

 Errado

5. A fixação dos efeitos da inconstitucional é uma válvula de


segurança da própria finalidade e da efectividade do sistema
de fiscalização.

 Certo

 Errado

6. Se o Conselho Constitucional der provimento ao recurso, ainda


que só parcialmente, os autos baixam ao tribunal de onde
provieram, para reformar a decisão em conformidade com o
julgamento sobre a questão da inconstitucionalidade

 Certo

 Errado

7. Na fiscalização concreta a decisão do recurso faz caso julgado


no processo quanto a questão da inconstitucionalidade
suscitada.

 Certo

 Errado

8. A declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade com


força obrigatória geral produz efeitos desde a entrada em vigor
da norma declarada
JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 105
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 106

inconstitucional ou ilegal e determina em regra a repristinação


das normas revogadas.

 Certo

 Errado

9. A ressalva da retroactividade dos casos julgados decorre do


princípio material da exigência de segurança jurídica:

 Certo

 Errado

10. Se o Conselho Constitucional se pronunciar pela


inconstitucionalidade, o Presidente da República:
a) Veta
b) Vota
c) Corrigi
d) Promulga

Soluções: 1. Errado; 2. b)Julgamento; 3. a) Ex tunc; Certo; 4. Certo;


5.Certo; 6. Certo; 7. Certo; 8.Certo; 9. Certo; 10. a) Veta

Bibliografia do Tema
Canotilho, J. J. G. (2002) Direito Constitucional e Teoria da
Constituição. (6ª ed). Coimbra: Almedina;

Miranda, J. (2000). Manual de Justiça Constitucional, Tomo II, a


Constituição. (4ªed). Coimbra: Coimbra;

Constituição da República (CRM) de 2004;

Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do Conselho


Constitucional);

Lei n.º 5/2008 de 09 de Julho (lei orgânica do Conselho Constitucional


que faz uma alteração pontual da lei 6/2006, de 02 de Agosto).

http://www.cconstitucional.org.mz, disponível em 01 de Julho de 2017

http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=187
25&revista_caderno=9, disponível em 29 de Agosto de 2017

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 106


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 107

EXERCÍCIOS FINAIS DO MÓDULO


1. A rigidez constitucional existe em face da supremacia
axiológica das normas constitucionais em relação as demais
normas jurídicas.
 Certo
 Errado

2. As leis de revisão constitucional têm de respeitar:


a) O sufrágio universal, directo, secreto, pessoal,
igual e periódico na designação dos titulares
electivos dos órgãos de soberania das províncias
e do poder local;
b) A separação e interdependência dos órgãos de
soberania;
c) A fiscalização da constitucionalidade;
d) Todos acima

3. Sobre os fins da rigidez constitucional preencha os espaços


vazios do diagrama abaixo:

4. Sobre os órgão de soberania preencha o diagrama abaixo.

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 107


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 108

5. Em Moçambique os cidadãos tem legitimidade para solicitar a


fiscalização concreta de normas.
 Certo
 Errado

6. Todos os actos que violam a constituição são objectos da


fiscalização da inconstitucionalidade pelo Conselho
Constitucional.
 Certo
 Errado

7. Sobre as 3 principais concretizações da supremacia da


constituição preencha o diagrama abaixo:

8. Uma norma em desconformidade material, formal ou


procedimental com a Constituição é nula, devendo o juíz, antes
de decidir qualquer caso concreto de acordo com esta norma,
examinar se ela viola as normas e princípios da Constituição.
 Certo

 Errado

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 108


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 109

9. Sobre os vícios geradores de inconstitucionalidade preencha os


espaços vazios do diagrama abaixo:

10. O artigo 143 (actos normativos) não é de definição e limitação


dos actos normativos, mas sim de mera enunciação (não
taxativa) de actos normativos.
 Certo

 Errado

11. Faça corresponder acto normativo ao seu respectivo órgão:

12. O Conselho Constitucional só pode declarar a


inconstitucionalidade ou a ilegalidade de normas cuja
apreciação tenha sido requerida, mas pode fazê-lo com
fundamento em violação de

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 109


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 110

normas ou princípios constitucionais diversos daqueles cuja


violação foi invocada.
 Certo

 Errado

13. Em Moçambique não está prevista a fiscalização de referendos.


 Certo
 Errado

14. Os juízes do CC gozam de garantia de independência,


inamovibilidade, imparcialidade e irresponsabilidade
 Certo
 Errado

15. Durante o período de desempenho do cargo de juíz do CC, fica


suspenso o estatuto decorrente da filiação em partidos
políticos.
 Certo
 Errado

16. Em Moçambique está consagrada a fiscalização por omissão.


 Certo
 Errado

17. O CC pode sem que haja pedido das entidades com


competência apreciar a inconstitucionalidade duma norma.
 Certo
 Errado

18. O CC foi uma inovação consagrada na CRM de 2004


 Certo
 Errado

19. O conselho Constitucional detém o poder de apreciar, em


última instância, as decisões, em matéria de
inconstitucionalidade, de:

a) Tribunal Supremo

b) Tribunal Administrativo

c) Quaisquer tribunais, incluindo os acima citados

d) Nenhum

20. De entres os 7 juízes conselheiros do CC, o Tribunal Supremo


designa.
a) Nenhum

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 110


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 111

b) Um
c) Cinco
d) Sete

21. A força obrigatória geral traduz-se em vinculatividade para


todas as entidades públicas e privadas.
 Certo
 Errado

Soluções de Exercícios Finais do Módulo


1. Certo

2. d) Todas acima

3. .

4. .

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 111


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 112

5. Errado

6. Errado

7. .

8. Certo

9. .

10. Certo

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 112


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 113

11. .

12. Certo

13. Errado

14. Certo

15. Certo

16. Errado

17. Errado

18. Errado

19. c) Quaisquer tribunais, incluindo os acima citados

20. a) Nenhum

21. Certo

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 113


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 114

BIBLIOGRAFIA

Manuais

Bastos, F. L. (1999). Ciência Política - Guia de Estudo. Lisboa:


Associação Académica de Lisboa;

Caetano, M. (1992), Manual de Ciência Política e Justiça


Constitucional, Tomo I. (6ª ed, reimpressão). Coimbra: Almedina

Canotilho, J. J. G. (2002) Direito Constitucional e Teoria da


Constituição. (6ª ed). Coimbra: Almedina;

Canotilho, J. J. G. e VITAL, M. (1991). Fundamentos da Constituição.


Coimbra: Coimbra;

De Morais; C. B. (2002). Justiça Constitucional, Tomo I – Garantia da


Constituição e Controlo da Constitucionalidade. Coimbra: Coimbra;

Filho, M. G. F. (2002), Curso de Justiça Constitucional, (28ª ed,


actualizada). São Paulo: Saraiva;

Gouveia, J. B. (2011). Manual de Direito Constitucional, volume II. (4ª


Ed. revista e actualizada); Lisboa: Almedina;

Miranda, J. (2000). Manual de Justiça Constitucional, Tomo II, a


Constituição. (4ªed). Coimbra: Coimbra;

Miranda, J. (1991). Manual do Direito Constitucional, Tomo II,


Constituição e Inconstitucionalidade. (3ª ed. totalmente revista e
actualizada). Coimbra: Coimbra.

Outras publicações

CONSELHO CONSTITUCIONAL. (2007) Deliberações e Acórdãos do


Conselho Constitucional, Volume I: 2003 a 2006. Maputo: edição CFJJ –
Ministério da Justiça e Conselho Constitucional

Legislação
Constituição da República (CRM) de 2004

Constituição da República (CRM) de 1990

Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do Conselho

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 114


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Justiça Constitucional 115

Constitucional)

Lei n.º 5/2008 de 09 de Julho (lei orgânica do Conselho Constitucional


que faz uma alteração pontual da lei 6/2006, de 02 de Agosto).

Lei n. º 9/2003 de 22 de Outubro (lei orgânica do Conselho


Constitucional revogada)

Código do Processo Civil

Internet
http://www.cconstitucional.org.mz, disponível em 01 de Julho de 2017

http://www.fd.ul.pt/Portals/0/Docs/Institutos/ICJ/LusCommune/Bast
osFernando1.pdf, disponível em 01 de Julho de 2017

http://www.google.com.br, disponível em 01 de Julho de 2017

http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Portugal/Sistema_Politico/Con
stituicao/consttituicao..., disponível em 05 de Julho de 2017

http://noosfero.ucsal.br/articles/0010/6911/TAVARES_Andr__Ramos_
-_CURSO_DE_DIREITO_CONSTITUCIONAL.pdf, disponível em 29 de
Agosto de 2017

http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=187
25&revista_caderno=9, disponível em 29 de Agosto de 2017

http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublica
Portuguesa.aspx, disponível em 31 de Agosto de 2017

JJ Chamussola Beira/Agosto/2017 115

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