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Nas religiões tradicionais africanas, no candomblé, no Culto de Ifá é uma árvore sagrada chamada
de Iji opé ou dendezeiro, o coco do dendê é usado em um dos oráculos de Ifá chamado Ikin. O
Povo do Santo denominam suas folhas de Mariwô.
Que outro vegetal pode ser mais importante para nosso contexto religioso
que o dendezeiro?
Creio que podem existir outros tão importantes quanto ele mas nenhum
mais importante do que ele.
Das suas folhas faz-se as franjas do mariwo, cortinas sagradas que têm por
finalidade resguardar e separar o sagrado do profano.
De seus frutos extrai-se o óleo de palma, conhecido no Brasil como “azeite
de dendê”, no Caribe como “manteca de corojo”, entre os nagô como “epo
pupa” e entre todos os iniciados como "sangue vegetal".
Não bastassem os diferentes produtos que nos é fornecido por esta árvore,
devemos nos reportar aos seus significados mais profundos.
A variedade “idolátrica” é conhecida como: Opè, Opè Ifá, Opè olífà, Opè
kin; Opè ikin; Opè yáaàyàla; Opè peku pe ye; Opè kannakánná e Opè
téméré erékè adó.
Na seguinte cantiga observamos que o mariwo também serve para que Ogun afaste as coisas
ruins, como as guerras, confusões e negatividades (eguns), e nos traga a tranquilidade dos
caminhos abertos:
Alguns dizem ainda que a principal função do mariwo na entrada das casas de Candomblé e
quartos de santo é garantir que Ogun reconheça o espaço como sagrado e proteja a todos os
que lá se encontram, jamais deixando que sua ira recaia sobre o Egbé (Comunidade do
Terreiro). O mariwo acalma Ogun e abranda a sua cólera.
O mariwo está ligado a Ogun assim como Ogun está ligado ao culto das árvores. Entretanto a
árvore do qual se extrai o mariwo, o dendezeiro (Elaeis guineensis) pertence aos orixás da
Criação, chamados Funfun, pois a cor branca é uma de suas principais insígnias. O Igi òpè,
nome iorubano do dendezeiro, é uma árvore primordial. Já existia quando Obatalá e Oduduwa
iniciaram a missão de criar o Aye (Terra), na verdade o igi òpè guarda consigo a essência
desses orixás. Por isso era vetado a Obatalá beber do seu sumo, pois estaria bebendo o
próprio sangue.
Existe um ditado que aprendi com Pai Flávio de Oguian que diz: “Ògbèri nko mo màrìwò”. Ou
seja, aquele que não é iniciado nunca saberá o mistério do mariwo. Por mais que alguém que
não seja iniciado possa ler, escutar e até ter acesso a determinadas informações sobre o culto
dos orixás jamais conseguirá realmente ter acesso ao awo, ao mistério verdadeiro. Às vezes
penso que muitos iniciados também estão deixando de entender o mistério por detrás do
mariwo.. enfim.
Também cantamos para essa folha:
Biribiri bí ti màrìwò
Jé Òsányìn wálè màrìwò
Biribiri bí ti màrìwò
Ba wá t’órò wa şe màrìwò
“Na escuridão. Màrìwò traz luz
Màrìwò deixe Òsányìn ir para casa
Na escuridão. Màrìwò traz luz
Màrìwò ajude-nos com nossos projetos.”
E ainda uma cantiga que relembra um embate entre o orixá das lutas e o das folhas:
Fontes: http://www.aromalandia1.hpg.ig.com.br/palma.htm
Site da Prefeitura de Vitória.
Tradição Afro-brasileira.
Dendezeiro
A IMPORTÃNCIA NO CANDOMBLÉ
Juntamente com o mel e o sal, o dendê é usado como tempero nos ritos
de oferendas. O dendê também entra na relação de coisas proibidas.
Após às 18 horas é denominado de omi pupa, água vermelha.
A FOLHA DO DENDEZEIRO:
Mariô ou Mariwô, chamado de (igi ôpê) pelo povo do santo, é o nome
da folha do dendezeiro, nome científico "Elaeis guineensis", desfiado, utilizado nas
portas e janelas dos terreiros de candomblé. O mariô é consagrado a Ogum, assim, é
muito comum vê-lo nos assentamentos e nas vestes deste Orixá.
Segundo a mitologia do candomblé, a função do mariô é espantar as energias
negativas e espíritos perturbadores, tendo esta função, a Orixá Oyá Igbalé (mais
conhecida como Iansã do Balé), a divindade que preside sobre os Eguns, carrega-o
também sobre as suas vestes.
Todo integrante do culto aos Egungun é chamado de Mariwô.
A palmeira do dendezeiro é conhecida pelos Yorùbá(s) por Igi-òpe, mas em termos
culturais referem a ela como Igi-Àgunlá - Igi-Àgunlá é uma expressão que descreve
a sua importância desde aspecto religioso, social e econômico, pois fornece:
— Emu - vinho de palma, usado nas comemorações dos festivais Religiosos;
—
— O Mànrìwò – folha tenra é usada como roupa “isolante da força caótica” de Ògún,
Egúngun e Òsányìn;
— As nervuras do mànrìwò desfiado para Ògún faz-se o Sàsàrà de Obàlúwàiyé. Além
disso, representam, Egún (os mortos).
— Mànrìwò desfiado posto no batente da porta do Ilé Àse, significa dizer que, o que
está do outro lado é Sagrado – é um recado;
— Beber suco da folha tenra da palmeira – mànrìwò, cura anemia, pois é ferro puro;
— As fibras da palma são usadas em artes e artesanatos;
— As fibras retiradas das sementes (para extrair o óleo) são usadas para atear fogo no
fogão a lenha;
— A folha é usada em construções de casas;
— O óleo é amplamente usado em culinária;
— As sementes com 4 (quatro) orifícios – Ikin(s) -, são usadas pelos Bàbálawo para
fazer Divinações;
— As sementes comuns são usadas pelos ferreiros para fazer fogo em suas forjas;
— Das nozes é extraído um óleo chamado de àdí. Esse é usado em magias negativas
(feitiços), na fabricação de cosméticos e de chocolates.
— As cinzas resultantes do fogo do ferreiro são usadas para fazer sabão-da-costa,
tinturas em tecidos e em estatuetas, para fazer magia de proteção e para fazer uma
magia que pode; em nome de Ògún, matar um inimigo.
Seu valor de mercado e religioso é inigualável.