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ÁGUA

A energia feminina que comanda o mundo

Encarregado por Olodumaré de criar o mundo, Orixalá recebeu do Deus Supremo o "Saco da Criação". Porém,
altivo e prepotente, Oxalá se recusou a fazer alguns sacrifícios e oferendas a Exu, o primogênito do Universo,
que permitia a comunicação entre os dois mundos e encontrava-se à porta do Orun. Como vingança, Exu fez
Oxalá sentir uma sede intensa. Para matar esta sede o Grande Orixá furou com seu òpásoró a casca do tronco
de um dendezeiro, de onde escorreu um líquido refrescante, o vinho de palma. Oxalá saciou a sua sede e de
bêbado adormeceu.

Seu irmão e grande rival Odudua, tomou-lhe o "Saco da Criação", e foi relatar a Olodumaré o ocorrido. Diante
disto, o Deus Supremo ordenou que Odudua criasse o mundo.

Saindo do Além, Odudua deparou-se com uma extensão ilimitada de Água. Odudua liberou do saco uma
substância marrom, a terra, formou-se um montículo que ultrapassou a superfície da água. Uma galinha cujos
pés tinham cinco garras passou a ciscar e espalhar a terra que se alargou por toda a superfície. Odudua fundou a
cidade de Ilè Ifé, o berço da civilização Iorubá e do resto do mundo, onde se estabeleceu seguido pelos demais
Orixás.

Oxalá, como consolo, recebeu a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos. No entanto, não levava
muito a sério a proibição de consumir dos derivados do dendezeiro e, vez ou outra, embriagava-se com o vinho
de palma e criava seres defeituosos ou os tirava do forno antes do tempo, razão pela qual os albinos e todos os
portadores de defeitos físicos são consagrados à Oxalá.

Este mito de criação revela que, embora o mundo estivesse por ser criado, a água já existia, portanto, a água
precede a força. A água parada e lamacenta como a dos pântanos, que Odudua encontrou no mundo, lembram
a divindade mais antiga do Candomblé, Nanã Buruku, uma deusa de criação simultânea à criação do mundo, a
representante da memória ancestral de nosso povo.

Sem água, a vida na terra seria impossível. Animais e vegetais necessitam da água para sobreviver.

Pobres daqueles que desconhecem o poder da água, uma energia tão forte, tão intensa, que poderia destruir o
mundo em segundos. Esses "grandes sábios" acham que o homem pode viver apenas da tecnologia, destroem a
natureza sem medir as consequências desastrosas de seus atos. Quando o homem agride a natureza está
agredindo a si próprio e a milhares de outras pessoas inocentes. Quando a natureza se revolta todos pagam.

As chuvas que assolam várias cidades brasileiras são a prova de que a água se revolta contra o homem, e
quando se vinga não escolhe a quem atingir, acaba com tudo e com todos. Aquilo que as pessoas levaram anos
para construir é destruído em poucas horas de tempestade.

A água pode ser a bênção das chuvas de verão, que fertilizam o solo e garantem o sustento, mas também as
tempestades repentinas, que inundam as cidades e desabrigam tantas pessoas. Mares e rios dominam o
Universo, um mundo composto em sua maioria por águas, que foram a origem e podem ser o final da criação.
Por ser alimento indispensável ao corpo e ao espírito, todos devem beber um copo d'água antes de dormir e ao
acordar, faz bem à alma, ao anjo de guarda e ao próprio Orixá.

Embora seja uma prática comum nos Candomblés, acender vela para os Orixá é algo absolutamente
desnecessário, um hábito que por uma série de fatores adquiriu-se no Brasil. O Orixá já é naturalmente
iluminado e os filhos-de-santo devem preocupar-se em manter as quartinhas sempre cheias de água, pois é isto
que importa, é a água que mantém e renova a energia do Orixá e do homem.

A saudosa Mãe Menininha do Gantois certa vez disse: "acima de Deus nada, abaixo de Deus a água". A eminente
mãe-de-santo, do alto de sua sabedoria, revelou a todos o poder do elemento água, uma energia tão sagrada
como a força do próprio Olodumaré.

A água é a força das Grandes Mães, a força da mulher, a origem da vida. Falar da água é falar da energia
feminina que comanda o mundo. A água já dominava o mundo antes da Terra ser criada, a mulher já se
anunciava como um ser que já nasceu para comandar, para brilhar, para ser exaltada e reverenciada, e não para
ser submissa ao homem. A água é feminina, a terra é feminina. O mundo pertence à mulher. A água lava a alma,
traz a paz e retira as coisas ruins. Ela é a força de Nanã Buruku, de Yemonja e de Osun, as grandes deusas das
águas que precedem à forma e sustentam a criação.

AS ÁGUAS E OS ORIXÁS FEMININOS

A água é muito utilizada nas casas de Candomblé. Em muitos ritos ela aparece tendo um significado muito
importante, desde o rito do ìpàdé, quando ela é utilizada para acalmar as Ajé, até o ritual das águas de Oxalá,
quando ela representa a limpeza lustral do egbé.

Colocar água sobre a terra significa não só fecundá-la, mas também lhe restituir seu sangue branco com
o qual ela alimenta e propicia tudo que nasce e cresce em decorrência, os pedidos e rituais a serem
desenvolvidos. Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo. Diria ainda que as águas de Oxalá pelas quais começa o
ano litúrgico yoruba têm precisamente este significado.

É comum ao se chegar a uma entrada de uma casa de Candomblé vir uma filha da casa com uma
quartinha com água e despejar esta água nos lados direito e esquerdo da entrada da casa. Este ato é para
acalmar Exu e também para despachar qualquer mal que por ventura possa estar acompanhando esta pessoa.
Neste caso, a água entra como um escudo contra o mal.

Entre os eboras ou orixás femininos, destacamos aqui Nanã que está associada a terra, à lama e também
às águas. Nanã ou Nàna Burúkú ou Nàna Bukú, como é chamada no antigo Dahomé, foi considerada como o
ancestre feminino dos povos fons.

Outro orixá feminino associado à água é o orixá Òsun. Oxum tem toda a sua história ligada às águas,
pois na Nigéria, Òsun é a divindade do rio que recebe o mesmo nome do orixá.

Oyá ou Yansã, divindade dos ventos e tempestades, também está ligada às águas, pois na Nigéria Oyá é
dona do rio Níger, também chamado pelos yorubas de Odò Oyá ou "Rio de Oyá".
Não diferente dos demais orixá feminino, Iemanjá também está muito ligado às águas. É o orixá que em
terra yoruba é patrona de dois rios: o rio Yemojà e o rio Ogum - não confundir com o orixá Ogum, Deus do ferro.
Daí Iemanjá estar associada à expressão Odò Iya, ou seja, "Mãe dos Rios".

Resumindo, a água é um elemento natural aos orixás femininos. Não só dentro do culto de Candomblé,
mas como em toda a vida, ela é de suma importância, pois como é dito, a água é o princípio da vida.

Okubenjela Manos

Pambu viste os rios secos na Amazônia

Como também no Pantanal

Atentaste para o texto

Não aceito nenhum pretexto

Marque uma reunião com os Deuses do domínio das águas

Para falarmos sobre o contexto.

--Luan...Aceito a sua preocupação emocional

Mas são as atitudes civilizacional

De vocês de forma irracional

Agora só cuidamos da parte espiritual.

Nos idos a Terra que cremos

O trabalho que tivemos

O aviso que demos

Veja abaixo o que fizemos:

Olorum pensou: Mundo só de água !?...

Está incompleto, míngua

Mandou chamar os Òrìsàs

Estou muito frágua.

Pegue este saco pesado, cor marrom


Uma galinha de 5 dedos, um caracol e um pombo

Partiram após um ribombo

Para a Terra com tudo no ombro.

Lá chegando, espalharam o material sobre a água

Òsumaré na forma de cobra

Fez as montanhas, os vales, as cordilheiras

Separando todas as águas, bela obra.

Os Òrìsàs passaram bom tempo na Terra

As Iyabas ao voltarem para o Orum

Transformaram-se em rios e lagos

Tudo de bom e limpo, com afagos.

Nos rios só ebo da natureza

Ao receber o Òrìsà escolhia o filho para utilizar

Ebos de comidas, utensílios de casa, roupa, que chaneza

Na beira dos rios os necessitados iriam buscar.

Os humanos ofereciam tudo ao mar

O oceano a tudo aceitava

Olokun não satisfeito chamou a filha Yemonjá

Devolveram toda sujeira acumulada para as casas.

Por milhares de anos a paz veio a reinar

Vilas, cidades e os humanos filhos e filhos a criar

Com a tecnologia, o homem voltou a sujar

As vozes dos mais velhos passaram a não escutar

Novamente a Natureza limpa deixaram de conservar

Morada perfeita dada pelos Òrìsàs.


Mares, rios, matas sujos e destruídos

O sacerdote não era obedecido

Terra, tudo encontra-se sujo e poluído

Orunmilá avisa os Deuses estavam aborrecidos

Outras vez os homens foram punidos.

O conto poético acima foi inspirado no texto postado pela Iyálòrìsà Sandra Ipega, tendo como autor Luiz d`
Ògun Sòròaye (será que é de um Itan?), por mim retirado na internet.

-É Pambu a coisa está voltando

O tempo no mundo está mudando

Geleira se desprendendo

Terremoto, seca, enchente, maremoto

Nkise Kitempo pê da vida ficando

Não devemos ficar imoto.

Terra água

Água Sagrada

Sagrada casa

Casa dos Deuses

Deuses da Natureza

Natureza vida

Vida Òrìsà

Òrìsà ebo

Ebo recebido

Recebido à Terra.

Legal né! Todos nós nos amando.

Luangimbe.

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