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ÒSÚN

Água, Vida, Amor, Gota Divina,Fonte Bendita

Bàbálàwo: Ifálekan Abimola


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Ìndice

Poema água.................................................................................................................................03
Kiki fun Òshún...........................................................................................................................04
Origem de Òshún........................................................................................................................05
Òshún é água, àgua é Òshún.......................................................................................................09
Òshún o nosso recurso natural....................................................................................................11
A importância de Òshún e dos Mananciais.................................................................................13
A relação de Òshún com o poder e sensualidade da
mulher..........................................................15
Relação de Òshún com Ifá e toda a sua esfera enigmática..........................................................18
O culto de Òshún relacionado com os Odù-Ifá..........................................................................20
A manifestação de Òshún............................................................................................................24
Os títulos de Òshún relacionados com os Odù-Ifá......................................................................25
Os mitos e equívocos em torno de Òshún...................................................................................31
Destronando o mito da rivalidade entre Òshún e Ogbà...............................................................35
Òshún e os Espíritos Emere.........................................................................................................36
A relação de Òshún com Òsóròngà e seu poder de
fertilidade......................................................39
A importância do Idé no culto de Òshún.....................................................................................42
Òshún e sua relação com o Igba (a
cabaça)...................................................................................43
Obele Òshún................................................................................................................................44
Abebe Òshún...............................................................................................................................45
Características das Filhas e Filhos de Òshún..............................................................................47
Èèwó-Òshún (proibições no culto de Òshún)..............................................................................49
A Òshún se oferece freqüentemente............................................................................................50
As Adimu ofertadas no culto de Òshún.......................................................................................51
Odun-Òshún (festividade Anual à Òshún)..................................................................................54
Òjòjù-Òshún (saída de Ìyáwo-Òshún).........................................................................................59
Itens para Assentamento Básico de Òshún..................................................................................62
Awure – Magias e Prevenções.....................................................................................................64
Orìkì Òshún.................................................................................................................................67
Oração diária à Òshún.................................................................................................................87
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Água é gota bendita, é gota saída


Do seio da terra, no meio da serra,
Pra vida trazer.
Fonte divina.
Água, que é gota divina, que rega a campina,
Que molha a serra e fecunda a terra,
Para vida viver.
É gota tão pura, que faz a fartura
Nas plantas, no chão.
É gota, é vigor, que abranda o calor
Do sol de verão.
É água do céu, da nuvem em véu,
Que vem pra formar
As ondas do mar.
Os rios e vazantes, os lagos brilhantes,
Oh água!, Se és gota divina,
Que a todos fascina,
Se és vida do ser.
Por quê?
O homem maldoso, voraz, ambicioso, não perceberá
Que um dia, que logo virá e tu partirás, sem nada dizer.
E o homem, voraz, sem clemência, na própria indolência irá perecer.
Oh água!, que és gota divina, acorda, ilumina, os homens de bem!
Lhes rega o chão da consciência, desfaz a indolência,
A incúria, o desdém!
Abram-lhes, oh gota bendita!
Os olhos pra vida,
Que vai muito além!
Faz que eles, qual guarda da vinha, te salvem, gotinha;
Se salvem, também!!!
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Kiki fun Òshún


(saudações à Òshún)

Ore Yèyé ó! Bondosa Mãe,

O kaare ooo! Aquele que faz a bondade inúmeras vezes.

Oloshere Yeye ooo! Mãezinha, dona da bondade.

Ò du sin yèyè o! Aquela que é a fonte de sobrevivência.

Idé lowo, idè lèsè, idè lori Bronze nos pés, bronze nas mãos, Bronze na cabeça.

Òshún a fidè ri omòn, ` Òshún, aquela que enfeita as crianças com o bronze,

F’awon ágbo atò Para elas terem saúde e vida longa.

Òshún aiku ooo Òshún é vida!

Òshún ifè t’Olorun, ifé oorun o! Òshún é o amor de Deus, o amor infinito.

Òshún logùn k’pàá ibi. A charmosa e encantadora Òshún que sucumbe o mal.

Òshún Oluèwéri. Òshún é a senhor que purifica as cabeças.


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A origem de Òshún
A sua origem, data do momento que o Àsè se tornou autoconsciente e deu à luz a Òlòdúnmàré.
Logo em seguida, quando o mesmo experimentou a primeira emoção de puro amor. Foi nesse
exato momento, na primeira manifestação desse legítimo Amor incondicional, originou-se o
Ìrúnmòlé-Òshún. Após a sua origem, desse “Asè de Amor”, Òshún se desprendeu de
Òlòdúnmàré e sua força, amor, começou a se alastrar pelo mundo, na finalidade de fazer jorrar
e criar tudo através do intenso amor absoluto. Portanto, nos primórdios da criação, quando
Òshún estava vindo das profundezas do Òrun, além, Olódùmaré confiou-lhe o poder de zelar
por todas as crianças que iriam nascer no Àiyé, a terra. A partir de então, Òshún se tornou a
provedora do bom comportamento e passou relacionar-se com todas as coisas ou situações que
expõem total pureza, virgindade, bondade, carinho, beleza de caráter, inocência, perfeição,
generosidade, franqueza, esclarecimento, cristalinidade, transparência, ponderação, bom senso,
atilamento e prudência. Nessa sua tarefa, Òshún deveria fazer com que as crianças
permanecessem no ventre de suas mães, grávidas, assegurando o desenvolvimento, nutrição,
transformações do feto, de forma apropriada para evitar abortos e contratempos antes do
nascimento; isso mesmo depois da criança nascer e até que a mesma começasse a dá seus
primeiros sinais de consciência, percepção e relação progressiva com o mundo fora do útero, ou
seja, assim que a criança começasse a articular as suas primeiras palavras. E por isso, Òshún
recebeu um rigoroso tabu, que lhe proibia encolerizar-se com quem fosse; ao ponto de ser
proibida até de recusar uma criança a qualquer inimigo, não podendo se limitar a fornecer
gravidez somente à um amigo ou protegido. Por esse fato, que tal tarefa é somente atribuída a
Òshún.
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Deste modo, Ifá relata que Òshún foi a primeira Ìyáàmi, encarregada de ser a Olùtójú-Awon-
Omode (aquela que vela por todas as crianças) e a Álàwòyè-Omode-Omitutu (aquela que
cura as crianças recém nascidas apenas com a sua água fresca). Isso é tão rigoroso, que Òshún
foi proibida de se tornar inimiga de qualquer Òrìsà ou pessoa. Também por este ultimo fato,
Òshún se tornou a soberana em muitas áreas, principalmente na arte de engravidar. Òshún está
ligada, paralelamente, ao corrimento menstrual e todas as atividades que representam esse
corrimento. Também ao sentimento final de sentir o prazer no deleite sexual. Em contrapartida,
a força de Òshún é completamente antagônica à sensualidade excessiva, promiscuidade,
volúpia, devassidão, pornografia, escândalos, agito, alvoroço, conflito, qualquer tipo de
extravagância, desordem, sujeira, malícia, manipulação, feitiçarias agressivas, complexo de
inferioridade, ardiloso, palavra com duplo sentido, arrogância, vaidade, presunção, sentimento
de fúria, ao menor sinal de raiva, violência, agressão física ou verbal, imoralidade, falta de
caráter, desonestidade, mentira, infidelidade, deslealdade, desunião, inimizade, inveja,
falsidade, indecência, imprudência, indiretas, deboche, ironia, brigas, confusões, desrespeito,
corrupção, desconsideração, desprezo, fraude, falta de clareza nas palavras e falta da lucidez,
tanto como a roupa negra, aos tecidos brilhosos e ofuscantes. Òshún é contrária a morte e todos
os utensílios originados depois da mesma, assim como o marfim, os ossos, a prática de quebrar
ossos nos dentes, ao mau cheiro, a putrefação, a caça e matança de animais, o aborto, a intenção
de matar ou prejudicar. Também é avessa ao uso da força, as situações e coisas enfadonhas, ao
desgaste físico, envelhecimento, ruínas, abandono, desaparecimento, locais sujos, empoeirados,
fedorentos e bagunçados.

Como Ifá relata, Oyeku-Meji é Odù Ishalaye de Òshún, o primeiro e original Odù das águas.
Mas, EFON, teria sido o primeiro e mais antigo nome de Òshún. O termo ÒSHÚN (òshún),
originalmente significa: EMANAR, derivar, originar, fluir, proceder, provir, deslizar,
nascimento, surgimento, sair de, desprender-se, disseminar-se em partículas sutis. Ou seja,
“Algo que emana” ou “Aquela que emana”. Òshún’enire: “Aquela que nasce da bondade”, ou
Osunwalorunke “Aquela que procede do Além”!
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Primitivamente, Òshún é considerada uma força elementar materializada através da água


potável, tanto que a sua energia é extraída desse mesmo líquido precioso. Seja ele vindo do céu
na forma de chuva, surgindo das entranhas da terra, ou contido em todos os corpos vivos, ou
ainda gerado no útero na formação dos Bebes. Porém, é a água da chuva que está originalmente
ligada a Òshún, a mesma depois de cair torrencialmente deu origem aos oceanos e mares de
água salgada, que foi filtrada pela terra, dando finalmente origem aos rios, córregos e lagoas.
Nesse ciclo dinâmico à água sempre retorna à sua origem, vapor, tornando cair em forma de
chuva. Conseqüentemente, Òshún é considerada um Imolé que expressa a liquidez, que flui ou
corre, tendendo sempre a nivelar-se e a tomar a forma de bacia que o contém, se ajustando,
cuidando, corrigindo, liquidando, verificando. Sempre disponível. Assim como á água não é
empatada por nada, Òshún não pode ser contestada, devido ao seu peso líquido. Òshún é o
designativo de calor e vapor que se combinam facilmente geram água, corpo líquido. Portanto,
Òshún também expressa o humor orgânico, a liquidificação muito ativa e inquieta.
Primordialmente, assim como a água, Òshún é considerada uma força inerente ao dinamismo,
sensibilidade, comoção, calor afetuoso etc.. Porém, rápida e objetivamente, Òshún tem uma
característica de se manter refrescante, renovada, confortante, acessível, afagada, dócil, afável,
contagiante, aprimorada, imaculada, essencialmente capaz de fornecer carícias, zelo, mimo,
cuidados, purificação, limpeza, fluidez, facilidades, espontaneidade, benevolência,
generosidade e muita vida.

Existem vários Itan a respeito de Òshún. Mais abaixo, apresentaremos alguns deles com a
finalidade de serem bem estudados e bem interpretados, de forma a conhecer este grande,
poderoso e enigmático Imolè, que se transforma em uma Divindade versada na mais
extraordinária benignidade, amabilidade, meiguice, bondade.

Como já sabemos, Òshún é considerada o primeiro fragmento de bondade absoluta, que ao se


desprender de Deus tomou a forma de poder gerador, fonte existencial de todas as coisas no
universo físico, espiritual e emocional. Foi essa primeira manifestação de bondade que deu
origem ao Òrún e possibilitou a origem de todas as coisas no Aiye. Inicialmente, basta
começarmos analisar tudo que Òshún rege com soberania, a exemplo da cabaça (ícone mítico
do universo), ovo, a vagina, útero (além, infinito), como tudo que tem forma ovulada e
expansiva. Encontramos a manifestação liquida de Òshún retida no interior de um elemento,
outras vezes a encontramos na forma de jorramento. Ainda assim, Òshún é muito mais
grandiosa que essas meras reproduções.
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A maioria dos seres limitados, mortais, só tem acesso mesmo à uma minúscula partícula dessa
grandiosidade de Òshún, que na verdade para muitos despreparados, seria um perigoso e
extrema imprudência tentar concebê-la na sua profundidade. Até porque, há uma grande
distancia entre o conceito de concebê-la e conhecê-la. Entretanto, Òshún como um elemento
isolado é um fragmentado de Olodunmare, em sua particularidade. Òshún é um Imolè que se
materializa tanto na água em movimento como na acumulação da mesma, as águas tranqüilas,
que são algumas vezes as águas mais perigosas. Seja como for, Òshún está associada a
transformação e purificação através das águas encontradas em toda a natureza, é uma força
soberana em muitos aspectos, profundamente enigmática e inigualável, quase inexplicável se
não fosse Ifá.

No seguimento da criação universal, Òshún se converteu no Òrun em a primeira divindade das


águas doces, dês da chuva até o olho d’água que origina os rios e afluentes de água potável, os
quais asseguram e mantém a perpetuidade da vida no planeta até em tempos atuais. Ao passo
que as águas da chuva propiciam as enchentes, catástrofes naturais devido ao volume em
turbilhões de água, concomitantemente fertiliza o solo, aduba as lavouras e fornece o
desenvolvimento da vida em todo o planeta. Por isso, na sua manifestação mais simples, Òshún
está associada ao caráter brando quase já extinto, raramente podemos encontrá-la em seres
humanos que possuem caráter afável, até mesmo naquelas pessoas mais oscilantes. A essência
de Òshún representa o sentimento que impele as pessoas à afigura do que é belo, digno ou
grandioso, com uma forte inclinação ao caráter atraente e encantador, assim manifestando
afeição, grande amizade, pureza, gentileza, empatia, generosidade, capricho, acanhamento,
pudor, ponderação, cautela, discrição, benevolência, caridade, preciosidade, tendência da alma
para se apegar, chamego, doação, comprometimento, fidelidade, lealdade, compostura, muita
decência, limpidez em todas as coisas e extremo bom caráter.

A correlação da água doce é intrínseca com a vida, na existência de tudo que é vivo. Portanto,
Òshún é sem sombra de duvidas a primeira Divindade naturalmente antagônica à morte, Ikù, e
as manifestações da mesma. Assim podemos dizer que por trás do poder essencial representado
na água, no ovo, no bronze etc., existem muito mais a se descobrir o que é, e quem é na
realidade Ìyá’nlalàyé Ènínàré Òshún. Pois, só Ifá possibilita essa marcha rumo à essa
profunda descoberta, nos revelando tudo o que há por trás de uma densa cortina de
fundamentos sobre Òshún, que só aparentemente nos sugere uma aparente acessibilidade. O
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fato é que Òshún é um dos Òrìsà mais complexo e cheio de pormenores, seja em seu universo
conceitual, cultural e ritualístico.
ÒSHÚN É ÁGUA, ÁGUA É ÒSHÚN!
O BEM INDISPENSÁVEL À VIDA.

Mitologicamente, todos os Òrìsà masculinos vieram do Òrún através do EWON (a corrente),


mas Òshún foi a única Divindade feminina que usou o EWON para vir do Òrún para o Aiye.
Portadora de extrema bondade, suavidade, tranqüilidade e cuidado, ao ser descoberta no Aiye,
Òshún se tornou a mãe de todas as crianças, tão capacitada por possuir muitos poderes
especiais, se fez respeitada e muito considerada em meio todos os Ebora e Òrìsà.

O surgimento da água está extremamente ligado à formação do sistema solar. A terra, Ìyálalè,
já em formação, passou por várias etapas de resfriamento e aquecimento, período de
resfriamento no planeta, aonde houve uma condensação do vapor, Òbátàlà, a qual deu origem à
formação de chuva torrencial, Òshún, com isso a grande massa de água foi depositada nas
partes mais baixas do planeta, surgindo assim os primeiros oceanos primitivos (Òlòkún-su).
Ocorrência comprovativa que Òshún é de fato a mais velha que Òlòkún-sù. Sendo assim,
Òshún é a primordial divindade feminina entre todas as manifestações das Ìyágbá, a primeira
manifestação do poder feminino divino. Portanto, Òshún é a água primitiva, também a primeira
manifestação elementar do poder feminino, a qual mais tarde recebeu vários nomes peculiares e
tipos diferenciados de Culto.
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Entretanto, durante a formação da crosta terrestre, Òbalúwàiyé, ocorreu o processo de


desgaseificação, teoria que explica a liberação da água na forma de vapor. Nesse período os
vulcões, Aganju, expeliram gases como hidrogênio e vapor de água, dando origem à atmosfera.

Já em terra firme, a água é encontrada na natureza em três estados: líquido (oceanos, rios,
lagos e aqüíferos em formação ou grupo de formações geológicas que pode armazenar água
subterrânea), estado sólido (geleiras) e estado gasoso (atmosfera). Todos esses elementos se
integram formando o ciclo hidrológico, responsável pela manutenção da vida, chamado de
Òshún (aquela que emana, aquela que procede, aquela que surge). Portanto, esse ciclo não pode
ser alterado, pois pode provocar grandes alterações nas paisagens do globo terrestre.
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ÒSHÚN NOSSO RECURSO NATURAL

A manutenção desse recurso natural, ÒSHÚN, acumulado na superfície e no interior do solo


conhecido como um fenômeno que ocorre através do ciclo hidrológico. Com o calor irradiado
pelo Sol, grande parte da massa de água se transforma em vapor e se resfria na medida em que
vai subindo à atmosfera, aonde se condensa e forma nuvens, as quais voltam a cair na terra, sob
ação da gravidade, seja na forma de chuva torrencial, garoa, sereno, neblina ou neve. Assim
através de Òshún, a chuva, se origina outros fenômenos naturais, de forma que os mesmos se
manifestam na forma de vários outros Imolè: Òyà, Sàngó, Ògbà, Òsúmàré etc. Assim, mais
uma vez temos que considerar a grandeza de Òshún no conceito de força geradora.

Sabemos que toda a água do planeta está em contínuo movimento cíclico entre as três fases:
líquida, sólida e gasosa. O ciclo representa a interdependência e o movimento contínuo da água
nas suas diferentes fases. Os componentes do ciclo hidrológico são:

Precipitação – água adicionada à superfície da Terra a partir da atmosfera. Pode ser líquida
(chuva) ou sólida (neve ou gelo);

Evaporação – Processo de transformação da água líquida para a fase gasosa (vapor d’água). A
maior parte da evaporação se dá a partir dos oceanos, muito embora, ocorra evaporação nos
lagos, rios e represas;

(Vapor) Transpiração – Processo de perda de vapor d’água pelas plantas, o qual também entra
na atmosfera;

Infiltração – Processo pelo qual a água é absorvida pelo solo;


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Percolação – Processo pelo qual a água entra no solo e nas formações rochosas até o lençol
freático, onde encontramos um grande armazenamento de água potável;

Drenagem – Movimento de deslocamento da água nas superfícies, durante a precipitação.


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A IMPORTÂNCIA DE ÒSÙN E DOS MANANCIAIS

O processo de desenvolvimento das cidades foi invadindo os mananciais, os quais outrora eram
isolados e estavam distantes da ocupação urbana. A partir de então, temos a considerar que toda
ação que ocorre numa bacia hidrográfica vai afetar a qualidade da água desse manancial. Não é
simplesmente a ação em torno do espelho d'água que faz com que se degrade mais ou menos.
Muito pelo contrário: pode ocorrer o surgimento mesmo de uma área distante do espelho d'água
principal, mas de acordo com a grande capacidade de poluição que possibilitará a degradação
total de um manancial. Portanto, se faz muito importante que a população esteja consciente de
que é preciso disciplinar todo tipo de uso e ocupação do solo próximo das bacias hidrográficas,
principalmente das bacias cujos cursos d'água formam os mananciais que abastecem uma
população. Cuidar dos mananciais é cuidar e preservar a própria manifestação natural de
Òshún.

Em termos científicos, biológicos, Òshún é qualquer fonte, aonde se retira o abastecimento e o


seu consumo para a continuidade da vida. Conseqüentemente vem sustentar a fertilidade nos
seres e na terra, favorecendo muitas atividades econômicas como agricultura, agropecuária,
forja de metais etc. A importância de Òshún é tão grande, que Ifá a considera um precioso
patrimônio espiritual, de primeira grandeza, Um manancial planetário com seu corpo denso de
água, percorrendo toda a parte subterrânea e jorrando na superfície, dando origem aos rios,
córregos e lagoas de água doce.
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Não há possibilidade de haver desenvolvimento harmônico sem a manutenção característica da


água, pois a disponibilidade de Òshún é um dos principais fatores limitantes do
desenvolvimento da agricultura, indústria e comércio. Portanto, a palavra Òshún é definida
como uma determinada fonte manancial de abastecimento físico e espiritual, resumida e
materializada primordialmente na própria água potável, a água da vida.

Atualmente, as mais importantes referências à Òshún encontram-se bastante deterioradas ao


longo da diáspora. As conseqüências imediatas disso são percebidas no desrespeito a natureza
humana, desvalorização dos seus conceitos primordiais, a confusão dos valores ritualísticos,
como também a poluição das águas, o comprometimento da saúde, a má qualidade do meio
ambiente e a própria extinção dos mananciais.
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A RELAÇÃO DE ÒSHÚN COM O PODER E SENSUALIDADE DA MULHER

Òshún é a Divindade proprietária de toda orbe feminina, concomitantemente está presente nos
princípios masculinos. Assim, Òshún é considerada possuidora das forças de atração e
semelhança, seja na composição ou no desenvolvimento entre as espécies ou grupos superiores,
indica origem comum. Fato que faz Òshún ser compreendida, por excelência, como a principal
Òrìsà relacionada ao casamento, união, identidade, analogia, similitude, equivalência,
proporção, uniformidade, imutabilidade, regularidade, correspondência, parentesco, afinidade
(Ibadana), condições estas ocorrentes entre o macho e a fêmea.

Se Ìyémònjá é potencialmente a proprietária dos mistérios da maternidade pós-parto. Òshún é


quem manipula o processo natural de atração entre as associações, isso não só como dádiva de
Deus, mais também na finalidade criar todas as criaturas através do acasalamento. Em última
análise, como o curso do rio sempre flui para o oceano, esse fenômeno é comparado com a
mesma afinidade ocorrente entre as criaturas masculinas e femininas, os quais basicamente se
relacionam a princípio na finalidade de reprodução, e só depois é que o prazer sexual é levado
em consideração. De forma que o atrito dos corpos, a excitação e a ânsia, estão relacionados à
Èsù-Èlègbárà.
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Sem sombra de duvidas, o ventre, aparelho reprodutivo, é muito sagrado para Òshún, por essa
razão as mulheres que desejam filhos saudáveis, se empenham em cultuar Òshún, na finalidade
de serem favorecidas e ajudadas a alcançar seus desejos reprodutivos. Mas a gravidez é apenas
uma das atenções de Òshún. No entanto, ela é também responsável de curar todas as doenças
abdominais e, hoje até nos riscos de cirurgias.

Apesar de Òshún ser muito funcional no tocante à "reprodução", ela é tão ou mais ativa como
força avassaladora e provocante dos prazeres, sendo ela capaz de desbloquear o potencial
criativo do poder feminino e princípio masculino (fecundação).

Por isso, Òshún é chamada: Oluwa-Awo-Ipilese-Didun-Inu (a Dona dos Mistérios do


princípio do prazer e da satisfação internalizada). Um exemplo é as reações que acontecem no
processo do namoro, manifestadas na forma do benquerer, apreciação, gostar, respeito, o
saborear da afeição, afeto, o amor sem pressa, o romantismo delicado ao toque, a fim de
conhecer o outro mais profundamente e proporcioná-lo o prazer de forma mais intensa. Assim,
conseqüentemente, Òshún é considerada como o exclusivo Òrìsà do amor incondicional,
receptividade, reciprocidade e diplomacia. Isso é tão profundo, que Òshún é associada e
comparada com o puro mel, isso porque o mel tanto agrada aos sentidos como é possuidor de
grande poder de cura física, espiritual e emocional, um alimento capaz de despertar o deleite
por sua doçura e gostosura.
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Já em termos humanos, o Imolè Òshún incorpora todos os aspectos da natureza sexual da


mulher. Fato que Òshún é chamada de Iwa-Wundia (Virginal), o amadurecimento dos frutos
na vida - aproximando a sua disponibilidade para saciar a fome e os sentidos de quem por sorte
sabe saborear a sua doçura.

Òshún é chamada de Iwa-Obinrin (Digna Mulher); personificada com todos os atributos do


poder feminino, como um ser ciente de maturidade, e prevê que apenas os machos podem
descrever suas realizações como homem, de tal forma, que ela é considerada o próprio
"espelho", refletindo o macho em si mesmo. Mas, se o macho não a respeitar, cuidar, elevar,
apoiar e proteger a mulher e os frutos do seu ventre, ele por si só diminuirá a si mesmo. Nesse
sentido, Òshún é também chamada de Pa’nsaga-Obirin (a mulher sedutora) - que através de
seus prazeres, a mulher pode perturbar um homem que possui um trono em riscos, inspirando
um homem à tomar o trono de outros. Portanto, um dos símbolos de Òshún é o espelho, mas
Òshún não o carrega, como fazem alguns ocidentais, porque o espelho só informaria
erradamente que Òshún representa apenas a beleza externa da mulher. Já que no ponto mais
alto da sua constituição, a característica de Òshún em uma mulher é emanar beleza, formosura
do caráter, de tal forma que não é necessário vê-la para apreciá-la. "Òshún assim é." E esse é o
verdadeiro conceito da sua excelência, tal como reflete o requinte, sabor e profunda delicadeza.
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RELAÇÃO COM IFÁ E TODA ESFERA ENIGMÁTICA DE ÒSHÚN

Conta a historia que o culto à Òshún nasceu às margens de um grande rio, ao qual empresta o
seu nome, rio Òshún, em Yorubá "Odo-Òshún". Nos locais mais profundos deste rio, entre as
localidades de Igedé, exatamente onde desemboca numa lagoa, neste local é aonde
originalmente Òshún foi e ainda é cultuada, tendo o seu templo principal edificado nesta região,
mais exatamente na aldeia de Òsógbò, palavra que significa: "Òshún-atingiu-a-perfeição-para-
os-feiticeiros-do-bosque". Nas afluências do rio encontram-se marcas que correspondem a toda
trajetória do culto à Òshún, assim como em varias cidades banhadas pelo mesmo rio, Oshogbo.

Ifá narra em vários Odù, sobre todas as inclinações de Òshún, a qual sob domínio de diferentes
Odù pode atingir diferentes aspectos, adquirindo uma forma completamente diferenciada e
quase sofrendo uma supressão total em sua aparência exposta, capaz de confundir qualquer um,
como se fosse um Òrìsà aparentemente distinto. No entanto, todos os Odù, são sempre ligados à
maneira de ser das mulheres, o comportamento feminino, caráter e atitudes, suas virtudes e
defeitos.

Apesar de Òshún ser um Òrìsà extremamente enigmático, o povo Yorubá se refere à 05


diferentes formas de aparição de Òshún de acordo com os diferentes Odù-Ifá, cada um
descrevendo de forma particular, sempre comparado a uma situação específica ou do
procedimento feminino. A sua forma inicial e muito complexa e se expõe primitivamente como
Òshún nos Odù: Òsétura, Òshèmeji, Eji-Ogbe, Ogbeyònu, Odibara etc. Em um Òshún
representa o movimento das águas, em outro a sensualidade revelada na maneira das mulheres
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dançarem girando delicadamente, num constante vai e vem, forma de se movimentarem e de


procederem com tranqüilidade e perseverança. Ainda em outros Òshún é cultuada como
divindade virginal, pura e nitidamente límpida, "o-espírito-límpido-da-água-doce-e-fresca",
motivo incondicional que Òshún se traja completamente com tecidos brancos de puro algodão,
cuja cor não se separa nunca. Expressando a sua relação com a pureza, inocência e frescor.
Dessa forma Òshún está intrinsecamente ligada ao processo da gestação, de onde assiste e
protege um feto durante todo o período da gravidez, sendo ela a dona do líquido amniótico.
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O CULTO DE ÒSÙN RELACIONADO COM OS ODÙ-IFÁ

Òshún rege o culto à bondade, carisma, extrema feminilidade, sensualidade, consideração,


passividade, suavidade, delicadeza, simplicidade e sutileza. Fato que faz Òshún ser
completamente antagônica à agressão e a morte. Por este fato, as suas sacerdotisas se cobrem
de pulseiras, brincos e colares manufaturados em bronze, os quais lhes pertencem por direito,
na finalidade de expressar e fornecer as criancinhas uma longa vida, frescor e resistência às
doenças. O habito de usarem vários ornamentos em IDÈ (bronze), tem ainda a finalidade de
expressar uma aparente fragilidade feminina, como artifício usado para obter a proteção dos
representantes do sexo masculino, e assim se tornando sedutoramente irresistível. Por outro
lado, Òshún é o espírito que possibilita às mulheres gerarem filhos. Assistindo tudo na hora do
parto, desempenhando assim a função de espírito parteira, a mestra, a mãe que zela e ensina
seus filhos até os primeiros passos, as primeiras palavras, o seu primeiro contato de percepção
com o mundo e com a própria vida fora do útero. Portanto, Òshún é freqüentemente louvada e
exaltada com uma saudação em forma de Oriki: Kare oooo!

Após Òrúnmìlà, a cada Imolè que veio do Òrún para o Àiyé, apareceu aqui sob a tutela de um
Odù próprio, chamado de Odù Ìsalàyé. No aparecimento de Òshún, apesar do Odú Òyèkú-Meji
ser o seu Odù no Òrún, mais tarde o seu Odù Ishalàyé foi “OgbèYònú”, que marcou seu
aparecimento aqui no Àiyé. Dessa forma, é esse mesmo Odù que marca o seu primeiro Ojúbò
(assentamento) baseado e constituído. Depois, Òsétùrà foi o Odù que marcou a aliança de
Òshún com Òrúnmìlà.
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Òshún é a força que especificamente protege e ajuda as mulheres no parto, no casamento e na


sociedade. Além de Òshún ser a divindade imperante nas cerimônias de casamento, ela ainda
atua intrinsecamente na aparição tanto dos bebes como nos processos iniciáticos, iniciação de
Ìyáwo, na finalidade de favorecê-los a legitimação e a benção de forma geral, possibilitando
facilidade e proteção dos novos frutos etc. Portanto, seja no nascimento de uma criança,
nascimento de qualquer Òrìsà em iniciação, ou ainda na celebração de qualquer tipo de união
conjugal, é necessário evocar o total apoio de Òshún, para se atingir os seus objetivos com
sucesso na vida.

De acordo com o Odù Òsétùrà, Òshún é a esposa preferida de Òrúnmìlà e foi sob o Odù
Òsétùrà que Òshún foi introduzida no culto de Ifá através de Òrúnmìlà. Após Òshún ter tido o
seu primeiro filho (um Odù) de Òrúnmìlà, o qual foi chamado primeiro de Akinosho por
Òshún,. Porém, logo depois seu filho foi iniciado em Ifá e foi chamado de Òsétuwa, o décimo
sétimo Odù, o mais jovem e muito importante, para o alcance dos objetivos através de qualquer
Èbó executado em Ifá. É por isso, se algum Bàbálàwo fizer um sacrifício sem antes chamar
Òsètùrà, o sacrifício não será bem sucedido, seus objetivos não serão alcançados.

Em outro Odù, Ifá narra que Òrúnmìlà ensinou Òshún a consultar Ifá com os búzios
(Ifálokun/Meridilogun). Por isso, apenas as mulheres consultam com um oráculo rigorosamente
constituído com 16 búzios. Nesse contexto, vemos também que Òshún está ligada a Èsù na
consagração do oráculo Ifálokun/Eríndínlógún, pelo qual Ifá revela os caminhos e desejos para
o equilíbrio do destino. Nesse contexto, é Èsù quem dinamiza o oráculo dos 16 Búzios, um
ícone do Àsé de Òshún, trazendo as respostas através dos 16 Meji. O Odù Osetura, também
mostra a relação de Òshún com Òrúnmìlà, como ela se destaca dentro do culto de Ifá. Através
do mesmo Òmòdù, Òsétùrà, Òshún possui intrínseca ligação tanto com Ajé (a deusa da riqueza)
como com Àjé (o poder gerador e caoticamente dinâmico), que através deste se obtém a
eficácia em qualquer tipo de Èbò, Adimu, Oogun ou Awure, qualquer ritual
Há ainda outros Odù que lidam com Òshún, os quais são: Èjí-Ogbè, Òwònrín-Mèjí, Ìká-Mèjí,
Írèté-Mèjí, Òsé-Meji, Ogbèwòrì, Ogbèdíkáká, Ogbèrosùn, Ìrosùngbè, Ogbètùrà,
Ìwórìtùrà, Òdíbàrà, Òbàràdí, Òtúrùpònyèkú, Òtùràkànràn,Òtùràsá, Òsátùrà, Ìrètébòsé,
Òsérosùn, Òsébàrà. Mas é no Odù OgbèYònu que se inicia a constituição de um Igbà-Òshún
(assentamento). Porque foi neste Odù que as águas da chuva se acumularam na terra, aonde na
sua forma elementar, água, Òshún foi represada em forma de imensa abundância, assim
possibilitando a formação dos oceanos e mares. Ogbè-Yònu significa: “ABRIR A BOCA

INCOMENSURAVELMENTE”, coisa que se deve fazer somente com a mesma calma do


crocodilo, que representa a glutonaria, grandeza, enchimento.
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Geralmente, os sacerdotes e filhas de Òshún quando nascem com Orirere sob o Odù OGBE-
YONU: são pródigas, muito generosas, nobres, zelosas, justas, honradas e amáveis. Enquanto
as filhas de Òrìbùrùrù, sob a regência de Ogbe-Yònú, são egocêntricas, extremamente
ciumentas, rancorosas, amaldiçoadoras, maliciosas, melindrosas, feiticeiras, mentirosas,
dramáticas, fofoqueiras, ardilosas, loucas psicopatas. Mas, é necessário considerar que essas
características não se referem diretamente ao fato de ser filha ou filho de Òshún, quando na
realidade o caráter só se torna marcante através do Odù pessoal, somado à uma condição do Òrì
ser Òrìrere ou Òrìbùrùkú (bom Òrì ou mau Òrì), os quais emitirão as verdadeiras virtudes ou os
piores defeitos nas filhas de Òshún, como no caso de qualquer outro Òrìsà. Mas se tratando de
Òshún, suas filhas de Orirere (boa cabeça) devem se cuidar muito através de um culto constante
à Òrì, Òshún, Ifá, Èshù e Èlèyè, na finalidade de conseguirem amenizar e/ou até eliminar
qualquer eventual sofrimento gerados por inimigos invejosos e as vezes até por suas próprias
boas ações impensadas, ou ainda para manutenção da sua própria felicidade, saúde, ganhos,
consideração, honra etc.

Ainda no Ogbè-Yònu, consta um rigoroso pacto/promessa de fidelidade de Òrúnmìlà para com


Òshún, no qual foi estabelecido uma condição em que Òrúnmìlà jamais podia casar-se
novamente, com outras mulheres. Mas Òrúnmìlà não conseguiu manter-se sob o seu pacto com
Òshún. A partir de então cobe à Òshún receber rigorosamente o sacrifício de Òbukò-Odà
(cabrito castrado) e a Òrúnmìlà receber somente Ewure (cabra). Por isso, vemos hoje
rigorosamente os Bàbálàwo oferecerem Ewure à Òrúnmìlà e Òbukò-Odà à Òshún, na
finalidade de Òrúnmìlà nunca se esquecer de ter quebrado um pacto de fidelidade com Òshún.
Portanto, sacrificar Bode para Òrúnmìlà ou Cabra para Òshún, o sacerdote corre um terrível
risco de gerar, dentro da sua própria casa, todo tipo de traição, infelicidade, má-sorte, tristezas,
melancolias, maldições, dificuldades etc.

No Odù Ogbèwòrí, é onde as filhas de Òshún, iniciadas, recebem a autoridade de Ifá para
usarem o Opon, o Opele e o Ìyèrosùn (pó sagrado), e ainda mais, algumas raras mulheres, após
a menopausa, chegam a bater os seus 16 Ikin-Ifá, porém devida a condição de ser mulher, seus
Ikin não são consagrados no Igbodù, aonde nenhuma mulher jamais pode fitar Ìyá-Òdu,
correndo o risco de ficar definitivamente cega, inapta para a vida e até morrer. Ainda no Odù
Ogbèwòrì, é onde nasceu a glória no uso do Ileke, colar de Òrìsà. É neste Odù que os Ileke são
consagrados com magias, usando algumas Ewe-Ifá, alguns Ìyè (pós) etc.
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No Odù Ogbèdikáká, é onde todo ano são sacrificadas 02 Adiyè amarelas, dentro do rio, para
Òshún, nesse processo o sacerdote deve estar com a sua cintura envolvida por um Iró-Mààrùn
(pano amarelo) e por cima se envolve com outro Iró-Shèfún (pano branco). Na finalidade de
evitar possíveis desmoralizações, desonras, desprezos e sofrimentos por maledicências.

No Odù Ogbèrosùn, foi onde Òshún se casou com Òrúnmìlà e, passou ser chamada de
Òshúnmilàyá e Òshúnmilèyò. Neste Odù, a mulher se torna Apetebi ou Ìyánifá (esposa direta
de Ifá).

No Odù Irosungbè, é onde Ifá diz que a mulher deve cultuar Òshún na finalidade dela ter boa-
sorte no amor, assim eliminando a sua condição de Anifé (infeliz no amor).
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A MANIFESTAÇÃO DE ÒSHÚN

Muralhas em bronze do altar de Oshun em Osogbo, Nigéria.

Entre os Yorubanos, o culto à Òshún se destaca por características próprias e fixas, sempre ao
longo de todo Rio Òshún, o qual tem sua origem em Osogbo e percorre banhando as margens
de varias cidades que são: Ede, Iponda, Opara, Ilobu, Jakuepe, Makindè, Ijumu. Em todas as
cidades, Òshún mesmo com diferentes títulos é cultuada de uma única forma, sempre
homenageada com os mesmos rituais, sem qualquer alteração em seus fundamentos, onde seus
epítetos são meros títulos de referencia à sua expressão de Deusa, Mãe e Mulher. Em qualquer
cidade, Òshún é cultuada sob toques de tambores (Bèmbé, Òdúndún etc.), sempre com
cadência do ritmo Ijesa lhe é bem peculiar, como se ouvisse um som submergido por águas,
quando as mulheres dançam o tempo todo sobre abundante água de cheiro exalando um odor
agradabilíssimo. Seja em qualquer cidade, Òshún ao tomar a cabeça das suas filhas, todas
dançam de forma análoga, muito sensual e graciosa, envolvendo a todos com uma magia
inebriante. Quando seus cânticos são entoados na finalidade de exaltar o lado mais puro e
bondoso de Òlòdúnmàré, o qual é expresso exclusivamente através de Òshún como Deusa do
amor incondicional, Mãe generosa e Mulher sensual. Um momento tão precioso que todas as
mulheres com seus corpos molhados e enfeitados por grande quantidade jóias, entre corais e
bronzes polidos, dançam harmoniosamente ao som irresistível dos Ilu (tambores), Sekere e
Agogô. A magia é tão grande e penetrante, que podem se sentir como crianças embaladas no
colo da Grande Deusa das águas doces. Esta é Òshún, a Vênus Negra, a Mãe Transcendental.
Divindade que possui uma grande quantidade de Epítetos, mas de forma única saudamos
respeitosamente: Ore Yeye ô!
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OS TITULOS DE ÒSHÚN RELACIONADOS COM OS ODÙ-IFÁ

Abaixo veremos alguns de seus títulos retratados por vários Odù-Ifá, cada um deles na sua
forma peculiar citando uma profunda característica de Òshún, revelando-a como a magnífica
Deusa do Amor incondicional. A mãe da maternidade e dos recém-nascidos. A senhora do
metal nobre (bronze) e do mais puro mel. A mãe das mulheres serenas como as águas. Temos
então:

1 – ÒSHÚN ONÌBÚKÒLÈ

Òshún recebe este titulo no Odù Ogbetura. Neste Odù, Òshún recebe muito como oferenda o
Etu (galinha d’angola). As suas filhas deste Odù, são aquelas que cuidam muito bem de sua
casa, recolhe o lixo produzido dentro dela e adoram tudo muito limpo, cuidam dos seus filhos e
esposo.

2 - ÒSHÚN AFINJU

Òshún recebe este titulo no Odù Odibara. Neste Odù Òshún recebe muito o Adimu chamado
de Obewe, preparado com vegetais (espinafre, saião, bredo, parietária, bertalha, alface, santa-
luzia e vitoria regia). As suas filhas deste Odù adoram o sexo, sentem pavor da solidão, mas
não admitem, e vivem mentindo pra si mesma até um dia despertar de suas fantasias e
caprichos. Elas prezam muito pelo casamento e se empenham para verem todos felizes no
matrimônio. São mulheres hipersensíveis, vivem em busca de consideração e reconhecimento,
mas um dia percebe que essa sua busca é um capricho infantil, só então começam a se auto-
valorizar e não se importar mais com o que as pessoas pensam ou falam dela. A partir dai
começam a ser felizes de fato.
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3 – IBULARO-IGANIDÈ

Òshún recebe este titulo no Odù Owónrin-Meji. Neste Odù Òshún recebe muito o sacrifício de
Aparo (codorna/perdiz). As suas filhas deste Odù, geralmente devem fazer sacrifício de Aparo
e galinha cinza, rigorosamente, executado pela manhã na desembocadura do rio para o mar.
Por isso, suas filhas deste Odù não podem comer codorna/perdiz. Geralmente as mulheres deste
Odù, são geneticamente ou intelectualmente surdas, chegando ao ponto de não ouvirem
conselhos de ninguém. São muito introspectivas, rebeldes e resolvem fazer tudo por sua própria
conta e riscos, por isso, vivem se metendo em grandes apuros.

4 – ÒSHÚN-ODÈ-DUDU:

Òshún recebe este titulo no Odù Oturuponyeku. Neste Odù as suas filhas, deste Odù se trajam
cotidianamente de Azul turquesa, branco, amarelo, verde e preto, precisam usar na cintura um
couro de cobra, crocodilo ou leopardo negro, na finalidade de se livrar de perseguições e outros
males. Suas filhas usam na cabeça um Ade feito com uma grande quantidade de penas
vermelhas da cauda do papagaio chamado Ekodide e entre essas penas sagradas usam penas do
avestruz, caindo para trás. Suas filhas nascidas sob a regência deste Odù, Oturuponyeku, são
consideradas temíveis amazonas, são mulheres bem aguerridas, tipo caçadoras bem decididas e
muito sérias. Nesse Odù, Òshún era chamada de ÒTYÍN, extraído da palavra: Yeye Òtyín-
Òshún-Ìyágbà-Òdè-Dùdú, por ser cultuada no Rio chamado Odo-Otin, o qual deu origem ao
seu titulo. No Oturuponyeku, Òshún é cultuada também em lagoas de água doce, onde se toca
tambor em sua homenagem nos momentos de oferendas deixadas na água. Suas filhas, deste
Odù, são sensíveis, mas tem uma aparecia resistente e arrojada, são objetivas e odeiam fofocas,
têm a vocação para o comércio e o chamado para Apetebi (esposa de Bàbálàwo). Aqui as
mulheres são proibidas de usar roupa vermelhas, em respeito as Eleye.
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5 - YEYE-ÒSHÚN IJUMU ou IJIMU.

Òshún recebe este titulo no Odù Ika-Meji. As suas filhas deste Odù, geralmente sofrem com
inchaço na barriga sem que haja gravidez, às vezes sofrem de gravidez psicológica ou barriga
d’água. Precisam ser iniciadas, primeiro em Ifá e só depois em Òshún, na finalidade de pedir
misericórdia e expulsar Àrùn de dentro da barriga.

6 – OJUMILOBA ou ILOBA ou ainda OJUMÒMÒ.

Òshún recebe este titulo no Odù Oyeku-meji, no qual narra que Òshún ficou inteiramente cega
(vendada) vivendo definitivamente em companhia de Òrúnmìlà. Cultuada entre a madrugada e
o amanhecer, chamada também de Ojumòmò, a mãe da aurora.

7 - ELEDAN.

Òshún recebe este titulo no Odù Osherosún. Conhecida como a dona dos Edon (estatuetas) e
das cavidades uterina, fossas nasais e das cavidades encontradas nos rios, aonde recebe o Odà
(cabrito pequeno castrado).

8 - AJEDEREKUN.

Òshún recebe este titulo no Odù Òtùràsá. Cultuada nas grandes pedras deformadas
encontradas nos rios, como também cultuada na cavidade de um caracol marinho. As suas
filhas deste Odù, não usam o ADE e esconde o rosto completamente embaixo de muitas penas
do Ekodidè, porque sob este Odù, Òshún está ligada a deformação facial. Conta neste Odù, que
Òshún vivia sobre o dinheiro (búzios), o caramujo Aje. Porém, neste Odù Òshún não fornece
dinheiro à ninguém, e é por isso que não é aconselhável assentá-la neste Odù Òtùràsá.
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9 - YEYE-ONIBÚ.

Òshún recebe este titulo no Odù Ireteyero. Neste Odù, Òshún é a matriarca da sociedade dos
Òrìsà, na qual é chamada de Ìyálódé. Por isso, é ligada ao Igbadu, mas de forma alguma é
vetada ser cultuada dentro do mesmo. O título de Ìyálódé foi primordialmente de Òshún, depois
como citam os cânticos de outros Òrìsà: Òyà, Iyewa, Oshalulu, mas é Òshún sempre que
encabeça toda a sociedade de Òrìsà, com o titulo de Ìyálódé. A função de uma Ìyálódé é reunir
as mulheres para discussões públicas que lhes interessam etc. A lider Ìyálódé representa todas
mulheres da comunidade. Esse é o maior título honorífico que uma mulher pode receber e que a
faz naturalmente a cabeça líder das mulheres e da representação feminina no àiyé, o poder
ancestral feminino. Neste Odù, Òshún recebe o bode castrado (Obuko-Odà), cuja cabeça depois
de seca é transformada em um pó preto, na finalidade de preparar um Àsé Òshún, que integrará
em seu Igba (assentamento) e a mulher usará para vários fins. Conta uma lenda, sociocultural,
que Òshún teve uma irmã chamada Omiwálekoseselebomu, a qual é cultuada junto de Òshún,
mas apesar dela ser uma divindade, Omiwá, sua irmã, não toma a cabeça de ninguém.

10 – ERÍNLÈ ou ÒSHÚN ILOBU

Òshún recebe este titulo no Odù Ogbekanran, no qual narra que foi Òshún quem ajudou
Òrúnmìlà a esquartejar o elefante, quando foi chamada de Erinlè, por ela ter exposto seu outro
lado de característica incomum, agindo como um homem Forte, robusta e varonil. Assim
sendo, Erinlè teria sido a primeira manifestação espiritual numa cabeça humana (incorporação).
Ainda no Odù Ogbekanran, Òshún se tornou erveira e oleira, fabricante de itens em barro sob
domínio de Erinlé, sendo a dona da terra úmida, fértil. Erinlé é a palavra Yoruba que significa
“Aquela que inunda a terra” ou “Aquela que derruba o Elefante na terra e a mesma se enche
de abundância”, uma alusão à grandeza e força de Òshún. Mas primordialmente vemos Erinlè
sempre relacionada a terra e as margens férteis dos rios, devido a umidade e fertilidade da terra
local, uma força presente nos acúmulos de água que dão origem aos alagamentos, inundações e
nos locais onde a água é represada formando as crateras e poços profundos. Erinlè é muito
cultuada na cidade de Ilobu, uma cidade ao sul da Nigéria Ocidental, Ogbomosho e Oshogbo,
onde existem centros de comércio de produtos agrícolas como inhame, milho, mandioca, óleo
de dendê, abóbora, feijão e quiabo. Antigamente era Erinlè era cultuada pelos pescadores e
médico-botânico. Os sacerdotes de Erinlé (Òshún-Erínlè) usam um cajado bem similar ao
cajado de Ifá. Na cidade de Ilobu, aonde Òshún é cultuada com o nome Erinlè, quando entre
outras oferendas recebe oferecimentos de Pombos e Pombas brancas soltos ao ar sobre o
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mesmo rio. Òshún sob esse título, Erinlè, expõe as suas virtudes mais ligadas às águas e ao
bosque, concomitantemente ligada a terra fértil existentes nas margens do rio Ilobu, dessa
mesma forma em qualquer outro rio do planeta, Òshún sempre é digna de ser louvada e
cultuada. Sua principal oferenda é o Ekuru-Aro, ofertado embaixo da terra, depois a mesma é
umedecida com bastante água fresca. Recebe ainda o Bode branco, mas deve ser castrado no
momento antes de sacrificá-lo em homenagem à Erínlè.
Geralmente, as suas filhas nascidas sob o Odù Ogbekanran, se trajam de branco e Azul claro e
Azul escuro. A cor branca simboliza a brisa e orvalho da manhã, o Azul claro simboliza a
superfície das águas, enquanto o Azul escuro simboliza a profundidade do rio e principalmente
a terra negra fértil. Seus Ileke são preparados com contas de Nácar (madrepérola), pedras
preciosas de turquesa e muitos corais amarelos. Neste Odù, Erinlè-Òshún é muito misteriosa e
gosta de receber oferendas juntamente com Obatalá, chegando, por vezes, a ser confundida
com o mesmo, por utilizar muito a cor branca. Ainda neste Odù, Òshún expressa a fertilidade
da terra pela água da chuva e água dos rios, por isso é muito ligada a agricultura, habitat de
Òsharoko. Por causa deste Odù e por seus atributos de caçadora abatedora de Elefante, Òshún
foi chamada somente de Erinlè e confundida com um homem caçador de Elefantes, esse
equivoco chegou ao absurdo de Erinle ser cultuada de forma distinta de Òshún, como se fosse
outro Òrìsà. Em alguns países da América Latina, Erinle foi equivocada e até cultuada como
um Òrìsà masculino, caçador, o Brasil é um desses países que não deixou de se equivocar a
respeito de Erinlè.
Alguns Orin de Erínlè
Oluèri Erilé, Erinlè a senhora que inunda o rio,
Emini a Ìyágba. Soberana cheia de umidade.
Erinlè lode de o! Erinlè veio lá de fora.
Erinlè gbele de o! Erinlé chegou para proteger nossa casa!
Òshún beeni Erinlè Òshún é a própria Erinlé.
Erinlé ni Òshún. Erinlè é a própria Òshún
Ta ni Ibu Olodo? Quem é a dona das profundezas do rio?
Ta ni onilé rinrin Quem é a dona da terra fertil, umida?
Erinlé ta ni Olodo! Erinlé é a dona do rio.
Erinlé ta ni Ìyálé rinrin Erinlé é a mãe da terra fertil.
Ajagba Odè nigbo Guardiã caçadora do bosque
Erinlè ajagba olomini. Erinlè é a mãe guardiã senhora das águas que inundam
Gbogbo wa re o Venham todos ver!
Gbogbo wa re o! Venham todos ver!
Ìyámi Erinlé ajagba Erinlè minha mãe guardiã
Gbogbo wa re o Venham todos ver!
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Gbogbo wa re o Venham todos ver!


Ìyámi Erinlé ni igbòdè Erinlè minha mãe caçadora do bosque!
Gbogbo wa re o Venham todos ver!
Gbogbo wa re o Venham todos ver!
Ajagba Odè Erinlè Erinlè soberana guerreira e caçadora!
Gbogbo wa re o Venham todos ver!

11 – ÒSHÚN-LOGÙN

Òshún recebe o titulo Òshún Logùn nos Odù Ogberetè, Osèbara, Osebirete e Oditura.
Apesar de Òshún ser a acompanhante preferida de Ògún, como conta de sua união com Ògún
no Odù-Ogberete, mesmo assim Òshún não suporta usar qualquer tipo de arma mortal, pesada
ou perfutante. Porém, quando Òshún vem no Odù Ogberete, ela se disfarça de amazona
caçadora, se transmutando, sob a influência desses Odù-Ifá, quando aparece nessa sua
transformação é chamada de Òshún Logùn: uma faceta mais aguerrida e se mostrando de
forma irascível, mantendo ligações fundamentais principalmente com as Àjè, relacionadas aos
mananciais de águas preservadas no interior dos bosques. Por esse motivo se torna mais
aguerrida e aparentemente assustadora. Faz-se presente nos locais de encontro das águas do rio
com o mar. Sob este título, Òshún está ligada ás oscilações do caráter feminino, que durante o
dia representa a mulher madura, consciente de sua graça e elegância, revestida de respeito e
classe. Por outro lado, durante a noite, expressa a mulher caçadora, guerreira, batalhadora e
belicosa, aquela que porta uma coroa brilhante feita com malacachetas e cheia de penas que
caem nas suas costas até a sua cintura, cobrindo-lhe ainda o corpo com uma quantidade
abundante de penas sagradas, extraídas dos pássaros noturnos/predadores, na finalidade de se
camuflar, amedrontar ou assaltar qualquer ameaça eminente. Portanto, nesse aspecto de Òshún-
Logùn, a mesma está intrinsecamente ligada ao culto das Èlèyè, personificando a grande
capacidade de caçar como os pássaros noturnos predadores. Em termos humanos, as mulheres
de Òshún-Logùn expressam um caráter dúbio, hora juvenil e hora anciã, porém são sempre
muito vigorosas e cheias de manias e preconceitos, quando se tornam mau ou bem humoradas,
sofrendo as oscilações devido a influencia impessoal das forças Àjè. Ritualmente sob este
aspecto, Òshún-Logùn está profundamente ligada à terra, concomitantemente ao culto de
Obaluwaiye, aonde ambos simultaneamente recebem o Pètèkì como Adimu principal. Esta
relação de Òshún-Logùn com a terra é tão profunda que chega ao ponto de alguns Yorubanos
afirmarem que Òshún-Logùn é muito ligada ao culto de Obaluwaiye. Isso ocorre devido ao fato
da sua tamanha mudança de aspecto e comportamento, influenciada por tal Odù citado acima.
Muito remotamente, na aldeia de Èdè situada na cidade de Edo, Òshún era chamada de Òshún-
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Logùn, Òshún-Èdè ou ainda de Òshún-Logùn-èdè, isso, por ela ser a responsável de proteger a
concepção de crianças Ibeji (gêmeos), macho e fêmea. Porém, é sabido que em toda a Nigéria o
título Logun-èdè não passa de um mero titulo de Òshún, aonde título não é priorizado entre os
Yorubanos, ao passo que no ocidente, o título Logùn-èdè foi difundido sob um universo de
equívocos referentes a união de Òshún com Ògún, o que gerou motivos improváveis para
inventarem rituais próprios na forma de um Òrìsà independente, ao mesmo tempo delicado e
caçador, outras horas até homossexual, tudo baseado em um único mito mau interpretado, o
que provocou o estabelecimento de um culto precário em torno de Òshún e Odè, assim criando
um Òrìsà imperfeito em volta da dualidade sexual, associado a confusão sexual. Tudo isso
gerado devido a má interpretação do enigmático Itan-Ifá narrado no Odù Oditura, o único Odù
que Ifá faz referência ao titulo “Logùn-èdè”, com a finalidade excepcional de explicar a forma
misteriosa que Ifá adverte sobre a punição com Iku (morte) aos sacerdotes desobedientes,
promíscuos e corruptos religiosos. Nesse mesmo Odù, Ifá relata ainda sobre a conseqüência e
sentença a morte pelo mau uso da magia enganosa, da mentira. Por fim, narra o surgimento e
real motivo do culto à IBEJI-ÒRÒ (Òrìsà da dualidade) aludindo à uma mera pessoa chamada
Logùn-èdè, que foi iniciada sob a desobediência de um Bàbálàwo. Portanto, Ifá não lhe dá
qualquer mérito seja na forma de Ebora, Imole ou Òrìsà. Deixando bem claro que qualquer
aparência de duvida de se mostrar, a pessoa poderá ser salva de Iku através do culto à Ibeji-
Òrò,o qual é intrinsecamente ligado ao culto de Obaluwaiye e Omolulu. Juntos formam o Par
de Divindades interligadas (terra e água, macho e fêmea), são cultuados simultânea e
restritamente por pessoas que nascem Gêmeas, sejam elas Abiku ou não. Ou ainda por pessoas
com a prática de travesti de homem ou mulher, escondendo o seu verdadeiro gênero. Maiores
detalhes sobre o equivoco de Logùn-èdè, estudaremos mais abaixo, no tópico “Destronando o
Mito de Logùn-èdè.
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OS MITOS E EQUIVOCOS ENTORNO DE ÒSHÚN


DESTRONANDO O MITO DA HOMOSSEXUALIDADE DE LOGÙN-ÈDÈ

Itan do Odù-Ifá Oditura

Em Terras Ijesha vivia Òshún, a qual teve um caso amoroso com um homem comum que era
um pescador chamado Tobi-Òdè (Ògún) da Cidade de Edo. A criança nascida da união de
Òshún com o pescador recebeu o nome de Logùn-èdè. O menino ao nascer pegou de seu pai
uma magia que lhe permitiu ser; por seis meses mulher e seis meses homem. Mas, ninguém
conhecia o segredo dessa magia excepcional. Seus pais para evitarem constrangimentos sempre
viajavam de um lugar para outro, assim quem conhecia a criança como homem não lhe
conhecia como fêmea. Dessa forma, Logùn-èdè foi crescendo e, quando adulto já era conhecido
em toda terra Yorubá, em alguns locais como homem e em outros locais como mulher.

Um dia quem lhe conheceu como homem foi Ologbojodu, um Bàbálàwo e Rei da cidade, que
percebeu a grande inteligência do rapaz e lhe pediu permissão para indiciá-lo em Ifá, então
foram perguntar a Òrúnmìlà e pedi-lo a permissão para tal cerimonial ocorrer. No momento da
consulta, Ifá afirmou uma dualidade, falou de duvidas e também aconselhou o Bàbálàwo a não
iniciar o rapaz. Ologbojodu deslumbrado teimou e iniciou o rapaz em Ifá. Tudo estava bem,
mas ao passar os seis meses, Logùn-èdè disse ao seu Bàbálàwo, que precisava ficar fora,
viajando por seis meses. “Mas a realidade era que ele se transformaria em mulher por seis
meses”. Logùnede saiu em disparada, mas naqueles dias no mercado de IGADA, apareceu uma
mulher de beleza ímpar, de tal beleza que todos os homens admirados se apaixonavam por ela.

Um dia Logùn-èdè percebeu Ologbojodu ser seduzido também por sua beleza feminina, que
lhe correspondeu aos cortejos, aceitando ser levando para a casa de Ologbojodu. Ao perguntar
o nome dela, ela disse que se chamava Omilobe. A partir de então, eles viveram em plena
harmonia e ao termino de seis meses, na ultima noite, ela lhe disse lhe tinha que sair para visitar
seus parentes. A bela mulher, que não era outra mulher senão o próprio rapaz “ Logùn-èdè” em
fase de transfiguração. Ologbojodu apaixonado como estava, naquela noite resolveu possuí-la
com luxúria e logo após o ocorrido a “mulher’ adormeceu. Então, ao passar da meia noite o
estágio foi cumprido seis meses de mulher quando se transformou em um lindo homem. No
momento que Ologbojodu despertou se surpreendeu ao ver que ao seu lado não dormia mais a
bela mulher Omilobe, se não o seu próprio seguidor Logùn-èdè.

A confusão reinou na mente do sacerdote Ologbojodu e aterrorizado foi ao pé de Òrúnmìlà, que


após lhe saudar naquela manhã apareceu novamente o Odù ODI-OTURA em condição Ibi,
marcando IKU (morte), devido a sua desobediência, corrupção e promiscuidade/sexomania. Ifá
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alertou que Iku estava vindo buscá-lo e apenas Lafaun, um homem que vivia no coração de
uma floresta, sabia o segredo de “Oditura” para salvá-lo de Lopaleri (morrer por perder a
cabeça). Porém, não havia ninguém que soubesse o caminho para a casa de Lafaun, apenas
Abanakè, outro nome de Elegbara, o qual aceitou conduzir o Bàbálàwo pecaminoso até a casa
do Lafaun. Isso, após receber 1 Akuko, um pouquinho de Oyin, um Eyin e um Ekodidé. Depois
de Ologbojodù oferecer tais iguarias à Eshu, Ifá orientou Ologbojodu à carregar Logùn-èdè
consigo até a casa de Lafaun, e que junto com eles levassem; 02 Eiyele, 101 Ogedewewe
(banana ouro), Ekodide pequenos, peças de marfim, 4 Eko, 04 Eko-Olarito (pudim de amido
preparado com waji), Atare e 2 Etu-Funfun. Quando chegaram à casa de Lafaun, o qual já
estava interado do assunto que lhes conduziram até ele. Então Lafaun após explicar ao
Bàbálàwo, lhe deu um Gbori, envolvendo a cabeça de Ologbojodu com Ahikale (uma seiva
vegetal), a fim de salvá-lo de Iku (morte). Em seguida Lafaun executou um Ebo para Logun-
èdè, sacrificando os 02 Etu-Funfun diretamente em dois Ere chamados de Ìbejì-Òrò, marcando
a sua forma correta de assentamento, e foi nesse momento que Logùn-èdè perdeu
definitivamente a sua capacidade de se transmutar em mulher, se perpetuando como um
homem. Porém mais adiante, Logùn-èdè foi sentenciado à jamais exercer a função de Ifá
(Bàbálàwo), a partir de então passou a usar os seus Ikin perdidos fixados em seu Ade (coroa).

NOTA: Neste Itan narrado acima, Ifá revela, biologicamente, à verdadeira referencia de
Logùn-èdè, como uma mera manifestação IBEJI, assim desvendando um enigma que envolve
Òshún ao parir Gêmeos, macho e fêmea, (dois, em um só), como espíritos infantis cultuados
simultaneamente, na finalidade da interação dos opostos, a duplicidade. Condição esta
intrínseca e puramente representativa no culto de Obaluwaiye. Ifá ainda explica que se a
pessoa nascida de um parto de gêmeos, se não possui IBEJI assentado, deve recebê-lo
imediatamente na forma de duas estatuetas de madeira e tudo mais que é duplo. Mas, IBEJI
somente pode ser recebido por uma pessoa que foi concebida na condição de gêmeos, nunca
deve ser dado para quem não possui tal condição. Na finalidade de evitar constrangimentos,
vergonha, não se faz Ifá em qualquer homem ou mulher de opção Adodi (homem ou mulher
com o mal habito de se travestir no que não é de fato).
A real moral desta historia narrada por Ifá no Odú Oditura, tanto esclarece um enigma como
adverte ao consulente homem que ele está preste a perder sua cabeça e morrer, ao se casar
enganado com uma pessoa que se mostra duma forma e de outra. Uma personalidade oscilante.
Assim sendo, se o Bàbálàwo não correr desse tipo de situação imediatamente, acabará
morrendo como conseqüência da duvida, frustração ou confusão mental.
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DESTRONANDO O MITO DA RIVALIDADE ENTRE ÒSHÚN e OGBÀ

Outra lenda, de conceito puramente sociocultural, ressalta a inteligência das filhas de Òshún, as
quais se empenham para se impor diante de uma cultura machista. Um mito narra que Sàngó, o
poderoso Òrìsà do trovão, possuía três acompanhantes, as quais se manifestavam através da
tempestade; Oyá a ventania, Ogbá-Èlèkò o som dos trovões e Yeye-Òshún a água da chuva,
sendo que a última era a sua favorita. (Significando que Òshún é a favorita de todos que sentem sede, como
a favorita para o plantio e preserva a continuidade de todas as coisas ). Pois bem, ansiosa por receber

maiores atenções do marido, Ogbá-Èlèkò pediu à Òshún que lhe ensinasse uma magia (oogun)
que havia feito para conquistar o coração de Sàngó. Ardilosa e maldosamente a bela Òshún
orientou a concorrente Ogba-Èlèkò que cortasse uma de suas orelhas e que a servisse depois de
cozida, como alimento ao marido. Ogbá-Èlèkò, acreditando na “sinceridade” de Òshún, não
hesitou em decepar a sua própria orelha e com ela preparou um belo prato, de acordo com o
gosto de Sangô, que ao deparar-se com o alimento, ficou indignado e expulsou Obá-Èlèkò do
seu palácio real. Terminado assim, com qualquer possibilidade de um dia Ògbà vir a ser a sua
favorita. A partir de então, Obá-Èlèkò e Òshún tornaram-se inimigas.

NOTA: A real moral desse mito criado entre os Dahomè, foi na finalidade de desbancar todos
os prestígios de Òshún ligados a bondade e sua eterna generosidade, como é cultuada entre o
povo Yoruba. Contraditoriamente, esse mito nada tem haver com o Òrìsà Òshún na liturgia,
mas sim com as mulheres de uma sociedade machista, onde elas sofriam depreciações,
desrespeitos e desprezo, se sentindo inferiorizadas pela lei do mais forte, sendo sempre
obrigadas a competir com outra igual. Tudo isso numa luta constante por um lugar merecido,
um direito, um amor ou pela dignidade.
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Òyà ou Ìyánsàn é um òrìsà que se relaciona a elementos contraditórios, pois sua origem é na
água e nessa união de água e vento, Òshún e Òyà, geram fogo na tempestade em forma de raios
que cortam o céu no meio de uma chuva. Assim como Sàngó se manifesta no Edun-Àrà como
gerador de luz brilhante nos raios e Ògbà nos trovões em meio os choques térmicos numa
tempestade.

Òyà tem a sua materialização no próprio vento, na forma de brisa ou tempestades fortes, os
ventos extraordinários como furacões, ciclones e tufões. Por isso, entre os conhecedores, diz-se
que Òyá não existe sem Òshún, ou vice versa. Juntas formam a interação desse ciclo constante,
infinito.

Assim sendo, Òyà personifica a rapidez dos ventos, a distinção, a cólera expressiva, a
obstinação, determinação, poder de decisão e coragem, ao ponto de não temer nem mesmo a
morte. A coragem, a vontade de agir e de vencer, e a rapidez de Òyà, são apreciáveis.
Atribui-se aos filhos de Òyà, um temperamento forte e de capacidades múltiplas para lutar e
conquistar tudo o que deseja. Não medem esforços para alcançar os seus objetivos,
principalmente por ser intensamente amáveis, contagiantes, dominantes e alegres. Porém, ao
serem contrariadas pode demonstrar com a mesma intensidade, sua raiva e cólera, sem mesmo
se dar conta da proporção no alvo atingido.

As filhas de Òyà apresentam atitudes e comportamentos muito semelhantes ao homem, que


fogem ao domínio do lar, o que a diferencia de algumas Ìyábà (òrìsà feminino). Òyà não está
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presente na sutileza dos pequenos afazeres e detalhes da vida doméstica, desprezando assim, o
papel tradicional feminino, porém, é a mulher que acorda cedo, despede-se de seus filhos e sai
em busca do sustento necessário para a sua sobrevivência e dos seus. Bem ao contrário das
filhas de Òshún, que preferem cuidar do lar com extremo esmero e assim atrai todas as coisas
boas para si e os seus. Mas tanto as filhas de Òyà como as filhas de Òshún possuem fortes
tendências ao comércio de roupas, comércio de alimentação, corretagem de imóveis e terras,
líder de culto. Portanto, ambas são muito ativas ao seu modo peculiar.

A finalidade desse tópico é apontar a relação natural e intrínseca entre Òshún e Òyá. De tal
forma, que toda filha iniciada em Òyá necessita assentar e cuidar de Òshún, como toda filha
iniciada em Òshún necessita possuir e cuidar de Òyà. Isso, independente dos pormaiores e
pormenores relacionados à Odú ou títulos, na qualidade de forças naturalmente
complementares e fornecedoras do seu Àshè característico. Fato que é muito bem
compreendido na forma tradicional que a força de Òyà e Òshún é assentada.
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ÒSHÚN E OS ESPÍRITOS EMERE

Conta um Itan, que Yeye-Òshún era responsável por acionar o fole, o qual produzia um som
ritmado e muito agradável. Atraído por este som, os Egúngún-Ere (espíritos infantis) puseram-
se a dançar diante da ferramentaria, atraindo um grande número de assistentes que por ali
passavam. Encantados com o bailado dos Egúngún-Infantis, os passantes lhes fizeram muitas
oferendas de dinheiro, o que os deixou felizes e vaidosos. Ao saber que os Egúngún-Ere
(Emere) estavam ganhando dinheiro com suas apresentações, Yeye-Òshún exigiu que metade
da renda obtida fosse dividida com ela, caso contrário, não acionaria mais o fole que produzia o
ritmo e sem o mesmo não poderiam mais dançar. Sem alternativas, os Egúngún-Emere tiveram
que aceitar a exigência de Yeye-Òshún, passando a partir de então, a dividir com ela tudo o
que ganhavam em suas apresentações. Yeye-Òshún além de sua ligação perpetua com Ògún-
lagbèdè, o divino forjador do bronze, Ògún, ainda tem plena relação com a concepção de
crianças Ibeji (os gêmeos), como ja foi narrado no Itan do Odù Oditura.
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MINUCIAS SOBRE O CULTO DE ÒSHÚN

No culto à Òshún, a mesma personifica à mulher muito zelosa e que ama receber flores singelas
e cheirosas, cuida muito bem do seu marido e filhos.

O Igbá de Òshún tem que estar sempre cheio de água fresca e sempre acompanhado com
vasilhames de mel de abelhas, o qual suas filhas devem consagrar e lamber todas as manhãs.
Algumas usam o mel para massagear o seu próprio corpo, na finalidade de viverem alinhadas
com as características de Òshún, que são: bondade, afeição, doçura, felicidade, consideração,
respeito, prosperidades e dignidade.

Como Ifá declara nitidamente, que jamais se deve verter o sangue de qualquer animal sobre os
Okutá (pedra sagrada) de Òshún, mesmo com ela sob qualquer vertente manifestada e baseada
nos Odù. Significando que Òshún será sempre a mesma Òshún, estando sob qualquer
manifestação peculiar de qualquer Odù, ela jamais perderá a sua característica principal, a dona
da água fresca e límpida, aquela que cura usando somente a água fresca, sem qualquer
necessidade de sangue animal. Outro detalhe, é que Òshún tem verdadeira aversão à morte de
qualquer ser vivo, principalmente sobre os seus Okuta. Não obstante, seus outros elementos são
consagrados com o sangue animal, isso rigorosamente através de Odù-Ifá específico. Portando,
isso significa que ousar assentar ou simplesmente cultuar Òshún de forma aleatória, ignorando
a necessidade da sua realização sob a rigorosa tutela de Ifá, através de um Odù respectivo,
geraria sérias complicações tanto para quem faz como quem a recebe. Outra possibilidade seria
neutralidade, não obtendo qualquer efeito e favorecimento
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Cultural e ritualisticamente, Òshún é a guardiã dos segredos inquestionáveis, revestida de uma


enorme aura de mistérios e enigmas, esclarecidos somente através de um profundo
conhecimento em IFÁ. Òshún é cultuada também em profundas lagoas de água doce, onde
estabelece a sua residência. Conta a lenda que Yeye-Òshún costuma aprisionar em seu reino
aqueles que se aventuram a mergulhar em suas águas profundas. Portanto, Yeye-Òshún
originalmente é poderosa e possui a sua maneira peculiarmente calma para guerrear e sempre
vencer.
Como vimos, Yeye-Òshún representa a alta feminilidade em todos os seus diferentes aspectos.
A sua relação com o encanto e inteligência proporcionaram-lhe a possibilidade de ter sido, por
escolha própria, a esposa perpetua de Òrúnmìlà. E assim, como esposa de Orunmilá - Senhor
Patrono do Oráculo Ifá – recebe o nome de Òshúnmilàyá, o mesmo lhe conferiu o título de
primeira Apetebí, que até os dias de hoje é dado à toda esposa de Bàbálàwos.
Òshún além de ser a principal esposa de Òrúnmìlà-Ifá, sempre manteve uma relação fraternal
de amizade e cumplicidade com Esù. Essa grande amizade é relatada numa lenda, com um
sentido muito sociocultural, onde diz que Òshún, com o auxílio de Èsù-Odara, recebeu o
segredo dos 16 Odù-Meji, extraído do sistema inalterado de Ifá, na finalidade dela proporcionar
condições para que as mulheres e seus sacerdotes, Òlòòshún, pudessem proceder à
“divinhação”. Dentre as figuras do oráculo, destacamos o Odù Òsé-Meji, através do qual
Òshún reivindica e se comunica com os seres humanos através de Ifá.

Partes do corpo: todo o rosto, o baixo ventre, o baço, o coração da alma;

Patrona do ventre, a terceira visão e a circulação sangüínea.

Cor de suas roupas: Sempre brancas.

Domínios: rios, cachoeiras, cascatas, amor fraternal, amizade, fecundidade, gestação e


maternidade.
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A RELAÇÃO DE ÒSHÚN COM OSORONGA E SEU PODER DE FERTILIDADE

A importância dada ao ovo no culto às Ìyáàmi, depois especialmente no culto de Òshún, tem
haver com a sua simbologia, ligada à fertilidade, criação, origem de vida, fecundidade, poder,
mistério, enigma e revelação. Tanto os yoruba como os Egípcios, Fenícios, Babilônios, Gregos
etc., têm em comum a idéia de que o Ovo é o retrato mítico do universo, o qual se subdividiu
em dois, formando o Céu e a Terra. Portanto, mitologicamente o Ovo esteve sempre ligado à
criação, possuindo o seu lugar, em varias histórias mitológicas em diferentes países. Mitos que
deram ao Ovo a razão da criação do Mundo A sua gema fértil é como o globo terrestre, a clara
é como o firmamento e a atmosfera e, da casca, a esfera celeste e os astros. E ainda
destacarmos na história, a simbologia do ovo com um representante do sol e da água, com esses
três dos principais elementos formuladores de lendas. De varias formas, o Ovo sempre
simbolizou o embrião, o mundo e a vida, o sol, a vitória da luz sobre as sombras e, o poder da
magia em seus vários aspectos, por sua vez, a água simboliza o meio primordial da fertilidade.

Um mito conta que Olodumare possuía quatro ovos em um pote, e ao pegá-los, um deles caiu
no chão e se quebrou, revelando um potencial em seu conteúdo, o seu poder e riqueza,
nascendo então uma extraordinária força chamada Àjè (o poder extremo do bem e do mal), a
primeira manifestação com todas as características e atributos femininos, a mesma que deu
origem à toda existência. Nesse exato momento, Olodumare percebeu que tudo estaria
intrinsecamente ligado à poderosa fertilidade do Ovo e conseqüentemente ao pássaro, ao poder
de Èlèyè, a força sobrenatural que domina toda a estrutura física, terrestre e universal.

Posteriormente, do momento que um óvulo é fecundado, é Òshún quem se faz presente, deste
momento em diante. Ficando ela responsável pelo desenvolvimento do feto dentro do útero,
assegurando a vida, passando pelo seu nascimento e crescimento, até que a criança nasça e
comece a emitir seus primeiros sons de palavras. Portanto, a presença de Òshún marca dês do
momento que o embrião se forma no útero, imediatamente o sangue é retido e dá inicio a
formação da placenta, que estará temporariamente ligada ao feto através do cordão umbilical e
manterá a sua vida, somente durante a gravidez. Esse acúmulo de sangue proporcionará a vida
e estruturará o corpo físico do bebê.

Em todos os conceitos, o sangue emanado por Òshún, é a existência da vida, pois a


menstruação é para as mulheres é uma bênção das Ìyáàmi, através da mesma revela-se a
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realidade de seu poder: a possibilidade de gerar, conceber, criar, cuidar e ensinar. Porém, é na
placenta que se aloja o destino de cada ser vivo, a força do seu Odù pessoal, que o colocará em
jogo da vida, ligado perpetuamente a criança com sua mãe. Portanto, quando uma criança nasce
se a placenta não for retirada a mãe certamente morrerá. Portanto, é o sangue que jorra do
interior da mãe sobre a criança no dia do nascimento, que a consagra à vida. O jorro da vida é
comparado ao conteúdo do ovo que se relava ao cair no chão, mostrando mais uma vez o Àsé
de Ìyáàmi.

Comparando o ovo com todas as formas arredondadas, símbolos que remetem à idéia de
fecundidade na terra, no útero da mulher, nas ovas dos peixes, nos ovos dos pássaros e aves. E
por isso, no culto de Òshún os peixes e pássaros são sacratíssimos, os quais revelam o Àsé
potencial através das escamas e penas, evocação ao povoamento de descendentes por toda
extensão terrestre. Portanto, o ovo é o símbolo de maior importância entres os Àsé de Ìyáàmi,
seu valor é tão representativo como eficaz quando utilizado para neutralizar ou eliminar o mal,
acalmar, refrescar e nutrir.

Na sociedade Òsóròngá, entre muitos e outros nomes como Ìyáàmi Èlèyè e Ìyáàmi Ako, aonde
Òshún na forma de Òrìsà é tratada e chamada de Ìyáàmi Àkókó (Mãe ancestral Suprema). Com
esse titulo, Òshún encabeça a sociedade das Ìyáàmi, aonde os espíritos das mães falecidas são
chamados de Ìyámi-àgbà (as mães anciãs) e são cultuados sob o poderoso domínio de Eyi-kowe
(a forma mais terrível de Ìyáàmi cultuada na parte externa e longe das comunidades). Nessa
forma de culto coletivo, são reverenciados todos os atributos femininos interligados como uma
teia de aranha, àqueles humanos e sobre-humanos. Nesse contexto, a relação de Òshún é tão
intrínseca com Àjè, que as pessoas quando se vêem atacadas por Àjè se precipitam
confundindo tudo e se empenham suplicando Òshún para apaziguar a força Àjè, o que não surte
qualquer resultado. Quando na realidade, o carinho e dedicação é a principal forma de cultuar
Òshún e as outras Ìyágbà. Enquanto à força e manifestação de Àjè, o carinho e qualquer tipo de
dedicação, se tornam completamente ineficazes. Porque a força Àjè ignora qualquer forma de
carinho, inocência e dedicação, respeitando e considerando somente aqueles que possuem o
pleno conhecimento de como cultuá-las e apaziguá-la, uma forma eficaz. Apesar do
conhecimento com domínio total ser a chave mais importante para acessar o núcleo das Ìyáàmi,
o que não se deve ignorar, é que Òshún como toda a sua benevolência de Òrìsà, tem sua origem
na extraordinária força Àjè. Podemos comprovar isso, em vários Itan do Odù-Òsá-Meji, Irete-
Meji, Odi-Meji, Odirete etc., um desses Itan-Ifá, narra que Òshún transformou o corrimento
menstrual, em penas vermelhas de Ekódídé, colocando-as dentro de uma cabaça, onde se diz:
"Yèyé-Shawo" (Mãe guardiã dos mistérios, ou mãe que conhece segredo). Neste mesmo Ìtòn,
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Òòsààlà rende homenagem à Òshún fazendo Idòbálè, se deitando de bruço sobre na terra, se
prostrando em homenagem ao poder da mulher. Nessa conjunção, a cor vermelha representa o
poder de consagração, efetivação, o Àsé em todos os tipos de gestação: humana, animal,
vegetal, mineral e até ritual. As penas vermelhas chamadas de Ekódídé representam o poder da
fertilidade de Òshún-Olórí-Eléye (a chefe suprema possuidora-do-poder-do-pássaro). Entre
todos os ícones da fertilidade de Òshún estão os Búzios, utilizado na finalidade de
individualização, o elemento procriado. Esses são os poderosos Àsé da terra também e também
simbolizados por suas águas que o veiculam em seu denso interior.

No culto das Ìyáàmi, a gestação significa abundância e riqueza. Essas manifestações


prestigiosas são bem representadas nas exclusivas cores existentes no culto de Òshún. A
princípio, dentro dos seus rituais, a cor secreta de Òshún é o Pupa ou Ponjè (vermelho sangue),
logo depois a cor que Òshún se perpetua como Òrìsà mostra suas performances benevolentes é
através da cor branca, a qual representa a pureza, inocência e virgindade, atributos de Òshún.
Se o vermelho significa a vida, o banho de sangue que o bebe é consagrado na concepção, a
temperatura elevada que mantém a vida em todos os planos, o mistério do poder feminino, o
movimento em pleno processo dinâmico, o poder no seu ápice de fonte geradora, o Àshé em
plenitude. O branco significa a concepção, o nascimento de todas as coisas, a capacidade de
procriar, o entendimento, compreensão, percepção, o ponto de vista, a revelação, o conceito da
boa reputação, a pureza e inocência virginal, o inicio da vida, a suavidade, a atração, amizade,
candura, encanto e alegria.
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A IMPORTÂNCIA DO IDE PARA ÒSHÚN

O cobre nativo, o primeiro metal usado pelo homem, conhecido por algumas das mais antigas
civilizações. A fusão e refinamento do cobre ocorreram a partir de óxidos como a Malaquita e
Azurita egípcios descobriram que a adição de pequenas quantidades de estanho facilitava a
fusão do metal e aperfeiçoaram os métodos de obtenção do bronze; ao observarem a
durabilidade do material representada pelo cobre como o Ankh, um símbolo da vida eterna,
encontrado nas gravuras e hieróglifos a partir da 5ª Dinastia egípcia. Os primeiros indícios de
utilização do ouro não foram vislumbrados na antiguidade. O período de transição entre o final
da Idade da Pedra e a Idade do Bronze foi denominado período Calcolítico, limite que marcou a
passagem da pré-história para a história.

Tanto o cobre como o bronze, pertencem por excelência e primordialmente ao culto de Òshún,
mas o ouro lhe foi dedicado só muito mais tarde, no ocidente, por seu valor capital. Os metais
amarelados foram representados na cultura Yoruba, como o signo da durabilidade (vida eterna),
característica esta atribuída à Òshún (a primeira Deusa negra), pois Osogbo foi erguida e
consagrada à Ela, a deusa da beleza, suas superfícies em forma de muralhas com estatuas
estilizadas e polidas, tinham a finalidade de refletir a luz, por isso eram fabricados com este
metal em torno do seu altar. O símbolo, espelho de Òshún da mitologia Yoruba, originou
através da luz emitida pelo brilho do bronze polido, foi posteriormente adotado para simbolizar
o gênero feminino(♀).

Na sociedade Ogboni, os membros se identificam pelo uso do Ebà-Idè (pulseira de Bronze,


metal nobre), na qual a Grã sacerdotisa de Òshún é chamada Erelu-Agba. Ògbóni, é a mais
antiga e complexa instituição religiosa e política que compreende representantes de todos os
segmentos de diferentes sociedades, na finalidade de contrabalançar o poder.
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No Brasil o reflexo emitido pelo bronze polido, foi substituído pelo espelho comum,
industrializado, onde ganhou mitos inventados como referências maldosas e vaidosas na sua
utilização. Assim perdendo todo o seu contexto divino, comparado ao artefato original.

ÒSHÚN E SUA RELAÇÃO COM O IGBA (a cabaça)

As mulheres iniciadas quando possuídas pelos Òrìsà, neste caso feminino, elas dançam com
performance das formas arredondadas, sempre expressando à anatomia da mulher – a barriga
gestante – seus seios e nádegas volumosas, representadas entre outros itens arredondados a
maior importância é dada à cabaça - útero mítico, ligada ao poder ancestral, produtor e
formulador da gênese do mundo e dos homens. Geralmente são utilizadas cabaças para os
assentamentos das Ìyágbà e Abèbé como insígnias de Òshún. Enquanto Òyà, na sua
interpretação reproduz o vento dinâmico, portando dois Obele. Mas é o Abèbé um instrumento
de identificação por excelência das Ìyáàmi, popularmente chamadas e conhecidas como Mães
Anciãs.
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OBÈLÉ ÒSHÚN

Um símbolo da alta maternidade por excelência. Porém, o Obele-Òshún tem uma forma bem
diferente dos Obele-Òyà. Enquanto o de Òshún geralmente é manufaturado em bronze fundido
e pesado, possuindo uma forma arredondada e bem grande, imitando o mundo, a barriga
gestante, micro universo criador. O Obele-Òyà já é rigorosamente confeccionado em couro de
vaca, possuindo uma forma de gota que remete ao óvulo esperando ser fecundado. Ambos
simbolizam a maternidade. Além do Obele marcar visualmente o poder feminino das Ìyá,
mulheres sacerdotisas o usam como um acessório útil e simbólico, seja na mão das mesmas,
seja em seus sacrários, junto com os demais objetos de uso e representação litúrgica.

No âmbito de Òyà seus dois Obele (abano) são confeccionados com o couro animal no mesmo
modelo da figura acima. Quando as filhas de Òyà dançam com seus dois Obele, retratam a
leveza e capacidade de Òyà produzir brisa mansa ou furacões. Dançando horas com graça e
horas cheias de agilidade girando velozmente sem sair do lugar. Na Nigéria, o Obele, expressa
o poder social da mulher - distingue rainhas - mães e amplia seus domínios ao âmbito religioso
- relativamente uma insígnia, como o Irukere (bastão de pelos), é usado para representar o
poder masculino.
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ABÈBÈ ÒSHÚN

O Abèbè original, é uma cuia em forma de cuia, rigorosamente confeccionado com um fundo
largo de uma cabaça, fazendo alusão a mais uma das formas de Útero mítico. Portanto, o
Abèbé é o principal emblema de Òshún, símbolo da cabaça-ventre, a qual contém o pássaro/ser
procriado. Assim sendo, o Abèbé expressa a característica genitora por excelência pertencente
a Òshún, ligada particularmente à procriação e, através da cabaça fruto primitivo,
representando a descendência espalhada por todo o Àiyé. Mais além, o Abèbè sinaliza que é
Òshún a primordial matriarca da gravidez. A grande importância do Abèbé é perceptível,
quando vemos as sacerdotisas e iniciadas de Òshún colhendo água no rio e usando-a tanto para
lavar as cabeças dos novos iniciados, como para consagrar os novos chefes e sacerdotes,
utilizando a cabaça e a água que veiculam todo o Àsé genitor feminino: a água elemento
contido na terra, neste momento a terra é representada pela cabaça.
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O Abèbé é originado da cabaça-ventre, a cabaça de Òshún, uma peça indispensável na


roupagem cerimonial de varias Ìyágba, sendo principalmente um emblema marcante e
identificador do Òrìsà Òshún. Durante as danças rituais de Òshún, exclusivamente, suas filhas
dançam usando e mostrado as os atributos refletidos no Abèbé-Òshún. È perceptível, a
importância do uso da cabaça-ventre para as outras Ìyàgbá, até algumas poucas Ìyàgbá-Òdè
(caçadores) que usam a cabaça-ventre complementada com outras peças como o Idà (facão) de
Ìyéròná, o Iruesin de Osoosi, o Odemata (seta) de Ògbà, e a Oko (lança de madeira) das
Gèlèdè, representando suas características mitológicas. Voltando às Ìyàgbá primordiais ligadas
a maternidade, percebemos que no âmbito de Iyemowo, suas iniciadas usam um Irukere branco
na mão esquerda, usa ainda na mão esquerda uma cabaça muito especial e rara, a cabaça mais
apropriada possui um pescoço alongado e curvado para a sua base, depois de preparada é
coberta de búzios brancos, chamada de.. “Vide apostila de Òbátàlà e Òrìsà funfun”. No âmbito
de Ìyémònjá, suas iniciadas seguram o cabo curto de uma cabaça de bojo inteiro e bem amplo,
completamente decorada com búzios brancos, do cabo da mesma pende um farto cacho de
búzios brancos, insígnia chamada de Igbakoto, também pertencente a Òshún, a qual é
carregada e consagrada com magias secretas, ligada a maternidade, riqueza e abundância. No
âmbito de Ìyéwá cada uma das suas duas cabaças fechadas e de pescoço alongado, cada uma
confeccionada com uma densa franja de IKO (palha) avermelhada e, detalhamento em búzios,
recheadas de magias de proteção contra doenças, feitiços e maldições. Esta insígnia é chamada
de... (Vide Apostila de Iyewa). Assim sendo, a cabaça-ventre como todos os instrumentos
arredondados sempre estão inclusos entre as divindades primordiais do poder feminino.
Geralmente, os objetos masculinos são verticais, eretos, expressivamente fálicos como o ÒGÓ
de Èsù, o ADA de Ògún, o ILEWÒSÁSÀRÀ de Obaluwaiye, os IRUKERE de Òbátàlà, o
IROFÁ e IROKE de Òrúnmìlà, OKO de Òdè, entre outros.
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CARACTERÍSTICAS DAS FILHAS E FILHOS DE ÒSHÚN

Normalmente, os filhos de Ori-Rere, dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa
para não se chocar com a mesma, preferindo contornar as diferenças com muita habilidade e
diplomacia. São obstinados na busca de seus objetivos e dificilmente desistem de algo ou
alguém. Mas são bem resistentes à ceder aos encantos de qualquer pessoa, não se fazerem de
difíceis e sim éticos. A maioria tem grande tendência a engordar, são alegres, risonhos, felizes,
bem humorados, reservados, singelos, dedicados, fiéis, extremamente confiáveis, dignos,
honrados, corretos, prudentes, sensatos, sossegados, verdadeiros e muito transparentes em tudo
que falam e fazem. Gostam de uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois
detestam escândalos e não suportam correr o risco de desmoralização. São pessoas amáveis,
cativantes, respeitosas e consideráveis, estão sempre preocupadas com o que os outros vão
pensar de sua reputação, por isso, sofrem muito. São sensíveis e delicadas, mas são fortes no
seu modo de decidir e agir. Choram e se emocionam facilmente, às vezes por qualquer motivo.
São muito elegantes e de muita sutileza, capricho, esmero, cheios de primor, favor e graça. São
atraentes e raramente inconstantes. É o tipo atemporal, pois são tanto maternal como passa
pelas manias de anciões, e também possui uma juventude de adolescente inconseqüente, que
julga merecer naturalmente todos os cuidados e mimos. Algumas vezes até falam demais, logo
que percebem se arrependem profundamente e pedem perdão, sabem ser supremos e humildes
ao mesmo tempo. Adoram casa limpa, bem arrumada e cheirosa. São sossegados, caseiros,
alguns são prendados sabendo de tudo um pouco, mas preferem a arte da culinária, aonde
expõe seus dotes da bruxaria mexendo com temperos, a fim de atrair e encantar pelo o fato e
paladar. Por esse dom nato na culinária odeiam seguir receitas, eles criam seus próprios pratos,
com os quais cantam e encantam. Os filhos de Òshún, geralmente conquistam facilmente pelo
seu jeito de ser, agir e falar, com seu cheiro e caráter digno, muitas vezes conquistam até pela
aparência atraente, mas geralmente não gostam de saber do fato. Gostando ou não, eles são
sempre encantadores em todas as áreas, esbanjam atração e encanto de forma inigualável e
muito naturalmente. Em qualquer lugar que entram chamam atenção de forma inquestionável.
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De tal forma que muitos os amam e caem aos seus pés, outros os odeiam por inveja. Mas nada
os derruba. Carregam consigo um grande bojo de felicidade e um forte poder de transformação
interior, sempre solidários ajudam e direcionam as pessoas ao bem, isso sem qualquer esforço.
São muito generosos, mas não são bobos, e tolice é uma condição que passam longe deles.
Eles não suportam mesquinhez, arrogância, hostilidades, abusos de autoridade, preguiça,
lentidão, implicância, deboche, ironia, brincadeira fora de hora, burrice, confusão, gritaria,
tumulto, vícios, adultério, traição, mentira, fofoca e a prática da feitiçaria agressiva, mas se
empenham profundamente para conhecer tudo sobre o bem e o mal, na finalidade de saberem
se defender e jamais atacam cara-a-cara e nem fazem alarde, pois não entram na casa de seus
inimigos e jamais entram em locais que não foram convidados, são profundamente éticos em
tudo e geralmente dão bastante corda para saber o que os outros são capazes de fazer ou falar,
mas na hora certa eles puxam sem dó e sem pena, ou as vezes abandonam quando se sentem
constrangidos e quando descobrem que foram traídos, saindo muito silenciosamente sem deixar
rastros, são extremamente fujões e as vezes são mal compreendidos como covardes, mas na
verdade não se empenham em situações quando percebem que não vale mais apena se esforçar,
ou saem sutilmente quando percebem que não podem ajudar e podem prejudicar alguém, o que
é inaceitável para seus filhos de Ori-Rere (cabeça boa).

Em contra partida, os filhos de Òshún com Òri-Buruku (cabeça ruim), são dados à feitiços da
fofoca, inveja, maledicência, mesquinhez, não confiam em ninguém e não são confiáveis para
nada, desconfiam até da própria sombra, são muito dissimulados, invejosos, possuem o mau
costume de falar demais, criticar tudo e todos, são destrutivamente possessivos, exclusivistas,
capciosos, caprichosos, egocêntricos, egoístas, pedantes, insubordinados, teimosos, vingativos,
medrosos, rebeldes e o tempo todo fingem que são desatentos e inocentes. Vivem colocando
culpas nos outros, não assumindo as suas más ações. Algumas não se importam com seus filhos
ou vivem mostrando suas preferências por alguns deles. Defendem as pessoas que não prestam
até serem maltratadas. Vivem abrindo espaço para seus recém conhecidos e geralmente não se
fixam em nada e acabam perdendo todas as suas amizades facilmente ou por nada. São
desleixados, preguiçosos, escandalosos, acomodados e adoram se achar na sua bagunça. Não
dão a mínima à cuidados e boa aparência. Suas casas geralmente são sujas e algumas vezes mal
cheirosas. Elas não possuem habilidades quase alguma, mas não se interessam em aprender
nada profundamente e principalmente odeiam trabalhar e adoram ficar deitado quase o dia
inteiro. Não suportam os trabalhos domésticos, mas são avarentos e adoram dinheiro. Não
terminam nada que começam, são muito indecisos e não sabem ser práticos, colocam
dificuldade em tudo que se empenham. Geralmente são hipersensíveis, vivem chorando ou se
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fazendo de vitima para o mundo inteiro comprar os seus barulhos. Correm como loucas atrás de
consideração e respeito, mas não sabem dá e muito menos conquistar o mesmo. Amam
extremamente o sexo vicioso e chegam a abandonar os seus filhos por relacionamentos
temporários, facilmente chegam a se prostituir de várias maneiras, atrás de uma boa vida, até
que as pessoas se cansam deles. Vivem confortavelmente em casebres, casa suja e adoram
guardar pertences de defuntos estimados. Portanto, vivem constantemente perseguidos por Àjè
e, por isso devem ter muito cuidado com acidentes domésticos, incêndios, afogamento no mar,
agressão física, doença uterina, problemas cardíacos, erisipela, trombose, desonra e
desmoralização.
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ÈÈWÒ-ÒSHÚN
(tabus de Òshún)

Òshún tem vários Èèwò que seus devotos devem evitar. Eles incluem: Não oferecer qualquer
Otin. Ilà (quiabo), Ogi (Bàbá de quiabo), Ejo (cobra), Akukò (galo), Iké (marfim/osso), por
ser um item oriundo da morte, apesar de pertencer à Òbátàlà.

No culto de Òshún também é tabu oferecer qualquer tipo de EJA (peixe), na finalidade de
evitar o canibalismo, porque Òshún se materializa no próprio Peixe.

Òshún por ser um Òrìsà de excelência funfun, primordial, e por possuir uma condição ligada a
pureza, virgindade e inocência, a mesma usa exclusiva e rigorosamente roupas brancas, por
isso, é proibitivo o uso de tecidos em qualquer outra cor, a não ser as tonalidades do branco
(branco cru, branco marfim, branco manteiga, branco lácteo, branco leitoso).

Os iniciados em Òshún não podem quebrar ossos com os dentes, da mesma forma que não
podem usar qualquer acessório manufaturado com marfim/osso e couro de cobra.

O sangue vertido em seus sacrifícios, jamais pode tocar o Okuta de Òshún dentro da água
límpida e consagrada.

A palavra IGBIN jamais pode pronunciada nos ritos de Òshún, porém o seu sacrifício é
liberado sob determinação de Ifá.

Jamais pode fazer oferecimento de Obo (vagina) de cabra, cloaca de galinha e outros animais. .

Seus filhos jamais podem pisar em folhas secas e pisar em penas.

Seus filhos jamais podem amaldiçoar, falar palavras pesadas, agressivas e ofensivas, porque
extingue a força de Òshún.

Seus filhos jamais podem praticar sexo em rios ou lagoas.


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À ÒSHÚN OFERECE FREQUENTEMENTE

Frutas: Ògèdè, gomos de Esoso (laranja), Roletes de Ireke, Obi-Abata, Orogbo descascado,
Ataaré.
Animais: Adaba branco, Òmòdiyè, Etu, Adiyè-marun, Adiye comum, Odà.
Adimu: Aadun, Akara, Ekuru, Afèdun, Yanrin, Odunkun, Esuru, Ewedu, Èkò, Akasa, Wòle,
Egbo, Ewasoso, Epo, Oyin, Wuarà-Agbon.
Ewe-Ifá (agbotutu de Òshún): Odundun, Rinrin, Tétè-Agbalaye, Oju-Oro, Osibata, Abebe,
Ojusaaju, Abamoda, Ekunkun, Wòròmògbà, Peregun, Iru-èkun, Ireke, Agbado.
Em casos específicos recebe os Animais: Ewure, Aja-Keke e Elede.
Em casos específicos recebe os Adimu: OmÒlòkún, Pètèkí,
Indumentarias de Òshún: Abebe, 07 Ileke Iyun-Mejo, Ileke Idè, Ade-Idè, Egba-Idé, Kanko-
Idè, Ibodi-Ejigba, Ibodi-Segi, Ibodi-Eyò, 16 Ibodi-Iyun, Sekere, Agogo-Idè.
Minerais preciosos: Corais amarelos e todas.
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OS ADIMU UTILIZADOS NO CULTO DE ÒSÙN

ÀÁDÙN

INGREDIENTES:

300 gramas de farinha de Milharina.


150ml de Epo (óleo de palma).

Preparo:
Torre a farinha de milharina em fogo alto, até dourá-la. Depois de bem dourada, retire do fogo
e deixe-a esfriar completamente. Depois de bem fria, misture somente o Óleo de Palma e
deposite em uma Oberò (panela de barro). Ofereça este Aadun nos pés do Ojúbó Òshún. Mas,
um pequeno detalhe: No momento do oferecimento do Aadun, o ofertante deve usar o Oyin
(mel puro) para oferecer diretamente dentro do Ojúbò de Òshún e jamais usar o mel sobre a
oferenda. Somente se utilizando a forma e a formula correta neste oferecimento é que
propiciará a doçura e prosperidade ao ofertante. Dessa mesma forma o Aadun é ofertado para
alguns outros Òrìsà, na mesma finalidade.
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AKARA

(bolo de feijão fradinho frito no Epo)

Ingredientes:

½ Kg de feijão fradinho
02 – Cebolas bem grandes
250 G de camarão seco (se colocar o camarão de molho por uma hora em água fria, terá que
acrescentar sal, senão, cuidado, para não salgar)
01 – Colher (chá) de gengibre ralado
Sal se necessário
Bastante Óleo de palma para fritar

Preparo:

 Deixe o feijão de molho por 24 hs.


 Depois, bata o feijão aos poucos no liquidificador, seco, para triturar.
 Coloque em uma bacia e cubra com água.
 Espere 1 minuto e retire as casacas que sobem na superfície com uma peneirinha.
 Repita a operação, trocando a água mais 3 vezes.
 Volte ao liquidificador, também aos poucos, agora com água o suficiente para bater,
formando uma massa.
 Coe em um pano fino, esprema e reserve.
 Bata agora no liquidificador, a cebola, o gengibre, e o camarão.
 Junte à massa de feijão em uma bacia.
 Bata bem com uma colher de pau, mexendo de baixo para cima, para o ar entrar e a
massa ficar bem leve, até dobrar de volume.
 Coloque o Óleo de palma num tacho e deixe esquentar bem, junte uma cebola média
inteira (para não queimar o azeite).
 Modele os Akara com uma colher de pau, pegue uma quantidade de massa da panela e
com uma colher de sopa ajude a modelar.
 A quantidade de massa para cada Akara é de 3 colheres de sopa.
 Frite e escorra em bastante papel toalha.
 Recheie a gosto.
 Normalmente o Akara é servido com molho de camarão ou com a pasta de Omolokun!
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AKARADUNDUN

(bolo de chuva)

Ingredientes:

180 gr de açúcar
03 – Ovo sem pele
01 – Colher (sopa) de fermento
½ – Kg de farinha de trigo
½ – Colher (chá) de sal
01 – Xícara(s) (chá) de leite de cabra ou vaca
01 – Colher (sopa) de Anis em pó, a semente moído.
Bastante Óleo de soja para fritar.

Modo de preparo:

Bata o açúcar com os ovos, batendo sempre. Peneire a farinha junto com o fermento e o sal,
acrescentando-os a mistura, alternando com o leite. Misture bem até formar uma massa bem
pesada. Use uma colher para pegar uma pequena porção e frite cada bolinho de chuva às
colheradas em óleo quente, até que dourem de todos os lados. Retire os bolinhos e os deixe
escorrer em papel absorvente. Depois envolva-os em açúcar misturada com pó de Anis.

Obs: Os akaradundun podem ser recheados com Eródun (creme de ovos).


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AFÉDUN

(Pudim de laranja)

INGREDIENTES:

- 4 colheres (sopa) de suco de laranja ou tangerina


- 12 ou mais colheres (sopa) de açúcar, a gosto.
- 1 litro de suco de laranja
- 1 xícara (chá) de leite cabra ou leite vaca
- 6 colheres (sopa) de leite de coco
- 8 colheres (sopa) bem cheias de amido de milho, maisena

MODO DE PREPARO:

1- Misture numa panela o suco de tangerina, 1/2 xícara (chá) de água e 10 colheres (sopa) de açúcar.
Leve ao fogo e cozinhe, sem mexer, por 12 minutos, ou até obter uma calda levemente rala.
2- Bata na mão ou no liquidificador o suco de laranja com o leite, o leite de coco, a maisena e o açúcar
restante. Despeje numa panela, leve ao fogo e cozinhe, sem parar de mexer, por 20 minutos ou até
encorpar. Retire do fogo e reserve.
3- Umedeça a assadeira com capacidade para 400ml cada uma. Despeje o creme e leve para gelar por 4
horas. Desenforme no momento de servir e acompanhe com a calda de tangerina. Decore com gomos de
laranja caramelisadas e hortelã.
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ÉRÓDÙN

INGREDIENTES:

03 - Xíc. (chá) de açúcar

02 - Xíc. (chá) de água


01 - Col. (chá) de manteiga pura
04 - Gemas passadas na peneira
1/2 - Vidro de leite de côco

Modo de Fazer:

Levar ao fogo, a água c/ açúcar até ficar em ponto de fio. Ao retirar do fogo, acrescentar a
manteiga. Deixar esfriar e juntar a essa calda as gemas e o leite de coco. Levar novamente ao
fogo até engrossar, sem deixar ferver.
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OBERE

Ingredientes:

500g de ervilha, lentilha ou guandu (fava)


Sal a gosto,
2 cebolas raladas,
Óleo de palma,
300 gramas de camarão limpo e moído,

Modo de preparo:

Cozinhe a ervilha. Escorra a ervilha e amasse até virar um creme bem espesso. Refogue a
cebola e óleo de palma, depois adicione o camarão limpo e refogue por 5 minutos. Junte o
refogado com o creme e deixe tomar gosto. Depois despeje o creme em uma travessa ou panela
d barro (Obero), enfeite com os ovos cozidos inteiros ou fatiados, depois os besunte com um fio
de Epo.
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OMÒLÒKÚN

Ingredientes:

500g de feijão fradinho de molho por 24:00hs.


01 Litro de água filtrada
02 Cebolas grandes raladas.
01 Punhado de cheiro verde e salsa, picadinhos
02 Tomates cortados em cubos, sem sementes.
01 colherinha de chá de açafrão.
03 Colheres (sopa) de Óleo de palma
Sal a gosto
Opcional: Ovos cozidos.

Modo de preparo: Cozinhe o feijão fradinho junto com as cebolas, tomates, açafrão, sal a
gosto e o óleo de palma. Depois de 40 minutos, quando estiver bem cozido, misture as folhas
picadinhas e amasse-o ou misture bem até formar uma pasta bem espessa. Derrame o creme em
num Oberó (panela de barro), enfeite com os 5, 7 ou 17 ovos cozidos, depois os besunte com o
Epo.

OBS: geralmente, esta Adimu só é ofertada nos Etutu de Òshún ou finalidade de suplicar à
Òshún para curar uma criançinha Bebe. Se não for nessas duas finalidades, o Òmòlòkún, não
tem nexo algum ser ofertado à Òshún. Às vezes a pasta é usada para rechear os Akara (bolo de
feijão fradinho frito no Epo).
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ODUNKUN

 3 batatas doces médias


 1 colher (sopa) de manteiga
 1 colher (sopa) de nata
 1 copo pequeno de leite
 Sal a gosto
 1 pitadinha de açúcar

Modo de fazer:

Descasque e pique as batatas doces, depois deposite em uma panela. Adicione água até que
cubra as batatas. Deixe-as cozinhar, vá adicionando água já fervida até que elas fiquem bem
macias (em torno de 30 minutos). Abaixe o fogo e amasse as batatas, depois adicione a
manteiga, a nata de leite ou creme de leite, o sal e uma pitadinha de açúcar. Vá colocando o
leite aos poucos, até atingir a consistência desejada.
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ÈKÒFOSHUN

Pudim de canjica amarela

INGREDIENTES:

1 kg de canjica amarela
300 ml de Leite de cabra ou vaca
200 ml de Leite de coco
Açúcar a gosto
1 colher de chá de erva doce.

Modo de fazer:
Colocar a canjica de molho por 24 horas. Escorrer a água do molho, juntar o leite de cabra, leite
de coco, açúcar e o erva doce. Bater tudo no liquidificador para triturar o milho e misturar bem
todos os ingredientes. Leve ao fogo e mexa até engrossar, deixe cozinhar por 20 minutos,
sempre mexendo. Depois enrole porções da pasta em folhas de bananeira e sirva frio.
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ÒSHOGBO A TERRA DO CULTO ORIGINAL DE ÒSHÚN

Diz a lenda que os primeiros moradores de Òsogbo vieram de uma cidade que hoje é chamada
"Ìpolé" (sul de Ilésà) também na Nigéria. Eles saíram de sua cidade por causa da seca e depois
de muitos dias de viagem, chegaram à margem de um rio. Felizes, eles decidiram instalar-se no
local e começaram a cortar árvores para a construção de suas casas. Aconteceu que uma das
árvores caiu sem querer no rio e, de repente, eles ouviram uma pessoa em voz alta dizendo:
Òsó Igbó pèlé o, gbogbo ìkòkò mi lé tí fo tan. “Feiticeiro da Floresta faça devagar, já quebrou
todos os meus recipientes”. (de onde também pode ter vindo o nome Òsogbo)

Nas antigas comunidades Yorùbá, os vasos eram usados para guardar água para beber. Como
sinal de paz, Larooye, sentado em uma rocha, ofereceu juntamente com seu povo, sacrifício à
Divindade Òshún. Esta rocha fica até hoje como uma referência simbólica e de grande
significado na festa de Òshún.

As influências que podem afetar a história de um povo são dois tipos, que podem ser chamadas
internas ou externas. O primeiro é devido ao caráter e objetivos do povo, o último é devido aos
contatos históricos, os movimentos políticos ou religiosos, assim como a moda com a forma
atual de vestuário, gosto ou maneira, como cada um faz as suas coisas, sempre valorizando
mais freqüentemente uma série de observações, e até as modas que chegam de fora.

O início da história de Osogbo é essencialmente o lendário que conta a história do espírito no


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mundo, a história dos primeiros espíritos habitantes a quem chamamos de espíritos das belas
mulheres: beldades, belas deusas e fadas, no contexto de Mulher muito formosa. Fato que
sempre esteve na consciência de toda a tradição Yorubá, a qual usava de histórias míticas para
explicar as origens das suas famílias, governantes de um estado ou cidade yorubana, bem como
as proezas de seus imortais, os quais eram classificados em divindades primordiais, superiores,
siderais, dos ventos, das águas e alegóricas. Como expressão de uma déia sob forma figurada
ou pura fantasia. Abaixo listarei algumas divindades utilizando a mesma concepção..

ÒDUWA - Mãe de todos os seres, personificação da terra. Surgiu do Caos e miticamente gerou
Ògún o poder de ação, Obaluwaiye à crosta terrestre, Oloke os montes, Òlòkún o Mar etc.
ÒBÁTÀLÀ – A divindade suprema do mundo criado, a representação da luz divina, o deus por
excelência. Preside aos fenômenos atmosféricos, o nascer do sol. Chamado de o Pai de todas as
divindades, por que, apesar de ser o mais jovem de sua divina família, ganhou a autoridade
sobre todas as divindades, dos quais se tornou o chefe reconhecido por todos. Possuiu o
supremo governo do mundo, na finalidade de zelar pela ordem e harmonia em todas as coisas.
Depois ele dividiu com Obaluwaiye e Ogun, seus irmãos, o domínio do mundo, se
posicionando no Leste, nascer do Sol, aonde uniu-se definitivamente com Iyemowo e Àjè
(força geradora e caótica) passou a residir em seu âmago, desde então passaram a ser cultuados
juntos de forma análoga e quase confundível. Eles representam as forças elementares da
natureza.

ÌYÁLALÈ (Onilè) - É a maior das divindades ligadas à terra produtora e ao culto dos
ancestrais; seu nome significa Terra-mãe. Reverenciada em todos os tipos de culto, desde
Ìyáàmi, Òrì, Òrò, Gelede, Èégùn e, todos os Imolè.

ÒLÒKÚN-SU – Dona dos Oceanos e de todas as divindades marinhas, Ìyémònjá, Iyerewyin,


Iyerosun, Osapepe, Okutè, Esumare, Olosa, Ajé-Shariki (a deusa da riqueza). Seu habitat é nas
profundezas do mar. Em personificação da água que envolve o mundo.

ÒSHÚN – É a materialização da água que flui no interior e na superfície do mundo. A


divindade mais popular do panteão Yoruba, símbolo do amor incondicional, da beleza interna e
dos rostos mais belos no mundo. Vive na companhia principalmente de Òrúnmìlà, que são
acompanhados por Ajé-Shariki (divindade da abundância). Òshún se relaciona bem com Iyewa,
Ògbà, Ìyároinà, Òparà, Erínlè, Osoosi e outras divindades femininas caçadoras e
personificadoras do amor. Òshún encontra-se com elas nos montes, nas árvores dos bosques,
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nas fontes, nos rios, nas grutas, nas quais são potencialmente benéficas. Vivem livres e
independentes, assim ainda são de grande utilidade aos homens. Mitologicamente, antes de
Òshún se tornar a esposa fiel de Òrúnmìlà, acalentou o âmago de outras divindades masculinas;
Ògún, Sango, Òbàlúwàiyé etc. Algumas vezes, por sua relação com Ògún, Òshún foi
considerada também como divindade guerreira, mas a sua maneira bem peculiar e enigmática.
Foi através do encadeamento de idéias referentes a Òshún que a tradição Yoruba se estabeleceu
culturalmente com suas éticas voltadas a dignidade e honra feminina.

NOTA: A investigação sobre as tradições Yorubá, que está se tornando cada vez mais
conhecidas nos círculos acadêmicos, revela que Oshogbo havia sido fundada já em período da
dinastia Oduduwa. Oso-ibo, a deusa do rio Òshún, a rainha, foi motivação e mitologicamente a
fundadora original de Osogbo. A ela foi creditado muitas conquistas importantes, que ajudaram
a estabelecer o Estado Efon, o primeiro nome de Òshún. Mitologicamente, Òshún residia em
uma bela paisagem envolvente por uma exuberante flora e fauna, possuindo poderes mágicos, o
que inspirou o povo de Osogbo a prática de magias na finalidade de amedrontar seus
adversários. Tradicionalmente aclamavam ao poder de Òshún para lhes fornecer proteção,
fertilidade e bênçãos. Òshún possuía a capacidade de fornecer crianças (por nascimento) para
as mulheres estéreis e poder para curar os enfermos e aflitos, por meio de água fresca e
medicinal, extraída diretamente do mesmo rio.
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ODUN ÒSHÚN
(Festividade Anual de Òshún)

A festividade anual de Òshún, chamada de Odùn Òshún, é uma festa que geralmente é
realizada na estação reprodutiva dos peixes, início da primavera ao início do verão. Nesta
festividade comemora-se o aniversário do Òrìsà Efon, nome primitivo d e Òshún, a Rainha dos
Òrìsà, conhecida mais recentemente pelo nome ÒSHÚN, seja na cidade de Osogbo, Iponda,
Ijebu,Opara, Ipetu, Ijumu, Iloba, Jakuepe, Èdè, Ile-Ifé, bem como pela Europa, Americanas e
em qualquer lugar.

O enfoco em qualquer Ile-Òrìsà é festejar primordialmente a divindade do rio, Òshún, o poder


da água potável, da generosidade, da benevolência, da amizade, do amor incondicional, do
afeto, da inocência, da candura, do bom caráter, da beleza, da abundância, da fertilidade, da
produtividade, da prosperidade, do alvorecer, do florescer, da reprodução, do desabrochar, da
existência, da perpetualidade e melhor qualidade de vida, da imortalidade.

Em todas as casas de culto, todos anos, a festividade de ÒSÙN deve ter seu início às dezessete
horas (no por do sol) no momento em que se acendem as FITILA (lamparinas consagradas de
Òsónyìn com dezesseis bocas), chamada "Olóju-Mérìndinlogun", que fica acesa assim até a
madrugada. Então, é realizado o primeiro ritual de IPADE (reunião das forças sobrenaturais),
na finalidade de abertura do ciclo festivo, quando as Ìyáàmi, Eegun e Èsù recebem as
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homenagens preliminares. No decorrer do ciclo, os devotos de Òshún homenagem à


Òlòdúnmàré, Èshù, Òrúnmìlà e Òshún.

No dia da grande homenagem à Òshún, todo povo se reúne na casa, os sacerdotes, adeptos,
noviços, espectadores, bem como os visitantes reúnem-se no Ile, de onde todos saem em
procissão para o natural "Ojúbò-Òshún" (Rio de culto à Òshún), sempre com uma Arugbá-
Òshún a menina carregadora da Igbá – a cabaça de Òshún), sempre anda na frente de todos. No
Ojúbò, o Bàbá faz as reverencias, orações e os sacrifícios necessários junto com uma Ìyálòshún
e um outro Bàbá Òlòshún.

A Ìyálòshún é a primeira sacerdotisa de Òshún viva numa casa, geralmente uma mulher sem
menstruação. Ela cuida do sacrifício diário à Òshún e também dos festejos. Cabe a Ìyálòshún
invocar a divindade todas as manhãs cedinho para consagrar a "água fresca" que terá o poder de
curar aos fiéis. Entre todas as mulheres, a Ìyálòshún sabe o segredo completo de Òshún e pode
comunicar-se com ela. Ela canta também os "oríkì" e louvores à divindade, ou pede auxilio aos
Oloye participantes:

Saleru agbo
Agbara agbo
L' Òshún fi n wo mo re
Ki "dokita" o to de
A-bi-mo-ma-da-naa-le
Ìwo lá n powe-mo
Ore yèyé Òshún o.

Há também o "Àwòrò-Òshún", um Bàbálòshún (sacerdote iniciado em Òshún). Ele também


participa dos sacrifícios juntamente com a "Ìyálòshún". Apesar de homem ser vetado incorporar
com a divindade Òshún, o Bàbálòshún pode comunicar-se com a divindade e cantar seus
louvores,:
Òshún orólí àsálà, Oní lé obí Òshún refúgio da riqueza, senhora da terra dos obí
Òshún olo ìlú àro, àro dèdè bi okùn Òshún dona da cidade dos peixes, peixe grande gerado no oceano.
Òshún oròkí, yèyé Òshún Osun palavra que é riqueza, Òshún Mãe Anciã
Yèyé àtéwogbéja, a ní lábebe Mãe Idosa a palma da mão que abençoa o peixe na beira do riacho.
Òshún Olomirere, rere ni o sun fún mi. Òshún dona da água fértil, faça fluir coisas boas para mim.
Òshún Olomitutu, rere ni o sun fún mi. Òshún dona de águas frescas, faça fluir coisas boas para mim.
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A "Arugbá Òshún" é uma menina que dedica toda a sua infância e adolescência à serviço de
Òshún. Ela deve ser rigorosamente solteira, virgem e assim permanecerá até o dia em que
deixar o cargo para se casar, sob grandes festejos à Òshún. No último dia da festa de Òshún, a
Arugbá carrega a grande Igbá-Òshún que contém os apetrechos sagrados e outros objetos do
ritual e lidera a procissão que sai do Ile para um Rio, aonde primeiro os alimentos (a maioria
cereais) são lançados nas águas para alimentar os peixes e em seguida ocorre os sacrifícios nas
águas de vários Adabà, Adiyè, Etu, Ahun, Ijapa, Obukó-Odà, quando vários Eiyele são soltos,
em seguida todos voltam ao Ile, sempre caminhando à frente a Arugba-Òshún. Ao chegar ao Ilê
às águas límpidas deve ser derramadas pelo chão, a fim de fazer um caminho alagado, isso dês
do exterior até o interior do Ile-Òrìsà. Quando vários Obi bonitos são abertos na entrada, depois
no interior e finalmente diante do Ikèkè-Òshún. Tudo isso ocorrendo sob toques de tambores,
louvores, aplausos, euforia, danças, saudações de boas vindas, exaltações e muitos Oriki que
são recitados de forma freqüente e aleatória. Como regra, o silencio só é total e ensurdecedor
no momento de abrir o primeiro Obi, na entrada da Ègbè-Òshún, na finalidade de saber se tudo
foi aceito e se Òshún retribuirá com bênçãos de boa sorte, fertilidade, abundância,
produtividade, sucesso, alegria e longa vida. Assim sendo, a confraternização explode em
grandes louvores em homenagem a Òshún e agradecimento à Olodunmare.
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ÒJÒJÙ-IYAWO ÒSHÚN
(Saída das iniciadas em Òshún).

Em todos os aparecimentos de uma Ìyáwo-Òshún, seja quantas forem, a Ìyáwo deve sempre
aparecer à público trajada rigorosamente de branco de puro algodão e sem qualquer brilho.
Varios Agogo-Òshún são presos nos tornozelos, pulsos, cintura e pescoço. Aros e muitas outras
jóias exuberantes de bronzes, muitos Ilekè de corais amarelos, brancos e azuis claros, são
fixados somente na cintura por cima dos tecidos. Muitos colares de búzios e conchinhas
arrumadas no pescoço, pulsos e tornozelos. Todas as suas roupas rigorosamente brancas devem
ser decoradas com muitas conchinhas e búzios.

1 - Na primeira saída a Ìyáwo-Osun sai com um Ekodidé no Ori, um galho de Peregun na mão
esquerda e uma Cabaça na mão direita. Sua cabeça deve está completamente pintada de branco,
assim como a parte superior do corpo deve ser completamente decorado com Efun. Em
homenagem à Òbàtáàlà.

2 - Na segunda saída a Ìyáwo-Òshún deve sair toda de branco e somente com toda a cabeça
deve sair bem coberta de Efun e decorada com vestígios de Waji. O seu rosto deve ser
completamente coberto com massa de Açafrão misturado com Efun (amarelado) e por cima do
amarelo o rosto deve ser decorado com vestígio de Efun. Segurando uma grande cabaça entre
as mãos. Alguns Ere (estatuetas de madeira) são fixados nas costas da Ìyáwo-Òshún,
juntamente com folhas de Peregun, através de um Òjà amarrado em seu tronco, dês dos seios
até a cintura, parecido com uma bolsa presa ao corpo.
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3 – Antes da 3°, ultima saída, rigorosamente as mulheres limpam toda a cabeça e corpo da
Yawo-Òshún, depois a trajam com os tecidos de algodão brancos completamente decorados
com conchinhas e búzios e consagrado no período de recolhimento. Na cabeça a Ìyáwo-Òshún
deve carregar um Ade-Idè (coroa feita com pulseiras de bronze, sininhos e conchinhas), outros
sininhos devem ser presos dês do pescoço até os tornozelos. Na mão carrega um Abebe de
cabaça ou um Obele-Idè (leque de bronze), como na ilustração acima. Toda a cabeça da Ìyáwo-
Òshún, ainda pode ser completamente decorada com flores brancas perfumadas, de Angélica ou
Jasmim. De onde deve sair uma densa franja confeccionada com contas de corais ou
minúsculos caracosinhos, caindo até o ventre, cobrindo o local que é a casa da gestação (ventre
sagrado). A cabeça, ainda pode ser adornada, ricamente, por um enorme GELE-FUNFUN
(torço branco). Um símbolo de respeito às Ìyáàmi. O gele pode ser enfeitado com varias
pulseiras de Bronze na forma de uma grande coroa, ornada com muitas flores Brancas e
Amarelas, ainda assim, nesse GELÊ (torso), carrega uma franja de Ekodidé presa na base do
GELE caindo por cima da franja sobre o rosto. Estes são os legítimos ADÊ-OSUN. Ao colocar
o ABEBE na mão direita, no mesmo deve-se prender um longo tecido branco torcido e
amarrado ao ABEBE, passando por cima do ombro e amarrado na sua mão esquerda da Ìyáwo-
Òshún, como um símbolo do cordão umbilical.

Às vezes as filhas de ÒSÙN, usam um Oja branco largo, levemente tingido com Osunejò
(açafrão), depois de seco, é amarrado no tronco do corpo, tapando dês dos seios até o ventre,
assim respeitando a condição de Òshún ser um Òrìsà-Funfun e esposa de Òrúnmìlà. Em suas
costas, as vezes presos ao Oja, carregam 02 ou vários EREMÒ (estatuetas de madeira –
crianças) e folhas de Peregun com uns galhinhos de Akoko, a folha da ancestralidade, realeza,
consagração e fácil produtividade.
Os seus braços e Tornozelos devem sempre sair adornados com muitos e muitos IBÒ-IDÉ
(pulseiras de bronze), IBÒ-OWO (pulseiras de búzios), IBÒ-IYUN (Pulseiras de corais
amarelos).

No ultimo aparecimento da Ìyáwo-Òshún, seus calcanhares devem rigorosamente sair tingidos


com o Osùnàmò (um tipo de creme especialmente preparado com o pó de Osun pilado
juntamente com Ori), dizendo; Ìyáàmi Òshún, Opiki lésé Osun! (Minha mãe que pinta os
calcanhares com o Òshún muito vermelho). Com o qual deixa o rastro da sua grande
fertilidade.
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Em todos os rituais secreto onde ocorrem sacrifícios à Òshún, deve ser realizado com a Yawo-
Osun envolvida em um grande tecido vermelho de algodão. Nesses momentos participam
somente os iniciados mais velhos, e a maioria deve ser mulheres, dês de meninas virgens,
donzelas e principalmente as Anciãs consagradas. Necessário apenas de um a dois homens, na
finalidade deles executarem os sacrifícios de animais, porque esta função de sacrificar animais
é vetada às mulheres. Enquanto nos rituais em que os homens iniciam no culto de Òshún, o uso
do tecido vermelho é rigorosamente vetado, o qual é substituído por tecido branco. Ao passo
que os homens jamais darão transe de Òshún, quando apenas são iniciados, na finalidade de
exercer alguma função sacerdotal, dentro de seu culto.

Na Nigéria, as Yawo-Òshún jamais são raspadas, principalmente sentada em um Apere, elas são
iniciadas tradicionalmente seminuas e em posição de cócoras (simulando que estão prontas para
parir um filho), agachada sobre um tecido vermelho, símbolo da grande quantidade de sangue
fertilizador. Diante da Ìyáwo, um grande Búzio é cravado diretamente na terra regada com
bastante Àgua, Epo, Leite e Mel, símbolo de apaziguamento e subsistência. Um Ekodidé é
fixado na abertura do búzio cravado na terra. Alguns búzios menores são espalhados
exatamente embaixo da Yawo de cócoras. Fazendo uma alusão que OSUN tem o poder de parir
riquezas e muitos filhos à vida. Este é o real Poder de Òshún.

O local mais adequado para se assentar o IGBA-ÒSHÚN e também iniciar suas Filhas é
exatamente dentro do Rio, na posição de cócoras (parindo), nesse caso não há necessidade do
tecido vermelho, e sim de branco, porque a Água por si só é um elemento naturalmente fértil.

No período da iniciação de um Abòshún (cultuador de Òshún) os ÈÈWÓ (proibições) são:


Quiabo, Ovos de forma alguma, qualquer tipo de peixe, qualquer legume exceto o inhame,
quaisquer frutas exceto o abacaxi, laranja, pêra, uva, maçã e o maracujá. Não pode comer
qualquer tipo de Doce, com exceção somente do mel puro. Não pode comer carne dos animais
sacrificados no Ori e para Òshún.

Após a iniciação, os Sacerdotes devem averiguar Ifá para saber quais serão os seus tabus de
acordo com o Odù que apareceu no terceiro dia após a iniciação, quando os iniciados recebem
tabus distintos. Porém, pelo fato da pessoa ser iniciada no culto de Òshún, jamais poderá
quebrar ossos nos dentes, usar acessórios feitos com Ossos, Marfim, Couro de cobra, até
mesmo objetos confeccionado com a casca de qualquer tipo de Ovo. Não podem se prostituir,
praticar luxúria, agredir física ou verbalmente qualquer pessoa, maltratar crianças, executar
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quaisquer feitiços maldosos, negar água à qualquer pessoa, sentir fúria, guardar mágoas,
recusar perdoar, aliciar qualquer pessoa ao mal, executar feitiços agressivos, amaldiçoa com
pragas, fazer fofocas, invejar, mentir, praticar ou participar de abortos. Qualquer mulher
iniciada no culto de Òshún, ela jamais poderá sacrificar animais em ritual ou matar de forma
profana.
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ITENS PARA O ASSENTAMENTO BASICO DE ÒSHÚN

Uma Estatueta grande de madeira ou em Bronze.


Um Igba (cabaça grande) ou Ishamò (recipiente de terracota na forma de uma grande bola)
Uma grande Ikoko (Talha de barro), cheia de água potável, poço ou rio, sem qualquer
tratamento químico.
08 Okuta Òshún – (pedras médias e redondas, extraídas do rio Osun)
08 Okuta-keke - (pedrinhas redondinhas de rio)
08 ou 17 Pentes africanos.
08 ou 17 búzios grandes brancos.
08 ou 17 Eesan-Òshún – (conchas)
08 Ileke Òshún diferentes – (colares de coral amarelo ou em bronze)
08 ou 17 Ibò-Idè (pulseiras grossas de bronze)
08 ou 17 Agogo-Idé (sininhos de bronze).
02 Opáàniyiidé – (um bastão de 1.5mts, completamente)
06 Pacotes de Iyerosun
08 Mini-Estatuetas de madeira ou em bronze (Edon).
08 ou 17 Penas de Ekodide
01 Pena Akalamagbo
01 Abebe manufaturado de Cabaça ou Bronze (forma redonda, um símbolo do útero mítico)
200 gramas de Òrì (manteiga vegetal)
50 Gms de Osun - (pó vermelho)
04 Àmòròrò - (bola de argila branca extraída do fundo do rio)
02 Adaba funfun (pomba juriti branca)
01 Etu - (galinha d’angola)
01 Adiyé-Marun - (galinha de 5 dedos) de cor bem clara.
01 Obuko Odà – (cabrito novo castrado)
01 Ewure-shefun (cabra branca) para Òrúnmìlà.
02 Eiyele-Ifun (Pombos brancos) para Òbàtáàlà
01 Akuko-dudu (frango escuro) para Ògún
01 Elede (porco) para Obaluwaiye
01 Akukó-Dudu (frango preto) - Èshù.
04 Litros de Epo
03 Litros de Oyin
01 Litro de Sekete (cerveja de milho)
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Tecidos de algodão: 1 Vermelho, 1 Branco, 1 Azul Claro.


Um tecido estampado de amarelo e branco, em puro algodão.
06 Awogidà n° 06
Adimu Òshún: Aadun, Obobo, 21 Ewo, 21 Akara, Aberém, 21 Eko, Ireke etc.
Ashé Òshún: (pó africano consagrado através de Ifá).
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AWURE – MAGIAS E PREVENÇÕES

MAGIA PARA EVITAR ou PARAR DE SER DESMORALIZADO PELAS PESSOAS.

No Odu Ogbedikakadilélé - Eji-Ogbè - Oshetuwa. Se limpar com 02 Adiyè-Ifun e depois os


sacrifica dentro de um rio limpo, um para Osun e outro para Òrúnmìlà. A pessoa deve esta
envolvida, pela cintura, com um Iró-Marun (tecido branco) e outro por cima Iró Funfun (tecido
branco). Depois que sair do rio, deve sacrificar um Akuko para Èshù no Odù Oshetuwa e
ÒkánrànSabirari.

AWURE PARA ACALMAR UMA CABEÇA QUENTE, IRADA OU PERTURBADA

Odù’s: EJI-OGBE, OYEKU-MEJI e ÒSÉTÙRÀ

Um pouco de Iyerosun
Uma bacia cheia de água de poço ou rio, colhida pela manhã bem cedinho.
01 colher de Ori dissolvido
01 Colher de Efun.
Ewe-Ifá: Èsò, Odundun, Rinrin, Tetebalaye, Amunimuyé
01 Aginisò (igbin). Obs: No culto de Oshun é tabu pronunciar a palavra IGBIN, devendo trocar
o seu nome para Aginisò.

Preparação:
Primeiro deve marcar os Odù em uma base. Depois macerar as folhas na água da bacia.
Adicionar a manteiga de Ori dissolvida, uma colher de Efun e misturar tudo delicadamente. Em
seguida começar a recitar o Iba Olodunmare, Eshu, Òrúnmìlà, Ijuba à todos aos 16 Odu-Meji
terminando em Òsétùrà, e finalmente recitar os Oriki Òshún. Depois das orações, deve espalhar
o Pó de Iyefá, consagrado, por cima dos conteúdos dentro da bacia. Agora sacrificar um
AGINISO (caracol) cantando:
Esó Esó Aginisó, ma ungùn igi o! Agnisò kolowo, Agnisó kólésé.
Finalização: Em seguida, misturar tudo delicadamente e cobrir com um tecido branco para
descansar a preparação. Após o descanso de 01 hora, deve lavar a cabeça da pessoa chamando
por Òshún.
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AWURE PARA AGRADAR OSHUN e ATRAIR AMOR e FELICIDADE

IROSUNDI
O Odú do Amor

Uma bacia branca.


01 Pedra de Rio fresca, bem arredondada, tipo sabonete. Deixando por 7 dias na água, ou
colhida do rio, um dia antes da preparação.
200 Gms de Òshe-dudu.
20 gm de Ori.
08 Pentes de madeira (africano).
08 Flores de Jasmim branco, abertos.
08 Rosas Amarelas, abertas.
08 Ajê (búzios gigantes)
01 casal de Pombos.
02 colheres de Oyin (me puro)
Iyerosun.
Preparação:
Espalhar Iyerosun em uma base, marcar os Odù, Irosundi, Iworifun e Òsétùrà. Misturar
Osedudu com Ori e usar a massa para cobrir a pedra redonda. Colocar a pedra no centro da
bacia. Usar os pentes para circundar a pedra dentro da bacia, com as pontas voltadas para fora.
Em seguida, usar as flores da mesma forma que os pentes. Pegar os dois Pombos, um em cada
mão, e começar a orar o Iba Olodunmare, Eshu, Òrúnmìlà, e finalmente orar as evocações de
Oshun e seus Oriki. No termino das orações, deve espalhar o Iyefá (pó consagrado) sobre todos
os itens arrumados dentro da bacia. Sacrificar uma Pomba sobre a grande massa com o Okuta
em seu interior. Pedindo: Oshun wa lò ree ire Ayo fun mi. Ki Irosundi wá lò ree ire Ifé kan
fun mi. Cobri o sangue com as penas extraídas do peito da Pomba. Depois cobrir tudo com um
Tecido branco e deixar descansar no Pé de Oshun, se tiver assantada, até o dia seguinte. Em
sguida, pegar o outro Pombo e dizer: “EIYELE wá lò ree ire alaafia, ire aje, ire ifé oko/aya,
ire gbogbo fun mi. Awure girigiri wa lowo Òrúnmìlà”. “Olodunmare damilare, Eshu Odara
damilare, Òrúnmìlà damilare, Oshun damilare”. Então solte o pombo pedindo a benção de
um amor e muita felicidade. Logo depois, faça um buraco e enterre a pomba que foi sacrificada
cobrindo-a, antes de enterrá-la cubra com Epo e Oyin, entregando à Ìyálalè. No dia seguinte,
após o descanso da Awure que deixou coberta, tire o pano branco. Pegue os pentes e os 08 Ajê
e deposite-os dentro do assentamento de Oshun, agradecendo. Pegue a massa de Oshedudu e
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retire o Okuta do seu interior, extraindo todo o Oshedudu da pedra, limpe a mesma e deposite-a
no pote de água de Òshún. Finalmente, pegue as flores e triture-as, depois as misture com o
Oshedudu, juntamente com o Mel e os resíduos de sangue que foi vertido da pomba. Use o
sabão para banhar o corpo inteiro, todas as manhãs, evocando Òshun: Ore yeye, kaarê ooo!
Assim, pedindo felicidade e boa sorte no amor etc.
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ORÌKÍ FÚN ÒSHÚN

Ìba Òshún sekese Eu saúdo a deusa do mistério,


Latojoki awede we’mo O espírito que limpa de dentro para fora.
Ìba Òshún olodo Eu saúdo a deusa do rio,
Latojoki awede we’mo O espírito que limpa de dentro para fora.
Ìba Òshún ibu kole, Yeye kari Eu homenageio a deusa da sedução e Mãe do espelho
Latokoko awede we’mo, O Espírito que limpa de dentro para fora,
Yeye opo, yeye lokun fére o Mãe da abundância, mãe cheia de amor e bondade.
Òshún sun gbemi ooo. Òshún seja intima.
Yeye sèsè o, Kare ooo. Mãe afável e extremamente bondosa!
Òshún Ìyá pa’nsaga b’obirin. Òshún mãe da mulher sedutora.
Òshún Iwa-Wundia. Viginal Òshún.
Òshún Òrìsà Iwa. Òshún Òrìsà digno.
Oluwa Awo Ipilese Didun Inu A dona dos Mistérios do princípio e do prazer.
O san rere o! Nós cantamos seus elogios!
Àse! Asé!
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ORIKI OSUN
1. - Òshún mo pé ó o! 1. - Yeye-Òshún eu te chamo
2. - N’ò pé o s’Ikú eni kankan 2. - Não te chamo por causa da morte,
3. - Béni n’ó s’árùn eni kankan, 3. - Não te chamo por causa da doença de alguém.
4. - Mo pé ó níní owo. 4. - Eu te chamo para que tenhamos dinheiro.
5. - Mo pé ó sí níní omo, 5. - Eu te chamo para que tenhamos filhos.
6. - Mo pé ó sí níní aláfià. 6. - Eu te chamo para que tenhamos saúde.
7. - Mo pé ó sí òró. 7. - Eu te chamo para que tenhamos uma vida serena.
8. - Kí àwa má ríjà ami o, 8. - Para que não sejamos vitimados pela ira das águas.
9. - Odoodún ní a mi orógbó. 9. - Dizem que anualmente há orobô na feira.
10. - Odoodún ní mí obi lóri àte o, 10. - Dizem que anualmente há muitos obí novos na feira.
11. - Odoodún ni ki wón ma rí wá o! 11. - Que as pessoas nos vejam todo o ano.
12. - Bi a se, èyi ju bàyi lo, ni àmódún. 12. - Do mesmo modo que fizemos tua festa, que possamos fazer
13. - Òshún só wá, ki o máà sí wàbálà outra melhor, no próximo ano.
lárín àwa omo ré. 13. - Yeye-Òshún, nos proteja, para que não haja problemas
14. - Kí ilé má jò wá. entre nós, teus filhos.
15. - Kí òna má nà wa o. 14. - Para que haja paz em nosso lar.
16. - Pèsè às e fún wá o. 15. - Que nossos objetivos não se voltem contra nós.
17. - Eni as e àmódi ara. 16. - Dá-nos axé!
18. - Fun ní àláfià o. 17. - À quem estiver doente,
19. - Okó oba, àdá oba, kí ó ma sá wa lèsè o. 18. - Dá saúde!
20. - Kí àwa má rí Ogun idilé! 19. - Que as leis dos homens não sejam infringidas por nós.
21. - Òshún mo pé ó o! 20. - Que não haja problemas em nossa família!
22. - N’ò pé o s’Ikú eni kankan 21. - Yeye-Òshún eu te chamo
23. - Béni n’ó s’árùn eni kankan, 22. - Não te chamo por causa da morte,
24. - Mo pé ó níní owo. 23. - Não te chamo por causa da doença de alguém.
25. - Mo pé ó sí níní omo, 24. - Eu te chamo para que tenhamos dinheiro.
26. - Mo pé ó sí níní aláfià. 25. - Eu te chamo para que tenhamos filhos.
27. - Mo pé ó sí òró. 26. - Eu te chamo para que tenhamos saúde.
28. - Kí àwa má ríjà ami o, 27. - Eu te chamo para que tenhamos uma vida serena.
29. - Odoodún ní a mi orógbó. 28. - Para que não sejamos vitimados pela ira das águas.
30. - Odoodún ní mí obi lóri àte o, 29. - Dizem que anualmente há Orobo na feira.
31. - Odoodún ni ki wón ma rí wá o! 30. - Dizem que anualmente há muitos Obí novos na feira.
32. - Bi a se, èyi ju bàyi lo, ni àmódún. 31. - Que as pessoas nos vejam todo o ano.
33. - Òshún só wá, ki o máà sí wàbálà 32. - Do mesmo modo que fizemos tua festa, que possamos fazer
lárín àwa omo ré. outra melhor, no próximo ano.
34. - Kí ilé má jò wá. 33. - Yeye-Òshún, nos proteja, para que não haja problemas
35. - Kí òna má nà wa o. entre nós, teus filhos.
36. - Pèsè às e fún wá o. 34. - Para que haja paz em nosso lar.
37. - Eni as e àmódi ara. 35. - Que nossos objetivos não se voltem contra nós.
38. - Fun ní àláfià o. 36. - Dá-nos axé!
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39. - Okó oba, àdá oba, kí ó ma sá wa lèsè o. 37. - À quem estiver doente,
40. - Kí àwa má rí Ogun idilé! 38. - Dá saúde!
39. - Que as leis dos homens não sejam infringidas por nós.
40. - Que não haja problemas em nossa família!
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ORIKI ÒSHÚN

Yeyé wáile Mãe, venha à nossa casa


unshèbó umbó omi o. fazemos o ebó através das águas.
Alade olugbá ibú laiye Rainha e Senhora de todos os rios, nós, teus filhos,
Agbá mofé kiwo. suplicamos que tu, nossa mãe,
Yeyé mi na muwá omi tutu traga-nos a água que limpa
Nitosi wenderé ati a magbe que refresca nossos corpos,
pelu ré arun asó kele, que nos seque depois com teus panos
ati sagbe pe fu ré arun, para livrar-nos de todos os males.
Aso pele mitosí di onire Oh, Mãe! Mensageira de Olodumare,
gbogbo na burukú iwo ikó . Sagrada Ìyágbá, dona dos cabelos, rosto, olhos
Olodumare obinrín o pa arô e boca mais formosos do mundo,
Osátaní airô ati iwaju elo aquela que é dona dos metais nobres,
ojú ati rérin misin juló minha Mãe!
Legbara ni gbogbo na Axé!
Osá aÌyágbá ati olugba
ni gbogbo na wura ni laÌyá Ìyámi,
Asé.
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ORIKI ÒSHÚN

1- yèyé òpàrà ! 1- Mãezinha da cidade Òpàrà !


2- Obìnrin bí okùnrin ní Òshún 2- Òshún diz que é uma mulher forte como homem.
3- A jí sèrí bí ègà 3- sua voz é bonita como a voz do pássaro
4- Yèyé olomi tútú 4- senhora das águas frescas
5- Ilu òpàrà Òshún ò jò bíri kalee 5- Na cidade Òpàrà, Òshún dança rapidamente sem
6- agbà obìnrin ti gbogbo ayé n’pe sin que possamos vê-la
7- Ó bá Emilare jé pétékí 6- Mulher antiga de muita sabedoria que todos nós
8- O bá alágbára ranyanga dìde. Veneramos.
7- Aquela que aceita comer Pétékí com Obaluwaiye.
8- Aquela que enfrenta os poderosos com sabedoria e
calma.

AFO-ASE OSUN

YEYE-ÒSHÚN OLODO MÃEZINHA ÒSHÚN DONA DOS RIOS,


OLÓÒMI DAYÈ SENHORA DAS ÁGUAS QUE DÃO VIDA
ÌYÁ OMINÍBÚ MÃE DAS ÁGUAS FRIAS E PROFUNDAS
OSUNMILAYA ÒSHÚN ESPOSAS DE ÒRÚNMÌLÀ.
KARE OOO BONDOSA E CUIDADOSA
IMOLE BI REWA ÒRÌSÀ DA MATERNIDADE,
ÒRÌSÀ OLOOGUN PÁARUN ÒRÌSÀ QUE TEM GRANDE PODER DE MAGIA E CURA.
ÒSHÚN OLÓRÍ ÌYÁÀMI ELÉYE. AQUELA QUE DETÉM O PODER. LÍDER DAS ÌYÁMI POSSUIDORA DO
O LERÒ OGUN, A KIN PAPA PODER ÀJÉ AQUELA QUE ACALMA ÒGÚN, O GRANDE DESBRAVADOR
O KIGBA UN GBÒ LÈJÈ RIJA-RIJA, SANGUINARIO.
SARAJÈ SOFO SEGBAN OTA. AQUELA QUANDO É CULTUADA COM SANGUE, FICA MUITO ZANGADA,
ÒSHÚN ÌYÁTEMI MO KE OKUTA KO ÈJÈ SE E TRANSFORMA IMEDIATAMENTE EM UMA ÀJÉ, CAUSANDO
PROBLEMAS A ALGUÉM QUE A TENHA OFEENDIDO.
MOKI OMI TUTU NI LOKUTA MINHA MÃE ÒSHÚN, EU NÃO USO SANGUE SOBRE O SEU OKUTA.
KARE OOO GRANDE MÃE BONDOSA,
ÒSHÚN ÌYÁNLA ORE, . ! É COM ÁGUA FRESCA QUE EU SAÚDO SEUS FUNDAMENTO,
ÒSHÚN ÌYÁMI GBA MI OOO! ÒSHÚN ME ABENÇOE!
MOPUE NI OMITUTU CHAMO-LHE COM ÁGUA FRIA,
MO GBÒ NI OMI TUTU CULTUO-LHE COM ÁGUA FRIA,
AWE MI NI OMI TUTU BANHO-ME COM ÁGUA FRIA.
MO GBE YIN SEGBA RERE. EU SUPLICO PARA QUE ME ABENÇOE.
ASE O! ASE O!
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ORÌKÍ FÚN ÒSHÚN – 1 Ogbe-Meji


Consagração dos Idè-Òshún

Ilé mopue ooo! Terra eu vos chamo!


Ìba Òshún sekese Eu saúdo a deusa do mistério,
Ìba Òshún olodi Espírito que limpa de dentro para fora,
Latojoki awede we’mo Eu saúdo a deusa do rio
Ìba Òshún ibu kole Espírito que limpa de dentro para fora
Ìba Òshún Logun Èdè Eu saúdo a deusa do encanto.
Yeye kari omi Eu saúdo a deusa atrativa da cidade ède
Latokoko awede we’mo Mãe do espelho d'água
Yeye opo Espírito que limpa de dentro para fora
Ìyámi ti to so oku de à iy é Mãe da abundância
O di oná ku ita òrun Minha mãe que transforma a morte em vida
O san rere o! Aquela que fecha o caminho da morte
Òshún, sun gbemi o! Nós cantamos seus elogios.
Idè lowo, Idè lese, Òshún yeye oo! Oshun, seja mais íntima para Mim.
Afidè ri omòn, Òshún yeye oo! Òshun tem bronze nas mãos, bronze nos pés,
Àse Òshún é quem enfeita as crianças com o bronze.
Asé

ORIN OSHUN ORIN OSHUN

O ni Ìyá bééré A grande Mãe


O ni Ìyá bééré o A grande Mãe
O ni bééré o A grande Mãe
O ni Ìyá bélópó, òmó A grande mãe à quem suplicamos para termos filhos.
Òshun ade ómówá Oshun é quem dá filhos!
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ORIKI OSUN – 2 Ogbeyeku –


Consagração dos Èdòn-Oshun (estatueta de bronze)

Mojuba Oshun! Eu reverencio Oshun


Mojuba Égbé Ogboni! Eu reverencio a sociedade Ogboni!
Oshun Élédon gbogbo Oshun dona dos Èdón.
Osun gbe mi, ki iku mapa mi Oshun me proteja e que Iku não me mate!
Osun gbe mi, ki arun mapa mi Oshun me proteja e que Arun não me mate!
Osun gbe mi, ki ofô mapa mi Oshun me proteja e que Ofo não me mate!
Oshun Élédon ibá o! Saudações Oshun à proprietária dos Édón.
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ORÌKÍ FÚN ÒSHÚN - 3


Ogbe-Yònu
Para encher a talha com água e consagrá-la em acumulo e abundância.

- Ogbe-Yònu ooo - Ogbe-Yònu


- Osun marijanu! - Oshun não sente raiva!
- Òshún alafé Òshun dona do afeto!
- Ore yeye ooo! - Mãezinha bondosa!- Venha bondosamente!
- Karê ooo - Mãezinha bondosa! Venha bondosamente!
- Ore yeye ooo! - Mãezinha bondosa!
- Karê ooo - Venha bondosamente!
- Ore yeye ooo! - Aquela que foi colocada no caminho do bem
- Karê ooo. - Osun eu te chamo,
- E ni narê ooo. - Não te chamo por causa da morte,
- Osun mo pé ó o, - Não te chamo por causa da doença de alguém.
- N’ò pé o s’Ikú eni kankan - Eu te chamo para que tenhamos dinheiro.
- Béni n’ó s’árùn eni kankan, - Eu te chamo para que tenhamos filhos.
- Mo pé ó níní owo. - Eu te chamo para que tenhamos saúde.
- Mo pé ó sí níní omo, - Eu te chamo para que tenhamos uma vida serena.
- Mo pé ó sí níní aláfià. - Para que não sejamos vitimados pela ira das águas.
- Mo pé ó sí òró. - Dizem que anualmente há Orobo na feira.
- Kí àwa má ríjà omi o, - Dizem que anualmente há muitos Obí novos na feira.
- Odoodún ní a mi orógbó. - Que as pessoas nos vejam todo o ano.
- Odoodún ní mí obi lóri àte o, - Do mesmo modo que fizemos tua festa, que possamos fazer
- Odoodún ni ki wón ma rí wá o! outra melhor, no próximo ano.
- Bi a se, èyi ju bàyi lo, ni àmódún. - Oshun, nos proteja, para que não haja problemas entre nós,
- Òshún só wá, teus filhos.
- ki o máà sí wàbálà lárín àwa omo ré. - Para que haja paz em nosso lar.
- Kí ilé má jò wá. - Que nossos objetivos não se voltem contra nós.
- Kí òna má nà wa o. - Dá-nos o Ashé!
- Pèsè àse fún wá o. - À quem estiver doente, dê saúde!
- Eni ase àmódi ara. - Que as leis dos homens não sejam infringidas por nós.
- Fun ní àláfià o. - Que não haja problemas em nossa família!
- Okó oba, àdá oba, kí ó ma sá wa lèsè o. - A grande Òshún, aquela que não pode prejudicar as pessoas.
- Kí àwa má rí Ogun idilé! - Osun espírito do Rio, não deixe que o mal dance sobre a
- Ipen obinrin a jo eni ma re. minha cabeça no mundo.
- Osun ma je mo aiye o jó le li eri. - Aquela que testemunha e renova o êxtase de uma pessoa.
_ A tun eri eni ti o sunwon se. - A poderosa dona de todas as coisas boas, aquela que
- Alashè tun se a kí nla oro bomi. cumprimenta os eventos mais importantes na água.

ORIN OSHUN CANTIGA DE ÒSHÙN

Ìyába orun ómanfé Soberana do Òrun que ama os filhos,


Ìyá féé mi o Mãe ama-me também!
Ìyába orun ómanfé Soberana do Òrun que ama os filhos,
Ìyá féé mi o Mãe ama-me também!
85

ISURE ÒRÌSÀ ÒSHÚN - Ogbe-Idikaka

Ogbe dikaka jilélé Ogbèdi é quem desperta.


Ada shasha osiko obana Òshún você quem faz as coisas sem ser questionada
Adifafun oshun Aquela que dá filhos, esperando pelo choro das crianças
Ati oggun tinshe Aquela que nunca se cansa de usar Idé
Aquela que conhece o segredo dos cultos, mas nunca os revela.
Komadie eyele marun elebo.
Aquela que é forte e nunca é atacada.
Oshun omi dun dun
Mãe graciosa, eu te saúdo.
Shiri lodafun Òrúnmìlà. Òshún ooo
Òshún abúra-Olu Òshún ooo
Eni fún ni lómo, nii retí igbe Òshún ooo
Eni ide kii sú Mãezinha Efon
A mo àwòmà ro Mãezinha Òshun.
Gbàdàmúgbàmú obìrin kò sée gbámú Mãezinha das águas frescas.
Ore yèyè o, pele o. Òshún eu te chamo!
Òshún ooo! Terra eu te chamo!
Òshún ooo! Chamo Òshún, o poder das águas limpas!
Òshún ooo! Chamo Òshún, o poder das águas que purificam.
Yêyê Éfon Chamo Òshún para prosperidade!
Yeye Òshún. Oshun dona da doçura das águas!
Yêyê lomi tutu. Oshun dona do frescor das águas!
Òshún môpuê ooo! Òshún dona da tranqüilidade.
Ilé môpuê ooo Saudações ao mistério, o espírito que limpa de dentro para
Mopuê Oshun, ashé lomi mó fora,
Mopuê Òshún, ashé lomi kawé Saudações à Deusa do rio
Môpuê Òshún fun Irê Espírito que limpa de dentro para fora
Òshún Olomi dundun Saudações à Deusa do encanto
Òshún Olomi tutu Saudações à Òshún, o charme e encanto da cidade de Èdè
Òshún élésó-ésó Mãezinha do espelho d'água.
Ìba Òshún shekeshe Espírito que limpa de dentro para fora
Ìba Òshún olodo Mãe da abundância, Mãe da fartura e prosperidade!
Latojoki awede we’mo Oshun dona de todas as coisas boas!
Ìba Òshún ibu kole Òshún senhora que faz todas as coisas serem boas.
Ìba Òshún Logun Èdè Òshún venha bondosamente!
Yeye kari omi Bondosa
Lato koko awédé wé’mó Bondosa
Yeye opo, Yeye Ayô Bondosa
Oshun Olorere o! Òshún eu te chamo!
Òshún Oloshêrê o Não te chamo por causa da morte,
Òshú wá Karê ooo Não te chamo por causa da doença de alguém.
Karê ooo Eu te chamo para que tenhamos dinheiro.
Karê ooo Eu te chamo para que tenhamos filhos.
Karê ooo Eu te chamo para que tenhamos saúde.
Oshun mo pé ó o! Eu te chamo para que tenhamos uma vida serena.
Ko pé o s’Ikú eni kankan
86

Bé ni, un ós’árùn éni kankan, Para que não sejamos vitimados pela ira das águas.
Mopuê o níní owo. Òshún nos proteja, para que não haja problemas entre nós, teus
Mopuê o, sí níní aláfià. filhos.
Mopuê o, sí òró. Para que haja paz em meu lar.
Kí àwa má ríjà omi o, Que meus objetivos não se voltem contra mim.
Òshún shó wá, Òshún eu te saúdo!
ki o máà sí wàbálà, lárín àwa ómó ré. Que não haja problemas em nossa família!
Kí ilé má jò wá. Que não haja dificuldades em nossa família!
Kí òna, má nà mi o. Que não haja miséria em nossa família!
Òshún mojubá! Òshún o!
Kí àwa má rí já idilé! Òshun eu lhe chamo.
Kí àwa má rí diná idilé! Minha mãe Òshún venha até nós!
Kí àwa má rí oshì idilé! Òshún que vem rodopiando delicadamente!
Òshún o! Eu lhe peço felicidades!
Òshun mo puê o Eu lhe peço uma vida de riqueza!
Ìyámi Òshún, wà rê wa o! Dona das águas frescas.
Òshun a Ilóló wà! Que cura doenças com água fresca sem receber sangue.
Mopuê o, si níní àlàáfíà Aquela que é perfeita.
Mopueo, sí Òrò Mãe benfeitora proteja-me.
Yèyé olómi tutu Bronze nas Mãos.
A f’omi tutu wo àrùn láì gbèjè Bronze nos Pés.
Ó l’éwà Òshun é a mamãezinha!
Oore yèyè o gbà mi Aquela que enfeita as crianças com bronze.
Idé lôwô Òshún aquela que é virginal e sagrada!
Idé lésé Aquela que é cheia de percepção
Òshún yêyê o! Aquela que é pura como um bebê!
A fidé ré Ómó Oh, Mãe! Mensageira de Olodumare ao raiar da aurora.
Òshun oyéyé ni mò Soberana, dona dos cabelos, rosto, olhos e boca mais formosos
Agbomo omode wele-wele do mundo.
Ìyà o! Mãezinha dona do Bronze.
Olodumare obinrín eku aarô. Òshún eu te saúdo
Osá taní airô ati iwaju elo ojú ati rérin. Mãezinha Bondosa!
Misin juló Legba ni bogbo na Osá. Pessoa que nada consegue destruir,
Ayabá ati olugba ni bogbo na wura Osun que faz as coisas sem que seja questionada,
Yêyê oni idé oo Você que não cansa de usar bronzes ornamentais,
Iba òshún Mulher forte que nunca é atacada,
Orê yêyê o! Pessoa que sentou em cima da cesta na profundeza do rio,
Òshún iwó wé ómó yé, Orê yêyê (mãe graciosa)
Omi, arin-ma-sun, Orê yêyê imole (graciosa mãe òrìshà),
Yêyê wémó yé gbómó fun mi jo, Você que acalma as crianças com os seus bronzes ornamentais.
A f’idé ri òmò ôdô lô yê Você que tem trono calmo, Mãe graciosa, a rainha do rio,
Ayila, gba mi ô, éni. Mãe graciosa,
A ni-ni i gba ni, Òshún me proteja e meu filho com o banho,
Òshún, tô mi si oná óró ati àlàfià, Você que dá vidas às crianças, me dê filhos para cuidar,
Àshé ti Eledunmare Ayilá (òshún) me proteja,
Eledunmare àshé. Eu espero salvação de você,
Irê tó! Òshún me caminhe para prosperidade e a paz.
Axé de Olodunmare
A benção Olodunmare. Irê tó!
87

ORIN-OSUN CANTIGA DE ÒSHÙN

Iba, Iba, Iba Oshun! Saudações, Saudações, Saudações à Oshun!


Mojuba Kabiesi, Ibá Oshun! Eu reverencio sua majestade, reverencio Oshun!
Iba, Iba, Iba Oshun! Saudações, Saudações, Saudações à Oshun!
Mojuba Kabiesi, Ibá Oshun! Eu reverencio sua majestade, reverencio Oshun!

ORIKI ÒSHÙN - Ogbeshè


Consagração do Ekodidé (fama)

Ogbe-oshe gbo lo gboshe aye


Gbaloshe oshu oshi kalika ni
Ni pa wbe she nila
Adifafun odide aban kéké
Adifafun odide ti olosi iwo shala.
Ekodide ire ooo
Ekodide ni alashe ire aiye.
88

ORÌKÍ FÚN ÒSHÚN - Òsáshè

Òshún Yeye opo O Espírito do Rio, mestre das profundezas da riqueza,


Òshún Yeye Ayô Dona de inumeráveis penas Ekodidè
Eiye Adaba gégé ooo! Òshún Yeye opo, mãe da abundancia!
Yeyé wáile unshebó, umbó omi ô. Òshún Yeye Ayô, mãe da fartura.
Alade olugbá ibú laiye Agbá mofé kiwo. Delicada pomba Adaba!
Yeyé mi na muwá omi tutu nitosi Mãe venha à minha casa, fazer ebó através das águas.
U enderé ati amagbe pelu ré arun Rainha e Senhora de todos os rios,
Asó pele ati sagbe pefu ré arun, Nós, teus filhos, suplicamos que tu, nossa mãe, traga-nos a
aso pele mitosí di onire bogbo na água que limpa e refresca nossos corpos, e que nos seques
burukú iwo ikó . depois com teus panos para livrar-nos de todos os males.
Olodumare obinrín opa arô Oh, Mãe!
Osá taní airô ati iwaju elo ojú ati rérin Mensageira de Olodumare.
Misin juló Legba ni bogbo na Osá Soberana, Dona dos cabelos, rosto, olhos e boca mais
A Ìyágbá ati olugba ni bogbo na wura formosos do mundo,
Oniidé oo Aquela que é dona do Bronze.
Ni laÌyá Ìyámi, Minha Mãe!
Ìyámi Eleye ooo! Minha mãe proprietária de pássaros!
Òshún olo kiki ódíde! Oshun Proprietária do Ekodidé
Asé. Axé!

ORIN-ÒSHUN CANTIGA DE ÒSHÚN

Kómó lodo wan sin é, Aquela a quem os filhos cultuam no Rio,


Kómó lodo wan ópó, Aquela cujos filhos são numerosos no Rio,
A éfé! A éfé Nós a amamos! Nós a amamos!
Awa yin, Nós a louvamos
Sin sin Adoramos!
Òshún Iyami, Minha mãe Òshún
Sin sin Adoramos.
89

ISURE ÒRÌSÀ ÒSHÚN - Ogberete

Iba Òshún Òshún eu te saúdo


Ore yeye o Mãezinha Bondosa!
Òshún iwo we omo ye, Aquela que nada destrói,
Omi, arin-ma-sun, Osun que faz as coisas sem que seja questionada,
Yeye wemo ye gbomo fun mi jo, Você que não cansa de usar bronzes ornamentais,
A f’idè ri òmò odo lo ye Mulher forte que nunca é atacada,
Ayiala, gba mi o, eni Pessoa que sentou em cima da cesta na profundeza do rio,
A ni nii gba ni, Ore yeye (mãe graciosa)
Mo pe o sowo, Ore yeye imole (graciosa Òrìsà),
Mo pe o somo, Você que acalma as crianças com os seus bronzes ornamentais,
Mo pe o si aiku, Você que tem trono calmo,
emi, fe iye, ati oro, Mãe graciosa, a rainha do rio,
Eniti nwa omo ko fun lomo, Mãe graciosa,
Omo daradara ni ki o fun won, Òshún me proteja e meu filho com o banho,
Òshún, to mi si ona oro ati alafia, Você que dá vidas às crianças, me dê filhos para cuidar,
Àse ti eledunmare Ayaala (Òshún) me proteja, eu espero salvação de você,
Eledunmare àse Eu te chamo para ter dinheiro e filho,
Eu te chamo para não morrer, mas para ter a vida e prosperidade.
Dá filhos para quem precisa ter,
Favoreça-me filhos saudáveis,
Òshún me caminhe para prosperidade e a paz.
Asé do senhor supremo.
Benção do senhor supremo.
90

ORÍKÌ FÚN ÒSHÚN - Ireté-meji

Omolulu ni olomi náná. Omolu é dona das águas quentes!


Obaluwaiye ni onilé nána Obaluwaiye é o dono da terra quente.
Osun Olomi tutuooo Òshún é a dona da água fria.
Òshún ki tutu ilé Oshun quem refresca a terra!
Òshún ki tutu ilê Oshun quem refresca a casa!
Osun k'awèri omi tutu Oshun que lava as cabeças com água fresca.
Yeye Osun ki tutu ori ná Mãezinha Òshun que esfria as cabeças quentes.
Yeye Efon Mãe Efon.
Yeye Efón Mãe Efon
Oliri Akoko Eni Opàra Poderosa, líder ancestral do povo de Opara.
O ri onise oba ayi Kase Ela recebe o mensageiro do rei sem respeitá-lo.
O Je dandan oloran. Ela aceita as palavras do queixoso.
O fi aja wà inu eke wò. Com sua sineta ela fura o ventre do mentiroso.
Omo olu igbo soki redà omo ni. Não se pode carregar debaixo do braço o filho da mata de Iponda.
Obìnrin bí okùnrin ní Òshún Òshún é uma mulher com força masculina. (enérgica)
Obìnrin bí okùnrin ní Lógun Mulher curandeira com força masculina. (ativa)
A jí sèrí bí ègà. Aquela que canta afinadamente como o Pássaro Ega.
Yèyé olomi tútú. Graciosa mãe, senhora das águas frescas.
O pàrà ò jò bíri kalee. Aquela que mata rapidamente ao dançar rodopiando na água como o
Agbà obìnrin tí gbogbo ayé n'pe sìn. vento, sem que possamos vê-la.
Ó bá Sònpònná jé pétékí. Senhora plena de sabedoria, que todos veneramos juntos.
O bá alágbára ranyanga dìde. Aquela que come Pétékí com Sapònnãn.
Káre o! Aquela que enfrenta pessoas poderosas e com sabedoria as acalma.
Onílé mo mà yára Oshun dé o, Káre ooo!
Èrò yíì bá mònà kó será pàdé mi. Ao dono da casa digam que Oshun chegou
Ibà Òshún! Quem conhece o caminho, venha reunir-se à mim.
Òshún shinginshi Saudações Òshún!
Emi l’omo ìjèsà. Òshún shiginshi
Òshún ó jíre e o! Ibú olá! Sou cidadão de Òshún,
Orè yèyè imólè. Bom dia para você!
Òshún omi sá, omi wo. Respeito às águas profundas!
Omi a sàn rere wolé òdàlè. Saudações ao espírito da mãe velha
Emi l’omo Òshún gbàdàmúgbàdàmú Òshún água que eu respeito,
obìnrin yanyan bí òkúta, otúbù yó o Água perigosa
lógun, jíre e. Água que flui como um rio destruidor em direção a casa das pessoas
Ipóndà wá lòkùnkùn pélé falsas sou filho de Òshún.
ojú rè tàn dé òdò mi. A grandiosa mulher dura como pedra.
Òshún omi a jí san rere wòsà. Deusa que surge onde à guerra,
Yèyé adé oko, Bom dia Ipóndà
O mà jíre e o! Ìyá mi, Mesmo estando na escuridão o brilho de seus olhos chegou até mim
Obìnrin gbendeke, Òshún água que logo cedo caminha em direção a lagoa
A gbenu ifá solá, yèyé mi. Mãe velha adé oko,
A gbe inu imò sòrò. Minha mãe, mulher graciosa graças a ifá tem vida próspera,
Ore yèyé, jíre o! Minha mãe velha que vive com sabedoria
Òshún á t’orí eni tí ko sunwòn sè. Facilita a vida das pessoas
91

Omo omi kìí sòfò. Mãe velha, bom dia Òshún


Òshún, omi tíí léku dànù. É aquela que melhora um orí que está mal
Yèyé olómi tútù, a tò pèsè olá. Os filhos das águas tem boas ações
O wa yanrìn, Òshún água que afasta a morte
Wa yanrìn kówó sí. Mãe velha, dona das águas calmas que produz riquezas
Irúnmólè, tí í gba ní. Ela cava, cava areia para esconder dinheiro
Òshún, ilè odò tí í gba ní káre o, yèyé! Divindade que nos salva
Olókìkí ilú èkó. Òshún morada do rio que salva saúdo você, mãe velha famosa na
Òshún òsogbo! Olólmi wara wòrò tí í san cidade de lagos
wolé òtá. Ósun da cidade de òsogbo!
Òshún o wa yanrìn, wa yanrìn rówó nlá Dona das águas que correm suavemente e invade a casa dos inimigos
nlá kó ide lówó, ide lésè. Òshún, você cava, cava areia e descubra grandes fortunas porque tem
Òshún, yèyé ó afide rémo. bronze nas mãos e bronze nos pés.
Òshún, yèyé ó afide lé, kú. Òshún mãe Anciã que enfeita o filho com o bronze.
E ki ore yèyé o! Ore yèyé Òshún o. Ósun mãe Anciã que espanta a morte com o bronze.
Yèyé Òshún a sawo sòògùn Òshún a gbó Salve você, mãe velha! Salve você Òshún, mãe velha!
bèmbé gba àse. Ósun mãe velha que conhece os segredos da magia das folhas
Òshún a fomi tútu wo àrùn, Òshún que dá seu àse ao som dos tambores bèmbé
Lái gbèjè Òshún dola atóbálayé Òshún Sem usar sangue Òsn cura as doenças com água
tire ní n o sé dojó alé mó. Òshún da prosperidade
Òshún àti nú ibú tobi. E é suficiente para nos dar vida
A tilé náwó olá. Òshún eu te cultuarei na terra até o último de meus dias
Ore yèyé o! Onikii amo awo mo roonílé Òshún seu poder vem das profundezas das águas
tútù yèyé òba lódò o we omo yè. Olotutu Você gasta o dinheiro que tem em casa por vaidade
èkó. Saúdo você mãe velha Onikii que conhece os segredos, mas não os
Òòsò tí kò légún tí kò léjè.alágbo òfé. revela dona de uma casa tranqüila
O wá yanrìn kówó sí. Mãe velha rainha dos rios seu banho dá vida aos filhos
Òshún ò yèyé nímò. Dona da brisa fresca dos lagos
Káre ó, ìyá Òshún! Òrìsa que não possui osso nem sangue
Gbàdàmúgbàdàmú obìnrin kò sé fowo Que o dá graciosamente
gbé ore yèyé apèrè owó nbe nínu ibú. Você que cava a areia para enterrar o dinheiro
Òshún apèrè omó nbe nínu ibú yèyé mi, Òshún mãe velha e compreensiva saúdo você mãe
Alápèrè àláàfíà tí nbe nínú ibú. Òshún mulher grandiosa que ninguém consegue carregar nos braços
Òshún omi a rìn má sùn. Mãe velha a cesta do dinheiro está no fundo dos rios
Ore yèyé Òshún o! Ore yèyé òrìsà! Minha mãe anciã,
Olómú gàdàgbàgadagba a fide rèmo. Possuidora da cesta de paz que mora no fundo dos rios
Enì ìde kìí su. Òshún água que corre sem parar
Òshún we mí yèyé ipóndà. Saúdo você mãe velha Òshún!
Yèyé adé oko. Saúdo o òrìsà mãe velha!
Òshún opàra, Òshún ojuna, Dona dos seios fartos que enfeita os filhos com bronze
Gbogbo Òshún àti èyí tí mo kí pèlú èyí tí Suas pulseiras são de bronze e ela não se enjoa disso
n ko ibà mí fún gbogbo yín o, Salve-me òshún,
E dákun, Mãe anciã de ipóndà
E gbé mi o!!!!! Mãe Anciã de Adé oko
Òshun opàra,
Òshun ojuna e todos os mais variados títulos de Òshún
Mesmo aqueles todos que eu não citei, Eu saúdo!
Peço um grande favor,
Me dê seu apoio!
92

ORIN-ÒSHÚN CANTIGA DE ÒSHÚN

Osun Máà inãn Oshun não tem fogo, fúria.


Oshun máà inãn Oshun não tem fogo, raiva.
Kaabó olodo Seja bem vinda, senhora dos rios
Oshun a de awa, omi shé orô Oshun chegou transformando-se em água!

ORÌKÍ FÚN ÒSHÚN – Iretégbe


Marcar o Odu e recitar o Oriki para a consgração dos Búzios, riqueza.

Òshún mo pé ó o! Osun eu te chamo!


Mo pé ó sí níní owo. Eu te chamo para que tenhamos dinheiro.
Mo pé ó sí níní Omo. Eu te chamo para que tenhamos filhos.
Mo pé ó sí níní àláfià. Eu te chamo para que tenhamos saúde.
Mo pé ó si òrò. Eu te chamo para que tenhamos uma vida serena. Osun, nos
Kí àwa má ríjà omi o, proteja para que não haja problemas entre nós, teus filhos.
Kí ilé má jò wá. Para que sempre haja paz em nosso lar.
Kí ònà má nà wá o. Que nossos objetivos não se voltem contra nós.
Pèsè àse fún wá o. Dá-nos asé!
Kí àwa má ri Ogun idilé. Que não haja problemas em nossa família.
Osun olu ibú ola. Òshún, dona das profundezas e da riqueza.
Alade obrinin sowon. Aquela que é coroada.
Afinju obinrin ti ko a ide. Aquela que é muito elegante, na forma que lida com o dinheiro.

ORIN OSHUN CANTIGA DE ÒSHÙN

Igba lowo, igba si Oshun ô réwa A cabaça de dinheiro, a cabaça de Oshun é linda!
Igba lowo, igba si Oshun ô réwa A cabaça da riqueza, a cabaça de Oshun é linda!
Awa sin éki igba réw, réwa Nós a cultuamos, a formosa que recebe uma belíssima cabaça
Igba lowo, igba si Oshun ô réwa A cabaça de dinheiro, a cabaça de Oshun é linda!
93

ORIKI OSUN - Oshe-Meji

Òshún o! Òshún mo pè ó o Òshún o! Òshun eu lhe chamo


Ìyámi Òshún wà re awa o! Minha mãe Òshún venha até nós!
Òshún a Ilóló wà! Òshún que vem rodopiando delicadamente!
Mo pè o si níní àlàáfíà Eu lhe peço felicidades
Mo pè o sí Òrò Eu lhe peço uma vida de riqueza
Mo pè o si níní Omo Eu lhe peço filhos
Yèyé olómi tutu Dona das águas frescas
A f’omi tutu wo àrùn láìgbèjè Que cura doenças com água fresca sem receber sangue
Ó l’éwà Ela tem beleza
Oore yèyè o gbà mi Mãe benfeitora proteja-me.
Idé lowo, Idé lésé Bronze nas Mãos, Bronze nos Pés
Òshún yeye o! Òshún é a mamãezinha!
A fidé ré Omo Aquela que enfeita as crianças com bronze
Òshún òyéyéni mò Que é cheia de percepção
Agbomo omode welewele Espírito que protege a criança durante o parto.
Obìnrin bí Okùnrin ní Òshún Òshún é uma mulher com força masculina (tromba d’água).
A jí sèrí bí égà. Aquela que tem voz perfeita como o canto do Pássaro Éga.
Yèyé olomi tútú. Graciosa mãe, senhora das águas frescas.
Òshún òjò bíri kalee. Òshún, que dança rodopiando, sem que possamos vê-la
Agbà obìnrin tí gbogbo ayé n'pe sìn. Senhora plena de sabedoria, há quem todos veneramos juntos
Ó bá Sònpònná jé Pêtêkí. Aquela que come Pêtêkí junto com Sònpònná
O bá alágbára ranyanga dìde. Aquela que enfrenta pessoas poderosas e com sabedoria as
Olori pa ko ko eni òmò acalma. Poderosa, não atropele seus filhos.
O ri onise Oba ayi kase Ela recebe o mensageiro do Rei sem respeitá-lo
O je dandan oloran Ela que ouve as palavras do queixoso
O fi aja wà Inu eke wò Aquela que com o Sino fura o ventre mentiroso.
Omo Olu Igbo soki redà omo ni. Não se pode carregar debaixo dos braços os filhos da floresta.
Òshún mo pue o! Òshun eu lhe chamo!
Òshún mo pue gégé o! Òshún eu lhe chamo delicadamente!
Òshún gba béyin mi. Ashé o! Òshún aceite minhas petições! Ashé o!
94

ORIN OSUN CANTIGA DE ÒSHÚN

Kéké Oshun omi shoroodo Gradualmente Oshun transforma as águas do Rio em sagradas!
A yin man, yin man Nós a conhecemos, nós vos conhecemos
Kéké Oshun omi shoro odo Gradualmente Oshun transforma as águas do Rio em sagradas!
A yin man, yin man. Nós a conhecemos, nós vos conhecemos
95

ORIKI OSUN - Osetura

Gbogbo obınrin pata-pata lato nılo A partir de agora nenhuma mulher, sem exceção
Won o gbodo moro Não conhece os segredos de Òrò
Won o sı`gbodo wole´ Eegun E não penetram nos tronos de Eegun
Pe keegun o´ maa tojuu won jade Eegun não está na sua presença
O deewo Isso sempre será visto como tabu.
Su gbon gbodo unkan yo owu` tı Teremos de Oshun, sua vida melhorou depois.
eba´ nse Mas tudo o resto é feito
E e gbodo` mo´ fi ti Osun se Se alguém cozinha Ishù, sem o conhecimento de que
Laye´ ba´ gun regı a sua refeição não vai ser boa.
Won nı bonyan ba´ n gunyan Se alguém cozinhar Oka, sem o conhecimento de que a sua
Tı´ o` fi tosun se refeição não vai ficar boa.
Ìyán an won a lemo Nossa grande mãe!
Bı´ oniroka` ba´ n roka Nós incluímos em todas as nossas deliberações Osun quem vai
Tı´ o` fi tosun se estar presente em todas as deliberações importantes
Okaa re a sı mere Nós incluímos em todas as nossas deliberações Osun
A f mo jo tosun o Agbere-gede Ajuba o!
Iyee wa Ajuba Agbere-gede!
A ba´ won pe´ Ajuba Agbere-gede!
A fımo` jo tosun Ajuba Agbere-gede!
Agberegede ajuba` Ifa foi consultado para Osun Shen-geshı
Ajuba` Agberegede Quando ela estava oculta na terra e estragando todos os
A difa fun Osun sengesı´ ´ trabalhos das divindades.
OloÒyàayun Quando eles faziam sacrifícios sem convidar o dono do
O gbe´ koko, sacrifício.
O n bebo irunmole e je Osun, Ewuji!
Ta nı´ nrubo, tı o ke shelebo Nós joelhos rogando-te benefícios.
Osun ewujı Nós joelhos rogando-te benefícios
Akunle a be o! Curvamos prostrando-nos diante de você, uma mulher.
E wole fobinrin Antes de sermos reconhecidos como seres humanos.
Obinrin lo´ bı wa Todos nós nascemos das mulheres.
Ka awa to denÌyán Por você Òshún, curvamos prostrando-nos diante das mulheres.

ORIN OSUN CANTIGA DE ÒSHÚN

Awa kunle o! Ajoelhamos


Akunle a be o! Ajoelhamos em reverencia.
Awa kunle o! Ajoelhamos
Akunle a be o! Ajoelhamos em reverencia.
E wole f'obinrin, Obinrin lo'biwa Em reverencia ao poder feminino,
Kawa to deniyán O poder feminino que gerou toda a humanidade.
E wole f'obinrin Reverenciamos ao poder feminino.
E wole f'obinrin ooo Reverenciamos ao poder feminino.
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ORIKI FUN ÒSHÚN - ODIBARA

Oshun ilóló de o! Osun que chega rodopiando delicadamente!


Yèyé Òpàrà ! Yèyé Opàrà!
Obìnrin Bí Okùnrin Ní Òshún Oxum é uma mulher com força masculina.
A Jí Sèrí Bí Ègà. Sua voz é afinada como o canto do ega.
Yèyé Olomi Tútú. Graciosa mãe, senhora das águas frescas.
Opàrà Òjò Bíri Kalee. Opàrà, que dança rodopiando como vento, sem que possamos vê-la.
Agbà Obìnrin Tí Gbogbo Ayé N'pe Sìn. Senhora plena de sabedoria, que todos veneramos juntos.
Aquele que come Pétékí com Shapanná.
Ó Bá Sònpònná Jé Pétékí.
Aquela que enfrenta pessoas poderosas e com sabedoria as acalma.
O Bá Alágbára Ranyanga Dìde.
Seus olhos brilham como o bronze no fogo.
Ide fi ojú ta iná.
Osun Ijumu, dona de um pilão de bronze.
Osun Ijumu olodó ide.
Osun Ijumu não monta com vivacidade no pilão.
OlÌyá Ijumu alaiye ma gun odó poro.
Osun pode surgir subitamente no mundo.
Efon tere mò gun àiyé.
Vocês querem que Osun me castigue?
Eyín fe ki Efon ki o na mi.
Deixem a criança rodear meu corpo com suas mãos
Eyín fe o fi Owo ye ko mimò ara.
As mãos da criança são suaves.
Owo Omo ye ki Dun Eni.
Osun é suave.
Efon a ke ki Dun Enia.
Mãe Efon, aquela que é delicadíssima.
Yeye Efon, ógégé ooo!
Mãe Efon, dona do amor e ternura.
Yeye Efon, oniifé ooo
Mãe Efon, aquele que aparece coberta de bronze.
Yeye Efón, a kun'wá idé gbò
Osun é a dona da floresta de Obi.
Owo Omo ye ki Dun Eni.
A floresta de pimenta pertence a você.
Efon a ke ki Dun Enia.
A suprema Òshún que vem ao pátio para que cresçamos e
Efon li o ni Igbo obi.
tenhamos vida.
Iwo li o ni Igbo atare.
Òshún dona do rio, aquela que mora na água fresca e límpida.
Òshún Bàbá n'wa li oode ki awa gba ki.
Òshún olodo, alalê omi wá tutu.

ORIN OSUN
CANTIGA DE ÒSHÙN

Onikoto Ile Proprietária cuja morada é uma cabaça profunda!


Onikoto Ile Proprietária cuja morada é uma cabaça profunda!
O yeye Ominibu Ela é a Mãe das águas profundas.
Onikoto Ile. Senhora cura casa é uma cabaça profunda.
O yeye Ominibu Ela é a Mãe das águas profundas.
Onikoto Ile. Senhora cura casa é uma cabaça profunda.
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ORÚKÒ ÒSHÚN
(Nomes dos Iniciados em Òshún)

Òshún’dare Oshun me favoreceu!


Òshún’sheun Oshun é generosa comigo!
Òshún’jimirere Oshun me ergeu com riquezas!
Òshún’dayere Oshun tornou minha vida melhor
Òshún’túnji Oshun me fez reviver
Òshún’femi Oshun me ama!
Òshún’Gbemi Oshun é o meu abrigo!
Òshún’walekunrere Oshun veio encher a casa de riqueza e bondade
Òshún’Tobile Oshun é a nobreza da casa!
Òshún’Ésókun Oshún é cheia de gentileza e elegância!
Òshún’Mimò Òshun me purificou!
Òshún’Misola Oshun me fez honrado(a)
Òshún’Milare Oshun me cobriu de fortuna
Òshún’miyé Òshún me deu vida!
Òshún’wèmimó Òshún me lavou e purificou
Òshún’danmi Òshún me deu brilhantismo!
Òshún’milogùn Oshun é o meu charme e sinpatia!
Òshún’morewa Oshun me agraciou com formosura!
Òshún’misinalóró Oshun me encaminha para a prosperidade!
Òshún’Walemi Òshún veio morar comigo!
Òshún’Desóle Oshun chegou delicadamente em minha casa.
Òshún’difémi Oshun me deu um amor!
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ÒSHÚN O RIO DA VIDA

ORAÇÃO DIARIA

Ore yeye o!
Kaarê ooo!
Òshún venha esvaziar todos os nossos desejos,
Òshún venha realizar as nossas vontades e sonhos,
Para somente o fluir o transbordar de nossas almas, como a sua transparência.
Rios de Deus flua dentro de nós, flui calma e serenamente.
Òshún água viva que jorra do coração de quem crê na vida.
Que jorre sabedoria, amor, dedicação, privilégios, boa-sorte, carinho, felicidade e valores.
Realize os seus compromissos maravilhosos com todos os seres vivos.
O seu poder espantoso, é o fluir de Deus jorrando dentro dos nossos corações e nossas mentes.
É isso que precisamos em ti Òshún!
Para fluir o rio de Deus em nossas vidas é preciso estar cheios, cheios da verdade.
É preciso estar completamente inundados pelo amor, graça e compaixão de Òshún.
Agora estamos esvaziando um pouco de nós e deixando aqui nas águas de Òshún.
Você que realmente fluir em nossos corações e ao nosso redor.
Ao poder soberano de Òshún, reverenciamos.
O poder que precisamos vem do céu.
Òshún venha!
Para que possamos falar e agir com a sua realeza, limpidez e majestade.
“Todas as fontes estão em ti; Senhoril".
Àsé ooo!

Agbo Ato Asure Ìwòrìfún!

Ore yeye ooo!


Kaare ooo!
Òshún ooo!

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