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Oluwo Ifasinan

Kitandados Orixás

O J O G O D E B Ú Z I O S

ÉTICA
R E S P O N S A B I L I D A D E
Ética
O que é?

Para o ser humano poder viver em sociedade sempre houve a necessidade da


criação de regras. Sem regras certamente ele sucumbiria e jamais e jamais
poderia viver em comunidade. As regras são extremamente necessárias em
todas as dimensões da vida. Da mesma forma nas instituições elas são
primordiais. Em qualquer instituição (família, empresa, casas de orixás, igrejas,
estado ou clubs) as regras ou leis sempre estiveram presentes. Elas não só
determinam os comportamentos adequados e as formas de agir aceitáveis
como também inibem atitudes consideradas erradas.

As regras delimitam as ações dos indivíduos em prol do bem-estar da


comunidade e consequentemente para a própria sobrevivência do indivíduo
em sociedade. Por tanto houve sempre a necessidade de se estabelecer o
que é “certo” ou “errado”, o que é o “bem” e “mal” para que os seres humanos
possam conviver em sociedade. A convivência se da mediante a uma norma
comum aceita majoritariamente. Esses conceitos, uma vez estabelecidos,
tornam-se parte da prática comum e regem o compromisso humano e seus
costumes. No senso comum, o processo de identificação e conceituação de
tudo que se refere ao comportamento humano, seus costumes e atos morais
é chamado de ética.
Moral
O que é?

Há uma natural confusão entre o que é ética e o que é moral. Podemos dizer
que a ética é a reflexão sobre os fundamentos da conduta humana. Já esses
fundamentos são chamados de moral, entende-se por moral o conjunto de
normas, imperativos e regras de uma determinada comunidade ou sociedade
em uma determinada época. A ética não cria normas, mas as estuda. A moral
cria as normas, é normativista; cabe a ela dar os limites, dizer o que deve ser
feito em determinadas situações.

Comportamentos são válidos por regras e normas de acordo com que o


grupo social interpreta por “certo” ou “errado”. A moral vincula-se
necessariamente ao tempo, lugar e espaço onde ela se dá, ou seja, ela é
contextualizada, temporal. Normas que regem o comportamento dos
indivíduos, instituídas há muito tempo, podem ter caído em desuso ou
simplesmente terem sido revogadas por não haver mais necessidade, já que a
sociedade não encara mais tais comportamentos como “errado”.
A Ética e o
Oráculo
O que é?

A ética e o Oráculo compreendemos o sistema de valores morais associados a


Orunmila Ifa ou seja, é de Orunmila Ifa que se retira a sustentação filosófica e
teológica para o estabelecimento dos seus preceitos e normas. Também
podemos conceituar a ética em Orunmila Ifa como a ciência da conduta
humana na medida que ela é determinada pela conduta estabelecida por
Olodumare revelada no Corpo Literário de Ifa; ou ainda, a reflexão
disciplinada sobre a pergunta (e sua resposta) “ O que eu hei de fazer, como
crente em Orixá e membro iniciado da Religião dos Orixá? ”.

As normas para conceituação da ética em Orunmila Ifa são baseadas na


revelação de Olodumare e tem como sua maior expressão a Palavra de
Orunmila contidas no corpo literário de Ifa. Predominantemente social e não
individualista, ela é resultado natural da comunidade criada por Olodumare,
que são As Igrejas de Orunmila, Templos de Orixás. E como Orixá, ela tem
como base a ação moral de Orunmila presente no corpo literário de Ifa. O
Oráculo a missão e atuação de quem faz a leitura com o Oráculo é está
condicionado a situação do outro. Levantar-se diante de Orunmila nos
momentos de crise e tornar-se seu instrumento para conduzir o outro ao
caminho correto a ser seguido.

A missão se divide em duas ações: denunciar e anunciar. A denúncia é a


delação do erro ou liderança por todo mal causado a si mesmo ou a outros.
Obviamente só a denúncia do mal se há critérios para serem avaliados como
“certo” ou “errado”. Esse critério só pode ser avaliado segundo a orientação de
Orunmila. O Olhador na observação do oráculo baseia-se no anúncio da
palavra de Orunmila para seus aconselhamentos. O Oráculo é inviolável o
segredo da consulta o sigilo é absoluto
Cosmovisão
O que é?

Cosmo é uma palavra de origem grega e oferece a ideia de totalidade da


criação. Em Orunmila Ifa é traduzido por Orun (céu) e Aye (terra). É a ordem
criada em contraste com o Caos que não apresenta nenhuma coerência.
Cosmovisão é maneira como enxergamos o Universo, a maneira como o
concebemos, tanto em sua origem quanto em sua estrutura e propósitos. O
melhor modo de entender o produto de qualquer cultura é entender a
cosmovisão subjacente que se expressa.

No entanto a cultura muda ao longo do curso da história, e, assim, o uso


original do termo cosmovisão denotou relativismo. Todos nós temos uma
cosmovisão, por mais básica ou destorcida que seja. Funciona como uma
lente da qual você vê o mundo. O universo é muito grande e complexo. As
estrelas, a lua, o sol, a terra, o mar, as plantas e os animais não podem ter
surgido do nada. Quando estudamos química, física ou biologia, vemos que as
coisas funcionam dentro de certas leis. E que para que uma lei exista é
preciso alguém para cria-la. Mesmo que não houvesse igrejas e religiões seria
necessário buscar explicação de como tudo começou. Somente por observar
o que existe somos levados a acreditar que há uma força maior por trás disso.
Essa força chamamos de Olodumare.
A criação
O que é?

Aprendemos desde muito cedo que “Deus criou o céu e a terra”. Para nós isso
sempre foi muito evidente. Uma verdade aparentemente simples que
encerrava em si um conjunto com relação ao homem, Deus e o mundo. Uma
verdade absoluta aceita quase inquestionavelmente por qualquer pessoa em
nossa cultura. De repente, o Big Bang, a evolução das espécies, a existência
eterna do mundo entrou em “concorrência” e passaram a ser preposições tão
válidas quanto as das escrituras. Aquilo que durante muito tempo foi uma das
evidencias mais forte da existência em Deus foi colocada em xeque e
continuamente questionada até o ponto de não restar qualquer certeza por
parte daqueles que não expressão sua fé viva em Deus. Toda via nós
sacerdotes da Religião dos Orixás cremos definitivamente que Olodumare
(Deus) é o Criador de todas as Coisas.
Uma pequena
história
INLE OGUERE era uma linda Obini (Mulher) que tinha muitos filhos, mas a que
mais se destacava era uma jovem muito bela chamada AFOKOYERI e esta filha
não aceitava ordens de ninguém. Decorreu que havia um ser loucamente
apaixonado por ela que era muito feio, horrível, chamado ASHIKUELU o qual
vivia entra as trevas nas profundezas das entranhas da terra e só enxerga pela
fosforescência e a luz dos minerais que se desprendiam daquela eterna
escuridão e só expiava este mundo de vez em quando pela boca de um
buraco, uma fenda, e isso acontecia quando seus filhos lhe davam uma Eure
(Cabra) que com a oferta, os cantos escureciam o céu.

ASHIKUELU se valeu de suas artes de encantamento para conseguir ser dono


do amor daquela menina. AFOKOYERI se encontrava um dia passeando pelo
campo e viu uma abóbora muito bonita a qual era sua comida preferida, já
que sua mãe e ela só comiam as sementes, então foi pegá-la e viu que o
caminho da mesma a levava a entrada de um buraco e quando se aproximou
surgiu das profundezas ASHIKUELU escurecendo o céu e sem dar-lhe tempo
de fazer nada lhe tomou a mão e a levou com ele para as profundezas da
terra.

INLE OGUERE ao se dar conta disso, desesperada começou a buscar entre os


feiticeiros de sua terra um que fosse capaz de resolver seu problema e ouviu
então falar de ORUNMILÁ e foi vê-lo e este a consultou com IFÁ e disse a ela
que sua filha havia nascido para viver entre as trevas, já que os humanos não
compreendiam a grandeza de sua vida. Que ela tinha de fazer alguns
sacrifícios e oferendas a ASHIKUELU em uma fenda, chamá-lo e quando ele
saísse teria de fazer um pacto com ele.

Assim o fez INLE OGUERE e quando ASHIKUELU saiu lhe disse, depois de
render reverências (moforibale): “Tu terás o direito de que sua filha viva seis
meses contigo e seis meses comigo, tu és a crosta da terra de todos, és luz
onde tudo floresce, eu sou a sombra das entranhas da terra, onde as coisas
germinam”.
Olófin (Deus) que estava ouvindo tudo aquilo disse: “Tu INLE OGUERE, serás
IYA INLÉ “A MÃE TERRA” a que sempre dará aos homens seus frutos, com o
que sustentar suas vidas. Todos os homens sempre terão que lhe dar comida
e aquele que quer ver-te, primeiro terá que reconhecer a ti e a tua Omo (filha),
tanto nos campos arados, como nas sepulturas naturais e te verão em cada
fruto, cada mineral, em tudo, nas entranhas da terra e na crosta terrestre.
Tu sempre serás a Mãe amorosa que alimentará seus filhos e ao final será a
morada que acolherá o corpo de cada um. Tu comerás e trabalharás com
ASHIKUELU e AFOKOYERI, os quais são teus filhos bem amados, além de
YEWÁ, OSSAIN, AZOWANO, ODUDUWÁ, ORO e mesmo comigo, guardarás a
memória de cada um dos que passaram pela terra, onde cada vez que se fizer
alguma oferenda a algum EGUN, terá que ser através de ti, porque para isso
és IYA INLÉ a qual deve ser nomeada por cada um de teus filhos.
Conclusão
Conclusão Ao continuar nosso estudo nos aplicando ao conhecimento de
diferentes cosmovisões fica bem mais fácil falar de Orunmila por que
estaremos compreendendo a mente do outro e saberemos quais falsidades
ali infiltradas o impedem de compreender a mensagem de Orunmila.
Conseguimos distinguir a diferença entre os diversos grupos e ideologias que
nos rodeiam, pelo menos as diferenças gerais. Claro que um “Crente Cristão”
e um “Ateu” rejeitam a mensagem de Orunmila. Isso, porém, não significa que
não aceitem mensagem nenhuma e nem que suas recusas se dão pelo
mesmo motivo. Na verdade, eles também discordam entre si. Eles não são
pessoas que não creem em nada. São pessoas que creem em sistemas de
crenças diferentes. Logo, a cosmovisão em Orunmila Ifa termina por ser uma
excelente ferramenta apologética e esclarecedora. Nossa posição se torna
mais clara e definida, as linhas gerai se tornam mais evidentes e nossa ação
mais eficaz. Até mesmo em termos práticos enxergamos a real situação do
mundo e de sua salvação.

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