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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - UFJF

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E AVALIAÇÃO DA


EDUCAÇÃO PÚBLICA - PPGP

Cristiane Pereira Ribeiro Canguçu


Eliane Cristina da Silveira
Elísia Maria Pereira dos Anjos
Thania Lúcia Xavier Arruda e Rodrigues
Wanubia de Matos Ferraz Santos

A pesquisa foi realizada na Rede Estadual de Minas Gerais. O entrevistado foi Jean
Fellipe Campos Lopes, 36 anos, sexo masculino, diretor da Escola Estadual José Augusto
Ferreira, formado em Pedagogia. Na época da elaboração da BNCC ele atuava como
supervisor pedagógico na escola pesquisada e esteve à frente dos trabalhos relacionados às
adequações da BNCC. Além disso, já trabalhou no ensino superior, bem como, intérprete de
libras tanto na rede pública quanto privada.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que estabelece as
diretrizes para a elaboração dos currículos escolares em todo o Brasil. Cada estado brasileiro
pode e deve adaptar a BNCC de acordo com suas necessidades e características regionais.
Minas Gerais, assim como outros estados, também fez adaptações específicas à BNCC para
melhor atender às demandas locais.
A Base Nacional Curricular Comum – BNCC é assim definida:
É um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem
desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de
modo a que tenha assegurados seus direitos de aprendizagem e
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional
de Educação – PNE. (BRASIL, 2017).

Além de estar prevista na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases


da Educação - LDB 9394/96, a BNCC está indicada nas Conferências Nacionais de Educação
e também no Plano Nacional de Educação (PNE), ambos os documentos sugerindo uma base
comum.

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De acordo com o artigo 210 da Constituição Federal de 1988 serão fixados conteúdos
mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e
respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. Portanto, desde 1988 já havia
uma preocupação em relação ao currículo que deveria assegurar uma formação básica
comum. Essa preocupação com a formação básica comum está fundamentada na ideia de que
todos os cidadãos brasileiros devem ter acesso a uma educação de qualidade e que,
independentemente de onde vivem, têm direito a um currículo mínimo que garanta
conhecimentos essenciais.
Essa preocupação com a formação básica comum também estava alinhada com a ideia
de equidade na educação, buscando reduzir as desigualdades regionais e socioeconômicas no
acesso à educação. A Constituição de 1988 estabeleceu as bases para o desenvolvimento de
políticas educacionais que buscam promover a igualdade de oportunidades e a qualidade na
educação.
Assim como a Constituição Federal de 88 buscava garantir uma educação com
qualidade e equidade, a LDB Nº 9394/96 em seu Artigo 26 também trouxe em sua redação
orientações equivalentes, demonstrando assim a necessidade de uma base comum.

Art. 26 - Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do


ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em
cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte
diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
2013)

Além disso, a meta 7 do plano Nacional de Educação 2014-2024 que é “Fomentar a


qualidade da educação em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da
aprendizagem...” (PNE) também prevê uma necessidade de melhoria na qualidade da
educação e para atingir a meta estabeleceu a estratégia 7.1.
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes
pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos currículos,
com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos
(as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade
regional, estadual e local; (PNE, 2014)

Nesse contexto, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que foi desenvolvida e
promulgada em 2017, representa um avanço significativo na concretização desse princípio de
formação básica comum.

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Alguns aspectos precisam ser levados em consideração ao serem realizadas as
adaptações como diversidade cultural e regional, considerando que o Brasil é um país vasto e
diversificado, com diferenças culturais, econômicas e sociais significativas em suas várias
regiões; inclusão de alunos com necessidades especiais já que a BNCC deve ser adaptada para
garantir que os alunos com necessidades especiais tenham acesso a uma educação de
qualidade. Isso pode incluir a criação de adaptações curriculares, estratégias de ensino
diferenciadas e a oferta de recursos e apoios específicos; infraestrutura, considerando que
escolas brasileiras podem variar significativamente em termos de infraestrutura, recursos e
capacidade de oferecer determinadas disciplinas ou atividades; Mudanças nas necessidades do
mercado de trabalho, à medida que o mercado de trabalho evolui, é importante que a BNCC
seja revisada e adaptada para garantir que os alunos estejam sendo preparados com as
habilidades e competências necessárias para ter sucesso em suas carreiras futuras.
Assim surge a figura do "Currículo Referência de Minas Gerais". Esse documento é
uma iniciativa do estado de Minas Gerais para adaptar a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) às necessidades e realidades locais, levando em consideração os princípios
estabelecidos na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), no Plano Nacional de Educação (PNE) e na própria BNCC, bem como o
reconhecimento e valorização das diversas culturas, povos, territórios e tradições presentes no
estado. Sobre o currículo e as adaptações, Michael Young afirma que:

Precisamos entender os currículos como formas de conhecimento


especializado para podermos desenvolver currículos melhores e ampliar as
oportunidades de aprendizado. É esse tipo de meta que dá sentido à teoria do
currículo, assim como tratamentos e remédios melhores dão sentido à ciência
médica. (YOUNG, M. 2013, p. 8)

Portanto, entender os currículos como conhecimento especializado é fundamental para


direcionar esforços e recursos na busca por currículos mais eficazes e oportunidades
educacionais mais enriquecedoras.
Em relação à discussão sobre a elaboração e implementação da BNCC na Rede
Estadual de Minas Gerais, contou com ampla participação social. Entende-se que a
participação de diversos setores da sociedade é fundamental para garantir que o currículo
proposto reflita as necessidades e expectativas dos estudantes mineiros, além de promover
uma educação de qualidade e equitativa, segundo o entrevistado.
Além disso, o documento foi submetido ao processo de consulta pública no site do
Ministério da Educação (MEC), o que é uma prática importante, pois a consulta pública

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permite que cidadãos, educadores, especialistas e outras partes interessadas contribuam com
suas opiniões e sugestões para aprimorar o currículo proposto. Dessa forma, o documento
pode ser enriquecido com diversas perspectivas e conhecimentos, tornando-o mais abrangente
e eficaz.
A criação de um currículo que apresente conhecimentos, competências e habilidades
para os estudantes ao longo da Educação Básica, independentemente da escola que
frequentam, é crucial para garantir uma base educacional sólida e consistente para todos. Isso
ajuda a nivelar as oportunidades de aprendizado e a promover a equidade no sistema
educacional.
Ressalta-se que a transparência e a participação pública são pilares essenciais para o
desenvolvimento de políticas educacionais bem-sucedidas. Ao envolver a sociedade no
processo de elaboração da BNCC, Minas Gerais deu um passo importante em direção a um
sistema educacional mais democrático e centrado nas necessidades dos estudantes.
No âmbito da escola pesquisada, de acordo com entrevistado, em dezembro de 2015,
por meio do Ofício Circular nº 28/2015, assinado pela Lucy Rosane de Oliveira Vieira
Raposo, Coordenadora Pedagógica - SRE de Caratinga, informou que teve início em junho de
2015, pela iniciativa do MEC “um processo de debates sobre a BASE NACIONAL COMUM
CURRICULAR”. O documento orienta ainda que foi divulgado em uma videoconferência o
cronograma das atividades para que cada escola, cada professor se cadastrasse no portal do
MEC, para participar da consulta pública individual e por escola, contribuindo assim para as
mudanças necessárias na BNCC e que o prazo para o cadastramento se encerraria em
15/12/2015, além de ressaltar a importância do momento que estava se iniciando e que daria
prosseguimento no próximo ano.
O diretor mencionou sobre o dia do “Currículo em perspectiva”, que foi realizado
precisamente em 04/02/2016, quando aconteceu um momento de debate sobre o currículo que
contou com a participação dos profissionais da educação. Ainda de acordo com ele, a SEE
buscou de todas as formas a participação dos profissionais da educação nesse momento
importante da educação. De acordo com o informe datado de 02/02/2016:

Destacamos também a importância de a escola participar da construção da


Base Nacional Comum Curricular (BNCC), proposta articulada pela
Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação (MEC)... É
importante participar do processo de discussão e elaboração da BNCC, pois
se trata de um documento que norteará as políticas educacionais brasileiras e
apresentará impactos para o trabalho nas salas de aula.

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Portanto, a participação das escolas é fundamental para que a BNCC cumpra sua
missão de oferecer uma educação de qualidade, equitativa e relevante para todos os estudantes
do país. É uma oportunidade valiosa para garantir que o sistema educacional brasileiro esteja
alinhado com as necessidades e expectativas da sociedade e que proporcione uma base sólida
para o futuro educacional dos estudantes brasileiros.
Em relação ao envolvimento dos profissionais da educação, a participação na
elaboração da BNCC foi ampla, o que assegurou uma diversidade de perspectiva e
experiências. A elaboração da BNCC também teve a participação de entidades
representativas, universidades, escolas, instituições do terceiro setor, professores e
especialistas em educação, tanto brasileiros quanto estrangeiros.
Ressalta-se que a BNCC teve 3 versões, sendo que a primeira versão da BNCC
recebeu um número expressivo de contribuições, com mais de 12 milhões de participações
dos diversos setores interessados, o que demonstra o engajamento e o interesse da sociedade
em moldar a educação no Brasil. Além disso, a realização de seminários envolvendo cerca de
9 mil professores em todas as unidades da federação foi uma abordagem notável. Os
professores, que estavam na linha de frente da educação, tiveram a oportunidade de discutir e
contribuir diretamente para a BNCC, garantindo que suas perspectivas e experiências fossem
consideradas.
A homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino
Fundamental em 2017 teve um impacto significativo nas políticas educacionais em todo o
Brasil, incluindo em Minas Gerais. A versão preliminar da BNCC esteve disponível por meio
de uma plataforma de consulta pública, no período de 13 de agosto a 23 de setembro de 2018.
Qualquer cidadão que quisesse, poderia participar, conhecer o currículo e apresentar
contribuições. Ressalta-se que era necessário um cadastro para ter acesso ao sistema e que a
consulta on-line foi importante para que a maioria dos cidadãos mineiros pudesse conhecer e
contribuir com a formatação dos currículos de Minas.
Além disso, houve a mobilização dos municípios mineiros para fomentar as discussões
da versão preliminar e para colher contribuições da sociedade civil. Foram realizados
encontros que contaram com a participação de todas as redes de ensino, pais e estudantes. A
versão preliminar foi criada tendo como base o Currículo Básico Comum utilizado pelas
escolas mineiras e versões de currículos construídos por outros estados. Os redatores
responsáveis pelos conteúdos foram indicados pela SEE e pela UNDIME. Eles participaram

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de formações realizadas pelo Ministério da Educação (MEC) e formações internas oferecidas
por professores e pesquisadores de universidades mineiras.
Além disso, para a produção da versão preliminar, também foram analisadas as
contribuições das escolas através do Dia D, do qual participaram 120 mil pessoas e mais de
3100 escolas de 667 municípios. É importante destacar que houve um intenso debate com a
sociedade civil organizada, o que garantiu o exercício da democracia.
A partir da homologação da BNCC, tornou-se necessário que cada estado brasileiro,
incluindo Minas Gerais, revisasse seus currículos locais, como o Currículo Básico Comum
(CBC), para alinhá-los com as diretrizes estabelecidas na BNCC. Isso se deve ao fato de que a
BNCC define o que deve ser ensinado, mas permite flexibilidade para que os estados e
municípios adaptem o currículo às suas realidades locais e às especificidades regionais.
A revisão do CBC de Minas Gerais foi necessária para garantir que o currículo do
estado estivesse em conformidade com a BNCC e para assegurar que os estudantes mineiros
recebessem uma educação de qualidade que estivesse alinhada com os padrões nacionais
estabelecidos na BNCC.
Essa revisão envolveu um processo de análise e ajuste das diretrizes curriculares do
estado, levando em consideração os elementos específicos de Minas Gerais, como sua
diversidade cultural, social e econômica, bem como as necessidades e expectativas da
comunidade educacional local. E contou com a participação de muitos atores.
Considerando as particularidades do território mineiro, foi estabelecido um grupo de
governança capaz de lidar com essas diversidades e com as entidades que atuam diretamente
para uma educação pública de qualidade. Conforme do documento Currículo Referência de
Minas Gerais
Foi estabelecida uma Comissão Estadual, com representações políticas de
órgãos e entidades, um Comitê Executivo para condução e tomada de
decisão, uma Coordenação Técnica para encaminhamento dos trabalhos e
Grupos de Trabalho de Currículo para redação do documento (MINAS
GERAIS)

Entende-se que esse modelo de governança permitiu a colaboração eficaz entre


diversas partes interessadas, incluindo o governo, especialistas em educação, professores e
outros envolvidos na melhoria da educação pública em Minas Gerais. Isso garantiu que o
currículo fosse elaborado de forma abrangente e cuidadosa, levando em consideração as
necessidades e as características do estado. Além disso, promoveu a transparência e a
legitimidade do processo, o que é fundamental para o sucesso das políticas educacionais.

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Posteriormente às discussões em relação à nova proposta curricular, foi homologado
em dezembro de 2018 o Currículo Referência de Minas Gerais, que trouxe mudanças
significativas. A primeira delas é o fato do Currículo ser organizado por habilidades,
competências e por ano de escolaridade, além de trazer as habilidades por ano de escolaridade
e descrever tudo que o estudante vai aprender naquele ano, diferente da BNCC que trazia uma
noção de habilidades, mas em bloco. Outra mudança significativa é a presença na matriz do
componente Arte como obrigatório em todos os anos de escolaridade, além de organizadas as
habilidades por ano de escolaridade. Em relação às adaptações feitas, foram reelaborados
Projetos Políticos Pedagógicos por meio dos itinerários formativos e implementados nas
escolas, trazendo a implementação do Currículo Referência de Minas Gerais.
Na escola com jornada ampliada ou tempo integral, complexa e eivada de limitações
que afetam a garantia da qualidade educacional, pensar e questionar a importância do
conhecimento escolar como eixo fundamental na organização curricular, assim como a sua
apropriação por crianças, adolescentes e jovens das classes populares, é condição basilar na
luta por uma sociedade menos injusta. Sobretudo, em regiões desfavorecidas e destituídas do
acesso aos mais diferentes direitos sociais, especialmente, no sentido de garantir-lhes a
ampliação das suas referências e universos simbólicos, culturais, políticos e pedagógicos
diante da percepção da realidade concreta em que estão inseridas.

PARTE II

A Educação Integral é uma concepção que compreende que a educação deve garantir o
desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional,
social e cultural e se constitui como projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens,
famílias, educadores, gestores e comunidades locais.
O Estado de Minas Gerais já reúne, desde 2003, experiências de políticas e estratégias
de educação integral, concentradas especialmente na etapa do Ensino Fundamental, podemos
citar o Projeto Comunidade Viva - Escola ativa, de 2003. O projeto foi uma iniciativa
importante no combate à violência nas escolas urbanas do estado e que tinha como objetivo
criar um ambiente escolar mais seguro e engajar a comunidade local na promoção de uma
educação de qualidade.
Uma das estratégias do Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa, foi a implementação
do Projeto Aluno de Tempo Integral a partir de 2005. Essa iniciativa visava progressivamente

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transformar as escolas da rede estadual de ensino em Minas Gerais em escolas capazes de
atender os alunos em tempo integral, ou seja, os estudantes passariam mais tempo na escola,
além do período tradicional de aulas, participando de atividades educacionais, culturais e
esportivas. Posteriormente, no ano de 2008, o foco da Escola de Tempo Integral passou a ser a
aprendizagem do aluno das escolas públicas mineiras e não apenas do projeto.
No que diz respeito ao Ensino médio, a implementação do programa aconteceu em
2017 em 44 escolas do estado e foi expandindo gradativamente com o objetivo de alcançar a
meta 6 do PNE que é “oferecer Educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas
públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos (as) alunos (as) da Educação Básica.”
Ressalta-se que o programa foi implementado de forma abrupta e enfrentou muitos desafios
como: ausência de escuta dos alunos e docentes envolvidos no processo de implementação,
imposição da implantação, falta de estrutura física, rotatividade do “gestor”, organização dos
espaços e tempos na escola, falta de capacitação dos profissionais de escola, ausência de
escuta dos alunos e docentes envolvidos no processo de implementação. (RIBEIRO, 2020).
Além disso, ressalta-se pouco envolvimento durante a fase de implementação do
programa, oferecendo insuficiente assistência à escola, realização de poucas reuniões com a
equipe pedagógica e inexistência de formação dos docentes quanto ao direcionamento do
programa de forma a garantir uma maior efetividade das ações do EMII. Outra informação
que merece ser destacada é a redução do número de matrículas do Ensino Médio Integral e
alto número de alunos transferidos e que deixaram de frequentar a escola após a
implementação do EMII.
Em relação à organização de tempos e espaços das instituições para o atendimento em
tempo integral, inicialmente a escola enfrentou muitas dificuldades devido à falta de
infraestrutura física para receber o aluno do tempo integral, já que não basta apenas o
aumento de carga horária e sim oferecer um tempo integral de qualidade. Durante o processo
de implementação, os espaços da escola foram adequados para proporcionar ao aluno um
tempo produtivo e enriquecedor. Dentre as melhorias, de acordo com o diretor, estão a
reforma do refeitório e da biblioteca. A escola conta ainda com uma quadra coberta, quadra
descoberta, anfiteatro, sala de multimídia, bosque, que são utilizados pelos alunos para as
mais variadas atividades no horário de intervalo, desde a prática de esportes até reuniões dos
clubes de protagonistas. Sobre a qualidade do tempo, este está diretamente relacionado ao
currículo e a à prática pedagógica que fica comprometida pelo fato da necessidade de trazer

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para a reflexão e a prática pedagógica, didática, docente, curricular gestora a centralidade
esquecida do viver, do corpo, dos tempos, espaços nos processos de formação humana.
Sobre os efeitos da educação integral em tempo integral para as adaptações
curriculares e para a implementação do currículo pelos docentes muitas dificuldades foram
encontradas, dentre elas burocráticas, uma vez que em muitas situações os docentes precisam
ministrar aulas que, apesar de correlatas em relação à sua formação acadêmica, não receberam
qualquer formação para exercê-las. Entende-se que professores qualificados e preparados são
essenciais para o sucesso do EMTI. Além disso, o currículo deve ser planejado de maneira a
permitir a interdisciplinaridade e a aplicação prática do conhecimento, bem como integrar as
matérias de forma significativa e relevante são desafios enfrentados. Desenvolver um sistema
eficaz de avaliação e monitoramento do progresso dos alunos é um desafio para garantir que o
ensino em tempo integral esteja atingindo seus objetivos educacionais. Superar esses desafios
requer um compromisso contínuo por parte das escolas, educadores, famílias e autoridades
educacionais para criar um ambiente de aprendizado eficaz e enriquecedor para os estudantes
do ensino médio em tempo integral.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em:


http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base#faq%5C%3E Acesso em: 08.out.23.
BRASIL. Ministério da Educação. Escola em tempo integral: Fundamentos. Disponível em:
https://www.gov.br/mec/pt-br/escola-em-tempo-integral/fundamentos Acesso em: 08.out.23.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Educação. Caminhos para a Educação Integral e
Integrada de Minas Gerais: documento orientador do Projeto Pedagógico para escolas Polo
de Educação Múltipla/POLEM que ofertam Ensino Médio Integral e Integrado. Belo
Horizonte, 2018.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Educação. Documento Orientador do Projeto


Pedagógico para escolas que ofertam Ensino Médio Integral e Integrado – Versão 2019.
Belo Horizonte, 2019.

SRE Caratinga. Ofício Circular nº 28/2015/ SRE Caratinga. Caratinga: SRE Caratinga, 2015.
RIBEIRO, Georgenes José Oliveira. Ensino Médio Integral Integrado em Minas Gerais:
os desafios na implementação do programa em uma escola estadual na Superintendência
Regional de Ensino de Almenara/MG. 2020. 130 f. Dissertação (Mestrado Profissional em
Gestão e Avaliação da Educação Pública) - Faculdade de Educação/CAEd, Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2020.

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SOARES, Tufi Machado et al. Escola de tempo integral: resultados do projeto na proficiência
dos alunos do ensino fundamental das escolas públicas da rede estadual de Minas
Gerais. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 22, n. 82, p. 111-130, 2014.

YOUNG, Michael. Teoria do currículo: o que é e por que é importante. Cadernos de


Pesquisa São Paulo, v. 44, n. 151, p. 190-202, 2014.
Disponível: https://doi.org/10.1590/198053142851 Acesso 08.out.2023

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