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1.

INTRODUÇÃO

A Base Nacional Comum Curricular é um documento atual e completo,


construído com a colaboração de especialistas de diversas áreas que estipula os
conhecimentos que devem ser garantidos aos estudantes durante a Educação
Básica. Sendo assim, visa nortear o currículo escolar das escolas públicas e
privadas de todo o país, garantindo aos alunos o direito de acessar informações e
habilidades comuns fundamentais. Desse modo, o aperfeiçoamento na qualidade da
educação e a redução da desigualdade são realizações almejadas.
Se fazia necessário o surgimento de diretrizes com o objetivo de tornar a
formação básica mais nivelada. A criação da BNCC era esperada desde 1988, no
ano de 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional reforçou sua
imprescindibilidade e em 2014 se tornou uma meta do Plano Nacional de Educação.
Com isso, espera-se que através de sua implementação os estudantes desenvolvam
aptidões e saberes necessários para a atualidade, que o corpo docente passe por
constante atualização e que os recursos e práticas pedagógicas sejam inovadores.
Para a Educação Básica, a BNCC estipula 10 competências que são
fundamentais para o desdobramento daquilo que é estabelecido pelo documento.
Sendo elas definidas como mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e
valores para deliberar sobre problemas da vida cotidiana, profissional e social.
Desse modo, o aluno será preparado para ter mais independência, uma visão crítica
e empática, causando uma transformação na sociedade, convertendo-a para uma
realidade mais humanizada, justa e sustentável.
O estudante tornou-se protagonista da Educação, sendo necessária a
atualização dos educadores, das metodologias e de tornar o uso da tecnologia um
aliado no desenvolvimento do aprendizado e das habilidades necessárias. O objetivo
deste trabalho é apresentar e esclarecer a BNCC e estabelecer uma relação com as
tendências pedagógicas. Evidenciando, assim, a importância de uma educação
modernizada capaz de atingir a todos, com qualidade, nivelada, capaz de
desenvolver aptidão aprender a aprender e focada em acolher, reconhecer e
desenvolver plenamente os estudantes com suas singularidades e diversidade.
2. DESENVOLVIMENTO

Durante o desenvolvimento do Brasil, ocorreu um processo de naturalização


das desigualdades, inclusive no que se diz respeito ao âmbito educacional. Não é
raro encontrar histórias sobre escolas com estrutura prejudicada, estudantes que
cresceram com situação econômica precária, obrigando-os a abandonar a escola e
a começar a trabalhar muito cedo ou que cresceram em um ambiente familiar
violento, principalmente quando se leva em consideração recortes relacionados à
raça e ao gênero. Consequentemente, diante desse cenário, são notáveis as
diferenças no acesso à educação, na permanência estudantil e no desempenho do
aprendizado.
Tais desafios foram, e ainda são, diversas vezes ignorados com base em um
ideal meritocrático. Uma ideologia que tem como visão que todo indivíduo é capaz
de prosperar sem o auxílio da família, da sociedade e do Estado, ignorando também
que para a ocorrência de tal feito é necessário que exista igualdade nas condições
sociais, econômicas e psicológicas. Diante dessa problemática surge a necessidade
de diretrizes, documentos normativos que venham direcionar a Educação Básica
para um caminho que possui como finalidade combater e diminuir essas
desigualdades, onde existe o reconhecimento que cada estudante possui uma
necessidade específica.
Desde o ano de 1988, com a Constituição Cidadã, era esperado que o acesso
à Educação fosse garantido a toda a população e capaz de potencializar plenamente
seu progresso. Conforme previsto no artigo 205 da Constituição Federal: “A
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”.
Então em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
ocorre o reconhecimento da necessidade da criação de uma base nacional capaz de
assegurar uma formação básica universal. Segundo o que a lei define como dever
da União, em seu inciso IV do artigo 9º:
[…] estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum.
Apenas em 2014, com a Lei n° 13.005/2014 que aprovou o Plano Nacional de
Educação, a Base Nacional Comum Curricular foi definida como meta. De acordo
com o que consta na estratégia 7.1, da Meta 7 do PNE:
[…] estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes
pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos
currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos
(as) alunos (as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a
diversidade regional, estadual e local.

A BNCC foi homologada em 20 de dezembro de 2017, contendo as


aprendizagens essenciais que devem ser desenvolvidas com todos alunos,
conduzindo a educação básica para uma nova proposta de ensino e estruturada
com dez competências. Devendo ser efetivadas e introduzidas nos currículos
pedagógicos das instituições públicas e privadas desde 2019. Tais competências
são definidas pela BNCC como “a mobilização de conhecimentos, habilidades,
atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
exercício da cidadania e do mundo do trabalho”.
Está acontecendo uma mudança na educação, o aluno não possui mais um
lugar passivo em sua educação, onde ele deve aceitar tudo o que lhe é dito sem o
direito de analisar e questionar. O cenário atual da sociedade colabora muito para
essa transição, percebe-se que as novas gerações estão cada vez mais curiosas e
há um fácil acesso à informação possibilitado pelos meios digitais, algo que pode ser
muito positivo, visto a enorme quantidade de informações enriquecedoras que se
pode acessar pela internet, mas também pode ser negativo, já que existem muitas
informações com ideias equivocadas e carregadas de mentiras.
Para que a prática educativa aconteça de forma adequada, surgiram as
tendências pedagógicas. A sociedade brasileira vivenciou diversos momentos
culturais e políticos que foram grande influência na criação das tendências
pedagógicas, sendo elas pertinentes no processo educativo. Essas pedagogias
podem ser divididas em dois grupos, Pedagogia Liberal e Pedagogia Progressista,
conforme proposto por Libâneo.
As tendências liberais possuem como ideologia que a escola deve capacitar
os alunos para realizar vários papéis sociais com base em suas habilidades.
Enquanto as tendências progressistas deixam implícito o papel social e político da
educação derivado de uma avaliação crítica da realidade dos grupos sociais. Ambos
grupos, Liberal e Progressista, são aplicados na prática educativa e não são
necessariamente excludentes, podendo se completar em determinados momentos e
divergir em outros.
Conforme as classificações propostas por Libâneo, as tendências
progressistas podem ser divididas em Libertadora, Libertária e Crítico-Social dos
conteúdos. Sendo elas definidas como:

- Libertadora: É conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, defende


a autogestão pedagógica e é antiautoritarismo. Essa pedagogia faz
uma ligação da educação com a luta e a organização das classes
sociais. O aprendizado acontece com base em uma análise crítica de
uma problemática que se aproxima da realidade do aluno.
- Libertária: Assim como a Libertadora, defende a autogestão
pedagógica e o antiautoritarismo. O conhecimento sistematizado
possui valor somente se possibilitar o seu uso material, ou seja,
apenas o que é vivenciado pelos estudantes será absorvido e passível
de aplicação em novas conjunturas. Empenha-se com o
desenvolvimento da aprendizagem em grupo e promove a total
liberdade das pessoas.
- Crítico-Social dos conteúdos: Enfatiza a prioridade dos assuntos ao
dividirem o mesmo espaço que as realidades sociais. Baseada no ideal
da aprendizagem significativa, que possui origem no que o aluno já
conhece. A escola deve instruir os estudantes de modo assegurar uma
preparação para que possam agir de forma ativa e organizada na
democratização da sociedade.

Essas tendências progressistas possibilitam ao aluno autonomia sobre a sua


educação. Através desses caminhos os discentes irão adquirir as aprendizagens
essenciais da formação básica e também desenvolverá uma visão crítica, coletiva e
justa, que os possibilita ter um comportamento ativo para a transformação da
sociedade. Essas características possibilitadas pelas tendências progressistas vão
de encontro com o que se espera com a implementação da BNCC, desse modo
podem e devem ser aplicadas na aplicação das competências descritas pela Base, a
fim de tornar a Educação mais moderna no desenvolvimento da Formação Básica
comum e reduzindo as desigualdades educacionais.
3. CONCLUSÃO

Ao observar o histórico do desenvolvimento da Educação no Brasil, torna-se


nítida a necessidade e a importância da criação e da implementação da Base
Nacional Comum Curricular. Um país carregado por desigualdades sociais necessita
passar por mudanças e a educação é peça fundamental para que elas ocorram,
iniciar um processo que promove a redução de desigualdades no âmbito
educacional é também sobre proporcionar independência e domínio dos discentes
perante aos conhecimentos básicos que devem ser adquiridos por eles na Educação
Básica. Desse modo, esses alunos poderão fazer uso desses conhecimentos e
habilidades para se inserirem no mercado de trabalho, lidar com as questões da vida
social e agir em prol de uma sociedade mais justa e humanizada.
É imprescindível que as instituições de ensino públicas e particulares insiram
as competências gerais da BNCC em seus currículos. Os docentes devem ser
instruídos a realizar a aplicação do que é proposto nesse documento refletindo sobre
qual seria a melhor tendência pedagógica a ser utilizada, principalmente as
tendências progressistas que estão mais de acordo com as propostas da BNCC.
Essas alterações irão possibilitar uma melhoria na qualidade do ensino e tornar a
formação básica mais nivelada.
Ao realizar esse trabalho foi possível compreender de forma mais precisa
quais são os objetivos e as instruções da BNCC. Desse modo, tornou-se maior a
inteligibilidade sobre sua importância e os possíveis impactos que sua aplicação irá
causar na Educação, na sociedade e na vida dos alunos. Sendo assim, é possível
concluir que a Base possui diretrizes que caminham para um aperfeiçoamento da
educação em diversos aspectos, as instituições de ensino e os educadores devem
se empenhar na aplicação das competências gerais buscando sempre inovar, a fim
de atender as necessidades, coletivas e singulares, dos educandos visando o
melhor desenvolvimento de seu aprendizado e de suas habilidades.
REFERÊNCIAS

APOLINÁRIO, Josimeire de Souza Lima; TARRAGÓ, Saiuri Totta; FERST, Enia


Maria. Tendências pedagógicas e competências gerais da base nacional comum
curricular para a educação básica: implicações para o currículo. Brazilian Journal
of Development, Curitiba, v.7, n.3, mar 2021.

BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC).


Brasília. 2018.

BRASIL. Plano Nacional de Educação (PNE). Lei Federal n.º 13.005 DE 2014.
Brasília: MEC, 2021.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394 de 1996.


Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas, 2017.

SANTOS, Raquel Elisabete de Oliveira. Pedagogia histórico crítica: que pedagogia é


essa? Horizontes, v. 36, n. 2, p. 45-56, mai./ago. 2018.

SILVA, Aracéli Girardi da. Tendências pedagógicas: perspectivas históricas e


reflexões para a educação brasileira. Unoesc & Ciência, v. 9, n. 1, p. 97-106,
jan./jun. 2018.

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